Dia 499 | Ei, Mourão, vai tomar no cu! | 14/05/20

Logo menos sai o podcast e eu atualizo por aqui. Os episódios você ouve lá na Central3: [Central3]

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1. Ei, Mourão, vai tomar no cu!

O escroto do Mourão escreveu um artigo no Estadão e começa nos revelando que a pandemia é um problema muito além da saúde, porra, se não fosse o Mourão a humanidade pereceria na ignorância, hein.

“Para esse mal nenhum país do mundo tem solução imediata, cada qual procura enfrentá-lo de acordo com a sua realidade. Mas nenhum vem causando tanto mal a si mesmo como o Brasil.” [Estadão]

Bem, pelo título do tópico você já sabe que, apesar das palavras, não se trata do vice puxando o tapete do presidente.

Um estrago institucional que já vinha ocorrendo, mas agora atingiu as raias da insensatez, está levando o País ao caos e pode ser resumido em quatro pontos.”

“O primeiro é a polarização que tomou conta de nossa sociedade, outra praga destes dias que tem muitos lados, pois se radicaliza por tudo, a começar pela opinião, que no Brasil corre o risco de ser judicializada, sempre pelo mesmo viés. “

General que apoiou Bolsonaro reclamando de radicalização, porra! O general que cuspiu na hierarquia militar ao, ainda na ativa, criticar a comandante-em-chefe da república. E polarizados são os outros.

“Tornamo-nos assim incapazes do essencial para enfrentar qualquer problema: sentar à mesa, conversar e debater. A imprensa, a grande instituição da opinião, precisa rever seus procedimentos nesta calamidade que vivemos. Opiniões distintas, contrárias e favoráveis ao governo, tanto sobre o isolamento como a retomada da economia, enfim, sobre o enfrentamento da crise, devem ter o mesmo espaço nos principais veículos de comunicação. Sem isso teremos descrédito e reação, deteriorando-se o ambiente de convivência e tolerância que deve vigorar numa democracia.”

Sim, ele tá sugerindo que a imprensa dedique metade de seu espaço para elogiar esses dementes que estão no poder. Cê imagina Mourão dizendo isso em 2015, com dó da Dilma, que apanhava de tudo que é lado (e em parte as críticas eram mais que justas, amo a história da Dilma mas que coleção de equívocos foi sua presidência)?!

“O segundo ponto é a degradação do conhecimento político por quem deveria usá-lo de maneira responsável…”

Falou o vice da porra do Bolsonaro, viado! Falou o general dum exército que topou voltar ao poder 30 anos depois da ditadura tendo como presidente um sujeito como Bolsonaro. Sabem tudo de política!

“.. governadores, magistrados e legisladores que esquecem que o Brasil não é uma confederação, mas uma federação, a forma de organização política criada pelos EUA em que o governo central não é um agente dos Estados que a constituem, é parte de um sistema federal que se estende por toda a União. Em O Federalista – a famosa coletânea de artigos que ajudou a convencer quase todos os delegados da convenção federal a assinarem a Constituição norte-americana em 17 de setembro de 1787 –, John Jay, um de seus autores, mostrou como a “administração, os conselhos políticos e as decisões judiciais do governo nacional serão mais sensatos, sistemáticos e judiciosos do que os Estados isoladamente”, simplesmente por que esse sistema permite somar esforços e concentrar os talentos de forma a solucionar os problemas de forma mais eficaz.”

“O terceiro ponto é a usurpação das prerrogativas do Poder Executivo. A esse respeito, no mesmo Federalista outro de seus autores, James Madison, estabeleceu “como fundamentos básicos que o Legislativo, o Executivo e o Judiciário devem ser separados e distintos, de tal modo que ninguém possa exercer os poderes de mais de um deles ao mesmo tempo”, uma regra estilhaçada no Brasil de hoje pela profusão de decisões de presidentes de outros Poderes, de juízes de todas as instâncias e de procuradores, que, sem deterem mandatos de autoridade executiva, intentam exercê-la.”

A isso se dá o nome de pesos e contra-pesos, porra! Se o executivo banca algo institucional cabe ao judiciário vetar. Sem falar que precisa passar pelo legislativo. Vontade de arremessar a constituição na cara desse arrombado. Ele implora por um estado absolutista, apenas isso.

“Na obra brasileira que pode ser considerada equivalente ao Federalista, Amaro Cavalcanti (Regime Federativo e a República Brasileira, 1899), que foi ministro de Interior e ministro do Supremo Tribunal Federal, afirmou, apenas dez anos depois da Proclamação da República, que “muitos Estados da Federação, ou não compreenderam bem o seu papel neste regime político, ou, então, têm procedido sem bastante boa fé”, algo que vem custando caro ao País.”

calaboca

Sim, o vice está dizendo que governadores e prefeitos agem de má-fé. E quem disse que a decisão cabe aos entes federativos é um troço chamado Suprema Corte, composta por ‘”onze filhos da puta“, né, general? Caralho, nessas poucas palavras aí ele chamou pra porrada os demais poderes, inacreditável.

Agora repare no que vai dizer o vice-presidente dum governo que conta com dementes do naipe de Ernesto, Abraham e Salles:

“O quarto ponto é o prejuízo à imagem do Brasil no exterior decorrente das manifestações de personalidades que, tendo exercido funções de relevância em administrações anteriores, por se sentirem desprestigiados ou simplesmente inconformados com o governo democraticamente eleito em outubro de 2018, usam seu prestígio para fazer apressadas ilações e apontar o País “como ameaça a si mesmo e aos demais na destruição da Amazônia e no agravamento do aquecimento global”, uma acusação leviana que, neste momento crítico, prejudica ainda mais o esforço do governo para enfrentar o desafio que se coloca ao Brasil naquela imensa região, que desconhecem e pela qual jamais fizeram algo de palpável.”

Que pau no cu do caralho! O presidente virou um pária global e a culpa é do PT, porra!

“Esses pontos resumem uma situação grave, mas não insuperável, desde que haja um mínimo de sensibilidade das mais altas autoridades do País.”

Sensibilidade (“cala a boca, cala a boca”) das mais altas (“metralhar a petezada“) autoridades do país (“você tem uma cara de homosseual terrível“)

“Pela maneira desordenada como foram decretadas as medidas de isolamento social, a economia do País está paralisada, a ameaça de desorganização do sistema produtivo é real e as maiores quedas nas exportações brasileiras de janeiro a abril deste ano foram as da indústria de transformação, automobilística e aeronáutica, as que mais geram riqueza. Sem falar na catástrofe do desemprego que está no horizonte.”

O governo se recusou a coordenar a resposta nacional à pandemia e o sujeito acusa os governadores e prefeitos que se viraram pra dar um jeito.

“Enquanto os países mais importantes do mundo se organizam para enfrentar a pandemia em todas as frentes, de saúde a produção e consumo, aqui, no Brasil, continuamos entregues a estatísticas seletivas, discórdia, corrupção e oportunismo.”

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Não deve ter um mísero espelho na casa e no gabinete do Mourão.

“Há tempo para reverter o desastre. Basta que se respeitem os limites e as responsabilidades das autoridades legalmente constituídas.”

Sim, o general dum governo apinhado de generais está ameaçando os demais poderes na cara dura e pedindo que respeitem as autoridades legalmente constituídas, como se os demais poderes não fossem legalmente constituídos.

Encerro com o Oliver Stuenkel:

“Independentemente do que Mourão tenha em mente, o texto ajuda a criar a narrativa que presidentes com ambições autoritárias usam desde a invenção da democracia: É necessária uma concentração de poder para manter a ordem. Pode ser uma completa coincidência, mas o texto é semelhante ao que Alberto Fujimori disse em um anúncio surpresa aos peruanos em abril de 1992: o país estava caminhando para o caos. O Congresso e o Judiciário eram os culpados. Fujimori precisava assumir o controle. Na época, Fujimori analisou a situação do país e reclamou da “velha política”, da atitude obstrucionista do Legislativo controlado pela oposição e do Judiciário ― grupos que, ele alertava, se uniam para impedir a transformação do país e o êxito de sua gestão. Reclamou do “parlamentarismo anti-nacional” contaminado pelos “vícios do caciquismo e clientelismo”. A justiça politizada e corrupta, segundo ele, era responsável pela “inexplicável liberação” de narcotraficantes, que desestabilizaram o país. “O comportamento irresponsável e negativo dos parlamentares não respeita os mandatos constitucionais, pois eles são conscientemente violados”. [Eles carecem] do “menor respeito pelas faculdades presidenciais consignadas em nossa Constituição”. Fujimori, então, anunciou calmamente que era necessário assumir uma “atitude excepcional” para promover a reconstrução nacional, que envolvia a suspensão do Congresso e da Constituição, a “reorganização total” do Judiciário, do Ministério Público e da Controladoria Geral. Tanques cercaram o Parlamento, e numerosos jornalistas e deputados foram presos ou sequestrados, entre eles os presidentes da Câmara e do Senado.” [Twitter]

Cê já mandou o Mourão tomar no cu hoje?!

tenor (1)

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2. Moro vs Bolsonaro

“Oito depoimentos colhidos confirmaram a versão de Moro de que o presidente, desde agosto do ano passado, queria trocar o então diretor-geral da PF, Maurício Valeixo. E sete acrescentaram o desejo dele de mexer no comando da Superintendência do Rio. Entretanto, de acordo com investigadores, as informações obtidas ainda não caracterizariam neste momento, isoladamente, um crime —embora ajudem a compor um retrato mais amplo da atuação de Bolsonaro. O inquérito por ora ainda não avançou sobre quais eram possíveis interesses de Bolsonaro em investigações da PF.” [Folha]

Ué, ele queria mandar na PF por conta da segurança de sua famiglia, atividade essa que não cabe à PF, mas ao GSI do Hoeleno e à Abin do queridíssimo Ramagen, entendeu?!

