Hoje não vai rolar podcast mas os episódios você ouve lá na Central3: [Central3]
Bora passar raiva?!
A ilustra é da Lady Lih ; )
Foi na correria, perdoem os erros de digitação.
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1. Coronel Câmara, você. Você, Coronel Câmara
Que dia miserável, vou abrir os trabalhos com o cretino do Allan dos Santos confessando sem o menor pudor que anda espionando ligações entre ministros do Supremo:
“Quero que Alexandre de Moraes prove que é emntira que ele conversou no telefone com Barroso… o Moraes falou pro Barroso que ele precisava contar com a Joyce Hasselman, e aí o Barroso diz que nao, que ela n]ao era confiavel, e depois o senhor Alexandre de Moraes disse que era pra ele procurar Maia, e ele disse que não ia procurar, e ai o Alexandre de Mraes disse que faria isso pessoalmente”
Caralho, viado, o sujeito tá narrando uma ligação entre dois ministros do STF, e pelo papo me parece verídico. Muita gente acha que é blefe mas eu acharia estranho se esses imbecis não estivessem espionando seus ditos inimigos. Até aqui nenhum dos ministros envolvidos se pronunciou.
Agora é a hora das apresentações – Coronel Câmara, você, você, Coronel Câmara – nessas ótima matéria da Veja, que começa com um diálogo sensacional:
“- Coronel, qual é exatamente a sua função?
– Sou assessor especial do presidente da República, do gabinete pessoal. A gente trata de assuntos de referência ao presidente.
– Que tipo de assunto?
– A gente faz trabalhos pessoais.” [Veja]
“- Assuntos de inteligência?
– Não. Trabalho como assessor do presidente, mas não com o tema de que você está falando.”
Ele se entregou antes do tema vir à baila, viado!
“- O senhor apura informações para o presidente?
– Não tem nada disso.
– O senhor pode citar um exemplo do seu trabalho?
– O gabinete pessoal trabalha com as coisas do presidente. Se tiver uma demanda, a gente faz um assessoramento, a parte de compliance. É só isso.
– Compliance?
– Pesquise o que é compliance.”
Opa, “assuntos pessoais” viraram “compliance” em menos de 1 minuto de conversa…
“Primeiro a pesquisa: compliance, segundo o dicionário Aurélio, é um neologismo que significa a “ação de cumprir uma regra, procedimento, regulamento, geralmente estabelecidos por uma instituição e para ser cumpridos por quem dela faça parte”. O profissional de compliance é o encarregado de observar se as normas estão sendo seguidas. O trabalho do coronel do Exército Marcelo Costa Câmara é bem diferente disso. Ocupando uma sala no 3º andar do Palácio do Planalto, a poucos metros do gabinete do presidente, ele é um assessor mais do que especial. Por determinação de Jair Bolsonaro, conduz investigações, reúne informações e produz dossiês que já provocaram a demissão de ministros e diretores de estatais, debelaram esquemas de corrupção que operavam em órgãos do governo e fulminaram adversários políticos. Tudo de maneira muito discreta, sem alarde, praticamente às escondidas. Pessoas próximas ao presidente costumam se referir ao coronel Câmara como “o cara da inteligência”. “Ele só cuida disso. Todas as denúncias que chegam, de dossiês a relatórios de informação, vêm dele”, conta um auxiliar de Bolsonaro. O trabalho de “compliance” do militar surgiu no início do governo, a partir de uma reclamação antiga do presidente que se tornou pública em meio às acusações de que ele tenta impor maior ingerência em órgãos como a Polícia Federal. Bolsonaro jamais confiou nos canais oficiais de informação, com destaque para a Agência Brasileira de Inteligência (Abin), por acreditar que é composta de servidores ainda fiéis à gestão petista.”
Não à toa o Tonho da Lua propôs uma Abin paralela e depois derrubou o comando da Abin para colocar o Ramagem lá.
“Estaria, portanto, cercada de inimigos, e o presidente precisaria de alguém de sua estrita confiança para lhe passar informações verdadeiras, encaminhar demandas sobre assuntos delicados e orientar inclusive assuntos de sua segurança pessoal. Marcelo Câmara foi escolhido para a missão. Ex-assessor parlamentar do comando do Exército, o coronel foi nomeado para o cargo em fevereiro do ano passado. Dois meses depois, já mostrava a que veio. Havia uma disputa de poder entre o então ministro-chefe da Secretaria de Governo, general Carlos Alberto Santos Cruz, e Carlos Bolsonaro, o filho do presidente, que suspeitava que o militar conspirava contra o pai. Na época, circularam mensagens de WhatsApp, atribuídas ao ministro, com críticas pesadas a membros do governo. Incentivado pelo filho, Bolsonaro quis demitir o general, mas decidiu antes acionar o coronel Câmara, que investigou o caso e descobriu tratar-se de uma armação contra o ministro, que ganhou uma sobrevida. Mais tarde, porém, a mesma mão que salvou o general fez chegar ao presidente a informação de que Santos Cruz o havia criticado numa conversa com colegas das Forças Armadas durante um evento em São Paulo. O ministro foi demitido.”
Caralho, Santos Cruz caiu porque criticou o presidente numa conversa com outros militares, que sujeito carente é o Bolsonaro.
“O governo gosta de propagar que há mais de um ano não se registra um escândalo de corrupção, o que, de fato, é algo louvável. Uma das ações bem-sucedidas do coronel evitou que um caso embrionário pudesse estourar. Foi de sua pequena sala que saiu o alerta, em meados do ano passado, de que havia desmandos nos Correios. Em setembro, a suspeita foi materializada em uma operação da Polícia Federal que investigou a atuação de um grupo de funcionários do órgão pela prática de corrupção e concussão. Segundo a PF, os servidores instavam clientes a romper contratos com os Correios e a contratar o serviço postal de uma empresa ligada ao grupo criminoso. Antes de a operação estourar, porém, uma limpeza já havia sido feita no órgão. Bolsonaro demitiu o presidente da estatal, general Juarez Cunha, e três diretores. A ação que impediu o primeiro grande escândalo de corrupção no governo foi creditada ao aviso prévio de seu hoje braço direito e assessor especial.”
Louvável, mas como o Coronel descobriu esses indícios? Se algum servidor soubesse de algo irregular a queixa deveria ser feita em outro canal, não sou funcionário público mas tenho certeza que o caminho não é esse. Será que o coronel investigou o Salles? Ao que parece foram descobertos milhões em suas contas, repare na evolução patrimonial do rapaz:
“O Ministério Público de São Paulo (MP-SP) quebrou o sigilo bancário do ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, e descobriu transferências milionárias em suas contas. Segundo informações da Revista Crusoé, agora o MP-SP tenta avançar nas investigações de sonegação e lavagem de dinheiro. O ministro repassou R$ 2,75 milhões da conta de seu escritório de advocacia para sua conta pessoal em 54 transferências, entre 2014 e 2017. No período, Salles foi secretário particular do governador Geraldo Alckmin (PSDB) e do Meio Ambiente de São Paulo. Em 2012, quando foi candidato a vereador de São Paulo pelo PSDB, o atual ministro declarou à Justiça Eleitoral um montante de R$ 1,4 milhões, divididos em aplicações financeiras, um automóvel, uma motocicleta e 10% de um apartamento. Já em 2018, quando foi candidato a deputado federal pelo Partido Novo, declarou R$ 8,8 milhões em bens, com dois apartamentos de R$ 3 milhões cada um, um barco no valor de R$ 500 mil e R$ 2,3 milhões em aplicações, totalizando alta de 335% em cinco anos, com valor corrigido pela inflação.” [UOL]
Que prodígio!
Voltando á matéria da Veja:
“O presidente Jair Bolsonaro tem certo fascínio por serviços de inteligência. Quando ainda estava no Exército, na década de 80, o ex-capitão foi transferido para Nioaque, Mato Grosso do Sul, onde ganhou a função de “oficial de informações”. A sua missão era produzir relatórios sobre a fronteira.”
Até imagino os relatórios “Hoje à noite passou um burro aqui… o burro do seu pai… hahahaha… tá ok?”
“Na famosa reunião realizada no último dia 22 de abril com seus ministros, Bolsonaro queixou-se de que não estava recebendo informações como gostaria. Disse que o único serviço que funcionava era “o meu particular”.”
O mais fascinante é que ele repetiu, horas depois do vídeo vir à tona, por livre e espontânea vontade a mesma afirmação, inclusive incluindo “amigos policiais militares e civis de RJ e SP” no meio.
“Após essa declaração, o presidente foi cobrado a se explicar sobre o que seria esse sistema de informações privado. Indagado sobre o assunto na última terça-feira, 26, ele desconversou: “O meu serviço de informação reservado, particular, são as mídias sociais, é o meu WhatsApp, são amigos que tenho pelo Brasil”, afirmou — o que também não deixa de ser verdade. Marcelo Câmara, de 50 anos, não trabalha sozinho. Dois assessores ajudam a cumprir as demandas do presidente — um capitão das Forças Especiais do Exército e um ex-policial do Bope do Rio de Janeiro. No Planalto, o coronel não usa farda e apenas um grupo restrito sabe, ainda assim muito por alto, o que ele realmente faz. “É um agente de inteligência do presidente”, conta um ministro. Outro lembra que várias vezes já ouviu Bolsonaro, diante de um problema, apontar para a sala ao lado e dizer que ia “acionar o meu pessoal”.”
“E o pessoal dele esteve em ação para averiguar com lupa cada passo de Luiz Henrique Mandetta no comando da Saúde. Desde o início do ano, o presidente tem sido municiado com informações sobre suspeitas de desvio de dinheiro público tanto no ministério como no Estado do Rio de Janeiro. Antes da pandemia, o então ministro já estava na mira. A Covid-19, revelou a VEJA um assessor do presidente, ao contrário do que se sabe, deu sobrevida a Mandetta no cargo.”
Não cabe à assessor presidencial investigar ministro, ainda mais o ministro da saúde em plena pandemia!
“Em abril, Bolsonaro recebeu em seu WhatsApp um vídeo de um apoiador que denunciava contratos atípicos de aquisição de respiradores assinados pela Secretaria de Saúde do governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel, adversário do presidente. A mensagem, como de praxe, foi encaminhada para o coronel Câmara, que constatou que ela tinha procedência e havia indícios de crime. Pouco tempo depois, o Ministério Público do Rio deflagrou uma operação para prender os empresários e funcionários do governo estadual supostamente envolvidos. Ao puxarem esse fio, os investigadores trouxeram junto um novelo envolvendo um monumental esquema de corrupção. Na terça-feira 26, a Polícia Federal realizou buscas na casa do governador. A suspeita é que uma empresa contratada para construir hospitais de campanha durante a pandemia pagou propina para ganhar os contratos emergenciais. Witzel e sua esposa, Helena Witzel, são investigados como parte do esquema.”
Caralhooooo, que tem roubo tem, mas quem colocou a engrenagem pra rodar foi um locatário de uma sala na palácio do planalto, viado! Contra o rival do presidente! E como que essas informações foram passadas ao MP, hein? Ah, e já sabemos de onde veio a denúncia que deu na operação da Whitney, né? Bolsonaro repassando whatsapp…
“Além de farejar potenciais focos de corrupção, a pequena Abin do presidente vasculha o histórico de pessoas com quem Bolsonaro tem contato ou que são nomeadas pelo governo. No ano passado, essa checagem salvou o presidente do que poderia se tornar no mínimo um grande constrangimento. Em uma viagem a Manaus, o cerimonial agendou um almoço de Bolsonaro em um restaurante cujos donos eram empresários ligados ao narcotráfico. Depois da intervenção do coronel Câmara, o evento foi cancelado. Mais recentemente, o militar recebeu a missão de verificar se os integrantes da equipe da então secretária de Cultura, Regina Duarte, mantinham relações pretéritas com partidos de esquerda.”
