Dia 696 | “Se ele tiver um plano melhor, peça a ele qual é o plano dele” | 26/11/20

Texto de Pedro Daltro, edição de Cristiano Botafogo e os episódios você ouve lá na Central3.

Ah, e agora o Medo e Delírio em Brasília tem um esquema de asinaturas mensal, mas tenha sua calma. O Medo e Delírio continuará gratuito, se não quiser ou puder pagar tá de boa, você continuará ouvindo o podcast e lendo o blog como você sempre fez.

Agora, se você gosta da gente e quer botar o dinheiro pra voar é nóis : ) Tem planos de 5, 10, 20, 50 reais e 100, esse último aí caso você seja o Bill Gates. Taí o link com o QR Code: [PicPay] E também criamos um Apoia-se, rola de pagar até com boleto, ATENÇÃO, PAULO GUEDES! [Apoia-se]

E com assinatura ou não eu e o Cristiano queremos agradecer imensamente a todos os ouvintes, que são muito mais do que poderíamos imaginar. Cês são fodas : )

__/\/\/\/\/\/\__

1. Aula do Mendonça

O tópico é do Guedes mas eu abro os trabalhos com o Mendonça de Barros, numa entrevista esplendorosa, taí alguém que envelheceu bem. Essa parte sobre o aumento do endividamento sublinhando o óbvio é maravilhosa:

“Trata-se de uma preocupação infundada. Em várias ocasiões na história, sobretudo depois de guerras ou catástrofes, inúmeros países tiveram dívidas superiores ao PIB. Hoje, Japão, EUA, Itália, entre outros, têm dívida superior ao PIB. ” [Estadão]

Sim, mil vezes sim, não foi só o endividamento brasileiro que aumentou, não é uma exclusividade nossa. E sim, talvez tenhaqmos gasto um pouco a mais dado o cabo de guerra entre Bolsonaro e o COngresso, mas o jogo mudou, não dá pra pensar com a cabeça pré-pandemia.

A dívida pública não pode ter uma trajetória explosiva, mas, desde que o seu crescimento acelerado seja transitório, que passada a crise, com as contas reequilibradas e restaurado o crescimento da economia, a relação entre dívida e PIB volte a cair, não há qualquer problema em ultrapassar os 100% do PIB. Não existe um limite intransponível para a dívida interna e o PIB.”

Taí a MMT esfregando as contradições da atual teoria econômica vigente.

O endividamento externo, que depende de financiamento do exterior em moeda estrangeira, é sim perigoso. Como aprendemos com as sucessivas crises da dívida externa no século passado, quando os credores internacionais passam a ter dúvida sobre a capacidade do País de honrar seus compromissos em moeda estrangeira, a súbita interrupção do fluxo de financiamento pode provocar crises gravíssimas. No século passado, o Brasil era importador líquido de petróleo e derivados, assim como de trigo e outras commodities (produtos classificados como básicos por não ter tecnologia envolvida ou acabamento). Precisava de financiamento externo para cobrir o déficit com o resto do mundo. Hoje, somos autossuficientes em petróleo, exportadores líquidos de commodities e temos um setor agropecuário altamente superavitário. O Brasil de hoje não tem dívida pública externa, ao contrário, tem quase 30% do PIB em reservas internacionais. A nossa dívida é interna, do Estado com os brasileiros.

E o imbecil do Guedes confessou há uns meses uma vontade louca de trocar 1/5 de nossas reservas internacionais por… REAIS, apenas uma das moedas que mais se desvalorizou em 2020.

You Crazy GIF by Steve Harvey TV

Mas voltemos ao Mendonça, é uma paulada atrás da outra, é mencionada a posição da economista-chefe do FMI – “há formas de investimento público que podem criar empregos e aumentar a atividade econômica e, ao mesmo tempo, serem fiscalmente responsáveis para sair da crise” – e sua resposta é maravilhosa:

“Gita Gopinath disse apenas o que se sabe desde a publicação do livro de John M. Keynes (1883-1946, defensor de maior intervenção do governo na economia para estimular o crescimento) na década de 1930. Gopinath não é uma heterodoxa irresponsável, mas economista-chefe do FMI, doutora pela Universidade de Princeton, onde teve como orientadores Ben Bernanke, ex-presidente do Fed, e Ken Rogoff, professor da Universidade Harvard, dois expoentes da ortodoxia econômica. A política fiscal, sobretudo investimentos públicos que aumentem a produtividade e o poder aquisitivo da população, é o mais poderoso instrumento, tanto para se sair de uma recessão como para garantir a retomada do crescimento sustentado.  A pergunta mais complicada de ser respondida é por que hoje no Brasil a opinião dos economistas que aparecem na imprensa, assim como a da própria imprensa, regrediu para o que era a ortodoxia do século XIX na Inglaterra? A chamada “Visão do Tesouro”, que sustentava a necessidade de sempre equilibrar as contas públicas, depois duramente criticada por Keynes, deixou de ser levada a sério.”

Não pelas tristes bandas de cá.

“É verdade que há mais de duas décadas a relação dívida e PIB do Brasil tem aumentado, mas não temos uma situação fiscal frágil. A carga fiscal do Brasil é de quase 35% do PIB, muito alta para um país de renda média. Apesar da alta carga fiscal, não conseguimos controlar o crescimento da dívida. A razão é que a taxa de juros foi extraordinariamente alta até muito recentemente. Com taxas de juros que chegaram a mais de 25% ao ano e um crescimento medíocre da economia, o resultado é inexorável: a relação dívida/PIB cresce. O Estado brasileiro custa muito e gasta mal? Com certeza, mas não é essa a razão do crescimento da dívida.”

Oneficiência ninguém nega, mas nem fodendo a solução é neoliberal, não à beora da segunda fécada do século 21!

A política de taxa de juros do Banco Central, do real até muito recentemente, foi um gravíssimo equívoco. A história irá deixar claro o preço de uma política de juros extraordinariamente altos, associada a uma pesada e kafkiana carga fiscal.

As propostas do Mendonça:

Antes de mais nada, é preciso superar a camisa de força imposta por um arcabouço analítico anacrônico e equivocado que impõe o equilíbrio fiscal como o único objetivo de política econômica. Dizem que com equilíbrio fiscal todos nossos problemas estarão milagrosamente resolvidos. Sem ele, caminhamos a passos largos para o abismo. Nada mais falso. Precisamos urgentemente voltar a ter um projeto para o País, ter objetivos de políticas públicas que balizem os investimentos públicos e privados, que norteiem a transição para uma matriz energética limpa e não nos deixe perder o bonde da revolução digital em curso.”

Sim, a porra dum projeto, dum norte, que não foi dado por nenhum presidente nas últimas décadas.

Precisamos refletir sobre as políticas de emprego, saúde e educação neste novo mundo do século XXI. O governo não tem recursos para investir porque adotamos restrições legais-administrativas que deixam relativamente livres os gastos correntes e impõem limites ao total dos gastos. O teto dos gastos (regra que proíbe que as despesas cresçam em ritmo superior à inflação) é exemplar: se mantido, vai levar ao colapso completo do investimento público.”

E isso SEMPRE foi sabido, era matemática elementar, a dúvida era em quanto tempo se daria o total estrangulamento, apenas isso.

O governo que emite sua moeda fiduciária (documento que possa ser aceito como pagamento, como as notas de real), como é o nosso caso, não tem restrição financeira, pois, quando gasta, necessariamente, emite moeda. A decisão de obrigar o governo a retirar a moeda emitida, seja através da cobrança de impostos ou da emissão de dívida, é uma decisão político-administrativa. Pode se justificar para impedir que o governo gaste de forma irresponsável e incompetente, mas não é uma restrição real. O teto pode até ser uma restrição importante para impedir um Estado inchado, que gaste muito na sua própria operação, mas não faz sentido ter um teto com os gastos correntes não controlados. O resultado é a inviabilização dos investimentos. Os investimentos públicos são muito mais importantes do que juro básico baixo tanto para atenuar os efeitos da recessão quanto para o desenvolvimento de longo prazo. É mais importante ter um órgão sério e competente, protegido das pressões políticas ilegítimas, para definir os investimentos públicos, do que um Banco Central independente.”

Que aula, senhoras e senhores. Rem mais lucidez nesses poucos minutos de entrevistas que Guedes acumulou em toda sua vida,

__/\/\/\/\/\/\__

2. “Tá enganando a rapaziada!”

Certo estava o Ciro, com essa aspa certeira. E Guedes continua desfilando seu brutal descolamento da realidade:

“O ministro da Economia, Paulo Guedes, disse nesta quarta-feira, 25, que o governo “manteve o rumo mesmo no caos” e rebateu críticos que veem falta de uma estratégia clara da equipe econômica para assegurar a sustentabilidade fiscal do País.” [Estadão]

trying not to laugh GIF

Rumo ao hospício! Ou ao precipício, pra mó de rimar.

Em entrevista na sede da pasta, ele também respondeu ao presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, que mais cedo falou que é ponto-chave para o Brasil “conquistar credibilidade com um plano que dê uma clara percepção aos investidores de que o País está preocupado com a trajetória da dívida”.

cant even too much GIF by Hyper RPG

Depois da porrada do Estadão ontem ainda teve essa de seu protegido, “VIROU PASSEIO, AMIGO!“. A resposta do Guedes é deliciosa:

“O presidente Campos Neto sabe qual é o plano. Se ele tiver um plano melhor, peça a ele qual é o plano dele. Pergunte a ele qual é o plano dele que vai recuperar a credibilidade. Porque o plano nós sabemos qual é. O plano nós já temos”, afirmou Guedes ao ser questionado sobre a declaração do presidente do BC.

crazy ted danson GIF

Morreu mas passa bem.

“Ele se disse alvo de críticas injustas. “Quem entregou tanta coisa em tão pouco tempo?”, questionou.”

O mais espantoso é que seu antecessor foi o Meirelles, ministro do Michel Miguel, eles só não emplacaram duas reformas porque o Joesley fodeu o rolê com o grampo. E isso sem a legitimidade que faltou ao vice, cujas votações despencaram com o passar do tempo, se não fosse vcompanheiro de chapa da Dilma perigava nem se reeleger deputado.

“Ele afirmou que críticas justas “nos colocam no lugar” e “tiram a arrogância” e voltou a admitir que houve falha nas privatizações. Guedes desceu de seu gabinete, na Esplanada dos Ministérios, junto ao senador Rodrigo Pacheco e ao secretário especial de Fazenda, Waldery Rodrigues, para celebrar a aprovação da nova Lei de Falências, que vai agilizar processos de recuperação judicial no Brasil. Ele passou a responder às críticas após ser questionado se estava desacreditado. “Críticas injustas nos fortalecem”, disse o ministro. Depois, em outro momento da entrevista, ele afirmou que “crítica injusta não merece respeito”.”

Gene Wilder Nonsense GIF by moodman

E essa aí de baixo poderia ser o Trump:

“Guedes afirmou que o governo está “fazendo coisas que não foram feitas antes” e disse que não pede elogios, apenas a observação do que acontece. “Olhem os fatos”, afirmou. “O mercado faz altas todos os dias.”

Como se o mercado fosse referência…

“Ele citou ainda a reforma da Previdência. Embora a discussão tenha se iniciado no governo Michel Temer, o ministro ressaltou o envio de uma nova proposta, mais robusta, que então foi aprovada com modificações pelo Congresso. “A Previdência estava andando, mas ninguém fechou (antes de nós)”, ressaltou.”

Isso porque bastava seguir com a reforma do Michel Miguel (uma merda de reforma, claro) que seria aprovado em questão de um ou dois meses, mas não, Guedes queria uma reforma pra chamar de sua.

