Dia 328 | “Eu falo de AI-38, quer falar do AI-38 eu falo agora contigo aqui” | 26/11/19

0. Podcast de ONTEM

Com a luxuosa produção de Cristiano Botafogo:

O post que você está lendo só sai quinta de manhã.

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1. AI-38

A única saída era fingir que nunca elogiou a ditadura e desaprovar o comentário do Guedes, assim como ele fez quando o filho falou em AI-5, certo? Porra nenhuma, viado!

“Eu falo de AI-38, quer falar do AI-38 eu falo agora contigo aqui. Quer o AI-38, eu falo agora. 38 é meu número. Outra pergunta ai” [Bahia Notícias]

Tudo isso num tom desafiador, impaciente. E não tem nem um ano de governo!

Encerro com essa foto didática:

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2. Essa escalada é bem bizarra

Esse governo aí, de Bolsonaro, Moro, Salles e Nabhan, esse governo que é o sonho de todo ruralista, esse governo que ataca o IBAMA, acaba com o Fundo Amazônia, esse governo aí prendeu 4 pessoas de uma ONG acusadas de queimadas na Amazônia.

“A Polícia Civil do Pará cumpriu na manhã desta terça-feira (26) mandados de prisão preventiva contra quatro brigadistas de Alter do Chão, em Santarém, no Pará (a 1.231 km de Belém). As prisões aconteceram no âmbito da operação Fogo do Sairé, que apura a origem dos incêndios que atingiram a região de Alter do Chão em setembro deste ano. De acordo com a Polícia Civil, uma investigação de dois meses apontou indícios de que ONGs, entre elas a Brigada de Incêndio de Alter do Chão, tenham atuado como causadoras do incêndio.

Um dos mandados de busca foi cumprido na sede do Projeto Saúde e Alegria, uma das ONGs mais reconhecidas da região e que já recebeu vários prêmios por sua atuação na Amazônia. A ONG é integrante da Rede Folha de Empreendedores Socioambientais e, na semana passada, ganhou o Prêmio Melhores ONGs do Brasil com outras 99 organizações.” [Folha]

Isso lembra aquela piada, citada dia desses pelo Caio Almendra:

“FBI, Scotland Yard e a polícia brasileira estavam numa competição para escolher a melhor polícia do mundo.

Um júri internacional soltou um coelho numa floresta escura e o FBI começou a procura utilizando instrumentos de localização high-tech, mapas de satélites, óculos de visão noturna e identificador de DNA. O esquadrão americano pegou o coelho em 35 minutos.

O júri voltou a soltar o coelho na floresta e a Scotland Yard começou a procura utilizando técnicas de entrevista com os parentes do mamífero orelhudo, fizeram um perfil psicológico do pequeno animal e um intenso estudo dos hábitos do coelho. O esquadrão inglês capturou o coelho em 32 minutos .

Mais uma vez, o coelho foi solto na floresta escura e o esquadrão policial brasileiro iniciou a procura. Em 3 minutos, os brasileiros vieram da floresta com um porco-espinho. O porco-espinho tinha as quatro patas fraturadas, oito luxações, onze hematomas e gritava de medo: Sou um coelho! Sou um coelho! Sou um coelho!”

Palavras do coordenador da ONG em questão, Caetano Scanavinno, um sujeito que eu sigo no facebook há um tempo e tem um trabalho do caralho.

“Fomos surpreendidos por agentes da Polícia Civil armados até os dentes com metralhadoras, assustando as pessoas que estavam no escritório da organização. Não tivemos acesso a nenhum documento de decisão judicial que explicasse o que eles vieram fazer e o mandado de busca era genérico. Acabaram levando tudo, computadores, servidor, documentos. Eu queria deixar claro que a gente desconhece, não sabemos até agora porque a gente está sendo acusado. Porque foram no nosso escritório sem decisão judicial, com um mandato genérico para apreender tudo. Do que que a gente está sendo acusado? Isso foi uma ação da Polícia Civil e o mandado de busca veio da Vara Agrária de Santarém, que tem mais relação com assuntos do agronegócio” [Congresso Em Foco]

Repare na loucura:

“Segundo nota oficial da polícia civil do Pará, os brigadistas teriam colocado fogo na floresta para produzir vídeos e vender para ONGs, como a WWF-Brasil. A polícia afirma que a instituição comprou as imagens para conseguir patrocínio internacional para combater os incêndios. Em resposta a ONG afirmou que “não adquiriu nenhuma foto ou imagem da Brigada” e que, ao contrário do que aponta a investigação, ela atua viabilizando “financeiramente a compra dos equipamentos para o combate ao fogo, dentre os quais abafadores, sopradores, coturnos e máscaras de proteção”.”

Sim, o argumento é que o fogo foi colocado para vender as imagens ao WWF e conseguir patrocínio! Sim, a escória dos ruralistas no poder e são ONGs que precisam incendiar a Amazônia, inacreditável.