Num dia restaurante ligado ao narcoráfico, no outro ligação com perigosíssimos partidos de esquerda, puta que pariu…
“Esta, aliás, é mais uma obsessão do presidente: a desconfiança de que é sabotado por adversários. O coronel costuma fazer uma varredura nas redes sociais de ocupantes de cargos de confiança para tentar descobrir “petistas infiltrados”. Já identificou vários — todos imediatamente afastados.”
Que constrangimento…
“Com a mesma discrição, o coronel ainda cumpre uma missão fora do Planalto. Pelas mãos de Bolsonaro, Câmara foi nomeado como segundo tesoureiro do Aliança pelo Brasil, o partido do presidente.”
Super normal, o cara que faz a inteligência paralela do governo é responsável pelos cofres do partido presidencial, coitado dos potenciais doadores, vai dizer não pro cara…
“O que ele faz lá também é um mistério. “Não sei qual é a função dele aqui”, confessa Karina Kufa, que, além de dirigente da sigla, é advogada pessoal de Jair Bolsonaro.”
Virou passeio, amigo! Bolsonaro vai demitir essa advogada logo menos.
“Antes de encerrar a entrevista em que tentou minimizar suas atividades secretas como um simples trabalho de compliance, ele sugeriu que um resumo de suas atribuições estava disponível na agenda publicada no site da Presidência da República. De fato, está tudo lá. Do início da manhã ao final do dia, durante toda a semana, durante todo o mês, a agenda é quase totalmente dedicada a “despachos internos”. Despachos internos? “Se não ficou claro é porque são coisas pessoais sobre as quais não vou falar”, disse o espião do presidente antes de educadamente agradecer e desligar o telefone.”
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2. “Na intimidade, até pai fala que vai matar o filho. Namorado fala que vai matar a namorada”
Que famiglia inacreditável…
“E vou me valer de novo das palavras de Ives Gandra Martins: o poder moderador para restabelecer a harmonia entre os Poderes não é o STF, são as Forças Armadas (…) Eles [Forças Armadas] vêm, põem um pano quente, zeram o jogo e, depois, volta o jogo democrático. É simplesmente isso” [Folha]
Deram o golpe – ou “Movimento“, como prefere o presidente da Suprema corte do país, não o daquela época, mas o de agorta mesmo, beijo, Lula! – em 64 jurando que teria eleição em 65. Isso que deu o pai louvar Brilhante Ulstra na Câmara e não ter saído preso de lá.
Por falar em Ives Gandra, recorro à melhor pena sobre o judiciário brasileiro:
O 02 conseguiu a proeza de enfileirar as seguintes palavras:
“Na intimidade, até pai fala que vai matar o filho. Namorado fala que vai matar a namorada, e nada disso se verifica”
Esse aí é o pessoal que diz defender a… FAMÍLIA! Que tipo de namorado diz que vai matar a namorada?! Que iso tem aos montes eu sei, mas quando que esse tipo de ameaça de morte foi normalizada, caralho?!
“Em março, o jurista Ives Gandra da Silva Martins afirmou em um vídeo que a atuação de ministros do STF poderia, segundo ele, resultar em intervenção das Forças Armadas para solucionar um impasse entre os Poderes. É uma interpretação dele sobre o artigo 142 da Constituição.” [G1]
O que eles chamam de impase entre poderes é o “caos” a que se refriu Villas-Bôas, e nem a palavra caos e nem a palavra intervenção estão na porra do 142, E olha que esse artigo é de autoria do general Leônida Pires, que tutelou o Ulysses na feição da Constituinte em 1988. E ainjda assim esses generais têm que se valer duma interpretação, digamos, bastante criativa do 142.
“Esse artigo da Constituição diz que as Forças Armadas são instituições nacionais permanentes e regulares, organizadas com base na hierarquia e na disciplina, sob a autoridade suprema do presidente da República, e destinam-se à defesa da Pátria, à garantia dos poderes constitucionais e, por iniciativa de qualquer destes, da lei e da ordem. O uso das Forças Armadas nessas circunstâncias não tem nenhum fundamento jurídico. Na realidade, demandas do tipo são baseadas em interpretações equivocadas da Constituição, segundo juristas. Juristas afirmam que a Constituição não dá respaldo a qualquer ação como a defendida pelos que citam o artigo 142 da Constituição e que a tomada de poder pelos militares – ainda que temporária – equivaleria a um golpe. E caso os militares exerçam o poder de forma autoritária e suspendam liberdades individuais para cumprir seus objetivos, como fizeram após o golpe de 1964, o novo regime seria uma ditadura.”
“É simplesmente isso“, como diria o 02.
“A possibilidade de as Forças Armadas atuarem, afirmou Eduardo, depende de “clamor popular”. Eduardo citou o golpe militar de 1964 como exemplo: “Os militares [em 1964] só entraram em ação depois do clamor popular. Ninguém quer isso. No entanto, as pessoas que não conseguem enxergar dentro do STF e no Congresso instrumentos para reverter esse tipo de desarmonia entre os Poderes, eles se abraçam no artigo 142″.”
Isso no momento em que a aprovação do governo desce a ladeira e a desaprovação sobe no sentido contrário. Clamor popular, tá ok, vide as fotos aéreas dos últimos domingos. Clamor popular do hospício, só se for.
Mourão jura que não tem nada disso – como se ele fosse confessar alguma coisa, né?
“Quem é que vai dar golpe? As Forças Armadas? Que que é isso, estamos no século 19? A turma não entendeu. O que existe hoje é um estresse permanente entre os poderes. Eu não falo pelas Forças Armadas, mas sou general da reserva, conheço as Forças Armadas: não vejo motivo algum para golpe [G1]
Reparou no século 19? Os caras deram golpe no século 20, ficam intimidando o STF com notas mal-criadas em pleno século 21 e ele mete essa, Perguntado sobre o 02…
“Me poupe. Ele é deputado, ele fala o que quiser. Assim como um deputado do P T fala o que quiser e ninguém diz que é golpe. Ele não serviu Exército. Quem vai fechar Congresso? Fora de cogitação, não existe situação para isso”
Não existe não, general do GSI ameaçando STF, governo querendo desobeder intimação do STF, manfestações anti-democráico com presidente e ministros e por aí vai a tragédia. E o general HJeleno falou em “situações imprevisíveis” mas Mourão jura que é loucura.
Pra quem quiser uma visão otimista das coisas, recomendo demais essa thread:
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3. Os Trapalhões
Depois das ameaças de ontem do Bolsonaro e do Eduardo se deu a seguinte esquete:
“Com a ausência do presidente do Supremo Tribunal Federal, Dias Toffoli, que se recupera de uma cirurgia, o presidente do Congresso, Davi Alcolumbre, virou o principal intermediário da tentativa de apaziguar os ânimos entre o Palácio do Planalto e a corte. Logo pela manhã, ministros do núcleo duro governista, como o general Braga Netto (Casa Civil), Jorge de Oliveira (Secretaria Geral da Presidência), e seu correligionários Onyx Lorenzoni (Cidadania), procuraram-no para uma avaliação de cenário. Nas conversas, os três deferiram críticas ao STF e ao que consideram abusos da corte contra o Palácio do Planalto.” [CNN]
Sim, o pessoal que tentou sondar o clima continou com críticas ao STF.
“No final da manhã, chegou ao governo, e foi retransmitido a Alcolumbre, a informação de que caso o ministro da Educação, Abraham Weintraub, se recusasse a depor sobre seus ataques ao STF, ele poderia ser preso. Alcolumbre então procurou o presidente em exercício do STF, Luiz Fux, que deixou bem claro que as falas do presidente Jair Bolsonaro contra o ministro decano do STF, Celso de Mello, são consideradas um ataque a todo o Supremo Tribunal Federal. E que poderia haver uma resposta da corte mais incisiva. O recado de Fux foi transmitido por Alcolumbre ao Planalto. Foi nesse momento que o governo planejou um encontro com todos os chefes de poderes.”
Entra em cena o planejamento digno do Sargento Pincel:
“A tentativa fracassou. Bolsonaro não procurou ninguém de fato e o responsável por esse tipo de operação, o ministro da Secretaria de Governo, general Luiz Ramos, cumpria uma série de visitas a órgãos de imprensa em São Paulo a pedido do secretário de Comunicação, Fábio Wajngarten. “
“Bolsonaro, então, acabou falando apenas com Alcolumbre. O presidente do Congresso se prontificou a ir até o Planalto para encontrá-lo. Chegou a consultar no caminho o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, e questioná-lo se ele queria ir, mas Maia, sem o convite presidencial, recusou-se a ir.”
Bolsonaro não tem nem a dignidade de convidar o Maia, impressionante. E olha que o Maia nem bateu forte nele publicamente.
“Lá chegando, entrou na sala de reuniões onde já estavam os ministros Paulo Guedes (Economia), José Levi (Advocacia-Geral da União), André Mendonça (Justiça) e Fernando Azevedo (Defesa). Conversaram um pouco e depois Alcolumbre ficou a sós com Bolsonaro. A conversa de ambos foi tensa. Bolsonaro repetia: “Eu sou o presidente” e “os excessos vêm do lado de lá”, em referência ao STF. Também declarou que “não tem ninguém mais democrata do que eu” e que “se quisesse teria destruído o vídeo” da reunião ministerial do dia 22 de abril, que embasou o pedido de oitiva de Weintraub.”
“Não tem ninguém mais democrata que eu” e o Alcolumbre como?!
E ele de novo falou em destruir a prova do crime, fascinante
“Alcolumbre pediu calma, disse que o Congresso quer ajudar, mas que o ambiente de tensão constante entre o Planalto e o STF não ajuda. E deixou o Planalto rumo ao Congresso, onde transmitiu sua conversa a senadores.”
Repare na ironia:
“As queixas do Planalto se voltam principalmente a Moraes e a Celso de Mello, que está cuidando do inquérito que trata das acusações de Sergio Moro de interferência política na PF.” [Folha]
Curiosamente nenhum deles foi indicado pelo PT e o ministro do STF mais alinhado com Bolsonaro foi indicação do PT. Se o Hélio Lopes for esperto ele vai ficar rico lançando um livro sobre os bastidores do governo, ele tá em todas, impressionante.
“Além de manifestar indignação com a operação policial ordenada pelo STF, Bolsonaro está irritado com a possibilidade de prisão de seu ministro da Educação, Abraham Weintraub, caso ele se recuse a cumprir determinação do Supremo de prestar depoimento.”
Caralho, não é prisão ao fim do processo não, é prisão por limpar com a bunda uma intimação do STF!
“Em vez da Advocacia-Geral da União, como seria natural, foi o ministro da Justiça, André Mendonça, quem ingressou com um pedido de habeas corpus para Weintraub a fim de “garantir liberdade de expressão dos cidadãos”. A ideia foi passar um recado político ao STF da importância que o governo dá ao tema. Bolsonaro chegou a cogitar ordenar que todos os seus ministros assinassem o pedido de habeas corpus em favor do ministro da Educação.”
O habeas corpus autografado pelo ministro da Justiça – e que Bolsonaro queria que fosse assinado por todos os minisros, incluindo o sujeito intimado a depor – nada adiantou e Abraham ficou em silêncio no depoimento sobre a ameaça ao STF.
“O ministro Abraham Weintraub prestou depoimento na manhã desta sexta-feira à Polícia Federal no Ministério da Educação, como parte das investigações do chamado “inquérito das fake news”, aberto pelo Supremo Tribunal Federal. Durante o interrogatório, ele se manteve em silêncio, sem responder às perguntas.” [G1]
Fodão na reunião, pianinho no pega pra capá.