“A amizade entre Bolsonaro e Ramagem foi alvo de divergências. Enquanto o diretor da Abin falou que sua relação era “só profissional”, o seu chefe imediato, Augusto Heleno, elencou uma série de relatos da proximidade dos dois.”

“Os ministros Augusto Heleno (Gabinete de Segurança Institucional) e Luiz Eduardo Ramos (Secretaria de Governo) confirmaram em seus depoimentos a intenção de Bolsonaro de trocar o superintendente do Rio, mas por questões de falta de produtividade. Na sua fala à PF, porém, o atual diretor-executivo da corporação, Carlos Henrique Oliveira, rebateu e negou problemas de produtividade no estado. Ele comandava a área até recentemente, quando foi transferido para Brasília após a queda de Maurício Valeixo da diretoria-geral da PF. “O ministro Braga Netto saiu pela tangente. Ele evitou falar que existia amizade entre os dois e se limitou a dizer que “não sabe informar a razão pela qual o presidente teve a intenção de nomear o delegado ao cargo de diretor da PF”.”

Hummm, vou chutar, hein:

“Em depoimento prestado nesta quarta-feira, o ex-superintendente da Polícia Federal do Rio Carlos Henrique Oliveira confirmou aos investigadores que o senador Flávio Bolsonaro, filho do presidente Jair Bolsonaro, era investigado em um inquérito em curso na Superintendência da Polícia Federal do Rio de Janeiro. Disse, porém, que nunca recebeu cobranças do presidente a respeito de investigações em andamento. A confirmação da existência desse inquérito contra o filho do presidente é um fato considerado relevante para os investigadores, porque pode ser a prova de um interesse concreto de Bolsonaro na PF do Rio de Janeiro, e contradiz o discurso que vinha sendo adotado pelo presidente. Ontem, após vir a público informações sobre o teor do vídeo da reunião ministerial em que vincularia trocas na PF à necessidade de proteger familiares, Bolsonaro havia afirmado em entrevista: “A Polícia Federal nunca investigou ninguém da minha família”. Em seu depoimento, Carlos Henrique também afirmou que sua nomeação para o cargo de superintendente no Rio demorou de sair porque Bolsonaro queria nomear outra pessoa para o cargo. “Houve uma demora na nomeação do depoente para esse cargo pois na época houve uma manifestação pública do presidente Jair Bolsonaro, noticiada na imprensa, no sentido que ele, o presidente, desejava que outro delegado assumisse o cargo de superintendente no Rio de Janeiro”, afirma.” [O Globo]

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Calma que tem mais perna presidencial sendo quebrada:

“O delegado também afirmou que nunca recebeu cobranças por produtividade ou por relatórios de inteligência. Bolsonaro havia alegado baixa produtividade para demitir seu antecessor do cargo de superintendente, o delegado Ricardo Saadi.”

E olha que suspeito…

“O depoimento de Alexandre Ramagem tornou pública informação relevante sobre a preocupação de Jair Bolsonaro com o Rio. O delegado disse, na segunda (11), que levou Carlos Henrique Oliveira, agora diretor-executivo da Polícia Federal, para conhecer o presidente da República, quando foi escolhido para chefiar o órgão no estado, no ano passado. A agenda foi uma exceção. Bolsonaro não encontrou os outros 11 delegados promovidos a superintendentes no período.” [Folha]

Esqueceram de perguntar sobre essa reunião no depoimento, viado!

“Carlos Henrique foi nomeado número dois na hierarquia da PF nesta quarta (13). No mesmo dia, prestou depoimento por algumas horas. No termo de depoimento, que transcreve os principais momentos da oitiva, não há menção a qualquer pergunta sobre como foi o encontro.”

Zambelli também depôs ontem:

“Em depoimento prestado nesta quarta (13), a deputada federal Carla Zambelli (PSL-SP) negou ter acertado previamente com o presidente Jair Bolsonaro a proposta que fez ao então ministro da Justiça, Sergio Moro, para que aceitasse uma mudança de comando na Polícia Federal em troca de uma indicação para o Supremo Tribunal Federal. Ao justificar a proposta, Zambelli disse à PF que, como ativista, já trabalhou pela nomeação de outras pessoas, como Ives Gandra Martins Filho, ministro do TST (Tribunal Superior do Trabalho), para o Supremo —o que não se concretizou.” [Folha]

Coloca isso aí no seu curríulo, Ives, seu grandessíssimo filho da puta!

“Ela disse que tinha “vontade e perspectiva” da ida de Moro para o Supremo como um “caminho natural”. E que trocou as mensagens como uma forma de incentivá-lo a ficar no Ministério da Justiça. No depoimento, Zambelli frisou que “não chegou a ter qualquer conversa com o presidente Jair Bolsonaro no sentido de o ex-ministro Sergio Moro aceitar a substituição da Direção-Geral da PF, tendo como contrapartida a vaga no STF”. A deputada também negou que tenha falado em nome do mandatário com terceiros sobre a dança de cadeiras na PF.”

Deve ter mais por trás, mas eis aí um dos pecados da superintendente da PF em Pernambuco:

“O diretor-geral da PF, Rolando de Souza, decidiu manter Carla Patrícia na chefe do órgão em Pernambuco, ao menos por enquanto. A superintendência estava na mira de Bolsonaro, que reclamava de suposta relação da policial com o governo do estado (PSB). Ela foi corregedora de um órgão da segurança pública pernambucana de 2017 a 2019.” [Folha]

E os dementes do palácio querem a publicação do vídeo, é impossível entender o que se passa naquelas cabeças.

“O diretor-geral da PF, Rolando de Souza, decidiu manter Carla Patrícia na chefe do órgão em Pernambuco, ao menos por enquanto. A superintendência estava na mira de Bolsonaro, que reclamava de suposta relação da policial com o governo do estado (PSB). Ela foi corregedora de um órgão da segurança pública pernambucana de 2017 a 2019.” [Estadão]

Se não tem problema, por que diabos se recusar a mostrar e sangrar por tantos dias?!

“Após a revelação, por determinação judicial, dos resultados dos testes de coronavírus do presidente Jair Bolsonaro, auxiliares do Palácio do Planalto defendem que a “outra bomba”, desta vez envolvendo o ex-ministro da Justiça Sérgio Moro, seja desarmada o quanto antes. O entendimento é que a divulgação do trecho do vídeo da reunião ministerial alvo de inquérito do Supremo Tribunal Federal (STF) beneficia Bolsonaro na acusação de que tentou interferir no comando da Polícia Federal e pode minimizar o desgaste da imagem do presidente. A aparente tranquilidade do presidente e confiança de seu auxiliares vêm do fato de que, antes de entregar o vídeo à Justiça, o conteúdo foi minuciosamente estudado pelo Planalto para verificar se em algum trecho o presidente poderia incorrer no crime de responsabilidade. A conclusão, segundo interlocutores do presidente, é que, apesar dos palavrões e algumas “saias-justas” envolvendo o STF, China e governadores, o trecho alvo de inquérito não é uma prova contundente das acusações de Moro de que foi pressionado para trocar a PF. A AGU deve pedir para que apenas trechos do vídeo sejam divulgados. Nesta quarta, Bolsonaro disse que por ele divulga o vídeo e conversaria com o advogado-geral da União para divulgar a parte envolvendo o ministro Moro. “Tudo que trata do inquérito, da minha parte, está liberado, não tem sigilo de nada. Mas não quando trata de assuntos comerciais, internacionais ou questões pessoais”, disse o presidente.”

De quebra…

“Razões políticas levam o presidente Jair Bolsonaro a ter uma situação mais confortável do que possam parecer e fazer crer as declarações públicas na Câmara e no Senado. Em conversas reservadas, muitos avaliam que a preços de hoje, mesmo que ainda existam dúvidas sobre tentativa de interferência na Polícia Federal, não há espaço nem para uma CPI. E não se trata apenas da pandemia. Há uma discreta mobilização do PT para que não haja uma Comissão Parlamentar de Inquérito ou qualquer análise mais contundente que possa servir de holofote para o ex-ministro Sergio Moro.” [Correio Braziliense]

E se você acha que o PT não seria capaz disso, parabéns pela ingenuidade. E não estou cravando que isso é fato, mas é verossímil pra caralho.

“O PT tem hoje todo o interesse em manter a polarização com Bolsonaro e não quer que outro ocupe esse lugar. Abrir hoje uma CPI, avaliam integrantes do partido de Lula, só serviria para dar palanque a Moro, tirando dos petistas o papel de atores principais da oposição e transferindo esse antagonismo ao atual presidente para o colo do ex-juiz”

Não basta só bater no Bolsonaro no último dia do primeiro turno, tem que preservar o mais vil e inepto dos presidentes só pra não dar esse gostinho ao Moro.

“A contar pelas conversas de bastidores dos ministros do Supremo Tribunal Federal, o vídeo da reunião de 22 de abril ainda vai render. Alguns têm dito que, para um julgamento do inquérito, eles terão que ter uma sessão para ver as duas horas de reunião.”

Que satisfação, aspira!

Ascânio Seleme trouxe de volta o saudoso – mentira – Brindeiro:

“Num passado não muito distante, o Brasil conviveu com um procurador que se destacava por engavetar a maioria dos pedidos de investigação sobre malfeitos federais. Ele era tão eficiente nessa tarefa que ganhou o apelido de Engavetador-Geral da República. Trata-se de Geraldo Brindeiro, nomeado pelo presidente Fernando Henrique Cardoso em 1995 e reconduzido ao posto outras três vezes. Nos seus oito anos de mandato, engavetou 242 inquéritos, arquivou outros 217 e aceitou apenas 60 de 626 denúncias a ele oferecidas. Foram beneficiados 194 deputados, 33 senadores, 11 ministros. Quatro processos contra FHC também foram parar na gaveta de Brindeiro.