O indício de crime é esse diálogo:

“No entanto, o único diálogo interceptado que alimenta a suspeita é comumente ouvido em conversas e entrevistas com moradores da região devido à sazonalidade dos incêndios – que ocorrem anualmente, com pico cerca de dois meses após o pico de incêndios em outros estados amazônicos como Acre, Amazonas e Rondônia. A estação de chuvas, consequentemente, também acontece na região cerca de dois meses após outros estados amazônicos.

A conversa se dá entre Gustavo e uma interlocutora chamada Cecília:

GUSTAVO: Tá triste, foi triste, a galera está num momento pós-traumático, mas tudo bem.

CECÍLIA: Mas já controlou?

GUSTAVO: Tá extinto, é.

CECÍLIA: Que bom.

GUSTAVO: Mas quando vocês chegarem vai ter bastante fogo, se preparem, nas rotas, nas rotas inclusive.

CECÍLIA: É mesmo?

GUSTAVO: Vai, o horizonte vai tá todo embaçado…

CECÍLIA: Puta merda

GUSTAVO: Mas normal, né?

CECÍLIA: Não começou a chover ainda? Porque em Manaus…

GUSTAVO: É, vai começar a chover em dezembro pra janeiro. Se vocês tiverem sorte, chove um pouco antes ou depois que vocês ir embora (sic).

Para a polícia, o diálogo deixa “perceptível referir-se a queimadas orquestradas, uma vez que não é admissível prever, mesmo nessa época do ano, data e local onde ocorrerão incêndios”. A conclusão policial não cita o trecho seguinte da conversa, em que o mesmo suspeito faz previsão semelhante sobre a chegada das chuvas.” [Folha]

Voltando ao patrocínio da WWF:

“Quando vocês chegarem vai ter bastante fogo”. “O que a gente quer é a imagem de vocês”. Tiradas de contexto, frases como essas são destacadas para basear a interpretação da Polícia Civil no inquérito que investiga a Brigada de Alter do Chão, projeto do Instituto Aquífero Alter do Chão. Quando lidos na íntegra, os diálogos revelam apenas dúvidas dos integrantes do projeto sobre as contrapartidas ao patrocínio da WWF. As discussões ficam em torno do tempo – três meses ou cinco anos – em que a WWF poderá se vincular a imagens de divulgação da Brigada, já que a doação de equipamentos será usada nos próximos anos.”

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3. Guedes tá louco, completamente alucinado

Num dia esse demente fala em AI-5 com a naturalidade dum fã do Pinochet. No outro, desafia especuladores num tom cretino e diz sonhar com dólar a 5 reais!


“Se chegar a  reais ai ser muito interessante, porque nos vamos vender 100 bilhões de dolares de reserva, se voce vender 100 bilhoes de reserva a 5 reais são 500 bilhões de reais, pode vir, pode especular contra!”
 [Folha]

Fãs do Paulo Guedes: “como são? de onde vêm? como se alimentam? Hoje no Globo Repórter”.

O número mais recente que eu encontrei é desse mês mesmo, são US$ 369,5 bilhões. Sim, de dólar, dá mais de 1 trilhão de reais de reservas. Nos 5 meses anteriores queimamos 22 bilhões. E essa mula quer pegar quase um terço do que tem e trocar pra moeda NACIONAL! Não é que ele quer trocar por uma moeda mais forte não, ele quer transformar um terço das nossas reservas INTERNACIONAIS em moeda local. Porra, tem que internar esse filho da puta!!

Faço minhas as palavras do Gustavo Gindre:

“Vamos somar os fatos:

1) Dólar a R$ 4,24 e subindo.

2) O Brasil torrando reservas cambiais (US$ 22 bilhões desde junho).

3) A indústria brasileira respondendo por apenas 11% do PIB.

Conclusão: se o Brasil crescer em 2020 nós estamos fudidos. Vai ter que importar tudo, pagar com o dólar na estratosfera e queimar o que sobrou das reservas.” [Facebook]

Ah, e Guedes ontem tomou esporro de todo mundo que você possa imaginar, até do Toffoli!

“Paulo Guedes chamou a atenção de investidores, do Supremo e do Congresso com a fala sobre o AI-5. Floresceu no primeiro grupo avaliação de que, ao perceber que não terá força para aprovar seu programa, o governo tentará criar uma crise para ampliar poderes para além dos limites constitucionais. No STF, a reação de Dias Toffoli foi lida como recado de que tal ideia não pode habitar cabeças que aspiram credibilidade. A conclusão de políticos pode ser resumida assim: “Ele é um ‘olavete’”.” [Folha]

Todos nesse governo são olavetes, o que varia é a intensidade. E eis aqui a única comparação possível:

“Ele não é o primeiro ocupante do cargo a raciocinar assim. Na reunião que selou a edição do AI-5 original, em 1968, Delfim Netto disse que a ditadura precisava de superpoderes para “realizar certas mudanças constitucionais” e desenvolver o país “com maior rapidez”.” [O Globo]

Nem o mercado entende:

“A analistas, investidores pontuaram que o ministro da Economia decidiu afirmar que “ninguém deve se assustar” se sugerirem um AI-5 como resposta a protestos logo após sofrer derrota pública: o adiamento da reforma administrativa por interferência direta de Jair Bolsonaro. Investidores também dizem que a insistência de aliados do governo em relativizar atos de exceção não só cristaliza a imagem de que o Brasil é um país instável como irrita o Congresso num momento em que os negócios esperam ansiosamente pelo “dia seguinte” da reforma da Previdência. Nomes do mercado também pontuaram que a herança deixada por Michel Temer na área econômica se esgotou —e o último espólio foi o leilão do pré-sal.”

