Dia 504 | O silêncio que precede a gravação | 19/05/20

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O texto é de Pedro Daltro e a edição é de Cristiano Botafogo. Os episódios você ouve lá na Central3: [Central3]

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1. Vai dar merda

Imagine uma família escrota, das mais vis que esse país já viu:

“O jurista Ives Gandra Martins, 85, acredita que as ações de ministros do STF fora da zona de competência do tribunal, segundo sua interpretação, têm gerado instabilidade que pode desembocar em uma intervenção pontual das Forças Armadas para resolver a disputa entre os Poderes.” [Folha]

Exército brasileiro que louva Ulstrta e Curió como mediador, se Deus existisse tinha fulminado esse arrombado.

“Segundo ele, esse mecanismo está previsto no artigo 142 da Constituição. “Pela Constituição, se houver conflito entre os Poderes e um deles recorrer às Forças Armadas, quem repõe a lei e a ordem são elas”, diz Gandra ao Painel. Ele define essa capacidade de ação das Forças Armadas como um “poder moderador” colocado pela Constituinte.Ele também diz que funciona como uma “force de frappe”, tal como definido no francês: uma força de dissuasão, para que os Poderes se resolvam para que as Forças Armadas não precisem fazê-lo.”

calaboca

Que interpretação free-style do caralho!

“Essa interferência, ressalta, é pontual e destinada a resolver um impasse entre Poderes, e não se trata de uma ruptura institucional, mas de uma “reposição da ordem”. “

Tal qual 64, né?

“Ele diz que o caráter dessa ação localizada não está detalhado na Constituição e, portanto, não se sabe exatamente como funcionaria na prática.”

Não tá na lei, é?!

Que porra é essa?! Como é que ele pode falar uma porra dessa?! O que se passa nessa cabeça?! E o miserável é um.. jurista!

“Nas redes sociais, apoiadores de Jair Bolsonaro têm compartilhado trecho de vídeo em que Gandra apresenta o argumento e têm pedido um golpe militar com base nele. Gandra diz que não consegue controlar as extrapolações que fazem de seu argumento, mas que as suas falas são justamente para alertar os envolvidos e evitar que o choque entre Poderes chegue a esse ponto extremo.”

Aham, a família Gandra JAMAIS faria isso, todos sabemos.

“Gandra critica as decisões do ministro Alexandre de Moraes de barrar a nomeação de Alexandre Ramagem para a direção-geral da Polícia Federal e do ministro Luís Roberto Barroso de proibir a extradição de diplomatas venezuelanos durante a pandemia. Ele vê como invasões às competências do Executivo. “O Supremo tem que ser um guardião da Constituição. Não pode ser legislativo positivo, não pode entrar nas competências de outros Poderes”. “Cada vez que vez que um Poder faz isso ele coloca em risco a democracia”, completa.”

Você acha que o Ives reclamou quando Lula foi impedido de se tornar ministro?! Pois é,

É a mesma intepretação elástica do artigo 142 enunciada pelo Villas-Bôas, que meteu a palavra “caos” no meio, vai ver tirou a palavra da bunda e enfiou na constituição.

Encerro com essa música profética:

Senta daí que eu espero daqui o ministro da Defesa esculachar essa interpretação exótica do artigo 142.

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2. “Mamadeira com Nescau

Da Thaís Oyama:

“Uma semana depois de os Bolsonaro receberem o recado de um delegado da Polícia Federal de que o nome de Fabrício Queiroz iria surgir no escândalo da “rachadinha”, o assessor de Flávio Bolsonaro e amigo de mais de trinta anos de Jair Bolsonaro foi exonerado de suas funções no gabinete de Flávio, então deputado estadual no Rio.” [UOL]

Mas vai ver não tinha nada a ver com o vazamento, tá ok?! Foi, digamos assim,uma feliz coincidência.

“Mas não foi deixado ao léu. O aviso do delegado amigo chegou aos Bolsonaro uma semana depois do primeiro turno, em 7 de outubro de 2018. Dois meses depois, quando o jornal O Estado de S. Paulo trouxe o caso à luz, Jair Bolsonaro pediu a Gustavo Bebianno, então seu homem de confiança e futuro ministro, que cuidasse do problema. O empresário Paulo Marinho, melhor amigo de Bebianno e suplente de Flávio no Senado, marcou então uma reunião entre o filho mais velho do presidente eleito e os advogados Antonio Pitombo e Christiano Fragoso, dos escritórios Moraes Pitombo e Fragoso Advogados. A reunião aconteceu no dia 13 de dezembro. A ideia era montar uma estratégia para circunscrever o escândalo ao nome de Queiroz. Por via das dúvidas, Fragoso reservou um defensor para cuidar de Flávio e Pitombo nomeou outro para, caso fosse preciso, tratar de Jair Bolsonaro. Já Queiroz, o pivô do problema, não poderia aparecer em público acompanhado de representantes de dois dos escritórios mais renomados e caros do Brasil.”

Mas pagou em dinheiro vivo operação em hospital de bacana em São Paulo.

“Assim, ficou combinado que Christiano Fragoso iria orientar a defesa de Queiroz, mas indicaria um profissional menos conhecido para aparecer ao lado do assessor de Flávio Bolsonaro. Ralph Hage Vianna foi o escolhido. Queiroz, inicialmente, estava assustado. Para acalmá-lo, o entorno de Bolsonaro passou a dar-lhe “colo, carinho e tratamento à base de mamadeira com Nescau”, nas palavras de um dos advogados envolvidos na operação. Este advogado disse não saber se o trato com Queiroz envolveu dinheiro. Até onde foi informado, a “mamadeira” incluía unicamente promessas de “não abandono” e de assistência jurídica. Assim, logo depois da reunião entre Flávio e os advogados Pitombo e Fragoso, o advogado Victor Alves, amigo de Flávio e até hoje funcionário de seu gabinete, levou Queiroz para conhecer Ralph Hage Vianna no suntuoso escritório Fragoso, no centro do Rio. A ideia era impressionar o assessor e mostrar que ele estaria “bem cuidado”. Deu certo. Queiroz saiu de lá dizendo que o escritório era um “espetáculo”, lembra Paulo Marinho. “Rapaz, é mármore por todo canto!”, comentou. Combinou-se que Queiroz compareceria ao interrogatório marcado pelo Ministério Público para o dia 19 de dezembro. Lá, a única coisa que ele diria seria que tudo o que ocorreu era de inteira responsabilidade sua e que nenhum Bolsonaro tinha qualquer coisa a ver com o que estavam chamando de “rachadinha”. No dia 17 de dezembro, no entanto, dois dias antes da data do depoimento, Jair Bolsonaro, convencido pelo advogado Frederick Wasseff, mandou abortar a operação. Queiroz não deveria mais comparecer ao interrogatório. “Vamos resolver de outra maneira”, disse o presidente eleito.”

Bolsonaro recuou e envolveu o Marinho de bobeira, toma, trouxa!

“Desde então, o caso saiu da Justiça do Rio e subiu para o STF. Advogados de Flávio continuam até hoje tentando suspender a investigação e Queiroz desapareceu da face da terra. Se continua à base de mamadeira com Nescau, não se sabe.”

Pagou operação em dinheiro vivo em hospital de bacana, se mudou com a famiglia pra São Paulo, tem muito dinheiro aí no meio e não é pouco não.

E o Ramagen tá puto com a notícia do vazamento, folgo em saber:

“Em conversas com delegados nesta segunda (18), Alexandre Ramagem, diretor da Abin, se mostrou irritado em ver seu nome ligado ao caso do vazamento da operação Furna da Onça à família Bolsonaro e afirmou não ter relação com o evento. Internamente, policiais federais do Rio descartam a participação dele no episódio, por questão cronológica. Ramagem trabalhava em Brasília em 2018. Ele só começou a atuar na segurança do presidente no dia seguinte ao segundo turno das eleições.” [Folha]

Ora, ele foi o responsável pelas investigações que levaram à operação, e o aviso não precisaria necessariamente ser dado por alguém que conhecia a família, bastava ser fã do mito. E convenhamos que sua escalada de guarda-costas presidencial para chefia da ABIN é um tantinho suspeita, né?

“Demonstrando irritação nas ligações a colegas, Ramagem reafirmou que não conhecia o presidente e família até virar chefe de sua segurança, no dia 29 de outubro de 2018.”

“Segundo o relato que tem feito, ele estava no Rio para votar e teve de ir a um shopping comprar um terno para se apresentar na casa do já presidente eleito, após um desentendimento de Bolsonaro com a equipe da PF.”

O que o cu tem a ver com as calças?!

“Um levantamento informal feito por integrantes da PF chegou a três suspeitos pelo vazamento. A informação publicada no UOL pela jornalista Thaís Oyama, de que o policial era conhecido por um apelido, embasou os cruzamentos de dados. A partir disso, o filtro levou a três nomes. A avaliação é a de que será difícil chegar à autoria do suposto vazamento.”

Ué, quebra sigilo telefônico dos envolvidos, pega as câmeras do entorno da PF no Rio e vê quem estava no encontro. Pede pra Abin investigar… não, melhor deixar pra lá. O Merval escreveu o óbvio:

“O suplente de Flávio no Senado e candidato a Prefeito do Rio Paulo Marinho, que foi um dos principais apoiadores de Bolsonaro na campanha presidencial, deu detalhes e nomes do enredo, e diz ter como provar toda a sequência da trama, como passagens de avião, reserva de uma sala no hotel Emiliano em São Paulo, e talvez até conversas de WhatsApp. A investigação do Ministério Público não é difícil com essas indicações. O hotel deve ter em vídeo a entrada dos participantes da reunião em que a estratégia para salvar Flavio foi traçada, e é simples confirmar se no dia indicado o chefe de gabinete de Flavio, e ele próprio, estavam em São Paulo, onde teriam se encontrado com advogados.” [O Globo]

E haja desmaio, Brasil!

