Dia 739 | O general e o capitão garantiram duas seringas para cada… chileno! | 08/01/21

Logo menos sai o episódio Medo e Delírio em Washington, aguardem e confiem. Os episódios você ouve lá na Central3.

Ah, e agora o Medo e Delírio em Brasília tem um esquema de asinaturas mensal, mas tenha sua calma. O Medo e Delírio continuará gratuito, se não quiser ou puder pagar tá de boa, você continuará ouvindo o podcast e lendo o blog como você sempre fez.

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E com assinatura ou não eu e o Cristiano queremos agradecer imensamente a todos os ouvintes, que são muito mais do que poderíamos imaginar. Cês são fodas : )

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1. Chi Chi Chi – le le le

Na moral, duvido que alguma notícia desse ano que se inicia consiga soar t´~ao absurdo e me deixar tão puto quanto essa:

“Além do atraso para o início da vacinação, a crise das seringas e agulhas também pesa. Países mais prevenidos compraram do Brasil no ano passado 62,9 milhões de unidades. O governo só lembrou de vetar a exportação no fim do ano. ” [Veja]

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Devem estar esperando um milagre divino, só pode. Em JANEIRO era para o governo começar a articular com os produtores de seringas mas eles só foram se lembrar de travar o estoque deles no fim do ano!

Mas acredite, isso não é o mais absurdo:

Quem mais recebeu o material foi o Chile, com 37.328.819.”

Sim, só os chilenos compraram 37 milhões de seringas sob os cuidados do capitão e do general! Curiosamente há 18.7 milhões de pessoas no Chile, imagine aí duas doses por pessoa, dá… TRINTA E SETE MILHÕES, viado!

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Os chilenos devem até hoje não acreditar que eles conseguiram essas seringas…

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O ranking dos cinco maiores compradores deste importante insumo para a vacinação é seguido por Argentina, Estados Unidos, Paraguai e Equador. Os dados são do Ministério da Economia.

E o que falar sobre a discrição desses filhos da puta!?

“O Palácio do Planalto decretou sigilo de até cem anos ao cartão de vacinação de Jair Bolsonaro e a qualquer informação sobre as doses de vacinas que o presidente recebeu.” [Época]

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Conhecereis a verdade e…

Em resposta a um pedido da coluna por meio da Lei de Acesso à Informação, a Presidência afirmou que os dados “dizem respeito à intimidade, à vida privada, à honra e à imagem” do presidente, e impôs um sigilo de até cem anos ao material.

Não sei se o mais absurdo. Um documento exigido por empregadores e rede pública de ensino pode dizer respeito à “intimidade, vida privada, imagem privada” , e, atenção, “HONRA” do presidente que desconhece o significado de honra.?! Ou CEM ANOS de prazo?!

“Em 13 de maio, os exames de Bolsonaro para Covid só vieram a público porque assim ordenou Ricardo Lewandowski. O Planalto estava a dois dias de desrespeitar o prazo estipulado pela Câmara para divulgar os documentos.”

E lá vai o STF exigir que o presidente atue como tal, de novo:

Gonzalo Vecina escreveu um ótimo texto sobre essa “eine grosse konfusion

“Quinta-feira, 07 de janeiro, foi dia de assistir às coletivas. A esperança, aquela em que depositamos as nossas últimas esperanças, me deu forças. Valeu a pena! Temos o reconhecimento da existência de vacinas suficientes produzidas no Brasil. Talvez existam ainda espaços vazios nas falas dos políticos e militares, mas parece que existe um grande acordo – vacinas do Butantã que demonstraram uma eficácia de 78% no geral e de 100% em prevenir casos graves deverão compor um volume da ordem de cerca de 140 milhões de doses em 2021, dependendo de como e de quem fala. Na esfera federal, 100 milhões, na estadual, 140 milhões. Além disso, na Fiocruz, espera-se uma produção de 210 milhões de doses e mais 2 milhões, para começar, logo em janeiro, que talvez cheguem da Índia para aumentar o número de 10 milhões de doses da Sinovac já em São Paulo prontas para serem usadas. Total: 352 milhões de doses para vacinar 160 milhões (todos os brasileiros com mais de 18 anos, que são a população alvo) com duas doses cada um. Daria até para exportar um pouco. E sem falar a muito falada Covax Facilities da OMS, a qual o general Eduardo Pazuello, ministro da Saúde, tem muito apreço. A coletiva paulista foi cheia de respeitos e cuidados, muita emoção e até choros. Devidos provavelmente, à tenebrosa marca das 200 mil mortes, grande parte delas evitáveis se os governantes governassem.

A federal também foi cheia de choros, mas por parte dos militares que reclamaram que não são compreendidos. Chororô. O ministro general reclamou que já anunciou várias vezes a quantidade de vacinas que dispõe, mas não o ouvem. Esquece que quando fala uma coisa e o capitão o manda desfalar – caso do trato com o Butantã – ele destrata e, portanto, o falado não valeu. As duas vacinas disponíveis são seguras e eficazes e têm um volume suficiente para cobrir a população brasileira ao longo do ano de 2021. Poderiam ser mais concentradas no primeiro semestre? Sim, mas não é possível, e será ao longo do ano. Há a discussão de espaçar as duas doses e aumentar a cobertura em um primeiro momento? Sim, mas ainda não está definido e espero que quem defina sejam chamadas inteligências na área de imunização e não os luminares do MS. A questão das seringas certamente será resolvida, não pela inteligência logística dos militares e sim pela capacidade de resposta da indústria nacional. Teremos ainda que resolver a questão do software de vacinação e da campanha de conscientização da população sobre a importância de vacinar. Isso será crítico. Como desmentir o capitão, seu superior, sobre o fato de que quem tomar a vacina não virará jacaré? Foi muito confusa certa parte da coletiva em relação a obter mais vacinas, chegando a discutir sobre diluentes e vacinas liofilizadas – que, portanto, não necessitam ficar a menos oitenta graus – e sobre como as grandes farmacêuticas tem um comportamento predatório. Isto para se defender da paralisia que o MS viveu na maior parte do tempo. Digo e repito: nossas autoridades federais terão que ser eternamente gratas aos servidores do Butantã e da Fiocruz, que fizeram a tarefa deles – acharam e viabilizaram as vacinas que permitirão que enfrentemos essa crise sanitária terrível marcada pelo desgoverno. Agora é hora de acordar da inércia e garantir que as vacinas cheguem ao povo.” [Estadão]

Enquanto isso..

