Dia 500 | “Vou interferir e ponto final”, não à toa PGR virou AGU | 14/05/20

Logo mais atualizo o podcast por aqui. E os episódios estão lá na Central3: [Central3]

__/\/\/\/\/\/\__

1. PGR virou AGU

Tá sentado?!

pgragu

Nem a AGU do “ministro terrivelmente evangélico“, órgão responsável pela defesa presidencial, teria coragem de enfileirar essas palavras, porra, que bad trip escrota do caralho. Saudades do Brindeiro, que pelo menos engavetava processos contra o FHC com garbo e elegância.

“O procurador-geral da República, Augusto Aras, concordou com o Planalto e defendeu levantar o sigilo apenas das falas do presidente Jair Bolsonaro na reunião ministerial alvo de inquérito no STF. Aras pediu a divulgação de menos falas do que a Advocacia-Geral da União (AGU), responsável pela defesa do presidente. “A divulgação integral do conteúdo o converteria, de instrumento técnico e legal de busca da reconstrução histórica de fatos, em arsenal de uso político, pré-eleitoral (2022), de instabilidade pública e de proliferação de querelas e de pretexto para investigações genéricas sobre pessoas, falas, opiniões e modos de expressão totalmente diversas do objeto das investigações, de modo a configurar fishing expedition” [G1]

Cadeira no STF, o mais gordo honorário da advocacia brasileira.

E repare, não é nenhum absurdo decidir pela divulgação parcial da gravação, isso é perfeitamente compreensível se não se enquadrar no escopo e, esse “e” é bem importante, não forem encontrados outros crimes na gravação. O Celso só pode decidir se divulga tudo ou não assistindo a reunião na íntegra, e eis a razão do desespero do governo – e do Aras. E algo me diz que essa era a idéia do Moro desde o início. Voltando ao raciocínio: até a OAB foi pelo mesmo caminho e olha que o Santa Cruz é atacado por Bolsonaro dia sim dia não, o problema é a proeza do Procurador-geral da república enfileirar as seguintes palavras:

“Outro grave efeito colateral seria politizar a própria atuação das instituições de Estado responsáveis pela condução dos trabalhos (Poder Judiciário, Ministério Público e Polícia Judiciária), algo incompatível com o Estado democrático de direito, cujas instituições hão de primar pela impessoalidade, objetividade e técnica. Em outras palavras, o Procurador-Geral da República não compactua com a utilização de investigações para servir, de forma oportunista, como palanque eleitoral precoce das eleições de 2022.

Só faltou enfiar um “tá ok?” no final.

Mas vamos ao começo da mais inacreditável peça produzida pela dita PGR. o Celso pediu a degravação (transcrição) da reunião e o Aras discordou pois, eu juro que esse é o argumento dessa besta, Celso está com pressa:

“Mesmo com toda a presteza dos técnicos responsáveis pela degravação, em vista da longa duração da reunião ministerial, a diligência é incompatível com a brevidade pretendida pelo Relator para a conclusão das investigações, às quais se tem imprimido marcha acelerada. Sob esse prisma, reputa-se inconveniente a diligência.”

Duas horas de reunião, viado, dá pra fazer isso em um dia com tranquilidade.

“Além disso, degravações, embora representem fidedignamente o conteúdo verbal dos registros audiovisuais, não se prestam à captação de expressões corporais (gestuais e faciais), tom e volume de voz, movimentação de pessoas no recinto, dados fundamentais à integral compreensão do contexto na qual se deu o específico diálogo narrado pelo noticiante.”

O Aras tá berrando que o Bolsonaro tava olhando para o Heleno e não para o Moro, vai ser indiscreto lá na casa do caralho!

“Eventual divulgação das transcrições, ainda que involuntária, por esses motivos, pode acirrar desnecessariamente a disputa de versões entre os investigados, contribuindo para a politização da investigação, afastando dela o perfil exclusivamente técnico.”

Repare, a questão aí em cima não é publicar ou não a transcrição, é fazer a transcrição  e enviar somente ao STF, a publicação ou não entra agora:

“Eventual divulgação das transcrições, ainda que involuntária, por esses motivos, pode acirrar desnecessariamente a disputa de versões entre os investigados, contribuindo para a politização da investigação, afastando dela o perfil exclusivamente técnico.”

A AGU deve ficar com uma inveja fodida da AGU paralela que resolveu se aboletar na PGR.

“Em relação à intimidade, verifica-se que havia, naquela sala do Conselho de Ministros, aproximadamente vinte e cinco autoridades públicas. Pelo menos dez tomaram a palavra e, cada uma à sua maneira, ao seu tom, expôs suas ideias, cientes de que falavam apenas aos pares, e não falando ou se expondo à nação ou à imprensa. Sentindo-se, portanto, à vontade num ambiente público no sentido laboral, mas restrito na divulgação, porquanto estivessem apenas entre integrantes do Estado e do Governo brasileiros. “

Bolsonaro se sentiu à vontade pra falar em armar a população, em usar o exército contra impeachment e Abraham falou em “onze filhos da puta” no STF.

“A divulgação ao domínio público dos teores dessas conversas, no bojo de uma investigação em que a maior parte dos interlocutores nada tem a ver com o seu objeto, violaria a lei e a justa expectativa desses “terceiros” de confiar no protocolo cerimonial da Presidência para o caso: gravar a reunião do Conselho de Ministros apenas para registro, e não para divulgação nacional”

Ora, se a reunião vira prova faz o quê?!  Bolsonaro disse, e não fo nem uma nem duas veszes, que poderia destruir, esse é o nível da demência.

“Outro grave efeito colateral seria politizar a própria atuação das instituições de Estado responsáveis pela condução dos trabalhos (Poder Judiciário, Ministério Público e Polícia Judiciária), algo incompatível com o Estado democrático de direito, cujas instituições hão de primar pela impessoalidade, objetividade e técnica.”

Impessoalidade, disse o sujeito que nem tava na lista tríplice e foi escolhido a dedo pelo Bolsonaro que é acusado de interferir em órgãos de investigação, não fode, Aras! Eis a ítegra do documento [Poder360]

Não à toa Celsão tá putíssimo

“Celso de Mello é naturalmente reservado e tem sido especialmente discreto na condução do inquérito que investiga a interferência de Bolsonaro na Polícia Federal. Mas pelo menos um ministro do STF, após contato com Celso, usou uma expressão forte para descrever o estado de espírito do ministro em relação a tudo que tem visto no caso. Diz esse ministro, sob anonimato: “Celso está possuído.” [Época]

A ABIN é do Bolsonaro.
A PF é do Bolsonaro.
A PGR é do Bolsonaro.
Adivinhe onde isso vai parar.

__/\/\/\/\/\/\__

2. A fatídica reunião

A AGU enviou trechos da transcrição da reunião, sabe como é, contexto é importante pra caralho, né? E não é que Bolsonaro, aquele que jurou não ter falado em Polícia Federal, falou “PF” ao dar seu esporro?!

“Eu não posso ser supreendido com notícias. Pô, eu tenho a PF que não me dá informações; eu tenho as inteligências das Forças Armadas que não têm informações; a Abin tem os seus problemas, tem algumas informações, só não tem mais porque tá faltando realmente… temos problemas… aparelhamento, etc. A gente não pode viver sem informação. Quem é que nunca ficou atrás da… da… da… porta ouvindo o que o seu filho ou a sua filha tá comentando? Tem que ver pra depois… depois que ela engravida não adianta falar com ela mais. Tem que ver antes. Depois que o moleque enchou os cornos de droga, não adianta mais falar com ele: já era. E informação é assim. [referências a Nações amigas]. Então essa é a preocupação que temos que ter: “a questão estatégica”. E não estamos tendo. E me desculpe o serviço de informação nosso – todos – é uma vergonha, uma vergonha, que eu não sou informado, e não dá pra trabalhar assim, fica difícil. Por isso, vou interferir. Ponto final. Não é ameaça, não é extrapolação da minha parte. É uma verdade. Já tentei trocar gente da segurança nossa no Rio de Janeiro oficialmente e não consegui. Isso acabou. Eu não vou esperar foderem minha família toda de sacanagem, ou amigo meu, porque eu não posso trocar alguém da segurança na ponta da linha que pertence à estrutura. Vai trocar, se não puder trocar, troca o chefe dele; não pode trocar o chefe, troca o ministro. E ponto final. Não estamos aqui para brincadeira” [UOL]

Bolsonaro tentou se explicar na manhã de hoje e que maravilha:

” Palavra PF. Duas letras. PF” [UOL]

O jornalista diz “é Polícia federal” e…

“Ô cara… ô cara… tem a ver com a Polícia Federal, mas é reclamação ‘PF’, no tocante ao serviço de inteligência.”

O jornalista insiste e…

“Não vou me submeter a interrogatório por parte de vocês.”

“Espero que a fita se torne pública para que a análise correta venha a ser feita. A interferência não é nesse contexto da inteligência, não. É na segurança familiar. É bem claro, segurança familiar, e não toco PF nem palavra ‘Polícia Federal’ na palavra segurança familiar…”

O jornalista insiste com um “Mas a segurança familiar do senhor é feita pelo GSI…“:

“A quem estaria me referindo? É óbvio… vamos lá, outra pergunta aí.”

Imagina a AGU chegando no Heleno e falando “general, olha só, a nossa linha de defesa vai ser que a ira presidencial era direcionado à sua incompetência e você confirma lá no depoimento, tá ok?“.

Mais detalhes da fatídica reunião:

“O presidente da Caixa, Pedro Guimarães, comentou o episódio em que a ex-mulher e a filha do deputado federal Luiz Lima foram detidas no Rio de Janeiro por descumprirem as regras de isolamento social. “Isso é absurdo. Eu tenho uma filha de 14 anos. Vou pegar minhas 15 armas. Se prendessem ela e botassem no camburão, ou eu matava ou eu morria”, disse Guimarães.” [Época]

Alguém tem alguma dúvida que ele não tem licença pra QUINZE armas?! E sim, o sujeito est, numa reunião ministerial, repleta de generais, falando em matar policiais, esse é o tipo de coisa que eu não imagino ouvir nem num governo do PCO, porra!

“Foi nesse contexto que Bolsonaro afirmou que “é muito fácil uma ditadura no Brasil”, alegando que para evitar o autoritarismo de prefeitos e governadores seria preciso armar a população.”

De tanto temerem uma Venezuela vão transformar essa porra em Caracas.

“Em seguida, ele ofende os governadores João Doria (PSDB-SP) e Wilson Witzel (PSC-RJ). “Esse bosta do governador de SP e esse estrume do governador do RJ se aproveitaram do vírus”, disse Bolsonaro.”