“Os partidos PT, PSOL e Rede Sustentabilidade ingressaram na noite desta segunda-feira (18) com uma representação por quebra de decoro parlamentar contra o senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ) no Conselho de Ética do Senado. As legendas pedem a cassação do mandato do senador.” [Folha]

E Aras quer ouvir Bolsonaro – não que isso queira dizer muita coisa, seria por demais absurdo arquivar sem nem ouvir o presidente:

“O procurador-geral da República, Augusto Aras, vai questionar o presidente da República, Jair Bolsonaro, a respeito da troca na segurança pessoal feita 28 dias antes da reunião ministerial do dia 22 de abril. Segundo o blogapurou, ao final do inquérito, a PGR quer ouvir o presidente Bolsonaro- entre as perguntas, questionará a respeito das trocas. Nas palavras de um procurador, “tudo que for do escopo do inquérito Moro x Bolsonaro será analisado”. Nos bastidores, Aras tem demonstrado preocupação com a ampliação da investigação que está no STF. Na avaliação do PGR, o inquérito- que deveria durar 60 dias- “não acaba antes de 2022”. Aras prepara novas diligências para as próximas semanas- Bolsonaro será o último a ser ouvido. Antes disso, o PGR avalia se pede novo depoimento de Sergio Moro. Nos bastidores, o PGR diz a assessores que, após o depoimento de Mauricio Valeixo, o ex-ministro da Justiça “partiu para o ataque contra o presidente”, citando postagens do ex-ministro no Twitter como exemplo. Por isso, segundo o blog apurou, Moro pode ser chamado novamente a depor. Aras também vai avaliar outros depoimentos do caso Marinho, como o do advogado Vitor Alves, que trabalhou com Flavio Bolsonaro, foi alvo da operação em 2018 e foi um dos suspeitos de ouvir a respeito do vazamento da operação da PF em 2018.” [G1]

Por falar em PF…

“A Polícia Federal se mobiliza nos bastidores para que seja aprovada a medida provisória que reestruturou carreiras e que, na prática, aumenta salários dos que ocupam cargos de chefia. Há temor de que parlamentares do centrão, alguns alvos de inquéritos, aproveitem o momento de fragilidade para retaliar a corporação. A MP expira em 1º de junho”

Como é que o Guedes falou mesmo? “Por favor, não assaltem o Brasil“. Essa frase é absurda pois versa sobre professores, pessoal da saúde e por aí vai. Mas pra PF?! Que ganha muitíssimo bem, obrigado em plena pandemia?! Não fode, porra!

‘A avaliação de parte do governo e de aliados é que a MP teria que ser votada antes do eventual veto presidencial ao reajuste de servidores.”

É por isso que Bolsonaro não veta, ele quer antes dar aumento aos policiais, sabe como é, quer manter sua base excitada, digamos assim.

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3. R$ 600

Vem aí mais um recuo…

“Os caminhoneiros se aborreceram com Jair Bolsonaro por vetar o auxílio emergencial para a categoria, aliada do presidente. Em nota, a Abrava (associação de caminhoneiros) diz que vê a decisão com preocupação e solicita realocação da verba de R$ 18 milhões do programa Roda Bem Caminhoneiro. “Entendemos que o momento econômico é delicado, e, que infelizmente existe a possibilidade de que nem todos que necessitam recebam o auxílio emergencial. Desta maneira, a Abrava entende que a categoria dos caminhoneiros merece atenção especial e um plano que garanta a continuidade do abastecimento das famílias brasileiras e dos hospitais de todo o país”, diz a nota. A Abrava enviou ofícios aos ministros Onyx Lorenzoni (Cidadania) e Tarcísio Gomes (Infraestrutura) com o pleito de que destinassem os R$ 18 milhões, que deveriam ser aplicados em ações para incentivar a formação de cooperativas de caminhoneiros, para a compra de kits de testes de coronavírus para caminhoneiros e o pagamento de auxílio emergencial para caminhoneiros contaminados e pertencentes ao grupo de risco.” [Folha]

A demência é ampla, geral e irrestrita

“O Ministério da Economia do governo Jair Bolsonaro comemorou a assinatura de contrato com a Amazon para que o dispositivo de voz baseado em nuvem Alexa forneça informações sobre a pandemia do novo coronavírus e sobre o auxílio emergencial de R$ 600.” [Folha]

“Mas o aparelho mais barato no site da Amazon a contar com Alexa, o Echo Dot, um “smart speaker” que toca músicas e interage com casas inteligentes, custa R$ 250 (preço promocional). Outros, como o Echo Show 8, chegam a R$ 900.”

Esse governo é uma feroz competição pra ver quem consegue ser mais imbecil.

E enquanto os imbecis fingem que não é com eles…

“A pandemia de coronavírus derrubou o principal pilar de sustentação da economia brasileira, o consumo das famílias, que registrou queda inédita em março, segundo dados do Monitor do PIB, indicador do Ibre (Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas) divulgado nesta segunda-feira (18). A economia teve retração no patamar inédito de 5,3% no primeiro mês de isolamento social do país, em comparação a fevereiro, com queda de 6,5% no consumo das famílias brasileiras. Responsável por cerca de dois terços do PIB (Produto Interno Bruto), o consumo vinha crescendo 2% ao ano e sustentando a fraca recuperação da economia desde o final de recessão de 2014-2016. Nos três últimos anos, o país cresceu pouco mais de 1%. Os dados do Monitor do PIB também contrariam o discurso do Ministério da Economia de que o PIB brasileiro estava decolando quando o mundo foi atingido por um “meteoro”, em uma referência à pandemia de coronavírus. Segundo a FGV, a economia já vinha com resultados fracos em janeiro (+0,6%) e em fevereiro (+0,2%). Com isso, no primeiro trimestre do ano, o indicador teve queda de 1%, pior resultado desde o terceiro trimestre de 2015, auge da recessão mais recente no país.” [Folha]

Da Míriam leitão:

“O pior que pode acontecer no meio de uma crise é a politização do Ministério da Economia. E é o que está acontecendo na gestão de Paulo Guedes. Quando o ministro dispara sua retórica cheia de ofensas aos supostos adversários do presidente, ele está sendo parte do problema e não da solução. A demora na sanção do projeto de socorro aos estados decorre do fato de que o programa passou a ser parte do arsenal na briga contra o isolamento social. Não faz sentido usar isso na queda de braço com os governadores. As suas frases de imagens fortes e sempre com sujeito indeterminado são feitas sob medida para fortalecer o presidente Jair Bolsonaro na guerra perigosa que ele trava com os estados. “Vamos nos aproveitar de um momento de gravidade, uma crise na saúde, e vamos subir em cadáveres para fazer palanque? Vamos subir em cadáveres para arrancar recursos do governo? ”, disparou ele na sexta-feira, no balanço dos 500 dias de governo.” [O Globo]

Que filho da puta do caralho! O chefe dele previu menos de 800 mortes por Covid, estamos em quase 17 mil e o arrombado grisalho e bronzeado vem meter essa.

“Ele ajudaria se dissesse de quem está falando. Quem está transformando tudo em palanque, desde o início? Se ele olhasse para o presidente Jair Bolsonaro, acertaria a resposta. O dinheiro não é do governo federal, é dos contribuintes. A dívida, se for contraída, será em nome dos brasileiros. Este é o momento em que necessariamente teria que haver uma solidariedade entre a União e os entes federados que estão na frente de combate contra a pandemia. O Ministério da Economia nestes momentos de crise precisa ser um ponto de equilíbrio comprometido principalmente com seus princípios e pontos inegociáveis.”

Enquanto isso, nos EUA – o texto é do Paul Krugman:

”Pois os Estados Unidos são perfeitamente capazes de proteger contra dificuldades econômicas severas os trabalhadores que perderam o emprego. Como disse Jerome Powell, o chairman do Federal Reserve (Fed), o banco central dos Estados Unidos, em uma entrevista televisada domingo, podemos e devemos adotar políticas que “mantenham os trabalhadores em suas casas, permitam que continuem pagando suas contas e mantenham suas famílias solventes”. E o que realmente surpreende é que já estamos fazendo boa parte disso. A Lei CARES, o pacote de US$ 2 trilhões em assistência contra a pandemia aprovado no final de março, expandiu substancialmente a elegibilidade para o auxílio-desemprego e a generosidade desse auxílio. E os benefícios expandidos, a despeito de alguns tropeços iniciais, estão cada vez mais fazendo o que necessita ser feito. É verdade que quando as solicitações de auxílio-desemprego começaram a disparar, em março, os escritórios que distribuem os benefícios –administrados pelos governos estaduais– ficaram sobrecarregados, o que levou muitos americanos que tinham direito a benefícios a não conseguir atendimento. E muitas famílias ainda não estão recebendo a assistência a que teriam direito. Mesmo assim, um estudo da Brookings Institution indica que em abril o auxílio-desemprego cobriu cerca de metade dos salários perdidos por conta do confinamento –uma estimativa que confirma meus cálculos caseiros. E esse “índice de substituição” deve quase certamente ter crescido de forma substancial nas últimas semanas. Os escritórios que administram o auxílio-desemprego estão gradualmente eliminando os atrasos acumulados no atendimento dos pedidos, e com isso o auxílio vem chegando a um número cada vez maior de trabalhadores desempregados. Ao mesmo tempo, as provas disponíveis indicam que os mercados de trabalho mais ou menos se estabilizaram, ao menos por enquanto, há cerca de um mês. Por isso é uma aposta segura que, a esta altura, a maior parte, se bem que não toda, a perda de salários causada pelo distanciamento social esteja sendo compensada pela assistência governamental ampliada.” [Folha]

Num governo republicano, viado! Opa, peraí…

“E o crédito por isso cabe aos democratas, que insistiram em que essa assistência fosse parte do pacote.”