“Alguém sabe quantos por cento da população vai tomar vacina? Pelo que eu sei, menos da metade vai tomar vacina. E essa pesquisa que eu faço, faço na praia, faço na rua, faço em tudo quanto é lugar” [Estadão]

Entendeu, Boslonaro tirou uma semaninha de DEZESSETE dias de férias pra ficar fazendo pesquisa por aí, sorte nossa que temos um capitão que sabe tudo de estatística.

“Pouco antes, o presidente havia questionado quantos no grupo ali presente iria se vacinar e, segundo ele, apenas 3 entre cerca de 20 pessoas levantaram a mão. As imagens da conversa, captadas por um canal simpático ao governo, não mostram os apoiadores. De acordo com pesquisa do instituto Datafolha publicada na primeira quinzena de dezembro, o porcentual de brasileiros dispostos a se vacinar contra a covid-19 é de 73%. O número representou uma queda em relação à pesquisa anterior, feita em agosto, quando 89% dos entrevistados diziam que se vacinariam. No mesmo período cresceu de 9% para 22% a parcela de pessoas que declaram que não querem tomar a vacina.”

Uma queda tão brusca sem nenhum incidente grave envolvendo as vacinas, imagine a razão…

“Após o governador de São Paulo, João Doria, prometer vacinar toda a população de São Paulo em 2021, Bolsonaro declarou que alguns Estados só estão anunciando um plano de vacinação porque o governo federal distribuiu recursos a prefeitos e governadores durante a crise. Na conversa com apoiadores, o presidente disse que o governo vai oferecer a vacina para quem quiser a partir deste mês. “Para quem quiser, em janeiro vai ter. Está previsto chegar 2 milhões de doses agora em janeiro. O pessoal pode tomar, sem problema nenhum.”

Sem problema nenhum?

“Élcio Franco, secretário executivo do Ministério da Saúde, afirmou nesta quinta-feira (7) que a Medida Provisória (MP) editada pelo governo federal na última quarta-feira (6) determina que a vacinação ocorra de forma simultânea em todo país. Por conta disso, a campanha de vacinação divulgada pelo governo de São Paulo está barrada. O discurso de Franco se alinha ao de Eduardo Pazuello, ministro da saúde, afirmando que não será permitido planos estaduais e municipais de vacinação. Para deixar a argumentação do Ministério da Saúde mais pesado, o secretário citou os princípios do SUS, que são a integralidade, a universalidade e a equidade de recursos para a saúde.” [UOL]

E Lewandowski fodeu de novo com o governo, folgo em saber:

“O ministro Ricardo Lewandowski, do STF (Supremo Tribunal Federal), concedeu uma liminar (decisão de caráter provisório) nesta sexta-feira (8) para impedir que o governo federal requisite seringas, agulhas e outros insumos do governo de São Paulo destinados ao plano estadual de vacinação contra a Covid-19. Lewandowski afirmou que a decisão vale especialmente para os produtos cujos pagamentos já foram empenhados. Além disso, afirmou o ministro, caso os materiais adquiridos pela administração do governador João Doria já tenham sido entregues, o governo federal deverá devolvê-los. O magistrado estabeleceu prazo de no máximo de 48 horas para essa providência, sob pena de multa diária de R$ 100 mil. A Folha antecipou na quarta-feira (6) a requisição administrativa feita pelo governo federal para para que os fabricantes de seringas e agulhas direcionassem seus estoques para a União, alegando “iminente perigo público”. A decisão é resultado de uma ação ajuizada pelo governo paulista contra a requisição administrativa feita pelo Ministério da Saúde “sobre insumos adquiridos pelo estado de São Paulo necessários à execução do Plano Estadual de Imunização”. De acordo com o documento, destacou Lewandowski, a ordem deveria ser cumprida até o meio-dia desta sexta. “A incúria do governo federal não pode penalizar a diligência da administração do estado de São Paulo, a qual vem se preparando, de longa data, com o devido zelo para enfrentar a atual crise sanitária”, afirmou o ministro do STF. Em exame preliminar da matéria, Lewandowski entendeu que há precedentes no tribunal a embasar sua decisão. Ele ressaltou que, em caso semelhante relacionado ao Mato Grosso, o ministro Roberto Barroso suspendeu ato “por meio do qual a União requisitou 50 ventiladores pulmonares adquiridos (pelo estado de Mato Grosso) junto a empresa privada”. O debate sobre os ventiladores ocorreu no início da pandemia de Covid-19. Disse que a competência da pasta da Saúde de coordenar o PNI (Programa Nacional de Imunização) e definir as vacinas integrantes desta programação não exclui a competência dos estados, do Distrito Federal e dos municípios para adaptá-los às peculiaridades locais. “A requisição administrativa não pode se voltar contra bem ou serviço de outro ente federativo, de maneira a que haja indevida interferência na autonomia de um sobre outro”, disse Lewandowski.” [Folha]

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2. Malditos Milicos

Continuemos com o mais criminoso dos generais:

“O Ministério da Saúde rejeitou uma doação de pelo menos 20 mil kits de testes PCR de Covid-19 da LG International em agosto, dois meses após a oferta. Em 17 de junho, a pasta recebeu um telegrama “urgentíssimo” do embaixador Ruy Carlos Pereira, diretor da Agência Brasileira de Cooperação, braço do Itamaraty para cooperações humanitárias internacionais. Na véspera, Pereira informara que a embaixada brasileira em Seul, capital da Coreia do Sul, havia obtido a oferta de 20 mil kits de testes PCR contra Covid-19 da LG, produzidos pela BioSewoom. As duas empresas são sul-coreanas. A LG, multinacional que produz de energia renovável a equipamentos eletrônicos, não teve problemas para doar 50 mil testes à Indonésia em março. Em julho, a BioSewoom obteve autorização emergencial da FDA, a Anvisa americana, para seu kit. A LG afirmava que poderia enviar a doação ao Brasil, mas solicitava apoio no desembaraço aduaneiro, e também pedia que a Anvisa aprovasse o produto rapidamente. Isso possibilitaria a venda futura de novos kits durante a pandemia ao Brasil, um dos países que menos testa sua população contra a doença. O documento só recebeu um posicionamento do Ministério da Saúde mais de dois meses depois, em 25 de agosto. Nesse intervalo, as mortes pela doença no Brasil saltaram de 45 mil para 116 mil — hoje, estão em 200 mil.” [Época]

Pra quê essa angústia, essa ansiedade“, diria o general.

“O secretário de Vigilância em Saúde do ministério, Arnaldo Correia de Medeiros, declinou da doação, afirmando que “não se pode condicioná-la a um possível registro na Anvisa e que a empresa deve seguir os trâmites legais e normativos para o registro de produtos de saúde para comercialização no país”. O documento da Saúde não citou qualquer resposta da Anvisa, tampouco o encaminhamento da demanda à agência, que em março havia aprovado uma resolução emergencial que priorizava o acesso de itens para combater a pandemia. Em casos de ausência de aprovação, o Ministério da Saúde tem autonomia para agir e requisitar o aval da agência. Os documentos apontam que isso não foi feito. No dia seguinte, 26 de agosto, a resposta foi finalmente encaminhada ao embaixador brasileiro por Flavio Werneck Noce dos Santos, assessor especial de Eduardo Pazuello. A posição da Secretaria de Vigilância em Saúde foi mantida, com o acréscimo de que a pasta poderia “retomar a consulta” quando a LG completasse o registro na Anvisa, sem detalhes.”

Tem mais absurdo, Pazuello consegue soar absurdo em todas as áreas de auação:

“Eduardo Pazuello assinou uma minuta para iniciar um revogaço da saúde mental no Sistema Único de Saúde (SUS) em 3 de dezembro. O primeiro documento preparatório da portaria mostrava que seriam anuladas pelo menos 17 medidas de saúde mental. Uma medida prestes a ser efetivada seria a retirada das políticas públicas sobre álcool e outras drogas do controle da Coordenação de Saúde Mental. A iniciativa do ministro e general foi referendada por duas notas técnicas da pasta, em 3 e 4 de dezembro. Contudo, desde então o processo não avançou. Em 6 de dezembro, a coluna mostrou que o governo Bolsonaro prepara um revogaço de portarias sobre saúde mental, editadas entre 1991 e 2014, ameaçando diversos programas da área. Estão em risco, por exemplo, o Serviço Residencial Terapêutico, as equipes de Consultório na Rua e a Rede de Atenção Psicossocial para pessoas com sofrimento ou transtorno mental e com necessidades decorrentes do uso de crack, álcool e outras drogas. A planilha com 99 portarias para revogação foi criada em 4 de novembro por Maria Dilma Alves Teodoro, então coordenadora de Saúde Mental do ministério. Após a notícia, Teodoro pediu demissão. A Oposição pediu a convocação de Eduardo Pazuello e cobrou formalmente o ministério. A Defensoria Pública da União também solicitou explicações à pasta. Rodrigo Maia prometeu pautar imediatamente um projeto para derrubar o revogaço, caso o governo Bolsonaro execute a medida.” [Época]

E que maldito esse STJ!

“O ministro Humberto Martins, presidente do Superior Tribunal de Justiça, suspendeu os efeitos da decisão que determinou que a Secretaria de Comunicação (Secom) do governo Bolsonaro publicasse resposta de vítimas da ditadura contra a homenagem feita pela pasta ao tenente-coronel da reserva Sebastião Curió Rodrigues de Moura, o ‘Major Curió’, de 85 anos. O militar visitou o Planalto em maio, quando foi saudado pela Secom como ‘herói’. Relatório final da Comissão Nacional da Verdade, de 2014, porém, listou Curió como um dos 377 agentes do Estado brasileiro que praticaram crimes contra os direitos humanos. Ele ‘esteve no comando de operações em que guerrilheiros do Araguaia foram capturados, conduzidos a centros clandestinos de tortura, executados e desapareceram’. A determinação de Martins tem validade até o trânsito em julgado da decisão de mérito na ação popular ajuizada por seis vítimas do agente de repressão da ditadura militar que atuou no combate à Guerrilha do Araguaia, no sudoeste paraense, nos anos 1970.” [Estadão]

E grave lesão à ordem pública seria a Secom se desculpar, e não o governo tratar como herói nacional um assassino confesso de dezenas de pessoas rendidas e desarmadas.