Nem os aliados conseguiram defender esse demente:

“Na Câmara, até aliados que reclamaram de “exageros da imprensa” na repercussão do episódio disseram que o ministro “cometeu uma idiotice e atrapalhou o governo”.”

A Míriam Leitão escreveu um baita texto esculhambando esse imbecil:

“O que assusta é o quanto o ministro da Economia desconhece sobre a relação entre economia e política, entre democracia e fatores de risco atualmente avaliados pelos fundos de investimento. Se houver um outro AI-5, ou que nome tenha uma violenta repressão policial militar às liberdades democráticas, os investidores fugirão do Brasil. A economia não é uma ilha que possa manter seu equilíbrio sobre escombros da civilização.

O ministro repetiu uma ideia que é recorrente em seu discurso, a de que se há crítica ao governo é porque não se aceitou o resultado da eleição. “Sejam responsáveis, pratiquem a democracia, ou democracia é só quando um lado ganha? Quando o outro lado ganha, com dez meses você já chama todo mundo para quebrar a rua?”

Vários equívocos numa mesma fala. Pela ordem: não existem só dois lados na política, a eleição não é cheque em branco para que o governante possa fazer tudo o que lhe der na telha, a crítica é natural numa democracia, e protestos não significam necessariamente “quebrar a rua”. E se por acaso em alguma futura manifestação houver excessos, como o caso dos black blocs, nos protestos de 2013 e 2015, não é preciso abandonar a democracia. Como ficou provado na época.”

Beijo, Míriam! Arrasou!

Ontem eu escrevi aqui o absurdo que era achar que o AI-5 foi feito porque as pessoas estavam “quebrando tudo”:

“O ministro continuou sua fala, sendo mais explícito: “Não se assustem então se alguém pedir o AI-5. Já não aconteceu uma vez? Ou foi diferente? Levando o povo para a rua para quebrar tudo”. Foi diferente. O AI-5 não foi feito porque o povo estava quebrando tudo. Foi o resultado de uma luta dentro do regime e venceu a ala que queria o endurecimento. “Às favas com os escrúpulos”, disse o então ministro Jarbas Passarinho. Delfim Netto achou que o ato era brando. A frase de Guedes “já não aconteceu uma vez?”, e a evidente ameaça que ela contém, mostra que 51 anos passaram em vão para Paulo Guedes. Ele não entendeu ainda o que havia de errado naquele ato liberticida.”

E essa transição aqui é bem importante – e assustadora:

“O governo Bolsonaro neste momento saiu das palavras autoritárias para as propostas autoritárias. O perigo mudou de patamar. A ideia de uma operação de Garantia da Lei e da Ordem (GLO) para ação na área rural mais a proposta de que dentro das GLOs haja o “excludente de ilicitude” formam uma mistura perigosa.”

Essa tentativa de isolar a economia da loucura que é o governo é dum surrealismo….

“Alguns tentam isolar a economia, dizendo que ela está melhorando, apesar dos péssimos sinais em outras áreas. Eu nunca acreditei que fosse possível essa separação. O ministro ajudou a esclarecer as coisas. Ao ecoar explicitamente a ameaça feita pelo filho do presidente, removeu o suposto isolamento e uniu a economia à parte sombria do governo que abraçou.”

Encerro com Janaina “Oi Amados” Paschoal, a jurista do impeachment, a pessoa que mais desmoraliza o impeachment:

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4. Daquelas notícias inacreditáveis

O presidente precisa da benção da bancada evangélica pra tomar decisões e nem tenta disfarçar, constrangedor:

“Deputados do bloco conhecido como Centrão retomaram a ofensiva para liberar a abertura de cassinos no País. O presidente Jair Bolsonaro chegou a ser consultado para saber se o governo apoiaria um projeto com esse teor, mas não deu resposta definitiva. Bolsonaro disse aos interlocutores que, antes, seria preciso consultar a bancada evangélica. O grupo é contra o projeto, mas já admite discutir uma alternativa. O prefeito do Rio, Marcelo Crivella (Republicanos), bispo licenciado da Igreja Universal do Reino de Deus, defende a autorização do jogo de azar, mas apenas para estrangeiros.