Enquanto isso, no Brasil do Guedes, esses dementes colocaram na mesa um auxílio de… DUZENTOS REAIS, caralho! E se recusam a oxigenar a economia com garantia de empréstimos. O mais espantoso é que eles não fazem isso de forma deliberada, eles realmente tão paralisados, sem ter a menor idéia do que fazer. Eles são tão burros quanto vis.

“Suspeito que o sucesso do auxílio-desemprego ajude a explicar um aspecto chave da situação política com relação à reabertura –ou seja, que o clamor pelo fim das restrições não está vindo dos trabalhadores. As perdas de empregos se concentraram entre os trabalhadores de remuneração mais baixa, mas pesquisas de opinião pública indicam que a demanda por abertura rápida vem principalmente dos republicanos de alta renda. Ou seja, fizemos um trabalho bem melhor do que a maioria das pessoas percebe em proteger os trabalhadores americanos contra dificuldades no período de confinamento. É claro que não foi um completo sucesso, e as primeiras semanas foram bem complicadas. Mas o fato é que o sofrimento foi bem menor do que se poderia esperar diante de um índice de desemprego real de provavelmente cerca de 20%.

Mas o auxílio-desemprego expandido que está apresentando resultados tão bons deve expirar em 31 de julho. Isso deveria causar medo. Suponha que os epidemiologistas estejam certos, afinal, e que uma reabertura prematura leve a uma segunda onda de infecções. O que precisaremos nesse caso será de um segundo período de confinamento. Mas todas as indicações são de que os republicanos se opõem a prorrogar o auxílio. O que eles querem, em lugar disso, são leis que isentem as empresas de responsabilidade legal caso seus empregados adoeçam. Ou seja, querem forçar os americanos a voltar a trabalhar mesmo que isso os mate.”

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4. Sobre desigualdade

“O historiador austríaco Walter Scheidel, 53, produziu um marco ao publicar, em 2017, o best-seller “The Great Leveler”, que agora chega ao Brasil como “Violência e a História da Desigualdade – Da Idade da Pedra ao Século 21”. No livro, o professor de história antiga da Universidade Stanford, na Califórnia, argumenta que a concentração de renda no mundo têm sido a regra ao longo dos tempos, não uma exceção provocada por disfuncionalidades econômicas. Apoiado em minuciosa pesquisa, o autor sustenta que a desigualdade jamais diminuiu de forma pacífica.” [Folha]

Já gostei do cabra.

“Essa pandemia é diferente não só por causa da medicina, mas por causa do vírus. Mesmo se não tivéssemos nenhum tipo de tratamento, ele provavelmente não mataria tanta gente quanto as pandemias do passado. A gripe espanhola foi bem mais severa, especialmente entre os jovens. Nesse sentido, não teremos choque demográfico ou diminuição da mão de obra que levem os salários para cima. A desigualdade não será reduzida por esse mecanismo. Ao contrário, no curto prazo não há dúvida de que ela deve crescer, refletindo as diferenças na distribuição do desemprego em setores distintos. Também já vemos o mercado de ações se recuperando em meio a forte aumento do desemprego. Tudo isso favorecerá quem já tem melhores oportunidades. A questão é se ao final desse processo não haveria uma redução da desigualdade como consequência das políticas adotadas contra a pandemia. Mas também não seria otimista, pois a história mostra que só há grande potencial transformador quando a crise é muito profunda.

O momento para o Brasil e para a América Latina é muito infeliz. A primeira década deste século foi muito positiva, e não apenas para o Brasil. Houve um boom econômico, mudanças políticas que levaram a uma maior distribuição de renda e políticas para a educação. Muitas coisas juntas ocorreram no momento de um boom de demanda da China por commodities. Isso ajudou a reduzir as desigualdades, mas os problemas começaram a aparecer cedo na década atual, e a tendência de equalização social parou repentinamente. A partir daí houve uma mudança política radical que não chega a surpreender se levarmos em conta o quão profundamente arraigado está o conservadorismo nessas sociedades. Isso talvez fosse até inevitável. E tudo talvez fique ainda pior com a crise em andamento agora. Eu ficaria bastante pessimista em relação às perspectivas de o Brasil conseguir retomar uma trajetória de diminuição de suas desigualdades como o fez há 10 ou 15 anos. A não ser que, como disse, as coisas fiquem tão ruins que a pressão para mudanças seja muito grande. E apenas se livrar do atual governo talvez não seja o suficiente. Teria de haver um descontentamento muito grande entre os pobres e mesmo na classe média para que algo assim pudesse ocorrer.”

Sobre o aumento na desigualdade nas últimas quatro décadas:

“Quando há um período de estabilidade, e temos tido algo assim desde 1945 na maior parte do mundo, isso tende a favorecer a desigualdade. Basicamente porque as pessoas que têm suas vantagens tendem a preservá-las quando não há rupturas capazes de mudar o estado das coisas. Quanto mais o tempo passa, mais a renda e a riqueza acabarão concentradas no topo. No máximo a desigualdade vai se estabilizar em um nível muito alto, como temos visto em alguns países. Historicamente, vemos um alto grau de desigualdade sempre esperando pelo próximo choque para mudar as coisas. De um modo mais geral, os países têm mantido as mesmas trajetórias em relação à desigualdade por várias gerações. Os níveis divergem, mas a trajetória é a mesma.”

O que me leva a um gráfico da Gzero que me desgraçou a cabeça:

poverty

Antes da minha indignação o texto da GZero que acompanha o gráfico:

“A UN official warned this week that as many as 29 million people across Latin America and the Caribbean could be plunged into poverty because of the economic pain caused by the coronavirus. Latin America’s economy, which is expected to contract 5.2 percent this year, will be hit far harder than any other region, and could take up to a decade to repair. This would undo many of the social and economic gains of the past two decades that have pulled millions out of poverty. Here’s a look at the number of impoverished people in Latin America’s most populous countries over the past two decades – a glimpse of what’s at stake.” [GZero]

Vamos lá, reparou que fora o Brasil TODOS os países apresentam uma queda contínua, cada um com sua ladeira? Pois bem, veja a porra do Brasil, que diabos aconteceu ali entre 2014 e 2015?!

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Somos o único país do gráfico em que a pobreza aumentou, e Bolsonaro ainda nem estava eleito, viado, é muita desgraça pra dar conta. E isso explica por que diabos Bolsonaro venceu.

Alguém pode dizer “ah, mas tem a pauta-bomba do Cunha e tal” e sim, teve, parte do aumento da pobreza versa sobre isso mas outra parte, ainda mais considerável, versa sobre a incompetência da Dilma. A mesma Dilma que deixou o Bolsa-família perder da inflação desde o pirmiero ano de seu governo, nunca que eu vou esquecer disso!

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Com Lula a inflação sempre era reposta no fim do ano, mas sabe-se lá porque diabos isso não era prioridade para a Dilma. E a crise ainda nem havia chegado, porra! Eu amo a história da Dilma lá na ditadura, mas não é isso que vai me fazer fechar os olhos para seus muitos erros.

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5. Covid-17

17 mil mortes e Bolsonaro faz com os generais o que quer e bem entende, que troço constrangedor.

“Eduardo Pazuello, ministro da Saúde interino, levará hoje a Jair Bolsonaro a proposta de um novo protocolo para uso da cloroquina em pacientes de Covid-19. Como queria Bolsonaro, pelas novas regras, os médicos serão liberados para prescrever o medicamento numa fase mais inicial da doença, e não apenas para casos graves, como acontece atualmente. O esboço de protocolo, que será submetido à aprovação do presidente, estabelece dosagens máximas a serem aplicadas em determinado estágio da Covid-19, para tentar evitar complicações nos pacientes.” [O Globo]

Dois médicos se recusaram a bancar essa loucura e o general vai lá e autografa a insanidade. E foda-se todos os estudos em contrário, o capitão expulso do Exército por indisciplina manda e os generais obedecem.

“Interino no cargo de ministro da Saúde, o general Eduardo Pazuello é defensor do uso da cloroquina para o tratamento de coronavírus e usa exemplo dentro da família para dizer que o remédio funciona. Uma irmã e um sobrinho, com menos de 20 anos, tiveram Covid-19 e foram tratados com o medicamento.” [Folha]

Ora, se deu certo para a irmã e o sobrinho do general tá liberado, tá tranquilo, tá suave. Chupa, American Journal of Medical Association!

E aqui me valho do Andreazza:

“A lacuna Teich comunica que somente Bolsonaro pode ser ministro da Saúde de Bolsonaro. A ver apenas quem — explorando nova fronteira para flexibilização de vértebras morais — lhe será o cavalo.” [O Globo]

É com você, general. Enquanto isso, na vida real:

“Médicos da rede pública em algumas regiões do país se dizem pressionados pela crescente recomendação para que prescrevam a cloroquina a pacientes infectados pela Covid-19. Na rede privada, a indicação pelo uso da droga também aumenta e já faz parte de protocolos de alguns planos de saúde.” [Folha]

Se prepare que vem demência:

“Centenas de médicos em todo o país, no entanto, vêm se unindo a favor do uso precoce da cloroquina em manifestos como o “Médicos pela Vida na Covid-19”, uma plataforma que permite e estimula o apoio à prescrição do medicamento via grupos de WhatsApp. No Recife, outro grupo de médicos autodenominado “Doutores de Verdade” passou a ser investigado em sigilo pelo Conselho Regional de Medicina de Pernambuco por distribuir cloroquina em comunidades pobres. Segundo a médica de família Rafaela Pacheco, o grupo chegou a promover “caravanas de doações” da droga em atendimentos sem prontuários médicos. “Isso se espalhou também para Caruaru e Petrolina [no interior] sob a alegação do sucesso da experiência no Recife”, diz Pacheco.”