““Não quero nem saber quem falou que estou desacreditado”, disse o ministro. Ao citar as medidas de combate ao coronavírus, Guedes destacou que o auxílio emergencial nasceu dentro da equipe econômica, embora seu valor tenha sido aumentado pelo Congresso Nacional de R$ 200 para R$ 500 e, por fim, pelo presidente Jair Bolsonaro a R$ 600. Agora, segundo ele, o País está reduzindo o impulso fiscal, mas o impulso monetário continua. “Negar esse trabalho, dizer que governo está sem rumo… mantivemos rumo mesmo no caos”, disse. “Estamos trabalhando duramente”, afirmou.”

Quem disse foi o Estadão, o presidente do BC e a fuga desabalada dos investidores.

“O grande desafio é transformar a recuperação cíclica, que é um fato,e vamos crescer 3% a 4% (em 2021), se nós não fizermos besteira. Se fizermos besteira, afunda de novo.”

Guedes deveria NUNCA mais repetir a palavra besteira:

Em março deste ano, Guedes usou uma frase parecida para falar sobre a desvalorização do dólar, que estava girando em torno de R$ 4,60, afirmou que a divisa chegaria a R$ 5 “se não fizesse besteira”. Uma semana depois, o real se desvalorizou mais e a barreira dos R$ 5 foi rompida, em meio ao avanço da pandemia que se alastrava pelo pelo planeta. Já estamos em plena recuperação cíclica. E crescimento de 3%, 4% pode ser uma perspectiva conservadora”

Acha que não pode ficar mais absurdo?!

“Próximo ao ministro no palco, estava Bolsonaro, sentado em uma cadeira de couro à frente de um cartaz marrom com a seguinte frase: “Um brinde à democracia”.”

“Nosso desafio é transformar essa recuperação cíclica em retomada do crescimento. E quem tem a chave disso é a classe política”

Guedes tá dizendo que foi sabotado, mas o sabotador-mor é seu chefe.

“O ministro reconheceu que ainda há uma contenção nesse fluxo porque não há uma certeza em relação à parte fiscal e, nesse sentido, defendeu o andamento de reformas que estão no Congresso para “destravar os investimentos”. Para ele, ferramentas para isso já estão no Congresso, como a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) do Pacto Federativo, que prevê a desvinculação de despesa, e, nesse sentido, basta “apertar o botão” para o “país decolar”. “Estamos assistindo agora o destravamento da pauta de investimentos brasileiros que vai fazer o país voar. E estamos confiantes nessa dinâmica”, afirmou o ministro.”

A tara do Guedes pelo verbo voar é um troço curioso, tudo pra ele o Braisl tá voando. O bom nunca é suficiente pra sua retória, é preciso martelar a excelência, o virtuosismo que ele nunca teve.

“O chefe da equipe econômica fez questão de destacar que, apesar de o presidente ter sido eleito sem uma base governista,  o “novo eixo político” do governo “está funcionando”. Para Guedes, as coisas “estão andando” e vão continuar a andar nas próximas semanas. Nesse sentido, ele voltou a elogiar o Congresso e integrantes da base aliada, como o deputado federal Arthur Lira (PP-AL), um dos líderes do Centrão. “O governo, agora, nos coordenamos e chegamos a uma base de sustentação parlamentar e nosso líder, Arthur Lira, está nos ajudando nessa pauta de transformação”, afirmou. “

Guedes tá dando all-in no Centrão, vai dar muito certo sim.

““Aceitamos ajuda de todos os brasileiros. Estamos olhando para o futuro. O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), se quiser continuar nos ajudando, é bem-vindo”, afirmou Guedes, citando o atual desafeto dele e de Lira, que tenta ser o nome para a Presidência da Câmara enquanto Maia tenta emplacar um sucessor.”

Até quando não parece ataque é um ataque ao Guedes.

“Contra os fatos não há argumentos. Contra os números, não há narrativas que se sustentem. Nós trabalhamos razoavelmente bem, para não dizer que fomos extraordinários ou excepcionais

Viu, falei?! Juro que esrevi sobre a tara do Guedes antes de ler essa parte.

Ah, e hoje Bolsonaro disse que Guedes era insubstituível, pouco depois de impedir que Guedes falasse ao microfone, é impressionante como o Guedes é desprovido de qualquer auto-estima:

Encerro com o Celso Ming fazendo um belo apanhando da megalomania bronzeada e grisalha:

“Nesta segunda-feira, o ministro da Economia, Paulo Guedes, reconheceu que “o programa de privatizações não andou direito”. E ele atribuiu o insucesso à oposição entre os políticos, que, por sua vez, reflete a obstrução produzida pelos lobbies corporativos mais a reação de natureza ideológica da bancada estatizante. Atribuiu também a questões internas do governo – mas isso o ministro não chegou a dizer –, que apontam para aqueles que preferem ter à sua disposição vagas nas diretorias nas estatais para distribuir aos cupinchas. Em 2018, até mesmo antes de assumir seu posto na Economia, Paulo Guedes garantia que proveria R$ 1 trilhão em privatizações de empresas da União.” [Estadão]

Eu nunca vou cansar de rir disso.

Seu objetivo era livrar-se de sangrar o Tesouro com transferências destinadas a capitalizar estatais atacadas de raquitismo. Não saiu nem a privatização da Eletrobrás, nem a dos Correios nem a da Casa da Moeda, que pareciam encaminhadas. A 11 de agosto, saiu derrotado no governo o secretário de Privatizações, Salim Mattar. No entanto – e isso o ministro também não diz –, a maior oposição à privatização vem do presidente Bolsonaro, que faz corpo mole ou interdita iniciativas, muitas delas no caminho correto. Também antes de tomar posse, Paulo Guedes garantiu que zeraria o rombo fiscal ainda no primeiro ano de mandato. Em 2019, o déficit foi de 0,85% do PIB e, neste ano, não será inferior a 9,0% do PIB. A nova CPMF foi veementemente negada e renegada nos primeiros meses de governo. Em setembro de 2019, o então secretário da Receita Federal, Marcos Cintra, foi demitido por defendê-la. Alguns meses depois, eis que o próprio Guedes vem com a conversa de que é preciso taxar as operações digitais com um imposto que, segundo ele, não é a CPMF. Mas, qualquer um sabe, tem cara e focinho de CPMF, embora não leve esse nome. Em agosto de 2020, Guedes anunciou um “big bang” na economia. Viria o projeto de reforma tributária (com a nova CPMF) e toda a economia seria desindexada, o que acabaria também com a correção do salário mínimo e das aposentadorias. E, no lugar do programa Bolsa Família, seria criada a Renda Cidadã, que receberia a dotação orçamentária de alguns programas de subsídios e de auxílio social, como o abono salarial e seguro-defeso (dado aos pescadores artesanais na época de suspensão da pesca).

O presidente Bolsonaro detonou por inteiro o “big bang” do ministro e, assim, esse universo nem teve um início. Em abril de 2020, caducou a Medida Provisória n.º 905, que criava a Carteira Verde e Amarela, espécie de regime especial de trabalho com mais atrativos para a contratação de jovens, público que mais vem sofrendo com o desemprego, em parte pela sua falta de experiência. Deveria, afirmou o ministro, criar cerca de 1,8 milhão de empregos. Mas morreu de inação e de falta de empenho da Casa Civil em coordenar sua aprovação no Congresso. Em março de 2020, Guedes garantiu que, com um piparote de R$ 5 bilhões, aniquilaria o novo coronavírus: “Já existe verba na Saúde. Não precisamos mais do que um extra”. Conforme nos dá conta monitoramento de despesas da União, o governo deve gastar cerca de R$ 580 bilhões com despesas derivadas da pandemia, apenas em 2020. E nisso o ministro foi contrariado, porque as metas fiscais que ele queria ver defendidas implodiram. As promessas que deram errado se multiplicaram. O grande avanço da economia em 2019, de pelo menos 3% do PIB antes proclamados, se transformou em crescimento de apenas 1,1%. A pandemia se encarregou de esmerilhar as projeções de um avanço, “no pior cenário”, de 1,0% em 2020. O resultado provável será uma queda de 4,5%, que só não será maior graças ao despejo de R$ 322 bilhões em auxílios de emergência. A recuperação em “V”, em 2021, por enquanto não passa de boa intenção, minada pelo alargamento do rombo e pelo atraso no andamento dos projetos de reforma. Agora, passadas as eleições, Guedes acena com o andamento das reformas. A da Previdência só saiu graças ao empenho dos presidentes das duas Casas do Congresso. O projeto de reforma tributária do governo, até agora, foi uma barafunda que parece ignorar os projetos em exame na Câmara e no Senado. E o projeto de reforma administrativa deixou de fora a situação dos servidores da União. Seria como reformar o carro com 400 mil quilômetros rodados e não mexer no motor. Enfim, o Posto Ipiranga não consegue nem mesmo vender gasolina… porque seu chefe não deixa.

__/\/\/\/\/\/\__

3. China

A hostilidade brasileira já era notável, mas agora o governo realmente chamou os chineses pra porrada.

Pelo visto o governo acha que os chineses deveriam apanhar calados da famiglia presidencial. E a menção à “aspirações” me lembrou Alvim emulando Goebbles ao som de Wagner.

“O Itamaraty repreendeu a embaixada da China pelas críticas contra o deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) e disse, em ofício, que a resposta da missão diplomática ao parlamentar traz conteúdo “ofensivo e desrespeitoso”. “Não é apropriado aos agentes diplomáticos da República Popular da China no Brasil tratarem dos assuntos da relação Brasil-China através das redes sociais. Os canais diplomáticos estão abertos e devem ser utilizados”, disse o ministério das Relações Exteriores, em carta enviada aos representantes do governo chinês no Brasil na quarta-feira (25).” [Folha]

Sim, eles acharam por bem lembrar aos chineses que as relações diplomáticas entre os países está normal.

“O tratamento de temas de interesse comum por parte de agentes diplomáticos da República Popular da China no Brasil através das redes sociais não é construtivo, cria fricções completamente desnecessárias e apenas serve aos interesses daqueles que porventura não desejem promover as boas relações entre o Brasil e a China. O tom e conteúdo ofensivo e desrespeitoso da referida ‘Declaração’ prejudica a imagem da China junto á opinião pública brasileira”, segue a mensagem da chancelaria brasileira. Na correspondência à embaixada, o Itamaraty classificou de “altamente inadequado” que a missão diplomática “se pronuncie sobre as relações do Brasil com terceiros países, tendo presente que a Embaixada do Brasil em Pequim não se pronuncia sobre as relações da República Popular da China com terceiros países”. A chancelaria brasileira também disse aos chineses que o governo toma decisões soberanas sobre temas de interesse estratégico do Brasil. “O respeito mútuos às respectiva soberanias é fundamental par as ótimas relações que temos desenvolvido”, conclui a carta.

É como se a China tivesse atacado do nada, de surpresa.

Há uns dias saiu por aqui que o governo brasioleiro pressionaria pela mudança do embaixador chinês em Brasilia, e quando li achei que era loucura, mas o governo verde-oliva realmente vai pressionar pela mudança do embaixador chinês, como se os chineses tivessem qualquer incentivo para ceder, caralho…

Lá em o Darth Vader do Leblon:

“O vice-presidente Hamilton Mourão minimizou nesta quinta-feira a fala do deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) sobre “espionagem da China”, dizendo que foi apenas uma “declaração” de um parlamentar e que o trabalho do governo com o país asiático continua. — É exatamente isso o que você falou, declaração. Nada mais do que isso. Estamos trabalhando de forma objetiva e mantendo contato com nossa contraparte na China. A gente segue nosso trabalho normal aqui no governo — disse Mourão, ao chegar no Palácio do Planalto.” [O Globo]

Trabalho nromal, não há porque pedir desculpas. Mas registro a tristeza pelo vice não ter falado em “Eduaredo Bananinha”.

“Eduardo é presidente da Comissão de Relações Exteriores da Câmara. Entretanto, Mourão disse que o órgão não representa o governo: — A Comissão de Relações Exteriores não é governo, é uma comissão parlamentar.”