Hoje, estamos no limiar de ver surgir no cenário nacional um outro operador de gavetas e arquivos. Augusto Aras pode se tornar um Arquivador-Geral no inquérito em curso no Supremo Tribunal Federal contra o presidente Jair Bolsonaro, embora obviamente possa surpreender. Assim como Brindeiro, Aras não estava na lista tríplice que é oferecida ao presidente como balizadora para a indicação. Quando a lista foi instituída, em 2001, Brindeiro ficou em sétimo lugar na eleição da Associação Nacional dos Procuradores da República, mas mesmo assim foi nomeado por Fernando Henrique. Embora se tratasse de uma recondução, o fato é que a lista não foi respeitada. Aras sequer concorreu para a vaga na eleição e ainda assim foi nomeado por Bolsonaro.

Deve-se dizer a favor de Aras que ele não engavetou o pedido do PDT de abertura de inquérito contra Bolsonaro e o encaminhou ao STF, que pelo ministro Celso de Mello autorizou sua abertura. Todos os seus movimentos até aqui seguiram o rito normal esperado de um procurador-geral. Será no momento em que escrever sua decisão, depois de terminado o inquérito, que Augusto Aras escolherá como vai querer ser retratado pelos livros de história. Pode se alinhar no panteão onde já estão Aristides Junqueira e Sepúlveda Pertence ou figurar na galeria de Geraldo Brindeiro.” [O Globo]

E só tem demente fazendo slide nesse governo, Deltan fez escola:

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3. Quem NÃO mandou matar Adélio?!

Belíssimo timing da PF, “tem que manter isso aí, viu?”:

“A Polícia Federal (PF) concluiu em um segundo inquérito que não houve mandantes para o ataque a faca contra Jair Bolsonaro em Juiz de Fora (MG) durante sua campanha presidencial pelo PSL em 2018. De acordo com a investigação, coordenada pelo delegado Rodrigo Morais e entregue nesta quarta-feira (13) à Justiça Federal em Juiz de Fora, o autor da facada, Adélio Bispo de Oliveira, agiu sozinho, por iniciativa própria e sem ajuda de terceiros, tendo sido responsável tanto pelo planejamento da ação criminosa quanto por sua execução.” [G1]

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“O que a investigação comprovou foi que o perpetrador, de modo inédito, atentou contra a vida de um então candidato à Presidência da República, com o claro propósito de tirar-lhe a vida”, destaca o delegado no inquérito. Ainda segundo as investigações, não foi comprovada, por exemplo, a participação de agremiações partidárias, facções criminosas, grupos terroristas ou mesmo paramilitares em qualquer das fases do crime (cogitação, preparação e execução).”

É o segundo inquèrito, viado, né o primeiro não!

“O primeiro inquérito sobre o caso tinha sido concluído já em setembro de 2018, mesmo mês e ano que o crime ocorreu. A investigação inicial já havia considerado que Adélio Bispo agiu sozinho no momento do ataque e que a motivação teria sido “indubitavelmente política”. Ele então foi indiciado por prática de atentado pessoal por inconformismo político, crime previsto na Lei de Segurança Nacional. (Veja vídeo abaixo) A segunda apuração foi iniciada por decisão da própria PF para assegurar que não houve a participação de terceiros, com um eventual mandante – hipótese que acabou sendo descartada. O segundo inquérito investigou todo o material apreendido com Adélio Bispo, como um computador portátil, aparelhos celulares e documentos. Foram analisados 2 terabytes de arquivos de imagens, 350 horas de vídeo, 600 documentos e 700 gigabytes de volume de dados de mídia, além de 1200 fotos. Ao todo, 23 laudos periciais foram elaborados, 102 pessoas entrevistadas em campo e 89 testemunhas ouvidas no inquérito. Também foram realizadas diligências de busca e apreensão, quebras de sigilos fiscais, bancários e telefônicos. Durante a investigação, a Polícia Federal analisou ainda mais de 40 mil e-mails recebidos e enviados em contas registradas por Adélio Bispo. Vídeos e teorias sobre suposta ajuda recebida por Adélio no momento do atentado, veiculadas em redes sociais, também foram periciadas por técnicos da corporação. Nenhuma dessas apurações apontou informações relevantes.”

E vem merda aí:

“Daqui a pouco, Frederick Wassef (à esquerrda na foto), advogado de Jair Bolsonaro, será recebido pelo presidente em seu gabinete. Pela agenda, o encontro será de 15 minutos. A dupla terá que ser rápida, pois o que não falta é assunto para desembaraçarem juntos. A propósito, Wassef arranjou recentemente uma nova testemunha para tentar explicar o caso Adélio.” [O Globo]

Esse aí é o advogado que emprestou um jet ski para Bolsonaro comemorar as 10 mil mortes. Os ministros da Justiça e o diretor da PF já vivem um drama com menos de uma semana no cargo, imagine o quão puto Bolsonta tá, grande dia!

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4. Portaria do Palácio

Uma semana depiois do líder do governo ter dito na tribuna da Câmara que Bolsoarot inha dado sinal verde para vetar congelamento dos salários do funcionalismo público e ser corroborado pelo líder do governo no Senado…

“Vai faltar dinheiro para pagar servidor público. E tem servidor que quer ter a possibilidade de ter aumento neste ano e ano que vem. Não tem cabimento, não tem dinheiro.” [Estadão]

O esporro do Guedes fez efeito, hein…

“O presidente diz agora que vai vetar a blindagem feita pelo Congresso a uma série de categorias, que continuaram tendo permissão para ter reajustes até 2021. No entanto, como mostrou o Estadão/Broadcast, o projeto foi aprovado com o aval do próprio presidente, que deu autorização para poupar as carreiras, principalmente as de segurança, mesmo atropelando a orientação do ministro da Economia. Após a votação, Bolsonaro mudou de postura e fez promessas públicas, ao lado de Guedes, para vetar a lista de categorias que ficariam de fora do congelamento de salários. Para cumprir com a promessa, o presidente terá de rejeitar o aumento para todas as categorias, pois as flexibilizações constam todas em um único parágrafo do artigo 8º do projeto.”

Voltando ao Bolsonaro:

“O Brasil está quebrando. E depois de quebrar não é como alguns dizem a economia recupera. Não recupera. Vamos ser fadados a viver um país de miseráveis, como alguns países da África subsaariana.Nós temos que ter coragem de enfrentar o vírus. Está morrendo gente? Tá. Lamento? Lamento, lamento. Mas vai morrer muito, muito, mas muito mais se a economia continuar sendo destroçada por essas medidas”

Disse o sujeito cujo ministro da Economia disse que bastaria “3, 4, 5 bilhões para aniquiliar o coronavírus” e onfessouq eu sua ficha só caiu entre o fim de fevereiro e o começo de março. E sim, economias se recuperam. Vidas não.

“Ao falar com os jornalistas, o presidente usava uma máscara da Polícia Militar do Distrito Federal. Ao lado dele, também com máscara da PM do DF, estava o titular da Secretaria-Geral, ministro Jorge Oliveira, que é da reserva da PM do DF e também será beneficiado com o aumento. Como o Estadão mostrou, o presidente segura os vetos à possibilidade de aumento para servidores públicos para atender ao pedido do governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha (MDB) de conceder reajustes de 8% a 25% aos policiais militares e civis do DF. Na noite de quarta-feira, 13, deputados e senadores aprovaram o projeto de lei do Congresso Nacional que autoriza a recomposição salarial das polícias do DF, pago com dinheiro da União pelo Fundo Constitucional do DF. O custo estimado é de R$ 505 milhões por ano. O texto agora depende da sanção do presidente.”

Não tem aumento pra ninguém, mas tem pra milicos e policiais, tá ok?

“O apelo que faço aos governadores. Reveja essa política, eu estou ponto para conversar. Vamos preservar vida? Vamos. Mas o preço lá na frente serão centenas demais de vida que vão perder por causa dessas medidas absurdas de fechar tudo. O Brasil está se tornando um país de pobre. O que eu falava lá atrás que era esculachado, estão vendo a realidade agora aí para onde está indo o Brasil. Vai se chegar a um ponto que o caos vai se fazer presente aqui. Essa história de lockdown, vão fechar tudo, não é esse o caminho. Esse é o caminho do fracasso, quebrar o Brasil”

Ora, o Brasil sempre foi um faís de pobres, e só de ler dá pra ver o nojo com que Bolsonaro falou em pobres. O brasil só foi um país de ricos quando nem Brasil era, quando só tinha índio por aqui.

“A gente vê o pessoal mais pobre em São Paulo continua, naquela periferia, no Rio também tenho imagens, continua todo mundo se movimentando. É só na classe média alta que está tendo esse problema grave do comércio. Tem que reabrir. Nós vamos morrer de fome. A fome mata. A fome mata. Então é o apelo que eu faço a governadores: revejam essa política. Eu tô pronto para conversar. Vamos preservar vidas? Vamos. Mas dessa forma o preço lá na frente serão centenas de milhares de vidas que vamos perder, por causa essas medidas absurdas de fechar tudo.”

Bolsonaro fala em 70% de infectados, e se pegarmos a taxa de mortalidade francesa (0,6%) ele está falando em  mais de 800 mil mortes. Some aí a demência que nos assola e as favelas espalhadas pelo Brasil e dá pra imaginar mais de 1 milhão com tranquiliade.

“Questionado sobre o que explica o Brasil ter mais de 13 mil mortes confirmadas pelo novo coronavírus e a Argentina, país vizinho, ter registrado 329 óbitos, Bolsonaro argumentou que “é só você fazer a conta por milhão de habitantes”. Mas interrompeu seu raciocínio subitamente e pediu para falar da Suécia, que não adotou quarentena, mas já registrou 3.529 mortes.

– A Suécia não fechou. Pronto. A Suécia não fechou. Você tá defendendo… com toda certeza já entrou para a ideologia, você pegou um país que está caminhando para o socialismo, que é a Argentina. Outra pergunta aí – comentou.”