Como vocês, o mais verme dos vermes:

“Na reunião ministerial de 22 de abril, o presidente Jair Bolsonaro falou, em alguns momentos, sobre a pandemia do novo coronavírus. Incentivados pelo chefe, ministros reclamaram de medidas restritivas tomadas por governadores e prefeitos. Nesse contexto, o presidente criticou os gestores que determinaram a abertura de covas coletivas para enterrar as vítimas da doença. Segundo pessoas que tiveram acesso à gravação da reunião, Bolsonaro cita especificamente o prefeito de Manaus, Arthur Virgílio Neto (PSDB), fazendo referência ao pai do político, Arthur Virgílio Filho, senador que foi perseguido e cassado pela ditadura militar (1964-1985). O conteúdo da fala de Bolsonaro seria o seguinte, de acordo com o relato feito à coluna: “aquele ‘vagabundo’ do prefeito de Manaus, que está abrindo cova coletiva para enterrar gente e aumentar o índice da Covid. Vocês sabem filho de quem ele é, né?”, teria dito o presidente na reunião, rindo após fazer a pergunta retórica.” [Veja]

Arthur Virgílio respondeu:

“Não pode porque ele não se aproxima na coragem, nem na honradez do meu pai. Meu pai não se metia em rachadinha. É um exemplo. Se ele seguisse o exemplo do meu pai o país não estaria como está agora.O ídolo dele é o torturador [Carlos Alberto] Brilhante Ustra, de quem eu tenho nojo e asco. Bolsonaro que fique com o Ustra, enquanto eu fico com o meu pai, com Ulysses Guimarães, com tantas pessoas imoladas e que lutaram contra o regime militar. Se Bolsonaro estivesse no Exército e dessem a ele essa oportunidade, ele torturaria. Ele busca memórias que torturam. Ele é um torturador.Eu passo o dia trabalhando, já ele bate perna. Então se tem um vagabundo aqui não sou eu não. Vagabundo é quem não faz nada. Eu é que não vejo ele trabalhando. Bolsonaro é co-responsável por essas mortes todas pela Covid-19.Como eu trabalho e não sou vagabundo, tenho de fato enfrentado a pandemia como guerra. E na guerra a gente enterra. Não tem cova rasa. Estamos fazendo um memorial para os que tombaram por conta do vírus”


“A pressão pública do presidente Jair Bolsonaro para a troca do superintendente da Polícia Federal do Rio de Janeiro teve início duas semanas depois que um juiz eleitoral determinou o envio, justamente para a PF do Rio, de um inquérito eleitoral contra o senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ), filho do presidente.”

“Na ocasião, o juiz determinou que a PF realizasse diligências contra o senador, como a tomada de seu depoimento. Documentos do processo obtidos pelo GLOBO mostram que a pressão na PF do Rio coincide com o avanço da investigação contra Flávio. O inquérito havia sido aberto pela Polícia Federal em junho de 2018, quando Bolsonaro nem era presidente e Flávio ainda era deputado estadual na Alerj, mas não chegou a produzir provas relevantes porque uma discussão jurídica sobre a prerrogativa de foro privilegiado travou o andamento do caso. Apenas depois que a Procuradoria-Geral da República (PGR) e a Justiça Eleitoral definiram que o processo correria na 204ª Zona Eleitoral do Rio, o inquérito voltou a andar.

Em 24 de junho de 2019, a promotora eleitoral Adriana Alemany de Araújo pediu que o processo fosse enviado à Polícia Federal para que fosse tomado o depoimento de Flávio Bolsonaro e obtidas suas declarações de rendimentos à Receita Federal. Em 2 de agosto de 2019, o juiz eleitoral Rudi Baldi Loewenkron acolheu os pedidos do Ministério Público Eleitoral, que incluíam tomar o depoimento de Flávio sobre os fatos, e determinou que o caso fosse finalmente enviado para a PF do Rio para que essas diligências fossem realizadas. No despacho, o juiz solicita que o Tribunal Regional Eleitoral do Rio fornecesse cópia dos registros de candidatura de Flávio Bolsonaro, para apurar suspeitas sobre sua evolução patrimonial, e determina que em seguida o caso seja enviado para a Polícia Federal. “Após, remetam-se os presentes autos à Delegacia de Polícia Federal. Rio de Janeiro. 2 de agosto de 2019″, escreveu o juiz. Devido à obtenção desses registros, o processo só chegou efetivamente à PF no dia 10 de setembro.”

E que escroto do caralho é o Abaraham, que sujeito ruim, vil e pequeno:

“Na reunião ministerial de 22 de abril — cuja filmagem foi recolhida pelo STF (Supremo Tribunal Federal) no inquérito que investiga as denúncias do ex-ministro Sergio Moro — , o ministro da Educação, Abraham Weintraub, disse que “odeia” a expressão “povos indígenas”, segundo fontes consultadas pela coluna. Weintraub teria dito ao presidente Jair Bolsonaro e seus colegas que repudia a expressão porque todos são “o povo brasileiro”.” [Folha]

É por essas e outras que eu odeio hino, bandeira e camisa do Brasil, se os milicos me ensinaram alguma coisa é que patriotismo é o último refúgio dos canalhas. E eu amo o Brasil, mas amo o Brasil que eles odeiam, amo o Brasil do Luiz Antônio Simas, o Brasil que não tá nos livros de história, o Brasil cantado pela Mangueira em 2019, quando éramos felizes e não sabíamos. Se bobear nem os milicos na ditadura se recusavam a falar em povos indígenas, porra, que bad trip escrota do caralho

Ah, ainda tem isso aqui:

“A reunião feita por Jair Bolsonaro com o ex-chefe da PF do Rio Carlos Henrique Oliveira, antes de ele assumir a superintendência do estado no ano passado, não apareceu na agenda do presidente. Como mostrou o Painel, a existência da conversa, fora do padrão, é mais um elemento que revela a excessiva preocupação de Bolsonaro o local.”

Adivinhe: esse foi o único superintendente com quem Bolsonaro se reuniu.

E veja você que coincidência maravilhosa:

“A pressão pública do presidente Jair Bolsonaro para a troca do superintendente da Polícia Federal do Rio de Janeiro teve início duas semanas depois que um juiz eleitoral determinou o envio, justamente para a PF do Rio, de um inquérito eleitoral contra o senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ), filho do presidente. [O Globo]

Duas semanas depois…

“Duas semanas depois do despacho do juiz eleitoral, em 15 de agosto, o presidente Jair Bolsonaro deu declarações públicas na saída do Palácio da Alvorada de que havia determinado a troca do superintendente da PF do Rio. — Todos os ministérios são passíveis de mudança. Vou mudar, por exemplo, o superintendente da Polícia Federal no Rio de Janeiro. Motivos? Gestão e produtividade — disse, na saída do Palácio da Alvorada.”

bolsonaro_fogos

Ah, e o ex-superintendente do Rio, que foi promovido pelo Bosloanro só pra cadeira do Rio convenientemente vagar, pediu pra depor de novo, ô pessoal esquecido…

“Após a primeiros depoimentos do inquérito sobre suposta tentativa de interferência política do presidente Jair Bolsonaro na Polícia Federal, foram agendadas novas oitivas para a próxima semana, uma delas com um delegado que já prestou informações na investigação. O ex-chefe da Polícia Federal do Rio e atual diretor-executivo da corporação Carlos Henrique Oliveira pediu para depor novamente e será ouvido na quarta, 20. O novo 02 da PF afirmou na quarta, 13, que a corporação fluminense mirou familiares do presidente Jair Bolsonaro. Segundo ele, o inquérito ‘era de âmbito eleitoral, e já foi relatado sem indiciamento’. O delegado também disse que a saída de Ricardo Saadi da chefia da PF no Rio não se deu por ‘questões de produtividade’, como alegado pelo presidente na primeira tentativa de trocar o superintendente da corporação fluminense, pivô das crises entre o presidente e o ex-ministro Sérgio Moro.” [Estadão]

Vai ver ele é novo na polícia e ficou nervoso na hora de depor, né…

Encerro com Bruno Boghossian e as prevaricações do Moro:

“Sergio Moro dormiu um sono tranquilo por 16 meses. Dias antes de pegar as chaves do Ministério da Justiça, o ex-juiz disse não enxergar “risco de autoritarismo” no governo de Jair Bolsonaro. Agora, ele afirma que a reunião que precedeu sua demissão contém “inquietantes declarações de tom autoritário”. O ex-ministro demorou a sair do sossego. Moro foi rotineiramente sabotado e humilhado pelo chefe desde a inauguração do mandato. Mesmo assim, agiu como advogado de Bolsonaro e acobertou até as investidas mais perigosas do chefe. Em agosto de 2019, sob pressão do presidente, Moro trocou o comando da Polícia Federal no Rio. Depois de engolir a mudança, ele espalhou a versão de que tudo era um mal-entendido. No programa Roda Viva, em janeiro, ele quis disfarçar: “Tentaram fraudulentamente colocar o presidente contra a Polícia Federal”. Àquela altura, o ex-juiz já sabia que o desejo de Bolsonaro era derrubar o diretor-geral Maurício Valeixo —o próprio Moro reconheceu isso à PF, há quase duas semanas. Ainda assim, continuou dizendo que Bolsonaro respeitava a autonomia do órgão. Os advogados de Moro afirmam que o ex-juiz foi ameaçado por não endossar a campanha para “minimizar a gravidade” do coronavírus. Em março, porém, ele ameaçou encerrar uma entrevista à Folha ao ser lembrado do comportamento irresponsável do presidente na crise. O ex-ministro também diz que se tornou alvo por não aderir aos protestos golpistas a favor do presidente. Em junho de 2019, ele festejou uma manifestação pró-Lava Jato em que houve ataques ao Supremo. Após romper com o presidente, Moro declarou ter se tornado vítima de fake news. Meses antes, ele disse ao canal de Eduardo Bolsonaro que havia “um certo exagero” em relação à máquina de mentiras governista. Auxiliar do ex-ministro, o juiz aposentado Vladimir Passos de Freitas afirmou que o colega “não tinha nem ideia” de como seria trabalhar com Bolsonaro. Depois de conhecer o chefe, Moro preferiu ficar calado” [Folha]

__/\/\/\/\/\/\__

3. Zambi, a mais nova comunista

Tão burra, mas tão burra que mentiu em depoimento:

“Carla Zambelli prestou depoimento à Polícia Federal nesta quarta-feira e negou que atuasse em nome de Jair Bolsonaro ao negociar com Sergio Moro sua permanência no Ministério da Justiça. Novas mensagens de WhatsApp reveladas pela GloboNews nesta quinta, trocadas entre a deputada e Moro, no entanto, mostram que ela mentiu ao dizer que não atuou em nome de Bolsonaro. Nas mensagens, Carla usa expressões como “a pedido do Planalto” e o “PR (presidente da República) propôs o seguinte…” para tentar convencer Moro a ficar no governo e aceitar o nome de Alexandre Ramagem para a Polícia Federal. “O PR propôs o seguinte: já que Valeixo pediu para sair, deixa o cargo vago por uns dias, vocês conversam com calma, se conhecem melhor, e decidem juntos um nome”, disse a deputada.” [Veja]

Então fica assim: ou a Zambelli emntiu para policiais e procuradores ou mentiu para policiais e procuradores.

“As mensagens também oferecem novos detalhes da história revelada pelo Radar sobre a incursão desesperada da deputada no ministério, minutos antes de Moro pedir demissão, para tentar convencê-lo a recuar. “Tô aqui no MJ, no seu andar, por favor, me dá cinco minutos, por favor, deixa eu falar com você, o Planalto que pediu”, diz a deputada. No depoimento à PF, Carla admite ter atuado em nome do ministro Luiz Eduardo Ramos (Secretaria de Governo) e do chefe da Secom, Fabio Wajngarten, para tentar evitar a saída de Moro. Numa das mensagens, Zambelli deixa claro que falou com Bolsonaro sobre Valeixo e chega a dizer a Moro que Bolsonaro “não confia” no delegado. “Ontem ele me disse que vc era desarmamentista (sic). Acho que vcs tiveram algo recente. E ele não confia no Valeixo… (sic)”, escreve Zambelli, segundo a GloboNews.”

Sim, Zambi tá dizendo que Bolsonaro não confiava no Valeixo, contrariando a tese presidencial que o epsorro era direcionado ao Heleno por conta da segurança de sua famiglia.

“No depoimento, Carla disse o seguinte sobre a mensagem acima: “Esclarece que o presidente Jair Bolsonaro não chegou a externar desconfiança om o ex-diretor-geral Maurício Valeixo”.”