“A decisão foi dada no âmbito de um pedido de suspensão de liminar e de sentença impetrado pela União contra decisão do desembargador André Nabarrete, da Quarta Turma do Tribunal Regional Federal da 3ª Região (TRF3). O magistrado acolheu o pedido das vítimas de Curió e determinou o direito de resposta do grupo, considerando que a nota da Secom ‘contrasta com reconhecimentos, posições e atos normativos emanados do Estado brasileiro’ sobre a atuação de Curió na ditadura militar. “Fica evidente que a nota da Secom está em flagrante descompasso com a posição oficial do Estado brasileiro, que assumiu responsabilidade pelas mortes, torturas, desaparecimentos praticados por agentes estatais ou em nome dele, sobretudo no caso ‘Guerrilha do Araguaia’. Afasta-se, assim, a possibilidade de versões alternativas”. No entanto, ao analisar o pedido da União, o presidente do STJ acolheu o argumento da União de ‘ocorrência de grave lesão à ordem pública e administrativa’ por considerar que a decisão do TRF-3 ‘exclui a possibilidade de defesa da União ao determinar providência satisfativa’. “Tal providência significa impor à União a condenação pretendida e de forma definitiva, pois, depois de publicado o texto pretendido, não será possível voltar à situação anterior”, ressaltou Martins, acrescentando que partir do pressuposto da ilegalidade de ato administrativo viola a “presunção de legitimidade dos atos da administração pública”. O presidente do STJ também ponderou que há ‘proibição legal à concessão de antecipação de tutela de cunho irreversível’ e enfatizou não ser possível apreciar o mérito da matéria no âmbito do recurso: “A legalidade ou verdade da publicação feita pela Secom será objeto de análise e julgamento no momento oportuno””

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3. Old man yells at clouds

“O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) voltou a criticar as urnas eletrônicas e defender a impressão de um comprovante dos votos, medida suspensa pelo STF (Supremo Tribunal Federal) em 2018 após ser considerada inconstitucional. Para Bolsonaro, cabe ao Congresso definir a questão, e não ao Judiciário, a quem acusou de “interferência”. “Qual o problema disso [voto impresso]? Estão com medo? Já acertaram a fraude para [20]22? Só posso entender isso. Não posso esperar chegar 2022, nem sei se vou ser candidato, para começar a reclamar. Temos que aprovar o voto impresso. Quem vai decidir? É o Congresso Nacional”, disse o presidente durante sua live semanal.” [UOL]

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“Se o Congresso achar que não deve ter voto impresso, vamos nesse eletrônico, mesmo. Vamos ver que bicho vai dar em 2022. Mas temos que ver o exemplo de outros países se são bons ou não para a gente adotar aqui. Pela manhã, Bolsonaro já havia repetido — sem provas — que há fraudes no sistema eletrônico de votação no Brasil, teoria que já foi rebatida no país. Ele comentava sobre a invasão ao Capitólio, nos EUA, e fez um paralelo com as eleições presidenciais de 2022, novamente defendendo o voto impresso para o próximo pleito. “E aqui no Brasil, se tivermos o voto eletrônico em [20]22, vai ser a mesma coisa. A fraude existe. A imprensa vai dizer ‘sem provas, ele diz que a fraude existe’. Eu não vou responder esses canalhas da imprensa mais. Eu só fui eleito porque tive muito voto em 2018”, disse o presidente, sem apresentar evidências de suas acusações. Em março do ano passado, Bolsonaro chegou a dizer que apresentaria provas “em breve” de que teria sido eleito no primeiro turno, mas a promessa nunca foi cumprida. Desde as eleições de 2018, Bolsonaro tenta emplacar a volta do voto impresso no Brasil, apesar de nenhuma fraude nunca ter sido comprovada com o uso das urnas eletrônicas.”

Em breve, tal qual as reformas do Guedes.

“O Rodrigo Maia, quando votou pela cassação da Dilma, deu um voto criticando o PT, (dizendo) que perseguiu o pai dele quando era prefeito no Rio. Deu um voto firme, objetivo, apontando que o PT era a maior desgraça do mundo. Hoje, está junto com o PT nas eleições da Presidência da Câmara. Pelo poder, água e óleo se misturam. Se bem que ali acho que não é água e óleo, não, são duas coisas muito parecidas” [Folha]

Ô, só não vê quem não quer…

“Em 2016, quando o impeachment de Dilma foi analisado na Câmara, Maia falou que votaria pelo seu pai, o ex-prefeito do Rio de Janeiro Cesar Maia, por considerar que ele foi atrapalhado pelo PT. — Pela minha família, mas principalmente pelo meu pai, Cesar Maia, que quando prefeito do Rio, foi atropelado pelo governo do PT. O PT rasga a Constituição no Rio de Janeiro e rasga a Constituição aqui. O meu voto é “sim” — disse o deputado na ocasião.”

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4. Ernesto

De tão traumatizado com o post de ontem e o roteiro do episódio de hoje – deu um trabalho do caralho! – eu nem faria um tópico sobre o shit shoiw que se deu em Washington, mas falhei miseravlemente:

“O presidente Donald Trump já preparou uma lista abrangente de pessoas a quem ele espera conceder perdão nos últimos dias de seu governo, segundo uma reportagem publicada pela Bloomberg na quinta-feira, 7. O perdão incluiria funcionários de alto escalão da Casa Branca, parentes, rappers famosos e possivelmente ele mesmo, segundo pessoas com conhecimento do assunto Trump planeja fazer os anúncios no dia 19 de janeiro, seu último dia no cargo, e suas ideias estão sendo analisadas por assessores e conselheiros da Casa Branca, de acordo com as informações internas. Segundo a matéria dos repórteres Jennifer Jacobs, Justin Sink e Josh Wingrove, da Bloomberg, a “maior questão na mesa de seus assessores legais é se ele tem autoridade para perdoar a si mesmo, algo que foi levantado nas últimas semanas com pessoas de seu círculo próximo”. Ele já afirmou, em 2018, ter tal poder, mas é uma questão sujeita a disputas legais e jamais aplicada por um presidente. A matéria afirma que “um autoperdão pode também trazer uma imensa carga política e afetar uma futura candidatura à Casa Branca, com seus adversários certamente apontando que isso corresponde a uma confissão de que ele poderia ser processado.” Perdões preventivos estão sendo discutidos para altos funcionários da Casa Branca que não foram acusados de crimes, incluindo o chefe de Gabinete, Mark Meadows, o conselheiro sênior do presidente, Stephen Miller, o chefe de pessoal, John McEntee, e o diretor de mídias sociais, Dan Scavino. A filha mais velha do presidente, Ivanka, e seu marido, Jared Kushner, que ocupam posições no governo, estão sendo considerados. O advogado pessoal de Trump, Rudy Giuliani, também teve o nome cogitando sobre um eventual perdão. Na lista ainda aparece a proposta para perdoar Albert Pirro, que trabalhou com Trump no mercado imobiliário e foi condenado por fraude fiscal. Ele é o ex-marido da apresentadora da Fox News Jeanine Pirro, ex-promotora distrital do condado de Westchester, em Nova York.” [Estadão] Até imagino Trump mandando um “the greatest pardon the world has ever seen!”

Ontem Ernesto tuítou ostentando seu chapéu de alumínio:

“-Há que lamentar e condenar a invasão da sede do Congresso ocorrida nos EUA ontem.
-Há que investigar se houve participação de elementos infiltrados na invasão
-Há que deplorar e investigar a morte de 4 pessoas incluindo uma manifestante atingida por um tiro dentro do Congresso
– Há que reconhecer que grande parte do povo americano se sente agredida e traída por sua classe política e desconfia do processo eleitoral.
– Há que distinguir “processo eleitoral” e “democracia”. Duvidar da idoneidade de um processo eleitoral NÃO significa rejeitar a democracia. Ao contrário, uma democracia saudável requer, como condição essencial, a confiança da população na idoneidade do processo eleitoral.
– Há que parar de chamar “fascistas” a cidadãos de bem quando se manifestam contra elementos do sistema político ou integrantes das instituições. Deslegitimar o povo na rua e nas redes só serve para manter estruturas de poder não democráticas e seus circuitos de interesse.
– Há que perguntar, a propósito, por que razão a crítica a autoridades do Executivo deve considerar-se algo normal, mas a crítica a integrantes do Legislativo ou do Judiciário é enquadrada como atentado contra a democracia.
-Nada justifica uma invasão como a ocorrida ontem. Mas ao mesmo tempo nada justifica, numa democracia, o desrespeito ao povo por parte das instituições ou daqueles que as controlam.
– O direito do povo de exigir o bom funcionamento de suas instituições é sagrado. Que os fatos de ontem em Washington não sirvam de pretexto, nos EUA ou em qualquer país, para colocar qualquer instituição acima do escrutínio popular.” [Folha]

O Itamaraty, tal qual um Rubinho e Lexotan, enfim decide peitar o 4chanceler:

“Os comentários do chanceler Ernesto Araújo sobre a tentativa de insurreição nos EUA abriram mais uma crise interna no Itamaraty. Na quinta-feira, o ministro das Relações Exteriores havia emitido um comentário sobre a invasão do capitólio que criou um profundo mal-estar. Menos de 24 horas depois, a associação de diplomatas brasileiros respondeu, se distanciando da visão do próprio chefe. Nas redes sociais, Araújo disse que a invasão deveria ser “lamentada e condenada”. Mas seguiu com uma série de comentários interpretados como justificativas e teorias conspiratórias sem qualquer base. “Há que investigar se houve participação de elementos infiltrados na invasão”, escreveu. “Há que reconhecer que grande parte do povo americano se sente agredida e traída por sua classe política e desconfia do processo eleitoral. Há que distinguir “processo eleitoral” e “democracia”. Duvidar da idoneidade de um processo eleitoral NÃO significa rejeitar a democracia. Ao contrário, uma democracia saudável requer, como condição essencial, a confiança da população na idoneidade do processo eleitoral, disse. Ele ainda criticou qualquer tentativa de qualificar manifestantes de fascistas. “Há que parar de chamar “fascistas” a cidadãos de bem quando se manifestam contra elementos do sistema político ou integrantes das instituições. Deslegitimar o povo na rua e nas redes só serve para manter estruturas de poder não democráticas e seus circuitos de interesse”, afirmou o chanceler brasileiro, um aliado incondicional do grupo de Donald Trump. “Há que perguntar, a propósito, por que razão a crítica a autoridades do Executivo deve considerar-se algo normal, mas a crítica a integrantes do Legislativo ou do Judiciário é enquadrada como atentado contra a democracia. Nada justifica uma invasão como a ocorrida ontem. Mas ao mesmo tempo nada justifica, numa democracia, o desrespeito ao povo por parte das instituições ou daqueles que as controlam”, afirmou o ministro. “O direito do povo de exigir o bom funcionamento de suas instituições é sagrado. Que os fatos de ontem em Washington não sirvam de pretexto, nos EUA ou em qualquer país, para colocar qualquer instituição acima do escrutínio popular”, completou Araújo. Nesta sexta-feira, nas redes sociais, a Associação e Sindicato dos Diplomatas Brasileiros (ADB) respondeu aos comentários do chefe da pasta, ainda que não tenha citado nem o nome do chanceler e nem suas mensagens anteriores. Mas numa instituição marcada por um importante respeito à hierarquia, o ato da associação foi visto como um sinal claro da recusa de parte do corpo diplomático em se submeter à avaliação apresentada pelo chanceler. “A respeito dos acontecimentos que ocorreram esta semana em Washington-DC, nos EUA, a ADB Sindical registra o entendimento de que manifestações populares são uma dimensão indissociável dos direitos e garantias fundamentais salvaguardados em qualquer regime democrático”, disse a ADB. “Nas democracias, divergências e insatisfações, sobretudo de natureza política, são inerentes à vida em sociedade e devem ser encaminhadas pacificamente pelas vias institucionais democraticamente criadas para esse fim”, afirmam. “O recurso à violência deve ser liminarmente repudiado, quaisquer que sejam seus autores”, completam. O recado foi interpretado internamente como um ato de repúdio ao próprio chefe, amplamente criticado por ex-ministros e ex-embaixadores. Isolado no palco internacional, Araújo agora também é alvo de uma contestação clara e pública de seus próprios funcionários. Antes mesmo de assumir o cargo, o diplomata escreveu que Trump era o único líder que poderia “salvar o Ocidente”. Na chefia da pasta, Araújo adotou uma postura de total alinhamento à política externa da Casa Branca.” [UOL]