Faço minhas as apalavras da Cássia D’Aquino Filocre:

“Argentina 
População: 40 milhões
Mortes: 329

Suécia
População: 10 milhões
Mortes: 3.529″

Otário 🤨 [Facebook]

Ah, e hoje teve videoconferência com empresários e que desespero do caralho, Bolsonaro tá putíssimo com Maia, que deixou caducar a MP de regularização fundiária:

“Entregar a relatoria da flexibilização do contrato para o PCdoB é para não resolver. Então tem gente que não é do governo, tá lá dentro de outra Casa que não quer resolver o assunto, parece que fizeram acordo com a esquerda. E não dá pra fazer acordo com a esquerda. E nós sabemos qual é a linha da esquerda, é uma linha sindical, é uma linha realmente que não está voltada para o desenvolvimento.É a mesma coisa a regularização fundiária. Caducou eu acho que anteontem a MP 910. É um absurdo, um absurdo. Agora de acordo para quem comanda a Câmara dá a relatoria, ele já sinaliza que não quer resolver nada. Parece que quer afundar a economia para ferrar o governo e talvez tirar um proveito político lá na frente – comentou Bolsonaro. – Tá, mas deixou caducar, a regularização fundiária, então tem que cobrar, pô… Nós não apresentamos propostas como no passado se apresentava. A nossa visa o futuro do Brasil. Mas quando se bota alguém do PCdoB… só no Brasil mesmo, o Partido Comunista do Brasil falar em democracia e liberdade do trabalho, só no Brasil mesmo. Então a tendência é a gente afundar mesmo, essa que é a tendência. Então quando vocês chamarem chefes do Executivo… eu sou empregado de vocês, é só marcar que eu vou em São Paulo. Levem os presidente dos Poderes, convide-os também e vamos debater esse assunto, chefes de Poder, onde cada um seja responsabilizado por aquilo que tem que fazer. Nós aqui não podemos pensar em 22. Se nós pensarmos na eleição de 2022, o Brasil vai para o buraco” [O Globo]

Disse o sujeito que ontem mesmo falou que só sai em 1º de janeiro de 2027.

“Então o que parece que está acontecendo é uma questão política, tentando quebrar a economia, para atingir o governo. É isso que parece que está acontecendo. E essa medida agora que o Fabio Wanjgarten falou aqui sobre São Paulo, ameaça de “lockout” [sic], ou seja, um apagão total, é inimaginável. Um homem está decidindo o futuro de São Paulo, está decidindo o futuro da economia do Brasil. Os senhores, com todo o respeito, têm que chamar o governador e jogar pesado, jogar pesado, porque a questão é séria, é guerra. É o Brasil que está em jogo.”

O mais hilário é que ele acusa dois políticos, um do DEM e outro do PSDB. A esquerda brasileira é ardilosa mesmo, hein…

E tem mais crime de responsabilidade, viado!

“Repito mais uma vez: os senhores que anunciam em jornais e televisões, tem TV e tem jornal que vive esculhambado o Brasil. Por favor, não anunciem mais nessa televisão e nesse jornal. Vão para outras TVs e outros jornais que tenham um jornalismo sério, que não fiquem levando o terror o tempo todo aos lares aqui no Brasil “

Palavras do 171 da Secom:

“Enquanto estamos discutindo a retomada da economia com os cuidados devidos, na clara explicação do ministro Paulo Guedes, vale a pena, Paulo [Skaf], como sempre liderando, que vocês promovam campanhas que sinalizem, que evidenciem as duas ondas, da saúde e do emprego. Enquanto a gente discute aqui, o governador midiático fala que salvou 25 mil vidas e sinaliza que São Paulo virá para um lockdown na próxima semana. Então é justamente o movimento contrário do que todos almejam aqui “

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5. Um Guedes Muito Louco

“O ministro Paulo Guedes (Economia) autorizou a apresentação da conta da quarentena. Ele planeja uma retomada controlada das atividades para evitar o mergulho do país no caos social em julho. O secretário de Política Econômica, Adolfo Sachsida, divulgou nesta quarta-feira (13) uma projeção de queda de 4,7% no PIB (Produto Interno Bruto). Antes, havia previsão de alta de 0,02%.” [Folha]

Como assim o Guedes AUTORIZOU?! Que porra é essa?!

“Nota técnica do órgão estimou que cada semana de isolamento impediu o país de produzir R$ 20 bilhões em riquezas. Se confirmado, será o maior recuo do PIB desde 1901, segundo dados do IBGE. Nesse cenário, há uma mudança de discurso no time de Guedes de afrouxamento das medidas de isolamento social. A guinada vai ao encontro das declarações do presidente Jair Bolsonaro. Diferentemente do chefe, o ministro havia apoiado o confinamento como forma de conter o avanço do coronavírus.”

Isso, seus dementes. apóiem o Bolsonaro e retardem ainda mais a lenta recuperação econômica…

“Na avaliação dos técnicos, como continuam de portas fechadas, empresas de pequeno porte passaram dois meses sem acesso ao crédito diante das dificuldades do governo em estruturar mecanismos de garantias para os empréstimos. Segundo dados internos da pasta, essas companhias registram um índice de falência sem precedentes. Elas respondem por mais de 80% dos postos formais de trabalho.”

Sim, a culpa é do governo, porra, lembra do Guedes confessando sem qualquer pudor que sua ficha caiu entre o fim de vereiro e o fim de março? Não só os dementes não se plnajearam como não conseguem colocar em pé a oxigenação financiera que a pandemia demanda. 1% do crédito para pequenas empresas foi lberado, 1%

“A preocupação de Guedes é que não haverá dinheiro disponível no caixa se, após junho, for preciso renovar o prazo das políticas emergenciais de socorro à população e empresas.”

Dá teu jeito, arrombado. Quantitative easing, imprime dinheiro, garante empréstimos junto ao BC, faz alguma coisa, seu filho da puta de uma nota só!

“Essa nota não tem conotação de crítica sobre as políticas de isolamento social”, disse Sachsida. “[Essa nota] foi feita exclusivamente para mostrar o custo econômico dessas políticas e fazer as estimativas para o PIB. Assessores de Guedes disseram que o cálculo das perdas com o isolamento estava pronto há semanas. Porém, Guedes preferiu segurá-lo para não parecer que estava defendendo a economia em vez da saúde.”

Não, imagina…

“Na conversa, Guedes disse que o pulso da economia estava fraco e que corríamos o risco de “virar uma Venezuela” se o isolamento persistir por mais tempo.”

Disse o subordinado do cosplay tupiniquim do Chavez.

E vai ser hilários os bolsonaristas indignados com as prisões vendo isso aqui sair do governo que eles tanto defendem:

“Pessoas que participam das discussões na Economia afirmam que uma proposta em análise na Casa Civil prevê seleção de idosos, especialmente nos grandes centros urbanos, e transferência para hotéis que, neste momento, estão fechados. A organização dessa força-tarefa ficaria a cargo do Exército.”

O Vinícius Torres Freire compilou alguns números:

“As vendas no varejo em São Paulo não caíram em março, caso único entre os estados do país. Sim, março é o passado distante e não foi inteiramente contaminado pelo coronavírus. Além do mais, quando se incluem as vendas de veículos e de material de construção, o colapso foi grande e geral, embora o resultado paulista não tenha sido dos piores, ao contrário, e abaixo da média brasileira. Não é resultado para animar ninguém. Pode ser mais um indício de desigualdade. Com renda mais alta e mais reservas financeiras, talvez os paulistas tenham podido manter parte do consumo, em especial em mercados e farmácias, talvez até fazendo mais estoques. Pode ser ainda que as pessoas tenham mais meios em geral de fazer compras virtuais, pela internet, tendo mais dinheiro e cartões de crédito ou débito.

Em março, as vendas no varejo paulista foram 0,7% superiores a fevereiro e espantosos 5,4% maiores que em março de 2019. Na média brasileira, quedas de 2,5% e 1,2%, respectivamente. No varejo dito “ampliado”, que inclui vendas de veículos e material de construção, a baixa paulista foi de 11,1% em relação a fevereiro, oitavo pior resultado nacional, mas acima do resultado do Brasil, que foi de queda de 13,7%. As vendas dos setores “hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo” cresceram, no país, 14,6%, de fevereiro para março; de farmácia, perfumaria e produtos médicos e ortopédicos, 1,6%. No varejo restrito, sem veículos e material de construção, as vendas dos supermercados têm peso de metade do resultado final.” [Folha]

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6. Diplomacia brasileira vai bem

Do Bernardo Mello Franco:

“Entidades judaicas internacionais condenaram três episódios recentes envolvendo o governo de Jair Bolsonaro. No primeiro deles, em janeiro, o então secretário da Cultura Roberto Alvim parafraseou Joseph Goebbels. Mais recentemente, o chanceler Ernesto Araújo comparou a medida de isolamento social usada para combater a pandemia de Covid-19 aos campos de concentração nazistas onde foram mortos 6 milhões de judeus. Para completar, a Secretaria de Comunicação (Secom) publicou um vídeo com dizeres aparentemente inspirados na entrada do campo de Auschwitz.” [O Globo]

Que proeza!

“O uso da bandeira de Israel por simpatizantes de Bolsonaro em um ato considerado antidemocrático, onde estava presente o presidente, também gerou protestos de setores da comunidade judaica, que ficaram incomodados com a associação da bandeira com a estrela de Davi a esta manifestação. Apesar de não terem sido condenados pelo governo de Benjamin Netanyahu, todos estes episódios repercutiram negativamente na imprensa israelense e também na dos EUA. A publicação judaica americana de esquerda Forward questionou em reportagem se o presidente brasileiro é nazista. Para ficar claro, não creio que Bolsonaro seja antissemita e muito menos nazista. Estes termos não podem ser banalizados.”

Ora, como apontei aqui, o que mais houve foi banalização da palavra nazista, mas se tem alguém que se esforça pra merecer o epíteto é Bolsonaro, né, Godwin?