E daí que é filho do presidente autor da agressão maos recente preside apenas e tão somente a comissão de relações exteriores da Câmara, né?! Pouca coisa, bobagem.

E os empresários tão desesperados, claro:

“Estudo encomendado pelo Conselho Empresarial Brasil-China propõe que os brasileiros olhem o parceiro asiático cada vez menos como competidor e ameaça e cada vez mais como referência e oportunidade, em especial para diversificar a pauta de exportação e absorver novas tecnologias.” [Folha]

E quem deu pra dizer que tem a China como referência é ninguém mais ninguém menos que Paulo FUCKING Guedes, taí outro plot twist maravilhoso, essa notícia tem 7 dias de sua publicação, repare:

“O ministro da Economia, Paulo Guedes, citou a China como exemplo de economia de mercado ao criticar, mais uma vez, o ritmo de privatizações no Brasil. A declaração foi dada na tarde de hoje, em participação no 41º Congresso Brasileiro de Previdência Privada. “Somos prisioneiros cognitivos de uma economia dirigista. A inteligência brasileira acredita em economia planificada, quando a China é um fenômeno de economia de mercado, continua com regime político fechado, mas é hoje uma economia extraordinariamente dinâmica e baseada em mercados”, declarou o ministro. Guedes afirmou que “existem duas Chinas”, sendo uma estatal e controlada, com “dificuldades e bancos públicos” e outra voltada para o mercado externo, dinâmica e “penetrando nas economias globais com enorme grau de dificuldade”. Assim como em outras ocasiões, o ministro afirmou que o Brasil precisa de uma “perestroika” — nome dado ao processo de abertura econômica da União Soviética na década de 1980 e que levou ao fim do regime de comunismo. “O Brasil é uma grande sociedade aberta em construção, tem democracia resiliente, está aperfeiçoando o sistema democrático ao longo dos últimos 30 anos, e avançou rápido do ponto de vista político. Mas do ponto de vista econômico, a nossa perestroika, está muito devagar”, disse ele. “Estamos há dois anos tentando privatizar empresas, mas tem sido muito difícil”, acrescentou.” [UOL]

Caralho, fiquei completamente atordoado com esse parágrafo aí d cima, Guedes é muito, muito louco.

Mas voltemos aos empresários:

“O documento, que foi batizado de “Bases para uma Estratégia de Longo Prazo do Brasil para a China”, será divulgado nesta quinta-feira (26) pela entidade em um evento que prevê a presença do vice-presidente Hamilton Mourão.”

Agora vai!

“A diplomacia brasileira conseguiu cometer uma barbeiragem dupla. Nas últimas semanas, o governo desprezou o próximo presidente dos EUA e enviou sinais hostis para a China. Amarrado a Donald Trump e às bandeiras da direita radical, o país pode sofrer prejuízos concretos na relação com seus dois principais parceiros comerciais. Na terça (24), a embaixada chinesa ameaçou o Brasil com “consequências negativas” depois que Eduardo Bolsonaro publicou uma mensagem que ligava a tecnologia de 5G do país asiático com atos de espionagem. “Essa talvez seja a mais enfática advertência para os danos que Eduardo e seus cúmplices podem causar às relações com a China”, diz Roberto Abdenur, que foi embaixador brasileiro em Pequim e Washington. Para ele, o silêncio de Jair Bolsonaro sobre a declaração do filho “endossa essa barbaridade”. O diplomata vê uma escalada nas manifestações do governo chinês, com uma ameaça real de retaliação nos investimentos e no comércio. “O Brasil se ilude ao achar que teremos eternamente a posição privilegiada de grandes exportadores de soja, carne, minério de ferro e açúcar”, diz. Ainda que existam questionamentos sobre a segurança da tecnologia chinesa de 5G, o governo brasileiro usa uma retórica infantil para satisfazer sua base ideológica. Abdenur afirma que o país enfrentará tempos difíceis se não souber manter uma equidistância entre China e EUA. O desafio pode ser ainda maior porque Bolsonaro escolheu “uma posição de subserviência” em relação a Trump, segundo Abdenur –o que criou uma política externa baseada em “alucinações, fantasias e teorias conspiratórias”. Para o ex-embaixador em Pequim e Washington, a atuação de Eduardo e do ministro Ernesto Araújo na diplomacia funciona como elo entre a extrema direita americana e a extrema direita brasileira, “que é uma sucursal da extrema direita americana”. “A não ser que haja uma guinada nessa postura, o que eu não acredito, nós vamos ter problemas”, avalia.” [Folha]

Que tal um William Wack?!

Eu Estou GIF - Eu Estou No GIFs

“É preciso um pouco de paciência, mas a força dos interesses privados brasileiros está conseguindo impor severos limites aos rompantes de política externa do governo Jair Bolsonaro.” [Estadão]

A “linha” externa foi basicamente subordinar-se a Donald Trump, um erro grotesco do ponto de vista “técnico” de diplomacia e um exemplo já clássico de como a cegueira ideológica conduz a decisões que são pura estupidez.

Quem poderia imaginar, WW?!Que coisa, né, nessa aí fomos surpreendidos…

“O agronegócio foi o primeiro a gritar contra a gratuita hostilização de parceiros comerciais no Oriente Médio e na Ásia, seguido de perto por setores modernos industriais e do mundo financeiro em relação a políticas ambientais. Os mais novos grupos a entrar no “vamos dar uma segurada” são de setores tecnológicos ligados a telecomunicações e infraestrutura, preocupados com o dano que a hostilidade à China possa trazer a investimentos no 5G.”

Esse texto ter sido poublicado HOJE é deveras espantoso.

Ah, e quem trilhou o mesmo caminho que o nosso foi a Austrália, que agora colhe o que plantou:

“Beijing has issued an extraordinary attack on the Australian government, accusing it of “poisoning bilateral relations” in a deliberately leaked document that threatens to escalate tensions between the two countries. The government document goes further than any public statements made by the Chinese Communist Party, accusing the Morrison government of attempting “to torpedo” Victoria’s Belt and Road deal, and blaming Canberra for “unfriendly or antagonistic” reports on China by independent Australian media. “China is angry. If you make China the enemy, China will be the enemy,” a Chinese government official said in a briefing with a reporter in Canberra on Tuesday. The dossier of 14 disputes was handed over by the Chinese embassy in Canberra to Nine News, The Sydney Morning Herald and The Age in a diplomatic play that appears aimed at pressuring the Morrison government to reverse Australia’s position on key policies. The list of grievances also includes: government funding for “anti-China” research at the Australian Strategic Policy Institute, raids on Chinese journalists and academic visa cancellations, “spearheading a crusade” in multilateral forums on China’s affairs in Taiwan, Hong Kong and Xinjiang, calling for an independent investigation into the origins of COVID-19, banning Huawei from the 5G network in 2018 and blocking 10 Chinese foreign investment deals across infrastructure, agriculture and animal husbandry sectors. In a targeted threat to Australia’s foreign policy position, the Chinese official said if Australia backed away from policies on the list, it “would be conducive to a better atmosphere”. The dossier was delivered shortly before China’s Foreign Ministry spokesman Zhao Lijian laid the blame on Australia for the state of the relationship at a press conference in Beijing. “The Australian side should reflect on this seriously, rather than shirking the blame and deflecting responsibility,” he said.[The South Morning Herald]

__/\/\/\/\/\/\__

4. “Nada a ver”

Do Lauro Jardim:

“O “nada a ver” usado por nessa quarta-feira para negar relação entre governo federal e o apagão no Amapá foi a expressão escolhida pelo presidente para tratar de pelo menos outros três assuntos. À frente da Presidência, inaugurou o uso do “nada a ver” logo em janeiro de 2019 ao dizer que o governo não tinha ligação com o rompimento da barragem da Vale em Brumadinho (MG), que deixou 272 mortos. — Se bem que a questão da Vale do Rio Doce não tem nada a ver com o governo federal — disse. Na sequência, sem se corrigir, ele próprio lembrou que órgãos do governo são responsáveis pela fiscalização de barragens.

Em dezembro do ano passado, Bolsonaro usou novamente o “nada a ver”, dessa vez, ao ser questionado sobre as acusações do MP contra Flávio Bolsonaro por suposta “rachadinha” quando era deputado. — Problemas meus podem perguntar que eu respondo. Dos outros, não tenho nada a ver com isso. No mês passado, quando seu então vice-líder de governo no Senado Chico Rodrigues (DEM-RR) foi flagrado com dinheiro na cueca, recorreu mais uma vez à tentativa de se desvincular do caso: — Esse caso não tem nada a ver com o meu governo.” [O Globo]

E Bolsonaro jura que não volta ao PSL nem fodendo, como se ele fosse bem-quisto por lá:

“Questionado recentemente por parlamentares sobre as chances de voltar ao PSL, como quer parte de seus aliados, Jair Bolsonaro deu sinais de que a legenda é seu plano Z. Ressentiu-se novamente pela “forma como foi tratado” pelo partido, comandado por Luciano Bivar. Bolsonaro saiu do PSL depois de não garantir o controle da sigla — e de seu fundo partidário e eleitoral.” [O Globo]

Bolsonaro quer é ter acesso ao fundo eleitoral, Queiroz faria a festa.

E Bolsonaro segue descendo a ladeira:

“A avaliação positiva do governo do presidente Jair Bolsonaro caiu numericamente em 23 das 26 capitais brasileiras entre os meses de outubro e novembro, durante as eleições municipais. O levantamento do GLOBO comparou a primeira pesquisa do Ibope no período eleitoral com a mais recente em cada uma das cidades. O instituto tem medido a aprovação e a rejeição à gestão de Bolsonaro quando faz os levantamentos de intenção de voto para as prefeituras. Os números mostram que em quase todas as capitais caiu o percentual que avaliou o governo como “ótimo ou bom”. Das 23 cidades nas quais o presidente teve esse índice reduzido, em 14 a queda foi além da margem de erro, que varia de três a quatro pontos percentuais dependendo do município. Não houve aumento do índice de aprovação de Bolsonaro em nenhuma capital do país se considerada a margem de erro. Outro indicador negativo para o presidente está relacionado ao número de entrevistados que avaliam sua gestão como “ruim e péssima”: este índice subiu acima da margem de erro em 12 capitais. As pesquisas foram feitas em um período no qual o auxílio emergencial concedido pelo governo em decorrência da pandemia foi reduzido de R$ 600 para R$ 300. Em setembro, em uma pesquisa nacional realizada pelo Ibope que abrangia também cidades do interior, o presidente contava com 40% de “ótimo e bom”, 29% de “regular” e 29% de “ruim e péssimo”.

A maior redução de avaliação “boa e ótima” do governo Bolsonaro ocorreu em João Pessoa (PB) onde o índice foi de 43% para 30%, entre outubro e novembro. Em seguida no ranking estão capitais da região Norte, como Manaus (AM) — de 54% para 42% —, onde o candidato apoiado pelo presidente à Prefeitura, Coronel Menezes (Patriota), ficou apenas em quinto lugar. Já em Rio Branco (AC) a aprovação continua alta, apesar da queda, de 48% para 39%. A capital acreana fez o presidente, inclusive, recuar da sua decisão de não apoiar candidatos no segundo turno. Ele gravou ontem um vídeo de apoio a Tião Bocalom (PP). O gesto, entretanto, foi calculado e de baixo risco: Bocalom terminou o primeiro turno com 49,58% e é favorito contra Socorro Neri (PSB). Ela assumiu a prefeitura após o afastamento de Marcus Alexandre (PT), que disputou o governo do estado em 2018 e foi derrotado, e é candidata à reeleição. Em 12 capitais não houve variação no índice de aprovação, considerando a margem de erro. No Rio e em Macapá (AP), a avaliação “ótima e boa”continuou a mesma, de 34% e 42%, respectivamente.