Em conversa com deputados, na semana passada, Bolsonaro afirmou que tudo pode ser “conversado”, desde que passe pelo crivo dos evangélicos. Avisou, no entanto, que não concorda com a liberação do caça níquel porque “pais de família” podem usar o dinheiro do salário para jogar. Mesmo sendo contrário aos jogos, o presidente já deu sinais de que há a possibilidade de deixar cada Estado decidir o assunto por conta própria. O coordenador da Frente Parlamentar Evangélica na Câmara, Silas Câmara (Republicanos-AM), disse que o grupo – formado por 195 dos 513 deputados – é majoritariamente contra a ideia, mas não descartou o debate de opções. “A bancada ouviria, dependendo de quem vier com a explicação”, afirmou Câmara” [Estadão]

Calma que ainda falta o melhor:

“No ano passado, antes do segundo turno da eleição, o então candidato Bolsonaro negou que fosse favorável a liberar a abertura de cassinos. “Vou legalizar cassinos no Brasil? Dá para acreditar em uma mentira dessas?”, disse Bolsonaro, em vídeo postado nas redes sociais.”

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5. Julgamento Lula

O TRF-4 vai julgar a condenação do caso do sítio e há uma mudança no trio de juízes:

“O trio de magistrados que atua na Lava Jato tem uma modificação em relação ao grupo que condenou Lula em 2018: saiu Victor Laus, que votou pela condenação de Lula à época e que agora é presidente do tribunal, e entrou Carlos Thompson Flores, que comandava a corte até junho.” [Folha]

Faz um tempo eu postei aqui um baita texto apontando como o Thompson Flores mexeu todos os pauzinhos no TRF-4 para foder com o Lula, incluindo aí sua ida para essa turma. Não encontrei esse texto nem fodendo mas me deparei com essa belezura:

“O desembargador Thompson Flores, do TRF-4 (Tribunal Regional Federal da 4ª Região) não acolheu pedido de suspeição feito pela defesa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva contra o magistrado. Flores foi 1 dos membros da Corte que confirmou condenação de Lula em 2ª instância.” [Poder360]

Será que é só no Brasil que o próprio objeto da suspeição decide sobre essa mesma suspeição?! Não faz o menor sentido, é tipo o Gilmar dizendo que ele é insuspeito para julgar o Jacob Barata.

“A defesa do petista alega que Rogério Galloro, diretor-geral da Polícia Federal, afirmou em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo que recebeu uma ligação de Flores, dizendo para não soltar o petista no dia em que o desembargador Rogério Favreto determinou a soltura do ex-presidente. Lula está preso desde abril de 2018. De acordo Flores, não houve “em momento algum, alguma ordem por telefone”, apenas foi informado que o despacho seria feito “nos minutos subsequentes”.”

Sim, ele é o cara que fez de tudo para o Lula não sair, e agora deu um jeito de estar na turma que julga os recursos dos casos envolvendo o ex-presidente, o Brasil não é para amadores.

E Thompson vai ter que se virar pra manter a condenação por conta de uma decisão do STF:

“Em mais de cinco anos de Lava Jato, o TRF-4 tem um histórico de alinhamento com as decisões de Curitiba. Desta vez, porém, é possível que a corte anule neste julgamento a sentença de Gabriela Hardt, sem julgar o mérito dos recursos das defesas, devido a uma recente decisão do STF (Supremo Tribunal Federal) sobre a ordem de fala de delatores e delatados em processos na primeira instância. Diante desse novo entendimento da suprema corte, os juízes do TRF-4 podem considerar que o caso precisa voltar à primeira instância para que a etapa de alegações finais seja refeita, agora respeitando essa distinção entre delatores e delatados. Isso significaria que o processo do sítio retrocederia em 11 meses —as alegações finais dos réus foram entregues em janeiro deste ano.”

Sobre o resultado do julgamento escrevo amanhã, a votação ainda está em andamento.

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6. Ejaculação terrivelmente precoce

Só vai abrir vaga no STF no final do ano que vem e…

“Em um discurso de 15 minutos para cerca de 8 mil pessoas, segundo os organizadores, no templo da Assembleia de Deus, em Manaus, o presidente Jair Bolsonaro se comprometeu nesta terça-feira a indicar em breve um ministro do Supremo evangélico, que como ele “lutará pela manutenção da família”.

— Pegamos o Brasil moral, ética e economicamente falido. Não sou evangélico, mas sou cristão. O meu governo lutará pela manutenção da família, porque nos governos anteriores colocavam até em livros escolares que (uma família) podia até ser formada por um juntamento de duas coisas. E tem duas vagas para ministro do Supremo, e um será cristão e evangélico — frisou Bolsonaro, olhando para o pastor e juiz William Douglas.

O discurso do presidente foi ouvido de pé pelos fiéis, que gritavam “glória a Deus” e “amém”. Após o culto, aliados do presidente coletavam assinaturas para a criação do partido da Aliança pelo Brasil..” [O Globo]

E por falar em STF…

“O ministro Luís Roberto Barroso contou à ministra Rosa Weber que o presidente do STF, Dias Toffoli, está chateado com ele. O presidente do Supremo não gostou de o colega ter dito que precisavam chamar um professor de javanês para interpretar o voto de Toffoli no julgamento da Receita, semana passada. A conversa entre Barroso e Rosa Weber foi captada no início da sessão do TSE de ontem. Os microfones já estavam abertos para quem acompanhava pela internet. [Estadão]

Ninguém respeita o Toffoli, que demais! E hoje o Barroso começou seu voto pedindo vênia e escusas ao Toffoli, hilário.