E com vocês o mais sensível e imbecis dos chanceleres:

“O Itamaraty suspendeu, por determinação do ministro Ernesto Araújo, o envio de notícias veiculadas na imprensa nacional aos postos diplomáticos no exterior, disseram à agência Reuters duas fontes com conhecimento do assunto. O trabalho, feito diariamente pela assessoria de imprensa do ministério, servia para auxiliar os diplomatas no exterior com as informações sobre o que ocorre no Brasil. Com a decisão, o chamado clipping só é feito com notícias de veículos internacionais que trabalham no Brasil. De acordo com uma das fontes, não foi dada nenhuma explicação sobre a mudança. Os postos diplomáticos têm verba específica para assinatura de jornais do local onde estão sediados, mas não de jornais brasileiros. A razão por trás da decisão, segundo uma das fontes, seria a insatisfação do chanceler com a cobertura dos veículos brasileiros sobre a política externa encabeçada por ele.” [Folha]

Ernesto ficou putíssimo com o texto assinado por FHC e chanceleres do passado, imagine aí os diplomatas caindo no riso com o clipping:

“Em duas séries de mais de uma dezena de publicações numa rede social, o chanceler chamou o ex-presidente e os ex-ministros de “paladinos da hipocrisia” e “figuras menores” que deveriam aprender com o atual governo como se defende a Constituição. “Se querem implementar de novo seus falidos projetos de política exterior para servir a um sistema de corrupção e atraso, muito bem. Apresentem esse projeto ao povo e disputem uma eleição. Não fiquem usando a Constituição como guardanapo para enxugar da boca da sua sede de poder”, escreveu.”

E ele deve se achar genial escrevendo uma merda dessa…

“De acordo com uma segunda fonte, o clipping interno do Itamaraty já havia sido modificado desde outubro do ano passado, quando o presidente Jair Bolsonaro determinou a suspensão da assinatura da Folha —o jornal foi retirado da seleção de notícias. Em seguida, o gabinete do ministro ordenou a assinatura de sites de apoio a Bolsonaro, que passaram a ser incluídos no clipping do ministério.”

Esses sistes cobram assinatura, é?!

“Procurado, o Itamaraty informou em nota que a seleção nacional de notícias está suspensa desde o dia 4 de março para reavaliação de sua elaboração.​”

Ainda tem essa aqui o:

“O diplomata Alberto Luiz Pinto Coelho Fonseca, próximo do ministro das Relações Exteriores Ernesto Araújo, recebeu um salário em dólar e auxílio-moradia em Paris, na França, para passar a maior parte do ano passado em Brasília, onde trabalhou junto ao chanceler. Segundo o Itamaraty, os pagamentos foram feitos de acordo com a lei vigente. Além do salário mensal de cerca de US$ 12 mil (cerca de R$ 66 mil) e do auxílio-moradia de € 48,6 mil pelo ano todo, Fonseca ganhou R$ 36,6 mil em diárias para morar no Brasil por mais de oito meses em 2019, segundo dados obtidos via Lei de Acesso à Informação (LAI). Somando o salário a gratificações, diárias e passagens aéreas, o gasto com o servidor no ano foi de aproximadamente R$ 1 milhão.” [O Globo]

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7. Exames

Tem cara de caô, jeito de caô e cheiro de caô, mas “conhecerei a verdade e a verdade vos libertará“.

“Um dos três exames de covid-19 apresentados pelo presidente Jair Bolsonaro ao Supremo Tribunal Federal (STF) não possui CPF, RG, data de nascimento nem qualquer outra informação que vincule o laudo médico ao chefe do Executivo ou a qualquer outra pessoa. No papel da Fiocruz, atribuído pela Advocacia-Geral da União (AGU) a Bolsonaro, aparece apenas uma identificação de nome: “paciente 5”. O mesmo não ocorre nos outros dois laudos, feitos pelo laboratório Sabin. Nos dois exames do Sabin, constam codinomes (Airton Guedes e Rafael Augusto Alves da Costa Ferraz), mas esses documentos informam dados pessoais do presidente da República – a data de nascimento, RG e CPF são do próprio Bolsonaro.” [Estadão]

“Segundo a Sociedade Brasileira de Análises Clínicas, a legislação “impõe a correta identificação do paciente no momento da coleta de amostra biológica e da entrega do laudo, inclusive com a apresentação de documento de identidade civil”. A resolução 302/2005 da Anvisa exige que o laboratório clínico e o posto de coleta laboratorial solicitem ao paciente documento que comprove a sua identificação. O cadastro do paciente deve incluir número de registro de identificação do paciente gerado pelo laboratório, o nome dele; idade, sexo e procedência, entre outras informações.

“O que pode se dizer é que, pelo documento sozinho, não há garantia que o laudo é ou não é do presidente”, avaliou o professor de proteção de dados pessoais Alexandre Pacheco da Silva, da FGV Direito São Paulo. Silva aponta que a vinculação do laudo do “paciente 5” ao presidente Jair Bolsonaro é feita em um outro papel, um ofício assinado pelo coordenador de Saúde da Presidência, o urologista Guilherme Guimarães Wimmer. “O que é complicado é que neste caso a gente espera receber essa informação do laboratório, que é um terceiro não interessado, e não daqueles que estão no próprio governo”, disse o especialista da FGV.”

E o exame presidencial é o menos confiável, que coisa…

“Antes do ministro Ricardo Lewandowksi determinar a divulgação dos exames, a Fiocruz informou que “recebeu e processou amostras enviadas pelo Palácio do Planalto, de acordo com o método de RT-PCR em Tempo Real”. Segundo a instituição, o material enviado “não tinha identificação” e “não constava, portanto, o nome do presidente”.

E o exame de sorologia? Não fez? Ou fez e não apresentou?!

“Questionado sobre Bolsonaro ter feito ou não esse outro tipo de exame, o Planalto não quis comentar.”

Essa história ainda terá muitos capítulos.

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8. Covid-17, parte 2

Do César Benjamin:

“O ministro da Saúde, que é médico, postou numa rede social a posição praticamente consensual entre seus colegas, do Brasil e do exterior, sobre o uso da cloroquina no combate ao coronavírus: não há evidência de que funcione e tem graves efeitos colaterais, que podem levar à morte; os médicos podem receitá-la, avisando os pacientes sobre os riscos que correm e solicitando autorização. O presidente da República, que é capitão reformado, disse que seus ministros têm que estar alinhados com ele, que defende o uso da cloroquina. Provavelmente demitirá o ministro nos próximos dias. Somos o único país do mundo em que o chefe de Estado receita remédios que não conhece para pacientes que nunca viu. O Brasil enlouqueceu.” [Facebook]

Gaspari estava dizendo dessa fala do Bolsonaro quarta, na portaria do palácio:

“Não é o meu entendimento, que eu não sou médico. É o entendimento de muitos médicos do Brasil e outras entidades de outros países, [que] entendem que a cloroquina pode e deve ser usada desde o início, apesar de saberem que não tem uma confirmação científica da sua eficácia. Mas, como estamos numa emergência, e a cloroquina sempre foi usada, desde 1955, e agora com a azitromicina, pode ser um alento para esta quantidade enorme de óbitos que estamos tendo no Brasil ” [O Globo]

Todos os estudos recentes sobre cloroquina vão na contramão do discurso presidencial, TODOS.

“Se fosse a minha mãe… Minha mãe está com 93 anos de idade. Eu vou atrás dela, pego um médico, lógico que não vou forçar o médico –mas tem muitos médicos que concordam com este tipo de medicamento– e ela usaria a hidroxicloroquina, enquanto não tivermos algo comprovado no mundo, temos este no Brasil aqui, que pode dar certo, pode não dar  certo. Mas como a pessoa não pode esperar quatro, cinco dias para decidir, que a morte pode vir, é melhor usar”

podefalarissonao

Imagina o tanto de médico que tem que lidar com dementes que caem nessa retórica presidencial.

“Todos os ministros são indicações políticas minhas, tá certo? E quando eu converso com os ministros, eu quero eficácia na ponta da linha. Nesse caso, não é gostar ou não do ministro Teich, tá? É o que está acontecendo. Nós estamos tendo aí centenas de mortes por dia. Se existe uma possibilidade de diminuir esse número com a cloroquina, por que não usá-la. Alguns falam que pode ser placebo. Eu falo: pode ser. A gente não sabe. Mas pode não ser também. A gente não pode daqui a dois anos falar “ah, se tivesse usado a cloroquina lá atrás, teríamos salvo milhares de pessoas”. Só isso”

Ou quantas pessoas você matou, né?

Tem mais

“Estou exigindo a questão da cloroquina agora também. Se o Conselho Federal de Medicina decidiu que pode usar cloroquina desde os primeiros sintomas, por que o governo federal via ministro da Saúde vai dizer que é só em caso grave? Eu sou comandante, presidente da República, para decidir, para chegar para qualquer ministro e falar o que está acontecendo. E a regra é essa, o norte é esse. Agora, votaram em mim para eu decidir. E essa decisão da cloroquina passa por mim. E mais do que pedir… Tá tudo bem com o ministro da Saúde, tá tudo sem problema nenhum com ele, acredito no trabalho dele, mas essa questão vamos resolver”

Ele tá puto com o Nelson porque só ele pode mudar o decreto do Mandetta:

“Não pode um protocolo de 31 de março agora, quando estava o ministro da Saúde anterior [Henrique Mandetta] dizendo que era só em caso grave, a gente não pode mudar protocolo agora”. “Pode mudar e vai mudar [o protocolo]. Por que vai mudar? Em comum acordo com o ministro da Saúde. Porque o Conselho Federal de Medicina diz que tem que ser feito dessa maneira”

Vamos ao Conselho Federal de Medicina:

“A informação dada por Bolsonaro contradiz parecer do Conselho Federal de Medicina, emitido em 23 de abril, sobre a cloroquina. O CFM informa no parecer nº 04/2020, que “após analisar extensa literatura científica, a autarquia reforçou seu entendimento de que não há evidências sólidas de que essas drogas [cloroquina e hidroxicloroquina] tenham efeito confirmado na prevenção e tratamento dessa doença.”