CARAVANAS DE DOAÇÂO DE CLOROQUINA, não é possível uma porra dessa, eu devo estar lendo errado.

“O grupo “Médicos pela Vida na Covid-19” afirma que, “no Brasil, ainda estamos incrivelmente apegados à ideia equivocada, preconizada no início da pandemia: agir com isolamento social e restringir o tratamento medicamentoso apenas para casos mais graves (…) enquanto que boa parte do mundo já reconheceu o equívoco terapêutico inicial e passou a estabelecer o uso medicamentoso bem precoce”.”

É você, Olavão?!

E o general defende isolamento social, vejamos se ele vai ter culhão de contraria publicamente o chefe:

“Nestes 30 dias em que está na pasta, segundo relatos, Pazuello, no entanto, defendeu também o isolamento social, citando ser esta a medida mais eficiente para evitar o colapso no sistema de saúde. Segundo secretários estaduais, o general já se comportava como ministro e falava diretamente com alguns, atropelando Nelson Teich.”

E dá-lhe milicos no ministério da Saúde, vai ver eles vão capinar o entorno do ministério, nisso aí eles são imbatíveis.

“O ministro-substituto da Saúde, general Eduardo Pazuello, nomeou mais nove militares do Exército para atuar no ministério. As nomeações foram publicadas na edição desta terça-feira (19) do “Diário Oficial da União”.” [G1]

Vai dar muito certo sim, você que tá torcendo contra.

“Os militares da ativa estão preocupados com a militarização do Ministério da Saúde e temem um desgaste para as Forças Armadas, principalmente se forem adotadas medidas que depois se mostrem equivocadas e gerem prejuízos para a população. Segundo interlocutores dos militares, eles não podem, por uma questão de hierarquia, recusar a convocação que está sendo feita pelo Palácio do Planalto para reforçar a equipe do Ministério da Saúde. Apenas nesta terça-feira (19), foram nomeados nove militares para postos na pasta.” [G1]

Ora, os milicos tuítam loucamente suas opiniões políticas, algo vedado pelo código militar, e aí metem essa de não poder recusar o convite. Não são muitos, mas eu fico imginando o desespero dos militares capazes de unir lé com cré – nessa caso eu nem os chamo de milicos.

“O problema, alertam, é o presidente Jair Bolsonaro. Depois de tentativas frustradas para fazer valer sua posição no combate ao coronavírus nas gestões de Luiz Henrique Mandetta e Nelson Teich, o presidente pode aproveitar o momento atual para adotar as medidas de sua preferência. O uso da cloroquina é citado como exemplo nas conversas de militares com seus interlocutores. Segundo eles, a aplicação do medicamento em massa é polêmica e não tem a aprovação dos especialistas da área da saúde, mas o presidente parece decidido a mudar o protocolo atual e autorizar seu uso desde os primeiros sintomas de covid-19. A depender da forma que o novo protocolo for publicado, há o risco de, no curto prazo, o uso da cloroquina começar a provocar mais mortes em pessoas contaminadas. Aí, a responsabilidade será atribuída não só ao presidente, mas também aos militares que por ventura tenham cedido às pressões do Palácio do Planalto. Por isso, a recomendação nos bastidores que tem sido feita ao general Eduardo Pazuello, interinamente à frente do Ministério da Saúde, é que ele não aceite uma liberação da cloroquina sem os devidos cuidados médicos na prescrição do medicamento.”

O Àtila Iamarino escreveu na Folha e citou um paradoxo interessante:

“O sucesso do isolamento social é claro a cada país derrubando casos de coronavírus. Na Alemanha, testes permitem acompanhar como cada medida de isolamento importou. Cancelar aglomerações como jogos encolheu o crescimento diário de casos de 30% para 12%. Fechar escolas e creches reduziu para 2%. Só com distanciamento obrigatório e comércio fechado conseguiram transformar crescimento em queda de 3% de casos. Mesmo assim, céticos pró- Covid-19 distorceram uma narrativa contra o isolamento: o governador de Nova York teria se assustado pois dois terços dos seus hospitalizados haviam ficado em casa. Tiraram da conversa quantos conviviam com alguém que contraiu o coronavírus fora de casa.

Mas a explicação banal pode ser dada pelo paradoxo da prevenção, descrito em 1981 pelo epidemiologista Geoffrey Rose. Descrevendo medicina preventiva, ele demonstrou que portadores de colesterol muito alto são pouco numerosos entre os mortos por problemas cardíacos. Isso porque muito mais pessoas têm índices comuns e predominam em estatísticas. Segundo ele, “um número grande de pessoas exposto a um baixo risco tem mais chances de gerar mais casos do que um número pequeno de pessoas exposto a alto risco”. Milhões de pessoas em casa têm bem menos risco de se infectar, mas ainda podem gerar mais hospitalizações do que alguns milhares de trabalhadores se arriscando.

O sucesso do isolamento cultiva seu próprio fracasso. Previsões chocantes demandaram quarentena, as medidas foram adotadas e os casos deixaram de crescer. Um sucesso que dá margem para perguntarem: “Cadê os casos todos que estamos prevenindo?”. Cassandra dava previsões nas quais ninguém acreditava. Epidemiologistas dão previsões invalidadas por quem as leva a sério. São profecias autossabotadoras, como o bug do milênio. O mundo gastou bilhões resolvendo o problema e a virada foi tão tranquila que deu a impressão de que não era nada de mais.

O que fazer com quem sai de casa? A conclusão de Rose é social. Como pessoas de baixo risco são tão mais numerosas, estratégias massivas fazem bem mais efeito, mas são difíceis de implementar. É o caso do isolamento. São dezenas de brasileiros restritos para cada um que evita o contágio. Sem benefício aparente, fica difícil. Para uma medida dessas funcionar, Rose propõe soluções como multas, leis e pressão social, já que a motivação própria será pequena. Como fazemos obrigado o uso cinto de segurança ou proibindo o cigarro, medidas aplicadas a muitos que beneficiam relativamente poucos.” [Folha]

E o Tecih ficou puto com o Mandetta:

“O ex-ministro Nelson Teich (Saúde) chamou de deselegante seu antecessor, Luiz Henrique Mandetta, por críticas feitas à sua gestão. Em entrevista à Folha, publicada nesta segunda-feira (18), Mandetta disse que a pasta é “uma nau sem rumo”. ​”Em 28 dias à frente do MS [Ministério da Saúde], por mais difícil que fosse a situação, nunca expus gestões anteriores”, escreveu Teich em rede social.” [Folha]

Expôs sim, falou que faltavam dados para embasar decisões e na mesma coletiva conseguiu a proeza de dizer que o Brasil performava bem. Ora, se faltavam dados como concluir que o Brasil perfomava bem?!

“”Acho muito deselegante um ex-ministro criticar seu sucessor e acredito que esse tipo de condução só aumenta a polarização e o desgaste, prejudicando desta forma o país inteiro”, afirmou.”

Vamos ao nome preferido dos bolsonaristas para o lugar do Nelson, e reza a lenda que esse sujeito será entrevistado pelo Bolsonaro, vai ser amor à primeira vista:

“Num governo em que não faltam ministros inacreditáveis, Abraham Weintraub, da Educação, se destaca. Incompetente, boquirroto e canastrão, talvez ele agora ganhe um concorrente à altura na Esplanada, caso o psiquiatra Ítalo Marsili seja escolhido para a pasta da Saúde. O nome de Marsili para assumir o combate ao coronavírus é parte de uma campanha da tropa de choque digital bolsonarista desde o fim de semana. Deputados e ativistas o defendem com base no argumento de que é um conservador confiável, ao contrário do “infiltrado” Luiz Henrique Mandetta e do insípido Nelson Teich, os dois ocupantes anteriores da pasta. Mais do que isso, Marsili é de uma cepa específica de conservadorismo, aquela ligada ao filósofo e guru Olavo de Carvalho, de quem é discípulo e com quem apregoa já ter morado nos EUA. Um de seus defensores é o professor Rafael Nogueira, também olavista, que hoje preside a Biblioteca Nacional. Pelo Twitter, compartilhou a hashtag #ItaloMarsiliMinistrodaSaude e apresentou vários argumentos pelos quais diz que a indicação é uma boa ideia. Alguns são um tanto inusitados, como o fato de Marsili ser pai de seis filhos e ter práticas de tiro, acampamentos militares e missões terrestres no currículo. Seria pelo fato de o combate à Covid-19 ter ganho contornos de guerra ao redor do mundo?” [Folha]

“Um dos seus livros, “Terapia de Guerrilha” (editora Auster), segue essa metáfora bélica. Tem uma pegada de manual de autoajuda desbocado, a começar pelo subtítulo na capa: “Trabalhe. Sirva. Seja Forte. Não Encha o Saco”. “A geração de hoje é uma geração soft, desacostumada a qualquer tipo de intempérie, contrariedade ou incômodo. Somos a geração da roupa 100% algodão, que precisa de anestesia para arrancar o siso e de lente de correção para não frisar o olhinho. Somos a geração do microondas, dos múltiplos confortos”, afirma o psiquiatra na descrição de sua obra. Mas o ponto essencial, continua Marsili, é que a “a vida é guerra”. “Engula o choro. Quer ser um bebezão para sempre?”, pergunta. Esse estilo joelhada nas partes baixas tem maravilhado a base bolsonarista, mas também já provocou uma reação nas redes sociais na mesma proporção.”

E vou deixar a parte sobre pedofilia de fora, me recuso.