Para encerrar a editoria STF, passo ao Conrado Hubner, novo colunista jurídico da Folha, descendo o pau no STF:

“O Supremo Tribunal Federal é a vitrine mais reluzente da irresponsabilidade judicial brasileira. Da arbitrariedade também. Irresponsabilidade e arbitrariedade marcam sua forma de se relacionar com o mundo.

Não me refiro aos resultados das decisões do STF. O tribunal pode errar e acertar como qualquer outro. Erros e acertos honestos decorrem de juízos longe de incontroversos. Mas muitos desses erros são trágicos.

Lembra-se da revogação da cláusula de barreira? Surdo ao delicado debate legislativo que gerou a lei, embevecido numa retórica sobre pluralismo e minorias que ignorava todo saber empírico sobre eleições, o STF facilitou a conversão do sistema partidário num pulverizado balcão de negócios.

Há uma enciclopédia de exemplos: a permissão para a polícia invadir domicílios quando houver “fundadas razões”, cheque em branco para a violência (nas favelas); a autorização do ensino religioso confessional em escola pública, que libera o proselitismo escolar com recurso estatal. Silas Malafaia e Edir Macedo celebram a parceria público-privada.

Mas o trágico pode ficar para outro dia. Queria falar sobre o arbitrário e o irresponsável. É urgente observar “como” o STF decide, além de discutir “o que” decide. O “como” do STF é arbitrário porque o humor ou interesse oculto de um ministro bastam para obstruir, por anos a fio, o plenário e a esfera pública; porque qualquer frase de efeito ou anedota pode passar por “argumento jurídico” e “evidência”.

É irresponsável porque não presta contas nem explica os critérios de suas escolhas e prioridades; porque viola regras da ética e decoro judicial; porque faz da obscuridade seu manto de proteção contra o escrutínio público. Parece mera etiqueta, porém nada é mais importante para a sobrevivência do STF.

Os exemplos são infinitos: o caso sobre a Lei de Drogas, de 2011, que sofre seguidos adiamentos como se nada estivesse acontecendo (e a crise das prisões pudesse esperar); as liminares monocráticas que suspendem leis e voltam para a gaveta; os pedidos de vista que agridem o colegiado e postergam por tempo indefinido a solução do problema. O compasso do STF não está em sintonia com o interesse público. Tampouco com a virtude da espera.” [Folha]

Essa do Fux aqui é campeã demais, preparem-se:

“Há também a lambança padrão-ouro. Nunca esqueceremos do pagamento ilegal de auxílio-moradia a juízes. Por cinco anos, uma liminar precária de Fux garantiu que o “plus” de R$ 5 bilhões, não reembolsados, fosse gasto com a magistocracia. Só cancelou a mesada quando o aumento salarial concedido pelo Congresso caiu na conta bancária. Uma “permuta”.”

Não dá pra ser mais cara de pau que isso, não dá.

“Há muito mais: as façanhas interpretativas e manipulações procedimentais no caso da execução provisória da pena tornaram qualquer resultado merecedor de justa desconfiança; o inquérito policial, com foco genérico e base legal extravagante, burlou sorteio entre ministros e fez do gabinete pré-selecionado uma delegacia contra os inimigos da corte.

Interpretação jurídica e jurisprudência podem ser o produto de um esforço intelectual sincero e sedimentar uma tradição. Ou podem ser uma farsa. Entre a farsa e a integridade judicial reside a possibilidade do Estado de Direito.

Ministros não reconhecem a emboscada que armaram para o STF. Seu caricato apego à liturgia atrapalha a visão (a deles, não só a nossa). Podem entrar para a história como os que empurraram o STF ao baixo clero dos Poderes. Ou podem fazer alguma coisa em nome das liberdades, mesmo que seja tarde demais.

Criticar a conduta de ministros é um dever. Defender um tribunal corajoso, também. Com a clareza e a sinceridade que pedimos deles, a clareza e a sinceridade que ainda nos sonegam.

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8. A mais óbvia das obviedades

Tivesse alguma dignidade – coisa que ele nem sabe do que se trata – Abraham não sairia nem de casa.

“Um relatório produzido pela Comissão Externa de acompanhamento do Ministério da Educação ( MEC ) da Câmara classificou a gestão da pasta como “insuficiente” e emitiu 52 recomendações ao órgão. O texto traz um panorama das ações do governo de Jair Bolsonaro na Educação e conclui que a gestão do órgão está “muito aquém do esperado”. De acordo com o relatório do grupo, em comparação às gestões de Michel Temer e Dilma Rousseff, o MEC de Bolsonaro possui o menor número de pessoas em cargos de confiança com atuação prévia na área da educação.” [O Globo]

Sim, um bando de forasteiro sem qualquer experiência na área competindo pra ver quem é o mais maluco.