Em Aracaju (SE), o percentual passou de 25% para 28%, mas ficou dentro da margem de erro. No caso da capital sergipana, a comparação foi feita entre uma pesquisa divulgada em 11 de novembro e outra do último dia 20. O Ibope não questionou a avaliação do governo Bolsonaro nos levantamentos feitos ao longo de outubro. A capital em que o presidente tem a melhor avaliação continua a ser Boa Vista, mas o número de moradores da capital de Roraima que consideram seu governo bom ou ótimo caiu de 66%, em 16 de outubro, para 58%, em 20 de novembro. Na outra ponta, Salvador segue como a capital em que o presidente tem a pior avaliação. Apenas 15% dos soteropolitanos consideram seu governo ótimo ou bom, enquanto 66% o avaliam como ruim ou péssimo. São Luís e Curitiba foram as cidades nas quais mais cresceu a avaliação negativa do governo. Na capital do Maranhão, o percentual dos que consideram a gestão de Bolsonaro ruim ou péssima subiu de 46% para 57%. Já na capital paranaense a alta foi de 10 pontos percentuais, de 34% para 44%. Para o cientista político e professor da FGV, Carlos Pereira, a postura belicosa do presidente na pandemia contribuiu para o resultado. — A economia vibrante não aconteceu. E o discurso conflituoso, de polarização, indo sempre para o extremo, perdeu o sentido com a pandemia— diz Pereira.” [O Globo]

Satisfacao Aspira GIF - Satisfacao Aspira Smile GIFs

__/\/\/\/\/\/\__

5. Mais sinceridade do Centrão

Não dava nada pela entrevista do Marcos Pereira, presidente do Republicanos, ligado à Universal, ele era ex-pastor, e errei feio, errei rude. As perguntas vão em bold:

O Republicanos pode ser considerado de direita, ocupando um lugar que, inicialmente, se esperava para o PSL, antigo partido do presidente Bolsonaro?

Somos um partido que se posiciona como centro-direita, um pouco mais para a direita. Mas não pode ser jamais, em tempo algum (bate na mesa para reforçar), um partido radical, de extrema direita. Obviamente, se eu tenho dois filhos do presidente, isso leva mais um pouquinho para a direita, mas tenho pessoas que são mais progressistas e isso traz equilíbrio. Até porque os filhos do presidente, eu não tenho dúvida, estão de passagem pelo partido, por um pragmatismo local.

Esse ‘de passagem’ pode soar como um convite para os filhos saírem logo do partido?

Não se trata de um convite. É público e notório que eles estão tentando viabilizar um partido. Se viabilizarem, vão para lá. E, se não viabilizarem, a tendência é que acompanhem o pai no partido que ele for.

O Republicanos não está com as portas abertas para Bolsonaro?

Nunca discutimos isso com o presidente nem com ninguém do entorno dele.

Mas o partido tem vontade de ter o presidente?

O partido tem vontade de ter um presidente da República, mas não necessariamente o Bolsonaro. Um dia, quem sabe.” [Estadão]

É impressionante coimo nenhum figurão do Centrão baixa o tom pra falar do Bolsonaro, é só na lata,

“Se a condição (para entrar) for ele ter o comando do partido, não virá para o Republicanos, porque eu não abro mão do comando do partido para ninguém, nem para o presidente da República. O principal empecilho passa por essa questão de eles quererem comandar o partido do jeito deles, vetar pessoas. Não vetamos ninguém.”

O ex-pastor é perguntado se o apoio presidencial atrapalhou Russomano:

“Acho que não. Acho que o apoio do presidente não prejudicou nem ajudou. Mostrou um histórico que não é bom, mas que se repetiu pela terceira vez. Um histórico de que a população não quer o Celso Russomanno prefeito de São Paulo. É simples assim.”

O cara quer a presidência da Câmara e se distancia do Bolsonaro – eu não caio mas é engraçado como qualquer candidato quer distância do presidente.

“Está colocada a pré-candidatura. Estamos reunindo um grupo, que envolve esse centro independente. Não é uma candidatura contra o Bolsonaro, é a favor da Câmara dos Deputados e da independência dos Poderes.  Nos próximos dez dias, vamos decidir o nome mais viável.”

Encerro com uma estocada no Guedes:

“Sei que o governo, principalmente, o Ministério da Economia está carente de agenda para o País. Até agora não vi uma agenda da Economia que pudesse mostrar um horizonte para a sair da crise e voltar a crescer. Infelizmente, eu só vi até agora retórica.”

__/\/\/\/\/\/\__

6. Eleições

Aos amigos tudo!

“Candidato à reeleição, Bruno Covas (PSDB) enfrentou desgaste político e investigação do Ministério Público por nomeações de uma parente, de amigos de balada e de faculdade e da mãe do seu secretário-executivo para postos de confiança na administração municipal. Os casos, revelados em reportagens pela Folha, resultaram no pedido de demissão da mãe de seu braço-direito em 2018, um mês após recomendação da Promotoria do Patrimônio Público, sob pena de responsabilização dos envolvidos em ato de improbidade administrativa —no caso, derivado de nepotismo. Das outras nomeações que motivaram polêmica na época, ao menos dois nomes permanecem até hoje na gestão, em postos estratégicos de confiança de Covas: Gustavo Garcia Pires, como secretário-executivo, com salário de R$ 19,7 mil, e Alexandre Macaroni Nardy, que atua no gabinete do prefeito, com salário de R$ 7,7 mil. Braço-direito do prefeito, Gustavo contratou, com anuência de Covas, ao menos cinco amigos de balada (e também de sua turma de faculdade). A mãe dele ganhou uma vaga numa sociedade de economia mista comandada pelo município. Elisabete Gonçalves Garcia Pires, professora aposentada desde 2012, foi nomeada para a SPTrans, responsável pelo gerenciamento do transporte coletivo por ônibus. O salário de R$ 10 mil fez dobrar os rendimentos dela, somados à aposentadoria que recebe da rede pública. Na SPTrans, ela era a responsável pela supervisão e treinamento de estagiários que atendem a população. Bruno Covas resistiu em demitir a mãe do amigo. O caso foi revelado pela Folha em junho de 2018, mas a mãe de Gustavo só pediu demissão em outubro, levando a Promotoria a arquivar a investigação de nepotismo. Questionada, a gestão do tucano disse lamentar “que a reportagem da Folha persista na reedição de temas já noticiados e anteriormente esclarecidos”. “Reafirmamos que os servidores em questão têm currículo compatível com os cargos para os quais foram designados, histórico profissional, capacidade técnica, foram aprovados pelo Comap (Conselho Municipal de Administração Pública), desempenham as funções para as quais foram designados com empenho e eficiência e contribuíram para que a gestão alcançasse ‘a melhor avaliação positiva’ de 35%, segundo a mais recente pesquisa Datafolha”, diz a nota da Prefeitura de São Paulo.

As contratações polêmicas aconteceram antes mesmo de Covas assumir a titularidade do Executivo, em abril de 2018, quando João Doria se exonerou para disputar o governo paulista. A admissão de Elisabete Garcia ocorreu em 12 de março, período em que Covas acumulava o posto de vice e a Secretaria da Casa Civil, órgão responsável pela análise das contratações. Foi também antes de assumir a chefia da prefeitura que Covas deu um emprego na administração para sua tia Renata da Fonseca Pereira Covas. A advogada foi casada com Mário Covas Neto, ex-vereador da capital paulista que não conseguiu se reeleger. A mãe do prefeito, Renata Covas Lopes, é irmã do ex-vereador, e ambos são filhos do ex-governador Mário Covas, morto em 2001. Renata e Mário Covas Neto tiveram dois filhos, primos de Bruno Covas. Ela foi nomeada em fevereiro de 2017 para um cargo de confiança na Cohab, estatal responsável pelas políticas públicas de habitação na cidade. Na companhia, ela ocupou a função de assistente no setor jurídico da presidência, com salário de R$ 7,7 mil. A assessoria de imprensa da prefeitura diz não considerar a tia de Bruno Covas como parente do prefeito e afirma que ela não se enquadra nas restrições de nepotismo na gestão pública. “Renata da Fonseca Pereira Covas, que é advogada e não é parente do prefeito Bruno Covas, foi casada com Mário Covas Neto há mais de 20 anos. Portanto, não é correto insinuar que haja nepotismo em sua contratação pela Cohab, realizada em 01/02/2017, quando Covas ainda não era prefeito.”” [Folha]

E daí que o sobrenome é Covas, né?!

“Ainda que Renata da Fonseca e Mário Covas Neto não sejam mais casados, a relação familiar permanece, já que eles tiveram dois filhos, Silvia e Mario, primos do prefeito. Gustavo Garcia Pires também foi nomeado quando o atual prefeito ainda era vice. Na gestão de Covas, porém, foi promovido e nomeado para o cargo de secretário-executivo do gabinete do prefeito, posto que não existia na gestão João Doria. Até então, Gustavo era responsável pela organização da agenda de compromissos de Covas na vice-prefeitura, sob a função de assessor especial. Além de auxiliar importante de Covas, Gustavo priva da amizade do tucano. Costumavam sair juntos para festas e baladas. Com um grupo de amigos, chegaram a publicar em redes sociais fotos de um passeio na Croácia. Gustavo escreveu na legenda que a viagem tinha sido uma “trip (viagem, em inglês) épica”. O atual prefeito respondeu nos comentários. “vlw [valeu] irmão!” Durante as viagens internacionais de trabalho, aproveitaram o tempo livre para irem juntos a eventos esportivos, vinícolas e shows. Publicaram foto num show do Red Hot Chili Peppers, em Nova York, em setembro de 2017. Gustavo legendou a foto com a palavra “brothers”. Outros cinco amigos de balada também foram contratados pelo município —dos quais ao menos Alexandre Macaroni Nardy segue até hoje na gestão Covas, no cargo de coordenador do gabinete do prefeito.”

Mário Covas trinha que infernizar os pesadelos do Bruno…

Passo à excelente Mariliz Pereira Jorge:

“O PSDB do prefeito de São Paulo, Bruno Covas, está preocupado, segundo o repórter especial Igor Gielow, com a abstenção e com “o crescente foco na situação de seu vice, Ricardo Nunes”. Com a abstenção não há muito o que fazer, vide os números de Covid, que só crescem. Sobre Nunes, a “preocupação” poderia ter sido evitada se detalhes de sua vida pregressa tivessem sido levados a sério como deveriam.” [Folha]

Mas como Covas precisava dum vice terrivelmente reacionário…

“E uma acusação de violência doméstica não é exatamente um detalhe. Covas deveria ter aprendido alguma coisa com a lição que Eduardo Paes, candidato à Prefeitura do Rio, teve que amargar em 2016 quando tentou eleger seu sucessor, Pedro Paulo, ignorando as denúncias que havia sobre ele. Por onde passava, arrancava gritos de “espancador de mulher”.”

Sim, mil vezes sim!

“Passou a campanha apenas se explicando sobre a acusação de ter agredido a então mulher. Nos boletins, conta que ela foi xingada de “vagabunda” e “piranha” enquanto “levava socos e pontapés”. Quando Pedro Paulo viu que não iria nem para o segundo turno, apesar da boa popularidade de Paes, a vítima chegou a gravar um vídeo mudando a versão registrada, alegando que ele “apenas se defendeu”. Como venho repetindo, as pautas feministas vão influenciar cada vez mais os rumos de eleições, mesmo que seja de pouco em pouco. E muitos cariocas, que teriam votado num poste indicado por Paes, não aceitaram o seu escolhido com fama de agressor. O que vemos agora é o PSDB tentar esconder o vice, que fugiu da sabatina promovida pela Folha com Luiza Erundina, da chapa com Boulos. O partido pensava que, acostumado a tanta corrupção, o eleitor fosse engolir as relações de Ricardo Nunes com empresas suspeitas de desvios de verba da educação. Mas esperava que pudessem pesar na escolha do voto as acusações de violência doméstica? Infelizmente existe esse movimento feminista para atrapalhar tudo.”