“André Mendonça também estendeu o pedido a todos os alvos de mandados de busca e apreensão no inquérito. Nesta quarta (27), a PF cumpriu 29 mandados de busca e apreensão contra 17 pessoas. Aliados do presidente Jair Bolsonaro foram alvos da operação, entre os quais o presidente do PTB, Roberto Jefferson, e o empresário Luciano Hang. Eles negam irregularidades.”
Não sei como lidar com a informação acima, eu juro. E fica a curiosidade sobre os honorários do ministro, vai entrar uma graninha boa…
“Líderes partidários no Senado criticaram o que consideram como uma posição extremamente leniente de Alcolumbre. “O presidente tem feito declarações extremamente preocupantes, e não apenas ele, mas os seus familiares, mais precisamente seus filhos. O que nós temos hoje é uma escalada clara de que há um desejo por parte deste governo de ameaçar a democracia e até estabelecer um golpe no nosso país”, disse a senadora Eliziane Gama (Cidadania-MA). Para o líder da Rede, Randolfe Rodrigues (AP), Alcolumbre precisa ter uma posição que vá além de pedir pacificação. “Em algum momento, tem que ser dito para o senhor presidente da República que ele não pode avançar mais.” Mais cedo, Alcolumbre chegou a narrar para os colegas senadores a conversa como presidente da República, onde o senador afirmou que levou uma mensagem de “calma e serenidade”. “Foi uma conversa boa, muito franca, diante de tudo que viemos nos últimos dias desde a publicação do vídeo, e a gente vai tratar com serenidade, e vamos pedir calma, e quando chegar outro momento, lá na frente que superarmos a maior dificuldade do brasil cada um pega a bandeira do seu partido e a gente vai para o embate depois que a gente salvar os brasileiros e as empresas”, disse ele aos senadores, na reunião acompanhada pela Folha.”
Enquanto isso, no STF:
“O ministro Alexandre Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal), já acumulou informações suficientes para operações policiais de potencial político mais explosivo do que as determinadas por ele na quarta (27). Segundo interlocutores do magistrado, ele preferiu esperar pelo resultado das buscas feitas nesta semana para encorpar o material que já tem —e partir para ações mais contundentes no inquérito que investiga fake news.” [Folha]
Como eu apontei ontem, ele quer bater na porta dos Bolsonaros com um arsenal de provas.
“Como revelado pela Folha em abril, a PF identificou Carlos Bolsonaro, um dos filhos do presidente, como um dos articuladores de um esquema criminoso de fake news. A possibilidade de ele ser alvo de alguma ação no inquérito preocupa o pai.”
Periga Tonho da Lua trocar tiros com a PF…
Ah, eu apontei aqui que o inquérito nasceu esquisito lá atrás mas essa argumentação aqui é por demais maravilhosa:
“Tanto Tofic Simantob quanto Toron citam o artigo 242 do Código de Processo Penal, que determina que a busca pode ser determinada “de ofício” pelo juiz – ou seja, independentemente de qualquer pedido – ou atendendo a solicitação de uma das partes. Tofic ainda destaca que os membros da família Bolsonaro sempre foram muito favoráveis ao processo do tipo inquisitório, em que o juiz pode ter iniciativa.
“Quer um exemplo? Nas audiências da Operação Lava Jato, quem aparecia mais fazendo perguntas? O membro do Ministério Público ou o juiz Sérgio Moro, que fazia perguntas com o claro intuito de produzir provas?”, exemplificou. “A pessoa que o presidente Jair Bolsonaro escolheu para ser ministro da Justiça, era o típico juiz de ataque, que a gente sempre criticou. Mas a lei permite”, concluiu.” [Estadão]
O Reinaldo aAzevedo também defendeu a legalidade da operação:
“Quando no exercício das competências penais originárias, previstas no artigo 102, inciso I, alínea “b”, da Constituição, o STF preside o inquérito e exerce a supervisão judicial. Qual a novidade? Também o artigo 2º da lei 8.038 e os artigos 230 a 234 do regimento interno do STF, que tem força de lei, disciplinam a questão. Essa conversa de ilegalidade do inquérito é papo furado. De resto, está, claro: Alexandre de Moraes não vai oferecer a denúncia. O conteúdo do inquérito será remetido ao Ministério Público, que continua titular da ação penal. “Ah, não poderia ter sido aberto de ofício, e o relator não poderia ter sido escolhido pelo presidente do STF”. Poderia, como dispõe o artigo 43 do regimento interno do tribunal. “Mas se fala ali em ‘infração à lei penal na sede ou dependência do Tribunal'”. É o mais ridículo de todos os óbices. Como bem lembrou André Mendonça, atual ministro da Justiça quando advogado-geral da União, “os fatos que atingem essa Corte Suprema e seus Ministros são preponderantemente praticados pela internet (espacialidade delitiva não prevista na literalidade da norma, dada a data de sua edição: 27/10/1980). Ou seja, a abrangência da previsão regimental ora sob análise equivale à jurisdição da Corte, que, nos termos do artigo 92, § 2º, da Constituição Federal, alcança todo o território nacional.”” [Reinaldo Azevedo]
André Mendonça era o AGU que deu aval ao inquéirto e agora virou minstro da Justia, ele é o tal “ministro terrivelmente evangélico“, apenas isso. Ah, e o Aras também tinha dado aval, contrariando o pedido de arquivamento de sua antecessora. Nada faz sentido.
E naão consigo encontrar furo no que vai abaixo:
“A verdade é que as origens da pregação golpista, parte investigada no inquérito, estão sendo exumadas. E, como quer o apóstolo Paulo, muitos estão se vendo face a face. Não é por acaso que Augusto Aras, procurador-geral da República Bolsonarista, recorre a uma ADPF que saiu da pena do senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) para, diz ele, delimitar o alcance do inquérito. Randolfe é ou era da turma “Muda Senado”, que saía por aí a se esgoelar, junto com a tropa golpista, em favor da “CPI da Lava Toga”. A serviço da Lava Jato e do sergio-morismo, os valentes elegeram o Supremo como inimigo. Cadê os Dallagnois e Pozzobons que, a exemplo de blogueirinhas buliçosas, faziam tutoriais de como difamar a corte em nome do combate à corrupção? Sim, é uma vergonha sem par que o STF tenha de ter aberto um inquérito de ofício. O Ministério Público Federal deveria tê-lo solicitado. Mas como o faria se era parte ativa da cultura da difamação? Como agir se muitos de seus próceres estavam na origem da campanha contra o tribunal, na qual, agora, Bolsonaro pega carona na sua aventura golpista? E, ora vejam, o MPF, que não apenas se omitiu diante da escalada autoritária como a alimentou, continua a exercer a sua força destrutiva. Reaparece explorando a fissura dos viciados na cloroquina do combate à corrupção. Ressurge a maximização de uma obrigação moral e administrativa como norte da democracia e como ponto de chegada, não como meio, da virtude.”
Mas confeso não lembrar desse Reinaldo abaixo em governos anteriores:
“E, desta feita, os valorosos moralistas contribuirão para esconder a montanha de mortos com uma montanha de acusações. A campanha eleitoral de 2022 já começou. Por ora, o único adversário de Bolsonaro são as instituições. As investigações da PGR tendem a ser o crematório de milhares de pretos de tão pobres e pobres de tão pretos anônimos.”
Quem dera ele tivesse atentado pra isso antes de 2019.
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4. Um constrangimento chamado Aras
Palavras presidenciais:
“Eu costumo dizer que tenho três nomes e não vou revelar quem eu namoro para indicar para o STF.” [Folha]
Segundos depois…
“Se aparecer uma terceira vaga —espero que ninguém desapareça—, mas o Augusto Aras entra fortemente na terceira vaga”
E o Aras como?!
“Espero que ninguém desapareça” é porque nesse mandato ele só teria duas nomeações, não basta sugrir STF ao sujeito cujo trabalho é investigar o governo, tem que fazer isso na hipótese da mrte de um ministro, não espanta vindo dum governo cuja pulsão é a morte.
“Os ministros Celso de Mello e Marco Aurélio terão aposentadoria compulsória na corte no atual mandato de Bolsonaro e devem ser substituídos por nomes indicados pelo atual presidente —em novembro deste ano e em 2021, respectivamente. Uma terceira vaga para indicação de Bolsonaro surgiria no caso de reeleição dele, de saída não programada de algum integrante da corte ou de morte, por exemplo.”
E hoje Aras foi agraciado com a Ordem do mérito naval, discrição é tudo. No começo da semana Bolsonaro apareceu na PGR de sopetão e em menos de 24 horas Aras conseguiu a proeza de ganhar medalha do governo e teve seu nome citado pelo presidente como possível indicação ao STF.
E Bolsonaro falou sobre as duas primeiras vagas:
“É um compromisso que tenho com a bancada evangélica. Alguns criticam dizendo que está confundindo aí com religião. Não tem nada a ver”
Disse o presidente cujo slogan de campanha era um verso bíblico.
“Agora, uma pitada de religiosidade é muito bem-vinda. Tem pauta lá que faltou, no meu entender, um ministro defender à luz da sua crença. Por que não?”
Sim, ele se contradisse em pouquíssimo segundos.
Já inicio os trabalhos de novo com ele, Conrado Hubner:
A grande notícia daí de cima é que pelo visto o AGU novo resolveu peitar o presidente, e aí sobrou para o Aras. E sabe quem achou uma boa idéia indicar o AGU para o STF? O Lula, que indicou o atual presidente da corte, aquele sujeito que classifica 64 como um… “MOVIMENTO”
O Gustavo Gindre também tem um ponto interessante:
“Eu não sou formado em direito, mas há anos eu tenho a impressão que virou uma zona. TCU, MPF e STF extrapolaram seus papéis completamente. E agora o executivo resolveu entrar no time. Ou seja, cada um faz o que quer. É nesse ambiente de zona que um auto-golpe se torna possível.” [Facebook]
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5. Um constrangimento chamado Aras, parte 2
Com tanta indiscrição presidencial e do Aras, que defende mais o Boslonaro que a AGU, o MPF está em rebelião, folgo em saber.
“Não é só a Praça dos Três Poderes que está conflagrada em razão da crise entre Jair Bolsonaro e o Supremo Tribunal Federal. Os ânimos estão exaltados também na sede do Ministério Público Federal, a 2 km dali, onde uma rebelião contra o comandante da instituição, o procurador-geral da República Augusto Aras, está prestes a acontecer.” [Piauí]
Some isso aí com o AGU novo desafiando Bolsonaro e há motvos para otimismo, me dá um abraço aqui!
“Um grupo de procuradores trabalha para convencer o Congresso a aprovar o mais rápido possível uma proposta de emenda constitucional que torne obrigatório ao presidente da República o respeito à lista tríplice para a escolha do chefe da instituição; outra ala do MPF busca construir com parlamentares uma alternativa baseada no artigo 52 da Constituição, que diz que o Senado pode interromper o mandato do procurador-geral e exonerá-lo por maioria absoluta dos votos, caso seja constatado crime de responsabilidade. O lobby pela primeira alternativa é público. Um abaixo-assinado está circulando entre membros do MP. Já a exoneração de Aras ainda está sendo perseguida de forma discreta.”
Mais de metade dos procuradores já autografou o abaixo-assinado, viado! 579, para ser mais preciso.
“O estopim da revolta foi o posicionamento do procurador-geral da República contra o inquérito do Supremo que investiga a existência de uma rede de disseminação de fake news e ameaças a ministros da Corte Superior. No bojo desse inquérito, a Polícia Federal realizou, nesta quarta-feira (27), 29 ordens de busca e apreensão em endereços de apoiadores do presidente Jair Bolsonaro. Inconformado, Aras pediu no mesmo dia a suspensão do inquérito ao STF, alegando que o MP não havia concordado com as buscas. A questão é que, no final de outubro de 2019, pouco depois de assumir o cargo, Aras havia sido favorável ao prosseguimento da investigação. Com isso, contrariou um parecer da antecessora, Raquel Dodge, que considerava inconstitucional o STF abrir um inquérito, investigar e ainda julgar o crime de que a própria Corte teria sido vítima. Nesse movimento, Aras não só legitimou a ação do STF, como passou a participar dela.