E Bolsonaro já foi logo atirando na nuca da Zambi:

“No depoimento de Carla Zambelli ontem… É uma coisa que bota um ponto final nessa questão de interferência da PF [Polícia Federal]. Isso aconteceu na sexta-feira, no dia em que o senhor Sergio Moro pediu demissão. A partir das 9h da manhã, ela fica tentando contato com o senhor Sergio Moro. Ela escreve que o Valeixo pediu para sair. Ela não estava autorizada a conversar em meu nome, como ela disse. Como ele era padrinho de casamento dela, e o que eu entendi até aquele momento, o Sergio Moro era um ídolo para ela, ela tentou fazer com que o Sergio Moro ficasse no Ministério da Justiça” [UOL]

E a besta do Bolsonaro insiste em dizer que poderia ter destruído a porra duma prova!

“Quando veio à tona que o ex-ministro disse que eu estava interferindo na PF na frente de 20 ministros, eu poderia ter destruído o vídeo. Houve um pedido do ministro do STF, Celso de Mello, nós entregamos na íntegra. Da minha parte, eu autorizo a divulgar todos os 20 minutos, até para ver dentro de um contexto. O restante a gente vai brigar, a gente espera que haja sensibilidade do relator. É uma reunião nossa. A gente espera que ele acolha isso.Tem palavrão no meio? Tem, mas é a minha maneira de ser. Quem não quiser ver palavrão, não assista. Entenda que é uma reunião reservada. Vão ver lá que não existem as palavras Polícia Federal, superintendência. Eu falo de segurança, a minha vida depois da tentativa de homicídio.”

Sim, por isso ele demitiu mnistro da justiça e fez trocas na PF, cargos que não versam sobre a segurança da famiglia presidencial:

“Vocês vão ter conhecimento de tudo. E deixo bem claro que o próprio senhor Valeixo disse que a demissão foi a pedido, que não houve interferência minha na PF. E não houve mesmo”

Ele contnua insistindo que não foi a pedido, fascinante.

A melhor parte do diálogo:

“Carla Zambelli: “Ministro, como usual, vou usar de 100% de sinceridade. O Dr. Valeixo é o homem certo para dirigir a PF? A Erika Marena e o Edu Mauat sempre apontaram coisas sobre as atitudes dele na lava jato. Uma mudança agora seria muito bem vinda. Há a lista tríplice…. a Erika arrebentaria lá na DG…. Os casos da lava jato no Congresso precisam andar. Por favor, faça algo, urgente.”

Sergio Moro: “O Valeixo manteve a prisão do Lula diante da ordem ilegal de soltura do Des. la do RS. Se algo demora da LV no stf não é pela PF mas de outras pessoas.”

Carla Zambelli: “Converse olho no olho com o PR e explique tudo isso….. por favor, Ministro. Pergunte onde ele quer ajudar, abra a comunicação.”

Sergio Moro: “Já foi falado um milhão de vezes”

Carla Zambelli: “Ontem ele me disse que vc era desatmamentista. Acho que vcs tiveram alho recente. E ele não confia no Valeixo…..”

Sergio Moro: “Bem, acho que ele deveria confiar em mim”

Carla Zambelli: “Deveria…….”” [G1]

E Zamb ainda apagou mensagem na maior cara de pau:

“Na troca de mensagens entre a deputada Carla Zambelli (PSL-SP) e o então ministro da Justiça Sergio Moro para convencê-lo a ficar no cargo, a deputada disse que Bolsonaro iria “cair se o sr. sair”. Depois, segundo ela mesma, se arrependeu de ter dito isso — e apagou a mensagem antes de divulgar a conversa. A troca de mensagens completa, revelada pela TV Globo, mostra trechos que não constavam da conversa exibida por Carla à “CNN Brasil” em abril. Ao GLOBO, ela diz que o contexto da conversa “não tinha nada a ver com o inquérito em si”. — Tinha um contexto, que ele não apresentou, não entrou no depoimento. Ele vazou agora para me constranger. Para mostrar que eu apaguei. E eu apaguei porque eu me arrependi de ter escrito — diz Carla.

Moro, que é seu padrinho de casamento, não conversou com ela desde que decidiu expôr a troca de mensagens com ela no Jornal Nacional, logo após pedir demissão. Ela mandou uma mensagem para ele logo depois, mas foi bloqueada no WhatsApp. — Eu mandei mensagem para ele dizendo que era um absurdo a situação na qual ele tinha colocado o presidente, que estavam comparando a nomeação do Ramagem (diretor da Polícia Federal) com o Lula. Com a nomeação de um condenado. E aí ele leu a mensagem e me bloqueou. Não foi uma conversa.

Para ela, a situação é “muito triste”, já que se considerava amiga do ex-ministro. A íntegra da conversa entre os dois foi vazada para constrangê-la, de acordo com a deputada, por ter apagado essas mensagens de “contexto”. Zambelli ameaça vazar ela mesma mensagens que trocou com o ex-ministro “na intimidade” que tinham. — Criança, né? Carla Zambelli deseja que Moro deixe de ser criança. Vai arrumar alguma coisa para fazer. Pelo amor de Deus. Fica vazando print de conversa que não tem nada a ver com o inquérito. Está fazendo igualzinho o Verdevaldo — diz, em referência ao jornalista Glenn Greenwald, do “The Intercept”, que divulgou supostas mensagens de Moro obtidas por um hacker.” [O Globo]

E a Joyce como?!

__/\/\/\/\/\/\__

4. Ei, Mourão, vai tomar no cu

Que filho da puta do caralho é o Mourão – o texto é do Merval:

“Todos cobram do PR (presidente da República), mas ninguém busca um caminho para o entendimento”, me disse o vice-presidente da República, General Hamilton Mourão ao definir o que o levou a escrever o artigo que publicou ontem no jornal Estado de S. Paulo.” [O Globo]

‘Em resumo, não seria uma crítica, mas um convite à reflexão e ao entendimento, para todos, como resumiu um de seus assessores mais próximos.”

“Um convite à reflexão”, viado. Ameaça – mais uma ameaça de general aos poderes – virou um “Um convite à reflexão”. Que cinismo escroto…

Encerro com o Christian Edward Lynch:

“O artigo do vice-presidente publicado no Estadão faz a defesa da centralização político-administrativa e do anti-judiciarismo típicas do militarismo de Floriano, Hermes e do regime militar. Curiosamente, citando clássicos liberais americanos e brasileiros, de tendência unionista e não estadualista (Madison e Amaro Cavalcanti). Aparentemente ele defende o governo Bolsonaro. Mas por que o vice faria a defesa de um governo encalacrado e cambaleante? Ele não devia estar, ao contrário, acenando para o Congresso? E justo agora, com seus colegas tendo que passar pelo constrangimento de deporem em inquérito contra Bolsonaro! Minha aposta é a de que o vice-presidente está praticando um jogo cifrado. A lealdade dele, na verdade, não é a Bolsonaro, que sequer é citado. É aos generais conservadores do Planalto e do Alto Comando. É governista, sem ser bolsonarista.

Mourão está lhes estendendo a solidariedade política e dizendo o que eles querem ouvir: o mantra tradicional do exército como poder moderador da república e da centralização no executivo como guardião da ordem e da autoridade, garante da unidade nacional, contra as derivas judiciaristas e estadualista. Tudo isso às vésperas da divulgação do vídeo da reunião ministerial que revelar as entranhas escandalosas do governo. O movimento do general Mourão parece ir assim no sentido de dar segurança aos colegas militares, constrangidos de terem se manter leais a um governo incompetente e nepotista, de notórios arruaceiros, no caso de uma eventual mudança na Presidência. A honra militar do vice-presidente não lhe permite trair o presidente como fez o Temer. O partido de Mourão é o Exército. O que Mourão sugere — mas nunca irá admitir — é que, na hora de desembarcarem do governo Bolsonaro, se este momento chegar, desembarcarão todos juntos.

No governo dele, Mourão, os colegas de farda ficarão tranquilos, porque prevalecerá um projeto conhecido e familiar de ordem nacional, de estilo Escola Superior de Guerra. A ordem e a unidade seriam restabelecidas tendo o Executivo federal como eixo organizador. Haveria nele espaço para acordos com o congresso, mas “sem corrupção”, e para um governo “ordeiro e de autoridade”, sem o populismo insano e polarizador de Bolsonaro. Um governo nacional, encabeçado por um general, teria moral para respeitado e acatado pelo Judiciário e pelos governadores. Bom lembrar que, em declaração anterior, o vice-presidente já fez a defesa da costura de uma base parlamentar na Câmara, de base programática. Cada general-presidente com sua Arena…

Em suma, acredito que Mourão anda ultimamente acenando não para o Bolsonaro, mas para os outros generais e para o Congresso, de modo cifrado, estabelecendo as bases ideológicas e programáticas de um eventual governo dele. Menos Trump e mais Medici, menos Olavo e mais Golbery. Mourão como o verdadeiro Bonaparte do novo regime — este Bonaparte, que sempre aparece depois da “revolução” que desestabiliza e desmoraliza as instituições, como a que vivemos entre 2013-2018, e que Bolsonaro se revela incapaz de resolver. Resta saber se o Congresso vai morder a isca, e se está havendo efetivas aproximações entre ele e as lideranças da Câmara, para viabilizar a mudança lá na frente. Isso não é possível saber.” [Estadão]

__/\/\/\/\/\/\__

5. Adeus, “ministro Rubens

Não foi bom enquanto durou, mas comcecemos pelas notícias antes da saída:

“Ciente de que Nelson Teich está no limite e pode se demitir do governo por não concordar com a glorificação da cloroquina, Jair Bolsonaro decidiu mostrar ao subordinado que não depende dele para tocar seu programa no Ministério da Saúde. Bolsonaro, é notório, não gosta de se sentir desafiado por seus auxiliares e encara como afronta quando um deles — que o diga Mandetta e Sergio Moro – revela ter limites ao receber pedidos espinhosos do chefe. É o caso de Teich. Ele nem chegou direito ao governo e já enfrenta o processo de despedida vivenciado por Mandetta. Nesta semana, o presidente, irritado com a decisão de Teich de não defender a glorificação da cloroquina, chamou o general Eduardo Pazuello, número dois da Saúde, e perguntou se ele aceitaria o cargo, caso Teich saísse. Pazuello aceitou.” [Veja]

Esse demente insiste em cloroquina, esse papo antes já era esquisitíssimo, agora que todos os esduos sérios ele se mostra incapaz de fingir que nunca falou em cloroquina, é bizarramente fascinante.

“Antes de pedir exoneração do ministério da Saúde, o oncologista Nelson Teich procurou os hospitais que conduzem as principais pesquisas sobre o uso da cloroquina no combate ao coronavírus e solicitou atualizações. Ouviu de todos que não é recomendável o uso do medicamento na fase inicial da covid-19, mas apenas em casos graves, como recomenda atualmente o protocolo do Ministério da Saúde. O presidente porém, não abre mão de alterar o entendimento para que o remédio já seja oferecido no início do tratamento. Teich preferiu ficar com a ciência do que com o governo e pediu demissão, como informou o colunista Lauro Jardim..” [O Globo]

Só os milicos honrados no governo…

“O ministro da Saúde, aliás, já deu sinais a auxiliares que anda arrependido de ter topado a intervenção militar proposta por Bolsonaro na sua gestão. Teich é o chefe, mas não manda no subordinado Pazuello, que presta contas diretamente ao presidente. “Teich veio para ser o cérebro. O problema é que não avisaram o corpo (Pazuello)”, diz um auxiliar do ministro. Pode dar certo?”

Bolsonar disse o seguinte hoje:

“O protocolo deve ser mudado hoje porque o Conselho Federal de Medicina diz que pode usar desde o começo então. O médico na ponta da linha é escravo do protocolo. Se ele usa algo diferente do que está ali e o paciente tem alguma complicação ele pode ser processado” [Estadão]

Sim, ele tá sugerindo processos a médicos que não sigam o protocolo que ele tirou da bunda.