E a matéria da Folha sobre a Vila Palestina é espantosa, mas Boulos derrapou em parte de sua resposta:

“Em ao menos duas ocasiões na segunda-feira (23), o candidato a prefeito de São Paulo Guilherme Boulos (PSOL) apresentou informação errada para justificar ações do MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem Teto) em área de proteção na zona sul de São Paulo. Como a Folha publicou, o candidato tem afirmado que sua campanha é “radicalmente ecológica”, mas situações no passado vão de encontro a esse discurso, com acampamentos do movimento levantados em áreas de preservação e pressão sobre políticos para a mudança de normas. Um desses casos é a Vila Nova Palestina, ocupação em São Paulo nas proximidades da represa Guarapiranga, que já foi contestada por ambientalistas por estar localizada em uma área de manancial —que pode pôr em risco o abastecimento da cidade. Após a publicação da reportagem, Boulos disse que a área teve projeto ambiental aprovado pela Cetesb (órgão ambiental do Governo de São Paulo). Uma dessas afirmações foi no programa Roda Viva, da TV Cultura. “O projeto da Vila Nova Palestina foi aprovado pela Cetesb, que é o órgão ambiental do governo do estado que autoriza ou não edificações em áreas especiais como as áreas de manancial”, afirmou, ao ser questionado por Vera Magalhães, âncora do Roda Viva, sobre o teor da reportagem da Folha. Deu uma declaração similar no mesmo dia, mais cedo, ao receber apoio de líderes evangélicos. “Lamento que a matéria de hoje [segunda-feira] da Folha de S.Paulo tenha apostado na desinformação e não tenha buscado dar o destaque devido para a posição do movimento social, explicando, com projetos aprovados, com alvarás, com normas ambientais”, disse o candidato.

Só que ao contrário das declarações o pedido feito à Cetesb para licenciar ambientalmente o projeto da Vila Nova Palestina ainda está em análise, e não aprovado, segundo o próprio órgão. “A Cetesb informa que o pedido de licenciamento protocolado em 2016 pela Associação Esperança de um Novo Milênio para um residencial de interesse social, o Vila Nova Palestina, na região do M. Boi Mirim, segue em análise pela companhia, uma vez que o empreendedor não entregou, até o momento, a documentação solicitada”, afirmou o órgão, ao ser questionado pela reportagem se havia algum projeto aprovado pelo órgão ambiental no terreno. A reportagem pediu mais detalhes. A Cetesb afirmou que aguarda complementação de dados relativos “às informações técnicas do diagnóstico ambiental da área e do projeto do residencial de interesse social”. “Também faltam as certidões de diretrizes de uso do solo emitidas pelas prefeituras de São Paulo e de Itapecerica da Serra. O processo segue em análise na Cetesb até que toda a documentação seja enviada”, afirmou o órgão. Questionado sobre o motivo de o candidato ter apresentado a informação incorreta, a campanha de Boulos apresentou uma justificativa diferente do que ele havia afirmado antes. Disse em nota que o relatório ambiental preliminar do estudo de impacto “foi protocolado na Cetesb em 2016 e atende às exigências do órgão”. “Sua implementação está sendo adequada às alterações sofridas pelos programas habitacionais como o MCMV [Minha Casa, Minha Vida]. O documento [faltante] referido pelo órgão é a Diretriz do Uso e Ocupação do Solo que deve ser emitido pela prefeitura —que, apesar de inúmeras tratativas, ainda não foi emitido pela administração municipal”, afirma a nota.” [Folha]

Ora, depois dessa tinha que se desculpar e confessar que passou uma informação errada, simples assim, ele continua tendo razão no assunto, não precisava disso.

E agora tem os Guardiões do Campos, Crivella tá fazendo escola – não que isso seja alguma novidade na política brasileira…

“Servidores com cargos comissionados na Prefeitura do Recife estão sendo escalados pelos chefes diretos para cumprir desde o primeiro turno missões diárias na campanha de João Campos (PSB). Filho do ex-governador Eduardo Campos, o candidato é apoiado pelo prefeito Geraldo Julio (PSB). As convocações incluem bandeiraços, distribuição de panfletos em semáforos e comunidades e o uso de camisetas amarelas —cor da coligação do PSB. São feitas em grupos organizados pelo WhatsApp e divididos de maneira sistêmica por secretarias e órgãos públicos municipais. A Folha teve acesso ao conteúdo de grupos de pelo menos quatro secretarias municipais e confirmou a autenticidade das mensagens após entrevistar alguns dos funcionários que integram o que eles chamam de “time”.

Em algumas das mensagens postadas, o servidor precisa indicar qual a agenda em que ele estará presente. Os grupos são compostos por no máximo dez pessoas e têm uma espécie de capitão, geralmente o que tem maior poder hierárquico dentro do órgão municipal, que orienta os comandados. Parte deles relata que, apesar de serem chamados de “voluntários”, são pressionados e constrangidos pelos chefes a cumprir a missão determinada. Em um dos grupos a que a Folha teve acesso, uma funcionária que ocupa cargo de chefia na Secretaria de Turismo da Prefeitura do Recife lista numa mensagem postada o que os cargos comissionados devem fazer naquele determinado dia. “Pessoal, amanhã preciso do grupo inteiro. Vamos sair do posto às 17h de ônibus, pontualmente, para alguma ação na nona zona (não tenho o destino final). Peço que usem amarelo, ok?” Em seguida, uma nova mensagem informa aos subordinados o ponto onde os servidores públicos devem se encontrar para começarem o trabalho. “O ponto de encontro é no posto shell às 16h45. Não vou confirmar os nomes porque conto com a presença de todos nesta reta final”, diz o aviso postado. Um dos integrantes do grupo confirmou à Folha que existe uma coação velada para que todos os servidores estejam no local determinado após as convocatórias. No fim da agenda, uma foto de todo o grupo é postada para comprovar o cumprimento da demanda estabelecida.

“Gente, nesse segundo turno, não iremos fazer sinal. Será apenas comunidade e com carga máxima. Aguardem novas orientações”, diz a mensagem postada pela mesma funcionária. Dois dias após a divulgação dos resultados do primeiro turno, que colocou João Campos e Marília Arraes (PT) na disputa final, uma nova mensagem foi encaminhada a todos os comissionados da secretaria. “Gente, vencemos a primeira batalha e agora vamos ganhar a guerra. A partir de amanhã, voltaremos às ruas com toda força. Teremos ações todos os dias para todos os times. Aguardem novas orientações.” Em outro grupo, um alerta importante para os servidores é emitido: “Ontem, às 23h, recebi uma nova planilha com alteração de algumas escolas. Vou colocar a planilha aqui e peço que, com muito cuidado, vocês procurem os nomes de vocês e em seguida preencham uma lista confirmando que sabem onde vão atuar no dia D!”. Os funcionários municipais respondem com um “ok”. Um dos servidores explicou à Folha que, na maioria das vezes, as mensagens convocatórias estabelecem um ponto de encontro. De acordo com ele, que não se identificou por temer represálias, todos entram em um ônibus e vão para os destinos estabelecidos. Não há, de acordo com o relato dele, pagamentos de lanches ou uso de carros oficiais. “Peço que não esqueça de usar amarelo, tá? Acabaram de reforçar esse pedido. Peço que todos contribuam. Muito obrigada”, diz a mensagem postada no grupo na primeira semana do segundo turno. Os nomes dos funcionários são listados um a um com a ação de campanha a ser feita no dia. “Ação Panfletagem porta a porta. Quarta-feira (25/11). Saída: 16h30 (Praça do Arsenal). Local: Nova descoberta (6ª zona)”, avisa mensagem postada nesta quarta-feira (25) em um dos grupos.” [Folha]

Um DESFILE de crimes eleitorais!

“A Folha conversou com um dos “capitães”, que exerce cargo de chefia em um dos órgãos municipais. Ele relatou que os ônibus com os servidores saem com 40 pessoas. Há determinação para as pessoas não irem com seus próprios veículos ao local da ação. De acordo com as mensagens convocatórias, o objetivo é não dispersar o grupo e mostrar força e união. Há ainda a ressalva de que os ônibus estão pagos e são caros. A Prefeitura do Recife, por meio de nota oficial, informou que não existe qualquer tipo de pressão ou influência para a participação de servidores em qualquer ato relativo às eleições municipais.”

E que coincidência danada!

“Novas decisões do TSE alterando regras da eleição em Macapá irritaram candidatos e viraram questão judicial. O tribunal mandou retornar o horário eleitoral gratuito na TV e no rádio e aumentou o limite de gastos na campanha em 40%. A reclamação principal é de que as medidas beneficiam um único candidato, Josiel Alcolumbre (DEM), irmão do presidente do Senado. Ele é detentor do maior tempo de TV e teve as maiores despesas até o momento, podendo gastar mais a partir de agora. Os candidatos de PSB, Podemos, PT e Cidadania fizeram um mandado de segurança, pedindo que o TSE reveja a decisão sobre o horário obrigatório na TV. Alegam que nenhum dos candidatos fez o pedido para estender a propaganda e que o TRE já havia decidido o contrário. Coordenador da campanha de Patrícia Ferraz (Podemos), Carlos Monteiro afirma que a decisão do TSE de determinar nova propaganda na TV surpreendeu os candidatos. “Isso prejudica os demais, porque dá vantagem ao candidato que tem maior tempo de TV e maior força política”.[Folha]

Ora, melhor para o candidato com os bolsos cheios, né, Davi?!

““Nem José Sarney (MDB) ousou fazer o que está sendo feito por este grupo político no Amapá hoje”, afirma o ex-governador Camilo Capiberibe (PSB), coordenador da campanha de João Capiberibe (PSB), referindo-se ao ex-presidente que criou o estado do Amapá e controlou a política local. O irmão do presidente do Senado lidera uma coligação de 12 partidos e, por isso tem tempo de TV de 4 minutos e 20 segundos, quase o mesmo que todos os demais concorrentes juntos. Davi Alcolumbre é o principal cabo eleitoral do irmão e participou ativamente no esforço para a religação da energia em Macapá, inclusive em viagem ao lado do presidente Jair Bolsonaro.”

E desde já estou torcendo desesperadamente pelo PT em Anápolis:

“Mais discreto nos pedidos de voto neste segundo turno depois das derrotas de aliados há quase duas semanas, Jair Bolsonaro gravou um vídeo em favor de um candidato em Anápolis (GO). O vídeo foi feito ao lado do deputado Vítor Hugo, ex-líder do governo. Os dois reforçam que Roberto Naves (PP) disputa contra um petista. — Tenho visitado muito o estado de Goiás. (..) Nós sabemos qual o partido está do outro lado. Do nosso lado aqui, temos o progresso, o desenvolvimento, o respeito à família — diz Bolsonaro.” [O Globo]

__/\/\/\/\/\/\__

7. Câmara

“Mesmo sob pressão de grupos importantes, como a Frente Parlamentar da Agropecuária, os trabalhos presenciais na Câmara dos Deputados não devem ser retomados neste ano. Havia expectativa de retorno após as eleições. Mas a cúpula da Casa avalia ser arriscado reunir os 513 deputados, mais assessores e servidores, em ambiente fechado com a iminência de um novo pico de infecções em todo o País. Bons argumentos à parte, sem os deputados na Casa será difícil encontrar consenso para pautas como a reforma tributária e Orçamento. A FPA, que reúne 245 deputados, divulgou uma nota oficial com um apelo pela volta das deliberações presenciais, com respeito a regras sanitárias. No Planalto, a leitura é de que a pauta não fica prejudicada com o trabalho remoto. Ontem, por exemplo, o Senado aprovou a Lei de Falência. Além do mais, esvaziar os últimos meses de Maia não é exatamente um grande problema para alguns governistas.” [Estadão]

E taí um nome melhor que o Arthur Lira:

Marcelo Ramos (PL-AM), candidato à sucessão de Rodrigo Maia (DEM-RJ), se encontra hoje com o governador do Maranhão, Flávio Dino (PCdoB), em busca de apoio político. O deputado já foi colega de partido de Dino na juventude e aposta no apoio da esquerda para se consolidar como candidato viável na disputa.