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5. Covid-17

Que violência…

“Apesar de ter quase a metade da população de São Paulo, a capital fluminense registrou, desde o início da pandemia, 15.312 mortes por Covid-19, ficando apenas um pouco atrás da cidade vizinha, que soma 15.970 óbitos no mesmo período.[O Globo]

Não dá pra eleger Crivella, Whitney e Bolsonaro impunemente, não dá.

“No Rio, a escalada de mortes tem se agravado: em média, são 49 óbitos por dia, dois a cada hora. E, desde 23 de setembro, a cidade está no topo do ranking de mortes em municípios do país analisadas por períodos de 14 dias, passando à frente de São Paulo, que fica em segundo lugar, e Brasília, em terceiro. O fato de o Rio nunca ter superado essas cidades em números de casos aumenta a suspeita de falha na assistência aos doentes, na testagem e também de subnotificação. Esses dados são analisados pelo pesquisador Wesley Cota, da Universidade Federal de Viçosa. — Nos últimos dias, o Rio ficou bem próximo de Basília em número de casos, mas fica muito além em mortes. Isso nos leva a crer que a cidade passa por problemas para testar a população e de notificação. Os atrasos dificultam a leitura fiel dos dados de forma a embasar políticas públicas — observa Cota. Nesta quinta-feira, no mesmo dia em que o Brasil superou a marca de 200 mil mortos pela doença, o Rio completou 106 dias consecutivos com o maior total de mortes entre os municípios do país. Foram 132 óbitos e 1.207 novos casos. Desde que o coronavírus chegou, em março, o Estado do Rio já teve 452.758 pessoas infectadas e 26.292 vidas perdidas. A capital responde por mais da metade de todos os óbitos. A pressão por leitos é grande. Nesta quinta-feira, 80 pessoas estavam na fila de UTIs, 90% delas ocupadas na rede SUS da capital. A nova gestão de Eduardo Paes prometeu criar mais 343 leitos, e, até agora, foram abertas 150 vagas. Reportagem do GLOBO nesta quinta mostrou que a rede do SUS na capital tem 2.048 leitos sem uso, o que representa 21% de todas as vagas existentes da cidade. A maior parte desses leitos foi fechada por falta de pessoal e por problemas estruturais.

Especialistas ouvidos pelo GLOBO temem que a situação possa piorar devido às festas de fim de ano, que podem ter intensificado o contágio. Eles chamam atenção para a falta de um controle mais rigoroso por parte das autoridades públicas. — Se por um lado aumentou a esperança por causa da vacina, por outro, ainda não há controle das aglomerações e da superlotação dos transportes públicos. Também faltam medidas de prevenção. Além de ampliar a oferta de leitos, é preciso ter ações em saúde pública, criar um mecanismo de comunicação muito forte — diz Mario Roberto Dal Poz, professor do Instituto de Medicina Social da Uerj. — As pessoas recebem mensagens díspares de autoridades, e o comportamento delas reflete isso. Procurada, a prefeitura do Rio respondeu que, entre as ações apresentadas no novo plano de enfrentamento à Covid-19, estão abertura de novos leitos de internação, vacinação da população, ampliação da testagem e ativação do Centro de Operações de Emergências em Saúde (COE Covid-19 RIO), assim como o lançamento de um aplicativo para autonotificação de casos.”

Passemos para Manaus, onde o infernos por aqui começou e não há de ir embora tão cedo:

“Em agosto de 2020, quando a cidade de Manaus (AM) registrava três meses de queda acentuada nos casos de Covid-19 mesmo com as escolas e o comércio reabertos, parte dos especialistas brasileiros levantou a hipótese de que o limiar da imunidade coletiva ao coronavírus Sars-CoV-2 teria sido alcançado na região, ainda que os inquéritos sorológicos apontassem uma soroprevalência inferior a 30% em todo o Norte do país. A hipótese ganhou força no mês seguinte, em setembro, quando pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP) e colaboradores divulgaram um artigo, feito com amostras de bancos de sangue, que estimava por meio de modelagem matemática que a soroprevalência na capital amazonense seria de 66%, ou seja, estaria perto do limiar calculado no início da pandemia pela fórmula clássica usada na epidemiologia. Em dezembro, quando saiu a versão final do estudo coordenado pela professora Ester Sabino na revista Science, a estimativa era de que 76% dos manauaras já tinham imunidade contra o novo coronavírus. Então como explicar a segunda onda de casos que levou a um novo colapso do sistema de saúde e obrigou o prefeito a decretar, no dia 5 de janeiro, estado de emergência pelos próximos seis meses?