E Nelson resolveu salvar das chamas o pouco que resta de sua biografia e não deu o gostinho ao Bolsonaro:

“Nelson Teich pediu demissão a Jair Bolsonaro. O motivo, ou melhor a gota d’água, foi a decisão de Bolsonaro de mudar o protocolo de prescriçãoda cloriquina. A recomendação atualmente é que a cloroquina possa ser usada somente em casos graves. Bolsonaro insiste que o protocolo passe a indicar o medicamento também no início do tratamento. Teich não concorda. Hoje à tarde, Teich fala à imprensa para (tentar) explicar o que aconteceu. Os favoritos para a sucedê-lo são: o general Eduardo Pazuelo, que Bolsonaro impôs como o segundo de Teich; o eterno candidato Osmar Terra; e o Contra-Almirante Luiz Froes, diretor de Saúde da Marinha. Froes é quem tem, no entanto, mais chances por ser o preferido do general Braga Netto.” [O Globo]

O mais louco é que essa porra corrobora a princiál acusação ao Boslonaro, que só quer ao seu lado subornidados submissos:

“A saída de Nelson Teich do Ministério da Saúde com menos de um mês no cargo confirma que Jair Bolsonaro (sem partido) busca um nome submisso e que atenda as convicções pessoais do presidente em vez de priorizar a ciência, avaliam parlamentares. Teich, na prática, estava afastado de decisões que interferem em recomendações da Saúde. Não sabia, por exemplo, que Bolsonaro havia decido aumentar a lista de atividades essenciais e incluir salões de beleza, academias e barbearias.” [Folha]

Ah, essa excelente Thread, dica do Natan Cunha, relaciona a saída do Teich à MP que impede que agentes públicos sejam condenados. Sabe como ´,e um certo presidente obrigou o Exército a produzir milhões de comprimidos de cloroquina que estão estocados, o que é uma baita brecha jurídica. Clique para ler o fio completo, faz muito sentido:

Isso explica porque do nada Bolsonaro voltou a falar em cloroquina.

E o Mandetta que foi entrevistado na CNN gringa e mandou um delicioso “corona trip” pra definir a esquete dos Trapalhões que foi a viagem da comitiva presidencial a um país com centenas de casos.

“O que eu sei é logo depois que ele fez uma viagem aos EUA, na qual todos eles jantaram com o presidente e o cara da comunicação voltou no avião com a doença. Das pessoas que viajaram com ele, 17 testaram positivo até 15 dias depois que ele chegou. Essa viagem foi uma viagem do coronavírus” [Fórum]

“A história dirá quem estava certo e quem estava errado. Eu acho que os números falam por si. Infelizmente, ele é um dos poucos líderes mundiais que continua com esse posicionamento que a economia deve voltar a qualquer custo e que a perda de empregos será pior e que as pessoas deveriam se preocupar em como manter a economia ativa. Então é bem difícil dizer às pessoas que devemos que deixar a doença seguir seu curso natural e não nos expormos. O Trump ao menos voltou atrás”

Essa menção ao Trump deve sangrar Bolsonaro, folgo em saber.

“Fabricante do antiviral remdesivir, que apresentou resultados moderadamente positivos no tratamento contra a Covid-19, o laboratório americano Gilead abriu mão da patente sobre o medicamento para facilitar seu acesso em 127 países. O Brasil, porém, foi excluído da lista. Em comunicado divulgado na terça-feira (12), a empresa disse que assinou acordos de licenciamento voluntário com cinco companhias farmacêuticas especializadas na produção de genéricos, todas com sede na Índia ou no Paquistão. “Pelo acordo de licenciamento, as empresas têm direito de receber transferência de tecnologia do processo de manufatura do remdesivir para que a produção possa escalar mais rapidamente”, afirmou a Gilead no comunicado. As empresas que assinaram o acordo com o laboratório são Cipla, Ferozsons, Hetero, Jubilant e Mylan. Elas poderão fixar o preço do produto genérico para venda nos países em que atuarem, a maioria nações pobres de América Latina, Ásia e África. A lista também inclui alguns países de renda média, potências regionais e Estados emergentes, como África do Sul, Egito, Nigéria, Índia, Indonésia, Paquistão, Tailândia e Ucrânia. Países ricos ficaram de fora. Na América do Sul, apenas Guiana e Suriname foram incluídos. O laboratório afirmou à Folha que a decisão sobre os países contemplados pelo licenciamento voluntário foi baseada na lista do Banco Mundial que define países de baixa e média renda, “com a inclusão de algumas exceções”. Não houve explicação específica da razão pela qual o Brasil ficou de fora.” [Folha]

Encewrro com a última do Osmar Terra, diretamete do século 18.

“Após escrever nas redes sociais sobre o que chamou de “imbecil convicto”, definido como aquele que errou tudo o que previu sobre a pandemia e continua afirmando estar certo, o deputado Alceu Moreira (MDB-RS) recebeu longa carta do colega de partido, Osmar Terra, que o acusou de estupidez e grosseria. “A agressão gratuita em rede de internet não é e nunca será a forma de tratar de um tema dessa magnitude, nem de discordar de um companheiro de partido, com uma longa folha de serviços prestados à sociedade gaúcha e brasileira, da qual muito me orgulho”, escreveu Terra na carta. O deputado pediu respeito e escreveu que Moreira não está tratando com “inimigo, adversário político, traidor ou mesmo um moleque”. Engano Moreira afirma ao Painel, no entanto, que Terra não era o alvo do tuíte. “Estava falando das pessoas que fazem previsões, mencionam estudos, que depois não se comprovam e confundem a população. Não era sobre o Osmar Terra, de quem sou amigo”. Ele diz que sentará com o também deputado para aparar as arestas. Terra confirmou ao Painel ter enviado a carta, mas não quis comentá-la. “É autoexplicativa”, disse.” [Folha]

__/\/\/\/\/\/\__

6. Maia

E essa alegria do Boslonaro?! E essa insistência em apertar a porra da mão?! E esse abraço?! Fose o Maia estaria com medo de Bolsoanro esfaquear por trás.

“Vida sofrida essa dos seguidores de Jair Bolsonaro. Passaram dias debaixo de sol e chuva defendendo a queda de Rodrigo Maia, sua prisão e o que mais de ruim o destino puder reservar a um “inimigo da pátria”. Tudo para defender Bolsonaro, o presidente do povo, que não se verga à velha política. Aí o presidente decide virar amigo do centrão. Como Lula, começa a colocar dentro do governo os cupinchas de Roberto Jefferson, Valdemar Costa Neto, Paulinho da Força, Arthur Lira, Ciro Nogueira… O bolsonarista sente que algo está errado, mas se agarra então no ataque ao grande inimigo na presidência da Câmara. Os deputados bolsonaristas aloprados fazem vigílias, faixas, protestos, jornadas de hashtags com robôs nas redes… Tudo para Bolsonaro terminar nesta quinta dando um abração de companheiro em Maia no Palácio do Planalto. É dura a vida do bolsonarista. Coitado do Carluxo.” [Veja]

Do Ascânio Seleme:

“Atender um convite para um café do presidente, tudo bem. Poderia até agradecer e enrolar, mas aceitar demonstra boa educação. E, depois, como se viu, foi uma emboscada difícil de escapar. Agora, sair e dar uma entrevista como se estivesse tudo normal é um pouco demais. Rodrigo Maia deixou o gabinete de Bolsonaro falando em construir os caminhos para o Brasil sair da crise. Falou em diálogo, de reformas e do Enem, como se o interlocutor que o recebeu momentos antes fosse dado a debater qualquer coisa. Maia tem memória curtíssima. Esqueceu o apoio de Bolsonaro aos milicianos que pregam intervenção militar, fechamento do Supremo e do Congresso e a prisão dele e de seu colega Davi Alcolumbre. Disse que seu papel é o de construir pontes. Só se forem pontes para o abismo. Mesmo tendo sido objeto de uma armadilha, ele não podia ter facilitado tanto as coisas para Bolsonaro. Rodrigo Maia está perdendo o seu protagonismo e se sente de certa forma enfraquecido. Por isso falou ao sair do gabinete. Devia ter ficado calado, ou denunciado a emboscada. E Bolsonaro jogou bem politicamente. Ele engessou o presidente da Câmara, que é o único com poder de aceitar e dar encaminhamento a qualquer pedido de impeachment do presidente da República. Se conseguir segurar Maia por mais uns dois meses, ganha tempo importante para tentar construir junto com o Centrão uma nova liderança parlamentar capaz de pulverizar o protagonismo de Rodrigo Maia e alicerçar uma candidatura para a sua substituição na presidência da Câmara. Ingênuo, Maia perdeu pontos importantes. Bolsonaro ganhou essa.” [O Globo]

__/\/\/\/\/\/\__

7. Zona palaciana

“Esta quinta (14) foi considerada por políticos o exemplo perfeito do desnorteio do governo. Jair Bolsonaro acenou a governadores para, depois, atacá-los. Falou mal de Rodrigo Maia (DEM-RJ) e, em seguida, disse que voltou a namorá-lo. Teve tempo de encolher ainda mais seu ministro da Saúde e dizer que vai, de novo, atropelar seu Posto Ipiranga. Por fim, veio à tona parte do que afirmou na reunião de 22 de abril. Proteção à família e a amigos. Vou interferir. Ponto final. Outro sinal de descoordenação nesta quinta (14) foi a edição da medida provisória 966. Para opositores, foi uma demonstração de que a preocupação do presidente é com questões pessoais. Enquanto vem cobrando da PF medidas contra desvios durante a pandemia, edita MP que, na prática, dá “salvo-conduto” a agentes públicos.” [Folha]

Paso para o Simas:

“Dizer que o governo é a Casa da Mãe Joana é sacanagem com Joana I, Rainha de Nápoles, que organizou no séc. XIV os bordéis de Avignon. A área do randevu ficou conhecida em português como Paço da Mãe Joana. A coisa era boa, com sarau de poesia, vinhos de boas pipas, acepipes e música de câmara. A Mãe Joana não era mole. Fugiu de Nápoles acusada de conspiração no assassinato do marido, virou dona de uma casa de amores urgentes na França e foi assassinada por um sobrinho. Mas o paço com os lupanares, um complexo de puteiros, que ela criou era organizadíssimo, ao contrário do governo do pai jair (o minúsculo).” [Facebook]

O úncio final possível para esse tópico:

__/\/\/\/\/\/\__

8. Cabeça do Abraham a prêmio

E a proeza cabe ao… Centrão!

“Integrantes do Centrão discutiram na manhã dessa quinta a participação do grupo no governo. Apesar do avanço do inquérito contra Jair Bolsonaro, seguem firmes no propósito de ocupar espaço na Esplanada. O quase tema único da reunião foi a resistência do ministro Abraham Weintraub (Educação) em entregar o polpudo FNDE a um indicado do Centrão. Todos estavam muito irritados. O ministro sequer os têm recebido. E, como estão com acesso direto ao terceiro andar do Planalto, vão pedir a cabeça do ministro a Bolsonaro. A tal história de que o preço do Centrão, agora, está mais caro.” [Veja]

Que plot twist, hein, Brasil?!