Com a ofensiva do Supremo aos sites bolsonaristas, o procurador-geral mudou de postura. Parte significativa dos membros do MP não engoliu a atitude. Considera que ele está desmoralizando a instituição para atender aos interesses particulares do presidente. E não só: nos bastidores, já começam a resistir às ordens do chefe. Na quarta-feira, por exemplo, nenhum dos procuradores que normalmente auxiliam Aras na redação de suas peças aceitou escrever a manifestação enviada ao Supremo pela suspensão das investigações. A tarefa coube a uma assessora jurídica do gabinete. “Ele teve a oportunidade de fazer o certo e não fez. E agora está fazendo o certo pelos motivos errados”, me disse um dos membros da categoria, ecoando a indignação reinante.”
Que satisfação, aspira!
“O inquérito das fake news vem apenas jogar água na fervura de uma gestão tumultuada internamente por desconfiança e tensão. A relação entre Aras e sua equipe, principalmente os procuradores que trabalham na investigação sobre a interferência de Bolsonaro na Polícia Federal, vem se deteriorando progressivamente. Desde que a investigação começou, Aras rejeitou vários pedidos de diligências apresentados pelos subordinados. Um desses pedidos era para que a Justiça do Rio compartilhasse com a PGR os autos da operação Furna da Onça, que investigou o braço do esquema de corrupção de Sergio Cabral na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro. Foi nessa investigação que surgiu o relatório de inteligência financeira do Coaf apontando desvios praticados por Fabrício Queiroz, assessor de Flavio Bolsonaro. Uma das questões que o inquérito da PGR sobre Bolsonaro visa responder é justamente se houve ou não vazamento de informações da Furna da Onça, conforme afirma Paulo Marinho, um ex-aliado de Bolsonaro. O vazamento teria sido a causa da demissão de Queiroz, entre o primeiro e o segundo turnos. Os procuradores queriam checar o conteúdo e os movimentos da ação, mas Aras não deixou.
E Aras tá uma sinuca de bico maravilhosa; Se ganhar a indicação presidencial é porque incendiou a própria biografia e sua indicação provavelmente será barrada pelo Senado (Senado que seria pressionado tanto pelo STF quanto pelo MPF rebelado), mas se ele age com um mínimo de dignidade nem fodendo ele ganha a indicação presidencial à Suprema Corte.
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6. Quem tem cu tem medo
“As provas colhidas pela Polícia Federal na operação de quarta-feira (27) podem trazer novos elementos às ações no TSE (Tribunal Superior Eleitoral) e fortalecer os processos que analisam os pedidos de cassação da chapa de Jair Bolsonaro e Hamilton Mourão por eventuais crimes eleitorais..” [Folha]
E o Mourão, Costinha
“Na operação contra apoiadores do presidente, o ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Alexandre de Moraes quebrou os sigilos fiscal e bancário do empresário Luciano Hang, dono das lojas Havan e suspeito de financiar a disseminação de notícias falsas durante as eleições de 2018. Assim, evidências encontradas pela PF em endereços de aliados do governo podem ajudar a desvendar se o suposto esquema de propagação de fake news usado na campanha eleitoral foi mantido após a vitória de Bolsonaro e trazer novos elementos às ações do TSE.”
O mais hilário é que tudo começou com a Folha, tão odiada pelo Bolsonaro:
“Durante o segundo turno das eleições de 2018, a Folha revelou que correligionários de Bolsonaro dispararam, em massa, centenas de milhões de mensagens, prática vedada pelo TSE. O esquema foi financiado por empresários sem a devida prestação de contas à Justiça Eleitoral, o que pode configurar crime de caixa dois. As informações se transformaram em duas ações em tramitação no TSE, apresentada por PT e PDT e ainda em tramitação. Elas apuram um esquema específico do período eleitoral de disseminação de fake news. A decisão de Moraes pode trazer novos elementos a essas ações, que não tinham quebrado o sigilo de empresários investigados na corte eleitoral. Nas representações, os partidos de oposição apontam como principal financiador da prática Luciano Hang, um dos alvos da operação autorizada por Moraes.”
#VéiodaHavanpresoamanhã. viado!
“Para a doutora em direito e membro da Academia Brasileira de Direito Eleitoral e Político, Vânia Aieta, o compartilhamento de provas entre as investigações conduzidas por Moraes e pelo TSE é permitido desde que seja respeitado o direito de defesa dos envolvidos. De acordo com ela, já há jurisprudência consolidada nas duas cortes que permite a troca de informações. “É possível transmutar provas de um processo para outro, é o que chamamos de prova emprestada. A partir do momento que foi decretada a quebra dos sigilos e uma série de informações vierem à tona, elas certamente podem ser juntadas na ação do TSE, desde que respeitado o devido processo legal”, afirma. A Folha ouviu, reservadamente, advogados de alvos da operação. Eles reclamaram da condução de Moraes à frente do caso e afirmaram que não conseguem acesso aos autos. De acordo com um advogado contratado por um dos empresários investigados, a informação “extraoficial” é que Moraes já reuniu mais de 6.000 páginas no inquérito como elementos contra os alvos da PF.”
Ah, e olha que terrível coincidência:
“A ação de busca e apreensão da Polícia Federal sobre investigados por disseminar fake news e ameaças contra ministros do STF (Supremo Tribunal Federal) fez a atuação de robôs e perfis alugados ligados ao bolsonarismo despencar nas redes sociais. De acordo com levantamento da consultoria AP Exata, as publicações dos chamados perfis de interferência caíram de uma média de 14% para 10% no Twitter. Elas já chegaram a ter pico de 17%. A ação do STF, na análise da consultoria, parece ter atingido o sistema de disseminação de informações feita artificialmente por meio desses perfis.” [Folha]
Tem mais:
“No período de 21 a 27 de maio, 17 perfis alvos de investigação pela Polícia Federal na operação desta quarta-feira (27), autorizada pelo STF, foram responsáveis por 5% das interações da base alinhada à direita no Twitter, segundo levantamento foi feito pela Diretoria de Análises de Políticas Públicas (DAPP), da FGV, a pedido do Painel. Fazem parte desta lista os empresários Luciano Hang (Havan) e Edgar Corona (Smart Fit), além do ex-deputado Roberto Jefferson (PTB). O percentual vai a 12% quando são somadas as interações de perfis de parlamentares citados no inquérito, como Carla Zambelli (PSL-SP) e Bia Kicis (PSL-DF), e os três novos sob monitoramento a pedido do ministro Alexandre de Moraes: @bolsoneas, @patriotas e @taoquei1.” [Folha]
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7. Centrão e a confissão presidencial
Até então era mentira da imprensa, fake news e bla bla bla.
“Na transmissão, o presidente também falou pela primeira vez da negociação de cargos que passou a fazer com o centrão, contrariando o “toma lá, dá cá” que condenou na campanha de 2018. Bolsonaro disse que “a imprensa sempre reclamou de mim que eu não tinha diálogo, eu não conseguia atingir a governabilidade” e que, por isso, procurou o centrão, grupo conhecido por dar apoio ao presidente de ocasião em troca de cargos. “Sim, alguns querem cargos. Não vou negar isso daí. Alguns, não são todos. Agora, em nenhum momento nós oferecemos ou eles pediram ministérios, estatais ou bancos oficiais”, afirmou o presidente. Bolsonaro admitiu ainda que as negociações envolvem as eleições de 2022.
“Nós trocamos algum cargo neste sentido, atendemos, sim, alguns partidos neste sentido, conversamos sobre eleições de 2022. Se eu estiver bem em 2022, há interesse de alguns parlamentares desses estados em ter o seu respectivo candidato a governo, se eu poderia entrar neste acordo em alguns estados do Brasil”. Há estados que, nós sabemos aqui, eu não vou ter poder para eleger uma pessoa indicada por nós lá e conversamos: ‘olha, eu apoio, neste estado aqui, qual o perfil do seu governador? É este’. Tudo bem. Se eu estiver bem, se eu vier candidato à reeleição, tudo bem” [Folha]
Isso porque nos últimos dias ele disse não pensar em reeleição algumas vezes.
“Tem estado do Nordeste, em especial, que o PT está forte. Você pega quase todos os estados, o PT é muito forte e para derrotá-los você tem que somar todas as forças do outro lado. E, para mim, com todo respeito que eu tenho ao Parlamento brasileiro, eu prefiro deputados destes outros partidos do que do PT”
A culpa é do PT, oras.
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8. Estados vs Guedes
Adivinhe para quem eu estou torcendo…
“Sem consenso com o governo sobre as regras para suspensão das dívidas com instituições internacionais, governadores planejam tentar no Congresso a derrubada de um veto do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) no pacote de socorro financeiro aos estados e municípios por causa da crise do novo coronavírus. Os secretários de Fazenda estaduais querem parar de pagar essas parcelas a organismos multilaterais, como Banco Mundial e BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento), durante a pandemia. A fatura, pela lógica dos chefes regionais, ficaria com a União, que não poderia reduzir os repasses aos governadores e prefeitos como compensação. O Ministério da Economia diz que a estratégia poderá colocar o Brasil num impasse internacional. Sem o veto, a situação do Brasil, na avaliação de técnicos, poderia ser considerada calote, inviabilizando empréstimos com organizações multilaterais.” [Folha]
Bem, se a gente tivvesse a porra dum governo minimamente lúcido e altivo talvez isso pudesse ser negociado, né?
“Técnicos da Economia, secretários de Fazenda estaduais e o Banco Mundial travaram um embate sobre as consequências de adiar esses pagamentos. O time de Guedes pediu o veto para não dar margem a um embate internacional. O Banco Mundial alertou para, em caso de calote, o país poder perder acesso a fontes de assistência multilateral, como recursos do FMI (Fundo Monetário Internacional). Para integrantes do governo, o veto ainda permite que governadores e prefeitos renegociem as parcelas com essas instituições e, em caso de suspensão da dívida, o Tesouro vai cobrir a fatura, mas também vai poder reduzir repasses aos governadores e prefeitos. Os governos regionais, contudo, não querem perder recursos.”
Não é que eles não querem, eles não podem, estados e municípios estavam quebrados antes da pandemia, imagine agora…
“Os efeitos de eventual derrubada do veto gera um debate mesmo dentro do Ministério da Economia. Alguns dizem acreditar que, se os estados foram vitoriosos na votação no Congresso, a União pagaria as parcelas para os bancos, mas não poderia compensar o custo, reduzindo transferências via FPE (fundo que destina dinheiro para os estados).”
“Outros técnicos concordam com a interpretação do Banco Mundial: se o veto for derrubado, as instituições internacionais não vão receber os pagamentos (nem da União) e o Brasil seria considerado caloteiro. O presidente do Comsefaz (Comitê Nacional dos Secretários de Fazenda), Rafael Fonteles, disse, para os bancos multilaterais, não haverá nenhum impacto, pois as parcelas seriam honradas pelo Tesouro —a União foi avalista desses contratos.”
Ah, eles são os avalistas dos contratos, é? Que coisa…
“A nova disputa em torno do plano de socorro, portanto, coloca do Palácio do Planalto entre um possível impasse internacional e a insatisfação de governadores. O pacote de socorro financeiro estava à espera da sanção presidencial há quase 20 dias. O auxílio financeiro aos governo regionais começou a ser discutido no Congresso em abril. Bolsonaro adiou o ato até o último dia do prazo, quarta-feira (27). Ele quis aproveitar esse período para agradar parte de sua base eleitoral: policiais. O governo garantiu reajuste salarial a policiais civis, militares e bombeiros do Distrito Federal e conseguiu aprovar no Congresso uma MP que reestrutura a PF (Polícia Federal). O plano de ajuda aos governadores e prefeitos impede o aumento de despesas com pessoal.”