“O texto afirma ainda que alterações na estrutura da pasta acabaram esvaziando políticas em áreas como diversidade e que, até o momento, o ministério não demonstrou “prioridade real” para políticas voltadas para a alfabetização. O relatório faz um diagnóstico de várias áreas como orçamento, iniciativas lançadas pelo governo, avanço nas metas do Plano Nacional de Educação ( PNE ), políticas de alfabetização e formação de professores, entre outros. Em relação à Política Nacional de Alfabetização (PNA), anunciada como uma das prioridades do governo Bolsonaro, a comissão concluiu que, ao contrário do discurso, o MEC não conduziu ações efetivas na área. Segundo o texto, apenas foi feito um caderno com revisão bibliográfica parcial sobre o tema.

“O Decreto da PNA, seu Caderno e a Conabe não estabeleceram a estratégia de implementação dessa Política, isto é, como ela será executada desde Brasília até alcançar as escolas municipais, estaduais e distritais, responsáveis pela quase totalidade das matrículas nos anos iniciais do Ensino Fundamental. A Sealf e o MEC tampouco conseguiram definir metas a alcançar”, diz o texto. Segundo a comissão, o ministério ainda descontinuou programas de gestões anteriores, como o Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa (Pnaic) e tem atrasado repasses para outras iniciativas na área, como o Programa Mais Alfabetização. Nesse ponto, o documento analisa que a criação de uma secretaria específica para a área não foi suficiente para trazer para colocar em prática política pública para a área. A comissão estabelece uma recomendação de que o MEC implemente a PNA até março de 2020.”

É terra arrasada. Como que um país pode dar conta com Guedes na economia, Salles no Meio Ambiente, Ernesto na chancelaria e Abraham na Educação, todos chefiados por um boçal como o Bolsonaro? É tudo tão absurdo que só pode ser uma orquestração pra inviabilizar o Brasil.

“A análise feita pela Comex no orçamento do órgão indica que a execução dos recursos foi baixa inclusive na Educação Básica, que é tida como foco pelo ministro Abraham Weintraub. O texto revela que até julho a rubrica de “Apoio ao Desenvolvimento da Educação Básica” tinha ” execução próxima a zero”. Os recursos destinados a investimento também baixaram em relação a 2018. Enquanto no ano passado foram executados 11,7% dos valores autorizados, em 2019 foram apenas 4,4%. Em relação ao ensino superior, o relatório afirma que o programa “Future-se”, lançado pelo MEC como alternativa ao financiamento das universidades federais, foi a ação mais contundente do governo para a área, mas os parlamentares criticam a estrutura da iniciativa e diz que ela pode acabar gerando novos problemas. ” O projeto apresenta fragilidades e inconsistências no que tange à sustentabilidade e viabilidade da proposta—, além do pouco detalhamento em relação ao funcionamento das organizações sociais (OS), o que pode aumentar a desigualdade entre as Ifes, os riscos de corrupção e a fragilização da autonomia institucional.

A análise da Comex é de que a troca constante de servidores na pasta atrapalha a condução de políticas no MEC: ” O número de exoneração nos cargos de confiança, flagrantemente superior à gestão anterior, denotam instabilidade e falta de continuidade na gestão atual. Enquanto o padrão dos governos anteriores foi de um pico de desonerações no início do governo, voltando à estabilidade em aproximadamente 5 meses, a atual Administração Direta manteve um alto número de exonerações até último mês analisados.”

Biolsonaro só não demite o Abraham porque pegaria mal demais demitir dois ministros em menos de um ano de governo, seria um inapelável atestado de incompetência justamente no ministério mais importante do país. A tragédia então segue seu curso.

Encerro com Abraham e seu inesgotável bom senso:

“Não cheguei a ver. Para falar a verdade, eu nem li”

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10. Será que a equipe do Guedes teve uma boa idéia?!

“O governo quer acabar totalmente com a desoneração da cesta básica e substituir o benefício por uma devolução direta de dinheiro a famílias mais pobres. Desde 2004, produtos como feijão, arroz, pão, leite e queijos são isentos da cobrança do PIS/Cofins. Nos últimos anos, uma série de decretos ampliou o rol de itens beneficiados pela alíquota zero e, na avaliação de especialistas e técnicos do Ministério da Economia, passou a englobar alimentos consumidos por famílias mais ricas.” [O Globo]

A idéia é esquisita mas o argumento é bom: se há isenção por conta de cesta básica não faz sentido isso valer para os mais ricos.

“Em setembro, um estudo do Ministério da Economia propôs voltar a cobrar imposto sobre a venda de alguns produtos da lista , como queijos, iogurte e determinados tipos de queijo. A ideia era obter cerca de R$ 1 bilhão para direcionar os recursos para reforçar o Orçamento do Bolsa Família. A proposta que será enviada ao Congresso, no entanto, será mais abrangente. Nenhum item receberá a isenção. Em vez disso, famílias de baixa renda terão direito a receber dinheiro de volta.