“A resistência de ministros em cumprir a ordem do presidente Jair Bolsonaro de entregar cargos de segundo e terceiro escalões para os partidos do chamado centrão tem atrasado as nomeações de indicados pelas siglas e gera insatisfação de dirigentes partidários. O trato firmado pelo Palácio do Planalto era para que a maioria das indicações fosse publicada nesta semana no Diário Oficial da União. O prazo dado por auxiliares de Bolsonaro para que os nomes passassem por pente-fino para verificar antecedentes já teria terminado. Até o momento, no entanto, a maior parte não foi efetivada. Isso aumentou a desconfiança se, de fato, o presidente cumprirá o prometido. O maior incômodo com a orientação do presidente tem sido manifestada por ministros do núcleo ideológico e da equipe econômica. Em conversas reservadas, a principal crítica é a de que Bolsonaro tem contrariado seu discurso de campanha e colocado em risco o apoio de parcela do seu eleitorado. Segundo líderes do centrão, o ministro Abraham Weintraub (Educação) é um deles.” [Folha]

Abraham tentou dar um jeito e ofendeu o Braga Netto duma forma estupenda:

“Chegou a congressistas o relato de que ele teria ficado tão contrariado com a obrigação de ceder a presidência e a diretoria do FNDE (Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação) que sugeriu ao ministro Walter Braga Netto (Casa Civil) que assumisse o órgão em sua pasta. Braga Netto, no entanto, teria recusado a oferta.”

Caralho, Abahram pegou aquele catarro verde-musgo e espesso e cuspiu no olho do general! Imagine, “general, você quer ser meu subordinado?!”, só dele pensar em dizer isso pro general mostra o quão retardado ele é.

“Sob a ameaça de ser exonerado, Weintraub cedeu —Bolsonaro avisou que suas indicações deverão ser respeitadas sob pena de demissão. Segundo relatos, porém, o ministro disse que criaria critérios de gestão e governança no órgão federal. A presidência do FNDE foi prometida ao Progressistas. Já as diretorias do fundo serão divididas entre PL e Republicanos, por exemplo. Os nomes já foram enviados.​ O ministro Paulo Guedes (Economia) é outro que se incomodou com a orientação de Bolsonaro. Ele embarreirou algumas sugestões para o Banco do Nordeste, segundo congressistas e integrantes do governo. O órgão está prometido para o PL, de Waldemar Costa Neto. Além dos dois, segundo relatos de assessores presidenciais, os ministros Onyx Lorenzoni (Cidadania) e Ernesto Araújo (Relações Exteriores) também teriam se incomodado com o loteamento partidário da máquina pública.”

Já os milicos não criam resistência alguma, é honra pra caralho, hein?!

“Em um contraponto, o núcleo militar não tem demonstrado resistência à tentativa do presidente de formar uma base aliada, mesmo se aliando ao que ele mesmo já chamou de “velha política”. A avaliação é a de que chegou a hora de Bolsonaro mudar a retórica e formar uma base aliada para conseguir aprovar medidas de impacto econômico.”

E que vídeo maravilhoso:

__/\/\/\/\/\/\__

9. O recuo do recuo do recuo

“O presidente Jair Bolsonaro disse na noite desta quinta-feira (14) que deverá fazer uma videoconferência com governadores para tratar do projeto de socorro aos estados aprovado pelo Congresso e só depois decidirá se vetará ou não trecho da proposta que permite reajuste salarial a categorias do funcionalismo. Bolsonaro conversou sobre o texto que destina auxílio financeiro aos gestores dos estados em reunião nesta quinta-feira (14) com o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ). “Ficou pré-acertado que [ele] pretende, juntamente comigo, fazermos uma vídeoconferência com os governadores de todo o Brasil e aí sair um compromisso no tocante a possível veto ou não de artigos desse projeto”, explicou o presidente em entrevista na frente do Palácio da Alvorada. Bolsonaro disse que “talvez” o encontro virtual com os governadores ocorra na semana que vem. A ideia da reunião, disse o presidente, é de Maia. Na segunda (11), Bolsonaro havia dito que decidira até esta quarta-feira (13) a respeito do veto e afirmou atenderia “100%” o ministro Paulo Guedes (Economia), o que mostra uma mudança no discurso desta quinta (14).” [Folha]

O Guede deve estar enlouquecido, folgo em saber.

“Pressionado pelos líderes do Senado, o presidente da Casa, Davi Alcolumbre (DEM-AP) suspendeu as votações dos projetos marcadas para esta quinta-feira (14) para cobrar de Jair Bolsonaro um posicionamento sobre matérias já aprovadas na Casa. Entre os projetos que tiveram votação adiada está o que prevê congelamento nos preços de medicamentos e planos de saúde durante a pandemia e o que limita em 20% os juros de cheque especial e de cartão de crédito no mesmo período. Validador do voto dos parlamentares no projeto de ajuda financeira a estados e municípios durante a pandemia causada pelo novo coronavírus, o presidente do Senado tem sido alvo de cobranças devido à morosidade do governo quanto à sanção da medida, que está parada no Palácio do Planalto desde o último dia 6. Embora não tenha se reunido pessoalmente com Bolsonaro nesta quinta-feira, Davi antecipou a aliados que a expectativa é que o presidente da República possa sancionar a medida ainda nesta sexta-feira (15). Se o ato se concretizar, o repasse da primeira parcela da ajuda aos entes federados poderia estar nas contas ainda na próxima semana.”

E Bolsonaro já deu aumento aos policiais e milicos, claro:

“É mais que um gesto à base eleitoral. O projeto do presidente Jair Bolsonaro que autoriza reajuste dos salários dos policiais civis e militares e bombeiros de Brasília, aprovado na última quarta-feira pelo Congresso, tem potencial para aumentar a pressão sobre os governadores por abertura de negociações com seus agentes de segurança. O momento de melhorar o contracheque das polícias da capital federal, que têm os salários bancados pela União, não poderia ser mais dramático. Em tempo de crise econômica e pandemia, os Estados se veem diante do risco de uma nova onda de motins. Com o reajuste de até 25%, um soldado do Distrito Federal deverá ter, no início da carreira, um soldo de R$ 6.556, incluindo os penduricalhos. De longe, é o mais alto salário do País.” [Estadão]

6 contos de largada, viado!

“Policiais militares cearenses e capixabas promoveram motins que resultaram em caos social e questionamentos de medidas de equilíbrio orçamentário. O governo do Ceará propôs um salário de R$ 4.500 em 2022. Não agradou. No Espírito Santo, o policial militar recebe inicialmente R$ 3.771, incluindo auxílio alimentação e gratificação especial. Lá, a mágoa dos agentes está latente desde a paralisação de 2017, quando a categoria ficou quase um mês de braços cruzados sem conseguir melhorar o salário. Uma anistia a mais de mil participantes do motim acalmou os ânimos. Bolsonaro tem sido um bom cumpridor de promessas de campanha para os militares. Essa característica ganha ainda mais relevo na atual situação de cofres públicos vazios. Na reforma da Previdência, ele tirou as Forças Armadas da sangria. Ainda negociou regras mais brandas para agentes das polícias e carreiras federais da segurança pública.

Na Venezuela, o chavismo se expandiu com uma militarização descontrolada, sustentada por compras milionárias de equipamentos e armas da Rússia, parcerias com ditaduras, uma inflação de mais de mil oficiais-generais – no Brasil são 303 -, o fortalecimento da Guarda Nacional e medidas para adequar grupos milicianos e paramilitares à estrutura do Estado. Sem petrodólares, o protótipo brasileiro do chavismo se alimenta de ações menos robustas, como o loteamento do governo a oficiais da reserva e os discursos voltados às bases dos quartéis. No momento de queda de popularidade, Bolsonaro tenta evitar uma debandada dos policiais do projeto de poder que tem construído. A curto prazo, o agrado aos agentes de segurança é mais um puxão do presidente no jogo de cabo de guerra com os governadores.”

__/\/\/\/\/\/\__

10. Exames

Os hackers estão de parabéns:

“Um grupo de hackers identificados no Twitter como DigitalSp4ce afirma ter invadido sistemas do Hospital das Forças Armadas (HFA), mas não encontrado vestígios de que o Presidente da República Jair Bolsonaro tenha feito qualquer coleta de sangue para ser testado para a covid-19, doença provocada pelo novo coronavírus (Sars-CoV-2). Em contato com o TecMundo, um dos representantes afirmou ter buscado o nome do presidente, bem como alguns de seus supostos pseudônimos, na base de dados do hospital e não obtido resultados. O grupo acredita, portanto, que Bolsonaro não fez nenhum teste para a doença no HFA. Em consequência disso, o laudo entregue ao Supremo Tribunal Federal (STF) e divulgado nesta quinta-feira (14) seria falso, segundo eles. Ao invadirem o sistema do HFA, os hackers teriam encontrado vários registros de atendimentos ao presidente da República no hospital em Brasília (DF), mas sua última visita teria sido em janeiro, sendo que o primeiro exame feito por ele dataria de 12 de março. Uma segunda coleta teria sido feita em 17 de março.” [Tecmundo]

A melhor parte vem agora:

“Ao mostrar o resultado com o nome falso no exame de Covid-19, presidente Jair Bolsonaro, ou Airton Guedes em 12/03/2020 para o Sabin Medicina Diagnóstica, Unidade do Hospital das Forças Armadas, ou Rafael Augusto Alves da Costa Ferraz, em 17/03/2020 para o Sabin, Unidade SAAN, cometeu delito.

Os três têm o mesmo CPF (453.178.287-91) e RG (3.032.827 SSP/DF).

O verdadeiro Rafael Augusto Alves da Costa Ferraz tem 16 anos e mora no Distrito Federal. O Sabin disse que recebeu os codinomes do hospital. Pela ficha do laboratório, ele teria nascido em 21/03/1955. A mesma data que o presidente.

Ele é filho de uma major que frequenta o hospital.

Artigo 299 do Código Penal Brasileiro:

“Omitir, em documento público ou particular, declaração que dele devia constar, ou nele inserir ou fazer inserir declaração falsa ou diversa da que devia ser escrita, com o fim de prejudicar direito, criar obrigação ou alterar a verdade sobre fato juridicamente relevante.”

É tipificado pelo popular crime de falsidade ideológica. Torna-se delito se a declaração num documento verdadeiro, como um laudo médico, sobre fato juridicamente relevante.” [Estadão]

“A informação de que uma autoridade pública, o presidente, tem uma infecção contagiosa, que se transmite pelo ar, realiza encontros públicos sem a devida precaução, não é juridicamente relevante? Para o cidadão comum, a lei prevê duas penas distintas: Reclusão de um a cinco anos e multa, se o documento objeto da fraude é público. Reclusão de um a três anos e multa, se o documento for particular. Mas há um detalhe: “Parágrafo único. Se o agente é funcionário público, e comete o crime prevalecendo-se do cargo, ou se a falsificação ou alteração é de assentamento de registro civil, aumenta-se a pena de sexta parte”. Quem faz a denúncia?”

Alô, PGR:

__/\/\/\/\/\/\__

11. Dólar foi pra casa do caralho

Que texto espantoso:

“Mesmo quem acha que o Brasil esteja à beira do precipício não consegue explicar tamanho desabamento do real diante do dólar dos Estados Unidos. Apenas em 2020 (até esta quinta-feira), a desvalorização da moeda nacional foi de 45,1%, de longe a maior dentre as moedas dos países em desenvolvimento. Até mesmo o peso da Argentina, que acaba de passar mais um calote da sua dívida, afundou menos do que real, ou 12,8%, como está na tabela..” [Estadão]

A Argentina, viado, a Argentina, em plena – e permanente – crise com os credores, sem reserva internaiconal, que desgraça, que proeza do caralho!

“Em geral, uma moeda se desvaloriza nessas proporções quando o país que a emite está quebrado nas suas contas externas e, assim, cria para investidores e empresas a percepção de que não terá dólares suficientes para honrar seus compromissos no exterior. Mas, desta vez, não é o que acontece com o Brasil. As contas correntes, onde são contabilizadas entradas e saídas de moeda estrangeira no comércio, nos serviços e nas transferências unilaterais (menos fluxo de capitais), vinham tendo um déficit da ordem de 2,8% do PIB, de fácil cobertura. É mais provável agora que esse rombo seja zerado ou fique perto disso, pela redução de importações e de viagens ao exterior e pelo forte aumento das exportações. Uma explicação foca o tombo dos juros internos. Como as aplicações financeiras no Brasil, descontada a inflação, passaram a render quase nada, deixou de valer a pena trazer dólares para aplicar no mercado financeiro interno e ganhar com a diferença de juros. Mas essa operação de arbitragem (carry trade) deixou de valer a pena porque, tanto aqui como lá fora, os juros são negativos ou quase, e ainda é preciso correr o risco do câmbio.