Na avaliação de Sabino, como o vírus continua circulando em todo o país, o número de casos voltou a subir quando as pessoas retornaram às atividades normais e continuará crescendo até infectar algo em torno de 95% da população. “Há um entendimento errado do conceito de imunidade de rebanho. Quando o limiar é alcançado não significa que a doença vai desaparecer, mas, sim, que os casos não vão crescer tão rapidamente como na primeira onda. Dificilmente haverá um pico como o de abril [de 2020] —a menos que as pessoas já tenham perdido a imunidade e os casos de reinfecção sejam muito mais comuns do que se imagina”, diz a pesquisadora. O grande problema de Manaus, segundo Sabino, é que há poucos hospitais e os leitos de terapia intensiva se esgotam rapidamente. “A situação não deixa de ser preocupante. Ou se triplicam os leitos de UTI ou será necessário parar a cidade, pois hoje uma pessoa com apendicite pode morrer por falta de atendimento”, afirma. Com base em dados da Fundação de Medicina Tropical Doutor Heitor Vieira Dourado (AM), o infectologista Júlio Croda afirma que 99% dos novos casos notificados em Manaus são de pessoas que nunca antes tiveram a doença, ou seja, não são reinfecções. “Nesta segunda onda, a maioria dos pacientes são das classes A e B, que conseguiram se manter em isolamento durante a primeira onda. A prova disso é que o sistema privado de saúde sofreu esgotamento antes do público —diferentemente do que ocorreu em abril de 2020. Após o relaxamento das medidas de controle, o vírus voltou a circular com maior intensidade e atingiu a parcela da população que estava mais suscetível”, afirma Croda, que é pesquisador da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e professor da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS).

Para o infectologista, a soroprevalência de 76% apontada no estudo divulgado na Science está superestimada. Ele acredita que mais de 50% dos manauaras ainda não desenvolveram imunidade contra o Sars-CoV-2. “Importante ressaltar que o limiar da imunidade de rebanho não é um valor fixo. Ele é calculado com base na taxa de contágio [Rt, inicialmente estimado entre 2,5 e 3, ou seja, cada infectado transmite o Sars-CoV-2 para outras duas ou três pessoas], que depende tanto da genética do vírus quanto das medidas adotadas para conter a disseminação. Recentemente, surgiu uma variante mais transmissível no Reino Unido e isso impacta tanto o cálculo de Rt quanto do limiar da imunidade coletiva”, explica Croda. Segundo o pesquisador, os cuidados adotados pela população independentemente do poder público — como uso de máscaras, higiene das mãos e distanciamento social — ajudam a reduzir a taxa de contágio, fazendo com que o limiar da imunidade coletiva também diminua. “Provavelmente foi isso que causou a queda no número de casos observada em meados de 2020. Mas, no momento em que houve o afrouxamento das medidas de controle por parte da população e do poder público, o limiar retornou a patamares próximos de 70%”, avalia. O epidemiologista Paulo Lotufo, da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FM-USP), considera um “equívoco confiar demais nesse tipo de indicador”. “O grande problema é que para calcular o limiar da imunidade de rebanho você precisa saber o Rt e esse valor é uma estimativa —é um chute que pode ter um impacto muito grande. A humanidade nunca conseguiu conter uma doença cuja transmissão ocorre entre humanos por imunidade de rebanho. Sarampo e varíola, por exemplo, só foram controlados com vacina. No caso da Covid-19, falar em imunidade de rebanho ou em tratamento precoce só atrapalha os esforços de controle da doença, pois as medidas de distanciamento social deixam de fazer sentido para a população”, diz. Lotufo também afirma ser difícil obter indicadores precisos de Manaus, o que dificulta uma análise precisa dos fatores que favoreceram a segunda onda de casos de Covid-19. Além das hipóteses já mencionadas, como reinfecção ou a emergência de uma nova variante mais infecciosa, Lotufo menciona a possibilidade de parte das internações ser de pessoas do interior do estado do Amazonas que, devido à falta de leitos em seus municípios, buscam atendimento na capital —fenômeno conhecido como invasão de internações hospitalares.” [Folha]

Ontem morreram mais de QUATRO MIL pessoas nos EUA!

“The number of people dying of Covid-19 in Los Angeles County in a day is now equivalent to the number of homicide deaths the city saw in an entire year, Mayor Eric Garcetti said in a Thursday news conference. “Yesterday we had 259 deaths, that’s one more than all the homicides in 2019 in L.A. city combined,” he said. “In a single day, equal to a year of homicides.” The city of Los Angeles has a population of nearly 4 million people, while the county’s population is about 10 million. “We are not, nor will we ever, become accustomed to these numbers as normal. Nor will I ever accept them as something we should just live with,” the mayor added. “Because every single one of those means everything to somebody out there today.” “All of us need to continue to do more,” he said. The region has for weeks battled a brutal surge of Covid-19 infections and hospitalizations that have translated into climbing numbers of deaths.” [CNN]

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6. “A burrice ocasional”

Do Milton Hatoum:

“Durante o clima insuportável que precedeu as eleições de 2018, meu amigo desdenhou da minha apreensão. Esse amigo era um liberal entusiasmado com o Estado mínimo. Certo, mas a implantação autoritária desse Estado-formiga pode resultar em estado de sítio e guerra fratricida. Ia dizer a ele que o Estado-elefante é nocivo, e que o tamanho do Estado deve adequar-se à construção da plena cidadania numa sociedade verdadeiramente democrática. Mas não falei nada: sabia que a ingenuidade dele ia de par com a aversão a qualquer política pública de inclusão social. Mas era ingenuidade ou ideologia extremista? Ele falava em mérito, em esforço individual, e citava cinco ou sete homens e mulheres que, vindos do deserto da vida, tinham construído uma floresta de fortunas. Esses poucos exemplos o confortavam; 80 milhões de pobres e miseráveis não o inquietavam. E ele mesmo não era exemplo de nada. Levava uma vida de Brás Cubas do século 21: um parasita esnobe e herdeiro improdutivo. Usava sua erudição com uma soberba que, talvez à revelia dele, rebaixava os outros. Gostava de recitar “par cœur” e em francês passagens dos Ensaios, de Montaigne. Admito que, nem mesmo sua pronúncia pedante – promessa do mais ridículo –, matava a beleza dos Ensaios. Mas, às vezes, ele era possuído por uma ignorância desavergonhada. Certa vez, disse, sem hesitar, que não havia personagens complexas no Grande Sertão: Veredas.” [Estadão]

tenor (1)