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9. Sobre o Enem
Não querer adiar ENEM em um país butalmente desigual é criminoso, apenas isso.
“Alunos de escola pública, estudantes mais pobres e negros enfrentam condições desfavoráveis de acesso à internet. Análise no perfil de participantes do Enem de 2018, os mais atuais disponíveis, revela que 3 em cada 10 participantes que concluíam o ensino médio na rede pública naquele ano não tinham acesso à internet. Na escola privada, 3,7% disseram não ter internet em casa. Os estudantes do 3º ano do ensino médio, chamados de concluintes, compõem o público cuja preparação para o Enem foi mais afetada pelo fechamento de escolas por causa do coronavírus, em março. Entre pobres e ricos, o abismo é ainda maior. Ao dividir os concluintes no Enem em quatro faixas de renda, 51% do quartil mais pobre não tem internet. Na outra ponta, o acesso atinge 96%. Somente 1/4 dos concluintes mais pobres têm computador, e, entre os mais ricos, o índice é mais de três vezes maior.” [Folha]
51% dos mais pobres e o governo só adiou o Enem porque o Maia botou o pau na mesa e avisou que o congresso adiaria se preciso fosse.
“O acesso a celular é disseminado e atinge mais de 90% dos estudantes em todos os recortes.”
E aqui me valho do Gustavo Gindre, o post dele versava sobre o acesso à internet entre estudantes da UFRJ mas cai como uma luva aqui:
“Vice-reitor da UFRJ, Frederico Leão Rocha, no Conselho Universitário, comemora que “apenas” 4 mil estudantes da UFRJ não possuem acesso algum à Internet. O vice-reitor talvez não saiba que a realidade é ainda pior. Segundo o Comitê Gestor da Internet (CGI.br), 58% das pessoas têm acesso à Internet apenas através do celular. E a maioria entre esses 58% dispõe de planos pré-pagos ou controle, com pacotes de dados reduzidos e muitas vezes acessam apenas as redes sociais, estimulados pelas políticas de zero rating das operadoras.” [Facebook]
Voltando à matéria da Folha:
“Quando as aulas a distância da rede começaram, Iris de Almeida Perruti Cruz, 17, sentiu que teria dificuldades sem ter computador. No início, ela diz, estudava pelo celular ou por um tablet. Em sua casa, em Guarulhos, a conexão wi-fi foi instalada neste ano. Apesar de dispor do mínimo, ela considera o processo falho. “Tenho uma irmã pequena, às vezes ela chora, pede atenção. Não é fácil estudar assim”, afirma ela. “Tem gente que não tem o básico na escola, como vão ter acesso à internet e estudar?”, diz a aspirante ao curso de tecnólogo em produção cultural. Na casa de Gabriela da Silva Tavares, 17, aluna da Etec (escola técnica) na Vila Leopoldina, em São Paulo, o pacote de dados é dividido entre ela, a irmã e os pais. “Já aconteceu de não conseguir entregar trabalhos e perder as aulas”, diz. “Ou a internet acaba ou fica lenta”.
Há ainda diferenças de acesso por região. Enquanto 26% dos estudantes do Norte não usaram a internet nos 90 dias anteriores à pesquisa, o percentual é de 10% no Sul, indica a pesquisa TIC Educação 2018. As desigualdades também aparecem no recorte por raça. Enquanto 35% dos concluintes negros não tinham acesso à internet, esse percentual era de 14% para os brancos. Entre os indígenas, a exclusão atinge 44%, segundo os dados. Tais abismos levaram os estados a pedirem para adiar o Enem deste ano. O ministro da Educação, Abraham Weintraub, insistia na manutenção das datas e só adiou a prova em 60 dias, sem dia definido, ante iminente derrota no Congresso sobre o tema.”
E Abraham tira estatísticas da bunda:
“Em transmissão online na semana passada, Weintraub disse que entre 80% e 90% dos participantes do Enem estavam conectados. Questionado sobre a afirmação, o MEC não respondeu qual a fonte usada.”
Por mim só uma irresponsabilidade desse naipe já deveria dar em prisão.
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10. Mourão & Salles & Montezano
Agora vai, hein!
“Numa tentativa de reativar as doações da Noruega e Alemanha para ações ambientais no Brasil, o vice-presidente, Hamilton Mourão, enquadrou o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, e o retirou da presidência do comitê orientador do Fundo Amazônia.” [Folha]
O mais absurdo do parágrafo acima é que Salles tenha conseguido arrancar dos generais a presidência desse comitê quando o Fundo foi criado, cambada de frouxo do caralho!
“O colegiado havia sido extinto pelo governo Bolsonaro em abril do ano passado. Isso desencadeou uma disputa com os dois principais doadores e culminou com a paralisação do fundo. A Noruega já transferiu R$ 3,1 bilhões para o mecanismo e a Alemanha, R$ 192 milhões. Os recursos são aplicados em projetos de combate ao desmatamento e de promoção da conservação da floresta. Para vencer a resistência dos europeus, Mourão, designado por Bolsonaro para presidir o Conselho da Amazônia, se reuniu nesta quinta-feira (28) com os embaixadores de ambos países. Ele apresentou a nova modelagem do comitê. Segundo o vice, o órgão será recriado por decreto. Entre as mudanças, a presidência do comitê sairá das mãos de Salles e passará para Mourão. “Convocamos os dois embaixadores, mais o presidente do BNDES [Gustavo Montezano], que é a parte técnica, para apresentar a nossa nova visão da governança do fundo. E a constituição do comitê do Fundo Amazônia, que passa a ser presidido por mim também”, disse Mourão, após o encontro com Nils Gunneng (Noruega) e Georg Witschel (Alemanha).”
Como o Mourão sincero faria a apresentação do Montezano:
“Olá, embaixadores, esse é o imbecil que louvou lá naquela maldita reunião o Salles e seu “passar a boiada”, ele aplaudiu lá e tá aqui agora fingindo sensibilidade ambiental, eu também tô, né? Eu não queria chamá-lo mas é o BNDES que cuida dos empréstimos, desde já eu peço desculpas por esse constrangimento.”
E de nada adiantou:
“No entanto, os chefes das missões diplomáticas disseram a Mourão que o maior obstáculo hoje para que seus governos deem luz verde para a retomada das doações é a imagem amplamente negativa do governo Bolsonaro na Europa em temas de conservação e sustentabilidade. A percepção de que a atual administração brasileira não está comprometida com a preservação ambiental, que já era disseminada no continente diante do aumento do desmatamento e a crise das queimadas do ano passado, ficou ainda pior com a divulgação do vídeo da reunião ministerial de 22 de abril. Nela, Salles defende aproveitar o “momento de tranquilidade no aspecto de cobertura de imprensa, porque só fala de Covid, e ir passando a boiada e mudando todo o regramento e simplificando normas”. Neste momento, fica difícil, senão praticamente impossível, conseguir a aprovação de Oslo e Berlim para a volta das contribuições ao Brasil, disseram os diplomatas a Mourão.”
O Mourão sincerro começaria a arremessar objetos no Montezano nessa hora. Imagina a cara do presidente do BNDES nessa hora, viado.
“Apesar das barreiras apontadas pelos europeus, só o afastamento de Salles como interlocutor do governo é visto com bons olhos pelos governos estrangeiros. Os termos propostos por Salles nas fracassadas rodadas de negociação no ano passado foram considerados inaceitáveis pelos dois países doadores. Nas diversas embaixadas em Brasília, por outro lado, Mourão é visto como uma voz pragmática e aberta ao diálogo.”
Qualquer retardado que não seja o Salles pareceria aberto ao diálogo, porra.
“Depois do encontro, o vice-presidente reconheceu que cabe ao Brasil apresentar números que mostrem aos europeus que as transferências podem voltar a ser feitas. “É aquela história, estou falando francamente aqui com vocês: temos de mostrar que estamos fazendo a nossa parte. Estamos com essa operação para impedir o desmatamento”, disse Mourão. “A nossa grande visão é no segundo semestre a gente derrubar aquela questão de queimada. A gente terá, então, um trabalho para mostrar. A partir daí, não tenho dúvida que retorna o financiamento”, afirmou.”
Isso é, fodeu!
“Uma coisa tem de ficar clara: se nós vivêssemos num país com tranquilidade fiscal, com recursos sobrando, eu não preciso de recursos de ninguém de fora. Concordam comigo? Mas nós não estamos nessa situação. Então, vamos usar o recurso que eles vão oferecer para gente”, disse.”
Porra, vai ver isso não tava claro, general, a impressão é que tava chovendo dinheiro…
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11. “O Brasil estava decolando“
O 171 do Guedes vive dizendo isso, mesmo com os números do fim do ano passado mostrando o contrário. A queda de 1,5% no primeiro trimestre, que só pegou uma parte do impacto da pandemia, pinta bem a nossa desgraça:
“Dados do Produto interno Bruto (PIB), divulgados nesta sexta-feira pelo IBGE, indicam que a economia brasileira teve uma retração de 1,5% no primeiro trimestre de 2020, na comparação com último trimestre do ano passado.” [O Globo]
E o trimestre passado já tinha sido merda, apesar do Guedes apontar recuperação.
“O resultado do primeiro trimestre é a ponta do iceberg do que os economistas estimam ser a pior recessão econômica em 120 anos, quando começa a série histórica do IBGE. Isso porque as medidas de isolamento social foram adotadas apenas em meados de março. O que pesou para a retração nos três primeiros meses deste ano foi o setor de serviços, que registrou queda de 1,6% contra o trimestre anterior. Este setor representa 74% do PIB, pela ótica da oferta. É a maior queda do setor de serviços desde a crise global de 2008. Os efeitos da pandemia também influenciaram a queda de 2% no consumo das famílias, que representa 65% do PIB, pela ótica da demanda. Esta é a maior queda desde o terceiro trimestre de 2001, quando o Brasil passava por uma crise do setor elétrico. Naquela data, o recuo tinha sido de 3,1%. Após a divulgação, o ministério da Economia, disse que o resultado ‘coloca fim a recuperação econômica’ do Brasil. Já o ministro Paulo Guedes preferiu exaltar o desempenho das exportações. Assim como o setor de serviços, também a indústria registrou queda na produção, de 1,4%. Com isso, o setor viu sua participação no PIB cair ainda mais. A indústria no primeiro trimestre de 2020 respondeu por 20,9% de tudo o que foi gerado de riquezas no país – é o menor patamar da série histórica. Em 2005, o peso da indústria chegou ao auge de 28,5%.”
E como fala merda o Guedes:
“O Brasil é a única economia do mundo que está aumentando as exportações. O que é uma maldição acabou virando uma benção. A maldição é que ficamos 20 a 30 anos sem nos integrarmos às cadeias globais de produção e continuamos vendendo matéria-prima, como soja e minério. Itens de baixo valor adicionado, mas numa crise como essa, que está rompendo cadeias globais de produção, exportamos comida. Está aumentando a demanda por exportação brasileira. A estimativa inicial era de que o PIB poderia cair 6%. Desse total, 2% vindo do choque externo e 4% pelo próprio efeito econômico interno do distanciamento social. Os 2% externos aparentemente não estão vindo porque as exportações aumentaram e estão em nível recorde.” [O Globo]
Sim, ele resolveu celebrar o fato de sermos um país extrativista, puta que pariu… E repare que a culpa é do coronavírus e de mais ninguém, mesmo o isolamento começando apenas no último mês do trimestre.