A única explicação que sobra para essa sofreguidão pela busca de moeda estrangeira é a forte deterioração da vida pública brasileira. A política propriamente dita é uma barafunda. Ninguém se entende, o governo não sabe o que quer, nem mesmo o novo ministro da Saúde consegue sintonia com o presidente sobre a melhor maneira de enfrentar a pandemia. Os políticos do Centrão se aproveitam da desordem para cobrar o que bem entendem em troca de apoio duvidoso e provisório. A economia está à beira da calamidade, se já não está no meio dela. Ninguém sabe hoje para onde vão as contas públicas. A percepção prevalecente é a de que afundam. O Congresso vai autorizando “orçamentos de guerra”, sem olhar para o interesse público. E as reformas, que antes da pandemia deveriam ajudar a pôr a casa em ordem, estão engavetadas. A economia real vai desmaiando. Não é que a indústria esteja parada; está andando para trás. O setor de serviços, que corresponde a 73% do PIB, mantém grande número de seus segmentos a portas fechadas. Se não começou, a quebradeira está para começar. Ninguém sabe para onde vai o desemprego, renda e consumo despencaram. É cada vez maior a probabilidade de que o mergulho do PIB neste semestre será medido por dois algarismos. Enfim, o único fator que consegue explicar o tombo do real diante do dólar é a perda de confiança. Nada indica melhoras a caminho.”

Eu, ridiculamente oitimista, chutei -8% lá atrás.

__/\/\/\/\/\/\__

12. Mais uma MP no lixo

“O presidente Jair Bolsonaro provocou forte reação negativa ao editar nesta quinta-feira (14) uma medida provisória que protege agentes públicos de responsabilização por atos tomados durante a crise do novo coronavírus. A medida provisória gerou questionamentos em setores do Judiciário e do Congresso. Partidos de oposição e entidades decidiram contestá-la no Supremo —e parlamentares acusam Bolsonaro de querer se eximir de responsabilidades na atual crise. Ministros do STF ouvidos em caráter reservado pela Folha consideraram a MP vaga e inconstitucional.” [Folha]

Que diabos seria “erro grosseiro”? Quem definiria “erro grosseiro”?!

“Segundo relataram interlocutores à Folha, desde o início da crise da Covid-19 existe preocupação entre técnicos do governo sobre possíveis responsabilizações por medidas tomadas na pandemia. Eles argumentam, por exemplo, que o sistema de compras públicas teve de ser modificado e que é preciso algum tipo de proteção para processos de caráter emergencial. Guedes falou sobre a MP em teleconferência de Bolsonaro com o presidente da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), Paulo Skaf, e grandes empresários.”

E Bolsonaro finge que não é com ele:

“Questionado sobre a MP na manhã desta quinta, Bolsonaro se limitou a dizer, sem dar detalhes: “Vou ver isso aí quando chegar lá [no Palácio do Planalto] agora”. No início da noite, afirmou que o Congresso vai aprimorar o texto e que a ideia foi do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto.”

__/\/\/\/\/\/\__

13. R$ 600

Do Bruno Boghossian:

“No início do mês, Jair Bolsonaro declarou que o país só não tinha ondas de “saques e violência” graças ao pagamento dos R$ 600 do auxílio emergencial. Sem querer, o presidente denunciou a perversidade do próprio governo. Milhões de brasileiros que perderam renda com a crise esperam há mais de 15 dias pela segunda parcela do benefício. Enquanto o governo atrasa a transferência do dinheiro, Bolsonaro faz propaganda do caos. Na conversa que teve com empresários nesta quinta (14), ele disse prever “saque a supermercados, desobediência civil”. Ainda completou: “Não adianta querer convocar as Forças Armadas”. Por desinteresse ou incompetência, o presidente abre mão de comandar a aplicação das medidas emergenciais contra os efeitos da pandemia. Longe disso, prefere explorar a pressão econômica sobre os miseráveis para se proteger politicamente e atacar seus adversários.

Na reunião com os associados da Fiesp, Bolsonaro pediu ajuda dos ricos nessa missão. Como se patrocinasse a formação de uma milícia, disse aos empresários que eles deveriam “jogar pesado” com governadores que implantaram medidas de isolamento. “Jogar pesado, porque a questão é séria, é guerra”, disse, antes de citar a ameaça de desordem. Em sua cruzada, o presidente se contenta em dizer apenas o óbvio: “As pessoas, não tendo renda, não vão ter o que comer em casa”. Ele ignora o fato de que o governo gerencia, aos trancos, um programa de assistência muitas vezes maior do que o Bolsa Família, justamente para evitar que isso aconteça. Bolsonaro finge desconhecer que o isolamento não é um fim em si mesmo, mas uma maneira de ganhar tempo até que o país desenvolva uma estratégia para retomar suas atividades com segurança. O presidente não apresenta nada disso. Limita-se a fazer uma campanha claudicante pelo tal “isolamento vertical” e a fazer campanha da cloroquina como droga milagrosa, só para tumultuar o debate. O único plano de Bolsonaro é a guerra e o caos.” [Folha]

__/\/\/\/\/\/\__

14. Diplomacia olavista

O Barão do Rio Branco deve ter cansado de puxar o pé do Ernesto.

“Na gestão do chanceler Ernesto Araújo, diplomatas e professores de Relações Internacionais foram trocados por palestrantes cujo traço em comum é serem seguidores e alunos de Olavo de Carvalho. Blogueiros, militantes e colunistas pró-governo federal, fundamentalistas religiosos e teóricos da conspiração, quase todos sem nenhuma atuação anterior na área diplomática ou internacional, têm promovido ideias anticientíficas e de teor doutrinário e ideológico em seminários na Fundação Alexandre de Gusmão (Funag), órgão de pesquisa e divulgação do Itamaraty. As conferências, que começaram no ano passado, ganharam um fôlego renovado durante a pandemia de Covid-19. Alta consensualidade, paranoia, especulações desprovidas de evidências e pouco-caso com parâmetros científicos são marcas dos debates patrocinados pelo Ministério das Relações Exteriores durante o surto, que não contam com a presença de embaixadores ou de professores de Relações Internacionais. Nos dois debates já realizados em torno do tema “A conjuntura internacional no pós-coronavírus”, nesta semana e na anterior, houve quem comparasse o uso de máscaras aos gulags de Stalin, quem dissesse que críticos de Ernesto Araújo o são por “uma questão psicológica e espiritual” e quem descrevesse o ex-presidente americano Barack Obama como um “radical de extrema esquerda”.” [O Globo]

Obama radical de extrema-esquerda, viado, o Obama, porra!

“Nem todos os palestrantes são caricaturescos, e nem todos os temas e intervenções são necessariamente disparatados. Na primeira conferência, o jornalista Leonardo Coutinho, que por 17 anos foi da revista Veja e hoje trabalha em um think tank em Washington, fez uma exposição ao mesmo tempo ponderada, pertinente e conservadora, questionando limitações e incongruências do multilateralismo. Foi dele que partiu, salvo engano, o único vestígio de questionamento à atuação do governo brasileiro durante a pandemia: — Organismos multilaterais não são poços de virtudes, imunes a interesses políticos ou infalíveis. Mas isto não nos exime da necessidade de tomar nossas próprias decisões. Erramos ao não pensarmos autonomamente, ao não ter a coragem de tomar decisões antecipadamente — afirmou.

Por outro lado, em todas as exposições, não foi enfatizada uma só vez que acontece no mundo uma pandemia real, de uma nova doença altamente infecciosa e letal, que, caso não seja enfrentada com medidas de distanciamento social, provocará o sobrecarregamento de hospitais e milhões de mortes. Pelo contrário, seria possível assistir aos debates e concluir que a Covid-19 é imaginária. À exceção de Coutinho, todos os oradores são ligados a Olavo de Carvalho e escrevem na internet. O ideólogo do governo insistentemente nega que haja perigos reais no novo coronavírus, tendo afirmado há apenas três dias que  “o medo de um suposto vírus mortífero não passa de historinha de terror para acovardar a população”.”

O imbecil do Ruschel foi um dos convidados, coitado do Itamaraty, que já teve figuras como Guimarães Rosa – e se você não leu Guimarães você tá errado pra caralho!

“Os discípulos de Olavo não chegaram tão longe na Funag, mas passaram perto nas teorias da conspiração: o youtuber e tuiteiro Leandro Ruschel começou relacionando a pandemia às “elites que buscam manipular a opinião pública” e “não fazem isso de forma tênue, mas através do conflito”; o português José Carlos Sepúlveda, oriundo da Tradição, Família e Propriedade (TFP), relacionou a ascensão do trabalho remoto ao “velho hábito da esquerda de dizer que é preciso mudar o homem todo, e inclusive de misturar o lazer com o trabalho”.”

TFP, porra!

“De gravata borboleta, Evandro Pontes, ex-professor de direito comercial convertido em polemista reacionário, disse que “os países que têm sofrido confinamento viviam renascimento conservador, como Israel, Itália e Espanha”, enquanto não se “ouve falar em confinamento em Argentina, Cuba e México”. Os dois países europeus têm governos de centro-esquerda e já reabriram suas economias, assim como Israel, governado pela direita, enquanto os latino-americanos mantêm seus isolamentos. Estes e comentários análogos foram feitos sob o beneplácito e os elogios de Roberto Goidanich, ministro de segunda classe do MRE (nível hierárquico uma etapa antes do de  embaixador) que foi promovido a presidente da Funag em março do ano passado e atuou como moderador.

Sob sua gestão, ainda no ano passado, diplomatas e professores de Relações Internacionais tornaram-se personas non-gratas na Funag, que, aos poucos, se converte em um centro de estudos da obra de Olavo de Carvalho. No ano passado, aconteceram mais de 10 outras palestras como as sobre a Covid-19, sempre em mesas sem estudiosos que de fato atuam em âmbito internacional para fazer contrapontos. A prática contrasta fortemente com a tradição da fundação, criada em 1971, seja em governos de esquerda ou direita. Tradicionalmente, seus presidentes eram embaixadores em final de carreira, como Jerônimo Moscardo, que foi secretário pessoal do ex-presidente Castelo Branco, e, mesmo conservador, presidiu a instituição durante o governo de Luiz Inácio Lula da Silva, assim como Gilberto Saboia, também conservador e presidente em 2011 e 2012.”

A resposta do Itamaraty:

“Procurado, o Itamaraty respondeu que os debatedores não foram pagos e que “todos os palestrantes dos seminários são pessoas reconhecidamente bem informadas e capacitadas”

Encerro com Ruy Castro:

“Já viajei muito por aí e, em todos os países em que estive, senti que, ao ouvir a palavra “brasileiro”, as pessoas reagiam com encantamento, prazer e até inveja. Era, talvez, um eco de Carmen Miranda, Copacabana, Pelé, o Carnaval, “Garota de Ipanema”, símbolos históricos de um país musical, colorido e ensolarado. Claro que, mais a par da realidade, eu estranhava tanta aprovação. Ela ignorava nossas mazelas, como a ditadura, a tortura, a violência, a corrupção, a miséria. Mas era como se, mesmo que soubessem, não fosse da conta deles. Agora, pela primeira vez, o que se passa aqui dentro ficou da conta do mundo. O Brasil está sendo visto como uma bomba prestes a explodir e despejar o coronavírus por toda parte. Nossos vizinhos na América do Sul estão alarmados —cada metro de fronteira, em qualquer dos sentidos, pode levar à morte de seus nacionais.