Até o governo Bolsonaro nunca tinha ouvido falar nesse Marcelo Ramos, mas ele é daqueles que apesar de apoiar a agenda econômica do governo é capaz de criticar muitos absurdos do Bolsonaro, e com propriedade.

__/\/\/\/\/\/\__

8. Covid-17

Enquanto o governo nada vê…

“O número de casos de Srag (síndrome respiratória aguda grave) voltou a crescer no país pela primeira vez desde julho, segundo o boletim Infogripe, da Fiocruz, com dados registrados até o último sábado (21). A Srag é definida por um ou mais critérios, como tosse, dor de garganta e falta de ar, e pode ser causada por diversos fatores, inclusive vírus respiratórios. A Fiocruz coleta informações de notificações de Srag do sistema Sivep-Gripe, do Ministério da Saúde. O aumento das notificações foi verificado em pelo menos 12 capitais, cujos sinais são de tendência forte ou moderada de alta, e em 21 das 27 unidades federativas. As capitais com tendência forte de crescimento nas últimas seis semanas são Belo Horizonte (MG), Campo Grande (MS), Maceió (AL) e Salvador (BA). Já as capitais com sinal moderado de crescimento no mesmo período são São Paulo (SP), Curitiba (PR), Natal (RN), Palmas (TO), Brasília (DF), Rio de Janeiro (RJ), São Luís (MA) e Vitória (ES).” [Folha]

“Nos estados, o aumento é mais heterogêneo, com tendência de alta em uma ou mais macrorregiões, formadas por uma ou mais regiões com estrutura para atender casos de média e alta complexidade. Os estados que apresentam alta em todo o território são Acre, Paraíba, Rio Grande do Norte, Sergipe e Tocantins. Em Santa Catarina, seis das sete macrorregiões apontam alta. No Alagoas, Ceará, Espírito Santo, em Minas Gerais, no Mato Grosso do Sul, Pará, Piauí, Paraná, Rio Grande do Sul e em São Paulo, o aumento ocorreu em 50% ou mais do estado. Bahia, Rio de Janeiro e Maranhão têm um terço do território com tendência de alta, e Goiás e Mato Grosso, 20% do território. Até o momento, foram reportados 565.312 casos de Srag no país, dos quais 309.507 (54,7%) tiveram resultado laboratorial viral. Dos casos positivos, 97,7% (300.222) foram causados pelo coronavírus Sars-CoV-2. Como a análise de Srag é feita por semana epidemiológica, foi possível verificar a tendência de aumento a longo prazo, mesmo se a curto prazo a maioria dos estados mostrasse estabilidade. Nas semanas epidemiológicas 45 e 46, os números foram afetados pelo apagão de dados que ocorreu entre os dias 5 e 10 de novembro, quando o site do Ministério da Saúde ficou fora do ar. Mesmo assim, pela primeira vez desde a semana de 28 de junho a 4 de julho, todo o país apresenta alta. Marcelo Gomes, coordenador do Infogripe, explica que é fundamental olhar os casos de Srag para entender a situação do país. “Como muitas cidades do interior podem ter problemas de atraso nos testes, a notificação de novos casos confirmados pode ficar comprometida, mas as notificações de Srag são um cenário mais próximo da realidade. A retomada de crescimento, desde a queda em julho, é clara. Florianópolis (SC) está estável após crescimento por todo o mês de outubro. Já Boa Vista (RR), Recife (PE) e Teresina (PI) apresentaram tendência de queda nas últimas semanas. Por fim, os dados para Cuiabá (MT), de acordo com o boletim, não são confiáveis, pois há diferença nos dados de Srag notificados no Sivep-Gripe e aqueles reportados no próprio sistema do estado. Gomes acredita ainda que se perde muito tempo com a discussão sobre se esta é ou não uma segunda onda. “Não existe uma definição clara e específica do que é uma segunda onda. O ponto principal é: qual a situação atual? Estamos em um momento tranquilo [de controle do vírus]? Não. Então precisamos reavaliar e repensar as medidas a partir daqui.”

Em alguns estados, como SP e RJ, a tendência de aumento já podia ser verificada na primeira semana de novembro. Renato Mendes Coutinho, professor da Ufabc, integra o grupo de pesquisadores do Observatório Covid-19 BR, uma iniciativa de pesquisadores da USP, Unesp, Unicamp, Ufabc e colaboradores no exterior, e avalia de perto os casos de Srag no estado de SP, onde a tendência de alta começou em meados de outubro. “Na semana do dia 1˚ de novembro, foram reportados quase 1.600 casos de Srag. Já na semana seguinte, foram mais de 2.000, e continuou a subir. Foi uma alta de mais de 25%, tendência muito semelhante à alta de casos de Covid-19 [internações por Covid-19 no estado tiveram alta de 26% nas últimas semanas].” Coutinho relaciona esse aumento já verificado em novembro ao relaxamento das medidas restritivas de atividades em outubro e, consequentemente, à maior aglomeração de pessoas. “Antes era dada muita importância para as superfícies, mas agora temos cada vez mais evidência de que a transmissão por aerossóis é muito mais relevante.” Os especialistas compartilham a opinião de que uma medida efetiva de controle seria testar os casos suspeitos, rastrear os contatos e isolar os contaminados. “No início da pandemia, era muito difícil, porque tínhamos muitos casos por dia. Agora, é mais fácil. Podemos usar a atenção primária, os agentes comunitários e testar uma grande quantidade de casos suspeitos. Isso seria bem mais efetivo do que aguardar uma situação extrema e regredir para uma quarentena mais rigorosa, com restrição de atividades”, diz Gomes.​​”

Lembra do Bolsonaro em junho dizendo algo que soaria absurdo até antes da pandemia?

“”Pode ver que ninguém faleceu, pelo que eu tenho conhecimento, pode ser que esteja equivocado, por falta de UTI ou respirador. Então, o vírus é uma coisa que vai pegar todo mundo. Não precisava ter, grande parte da imprensa, criado esse estado de pânico”” [Correio Braziliense]

É como se Manaus fizesse parte de outro país latino-americano, e veja como anda o Rio de Janeiro hoje:

“Mais de 200 pacientes — 229 no total — com coronavírus ou com suspeita da doença esperam um leito na rede pública do Rio de Janeiro, segundo a Secretaria Estadual de Saúde. A taxa de ocupação das UTIs é de 85%, e nas enfermarias, 47%. Metade dos pacientes esperam um leito no UTI. Na capital, a taxa de ocupação de leitos de UTI está em 90%, e nas enfermarias, 69%. Desde a quarta-feira (25), os hospitais públicos estão lotados. Alguns leitos ficam bloqueados para pacientes que já estão internados e possam evoluir para a UTI.” [G1]

E não falta só leito não:

“Outro agravante é a falta de medicamentos. O GLOBO teve acesso a uma planilha com 46 remédios que estão em falta no estoque central da prefeitura do Rio. Entre eles há insumos básicos, como dipirona e paracetamol. Procurada, a Secretaria Municipal de Saúde não respondeu os questionamentos. Nesta quarta-feira, o prefeito admitiu que há falta de pessoal e insumos para abrir novos leitos. Nesta quarta à noite, as duas unidades de referência para a Covid-19 administrada pela prefeitura estavam lotadas. Mesmo assim, o hospital de campanha do Riocentro funciona longe de sua capacidade máxima .” [O Globo]

E em São Paulo a desgraça acelerou, e teve gente falando em imunidade de rebanho…

“A segunda onda, ou repique, da Covid-19 no estado de SP era esperada para o fim de dezembro, de acordo com médicos que integram o comitê de combate ao novo coronavírus, nomeado pelo governador João Doria (PSDB-SP). O salto de casos em novembro foi uma surpresa. As eleições, na análise de alguns dos profissionais, podem ter colaborado para antecipar a subida de internações. “Ela é um reflexo da campanha, na minha opinião”, diz o médico Geraldo Reple, que integra o comitê e comanda a Secretaria de Saúde de São Bernardo do Campo.” [Folha]

Tenho pra mim que a eleição foi o menor dos problemas:

“As campanhas, que colocaram milhares de pessoas nas ruas, se somaram às festas, em especial de jovens, que se reúnem sem máscaras ou quaisquer outros cuidados. A ocupação de leitos para Covid-19 em São Bernardo, por exemplo, saltou de 30% para 55%, diz Reple. A cidade já começou a receber pacientes de Diadema que não encontram leitos.”

__/\/\/\/\/\/\__

9. O racismo nosso de cada dia

Do Perifa Connection, blog da Folha:

“Toda pessoa negra que vive neste país já passou alguma vez por uma situação de vigilância e perseguição dentro de um estabelecimento comercial. O constrangimento constante de ser seguido a cada corredor em um supermercado é percebido desde muito cedo. Aprendemos com nossos pais, avós e amigos que ir ao supermercado é uma atividade perigosa. Você deve caminhar no meio dos corredores, preferencialmente sem bolsa, mochila, sacolas. Deve pegar um cesto ou carrinho mesmo que você vá comprar um único item e colocar suas compras de modo visível. É recomendado não colocar as mãos nos bolsos e não fazer movimentos bruscos, pois o simples fato de você ingressar no interior de um supermercado sendo uma pessoa negra te torna um elemento suspeito. Do norte ao sul do país, a hostilidade da segurança pública e privada é justificada por uma lógica de suspeição que foi construída a partir de estereótipos que historicamente são utilizados para naturalizar a violência e a truculência contra corpos negros. As ideologias racistas são mobilizadas para dar caráter de inevitabilidade à morte brutal de pessoas negras de todas as idades, gêneros, status sociais e territórios. A profundidade desse pensamento, enraizado na cultura brasileira, se apresenta com truculência ainda maior quando se trata de homens negros e pobres. Um homem negro e pobre em um supermercado é automaticamente lido como uma ameaça social a ser eliminada da forma mais brutal possível. A sociologia, a criminologia, a filosofia e outras áreas do conhecimento já demonstraram através de inúmeras pesquisas que o racismo mobiliza múltiplas tecnologias, saberes e técnicas para fazer e deixar morrer a população negra. É preciso deixar lúcida a existência de uma lógica que nega a humanidade de pessoas negras, referendada pelas estruturas e infraestruturas sociais. Conforme nos alerta Sueli Carneiro, a ideia de humanidade se constituiu sem o negro, e este pensamento permanece de forma tão arraigada a ponto de as repetidas imagens do assassinato de Beto não criarem uma crise moral em nosso país. Ao contrário, as imagens mobilizam nas esferas de poder justificativas que referendam o tratamento desumano que foi destinado a este homem. Aliás, a cruel semelhança entre o movimento corporal feito pelo segurança que asfixiou Beto e o policial que assassinou George Floyd não é mera coincidência, tampouco as reações detestáveis das mais altas autoridades deste e daquele país.