Do Lauro jardim:

“Teich, que é médico, nunca é demais repetir, é contra qualquer alteração. Conforme resume um assessor de Teich: — O dia de hoje está muito tenso. Até porque o próprio Teich escreveu o seguinte em sua conta no Twitter anteontem: — Um alerta importante: a cloroquina é um medicamento com efeitos colaterais. Então, qualquer prescrição deve ser feita com base em avaliação médica. O paciente deve entender os riscos e assinar o “Termo de Consentimento” antes de iniciar o uso da cloroquina.” [O Globo]

O “minstro Rubens” não vai nem completar um mês como ministro.

“A gente está falando em vida. É vida que está em jogo. Tem muita gente que chega ao hospital, pelo que eu levantei, em especial Norte e Nordeste, que não é oferecida a cloroquina para ele. Simplesmente deita, dá uma alimentação ali ou um soro e espera ele se curar. Para nós, mais jovens, o tratamento é esse. Nós não, né?, porque eu estou com 65. Mas se eu for acometido eu tomo a cloroquina e ponto final, pô. Eu que decido minha vida. E tenho certeza que não vai faltar médico para receitar pra mim a cloroquina.”

“Olha só. Tem uma máxima do Napoleão dizendo mais ou menos o seguinte: “enquanto o inimigo estiver fazendo um movimento errado, deixe-o à vontade”. No Brasil, no meu entender, o movimento errado é se preocupar apenas e tão somente com a questão do vírus. Tem o desemprego do lado. A esquerda tá quietinha. A esquerda tá quietinha. O povo precisa trabalhar.”

Que comparação é essa, viado?! sde tem uma coisa que ele não faz é deixar governadores à vontade, nada faz sentido!

E é bom se acostumar com as máscaras por um bom tempo:

“As microgotas de saliva geradas durante a fala podem permanecer suspensos no ar em um espaço fechado por mais de dez minutos, de acordo com um estudo publicado nesta quarta-feira (13), que destaca o provável papel desse mecanismo na propagação do novo coronavírus. A disseminação do Sars-Cov-2 por tosse e espirros é amplamente conhecida, mas quando falamos, também projetamos gotículas invisíveis de saliva que podem conter partículas virais. Quanto menores, mais permanecem suspensos no ar, enquanto os mais pesados, devido ao efeito da gravidade, caem mais rápido no chão. Pesquisadores do Instituto Nacional de Diabetes e Doenças Digestivas e Renais (NIDDK), que integra os Institutos Nacionais de Saúde dos Estados Unidos, fizeram uma pessoa repetir a frase “permanecer saudável” em voz alta por 25 segundos em uma caixa fechada.

No experimento, um laser projetado na caixa iluminou as gotas, permitindo que fossem vistas e contadas. As gotas permaneceram no ar por uma média de 12 minutos. Considerando a concentração conhecida de coronavírus na saliva, os cientistas estimam que falar em voz alta pode gerar o equivalente por minuto de mais de 1.000 gotas contaminadas, capazes de permanecer no ar por 8 minutos ou mais em um espaço fechado. “Essa visualização direta demonstra como a fala normal gera gotículas no ar que podem permanecer suspensas por dezenas de minutos ou mais e são capazes de transmitir doenças em espaços confinados”, concluíram os pesquisadores. Em um artigo publicado na revista NEJM de abril, a mesma equipe descobriu que falar menos alto produzia menos gotas. A confirmação do nível de contágio do Sars-Cov-2 falando e não apenas pelas gotas de saliva que caem nos interruptores, rampas ou maçanetas ajudará a justificar cientificamente o uso da máscara, agora recomendada em muitos países, e a explicar a alto contágio do vírus.” [O Globo]

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9. Sobre a liberdade de expressão

Do Fernando Schuller:

“Em tempos de fúria, passou um tanto despercebida uma decisão do decano do STF, ministro Celso de Mello, na última semana. Ocorre que um desses grupos muito estranhos que andam por aí, e não é de hoje, marcou uma passeata em Brasília, na qual prometiam “dar cabo à patifaria estabelecida no país e representada pela casa maldita do STF, com seus 11 gângsteres”. E por aí afora. O líder do PT na Câmara dos Deputados acionou o Supremo pedindo que a passeata fosse proibida e os envolvidos presos. O ministro Celso de Mello negou o pedido. Orientou o parlamentar a procurar o Ministério Público, se desejasse, mas o importante veio depois, quando enfrentou o tema delicado do direito de reunião e de expressão em um país marcado pela polarização quase doentia. A posição do ministro é clara: não cabe a uma República que se dê ao respeito a “proibição estatal do dissenso”. Pluralismo político é um valor fundamental na democracia e o direito à livre expressão de ideias é garantido pela Constituição.

Seu raciocínio volta a abril de 1919, quando Ruy Barbosa foi conduzido por uma massa popular até o teatro Politeama, em Salvador, e só pôde fazer o seu comício amparado por um habeas corpus dado pelo STF, relatado por Edmundo Lins. Ruy foi saudado nas ruas de Salvador como “o maior dos brasileiros” e não haveria muita dúvida sobre seu direito de fazer uso da palavra. A pergunta crucial, um século depois, é bem mais complicada: o direito à palavra de ideias autoritárias e desprezíveis, como a tese de “fechar o Supremo”, também deveria ser protegido pelas leis da República? Celso sinaliza uma resposta quando cita a clássica expressão do juiz da Suprema Corte americana Oliver Holmes, segundo o qual a liberdade de pensamento não é feita para aqueles com os quais concordamos, mas para “a liberdade do pensamento que nós odiamos”. O princípio é indispensável em uma sociedade pluralista, na qual se exige a imparcialidade do Estado, mas ainda não resolve a questão. O ponto é: quais seriam os limites para as “ideias que odiamos”? Ideias que atentem contra os próprios fundamentos da República e da democracia, por exemplo, estariam incluídos?

Karl Popper deu uma resposta negativa, ainda que bastante genérica, a esta pergunta. Marcado pela ascensão do ódio, no processo que levaria à Grande Guerra, Popper formulou o seu “paradoxo da tolerância”: temos direito, em nome da tolerância, de não tolerar os intolerantes. A ideia é elegante, tanto quando a regra de Holmes, mas de difícil aplicação. Como transformar o Estado em juiz do que são ou deixam de ser ideias intolerantes? A Constituição de 1946 incluía um dispositivo proibindo partidos que contrariassem o regime democrático, e isto serviu de base para fechar o PCB. Os americanos resolveram esta questão, na tradição da Primeira Emenda, fazendo uma distinção entre a defesa genérica de ideias odiosas ou contrárias à lei e o discurso que leva claramente a uma “ação iminente e ilícita”.

No Brasil, diria que esta é uma questão em aberto. No conhecido caso Ellwanger, que julgava a concessão de habeas corpus a um autor revisionista e antissemita, o STF decidiu negativamente. Marco Aurélio Mello claramente defendeu a distinção entre a defesa de uma tese e a chamada à ação, mas foi vencido. Confesso não ter uma resposta cabal a esta questão. Intuo que nossa Suprema Corte logo se debruçará sobre o tema desses movimentos que desafiam a democracia e nos quais parece haver de tudo. Gente defendendo ideias sem nenhum cabimento e gente instigando a ação antidemocrática, em geral no mundo do faz de conta. Neste mundo confuso, é bom ler a decisão de Celso de Mello. Ao citar Ruy Barbosa para tratar da passeata dos insensatos, ele nos lembra que a liberdade frequentemente se faz garantindo o direito aos piores, de modo que todos os demais estejam da mesma forma protegidos pelo direito.” [Folha]

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10. Quem tem cu tem medo

“O governo flexibilizou a punição de agentes públicos que acabarem cometendo erros durante o trabalho de combate ao coronavírus. ” [CNN]

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“De acordo com medida provisória publicada no Diário Oficial da União desta quinta-feira (14), o funcionário apenas será punido se ficar comprovado que houve intenção de errar ou se a ação questionada resultar em um erro grosseiro, quando ficar caracterizada uma negligência, por exemplo.”

Bolsonaro é tão grotesco que nem com essa linguagem ele consegue se safar.

“O texto da MP alcança atos relacionados, direta ou indiretamente, com o enfrentamento da emergência de saúde pública decorrente do novo coronavírus (Covid-19) e também com o combate aos efeitos econômicos e sociais decorrentes da pandemia. Se o agente público tomar atitude com base em opinião técnica, ainda que o comportamento tenha resultado negativo depois, a responsabilização não será automática. “O mero nexo de causalidade entre a conduta e o resultado danoso não implica responsabilização do agente público”, afirma a medida.A MP exige a obtenção de “elementos suficientes” para aferir que o funcionário agiu não apenas de maneira errada mas intencional. Outra situação que pode ser punida é se o erro for grave, grosseiro.”

Vindo desse governo é óbvio que eles querem tirar o próprio cu da reta, mas aqui vai um porém: fosse em outro governo eu até entenderia uma porra dessa, comprar equipamentos em plena pandemia nao deve ser nem um pouco fácil, um desespero fodido, um leilão escroto em que o mundo todo quer a mesma coisa, a chance de erros aumenta consideravlemente. E sim, óbvio que tem ladrão e pilantra a rodo, mas também tem pessoas honestas que cometerão erros porque é isso que acontece em situações críticas e inéditas como as que estamos vivendo.”