Claro que isso não deve preocupar o governo brasileiro. Mas talvez preocupe o dos países para os quais nos sentamos nas patas traseiras e arfamos, e eles tomem certas providências. Brevemente seremos proibidos de entrar nos países da União Europeia. Eles não querem se arriscar a admitir oriundos de uma população em que cada indivíduo pode contaminar outros dois com a Covid-19. Para isso, baseiam-se não só nos nossos números, que não demoram a ultrapassar mil mortos por dia e disparar, como na indiferença com que isso é tratado pelos supostos responsáveis. Aos olhos internacionais, o Brasil tornou-se uma piada sinistra —um país em que fazer as unhas é uma atividade essencial, o ministro da Saúde é um cadáver ambulante e o presidente é um tresloucado que usa máscara cenográfica, humilha seus médicos e enfermeiros e estimula os humildes a sair às ruas para morrer. ​E, assim como não poderemos sair desse manicômio, ninguém de fora será louco de vir aqui ou pôr dinheiro nele.” [Folha]

__/\/\/\/\/\/\__

15. Salles e Ernesto estão de parabéns

Hora da colheita:

“Na Noruega, o maior fundo soberano do mundo exclui a Vale e Eletrobras de seus investimentos, por conta de violações de direitos humanos e a falta de compromisso com a proteção do meio ambiente. O anúncio foi feito nesta quarta-feira, pelo Norges Bank, instituição que administra o fundo em Oslo. Com US$ 1 trilhão e recursos alimentados principalmente com a renda do petróleo, o Fundo de Pensão do Governo na Noruega suspendeu ações em um total de sete empresas pelo mundo. O veto também serve de sinalização ao mercado. Uma das empresas afetadas foi a Vale, depois de uma avaliação do risco que a empresa representa para “danos ambientais graves”. “Foi recomendado que a Vale fosse excluída em decorrência de repetidas rupturas de barragens”, explicou a entidade, num comunicado.

Famílias de vítimas de Brumadinho e Mariana chegaram a fazer apelos nessa direção, justamente para conseguir aumentar a pressão internacional sobre a empresa brasileira. Para explicar a decisão, o Conselho de Ética do Fundo emitiu um comunicado indicando para os casos de Mariana e Brumadinho. “O incidente (de Mariana) causou a morte de 19 pessoas e teve sérias conseqüências ambientais. O relatório de um inquérito encomendado pela BHP Billiton apontou graves falhas na barragem. Os defeitos eram de natureza tal que tornava provável que a empresa tivesse conhecimento deles”, apontou o Conselho de Ética, na Noruega. O Conselho de Ética emitiu sua recomendação em 12 de junho de 2019. O Norge Bank anunciou sua decisão de excluir a empresa do investimento em 12 de maio de 2020. A demora em tomar a decisão ocorre, em alguns casos, para que haja tempo suficiente para que o fundo possa vender sua participação ou retirar eventuais investimentos em ações e outros ativos.

A diretoria executiva do Norges Bank também decidiu pela exclusão da empresa Centrais Elétricas Brasileiras S.A. (Eletrobras) “por risco inaceitável de que a empresa contribua para violações graves ou sistemáticas dos direitos humanos”. “Foi recomendado que a empresa fosse excluída por violações de direitos humanos relacionadas com o desenvolvimento da usina de Belo Monte no Brasil”, explicou o banco no comunicado. Num comunicado, o Conselho de Ética do fundo explicou a recomendação: “A Eletrobras é uma empresa brasileira de energia engajada em diversos projetos de energia hidrelétrica. A avaliação é em grande parte baseada no papel da Eletrobrás na construção da usina de Belo Monte. Muitos territórios indígenas são severamente afetados pelo projeto. O projeto tem levado ao aumento da pressão sobre as terras indígenas, à desintegração das estruturas sociais dos povos indígenas e à deterioração de sua subsistência”, alertou. “O projeto também resultou no deslocamento de pelo menos 20.000 indivíduos, incluindo pessoas com um modo de vida tradicional que costumavam ter suas casas em ilhas e margens de rios que agora estão submersas”, indicou.” [UOL]

E não, não é perseguição ao coitado do Bolsonaro:

‘Além das brasileiras, a diretoria executiva do Norges Bank decidiu excluir as empresas Canadian Natural Resources Limited, Cenovus Energy Inc, Suncor Energy Inc, e Imperial Oil Limited após uma avaliação das emissões “inaceitáveis de gases de efeito estufa. O Conselho de Ética recomendou a exclusão das empresas por causa das emissões de carbono da produção de petróleo para as areias petrolíferas. É a primeira vez que este critério está sendo aplicado”, destacou o fundo, em um comunicado. “As decisões de exclusão da Diretoria Executiva foram tomadas com base nas recomendações do Conselho de Ética”, explicou.”

__/\/\/\/\/\/\__

16. Está tudo normal

“O MPDFT (Ministério Público do Distrito Federal e Territórios) entrou com uma ação civil pública na Justiça pedindo o fim do acampamento “300 do Brasil” na capital federal ou em qualquer outra parte do país. O grupo bolsonarista foi chamado de “milícia armada” pelos procuradores, que também pediram urgência na decisão judicial, busca e apreensão, e revista dos integrantes. Na ação, o MPDFT diz que “a presença de milícias armadas, conforme noticiado nos veículos de comunicação, na região central da Capital Federal, representa inequívoco dano à ordem e segurança públicas”. Mais adiante, os procuradores citam o emprego “paramilitar” para finalidade política. “Milícias não se subordinam à normatividade jurídica do Estado; seguem paralelas a ela ou em contraposição ao poder estatal. Não é necessário haver uniforme, distintivo, continência ou sinais de respeito à hierarquia, símbolos ou protocolos de conduta visíveis ou explícitos. Importa, e muito, o emprego paramilitar dos associados para finalidade política nociva ou estranha à tutela do Estado Democrático de Direito”, afirmaram no pedido.” [UOL]

Se fosse o MST acampando em brasília com armas ia ser AVC de norte a sul do país.

“A porta-voz do grupo, Sara Geromini, que usa o nome de Sara Winter, é citada como alvo da ação civil pública. O Ministério Público citou ainda que a ativista já admitiu a presença de armas no acampamento bolsonarista. Sara reconheceu em entrevista à BBC Brasil e disse que o armamento serve para “proteção dos próprios membros do acampamento””

__/\/\/\/\/\/\__

17. A língua absolvida”

Que coisa linda esse texto da Elena Landau:

“Meu pai morreu há dez anos. Penso muito nele. Se chamava Iosif, mas era conhecido pelo sobrenome: Landau. Trocávamos sugestões de livros e filmes. Até hoje, quando assisto uma série legal, penso em ligar para ele. Se foi antes do Zap, nossas conversas eram ao vivo. A voz indicava seu humor, volátil. Judeu, nascido nos anos 20 em Bucareste, chegou no Rio em 1940, com os pais e a irmã, fugindo do nazismo. Meu nome é uma homenagem a minha avó. Desde que pisou aqui, virou brasileiro de coração. Me apresentou João Gilberto, Doralice é minha primeira lembrança. Cidadão Carioca Honorário, remador do Botafogo, ele amava a praia. Se apaixonou por minha mãe, católica fervorosa. Os filhos foram batizados, mas nenhum seguiu religião alguma. Estudamos em colégios católicos, pela qualidade, e só. Para desgosto do meu avô nem Bar Mitzvah fez. Quando faleceu, sob protestos de um primo judeu ortodoxo, seguimos seu desejo de ser cremado. Suas cinzas foram jogadas ao mar da pedra do Arpoador.

Um dia dei a ele Eichmann em Jerusalém. O livro mexeu muito com sua história de refugiado do nazismo. E sem nunca ter sido religioso, passou a defender fervorosamente o Estado de Israel. Desde que pisou no Rio, deixou a Romênia para trás. Só falava português, e perfeitamente, mesmo com meus avós. Nas Copas, torcia pelo Brasil. Dizia que pela Romênia só quando fosse contra a Argentina. Mais brasileiro impossível. Só muito mais tarde entendi a razão da negação de sua origem. Fui morar na Inglaterra e na época a Romênia estava entrando na União Europeia. Para facilitar a entrada na imigração em Londres, resolvi recuperar a cidadania romena. Era necessário que meu pai entrasse com pedido também. Convencê-lo foi uma luta. Ele me disse: “Não quero ser romeno. Não tenho orgulho daquele país. Sempre foram antissemitas, aderiram ao nazismo, Ceaucescu foi um ditador comunista corrupto, sua mulher chefiou a polícia mais sangrenta do Leste Europeu, e depois da queda do muro caiu nas mãos de quadrilhas capitalistas tão bandidas quanto a comunista”.

Eu nunca tinha percebido essa mágoa toda. Achava que a imediata e total adesão à nacionalidade brasileira era uma forma de adaptação, defesa de um expatriado. Insisti. Fiz tremenda chantagem emocional, disse que ele deveria fazer por mim e pelo neto. Cedeu. Começava um processo longo e burocrático. As regras da UE mudavam com frequência e com elas os documentos exigidos. Resolvi ir a Bucareste. Iosif se recusou a me acompanhar, é claro. Fui fazer o que nenhum Landau tinha feito. Voltar. Rever a casa onde moraram. O colégio onde estudou. E comer a comida típica, com suas dicas no bolso. Foi muito especial. Eu e meu pai nunca estivemos tão próximos. Mandava mensagens e fotos. Nesses dias, ele parecia ter deixado as mágoas de lado. Fui também para acelerar as coisas. Levei a certidão de nascimento original dele. Papel quase transparente com marcas de fita durex, um documento histórico. Não funcionou. Durante a ditadura muitos registros foram queimados. O governo que se seguiu tornou obrigatória a obtenção de nova certidão em cartório. Fui a um deles. Em um processo kafkiano, dei com a cara na porta. A lei dizia que uma nova certidão era necessária, e para obter a cópia do cartório, sem a presença dele, deveria levar uma procuração. Eu mostrei o documento original de 1924, tão relevante quanto a procuração, mas como a lei não pensou nessa hipótese, voltei ao Brasil com as mãos abanando.

Resolvi ir ao consulado no Rio. A minha primeira tentativa não tinha sido bem-sucedida. O cônsul de então insistia, ao telefone, em dizer que meu pai havia aberto mão da cidadania ao fugir. E não tinha direito a recuperá-la. Pois é, parecia que o antissemitismo ainda estava enraizado. Nem falei para papai isso. Mas uma nova consulesa bem mais acessível havia chegado. A muito custo, consegui convencê-lo a me acompanhar. Seu mau humor era evidente. Sentou-se com ar aborrecido em uma poltrona de couro. Nas paredes imagens de reis, príncipes e heróis romenos. Ele foi relaxando e me contando a riquíssima história dos Bálcãs, a perda e a anexação de territórios. Algo foi nascendo ali.

Depois de muito tempo, fomos interrompidos pela consulesa que nos pediu para preencher um questionário. Escrito em romeno é claro. Meu pai empurra o papel e diz que não consegue entender o que estava escrito, afinal havia sete décadas que não falava nem lia nada na língua materna. A consulesa era mulher doce e insistiu. Ignorando minha presença, começou a falar em romeno com papai. Ele resistiu, mas foi aos poucos recuperando o vocabulário. Chorou. Terminamos os três aos prantos. Consegui a cidadania, dele e minha, muitos anos depois. Mas ele morreu no caminho. Esse texto é uma homenagem a meu pai. Pela primeira vez nestes últimos dez anos, fico feliz de ele não estar mais por aqui. Melhor ter partido com a imagem do país que o acolheu. Não merecia mesmo ver os símbolos nazistas utilizados banalmente por um governo de ultradireita, nem a bandeira de Israel vulgarizada. O Brasil dele era um outro Brasil.” [Estadão]

__/\/\/\/\/\/\__

18. Um Trump Muito Louco

“O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, endureceu nesta quinta-feira, 14, sua retórica contra a China, dizendo que não vai falar com seu colega Xi Jinping e ameaçou cortar laços bilaterais devido à maneira como Pequim lidou com a pandemia da covid-19.” [Estadão]

Que cara de pau maravilhosa.