“Os investimentos estavam 6% acima no primeiro trimestre em relação ao ano passado. A arrecadação nos primeiros dois meses estava 20% acima do previsto. Tudo indicava que estávamos começando a andar”
“Precisamos de cooperação, colaboração, compreensão, solidariedade” [G1]
O governo do Gudes não coopera, não colabora, não compreende e não é solidário nem fodendo!
“É natural que nessa ansiedade, cada um ao seu estilo, um pisa no pé do outro. E quem foi pisado vai empurrar de volta. Agora, acabou. Um deu o empurrão, tomou o empurrão de volta. Todo mundo remando para chegar na margem. Quando chegar na margem, começa a briga de novo. Pode brigar à vontade na margem. Se brigar a bordo do barco, o barco naufraga”
O presidente dá uns tiros no casco do barco mas “cada um no seu estilo“…
Sobre a longínqua recuperação:
“Só depende de nós. Só depende de nós. Pela terceira vez, só depende de nós”, disse o ministro. “Prefiro ainda trabalhar com o ‘V’, pode ser um ‘V’ meio torto, caiu rápido e vai subir um pouco mais devagar, mas ainda é um ‘V’”
Ele não comparou o gráfico com a marca da Nike, estou emocionado!
Os números sobre o mercado de trabalho são assustadores, e tudo ficará pior por conta desses imbecis:
“A pandemia do novo coronavírus fez com que o pilar que vinha sustentando o mercado de trabalho entrasse em colapso. O trabalho informal, que vinha batendo recorde atrás de recorde e garantindo a redução da taxa de desemprego, sofreu um forte desgaste no trimestre encerrado em abril, segundo dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) divulgados nesta quinta-feira (28). Das 4,9 milhões de vagas fechadas no período, 3,7 milhões eram informais. A taxa de informalidade caiu para 38,8% da população ocupada –um contingente de 34,6 milhões de brasileiros, o menor número da série iniciada em 2016. No trimestre anterior, até janeiro, o percentual havia sido de 40,7%. Para especialistas ouvidos pela Folha, a queda indica tanto o caráter regressivo desta crise, como a falta de perspectiva para quem perde uma vaga com carteira assinada. “Antes, a informalidade era um colchão de quem perdia emprego formal. Agora não tem mais isso, a situação dos informais está muito pior”, disse Thiago Xavier, economista da Tendências Consultoria. “Se compararmos o trimestre encerrado em abril deste ano com o mesmo período do ano passado, percebemos que a redução das vagas sem carteira assinada e por conta própria sem CNPJ é muito maior que dos empregos formais”, afirmou Xavier.
Os dados do IBGE mostram também que, além do pilar ter ficado fraco, o restante da força de trabalho também não se manteve firme. “O Caged [Cadastro Geral de Empregados e Desempregados] mostrou que em um mês o Brasil perdeu 1,1 milhão de postos. Durante a última crise, perdemos três milhões de vagas formais. Quanto tempo demorou? 2 ou 3 anos? Agora em um mês vimos um terço disso acontecer”, disse. Considerando o mercado como um todo e fazendo a comparação com a crise de 2015-16, o estrago dos últimos três meses foi forte. A perda de vagas foi 68% superior a todo o período da crise anterior. Naquela época foram cortados 2,9 milhões de postos, enquanto agora foram 4,9 milhões. Em meio aos 4,9 milhões de empregos perdidos, sete ramos registraram recuos recordes na população ocupada: indústria (-5,6%), comércio (-6,8%), construção (13,1%), transporte, armazenagem e correio (4,9%), alojamento e alimentação (12,4%), serviços domésticos (-11,6%) e outros serviços (-7,2%). O comércio foi o que registrou a maior queda em números absolutos, com 1,2 milhão de postos de emprego perdidos, reflexo do fechamento de bares, restaurantes, shoppings e comércio como forma de conter o avanço do novo coronavírus.” [Folha]
E ainda tem um detalhe esconcertante:
“Apesar da perda de 4,9 milhões de postos de trabalho, a taxa de desemprego não refletiu os impactos da pandemia na economia. Isso porque a contabilização engloba apenas quem está procurando trabalho no período da pesquisa. Uma vez que as pessoas não saem de casa, o processo de busca por trabalho trava, sem reflexo nas estatísticas. A taxa de desocupação fechou em 12,6%, com um aumento de 898 mil desempregados em relação ao trimestre encerrado em janeiro. São 12,8 milhões de pessoas na fila do emprego. “O melhor indicador é a queda na população ocupada. A taxa de desemprego deve subir com mais vigor quando tiver a flexibilização das medidas de restrição”, analisou Donato, da LCA. A população fora da força de trabalho –aqueles que não estavam trabalhando nem procurando emprego–, chegou a 70,9 milhões de pessoas, um aumento recorde de 7,9%. Já os brasileiros que desistiram de procurar emprego, os chamados desalentados, cresceram 7%, ou 328 mil pessoas, atingindo 5 milhões. “Não esperava uma alta tão grande dos desalentados, mas essa saída da força de trabalho pela pandemia eu consideraria que é um movimento pontual, não associado ao desalento. A própria crise provocada pela pandemia, no entanto, fez com que muita gente decidisse sair da força de trabalho. Talvez tenha sido a bala de prata”, disse Donato.”
A renda média aumentou e a explicação é perversa:
“Com menos pessoas na informalidade para terem seus salários contabilizados na média nacional, o patamar de ganho do país subiu. O movimento, que é um sinal de que os salários mais baixos foram os primeiros a perderem espaço na paralisação causada pela pandemia, levou a média ao maior nível da série histórica, R$ 2.425. Isso, no entanto, não pode ser confundido como um aumento de renda dos brasileiros, porque, na verdade, é reflexo apenas da perda excessiva de postos com salários menores, típico do setor informal, que deixam de ser contabilizados na média. “Quem está sendo expulso do mercado de trabalho é quem tinha menores rendimentos, o que joga a média para cima e mostra que a pandemia vai aumentar a desigualdade no mercado de trabalho”, analisou Daniel Duque, pesquisador da área de Economia Aplicada do FGV-Ibre.” [Folha]
Encerro com o Vinícius Torres Freire:
“Além da desinformação inevitável, por ora, não há medidas novas do impacto da epidemia nem ideias novas para evitar ruína maior. O país está catatônico, apavorado, como quase o mundo inteiro, e ainda desgraçado pelo desgoverno e pela discussão agora aberta de golpe, impeachment ou alguma destruição institucional extra. Nem é preciso mencionar, a sabotagem das medidas de isolamento, a falta de política federal de controle da doença e a descoordenação nacional já prolongaram a duração da pior fase da epidemia aqui no Brasil. Sem perspectiva de melhora, não há hipótese de retomada organizada. O país preferiu se atolar em um cemitério sem fim… O medo da doença e o medo do futuro (para quem ainda tem o que gastar) colocam o consumidor na retranca. O crédito bancário entrou na retranca. O investimento entrou em colapso. A epidemia será comprida por causa do isolamento à moda brasileira, entre selvagem e negligente. A crise econômica correrá em paralelo.” [Folha]
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12. Mais uma confissão de prevaricação
Eu até ia dizer que Moro é burro como uma porta, mas pelo menos ele tá fodendo o Bolsonaro:
“Me chamou a atenção um fato quando o projeto anticrime foi aprovado pelo Congresso. Infelizmente, houve algumas alterações no texto que acho que não favorecem a atuação da Justiça criminal. Propusemos vetos, e me chamou a atenção o presidente não ter acolhido essas propostas de veto, especialmente se levarmos em conta o discurso dele tão incisivo contra a corrupção e a impunidade. Limitar acordos e prisão preventiva bate de frente com esse discurso. Isso aconteceu em dezembro de 2019, mesmo mês em que foram feitas buscas relacionadas ao filho do presidente” [Correio Braziliense]
Moro não tem advogado não, é?
“No que se refere às alianças políticas, o discurso do presidente era muito claro no sentido de que ele não faria alianças políticas com o Centrão e agora ele está fazendo. E a culpa por isso não pode ser posta em mim, dizendo: “Olha, foi preciso fazer aliança com o Centrão por causa da saída do Moro”. Não, isso precedeu a minha saída. Começou antes, pelo receio do presidente de sofrer um impeachment. A motivação principal da aliança é essa”
Sobre os ataques ao STF:
“Não tem nenhum motivo para o Planalto se insurgir e o Planalto sabe disso. O problema é que o Planalto não consegue entender esses limites, que ele não é um Poder soberano. É claro que, eventualmente, pode-se criticar algumas decisões judiciais, mas tem que respeitar a atuação das Cortes de Justiça”
Moro voltou a se enrolar:
“Me perguntam se valia tanto a pena manter o (ex-diretor-geral da PF Maurício) Valeixo, mas não era uma questão de quem está lá. A questão era o porquê a troca e por que o presidente precisava de uma pessoa de confiança, de relacionamento direto com ele. As razões que foram externadas pelo presidente são perturbadoras. Não dá pra submeter a PF a esse tipo de vontade”
Então por que diabos você não fez a denúncia no canal apropriado?!
“Não posso mentir. Eu me sentia desconfortável em vários aspectos do governo: pela agressividade contra a imprensa, pelo estímulo à violência, ao ódio e, mais recentemente, pela descoordenação completa em relação ao combate ao coronavírus. Eu sempre defendi o isolamento”
Quem poderia imaginar que o seu chefe estimularia a violência, né, Moro?! Vai ser ingênuo assim lá na casa do caralho!
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13. Covid-17
Mais de mil mortes por dia, de novo. Morreu mais gente no Rio que na China e a fase de pico nem chegou. Nessas horas eu me forço a pensar que Bolsonaro terá um fim tipo Gadhaffi ou Mussolini
“A Secretaria de Estado de Saúde publicou nesta quinta-feira (28) uma atualização dos casos e mortes de coronavírus no Rio. É o terceiro dia consecutivo com mais de 200 mortes no estado – primeira sequência do tipo desde que o primeiro óbito foi registrado. O Rio de Janeiro também passou a China (4.638) e a Índia (4.711) em número de mortes. Os dados dos países são do painel da Universidade Johns Hopkins.” [G1]
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A Índia tem mais e 1 bilhão de pessoas, porra!
“Se fosse comparado a países, o RJ estaria em 13º lugar no ranking de mortes por Covid-19, de acordo com dados da Johns Hopkins Univestity & Medicine. O Rio de Janeiro tem, segundo o IBGE, cerca de 17,2 milhões de habitantes. O número de mortes no estado é maior que o da China, país onde a Covid-19 começou a se espalhar que tem quase 1,4 bilhão de habitantes e registra 4.638 mortes pelo vírus. Ficaria à frente ainda de Índia (4.711), com seus 1,35 bilhão de habitantes, e Rússia (4.142), que tem população de cerca de 145 milhões.”
A primeira onda nem entrou na fase de pico e essa matéria sobre a segunda onda nos EUA mostra o quao fodido estamos:
“Para John Swartzberg, especialista em doenças infecciosas da Universidade da Califórnia em Berkeley, é possível tentar administrar a extensão dessa segunda onda, mas é quase impossível evitá-la. “Se reabrirmos de maneira consciente, com rastreamento de novas infecções e isolamento de doentes, podemos controlar a situação e não ter tantos casos novos.”” [Folha]
Alguém acha que esse será o caso de alguma cidade brasileira? Pois é.
“Com as falhas nesses mecanismos observadas até aqui, ele afirma, a segunda onda deve acontecer a partir de setembro. “Durante o verão [julho e agosto] vamos ver o crescimento de casos, mas não de forma dramática, porque as pessoas vão estar fora de casa, com menos chances de serem infectadas ao ar livre.” A previsão é que, com o retorno das aulas em setembro, as pessoas relaxem seus comportamentos. “Vão pensar que, como o verão não foi uma catástrofe, podem agir com menos cuidado e, então, vai chegar a segunda onda”, explica Swartzberg.”