O objetivo é criar uma política social mais eficiente e, para isso, extinguir totalmente o programa. Hoje, o governo deixa de arrecadar cerca de R$ 18 bilhões por ano com a desoneração da cesta básica. No novo sistema, o consumidor vai gerar créditos no cartão do Bolsa Família ao comprar produtos sobre os quais incidem PIS/Cofins. O valor pago em imposto será devolvido, de acordo com a faixa de renda. A ideia é garantir que beneficiários do Bolsa Família tenham uma restituição de 100%. Será criado um sistema para quem não tem o cartão.”

Bem, se o dinheiro sai das empresas e vai para os mais pobres eu é que não vou ser contra, apesar de jurar que o governo não tem a sofisticação pra resolver um troço complexo como esse.

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11. Mais uma do pacote de bondades

Mais uma queda no salário mínimo. Antes havia sido 1 real a menos, agora é oito vezes mais

“O governo reduziu a previsão para o salário mínimo no ano que vem. Na mensagem modificativa do Orçamento de 2020, enviada ao Congresso nesta terça-feira (26), o montante estimado passou de R$ 1.039,00 para R$ 1.031,00.”

E o trabalhador Costinha?!

costinha

“A justificativa é a redução nas projeções para a inflação. A equipe econômica tem usado como referência para as peças orçamentárias um reajuste apenas pelo INPC (Índice Nacional de Preços ao Consumidor). Desde o envio do Projeto de Lei Orçamentária Anual (PLOA), em agosto, houve uma queda nos indicadores de inflação de 2019. A estimativa para o INPC de 2019, que norteia o reajuste do salário mínimo para 2020, caiu de 4,02% para 3,26%.

Com isso, a redução foi de R$ 8. De acordo com os técnicos, o impacto nas contas públicas é de R$ 320 milhões a cada R$ 1 de aumento no salário mínimo. O que leva a um aumento nas despesas federais de R$ 2,56 bilhões ao ano.” [Folha]

Imagine o Bolsonaro na oposição com uma notícia dessa.

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12. Nem o mercado acredita na queda dos juros

É importante entender que as principais razões para a queda dos juros é a crise e o cenário externo – o texto é de Daniel Miraglia e Carlos Maggioli, da Qasar Asset Management:

“Como a maioria sabe, as taxas de juros no Brasil se encontram nos patamares mais baixos da história moderna do país. Entendemos que existiram dois vetores fundamentais para explicar esse movimento forte de queda das taxas de juros.

O primeiro deles foi a recessão, seguida de crescimento irrisório, que fizeram com que o chamado hiato do produto brasileiro (a diferença entre o quanto o país cresce e o seu real potencial de crescimento) ficasse negativo (com todas as suas consequências em termos de desemprego e capacidade ociosa). Em segundo lugar, pesa um ambiente internacional com redução do crescimento e forças deflacionárias aparecendo na grande maioria dos países do G7, sendo a China a maior força deflacionária do mundo.” [Folha]

O governo jura que os juros continuarão caindo, Guedes e Bolsonaro vivem prometendo isso, como se a decisão fosse deles:

“Mas o cenário está mudando. Vemos com maior probabilidade para os próximos 12 a 24 meses inflação e juros mais altos no Brasil. Diga-se de passagem, a recente alta do dólar põe em risco, inclusive, o corte de 0,5 ponto esperado pelo mercado na reunião de dezembro do Copom do BC (Comitê de Política Monetária do Banco Central). Vamos aos dados. Ao projetarmos os possíveis cenários para inflação e juros no Brasil, damos maior peso para dois destes cenários:

(a) mundo volta a apresentar um pouco mais de crescimento graças a políticas monetárias e fiscais expansionistas das economias centrais. Forças deflacionárias mundiais perdem intensidade. Brasil volta a crescer algo próximo de 2,5% ao ano;

(b) políticas monetárias e fiscais das economias centrais se mostram ineficientes para fazer o mundo voltar a crescer. Tensão social sobe. Forças deflacionárias no mundo aumentam. Brasil volta a apresentar crescimento mais próximo de 0,5% e, dependendo da severidade dos acontecimentos no mundo, volta a um processo recessivo.”

Se você aposta na opção A, seu otimismo é comovente. Engraçado, mas comovente.

“Nosso entendimento é que juros e inflação serão estruturalmente mais altos que atualmente nos dois cenários. Para chegar a essa conclusão, destacamos os seguintes e principais vetores estruturais que nos chamam a atenção:

Câmbio: como a diferença de juros entre Brasil e exterior está nas mínimas históricas, a tendência é termos uma força constante na direção da desvalorização cambial. No cenário (a) acima, mais benéfico, trabalhamos com câmbio próximo de R$ 4,40 ou R$ 4,50. No cenário (b) acima, mais recessivo, câmbio pode ir acima de R$ 6.

Guedes falando em R$ 5 e já tem quem aposte no dólar a R$ 6!

“Falta de investimento em infraestrutura: os gargalos no Brasil seguem elevados e serão sentidos, em especial no cenário (a), que inclui retomada do crescimento. Inflação deve voltar por este vetor quando o hiato (a diferença entre o potencial de crescimento e o crescimento real) se aproximar de zero.