“Algumas coisas que Marsili falou no passado em entrevistas e lives são barra pesada. Numa conversa com a produtora de vídeos de direita Brasil Paralelo, falou asneiras sobre o voto feminino que fariam Weintraub corar. “É muito fácil você convencer uma mulher a votar. É só seduzi-la”, afirmou. Em outra conversa, colocou-se contra a hipótese de um papa africano, dizendo que um sumo pontífice “negão não vai funcionar”. Por isso, talvez sua nomeação para o ministério naufrague. Não porque Bolsonaro se escandalize com esse tipo de coisa (afinal, ele não é um bebezão). Mas simplesmente porque os instintos suicidas do presidente talvez tenham limite. Um clono de Weintraub na Saúde nesse momento talvez seja provocação demais.”

Olavista, racista e misógeno, a vaga é dele!

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6. Hora de colher a insanidade

Se você não lê em inglês, joga lá no google translate que sai bonito : ) A matéria começa apontando a paciência dos chineses, mesmo com as patadas presidenciais eles foram polidos, diplomáticos. Não mais:

“What, then, explains the radical shift toward a more abrasive diplomatic style? Above all, Beijing has realized that keeping China off the public radar in Brazil is no longer an option. China has become a constant and divisive topic in public debate. Today, the number of Brazilians who are aware of their country’s economic dependence on China has grown dramatically—even though many do not yet express strong opinions about the country. Eduardo Bolsonaro has been attacked from many sides—governors, mayors, business associations, and policy analysts—for endangering the partnership precisely at a moment when Brazil is beginning to rely on Chinese ventilators and masks to address the pandemic. Over the past few weeks alone, several governors ordered ventilators from China, and São Paulo Gov. João Doria placed an order worth almost $100 million. In the same way, Brazil’s economic elites are keenly aware that the country will strongly depend on China for its economic recovery after the pandemic subsides—memories are still fresh of how crucial Chinese investors, lenders, and buyers of commodities were to helping Latin America weather the storm of the 2008 economic crisis.

“Yet predictably, China’s global rise has also turned it into a convenient scapegoat for populist politicians seeking to place the blame for all sorts of problems—including the pandemic, unemployment, or a supposed moral decay—on foreign enemies. While Bolsonaro embraced a more prudent stance toward Beijing in public, his supporters have never stopped stoking Sinophobia on social media since he became president. That is beginning to have an impact: pro-Bolsonaro groups on WhatsApp are now teeming with xenophobic, anti-China, and anti-communist rhetoric, and the most fervent Bolsonaro supporters commonly describe the coronavirus as a Chinese plot against Bolsonaro, capitalism, and the West. The president is likely to increasingly depend on this radical base in light of recent corruption allegations against him. Brazil’s government is deeply divided between nationalist pro-Trump ideologues who despise China and military officials and free-market advocates who are aware of its importance for Brazil’s economy. Both Vice President Mourão and Minister of Agriculture Tereza Cristina, seen as a guarantor of solid Brazil-China ties, are regularly vilified by Bolsonaro supporters as closet communists. Despite their best efforts, both have failed to control anti-China rhetoric by high-level officials close to Brazil’s president. As a result, it seems that anti-China sentiment in Bolsonaro’s inner circle has reached a point of no return. As a consequence, Beijing decided it was time to go on the offensive—and that it may actually extract some concessions by doing so. By taking a more aggressive approach, Beijing has been able to play these factions within the Bolsonaro administration against each other.” [Foreign Policy]

Vai, China! SE o Kin Jong-un quiser foder o Bolsonaro tamos juntos também.

“China’s more active approach may generate other short-term gains for Beijing, and the Chinese government’s capacity to readily provide medical equipment in the midst of the crisis is likely to improve its image in a country where the president so far refuses to recognize the threat the coronavirus poses to public health. Even so, its newly combative approach may already be backfiring. Merely a day after the publication of the consul general’s controversial op-ed, Brazil’s Minister of Education Abraham Weintraub taunted Beijing by imitating a Chinese accent on Twitter, accusing China of unduly profiting from the pandemic. It revealed a dynamic that should worry China: By attacking Beijing, Weintraub—whose position had seemed at risk due to his poor job performance—consolidated his position in the Bolsonaro government. After all, the president’s radical base now regards attacking China as proof of loyalty to Bolsonaro and often celebrates how traditional media and business elites worry over whether each attack may affect bilateral ties. The Supreme Court’s decision to initiate an investigation about whether Weintraub’s tweet constitutes racism only consolidates their support—pro-regime protests routinely call on the president to shut down both the Supreme Court and Congress.

Even in the case of Bolsonaro’s premature political demise—he is facing unprecedented criticism over his coronavirus denialism, talk of impeachment is growing, and Brazil’s Supreme Court has authorized an investigation into allegations of interference with the country’s federal police force—Sinophobia as a political strategy in Brazil is unlikely to go away. If the president is impeached, other right-wing leaders will eagerly embrace Sinophobia to attract Bolsonaro’s base. If anything, growing pressure on Bolsonaro could cause a rise in scapegoating. It seems likely that Trump will only ramp up anti-China rhetoric ahead of the November U.S. election—possibly even asking China for reparations for economic damage caused by the virus. Brazil’s government may feel tempted to employ similar strategies to divert public attention from the looming economic crisis. This leaves Beijing with few good options. It is reluctant to leave accusations by Brazilian government officials unanswered, to ensure that policymakers know that attacking China risks straining the bilateral relationship. Yet by reacting to every single provocation, it risks falling into a trap, as any populist politician in Brazil in need of gaining visibility—and unconcerned about the negative consequences—will consider badmouthing China. At the same time, policymakers and analysts calling for greater cooperation with China may increasingly worry about inciting hatred from far-right nationalists and being labeled “communists” acting on Beijing’s behalf.

Going forward, the nature of the Brazil-China relationship will be far more volatile and vulnerable to internal political dynamics in Brazil, which may come to pose risks for large-scale projects that would have previously caused little public attention. For example, after the recent acrimonious collapse of the Boeing-Embraer tie-up—which involved accusations from the Brazilian jetmaker that Boeing had been looking for excuses to back out given the macroeconomic impact of the pandemic—Embraer is now likely to consider alternatives in China, which may cause resistance among Bolsonaro’s radical supporters. China will likely also be at the center of a growing number of conspiracy theories, fueled by the opacity of Chinese politics, a profound lack of knowledge in Brazilian society about China, and the very limited number of China specialists able to provide a more nuanced picture of Asia’s largest economy to the public or the government. What was once a tranquil and easy-to-manage bilateral relationship has now become the biggest test for Chinese diplomacy in Latin America.”

Fodeu grandão, os dementes conseguiram a ira dos, até aqui pacientes, chineses. Vai dar muito certo comprar briga com nosso maior parceiro comercial em meio a uma crise econômica sem precedentes.

E os ruralistas, Costinha?!

costinha

E por falar em plantar o que colheu:

Enquanto o demencial empresariado brasileiro bate os pézinhos…

“A saída de Nelson Teich do Ministério da Saúde reacendeu o alerta entre empresários sobre o grau de confiança no Brasil para o combate à pandemia do novo coronavírus. Executivos dão mostras de desconforto com a falta de coordenação entre a pasta e a Presidência da República. Na última sexta-feira, uma entrevista de Philipp Schiemer, presidente da Mercedes-Benz do Brasil e América Latina, ao jornal Valor Econômico deixou evidente sua frustração: o atraso na retomada da economia por conta da ausência de ações coordenadas no combate à Covid-19 entre os governos federal, estadual e municipal. “É uma tristeza o que estamos vendo”, disse. Ele não está sozinho. Para o presidente da BGC Liquidez, Ermínio Lucci, a declaração de Schiemer “expressa um pouco a visão de todos os empresários de que falta de credibilidade ao Brasil”. “Não é nem só o fato de dois ministros serem mandados embora em menos de um mês, é a falta de foco na gestão da saúde no Brasil, de se ter uma unidade [de estratégia], já que não há uma consonância entre o executivo federal e o executivo de estados e municípios para combater a pandemia”, destacou Lucci.

O empresário destacou que, enquanto alguns países já estão reabrindo a sua economia, no Brasil ainda é discutida a possibilidade de se decretar o chamado lockdown, com regras mais rígidas de isolamento social, apontando o atraso do Brasil no combate à doença. “Isso, realmente, tira o incentivo de qualquer empresário de investir no país. Isso afeta a credibilidade do poder público. O que isso significa na prática é menos investimentos nos próximos trimestres”, disse Lucci. “O fato de a gente ter que lidar com uma crise econômica e de saúde sem precedentes nos últimos 100 anos, somado a uma crise política, ao não entendimento entre os poderes de cada ente da federação, isso vai, por um bom tempo, abalar a confiança dos empresários”, reiterou o presidente da BGC. Paulo Castello Branco, presidente da Associação Brasileira dos Importadores de Máquinas e Equipamentos Industriais (Abimei), também vê prejuízos para os investimentos. “Quando nós vemos um fato como esse (saídas de Mandetta e Teich) isso confirma que o que Brasil está vivendo é realmente um pesadelo. Investidores estão muito atentos com o que está acontecendo no Brasil e isso atrapalha a retomada da economia que já vinha em uma situação difícil”, afirma.” [G1]

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7. “O dever do impeachment

Do Hélio Schwartsman

“Não sei se um impeachment contra Jair Bolsonaro tem condições de prosperar. Numa avaliação política, eu diria que, hoje, não. Mas acredito que temos a obrigação moral de deflagrar o processo, mesmo que não tenha êxito. Os crimes de responsabilidade cometidos pelo atual mandatário são tantos, tão ostensivos e tão graves que deixar de acusá-lo equivaleria a coonestar suas atitudes. O impeachment tem dupla natureza. Ele é ao mesmo tempo um instituto político e judicial. Se o bom articulador só deve levar sua proposta a votação quando sabe que vai ganhar, o policial é em tese obrigado a entrar em ação sempre que flagra uma ilegalidade” [Folha]

“No mundo real, sabemos que o guarda muitas vezes precisa fechar os olhos para violações menores, ou as delegacias ficariam atulhadas em picuinhas, mas, quando o meliante passa a agir em plena luz do dia, cometendo delitos cada vez mais graves e de forma cada vez mais conspícua, a opção de virar a cara para o outro lado já não se coloca. A maior flexibilidade proporcionada pela faceta política do impeachment não muda isso. Os desatinos de Bolsonaro atingiram um grau tal que ignorá-los seria compactuar com o perpetrante. Estamos aqui numa situação análoga à do Partido Democrata diante das transgressões de Donald Trump. Mesmo sabendo que não havia a menor chance de o presidente ser afastado —os republicanos têm folgada maioria no Senado— e que havia o risco de a absolvição fortalecê-lo eleitoralmente, a liderança democrata entendeu que tinha a obrigação moral de tentar o impeachment. Julgou que as violações eram de tal monta que fingir que elas não ocorreram significaria faltar com o compromisso do partido com a democracia. Em termos práticos, a diferença relevante é que Trump podia contar com a fidelidade dos senadores de um Partido Republicano cada vez mais coeso por causa da polarização; já Bolsonaro está na mão do centrão.”