As imagens mobilizam a afirmação de que certamente Beto recebeu este tratamento porque algo fez, porque algo devia, porque estava em um lugar que não lhe pertencia, porque é de merecimento de toda a população negra brasileira ser deixada ao jugo de justiceiros ensandecidos que batem até matar enquanto o Estado assiste. Nenhuma relativização pode ser aceita ante o assassinato brutal. É o momento de a sociedade brasileira, em especial na capital gaúcha —considerada, de acordo com Índice de Desenvolvimento Humano Municipal do IBGE, a metrópole mais segregada racialmente em nosso país—, exigir respostas contundentes contra a violência racial. A Lei Orgânica de Porto Alegre possui, em seu artigo 150, uma penalidade administrativa que prevê multa e a cassação do alvará de empresas que praticam atos de discriminação racial. Em nossa opinião, não há outro caminho para o Carrefour, vide a recorrência de práticas racistas nos estabelecimento da multinacional francesa. Não basta a responsabilização dos assassinos: a chaga aberta com o assassinato de Beto amplia a tensão racial e aflige a maioria negra do nosso país. O problema é sistemático e estrutural, logo a solução deve atacar o sistema e a estrutura. A responsabilização do Carrefour é indissociável da luta por justiça para pessoas negras, mas ela não se encerra nesta empresa. As condutas de desumanidade que estão inscritas na lógica de vigilância e abjeção que permeiam as estruturas de segurança no cenário brasileiro precisam ser encerradas. Faremos nós por nós contra essa desumanidade e cobraremos das instituições respostas exemplares para que não mais entremos num hipermercado e saiamos de lá sem vida![Folha]

__/\/\/\/\/\/\__

10. Medo e Delírio em Washington

Para surpresa de absolutamente ninguém:

“O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou nesta quarta-feira (25) que concedeu indulto ao seu ex-assessor de segurança nacional Michael Flynn, que confessou ser culpado de mentir para o FBI durante uma investigação sobre a interferência russa na eleição presidencial de 2016. “É uma grande honra anunciar que o General Michael T. Flynn recebeu Pleno Perdão. Parabéns a @GenFlynn e sua família maravilhosa, sei que agora você terá um Dia de Ação de Graças fantástico!”, escreveu Trump no Twitter. A medida é uma de uma série de benefícios deste tipo que estão sob consideração pelo presidente republicano, segundo fonte da agência Reuters.[G1]

O perdão presidencial para a família Trump inteira deve vir no seu último dia de governo.

E olha o naipe do crime sendo perdoado:

“O indulto de Flynn é o de mais alto perfil condedido pelo presidente desde que ele assumiu o cargo. O ex-assessor é um general reformado do Exército, que se confessou culpado em 2017 de mentir para o FBI sobre as interações que teve com o embaixador da Rússia nos Estados Unidos nas semanas antes de Trump assumir o cargo. Desde então, ele tentou retirar a confissão, argumentando que os promotores violaram seus direitos e o levaram a um acordo de confissão.”

Imagine se fosse num governo democrata, seria guerra civil pelas bandas de lá, imagine, mentir sobre encontros com embaixador russo! Os mesmos russos a quem Trump pediu, publicamente, os emails da Hillary, curiosamente lançados pelo Wikileaks HORAS DEPOIS do “grab them by the pussy”.

GIF by Giphy QA

Passo ao Samuel Braun:

“43% dos americanos não acreditam que Joe Biden ganhou a eleição. Ou não ao menos honestamente, dentro das regras. QUARENTA E TRÊS POR CENTO! Se em pouco mais de duas semanas conseguir ser eleito pelo Colégio Eleitoral, não terá a oposição de 43%, terá o irreconhecimento de quase metade da população. É algo difícil até de dimensionar! Trump não me parece estar perdido ou trocando de estratégias, ele está seguindo firme no que vem dando sinais de planejar desde Setembro, ao menos: questionar o modelo eleitoral em suas fragilidades e “jogar com o regulamento”. Se vai conseguir, não se sabe ainda, mas a estratégia é uma só, e bem nítida: atrasar as certificações (não é declaração de jornal) dos estados até os limites legais. Ultrapassadas as datas de certificação nos estados, a consulta pública (aka eleição) perde efeito e é declarada inconclusiva/falha. Os parlamentos locais então exercem o que o art. 2 da Constituição lhes outorga como forma ordinária de escolha do Presidente: indicam os delegados. Parlamentos republicanos. Que não terão em mãos nenhum resultado eleitoral popular válido para alegarem ou serem cobrados. Decidirão livremente. O laranjão não teria assim que provar fraude. Ele não estaria numa caminhada fadada ao fracasso, como lemos exaustivamente. Ele precisa que os estados cheguem às datas limite sem poder validar a consulta popular. Isso pode ser dar inclusive porque votos ainda estarão sendo contados. Badalou o relógio, processo encerrado, sem vencedor declarado. Aí entra a até aqui coesa máquina republicana. A máquina, não adversários vencidos por Trump que ainda seguem no partido. AINDA não acabou.” [Facebook]

E 4 anos bastaram pra Trump foder com o que restava dos EUA:

“A nova supermaioria conservadora na Suprema Corte dos Estados Unidos derrubou, na noite de quarta-feira, o limite a cultos religiosos imposto pelo estado de Nova York para combater a pandemia de Covid-19. Para o tribunal, as ordens do governador Andrew Cuomo, um proeminente democrata, miram deslealmente os espaços religiosos. A medida foi derrubada por 5 votos a 4, com a juíza Amy Coney Barrett, recém-nomeada pelo presidente Donald Trump, se juntando à maioria conservadora e assumindo pela primeira vez um papel decisivo que deverá se manter pelos próximos anos. Os quatro votos dissonantes vieram dos três magistrados vistos como progressistas e do presidente da Corte, o juiz John Roberts, nomeado por George W. Bush. Até setembro, Roberts habitualmente era o fiel da balança, destoando de seus colegas também indicados por presidentes republicanos e votando com a minoria. A morte da juíza Ruth Bader Ginsburg, ícone progressista, no entanto, mudou a distribuição de forças na instância mais alta da Justiça americana — nova ordem que promete dificultar a vida de Joe Biden e dos democratas enquanto estiverem na Casa Branca. Para substituir Ginsburg, Trump nomeou Coney Barrett, defensora de valores conservadores e cristãos. Com a indicação, a terceira do presidente em menos de quatro anos, consolidou-se uma supermaioria conservadora no tribunal: são seis magistrados indicados por republicanos e três, por democratas. O novo cenário abre espaço para o avanço de uma agenda conservadora no que diz respeito a assuntos polarizantes no país, como aborto, imigração e direitos LGBT+. Mesmo que haja dissidência de Roberts, seu voto não será mais de Minerva. A decisão de quarta vai na contramão das jurisprudências estabelecidas em maio e julho, referente a igrejas na Califórnia e em Nevada. Em ambos os casos, o tribunal permitiu que os governadores restringissem o número de fiéis em cerimônias religiosas. Também nas duas situações, os votos foram 5 a 4, mas na direção contrária — a oposição de Ginsburg foi substituída pela adesão de Coney Barrett.” [O Globo]

E Biden terá que fazer um ballet delicadíssimo:

“Agitados por alertas de uma ameaça socialista, os cubano-americanos apoiaram o presidente Donald Trump em grande número na Flórida. Agora, esses eleitores apresentam um novo desafio para o presidente eleito Joe Biden: como voltar a abraçar a histórica abertura da era Obama com Cuba sem entregar de vez a Flórida aos republicanos em 2024. A política externa dos EUA para Cuba e, em menor grau, para a Venezuela, é muito impulsionada pela política interna. Exilados e americanos de ascendência cubana e venezuelana que nutrem profunda antipatia pelos governos desses Estados policiais de esquerda ajudaram Trump a vencer o Estado decisivo nas eleições americanas. Os ganhos de Trump entre a comunidade cubana do sul da Flórida, dizem os especialistas, representaram até um terço dos 372 mil votos que custaram a Biden o Estado. Mas Biden aposta que o foco na restauração de voos e privilégios de remessa de dinheiro retirados por Trump permitirá que seu governo engaje Havana em negociações sem enfurecer um eleitorado decisivo. Em última análise, o fracasso das campanhas de “pressão máxima” de Trump contra os autoritários de esquerda em Havana e Caracas para provocar uma mudança significativa poderia ajudar Biden a balançar o pêndulo do Estado de volta aos democratas.

Na Venezuela, Biden não sinalizou nenhuma mudança nas sanções ou acusações contra altos funcionários, mas disse que planeja se concentrar mais na situação humanitária de um povo que sofre sob uma severa autocracia. Pelo menos no curto prazo, é improvável que o presidente Nicolás Maduro desfrute de uma grande ruptura em seu isolamento internacional. Mas o presidente eleito sinalizou mais movimento em Cuba, voltando-se para o degelo histórico promovido pelo ex-presidente Barack Obama, que inspirou esperanças de uma abertura vigorosa na ilha e um novo futuro econômico para os cubanos em dificuldades. Durante o governo Obama, o primeiro presidente a visitar a ilha em 88 anos, uma nova safra de donos de restaurantes, empresários de TI, artistas e designers de moda aproveitou uma explosão de curta duração de visitantes americanos. “Acho que Biden tentará mudar a narrativa, para que a política dos EUA volte a ser sobre voos e transferências de dinheiro para cubanos de Miami a suas famílias, para capacitar artistas, empresários e músicos cubanos”, disse Collin Laverty, que opera visitas educacionais para americanos . “Há uma esperança de que voltemos a isso rapidamente.” Durante os quase dois anos anteriores ao fechamento efetivo de Trump, a atuação diplomática de Obama em Cuba não conseguiu atingir muitos de seus objetivos, incluindo a libertação de presos políticos e o aumento da abertura de empresas privadas. No entanto, Biden disse que seu objetivo é mudar rapidamente o que ele chamou de “as políticas fracassadas de Trump que infligiram danos aos cubanos e suas famílias” e permitir que os americanos viajem para lá como “os melhores embaixadores da liberdade” na ilha.

A chance de um retorno a mais dias abertos já está reacendendo as esperanças na ilha, onde as filas de alimentos e a escassez de produtos se agravaram nos últimos anos e onde os temores aumentaram em relação a um movimento recente do governo Trump para aumentar as restrições às remessas de dinheiro para os moradores da ilha por parte de seus parentes baseados nos Estados Unidos. “Estamos muito felizes e esperançosos de que as coisas possam mudar”, disse Nidialys Acosta, empresária de Havana que aluga carros clássicos. Ela viu uma queda de 50% nos negócios sob as restrições da era Trump para os visitantes americanos, mesmo antes de a pandemia do coronavírus paralisar o turismo. “No dia que Biden foi declarado o vencedor, colocamos um pouco de música e preparamos um pouco de bebida”, disse ela. “Estávamos todos comemorando.” Mesmo assim, ativistas pró-democracia na ilha alertam que um rápido reengajamento, sem restrições às reformas de direitos humanos, serviria apenas para recompensar a repressão contínua no estado policial comunista. Eles apontam para a prisão neste mês de Denis Solís, um rapper de Havana e crítico do governo condenado a oito meses de prisão por insultar um policial. Companheiros membros do Movimento San Isidro, um grupo de artistas, poetas, ativistas dos direitos gays, acadêmicos e jornalistas, foram detidos temporariamente por protestarem contra sua prisão. Pelo menos cinco estão em greve de fome para garantir sua liberdade, a desobediência civil mais séria na ilha desde que os ativistas desafiaram a proibição do governo no ano passado ao participar de uma parada do orgulho gay. “Há pessoas dispostas a morrer por isso”, disse o produtor musical Michel Matos, um dos coordenadores do movimento. “Se este novo governo seguir as antigas políticas de Obama, dando sem pedir nada em troca, será muito decepcionante.”