“A tensão entre as maiores potências do mundo disparou por causa da pandemia de coronavírus, que Trump chamou de “praga chinesa”. “Tenho uma relação muito boa, mas agora não quero falar com ele”, disse Trump à rede Fox Business, assegurando que está “muito decepcionado” com a gestão da pandemia por parte do governo chinês. Questionado se os Estados Unidos poderiam adotar medidas de retaliação, Trump não deu mais detalhes, mas alertou em tom ameaçador: “Há muitas coisas que poderíamos fazer. Poderíamos fazer coisas. Poderíamos cortar todas as relações”. “Se fizesse isso, o que poderia acontecer?”, questionou Trump. “Economizaria (US$) 500 bilhões, se cortasse todas as relações”, completou.”

Como é burro, puta que pariu. Ele realmente acha que economizaria 500 bilhões, como se algum outro país pudesse dar conta dos produtos chineses que os americanos precisam. No fim das contas o déficit vai ficar ainda maior, que mula do caralho.

“Trump afirmou que Pequim ocultou a verdadeira escala do surto, deflagrado no fim de 2019 na cidade de Wuhan, centro da China, o que permitiu sua propagação. O governo chinês nega essa acusação e insiste em que transmitiu todas as informações disponíveis à Organização Mundial da Saúde (OMS) o mais rápido possível. Trump insistiu nas acusações durante entrevista com a Fox. “Tudo veio da China, e eles deveriam ter impedido”, alegou. “É muito triste o que aconteceu no mundo e em nosso país com todas essas mortes”, acrescentou. O secretário de Estado, Mike Pompeo, também acusou Pequim nesta quinta-feira. “Enquanto os Estados Unidos e nossos aliados e parceiros estão coordenando uma resposta coletiva e transparente para salvar vidas, a República Popular da China continua a silenciar cientistas, jornalistas e cidadãos e disseminar a desinformação, o que exacerba os perigos dessa crise de saúde”, afirmou Pompeo.

A disputa entre os Estados Unidos e a China pela pandemia levanta dúvidas sobre o acordo comercial parcial alcançado em janeiro que estabeleceu uma trégua em sua guerra tarifária. No início da semana, Trump descartou a possibilidade de renegociação do acordo depois que a imprensa indicou que a China queria reabrir as negociações. Na sexta-feira, o principal negociador da China, Liu He, falou ao telefone com seus colegas americanos e disse que os dois lados concordaram em implementar a primeira fase do acordo. No entanto, a guerra retórica é travada aos poucos. Autoridades dos EUA tensionaram ainda mais a troca de acusações ao afirmarem que hackers chineses estão tentando obter dados sobre tratamentos e vacinas contra coronavírus. Eles também alertaram que essa tentativa envolve grupos e pessoas relacionadas ao governo chinês.”

Do Nelson de Sá:

“A nova Economist (acima) arrisca que, “após o colapso do Lehman em 2008” e “as guerras comerciais de Trump”, a Covid-19, ao que parece, “matou a globalização” de vez. Não é “universal”, já que “as exportações da China vêm se segurando até aqui”. Mas as sul-coreanas “caíram 46%” e Trump “acaba de instruir o maior fundo de pensão federal a parar de comprar ações chinesas”. Em suma, encerra o editorial: “Dê adeus à grande era da globalização –e se preocupe com o que vai ocupar o seu lugar.”” [Folha]

O que me leva a saída do brasileiro do comando da OMC:

“Há exatos sete anos eu escrevia neste espaço, com mal disfarçado ufanismo, que Roberto Azevêdo era a pessoa certa no lugar certo e que sua eleição para diretor-geral da OMC (Organização Mundial do Comércio) sinalizava o compromisso de seus membros com o sistema multilateral de comércio. Azevêdo mostrou logo de cara que não viera a passeio. Inaugurou uma maneira mais inclusiva de negociar acordos comerciais, com a participação efetiva de todos os membros. Adotou soluções criativas para facilitar a conclusão de novos acordos comerciais ao oferecer aos membros mais pobres um prazo mais longo de implementação em troca de um pacote de assistência técnico-financeira para compensar sua relativa falta de recursos. Assim, com menos de quatro meses de mandato, Azevêdo liderou as negociações que levaram à conclusão do Acordo de Facilitação de Comércio durante a Reunião Ministerial de Bali, em 2013. Parecia ter resgatado a função negociadora da OMC.

De lá pra cá, porém, a organização desceu ladeira abaixo. A partir de 2016, a administração Trump adotou uma estratégia clara de desmonte do sistema multilateral de comércio. Os Estados Unidos iniciaram uma guerra tarifária contra a China e diversos outros membros da OMC, à medida que minavam a efetividade do mecanismo de solução de controvérsias nas quais suas medidas seriam questionadas. Os demais membros da OMC não reagiram bem à estratégia de terra arrasada dos americanos e impuseram retaliações comerciais de maneira unilateral enquanto insistiam em preservar o status quo institucional. Frustrado e visivelmente cansado, o embaixador Azevêdo surpreendeu o mundo nesta quinta (14) ao renunciar um ano antes da conclusão de seu segundo mandato como diretor-geral da OMC. É o fim de uma era. Desde que começou a trabalhar com o tema, em 1997, Azevêdo se tornou um dos pilares do sistema multilateral de comércio. Primeiro como líder da equipe brasileira que venceu disputas paradigmáticas contra os Estados Unidos e União Europeia na área de subsídios agrícolas, depois como nosso principal negociador para a Rodada Doha, e, finalmente como diretor-geral da OMC. A sensação em Genebra é de perplexidade e de derrota. É como se o Zico tivesse pedido para sair do jogo quando ainda estava 1 a 0 para Itália na Copa do Mundo de 1982, na Espanha. Perdemos o craque do time e ficou mais difícil virar o jogo.” [Folha]

E tem whistleblower que eu nunca tinha ouvido falar, que depoimento!

“Bright was fired from his position as Director of the Biomedical Advanced Research and Development Authority because he put science over “politics and cronyism,” he said in a statement at the time. Bright has worked at the agency since 2010 and served as its director since 2016. He was also removed from his position as Deputy Assistant Secretary for Preparedness and Response in the Health and Human Services Department (HHS). He was reassigned to a “narrower” position at the National Institutes of Health, a position which he did not accept. He filed a whistleblower complaint. In a preliminary report released Thursday, the federal government’s Office of Special Counsel, which reviews whistleblower complaints, recommended that Bright be reinstated as head of BARDA pending further investigation. The decision is up to Health Secretary Azar, who declined to testify Thursday at the same hearing. Ahead of Bright’s testimony on Thursday, President Trump tweeted that he doesn’t know “the so-called Whistleblower Rick Bright…but to me he is a disgruntled employee.” During a briefing after Bright’s firing in April, Trump claimed he had “never heard of him.”” [Now This]

O Trump é um completo absurdo, repare:

__/\/\/\/\/\/\__

>>>> Tuítes que eu amo:

>>>> E lá vou eu citar Léo Dias, que bad trip escrota: “A constrangedora entrevista de Regina Duarte para o telejornal 360º, da CNN Brasil, teve momentos ainda mais pesados dos que os exibidos pelo canal de notícias. Assessores e seguranças da Secretaria Especial de Cultura chegaram a entrar no gabinete onde a entrevista estava sendo feita, numa tentativa de coagir os jornalistas a abreviarem sua participação. Nos momentos finais da participação da atriz, a voz de um dos membros de sua equipe chegou a vazar no ar. Em voz alta, um homem bradava que o que estava acontecendo “era uma falta de respeito” (veja no vídeo abaixo, em 1min 13seg). A Coluna do Leo Dias apurou que os profissionais da Redação da CNN Brasil ficaram perplexos com o comportamento de Regina Duarte. Desde o início, ela estava ciente de que sua participação contaria com intervenções de Reinaldo Gottino e Daniela Lima, âncoras do 360º. A atriz, porém, se indignou com as perguntas da dupla e passou a fingir que não tinha sido comunicada previamente, e que só havia aceitado conceder uma entrevista ao jornalista Daniel Adjuto, correspondente de Brasília. Em dado momento, ela chegou a perguntar ao vivo para ele quem eram as pessoas que estavam se metendo na sabatina. Daniel Adjuto, de fato, foi o responsável por intermediar a participação de Regina Duarte na CNN Brasil. Eles se conheceram em um voo, há alguns dias, e atriz havia demonstrado ter simpatia por seu trabalho. Em nenhum momento, entretanto, foi prometido que seria uma entrevista apenas com ele.” [CNN]

>>>> Guedes e o BB: “Na reunião ministerial de 22 de abril citada por Sergio Moro, ministro da Economia, Paulo Guedes, afirmou que é preciso “vender logo a porra do BB”. Segundo interlocutores do ministro da economia, Guedes passou a fazer críticas mais duras ao BB. O ministro reclama que sua pasta tem feito medidas para fornecer créditos às instituições financeiras, mas que isso não tem chegado às empresas. Guedes costuma falar que o BB, que “deveria puxar a fila” por ter o governo como maior acionista, faz isso. O ministro também se queixa que o BB está atrasado demais na corrida tecnológica em relação aos demais bancos.” [O Globo]

>>>> Que satisfação, aspira! “O deputado federal Delegado Pablo (PSL-AM) é alvo de uma operação da Polícia Federal deflagrada na manhã desta sexta-feira (15). A investigação é sobre crimes de corrupção passiva, falsidade ideológica e lavagem de dinheiro. Seis mandados de busca e apreensão foram cumpridos. Além do parlamentar, dois familiares dele, sua ex-sócia e dois empresários também são parte do inquérito. Delegado licenciado da PF, o deputado é suspeito de ter utilizado seu cargo na polícia para praticar ilícitos. Segundo a apuração, ele teria se aproveitado de informações obtidas em investigações para viabilizar o agencimento de venda de uma empresa para sua mãe. A operação, batizada de Seronato, foi deflagrada pela PF no Amazonas, chefiada por Alexandre Saraiva.” [Folha]

>>>> Que história, senhoras e senhores: “In Mother Russia, stealing Super Bowl rings is sign of a good president. Back in 2005 Patriots owner Robert Kraft was in Russia when a funny thing happened: Russian president Vladimir Putin stole his $25,000 Super Bowl XXXIX ring. Actually for the past eight years, Kraft had let everyone believe he gave the ring to Putin as a gift, but the truth came out this week: Putin stole it — or took it without asking if ‘stole’ is too strong of a word for you. “I took out the ring and showed it to [Putin], and he put it on and he goes, ‘I can kill someone with this ring,'” Kraft said at an event this week, via the New York Post. “I put my hand out and he put it in his pocket, and three KGB guys got around him and walked out.” Kraft might have helped America dodge World War III because instead of going after the ring, Kraft let Putin keep it — at the insistence of the White House. Yes, someone at the White House called Kraft and insisted he let Putin keep the ring. “It would really be in the best interest of US-Soviet relations if you meant to give the ring as a present,” Kraft said he was told on the White House call. “I really didn’t [want to]. I had an emotional tie to the ring, it has my name on it. I don’t want to see it on eBay. There was a pause on the other end of the line, and the voice repeated, ‘It would really be in the best interest if you meant to give the ring as a present.’” [CBS]

Deixe um comentário