E depois ainda dizem que nós somos racionais.
Encerro com esse bom texto do Átila Iamarino
“A Europa reabre. Espanhóis e italianos voltam a circular. Ingleses voltam a dirigir. Em comum, os países têm algumas coisas: o sol e o interesse no movimento econômico do verão, mas também a diminuição do número de casos. Adotaram isolamento social efetivo e seus líderes comunicaram claramente a importância da população seguir essas medidas. Reduziram o número de pessoas que alguém com o coronavírus infecta para menos de 1 na média (o famoso R0). Com menos de uma pessoa infectada por outra, o número de casos entra em declínio e o surto local entra em controle. Um controle bem tênue. Coreia do Sul, Singapura e China que o digam, enquanto afinam o balanço entre retomar a economia e conter o aumento de casos acompanhados na base de muito, muito teste.
Já o Brasil ensaia a reabertura como europeus fazem. Alguns certamente já se preparam para vestir calça social pela primeira vez em meses. Só estamos ignorando uma etapa, um detalhe, que calha de ser o principal: o controle da pandemia. Claro, algumas cidades –alguns estados até– gozam de leitos de UTI vazios e poucos casos de Covid-19. Mas, ao contrário de países como Portugal, que na falta de leitos e de estrutura como seus vizinhos, faz uma das maiores quantidades de testes por habitantes da Europa, nós não fizemos a lição de casa. Mesmo testando miseravelmente pouco, não reduzimos o número de novos casos. O oposto. Nos tornamos o segundo país em casos e o primeiro em mortes por dia, em um regime ascendente.
Parecemos competir por um escândalo que chame mais atenção do que esses números. Enquanto isso, vamos escolhendo índices menos piores. Se considerarmos mortes por milhão de habitantes, ainda estamos bem abaixo dos países europeus. Como se só a perda de muito mais vidas justificasse ação. A cidade do Rio resolveu parar de contar mortos com diagnóstico positivo para coronavírus após o óbito. O equivalente a colar uma fita preta cobrindo o alerta de avião caindo para ele não incomodar. Já no Amazonas, o índice de controle da situação foi a queda do número de enterros. Sem testes para saber quem tem o coronavírus ou simplesmente quem morreu de Covid-19, usam o sinal de perda de controle como medida. O equivalente a usar a luz de alerta para iluminar a cabine e tentar enxergar um caminho.
Reabrimos como lá, enquanto cá os números só aumentam. Richard Feynman, físico nobelista marcante, conta em sua autobiografia sobre a ciência culto à carga, quando se segue um ritual sem mudar causas. O termo vem da simplificação de um fenômeno real. Quando nativos de ilhas ocupadas no Pacífico viram aviões pousando e desembarcando comida e manufaturados, começaram a construir pistas de pouso e até torres de controle de madeira e bambu, na esperança de atrair a carga vinda dos céus. Como nós fizemos por aqui, ao tratar de abertura sem queda consistente de casos diários. Repetimos gráficos, projetamos possíveis picos que só se manifestariam se estivéssemos restringindo mais as pessoas e não fazendo o oposto. Tomamos curas milagrosas que o mundo abandona, enquanto somos o novo polo mundial de Covid-19, antes de relaxar medidas. Que dirá depois.
Sem resolver o contágio, essa retomada é um voo de galinha até precisarmos fechar de vez pois hospitais colapsaram, funcionários ficaram doentes e perderam parentes, sem pensar que um fechamento nesse tipo de condição precisa ser mais sério e durar mais tempo. Até agora, a medida mais efetiva para reduzir o número de casos que o país tomou vem sendo fazer poucos testes. Que a próxima medida não seja sumir com os números de vez, para tentar trazer o avião do PIB.” [Folha]
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14. Bolsonaro e a PRF
Depois do diretor-geral ser degolado porque ousou homenagear um policial morto por Covid…
“A Polícia Rodoviária Federal (PFR) exonerou nesta segunda-feira (25/05) um dos chefes da área de comunicação depois que a TV Globo levou ao ar uma reportagem mostrando que aumentaram as mortes em acidentes nas rodovias federais em abril, por causa do afrouxamento do isolamento social adotado em março no país para conter a expansão do coronavírus. Formado em jornalismo e policial concursado da PRF há sete anos, Fernando Oliveira chefiava o setor de comunicação da Superintendência do Paraná desde 2017. Ele disse à BBC News Brasil que foi exonerado da função porque seus superiores em Brasília consideraram a reportagem da TV Globo “desalinhada”, devido a abordagem de temas “sensíveis aos olhos do presidente” Jair Bolsonaro, como o uso de radares de velocidade e o isolamento social durante a pandemia.” [BBC]
“Sensíveis“, viado! O sujeito era capitão do Exército, vivia posando de machão e denunciando vitimismo e mimimi, inacreditável.
“A reportagem foi realizada após a própria PRF avisar veículos de comunicação sobre a Operação Nacional de Segurança Viária, que seria realizada em todo o país a partir de 14 de maio. O material, transmitido no dia seguinte no jornal Bom dia Brasil, usou estatísticas de acidentes da PRF, exibiu falas de policiais rodoviários durante uma operação de fiscalização em Curitiba, assim como uma infração de excesso de velocidade captada por um radar.”
Se isso não é crime eu não sei mais de nada.
“O setor de comunicação da PRF no Paraná atendeu às demandas da equipe da TV Globo para produzir a reportagem. Segundo Oliveira, minutos após a veiculação da reportagem houve uma ligação da direção da PRF em Brasília para a Superintendência do Paraná reclamando do “desalinhamento”. Depois, às 12h27 do mesmo dia, ele recebeu pelo WhatsApp uma mensagem do chefe da Coordenação-Geral de Comunicação Social da PRF (CGCOM), Anderson Poddis, disparada para todo o efetivo que trabalha na área determinando a centralização do atendimento à imprensa. “Em reforço à mensagem enviada aos Diretores, Superintendentes e Superintendentes executivos, diante das matérias totalmente desalinhadas que surgiram na imprensa hoje em diversas localidades do país, informo que está PROIBIDO pautar imprensa sem expressa autorização da CGCOM do conteúdo do release e da entrevista”, diz a mensagem, segundo imagem disponibilizada por Oliveira à BBC News Brasil.”
Onde já se viu apresentar os números reais e provocar o sensibilíssimo presidente, né?
“No dia 18, Oliveira foi comunicado que seria exonerado. Ele diz que sua atuação no caso da reportagem da TV Globo apenas seguiu a orientação inicial para pautar os veículos de imprensa sobre a operação da PRF. “Por conta de o Paraná liderar o ranking de unidades da Federação com mais trechos de rodovias considerados críticos — com 23 pontos dos 150 espalhados pelo país — a afiliada local da Globo destacou uma equipe de reportagem para cobrir uma das ações de fiscalização da PRF”, contou ainda. Horas após a exibição da reportagem da TV Globo, Oliveira também recebeu a ordem de apagar imediatamente todas as fotos de radares armazenadas no perfil da PRF do Paraná na plataforma Flickr, que tem quase 9 mil imagens. Oliveira contou que não obedeceu à ordem por considerá-la “ilegal”, já que não havia “justa motivação” para deletar os registros. As imagens usadas nessa reportagem vêm desse banco de fotos.”
Isso é crime, porra!
“Segundo ele, o assunto radar é “tabu” na PRF desde agosto de 2019, quando o governo Bolsonaro suspendeu o uso de radares portáteis pela instituição, decisão que só foi revertida pela Justiça no fim do ano passado. “Não houve, por exemplo, a divulgação de nenhum dado relativo a infrações de controle de velocidade registradas pela PRF durante as operações de Natal e Ano Novo, o que contrariou a prática dos anos anteriores”, disse Oliveira.”
É por isso que ele é o mais verme dos vermes!
“A BBC News Brasil conversou com mais dois policiais da área de comunicação da PRF que estão na instituição há mais de dez anos, lotados em outros Estados. Ambos disseram ser inédito o atual nível de censura e controle no setor. Eles pediram para não ter o nome divulgado, com medo de represálias. “Se não rezar a cartilha (da direção da PRF), você pode ser retaliado. Eu sou (apoiador do) Bolsonaro, mas acho que temos que ser um órgão técnico ao passar informação e não ficar sujeito a tanta censura”, disse um deles.”
Sim, ele usou o verbo no presente, ele continua apoiando Bolsonaro mas tem que falar em anonimato temendo retaliações, fascinante.
“Para Fernando Oliveira, sua exoneração e as ordens da direção da PRF contrariam o manual de comunicação do órgão e a Constituição. Ele ainda não foi designado para uma nova função. “A postura da área de comunicação de qualquer órgão público deve estar alinhada sempre com os princípios constitucionais, como o da transparência e o da impessoalidade. Se estiver alinhada a uma interferência sem amparo técnico, ainda que ela tenha partido do presidente da República, não se trata de algo legítimo”, critica o policial exonerado. “Assim como a Polícia Federal, na condição de órgão policial da União, a PRF também deve funcionar como uma polícia de Estado, livre de interferências políticas ou meramente pessoais”, reforçou.”
O gran finale:
“Procurado por telefone pela BBC News Brasil, o Coordenação-Geral de Comunicação Social da PRF, Anderson Poddis, não quis comentar a exoneração de Oliveira nem as reclamações sobre a censura dentro da instituição.”
Não poderia esperar resposta mais didática que essa.
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15. China
Da Tatiana Prazeres:
“É duro reconhecer, mas o incômodo de muitos em relação à China tem a ver, em parte, com ideias ultrapassadas sobre o país ou ilusões alimentadas a respeito da trajetória que viria a seguir. Pense por exemplo na relação entre regime político e capacidade de inovação na China. Muitos gostavam de acreditar que o país asiático, sem liberdade de expressão e fluxo livre de ideias, nunca poderia ser um celeiro de inovação. Vários encontravam conforto na ideia de que, na ausência do ambiente aberto e estimulante das democracias liberais, a China seguiria apenas copiando ou, no máximo, adaptando e fazendo inovações incrementais. Não poderia, nessas bases, superar tecnologicamente EUA e Europa. A Harvard Business Review publicou artigo intitulado “Por que a China não consegue inovar” em 2014, quando já era evidente que a China inovava. Kaiser Kuo, do podcast Sinica, resumiu bem a questão há uns anos, ao dizer que existe (ainda existirá?) esta estranha crença de que um sujeito não consegue desenvolver um aplicativo se não souber o que realmente aconteceu na praça da Paz Celestial.
Em 2019, a China passou os EUA e se tornou o país que mais apresentou pedidos de patente no mundo. Uma empresa chinesa —a Huawei— foi, de longe, a que protocolou o maior número de pedidos. Evidentemente, esse é apenas um indicador de inovação. As empresas mais inovadoras seguem sendo americanas (segundo o ranking da Forbes), e a China está tecnologicamente atrás em muitíssimas áreas. O mito da inviabilidade da inovação, no entanto, levou à complacência de competidores e impediu muitos de entender a natureza da concorrência gerada pela China. Outra dessas ilusões refere-se ao impacto da abertura econômica para a mudança de regime político. O argumento é (ou era) de que, ao expor sua economia ao restante do mundo, seria impossível para a China preservar seu modelo político.