Alguns empresários cubanos, frustrados com o ritmo das mudanças em um país ainda muito mais fechado economicamente do que seus pares comunistas como o Vietnã, dizem que Biden deve aproveitar a influência dos EUA para ajudar a formalizar os direitos dos donos de negócios. Autoridades cubanas estão considerando a ideia em um projeto de lei a ser apresentado no próximo ano. “Sob Trump, nos vimos obrigados a adotar uma lei para pequenas e médias empresas porque as coisas estavam muito ruins”, disse Oscar Casanella, 45, que dirige um serviço de táxi de carros clássicos em Havana. “Infelizmente, é apenas quando você vê a pressão externa que você vê a mudança interna.” Obama expandiu as categorias de cidadãos americanos autorizados a visitar Cuba, permitindo a viagem de dezenas de milhares de americanos a Havana. Isso foi interrompido por Trump, que reinstaurou barreiras em voos e navios de cruzeiro. A política de Trump para Cuba, guiada por cubano-americanos de Miami, incluindo o senador republicano Marco Rubio (Flórida) e o ex-diretor sênior do Conselho de Segurança Nacional, Mauricio Claver-Carone, também limitou o número de cubanos autorizados a visitar os Estados Unidos. Em 2017, Trump culpou Cuba por uma série de casos em que diplomatas dos EUA e suas famílias em Havana sofreram traumatismo cerebral, normalmente depois de ouvir ruídos altos e misteriosos – um suposto uso de armas sônicas. Ele reduziu o pessoal da embaixada a uma equipe mínima. O primeiro impacto foi que os cubanos que queriam vistos dos EUA agora tiveram de viajar primeiro para outros países. Trump também expulsou 15 diplomatas cubanos de Washington. Os assessores de Biden, falando ao The Washington Post sob condição de anonimato para discutir as políticas planejadas, disseram que a segurança dos diplomatas seria uma das principais preocupações do pessoal da embaixada em Havana. Integrantes da equipe de transição de Biden no Departamento de Estado incluem Roberta Jacobson, que participou como secretária adjunta nas negociações com Havana que levaram os países a restabelecer relações diplomáticas em 2015.” [Est6adão]

Esse episódio aí é uma das maiores doideiras geopolíticas recentes.

“Ainda assim, assessores de Biden disseram que as medidas que afetam diretamente o governo cubano, incluindo o levantamento de quaisquer sanções, dependerão do comportamento do governo. O objetivo, eles disseram, é iniciar uma conversa, e não simplesmente retornar totalmente à política de Obama. Reabrir um diálogo diplomático, disse um conselheiro, “não é uma recompensa, mas uma oportunidade”. Potenciais bloqueios do projeto passam pelo condado de Miami-Dade, onde os cubano-americanos representam quase um terço do eleitorado. Os cubano-americanos há muito se inclinam para o Partido Republicano, uma tendência que se acelerou fortemente desde 2010: mais de 3 em cada 4 imigrantes cubanos naturalizados na última década se registraram como republicanos. Para ganhar a Flórida, os democratas precisam conquistar margens enormes em Miami-Dade para compensar o terreno republicano nas partes norte e oeste do Estado. O fracasso de Biden em fazê-lo – ele venceu o condado por apenas 7,3 pontos porcentuais, depois que Hillary Clinton venceu por quase 30 pontos em 2016 – foi alimentado em grande parte por uma votação hispânica que tendeu fortemente para Trump. Um conjunto de distritos dominados por cubanos deu 69% dos votos para Trump, um aumento substancial em comparação com os resultados do Partido Republicano nas últimas três eleições presidenciais.”

__/\/\/\/\/\/\__

>>>> Punido por parafrasear um autor do século.. 18! “A Justiça do Rio de Janeiro determinou a remoção da conta do escritor João Paulo Cuenca do Twitter em razão de ele ter publicado na rede social em junho que o “brasileiro só será livre quando o último Bolsonaro for enforcado nas tripas do último pastor da Igreja Universal”, parafraseando texto de Jean Meslier, autor do século 18. Os escritos originais de Meslier trazem a afirmação de que “o homem só será livre quando o último rei for enforcado nas tripas do último padre”. A decisão de exclusão é do juiz da comarca de Campos dos Goytacazes (RJ), Ralph Machado Manhães Junior, em um processo no qual o pastor da Igreja Universal Nailton Luiz dos Santos pede indenização por danos morais no valor de R$ 10 mil em razão da postagem, além da remoção da conta do escritor da rede social. Segundo o magistrado, a conta deve ser banida porque “não obstante ser reconhecido o direito constitucional da liberdade de expressão, no caso em tela, há a extrapolação do referido direito, pois a postagem do réu é ofensiva e incitatória à prática de crime ao incitar claramente a violência contra grande parte da população”. A causa em Campos dos Goytacazes é uma das dezenas de ações de indenização por danos morais movidas por pastores da Universal relativas ao tuíte. A defesa do escritor já contabiliza 134 processos iniciados em cidades de 21 estados, nos quais os religiosos solicitam o benefício da Justiça gratuita e assinam os pedidos em nome próprio, sem advogados. A soma dos requerimentos de condenação já ultrapassa o valor de R$ 2,3 milhões. Como a Folha mostrou em outubro, no conjunto de ações há petições com textos idênticos e trechos que mostram o uso de modelos de redação, o que indica uma ação orquestrada. A medida determinada pelo juiz estadual do Rio, que na linguagem técnica do direito é denominada tutela antecipada, tem caráter provisório e cabe recurso. A defesa de Cuenca, conduzida pelo escritório Serrano, Hideo e Medeiros Advogados, afirma que ainda não foi intimada oficialmente quanto à decisão e vai recorrer aos tribunais superiores.[Folha]

>>>>A última do Frias: “O vereador Gilberto Natalini (PV-SP) enviou na segunda (23) um ofício ao secretário Mario Frias (Cultura) solicitando informações sobre o encaminhamento das emendas parlamentares de vereadores de SP em benefício da Cinemateca Brasileira. Em julho, Natalini organizou uma vaquinha de emendas e arrecadou R$ 580 mil. No entanto, a transferência dos recursos depende de autorização do governo federal para que a Sociedade Amigos da Cinemateca receba e aplique esse montante —o que até agora não foi feito. O Ministério do Turismo não respondeu sobre os motivos pelos quais essa autorização ainda não foi concedida ou se há algum prazo para que isso ocorra.” [Folha]

>>>> Não se empolguem: “A produtividade na indústria foi recorde no terceiro trimestre. Estudo exclusivo da CNI, a confederação da indústria, revela que o indicador ultrapassou o nível do fim de 2017, chegando a 111,2 pontos. A conta é simples. O índice apura o volume produzido e divide pela quantidade de horas trabalhadas. Após as quedas do primeiro semestre, a produtividade subiu 8% de julho a setembro. As fábricas aceleraram para atender à demanda. Na comparação com o segundo trimestre, a produção da indústria de transformação saltou 25,8%. As horas trabalhadas na produção subiram 16,4%. De acordo com a CNI, a indústria acelerou porque, além do aumento da demanda, era preciso recuperar os estoques, que ficaram baixos após a parada na quarentena. No primeiro semestre, a queda acumulada havia sido de 6,7%. O avanço no terceiro trimestre mais que compensou a perda da produtividade de janeiro a junho. O problema é que o resultado do ano acabará comprometido pela pandemia. A expectativa da Confederação é que a produtividade termine 2020 com alta inferior a 1%. Será o terceiro ano seguido com resultados abaixo desse nível. E para 2021 as incertezas no setor permanecem.” [O Globo]

>>>> Força, Guerreira! “O Senado vai custear o doutorado da sua diretora-geral Ilana Trombka em administração na FGV em São Paulo. Será pacote completo: inscrição, curso, diárias, passagens e seguro-saúde às custas do dinheiro público. Segundo a proposta apresentada por ela e já aprovada por Davi Alcolumbre, o curso está orçado em R$ 200 mil. Os outros valores (passagens e diárias) vão depender da quantidade de vezes que Ilana terá de ir a São Paulo entre 2021 e 2022. Ilana não se afastará do cargo de diretora do Senado. O salário dela é de R$ 44,6 mil. Com os descontos, ela recebe R$ 25,1 mil.” [O Globo]

>>>> Que surpresa… “O presidente do Ibama, Eduardo Fortunato Bim, recebeu uma comitiva de empresários do setor madeireiro do Pará dias antes de ele afrouxar as normas para a exportação de madeira nativa. A reunião aconteceu na sede do Ministério do Meio Ambiente (MMA), em Brasília, no dia 6 de fevereiro. Dezenove dias depois, Bim atendeu a um pedido das madeireiras e assinou um despacho liberando a exportação de madeira nativa sem autorização do órgão. Entre as madeireiras recebidas por Eduardo Bim estão duas empresas que, juntas, somam mais de R$ 2,6 milhões em multas. Procurado, o Ibama confirmou a participação de Eduardo Bim na reunião e que o motivo dela foi a “revogação parcial da IN 15/2011”. Questionados, tanto o Ibama quanto o MMA negaram que Ricardo Salles tenha pedido a Eduardo Bim que ele mudasse as regras de exportação madeira. “O Ministro nunca fez nenhum pedido ou sugestão de alteração de regras pelo IBAMA”, disse o MMA em nota.” [O Globo]

>>>> Gustavo Gindre e o fim da Oi – no colo do Estado, claro: “Amanhã ocorrerão dois leilões. Como só há um concorrente para cada um, já se sabe os vencedores, ambos controlados por fundos de investimento. A Piemonte comprará todos os 5 data centers da Oi. E a Highline comprará as últimas 600 antenas de celular que a Oi ainda possui. No dia 14 de dezembro será a vez do leilão de venda da Oi Celular. Também só há um candidato: o consórcio formado por Vivo, Claro e TIM. A ideia é que as três dividam o espectro e a base de clientes da Oi Celular e fechem a empresa. No início do ano que vem deverão ocorrer os dois últimos leilões. Será vendida a operação de TV paga via satélite da Oi. Há duas interessadas: Claro e Sky. E, enfim, será vendida a rede de fibras ópticas da Oi. Aqui deve haver alguma disputa. Nesse ínterim, a Oi está se desfazendo de vários imóveis pelo país. Ou seja, até o fim do primeiro semestre de 2021, a Oi estará reduzida a uma velha rede de cabos de cobre, que presta um serviço (o telefone fixo) em regime de concessão pública e com obrigação de cobrir todo o país. É óbvio que essa empresa vai falir e será devolvida para o Estado.” [Facebook]

>>>>Jihad do amor?! “ O estado mais populoso da Índia prometeu lutar contra o que chama de “jihad do amor” e declarou os casamentos interreligiosos ilegais se o objetivo for a conversão religiosa da mulher, na mais recente iniciativa que corre o risco de dividir ainda mais a nação do Sul da Ásia. Estados liderados pelo partido nacionalista hindu do primeiro-ministro Narendra Modi chamam os casamentos interreligiosos de “jihad do amor” — uma referência a uma suposta conspiração de homens muçulmanos atraindo mulheres hindus ao casamento para conversão. Na terça-feira, ministros do estado de Uttar Pradesh, chefiados pelo sacerdote incendiário do Partido do Povo Indiano (BJP, na sigla original) Yogi Adityanath, aprovaram a lei que também propõe penas de prisão de até 10 anos para os infratores. A acalorada retórica da campanha eleitoral que se transformou em legislação gerou um debate sobre se essa lei restringirá as liberdades religiosas e civis garantidas pela Constituição. Pelo menos cinco estados governados pelo BJP anunciaram sua intenção de aprovar leis semelhantes, mas até agora apenas Himachal Pradesh promulgou sua Lei de Liberdade Religiosa, que entrou em vigor no ano passado. Desde sua reeleição em 2019, Modi revogou o Artigo 370 da Constituição que concedia status de autonomia especial ao único estado de maioria muçulmana da Índia, a Caxemira, e aprovou uma lei de cidadania que discrimina com base na religião. Ele também pressionou por um registro nacional de cidadãos no estado de Assam, no Nordeste do país, e lançou a pedra fundamental para a construção de um templo hindu no local onde uma mesquita do século XVI foi destruída. A animosidade contra as relações interreligiosas é tão difundida que a série da Netflix “Um rapaz adequado”, baseada em um romance do escritor Vikram Seth e dirigido pela cineasta Mira Nair, gerou polêmica por uma cena que mostra sua protagonista hindu beijando um homem muçulmano. Dois funcionários da Netflix estão enfrentando uma denúncia na polícia do estado de Madhya Pradesh, governado pelo BJP, em conexão com aquela cena. A reclamação foi apresentada por um membro do partido de direita Yuva Morcha, que exigiu um pedido de desculpas pela cena acusada de promover a chamada “jihad do amor”, segundo a imprensa local.” [O Globo]

Deixe um comentário