Assino embaixo de cada vírgula.

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8. Vai, Centrão!

Qualquer filho da puta indicado pelo Centrão será melhor que o Abraham:

“Ao entregar para o Centrão uma diretoria do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), órgão com orçamento previsto para este ano de R$ 29,4 bilhões, o presidente Jair Bolsonaro deu sinal claro do enfraquecimento do ministro da Educação, Abraham Weintraub, um dos pilares da chamada ala ideológica do seu governo. A avaliação foi feita por aliados do próprio ministro, que o veem no momento mais frágil desde que assumiu o posto, em abril do ano passado, mesmo tendo o apoio dos filhos do presidente. Desta vez, porém, Weintraub bateu de frente com Bolsonaro ao questionar a nomeação de indicados pela “velha política”. Contrariado, o ministro da Educação, segundo interlocutores, foi reclamar com o presidente por retomar a prática do “toma lá, dá cá”, no qual o governo distribui cargos em troca de votos no Congresso. Mas teve que “engolir seco”. O presidente se irritou com o subordinado, inclusive o acusando de ter vazado informações sobre a negociação.” [Estadão]

Peraê

Abraham colocou o rabinho entre as pernas mas se recusou a assinar a nomeação para a diretoria da FNDE:

“Weintraub delegou ao seu secretário executivo, Antonio Vogel, assinar o ato de nomeação no Diário Oficial da União. Procurado, o MEC não esclareceu o motivo.”

“Mas a fragilidade do ministro não está relacionada apenas à recusa em lotear seu ministério. As falas de Weintraub contra integrantes do Supremo Tribunal Federal (STF) na reunião do dia 22 de abril, a última com o ex-ministro Sérgio Moro, e o impasse sobre o adiamento do Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) contribuem para o desgaste. A interlocutores, o ministro da Educação confidencia estar na mira dos militares do governo, com quem sempre travou disputas e a quem atribuiu a aproximação de Bolsonaro com o Centrão. O entorno do presidente, porém, não enxerga a possibilidade de uma troca no ministério ocorrer em meio à pandemia do coronavírus.

Para pessoas próximas a Weintraub, o grupo ligado às Forças Armadas e o ministro do Desenvolvimento Regional, Rogério Marinho, teriam convencido Bolsonaro a entregar os cargos no FNDE ao Centrão. A justificativa seria que eles estavam com o DEM, legenda do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (RJ), até dezembro passado. Portanto, não faria diferença entregá-los a outras siglas. Monitoramento feito pela AP Exata, empresa que analisa o comportamento de internautas nas redes sociais, indica um desgaste do ministro nas últimas semanas. Inicialmente, a perda de apoio se deu pela pressão para o adiamento do Enem. Na semana passada, uma desastrosa entrevista para a CNN Brasil, na qual destratou a âncora do telejornal, contribuiu para menções negativas. Ontem, as críticas cresceram pelo fato de não ter impedido o governo de entregar cargo no FNDE ao Perfis mais alinhados ao bolsonarismo deixaram de defendê-lo. Na internet, a avaliação é que o ministro não aceitará o acordo com o bloco e deixará o governo.”

E Abraham é deveras pilantra, repare:

“Dois assessores do Ministério da Educação (MEC) atuaram como advogados do ministro, Abraham Weintraub, em ações de interesse privado na Justiça. Nomeados como assessores especiais do ministro entre abril e maio do ano passado, os advogados Auro Hadano Tanaka e Victor Sarfatis Metta trabalharam como advogados de Weintraub. Segundo especialistas ouvidos pelo GLOBO, a prática pode configurar improbidade administrativa, pelo uso de servidores públicos para fins pessoais. Procurado, o ministério nega irregularidades. Auro Tanaka foi nomeado em 15 de abril de 2019. Victor Metta, em 28 de maio de 2019. O salário de ambos é de R$ 13,6 mil. Victor Metta aparece como um dos advogados representando Weintraub em uma ação de danos morais contra o site Brasil 247, no Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP). Seu escritório, Rosenthal Sarfatis Metta, entrou com a ação em 3 de outubro de 2019. O Ministério da Educação afirma “que não há impedimento para que os escritórios de Victor Sarfatis Metta e Auro Hadano Tanaka atuem na defesa da pessoa física de Abraham Weintraub. Os honorários advocatícios foram pagos particularmente por Weintraub, ou seja, sem recursos públicos.” [O Globo]

Sim, há impedimento pra caralho!

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9.  Repita comigo, MI – LI – CI – A – NO

“O Ministério Público Federal propôs o arquivamento do inquérito em que Sergio Moro, quando comandava o Ministério da Justiça, pediu que Lula fosse investigado com base na Lei de Segurança Nacional por crime contra a honra do presidente Jair Bolsonaro. QUERIDO CHEFE O petista disse, em um discurso, que não era possível que o Brasil tivesse “o desprazer de ter no governo um miliciano”, responsável pela violência “do povo pobre”e “pela morte da [ex-vereadora] Marielle”.” [Folha]

Eu não tava lembrado, mas quem pediu essa investigação foi… o Moro!

“Moro fez o pedido logo depois que Bolsonaro afirmou que usaria a lei, da época da ditadura, contra Lula. Em sua defesa, o ex-presidente disse que não se referia a Bolsonaro ou a qualquer pessoa específica. O MPF considerou que a fala de Lula não ameaçava a integridade nacional, a soberania, a democracia, nem o chefe do Executivo —que são os crimes previstos na Lei de Segurança Nacional. O procurador Mario Alves Medeiros afirmou ainda que as falas de Lula fizeram “mera menção a fatos amplamente noticiados pela imprensa brasileira, a respeito de supostas ligações entre a família do presidente [Bolsonaro] e integrantes de grupos de milícia” do Rio. “Simples pesquisa na internet revela um sem-número de publicações alusivas a esses possíveis vínculos”, diz o procurador. Para investigar Lula, seria necessário fazer o mesmo com todas as outras pessoas autoras das mesmas menções a Bolsonaro.” [Folha]

moro

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10. A polícia carioca

Caralho, isso aqui infelizmente é rotina, mas esse episódio é macabro até não poder mais..

“Filho de uma professora de um colégio particular em São Gonçalo, na Região Metropolitana do Rio, e de um comerciante da Praia da Luz, bairro daquele mesmo município, o adolescente João Pedro Mattos Pinto, de 14 anos, foi atingido por um tiro de fuzil na barriga na tarde desta segunda-feira, durante uma operação policial no Complexo do Salgueiro. Um helicóptero da Polícia Civil o levou do local, para, segundo fontes da instituição, o Saer (Serviço Aero Policial, na Lagoa). O destino não foi comunicado à família.Foram horas de agonia até que, na manhã desta terça-feira, o corpo de João Pedro foi localizado no Instituto Médico-Legal (IML) de São Gonçalo por parentes. Nesta terça-feira, agentes do Batalhão de Operações Especiais (Bope) realizam uma nova operação no Salgueiro.” [O Globo]

Mataram o moleque, pegaram o copro, voaram por 40 quilômetros e largaram num IML qualquer, porra, e aí depois não entendem porque a polícia é odiada.

“Ainda segundo fontes da Polícia Civil, os agentes alegaram que levaram o jovem de São Gonçalo para a Zona Sul do Rio porque há paramédicos no Saer, que podiam socorrê-lo. O jovem chegou morto ao local. O corpo então foi levado de volta para São Gonçalo,  para o IML. Desde o momento em que João – que estudava no Colégio Pereira Rocha, onde a mãe é professora da educação infantil – foi atingido até o momento em que seu corpo foi localizado, a famlía realizou várias buscas. Parentes percorram hospitais, até chegarem ao IML. A Defensoria Pública acompanha o caso.”

Então tá, né?

“Parentes do menino contam que ele estava dentro de casa, na ilha de Itaoca, jogando sinuca com primos e colegas, perto da piscina, quando policiais invadiram a casa atirando. Ele teria sido deixado no local pelos policiais, de acordo com os parentes. O tio, então, carregou o menino no colo e foi até os policiais para pedir ajuda. – Colocaram o garoto no helicóptero e o levaram. Desde então não tivemos mais notícias dele – contou um parente. – Ninguém sabe ao certo o que aconteceu. Talvez por ser uma casa boa, com piscina tenham imaginado coisa errada. A família é religiosa, evangélica. Do bem. E muito conhecida na região – relatou outro familiar.”