“Não quis confrontá-lo. Melhor divertir-se com equívocos aberrantes. E, convenhamos, não se rompe uma amizade por causa de um livro, nem mesmo de uma obra-prima. Usei os verbos no imperfeito porque só agora meu amigo mudou. O péssimo, o desastrado leitor de Guimarães Rosa está angustiado com a perda de um parente, vitimado pela covid-19. E arrependeu-se de ter votado num sujeito despreparado, mentiroso e manipulador até o vil populismo, atributos comuns de não poucos políticos. Em todo caso, não há lugar no palácio para os escrupulosos demais. Mas só agora ele assentiu que o palácio foi ocupado por um homem de caráter infame e que, durante o trágico 2020, esse presidente, seus filhos – e bajuladores fardados e à paisana – não pararam de bradar “Vida longa à morte!”. Não sei se o meu amigo é um caso clínico. De algum modo, todos nós somos. Mas dois anos longuíssimos não é muito tempo para perceber que o ex-militar e ex-deputado federal pratica a mesma vilania há três décadas? Quando esse sujeito fala, anuncia uma mentira criminosa; quando fica em silêncio, pressente-se um malefício. Minha aversão a polêmicas é tão profunda que ignorei as palavras do meu amigo, mescla de confissão e desabafo. Por que um homem de 58 anos, diplomado por uma famosa universidade estrangeira, não adquirira um naco de discernimento político? Às vezes, um diploma é apenas o belo papel timbrado da vaidade. Ouvi por telefone as palavras do enlutado, que só agora despertou para a infâmia. E despertou com uma severa autocrítica, que me surpreendeu: “Eu não era um verdadeiro liberal, e este governo não tem nada de liberal”. Não usou essas palavras, e sim uma explosão de injúrias, que escutei com deleite. Depois lhe disse que a autocrítica era uma virtude, e até mencionei, com ironia, nosso amado Montaigne: “Também nos corrigimos tolamente com frequência, assim como corrigimos os outros”. Desliguei o telefone, abri o livro Romance de Formação e terminei de ler um ótimo ensaio de Willi Bolle sobre Berlin Alexanderplatz. O professor Bolle cita trechos do discurso Sobre a Burrice, proferido em Viena por Robert Musil, em março de 1937. Um desses trechos é: “O homem público atuante, desde que está com o poder, diz que foi escolhido por Deus e destinado a atuar na História. Isso se mostra sobretudo quando certa camada inferior da classe média – em termos intelectuais e morais – se manifesta protegida por um partido, uma nação ou uma seita e se sente autorizada a dizer ‘nós’ em vez de ‘eu’.” Era uma alusão ao partido de Hitler que, em março de 1938, anexou a Áustria ao Reich alemão. Claro, não se deve comparar o nazismo com a destruição que está em curso no Brasil. Mas essas e outras frases de Musil, ditas numa época tenebrosa, talvez nos ajudem a refletir sobre o tempo presente: “A burrice ocasional de um indivíduo pode facilmente se transformar numa burrice constitucional de todos. Os exemplos para essa situação saltam aos olhos”. E como saltam, meu amigo!”

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>>>> Que filho da puta vil do caralho! ““O que acontece na sala de aula: você tem um garoto muito bom, você pode colocar na sala com melhores. Você tem um garoto muito atrasado, você faz a mesma coisa. O pessoal acha que juntando tudo, vai dar certo. Não vai dar certo. A tendência é todo mundo ir na esteira daquele com menor inteligência. Nivela por baixo. É esse o espírito que existe no Brasil”, disse ele. A declaração do mandatório foi em resposta a uma fala de uma apoiadora, no Palácio da Alvorada. A mulher, que disse ser professora, afirmou ter ficado triste com a derrubada das mudanças que seriam feitas na educação especial. Em outubro do ano passado, o governo publicou um decreto com uma nova Política Nacional de Educação Especial. O documento previa a separação de alunos. Dentre alguns pontos, falava na criação de turmas e escolas especializadas que atendessem apenas estudantes com alguma deficiência. A medida foi criticada por especialistas, por dificultar a inclusão. O governo justificou que um dos objetivos do plano era dar flexibilidade aos sistemas de ensino, ofertando alternativas, como classes e escolas comuns inclusivas; classes e escolas especiais; classes e escolas bilíngues de surdos. Em dezembro, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Dias Toffoli suspendeu o decreto após um pedido feito pelo PSB. Em seguida, o plenário da Corte analisou a questão e decidiu manter a suspensão da medida do governo.” [Correio Braziliense]

>>>> Um grande nada: “O líder do PSDB na Câmara, Carlos Sampaio (SP), e Rodrigo Castro (MG), que ocupará a função a partir de fevereiro, apresentaram requerimento para convidar o ministro da Cidadania Onyx Lorenzoni a apresentar as ações já implementadas e as que estão em estudo para mitigar as consequências do fim do auxílio emergencial. Os deputados pedem que o ministro se apresente à Comissão Representativa do Congresso ainda durante o recesso parlamentar.” [Folha]

O Onyx:

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