E por falar em MPs desses dementes:

“O presidente Jair Bolsonaro já contemplou na lista de atividades essenciais 7 dos 15 setores representados por empresários que se reuniram com ele no Palácio do Planalto, na semana passada, e foram levados ao Supremo Tribunal Federal (STF) para uma reunião com o presidente da Corte, Dias Toffoli. Na ocasião, o grupo foi fazer um apelo para que as medidas restritivas de Estados e municípios, motivadas pela crise do coronavírus, sejam amenizadas. Além desses, Bolsonaro já havia liberado o funcionamento de outros setores que atendem aliados próximos. Ao permitir que locadoras de veículos abram durante a pandemia, por exemplo, o presidente beneficiou o secretário de Desestatização e Privatização do Ministério da Economia, Salim Mattar, dono da Localiza. Também favoreceu o empresário bolsonarista Luciano Hang, da rede Havan, ao liberar o comércio de bens e serviços. Dos 54 setores liberados da quarentena por Bolsonaro até agora, 11 têm ligação direta com lideranças próximas ao presidente, incluindo igrejas. O presidente não apresentou estudos técnicos para justificar os decretos. O aval mais recente foi dado na segunda-feira, quando o presidente liberou o funcionamento de salões de beleza, barbearias e academias. O decreto foi editado sem consulta ao ministro da Saúde, Nelson Teich. Entre os empresários que apoiam Bolsonaro está Edgard Gomes Corona, dos grupos Bio Ritmo e Smart Fit, duas redes de academia. Em entrevista ao Estadão, Corona comemorou a liberação pelo presidente. “É um reconhecimento desse serviço.”” [Estadão]

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11. “Manhã desnecessária”

Do Veríssimo:

“Comemorou-se há pouco os 75 anos do fim da Segunda Guerra Mundial e alguns meses antes o armistício que acabou com a Primeira. Representantes dos aliados, vencedores, e dos alemães, derrotados e humilhados, reuniram-se num vagão ferroviário que tinha servido a Napoleão III, perto da cidade de La Capelle, França, para tratar dos termos da rendição. Coube ao marechal Ferdinand Foch, que chefiava a delegação francesa, estabelecer as reparações que seriam exigidas dos alemães. A reunião durou toda a noite e às 5 da madrugada o documento do armistício estava assinado.

O movimento nas áreas de combate costumava começar à luz do dia, havia tempo de sobra para fazer chegar aos oficiais nas frentes a notícia de que a guerra estava oficialmente acabada. O marechal Foch não concordou. Por um capricho sem nenhum sentido prático, apenas pelo prazer da aliteração ou por um apego impensado à exatidão militar, Foch insistiu que o armistício só passaria a valer das onze horas do dia onze do mês onze do ano. Portanto das 5 às onze da manhã do dia 11 de novembro de 1918 a Primeira Guerra Mundial continuou embora não precisasse continuar. Calcula-se que mais de 7 mil soldados morreram entre as 5 e as 11 daquela manhã, e mais de 10 mil ficaram feridos, com gravidade variável.

A Avenue Foch é uma daquelas grandes avenidas que se encontram no “rond-point” do Arco do Triunfo, em Paris. Como são muitas avenidas e elas vêm de todos os lados, você sempre se espanta com a capacidade dos franceses de se cruzarem em torno do Arco sem se tocarem ou sequer se xingarem. Deve haver uma regra que dita quem tem a preferencial no maranhado, mas ela não é evidente para quem não é francês. De qualquer maneira, a Foch é a mais elegante das avenidas, uma bela homenagem ao marechal. Pensar nos que ele matou naquela manhã desnecessária é um pouco como ficar tentando decifrar o trânsito em volta do “rond-point” e perder a paisagem, a beleza do Arco, o louvor a um herói da pátria.” [O Globo]

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12. OMC

Em qualquer outro governo o Braisl lutaria contra o Trump, mas…

“Amadurecida ao longo dos últimos meses, a decisão do diretor-geral da Organização Mundial do Comércio (OMC), Roberto Azevêdo, de deixar a instituição multilateral um ano antes do final de seu mandato será anunciada nesta quinta-feira, 14, de acordo com fontes consultadas pelo Estadão/Broadcast na Europa. Procurada pela reportagem, a assessoria do brasileiro disse que ele não se pronunciará sobre o assunto. A partir das 11 horas de Brasília, no entanto, a Organização se pronunciará sobre o tema, segundo a porta-voz da entidade, Keith Rockwell. “A OMC anunciará esse assunto após a reunião dos chefes de delegação às 16h, pelo horário de Genebra. Até lá, o secretariado da OMC não comentará”, informou a instituição oficialmente. Reconhecido pelo profissionalismo e com uma grande rede de contatos, Azevêdo já começou a informar os principais embaixadores sobre sua decisão. Ele deixará o posto no início de setembro, um ano antes de terminar seu segundo mandato à frente da OMC.

Apesar de ser bem conceituado, o brasileiro vem enfrentando rusgas com o governo do presidente americano, Donald Trump, que tem colocado uma série de barreiras para que avanços sejam feitos na instituição. Nos últimos eventos internacionais do qual participou presencialmente, o Estadão/Broadcast identificou que Azevêdo vinha tentando manter um posicionamento otimista em relação a avanços na mudança de estrutura da OMC, mas não conseguia, apesar do discurso positivo, esconder o desânimo com alguma possibilidade real de avanços serem feitos. A discrição sempre foi uma marca do diretor, que é diplomata. A pandemia de coronavírus foi a “gota d’água que faltava para que o copo transbordasse”, segundo uma fonte, e o diretor chegasse à conclusão de que sua saída da instituição poderia até mesmo abrir caminhos para que ela possa progredir. É sobre esse viés que Azevêdo deve focar a explicação de sua saída.

O surto praticamente estancou o comércio internacional, que já passava por um momento de grande tensão antes do início da doença, com a guerra comercial entre Estados Unidos e China. Azevêdo está no comando da OMC desde 2013, mas a entidade vem perdendo a relevância em meio à defesa de menor globalização por alguns líderes mundiais. Trump chegou a culpar a Organização por supostamente permitir que a China atuasse de forma desleal em relação ao comércio internacional. Desde o ano passado, o órgão de apelação da OMC está simplesmente paralisado, sem atuar, porque os Estados Unidos barraram a nomeação de novos juízes para substituírem os que se aposentaram. O órgão é o braço mais importante no processo de busca por soluções de controvérsias. Com a crise do coronavírus, a Organização também se mostrou pouco atuante, apesar de vários governos – inclusive o Brasil – terem tomado decisões de fechar exportações de alguns produtos médico-hospitalares, o que foi de encontro ao pedido de outra entidade que tem sede em Genebra: a Organização Mundial da Saúde (OMS).

Com a confirmação da decisão de Azevêdo começará todo um trâmite para nomear um substituto, o que pode levar meses. Em princípio, deve ser escolhido um interino para o cargo entre os funcionários que já atuam na instituição. A saída do brasileiro representará mais poder de Trump sobre quem vai gerir a Organização – e de que forma. Esse é um tema que preocupa um dos interlocutores com os quais o Estadão/Broadcast conversou nesta manhã sobre o tema.” [Estadão]

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13. Um Trump Muito Louco

Sei que é difícil acreditar num sujeito que já confessou trocar idéia com um pássaro -e no caso o pássaro era o falecido Chávez – mas isso aqui é Trump até não poder mais.

“O ditador da Venezuela, Nicolás Maduro, afirmou nesta quarta-feira (13) que o autoproclamado presidente interino do país, Juan Guaidó, se reuniu com Jordan Goudreau para planejar um ataque marítimo fracassado no país do Caribe. O americano é o fundador da Silvercorp USA, uma empresa de segurança e defesa privada que está por trás de uma operação de tentativa de sequestro do líder chavista. Goudreau serviu forças especiais do Exército americano durante as guerras no Iraque e no Afeganistão. Segundo Maduro, a tentativa de sequestro foi ordenada pelo presidente dos EUA, Donald Trump.” [Folha]

Eu leio isso e até imagino o autógrafo do Trump com aquele pilot grosso. Não é bem sequestro, convenhamos, é tentativa de GOLPE.

 “Guaidó, que inicialmente chamou o contrato de falso, disse na sexta-feira (8) que o governo chavista está buscando desculpas para detê-lo. Trump negou a suposta conspiração, afirmando que se os Estados Unidos fossem “fazer algo com a Venezuela, não seria desse jeito. Seria um pouco diferente. Seria chamado de invasão.”

Até imagino o Trump mandando um “The greatest invasion the world has ever seen, so beautiful, tremendous, i’ve received so many calls congratulating my leadership, I love Venezuela, I love the venezuelans, lock her up!”

E a aposta do Trump em plena pademia é duma insanidade…

“Declarar sucesso, questionar o número de mortes e reabrir a economia de olho na reeleição em novembro. O plano de Donald Trump para os próximos seis meses não inclui uma estratégia nacional de testes em massa ou de rastreamento de contatos dos indivíduos contaminados. Trump conta com estados governados por republicanos, como Texas e Geórgia, para reiniciar atividades e torce para não haver uma segunda onda de contaminação.” [Folha]

“Agora, assustado com as pesquisas e a possibilidade de recaptura do Senado pelos democratas, Trump oferece aos americanos um pacto de morte: vale a pena pagar com milhares de vidas pela reabertura da economia. No front psicológico, o plano é usar a mídia de direita para jogar dúvida sobre estatísticas de contaminação e mortes, algo que já conta com apoio do canal de TV a cabo mais assistido do país, a Fox News. Na semana passada, a Casa Branca vetou a divulgação de um relatório de 17 páginas para orientar os estados sobre a reabertura da economia, elaborado pelo CDC (Centro de Controle de Doenças), a principal agência federal envolvida no combate à Covid-19. Entre as táticas para esquentar a economia e forçar trabalhadores a voltar a fábricas sem acesso a testes e garantias contra contaminação estariam ordens executivas do presidente. Um exemplo aconteceu no dia 1º de maio, quando Trump proibiu a importação de certos componentes elétricos de países considerados “adversários estrangeiros.” Outro exemplo citado por fontes ligadas ao governo seria declarar novos prazos de expiração de manufaturados, como proibir a circulação de carrocerias de caminhões com mais de dez anos nas estradas federais para forçar a compra de equipamentos.”

Caralho, que Bolsonaro não leia isso…

“Comentaristas políticos progressistas têm dito que o cálculo cínico da campanha é esperar que o coronavírus mate mais eleitores democratas vulneráveis como negros e latinos, dois grupos que têm pesada participação em atividades consideradas essenciais como entregas de comida e compras online, além de transportes públicos.”