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11. Hotel Coronavírus

Um texto lindo e assustador do Diogo Bercito:

“A pandemia do coronavírus resultou, por acidente, em uma espécie de experimento social em Israel — um país que, ao contrário do Brasil, tomou duras medidas de isolamento. O governo de Binyamin Netanyahu utilizou 23 hotéis e albergues para hospedar pessoas com sintomas leves da doença, investindo o equivalente a R$ 127 milhões em 128 mil diárias. Um deles foi apelidado de Hotel Coronavírus.

Em Jerusalém, o Hotel Coronavírus hospedou pessoas que raramente convivem umas com as outras, dada a polarização da sociedade israelense. Palestinos e israelenses interagiram nos corredores, por exemplo. Outros grupos que circulam em mundos paralelos também conviveram ali, entre eles judeus ultraortodoxos e seculares.

Segundo a rádio americana NPR, essa mistura quase utópica de cidadãos usou a quarentena para sentar-se junta à mesa, contar piadas, dançar zumba e fazer ioga. Como alguns dos hóspedes estavam registrando a experiência nas redes sociais, o restante do país acompanhou o dia a dia do hotel como se fosse um programa de TV.

A comediante israelense Noam Shuster escreveu à 972mag um longo relato sobre a sua experiência no hotel. Nas palavras dela:

“Palestinos e judeus se reuniam no lobby toda noite para papear e jogar, com a playlist alternando entre música Mizrahi e clássicos árabes. Eu estava enlouquecendo? Como isso podia acontecer? Por que precisamos de uma pandemia para tratarmos um ao outro com tamanha compaixão radical? Por que somente com uma ameaça externa em comum nós somos capazes de reconhecer a liberdade e o bem-estar dos outros?”

Shuster também disse, na rede social Instagram, que foi uma das únicas comediantes do mundo a ter uma plateia ao vivo durante esta pandemia. Afinal, todo o mundo já estava infectado pelo vírus. A comediante diz, em seu relato, que a experiência no Hotel Coronavírus não resolveu os intensos conflitos sociais do país. Por outro lado, ela insiste em que é preciso reconhecer também as experiências positivas — e utilizar o aprendizado desta crise. Depois de semanas de confinamento, o governo já começou a fechar os hotéis de quarentena. Segundo a Universidade Johns Hopkins, Israel teve 16 mil casos confirmados de Covid-19 e ao menos 272 mortes.” [Folha]

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12. A China agradece

Como o Trump é burro…

“O presidente Donald Trump ameaçou na noite desta segunda-feira (18) interromper permanentemente os pagamentos para a OMS (Organização Mundial da Saúde) e reavaliar a permanência dos Estados Unidos na organização em meio à pandemia de coronavírus. O líder americano, em carta ao diretor-geral da organização, Tedros Adhanom Ghebreyesus, publicada numa rede social, deu prazo de 30 dias para que a OMS faça “melhorias significativas” ou então concretizará, segundo ele, as ameaças. Mais cedo na segunda (18), Trump já havia acusado a entidade de ter feito “um trabalho muito triste” em relação à emergência sanitária e indicado que a OMS se move por interesses chineses. “Os EUA pagam a eles US$ 450 milhões [R$ 2,5 bilhões] por ano; a China paga a eles US$ 38 milhões [R$ 218,5 milhões] por ano. E eles são um fantoche da China”, disse o presidente americano na Casa Branca.” [Folha]

Disse o sujeito que confessu beber cloroquina mesmo sem estar infectado! Sobre isso retomo mais a frente.

“A China reagiu nesta terça-feira (19), por meio do porta-voz do Ministério das Relações Exteriores, Zhao Lijian, dizendo que a carta de Trump é difamatória. “A carta aberta da liderança dos EUA está cheia de insinuações, de ‘talvez’ e de ‘provavelmente’, e tenta enganar o público por meio desse método ilusório, para alcançar o objetivo de difamar os esforços da China na prevenção de epidemias e tirar a responsabilidade de sua própria incompetência.” Ainda segundo o porta-voz chinês, a decisão de Trump de parar de contribuir com a OMS viola suas obrigações internacionais. Na semana passada, a China cobrou que países, em especial os EUA, paguem suas dívidas com a ONU. Na Rússia, o vice-ministro das Relações Exteriores, Serguei Riabkov, disse que os EUA tentam “quebrar” a OMS. Segundo ele, a manobra “obedeceria a interesses políticos e geopolíticos” dos americanos. A União Europeia também reagiu às ameaças de Trump e manifestou apoio à OMS. “É hora de solidariedade, não de apontar o dedo ou minar a cooperação multilateral. A UE apoia os esforços da OMS”, disse a porta-voz da diplomacia europeia, Virginie Battu, em entrevista coletiva. Para os países europeus, “os esforços multilaterais são a única opção eficaz e viável para vencer esta batalha” contra o novo coronavírus.”

Os chineses estão deitando e rolando:

“China was meant to face a reckoning this week over its early response to the coronavirus outbreak, outnumbered in public by dozens of angry nations at the World Health Assembly. Instead, it ended up outplaying the world. At Monday’s virtual World Health Assembly, countries were meant to vote on a draft motion, proposed by Australia, that would have begun an investigation into the source of the novel coronavirus and China’s role in the outbreak. It likely would have cast an unflattering light on China’s early inaction and its suppression of information, which cost valuable days of preparation. But that motion didn’t even make it to the table.” [Business Insider]

Não é à toa que os chineses vão taxar os principais produtos de exportação da Austrália em 80% e estão se recusando a atender as desesperadas ligações do governo australiano.

“Instead, the assembly was presented with a watered-down draft motion from the European Union that called for a review on “lessons learned,” with few specifics. In other words, the new version does not call for an investigation into the origins of the virus in China. At no point does it mention China or Wuhan, the city where the first cases were found. More than 110 WHO member states had backed the motion on Monday. As it became clear that the motion was going to pass, China reversed its earlier opposition and embraced it instead. It passed on Tuesday with no objections.

President Xi Jinping on Monday also gave a surprisingly conciliatory speech to the assembly in which he:

– Backed an investigation — but only when the pandemic is over. “China supports the idea of a comprehensive review of the global response to COVID-19,” Xi said, “after it is brought under control to sum up experience and address deficiencies” (emphasis added).
– Worded his pledge in such a way that countries will struggle to hold China to account. The WHO investigation “should be based on science and professionalism, led by WHO, and conducted in an objective and impartial manner,” Xi said. The omission of the word “independent” is telling, CNN’s James Griffiths noted. Carrying out independent investigations in China is notoriously difficult, especially if it could embarrass the ruling Communist Party.
– Announced an additional $2 billion in funding to WHO, with a focus on developing countries. The extra $2 billion almost matches WHO’s entire annual program budget for 2019, Reuters reported. It means China is WHO’s largest financial contributor. The top contributor used to be the US. But President Donald Trump earlier this year withdrew $400 million in funding to protest what he said was WHO leadership’s “China-centric” nature.
– Pledged to help African nations better their healthcare systems and promised that any Chinese vaccine development “will be made a global public good.” The US is reportedly planning to disassociate from a WHO resolution to let poor countries bypass patents to access coronavirus vaccines or therapies.”

E repare como o governo Trump é escroto, puta que pariu!

“Os EUA também preparam a desassociação pública de uma resolução da OMS que apóia o direito de países pobres de ignorar patentes para garantir acesso a vacinas e tratamentos para a Covid-19. Muitos governos, especialmente de países africanos, temem ser preteridos por países mais ricos, a menos que consigam forçar as empresas que descobrirem novas formas de combate ao coronavírus a compartilharem a propriedade intelectual com fabricantes capazes de produzí-las em uma escala de baixo custo. De acordo com embaixadores africanos ouvidos pelo jornal britânico Financial Times em Genebra, na Suíça, onde fica a sede da OMS, diplomatas americanos tentam mudar o texto da resolução para retirar os trechos que se referem à propriedade intelectual e garantir que os EUA sejam o primeiro país a ter acesso a vacinas.”

E Trump se retirou da ribalta, pra delírio do Xi:

“As Business Insider’s John Haltiwanger noted, the fact that Trump declined to speak at the assembly — while Xi did — showed that the US was pulling away from its responsibilities on the world stage. As Business Insider’s John Haltiwanger noted, the fact that Trump declined to speak at the assembly — while Xi did — showed that the US was pulling away from its responsibilities on the world stage. The contrast was clear. China was given an opportunity to, however cynically, present itself as a calm, peaceful leader. Meanwhile, the US appeared petty and reluctant to engage. It is not hard to see China angling to fill the power vacuum Trump is leaving at WHO — which could help the country walk away relatively unscathed from the pandemic that began inside its borders.”

Tem país africano que nem respirador tem, porra!

“O presidente dos EUA, Donald Trump, disse nesta segunda-feira (18) que está tomando hidroxicloroquina, medicamento usado no tratamento contra malária, como prevenção contra o coronavírus. “Tenho tomado [o medicamento] desde a última semana e meia. Uma pílula por dia”, afirmou Trump a repórteres. O presidente americano diz que não apresentou efeitos colaterais ao uso. O republicano afirmou também que está tomando uma dose única de azitromicina, um antibiótico destinado a prevenir infecções, além de zinco. “Tudo o que posso dizer é que até agora parece que estou bem.”

O MidCast veio com o único comentário possível:

A Pelosi SAMBOU na cara do trump:

Caralho, nem Bolsonaro foi tão longe. E isso porque fazia um bom tempo que Trump não falava em cloroquina.