Segundo essa visão, outros valores das democracias liberais ganhariam força no país à medida que a economia chinesa fosse mais exposta à realidade internacional. No momento em que a China foi aceita na OMC (Organização Mundial do Comércio), em 2001, essa crença era muito presente nos EUA. Num discurso na Universidade Johns Hopkins, em 2000, o então presidente Bill Clinton disse que a entrada do país asiático na OMC aceleraria seu processo de reforma política. Afirmou que as mudanças econômicas forçariam a China a se confrontar mais cedo com certas escolhas políticas (democracia?) e ajudariam a promover direitos humanos no país. Naturalmente, ao entrar na OMC, a China comprometeu-se com regras comerciais —e pode-se discutir quão bem ou mal as cumpre. Mas os chineses não prometeram realizar os sonhos dos outros.
É possível que a crença na inevitabilidade da transformação política em função da economia tenha sido alimentada pela experiência do fim do comunismo na União Soviética, de fato acelerado pela abertura econômica. Mas se provou um engano acreditar que o mesmo ocorreria na China. A lógica das expectativas frustradas também se aplica a Hong Kong. O território foi devolvido pelos britânicos à China em 1997, sob o compromisso de que a autonomia da região seria respeitada até 2047. Na época da devolução, imaginava-se que, ao longo desses 50 anos, o regime político chinês viria a se aproximar de modelos mais palatáveis para o Ocidente. Muitos seguirão alimentando ilusões se continuarem tratando com a China errada —a China do passado ou a China dos seus sonhos. Estereótipos, ideias vencidas e expectativas geradas a partir de valores das democracias liberais contribuem para a sensação de desconforto em relação ao país.” [Folha]
Que texto!
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16. Um Trump Muito Louco
“O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, sugeriu em sua conta no Twitter nesta sexta-feira (29) atirar em manifestantes para impedir saques em meio à onda de protestos contra violência policial em Minneapolis. “Estes BANDIDOS estão desonrando a memória de George Floyd, e eu não deixarei que isso aconteça. Acabei de conversar com o governador Tim Waltz e disse que o Exército está com ele até o fim. Qualquer dificuldade e nós assumiremos o controle, mas quando começam os saques, começam os tiros”, tuitou Trump.” [Folha]
Bem, até então Trump achava de boa sair no soco com quem ousasse lhe vaiar em um comício, agora ele inovou.
“Em resposta, o Twitter incluiu um aviso de que a mensagem promove a “glorificação da violência”, em uma escalada do embate entre o líder americano e a rede social. “No entanto, o Twitter decidiu que pode ser do interesse do público que este post continue acessível”. Esse é o episódio mais recente da rusga entre a rede social e Trump. Na terça-feira (26), a empresa incluiu pela primeira vez um aviso de desinformação em posts do líder americano. A decisão irritou o presidente, que chegou a fazer ameaças de fechar companhias como Twitter e Facebook. Na quinta (28), assinou um decreto para reduzir proteções legais de empresas de tecnologia. A cidade de Minneapolis, no estado americano de Minnesota, tornou-se palco de protestos após o assassinato de George Floyd, homem negro que teve o pescoço prensado contra o chão pelo joelho de um policial branco. Foram registrados saques e atos de vandalismo nas manifestações.”
E só hoje o policial assassino foi preso, inacreditável.
“Manifestantes atearam fogo a uma delegacia em Minneapolis, no estado americano de Minnesota, durante o terceiro dia de protestos após o assassinato de George Floyd, um homem negro que teve o pescoço prensado contra o chão pelo joelho de um policial branco. Os policiais abandonaram o edifício antes do início do incêndio. Não se sabe se pessoas ficaram feridas no episódio.” [Folha]
Se alguém viu o vídeo e a primeira versão da polícia tem que achar é uma medida compreensível.
“Mais cedo, em Louisville, no estado de Kentucky, sete pessoas foram alvejadas por balas durante um protesto contra o assassinato de Breonna Taylor, uma mulher negra morta dentro de casa em março. Ao menos uma pessoa segue em estado grave.”
Negros nas ruas protestando e vagabundo sai atirando, assim como a mulher no parque achou que um negro obersavdor de pássaros era um perigoso bandido.
“Na manhã desta sexta (29), Omar Jimenez, repórter da emissora americana CNN, foi detido enquanto transmitia, ao vivo, atualizações sobre os protestos em Minneapolis. Ele é negro. Um produtor e um cinegrafista da equipe também foram algemados pela polícia estadual, sem qualquer explicação. A câmera continuou gravando e tudo foi transmitido ao vivo durante um telejornal matinal.”
O vídeo é absolutamente surreal:
Que quadra escrota da história.
“A profunda divisão racial de Minneapolis é um aspecto tão constante para seus residentes negros quanto o bom desempenho econômico e os parques pelos quais a cidade é conhecida. Os afro-americanos ganham, em média, um terço do que os residentes brancos. Eles se formam no ensino médio a taxas muito mais baixas, são mais propensos a estarem desempregados e tendem a integrar famílias com rendas significativamente menores do que as dos moradores brancos. Essas disparidades, resultado de gerações de políticas públicas discriminatórias, são um dos elementos que alimentam a revolta após a morte de Floyd. “Muitas pessoas brancas dizem que não são racistas porque têm amigos negros”, disse Cynthia Montana, “mas eles voltam para seus bairros brancos com seus amigos brancos. É por isso que eles não entendem e ficam surpresos quando isso acontece.” Montana, 57, andava de bicicleta nesta quinta (28) perto de uma loja de departamentos vandalizada e saqueada durante os tumultos da noite anterior. Sobre os desafios de crescer como negra em Minneapolis, ela afirmou que a discriminação começa na escola. Segundo Montana, quando crianças brancas causam problemas, a justificativa é que elas podem estar em um dia ruim, enquanto estudantes negros são automaticamente vistos como indisciplinados. “É como se houvesse camadas e camadas e camadas de pólvora se acumulando há muito tempo”, disse. “E quando você se torna adulto, isso tudo se transforma em dinamite.”
Ah, e Trump rompeu com a OMS, o Xi e o cara aí debaixo agradecem imensamente:
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>>>> Jornalismo independete que eles falam, né? “O presidente Jair Bolsonaro recebeu no Palácio da Alvorada, no último sábado, um grupo de youtubers aliados, que tem entre seus membros uma investigada por propagar fake news. Na conversa com Bolsonaro feita quando o Brasil já tinha passado de 20 mil mortos pela Covid-19, a youtuber começou com a seguinte indagação: “qual o dia mais feliz da sua vida?”. Bolsonaro respondeu que foi o dia que ele nasceu. A youtuber seguiu então com perguntas como “qual foi o dia mais triste”, “o que te faz acordar todos os dias para mais um dia” e “qual a situação mais difícil que enfrentou antes de se tornar presidente”. Uma das participantes do encontro com o presidente, a mineira Bárbara Zambaldi Destefani, de 33 anos, entrou na mira do inquérito do ministro Alexandre de Moraes que apura a existência de uma suposta rede bolsonarista de fake news. Na conversa com Bolsonaro feita quando o Brasil já tinha passado de 20 mil mortos pela Covid-19, a youtuber começou com a seguinte indagação: “qual o dia mais feliz da sua vida?”. Bolsonaro respondeu que foi o dia que ele nasceu. A youtuber seguiu então com perguntas como “qual foi o dia mais triste”, “o que te faz acordar todos os dias para mais um dia” e “qual a situação mais difícil que enfrentou antes de se tornar presidente”.” [O Globo] Bolsonaro deve ter ficado putíssimo…
>>>> Old man yells at clouds: “O general Augusto Heleno deu ontem sua solução particular para que a imprensa volte a “ter tranquilidade de trabalhar” nas saídas de Jair Bolsonaro do Palácio da Alvorada. Sugeriu Heleno: — Se alguém gritar, vocês têm que fingir que não ouviram. Quem disse isso foi o chefe do GSI, alguém que grita em compromissos públicos, se exalta costumeiramente no Twitter para responder às críticas ao governo e assina cartas à Nação em tom ameaçador. Augusto Heleno deu ontem essa conselho aos poucos jornalistas (basicamente, do SBT, CNN Brasil e Record) que ainda se aventuram a ir ao cercadinho do Alvorada. Mas preferiu não se comprometer de fato com a segurança da imprensa para trabalhar. Não justificou, por exemplo, por que as duas grades que separavam jornalistas e bolsonaristas foram retiradas na semana passada — restou somente e apenas uma grade e uma fita de contenção para a segurança.” [O Globo]
>>>> Se merecem: “Contrariando as recomendações da Saúde, Abraham Weintraub abraçou o blogueiro Allan dos Santos em gesto de solidariedade por ele ter sido alvo da PF.” [Estadão]
>>>> Que desgraça… “Basta começar a se interessar pelo mundo dos investimentos que passa a ser uma missão quase impossível abrir a caixa de email ou assistir um vídeo no YouTube sem aparecer alguém te oferecendo a oportunidade do século. Pode ser uma carteira de ações que rendeu um percentual astronômico, uma estratégia infalível para proteger os seus investimentos na crise ou um curso que vai deixar você com a mente dos milionários. A oferta mais perigosa é a de investimentos com um alto retorno garantido. Normalmente, apela-se para o que a turma do marketing chama de FOMO, sigla para Fear of Missing Out, que é o medo de perder uma oportunidade. E quem vai perder a chance de ganhar uma bolada? As propostas que parecem boas demais para ser verdade vêm de quem quer tirar uma casquinha do crescente mercado de investidores. Chegamos, agora, ao patamar de 2 milhões de “pessoas físicas” na bolsa, que têm, juntas, R$ 257 bilhões investidos. Ao fim de 2018, eram apenas 700 mil pessoas. Os novos investidores compram, em média, fatias pequenas. Em março, por exemplo, chegaram 223 mil novos investidores na B3, 30% fizeram seu primeiro investimento com menos de R$ 500. Todos esses novos nadadores no oceano dos investimentos atraem os tubarões.” [Folha]
>>>> Sara & Zambi: “A deputada federal Carla Zambelli (PSL-SP) e a militante Sara Winter, hoje unidas na tropa de choque bolsonarista, já chegaram a se desentender a ponto de ir aos tribunais: Zambelli processou Sara por calúnia, injúria e difamação porque, em 2019, a militante insinuou em um vídeo que a parlamentar fez um aborto intencional em 2012. DE Em janeiro deste ano, Sara se retratou e Zambelli desistiu da ação.” [Folha]
>>>> Desculpa, mundo! “Está dura a vida dos embaixadores brasileiros no exterior. Têm trabalhado muito… redigindo cartas aos grandes jornais mundo afora cumprindo a árdua missão de defender o governo Bolsonaro. Na semana passada, o embaixador em Paris, Luís Fernando Serra, publicou uma extensa carta o “Le Monde” contestando um editorial crítico ao modo como Jair Bolsonaro conduz o combate ao coronavírus. Ontem, Pompeu Andreucci Neto, embaixador em Madri, fez o mesmo: mandou uma carta ao “El País”, reagindo ao editorial “Brasil em perigo”. Andreucci acusa o jornal de “tratamento injusto e desequilibrado” em relação ao país e vai além — afirma que “a fixação do jornal pelo Brasil beira as raias da tara”. E pergunta, botando a população brasileira e o presidente da República no mesmo saco: — Até quando durará essa perseguição, essa guerra contra o meu país, sua gente e o seu presidente?” [O Globo]
>>>> Onze dias depois… “Damares Alves falou hoje ao telefone com os pais de João Pedro, Neilton e Rafaela Matos. O filho deles foi assassinado por um tiro de fuzil nas costas, em São Gonçalo, no Rio de Janeiro, no último dia 18. A ministra enviou o secretário Nacional da Criança e do Adolescente do Ministério de Direitos Humanos, Maurício Cunha, e a adjunta da Secretaria Nacional de Proteção Global, Maíra Miranda, para se encontrarem com os pais do menino. João Pedro tinha 14 anos. No imóvel em que ele foi morto, a perícia identificou 70 marcas de tiro.” [O Globo]