Por mais louco que isso possa parecer, lembre-se que a demografia é extremamente desfavorável aos republicanos.

“O cálculo eleitoral da campanha de Trump, além de demonstrar niilismo homicida, é arriscado. Pesquisas de opinião mostram que os idosos defendem a proteção da pandemia como prioridade sobre atividades econômicas. A morte de eleitores republicanos de mais de 65 anos poderia mudar o perfil demográfico eleitoral em estados cruciais para a vitória de Trump. A previsão foi feita por pesquisadores num estudo que saiu em abril na publicação Administrative Theory & Praxis, com base nos registros públicos de contaminação fatal. Só na Pensilvânia, os pesquisadores previram que morreriam 13 mil mais eleitores republicanos do que democratas. Os apoiadores do presidente em regiões economicamente deprimidas como a Virgínia Ocidental e o Alabama tendem a ser mais velhos, obesos e fumantes.”

A parte mais absurda:

“Assessores dizem que Trump não usa máscara em público porque teme parecer ridículo. Na sexta-feira (8), executivos da indústria de alimentos esperavam o vice-presidente Mike Pence para uma mesa redonda em Des Moines, em Iowa. Pouco antes da chegada de Pence, uma funcionária entrou na sala e pediu a todos os presentes que tirassem as máscaras. Foi obedecida.”

Isso porque um funcionário do gabinete do Pence foi diagnosticado com Covid e no dia seguinte lá estava Pence sem máscara, blindado por Jesus – se você acha Bolsonaro pancada das idéias religiosas é porque você não conhece o Pence.

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>>>> Aos amigos tudo: “Causou revolta em conselheiros do Iphan a escolha de Larissa Peixoto para a presidência do órgão. Como revelou o Painel, ela é próxima da família presidencial: Gerson Dutra Júnior, agente da Polícia Federal com quem casou em 2013, foi segurança de Bolsonaro em 2018. Desde então, Larissa e Gerson, conhecido como Patropa, têm relação estreita com Leo Índio, primo dos filhos do presidente Jair Bolsonaro. Em carta, o conselheiro Ulpiano Bezerra de Meneses, um dos mais importantes museólogos do Brasil e professor da Universidade de São Paulo, afirma que o esperado é que a pessoa “domine conceitos fundamentais sobre ‘bens de natureza material e imaterial”‘. Além disso, diz, “mesmo não sendo especialista nas disciplinas científicas pertinentes”, a pessoa deve “ser capaz de identificar valores significativos em ‘formas de expressão; modos de criar, fazer e viver; criações científicas, artísticas e tecnológicas; obras, objetos, documentos, edificações e demais espaços destinados às manifestações artístico-culturais; conjuntos urbanos e sítios de valor histórico, paisagístico, artístico, arqueológico, paleontológico, ecológico e científico'”. Segundo Meneses, não se trata de desejo pessoal ou de concepção ideal, mas do que está estabelecido no artigo 216 da Constituição. A nomeação de Larissa Peixoto tem sido criticada por arquitetos e historiadores, que afirmam que ela não tem formação nem qualificação para ocupar o cargo.” [Folha]

>>>> Huck: “”No dia 13 de maio de 1888, a princesa Isabel assinou a chamada Lei Áurea. Uma abolição apenas cartorial da escravidão. Pois não significou liberdade pra negras e negros, que permaneceram sem acesso à cidadania plena com o ato imperial. A verdade é que o Estado brasileiro não tomou então medidas pra integração dos ex-escravos, expondo brasileiras e brasileiros à fome, miséria e exclusão social. Não é uma data, portanto, de celebração. É um dia de protesto por terem sido negras e negros largados à própria sorte depois de três séculos de escravidão. É também uma lembrança da nossa cruel herança escravocrata, que não pode jamais ser esquecida ou acobertada pelo mito da democracia racial. Por amor ao Brasil, espero que algum dia a gente amanheça num 13 de maio e olhe em volta enxergando uma sociedade mais justa e igualitária social e racialmente. Por enquanto, nada há pra agradecer nesta data” [Folha]

>>>> Chupa, Salvinni! “O governo da Itália anunciou na quarta-feira a regularização de imigrantes numa resposta à crise provocada pelo coronavírus e para tentar evitar a exploração deles nos campos agrícolas. A medida consta de um decreto apresentado na noite de quarta-feira, após um mês e meio de debate no Executivo, que prevê € 55 bilhões para recuperar a economia do país, um dos mais atingidos pela pandemia na Europa e o primeiro a decretar quarentena da população, já relaxada na última semana. O número total de imigrantes que poderão se regularizar não foi divulgado, mas o governo estima que a medida possa beneficiar cerca de 200 mil pessoas — segundo dados do Ministério do Interior, os estrangeiros indocumentados na Itália chegam a quase 600 mil. A decisão, muito criticada pelos partidos de oposição, tem um objetivo duplo, segundo o governo: fornecer mão de obra legal para o setor agrícola, em grande dificuldade desde o início da pandemia, em março, e aumentar o controle sanitário a um grupo de pessoas normalmente excluído dos serviços básicos do Estado. A crise do coronavírus pôs em risco a produção agrícola de muitos países da Europa ao expor uma incômoda realidade para muitos deles: sem a mão de obra estrangeira, as lavouras param. O continente pode até perder neste ano a sua autossuficiência alimentar. Uma parte considerável da produção de frutas e verduras pode apodrecer nos campos por causa do déficit de trabalhadores sazonais em toda a União Europeia (UE), número estimado entre 800 mil e um milhão. A regularização proposta pelo governo causa arrepios no senador Matteo Salvini, do partido de ultradireita Liga e principal nome da oposição, que promete uma batalha no Parlamento contra a medida. Ela acusa o governo de beneficiar estrangeiros no lugar dos italianos.” [O Globo]

>>>> A malandra boliviana jurou que era um mandato tampão, que nao concorreria na eleição e… “”Estou preso em casa, enquanto Jeanine Añez faz campanha, inaugurando obras o dia inteiro, para uma eleição que não sabemos quando nem como vai acontecer.” Luis Arce, 56, conhecido pela calma e pelo tom de voz sempre amistoso, desta vez soa irritado em entrevista à Folha, por telefone. Ex-ministro da Economia de Evo Morales entre 2006 e 2017, Arce é o candidato do MAS (Movimento ao Socialismo) para a eleição presidencial da Bolívia marcada inicialmente para 3 de maio, mas suspensa por causa da pandemia do coronavírus. Esperava-se que o pleito colocasse fim à série de tensões, ataques violentos e instabilidade política que ocorreram depois de divulgado o resultado da votação de outubro, que deu a vitória a Evo. Contestado pela oposição e por organismos internacionais, o resultado da votação foi cancelado. Na sequência, Evo renunciou e partiu para o exílio. A então vice-presidente do Senado, Jeanine Añez, numa manobra polêmica, assumiu o poder, com a missão de recompor o tribunal eleitoral e convocar eleições. Ela o fez, mas, diferentemente do que disse ao assumir, resolveu disputar o pleito. “Estamos numa ditadura, há perseguição a colegas do partido, estou vigiado o dia todo. O Exército está nas ruas para fazer cumprir as regras da quarentena”, diz Arce. “Nem eu nem todos os outros candidatos podemos sair de casa para atos ou entrevistas na TV, enquanto ela está o dia inteiro fazendo campanha, assim como seu candidato a vice [o empresário Samuel Doria Medina]” Segundo pesquisa divulgada antes da pandemia, realizada pelo instituto Ciesmori, haveria um segundo turno no país. Arce (esquerda) surge como favorito, com 33,3% das intenções de votos, seguido de Carlos Mesa (centro-esquerda), com 18,3%, e da própria Añez (direita), com 16,9%. Inicialmente, o Executivo havia proposto que a nova eleição ocorresse em outubro. O Parlamento, no qual o MAS tem maioria, conseguiu aprovar que a eleição ocorra até, no máximo, a primeira semana de agosto. Agora, o tribunal eleitoral tem a palavra final, e ainda não se pronunciou de forma definitiva. “Nós tememos seriamente que Añez pressione o tribunal, que foi formado por ela, para adiar as eleições até o ano que vem. É o desejo dela, para que dê tempo de desgastar ainda mais a nossa candidatura”, diz Arce.” [Folha]

>>>> Paradoxos da pandemia: “The suicide rate in Japan fell by 20% in April compared with the same time last year, the biggest drop in five years, despite fears the coronavirus pandemic would cause increased stress and many prevention helplines were either not operating or short-staffed. People spending more time at home with their families, fewer people were commuting to work and delays to the start of the school year are seen as factors in the fall. In April, 1,455 people took their lives in Japan, 359 fewer than in April 2019. Suicide has been on a downward trend in Japan since peaking at more than 34,000 cases annually in 2003. Last year saw just over 20,000, and the large drop last month came at a time when there were fears of a fresh spike. New coronavirus infections reached their peak in mid-April in Japan at more than 500 a day, leading the government to declare a state of emergency on 16 April, though the restrictions were less strict than those of other countries. The stay-at-home measures affected suicide prevention organisations, with about 40% of them either shut down or working reduced hours, leading to worries about vulnerable people. Amid the decline in suicide of recent years, there has been an increase among children, with bullying and other problems at school a frequently cited cause. The start of the academic year, in April in Japan, is a particularly stressful time for some, but its postponement due to the pandemic may have saved lives, at least temporarily. “School is a pressure for some young people, but this April there is no such pressure,” said Yukio Saito, a former head of telephone counselling service the Japanese Federation of Inochi-no-Denwa. “At home with their families, they feel safe.” As for adults, at times of national crisis and disasters, “traditionally, people don’t think about suicide”, said Saito, pointing to a drop in cases in 2011, the year of the giant earthquake, tsunami and nuclear meltdowns at Fukushima.” [The Guardian]

 

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