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>>>> De José Luiz Edydio Setúbal, um dos herdeiros do Itáu: “Bolsonaro há de entender em algum momento que existe uma coisa que chama valor, aquilo que nossos pais nos ensinam quando somos crianças e que ensinamos aos nossos filhos. Pelas atitudes dos filhos 01; 02; 03; 04 podemos ter uma ideia dos valores que nosso presidente tem.” [Folha]

>>>> Pra cima deles: “Diante da pressão do governo federal para a retomada das atividades em meio à pandemia do novo coronavírus, servidores se mobilizam contra a sinalização da cúpula de ministérios de obrigar os funcionários a voltar ao trabalho presencial. Para evitar a ida à Esplanada no curto prazo, servidores já buscaram a Justiça. A Secom (Secretaria de Comunicação Social) da Presidência da República e ao menos um ministério, o do Turismo, determinaram o retorno ao trabalho presencial. Estão dispensados apenas os funcionários que integram o grupo de risco –pessoas com 60 anos ou mais ou com doença preexistente. Pelo menos mais um ministério ensaiou retomar a jornada, mas recuou. Na semana passada, minuta de uma portaria do Ministério da Cidadania que circulou entre servidores obrigava aqueles que não estivessem enquadrados em grupos de risco a voltar a trabalhar nesta segunda-feira (18). A Andeps (Associação Nacional da Carreira de Desenvolvimento de Políticas Sociais ), no entanto, entrou com um mandado de segurança no dia 14 de maio e conseguiu postergar o retorno. Segundo a entidade, a pasta foi intimada a se manifestar em 24 horas e recuou, informando que prorrogou por mais 15 dias as medidas de prevenção e que manteria o trabalho remoto por tempo indeterminado. A reclamação de diversas associação de servidores é que seria irresponsável por parte do governo determinar a volta ao trabalho em um momento em que há alta de contaminações e mortes.” [Folha]

>>>> Imagine, já tivemos Gil tirando um som na ONU há poucos anos atrás, como ministro da Cultura…: “Após supostamente encerrar uma instabilidade política com a secretária de Cultura Regina Duarte — após a recondução momentânea, à sua revelia, de Dante Mantovani à Funarte, a própria atriz disse que achava que estava sendo dispensada pelo governo —, o presidente Jair Bolsonaro voltou a provocar especulações sobre o futuro do setor vinculado ao Ministério do Turismo. Na manhã desta terça-feira (19/5), o presidente compartilhou o trecho de uma entrevista concedida por Mário Frias à rede CNN Brasil no dia 6 de maio, quando o nome de Regina Duarte vinha sendo apontado como iminente queda no governo. À época, aliás, os atores Humberto Martins e Mário Frias já haviam sido apresentados a Bolsonaro como possíveis substitutos para a secretária. No vídeo publicado por Jair Bolsonaro em sua página no Facebook e no Twitter, Mário Frias tece elogios ao presidente e demonstra admiração por Regina Duarte — vale lembrar que Frias foi um dos poucos artistas a comparecer na posse de Regina. Quando perguntado se estaria sendo cotado para substituir a Secretaria de Cultura, ele dá uma risada e diz que receberia o convite com entusiasmo.” [O Globo]

>>>> Sempre torcemos contra o Bretas: “as” [O Globo]

>>>> Os Odebrecht precisam ir ao programa Casos de Família, da Cristina Rocha: “A guerra judicial entre a Odebrecht (comandada por Emilio Odebrecht) contra ganhou um novo capítulo — e, para variar, pesado. A Odebrecht entrou na Justiça de São Paulo com uma ação para anular um contrato com Marcelo pelo qual ele receberia R$ 52 milhões a título de “honorários complementares”. O contrato foi assinado em 2017, quando Marcelo deixou a prisão e referia-se a valores a que ele teria direito nos tempos em que presidiu a empresa, entre 2013 e 2015. A Odebrecht diz que só assinou tal contrato por ter sido coagida por Marcelo, que a ameaçava. Acusa ainda Marcelo de ter “comandado um dos maiores escândalos de corrupção já noticiados no país”, colocando o grupo “na maior crise financeira de sua história”. Mais: que as empresas do grupo ” lutam para sair da crise em que foram colocadas, principalmente, pelo Sr. Marcelo Odebrecht, para pagar mais de R$ 2,6 bilhões em penalidades devidas ao MPF, CGU, AGU, bem como os valores devidos a seus integrantes e credores”. A ação utiliza-se de termos duros e tenta jogar nas costas de Marcelo a culpa de todo o mar de corrupção que grassava na empresa — como se os esquemas fraudulentos da Odebrecht tivessem se iniciado em seu período como presidente. É sabido que, com Marcelo no comando, o esquema criminoso ganhou vulto, mas obviamente a corrupção sempre esteve no DNA da Odebrecht, como de resto de todas as empreiteiras brasileiras” [O Globo] A cara de pau do seu Norberto é espantosa…

>>>> Boas novas na França: “Os desertores do partido do presidente francês Emmanuel Macron, República em Marcha (LRM, na sigla em francês), anunciaram, nesta terça-feira, a criação de um novo grupo na Assembleia Nacional. A medida faz com que a sigla de Macron perca a maioria absoluta no parlamento e aumenta a pressão por mais políticas de esquerda. Ao todo, sete parlamentares estão de saída do LRM para ingressar em um novo grupo chamado Ecologia, Democracia, Solidariedade, formado por 17 políticos. Agora, o partido de Macron tem 288 deputados, um a menos que a maioria absoluta, e abaixo dos 314 de quando o presidente tinha após as eleições de 2017. No entanto, o número de integrantes do novo grupo é menor do que a quantidade noticiada anteriormente pela imprensa francesa no início de maio (58). Isso indica que o partido pode ter conseguido controlar os desertores. — A pressão do executivo, do partido e do grupo foi tanta que tivemos que fazer o anúncio — disse um desertor — Muitos acabaram decidindo não embarcar. O partido de Macron, formado pelo ex-banqueiro nas eleições em 2017, já havia sofrido uma série de perdas após alguns parlamentares terem se decepcionado com o forte controle do presidente nas tomadas de decisões da sigla e por suas políticas pró-negócios. Macron ainda pode conseguir uma aliança menor, com o centrista MoDem (Movimento Democrático). No entanto, com o enfraquecimento do LRM, o MoDem pode ter mais influência sobre a formulação de políticas nos dois últimos anos do mandato do presidente. Os desertores não se consideram opositores, mas dizem que irão pressionar o governo a adotar mais políticas trabalhistas, além de reformas favoráveis ao meio ambiente. O objetivo, segundo eles, é impedir a migração de eleitores para a extrema-direita. — Se não mostrarmos resultados rapidamente, o risco é que os franceses escolham os piores em 2022, é isso que queremos evitar a todo custo — disse Aurelien Tache, um dos parlamentares que saiu do LRM.” [O Globo]

>>>> Na Bolívia: “Bloqueios de ruas realizados por sindicatos de camponeses e indígenas simpáticos ao ex-presidente Evo Morales se espalham pela Bolívia, com apelos para flexibilizar a quarentena imposta para conter o novo coronavírus e fixar uma data para as eleições presidenciais. A pandemia suspendeu as eleições para substituir o governo interno da conservadora Jeanine Áñez, que estavam previstas para 3 de maio. O Ministério do Governo (Casa Civil) informou em um comunicado que há interrupções de vias nos povoados de “Yapacaní (região de Santa Cruz, leste), K’ara K’ara (Cochabamba, centro), Eucalipto (Oruro, oeste), Copacabana (no caminho para o binacional Lago Titicaca) e Norte de Potosí (sudoeste)”. Os protestos começaram há uma semana em Cochabamba, no acesso ao depósito de lixo de K’ara K’ara e na cidade de El Alto, vizinha a La Paz. Em todas as regiões, os sindicatos pedem uma redução da intensidade da quarentena sanitária porque querem retomar suas atividades de trabalho e que seja fixada a data das eleições presidenciais, no máximo até 2 de agosto. O principal líder dos trabalhadores mineiros, Orlando Gutiérrez, aliado de Morales, exigiu do Tribunal Supremo Eleitoral (TSE) “que nos diga o dia das eleições, de maneira formal, caso contrário serão responsáveis pelas ações do povo em seu conjunto”. O vice-ministro do Interior, Javier Isa, culpou pelos conflitos o Movimento ao Socialismo (MAS), partido de Morales, que está refugiado na Argentina desde dezembro. – Não estão buscando nenhuma reivindicação social, este é um pretexto do Movimento ao Socialismo para convulsionar o país. Foi determinado que todos estes movimentos estão sendo financiados pelo MAS, que está por trás de tudo isso – disse Isa. Ao mesmo tempo, comerciantes de varejo e sindicatos de motoristas de transporte público nas cidades de La Paz e El Alto tentaram retomar lentamente suas atividades nesta segunda-feira, como uma maneira de relaxamento das restrições adotadas em meio à emergência de saúde, em vigor desde 17 de março e que vai até o final de maio.” [O Globo]

>>>> Emissões de dióxido de carbono caíram 17%: “The world’s daily carbon dioxide (CO2) emissions fell by 17% in April — the peak of global lockdowns aimed at slowing the spread of the coronavirus — when compared to 2019 levels, according to a study published in the journal Nature Climate Change on Tuesday. Though researchers say CO2 emission levels are again increasing as lockdowns are gradually lifted, they estimate that total emissions this year will be between 4% and 7% lower than 2019’s total, which would be the largest annual decrease since the end of World War II. The decrease in total emissions depends on how quickly lockdowns are lifted and whether economic activity fully resumes. Researchers say that the 4% to 7% decrease in total emissions “is comparable to the rates of decrease needed year-on-year over the next decades to limit climate change to a 1.5 °C warming,” which aligns with the goals set by the Paris Climate Agreement. The analysis lends weight to the idea that major policy shifts — not lockdowns occurring for tragic reasons — are needed to drive sustained future cuts. It also echoes other experts who see massive government economic recovery packages as a way to create or accelerate those changes. “[O]pportunities exist to set structural changes in motion by implementing economic stimuli aligned with low carbon pathways,” the study states.” [Axios]

>>>> Que capa d’O Dia:

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