Falta de mão de obra qualificada: outro vetor estrutural que mudou muito pouco ou nada no Brasil. Sem mão de obra qualificada, nosso crescimento potencial é estruturalmente menor, significando que o hiato do produto chegará mais rápido para o nível nulo.

Instabilidade institucional e jurídica: este vetor afeta de forma significativa os outros três acima.”

É o que digo aqui há um tempo: estamos vendo a tempestade perfeita, tá tudo dando incrivelmente errado.

“Não há assim, probabilidade alta para que o juro permaneça nas mínimas históricas, seja porque o hiato do produto volta para próximo de zero, seja porque uma desvalorização mais intensa do câmbio transite para os índices de preço via preços livres e combustíveis.”

E o Brasil agora tem juros negativos – o texto e do Vinícius Torres Freire:

“O que de mais divertido que se vê por estes dias é que o Brasil agora também já tem taxas de juros negativas, “coisa de Primeiro Mundo”, vejam só. Desde o final da semana passada, o governo paga menos do que zero para quem se dispuser a emprestar dinheiro até 15 agosto de 2020 (comprando NTN-B, o título conhecido como “IPCA mais juros” no Tesouro Direto). Isto é, cobra de quem lhe emprestar algum. Afora essa graça episódica, talvez uma anomalia técnica, nada muito mais de esquisito. De mais notável, apenas um repiquezinho da expectativa de inflação para 12 meses e um cadinho de alta de juros perceptível apenas para quem negocia zilhões no mercado.” [Folha]

Porra, em economias como a dos EUA e da Alemanha eu até entendo, mas quem vai pagar pra emprestar dinheiro para o Brasil? O final da coluna pinta bem a loucura em que vivemos:

“Mais preocupante, por ora, é ver que o salário médio não cresce desde abril (em termos anuais), que a taxa de investimento cresce a míseros 3% ao ano (dado preliminar do Ipea) e o PIB ainda anda ao ritmo de 1% ao ano. Ainda mais preocupante é ver que o governo quase inteiro se dedica a jogar o país no tumulto, agora com ameaças cada vez mais frequentes de baixar decretos ditatoriais e ameaçar com tiros quem venha a se manifestar nas ruas contra essas misérias e violências todas.”

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13.  “A história não se repete, mas frequentemente rima”

Do Martin Wolf – é grande mas vale a pena, ótimo pra entender o mundo e os desafios atuais

“A história não se repete, mas frequentemente rima. Essa observação é muitas vezes atribuída incorretamente a Mark Twain. Mas é uma boa.

A história é o guia mais poderoso do presente, porque fala sobre o que é permanente em nossa humanidade, especialmente as forças que nos conduzem ao conflito. Uma vez que o maior evento geopolítico atual é, de longe, o crescente atrito entre os Estados Unidos e a China, é esclarecedor relembrar eventos passados semelhantes. Em um livro instigante, “Destined for War” [Destinados à guerra], Graham Allison, de Harvard, começou com o relato da guerra do Peloponeso por Tucídides, o grande historiador ateniense do século 5º a.C. No entanto, vou me concentrar nas três épocas de conflito dos últimos 120 anos. Há muito a se aprender com elas.

O conflito mais recente foi a Guerra Fria (1948-1989) entre um Ocidente liberal democrático, liderado pelos EUA, e a União Soviética comunista, uma versão transformada do Império Russo anterior à Primeira Guerra Mundial. Este foi um grande conflito de poder entre os principais vencedores da Segunda Guerra Mundial. Mas também foi um conflito ideológico sobre a natureza da modernidade.

O Ocidente acabou vencendo. Isso ocorreu porque a escala das economias ocidentais e a velocidade de seus avanços tecnológicos superaram amplamente as da União Soviética. Os súditos do império soviético também ficaram decepcionados com seus governantes corruptos e despóticos, e a própria liderança soviética concluiu que seu sistema havia falido. Apesar dos momentos de perigo, notadamente a crise dos mísseis cubanos de 1962, a Guerra Fria também terminou pacificamente.

Indo mais longe, chegamos aos anos entre guerras. Foi um interregno em que a tentativa de restaurar a ordem anterior à Primeira Guerra Mundial fracassou, os EUA se retiraram da Europa e uma enorme crise financeira e econômica, originalmente emanando dos EUA, devastou a economia mundial. Foi uma época de conflitos civis, populismo, nacionalismo, comunismo, fascismo e nacional-socialismo. Os anos 1930 são uma lição permanente da possibilidade de colapso democrático quando as elites fracassam. São também uma lição do que acontece quando grandes países caem nas mãos de lunáticos famintos por poder.

Recuando ainda mais, chegamos ao período decisivo de 1870-1914. Como Paul Kennedy observou em seu livro clássico, “A ascensão e queda das grandes potências”, em 1880 o Reino Unido gerou 23% da produção industrial global. Em 1913, esse número tinha caído para 14%. No mesmo período, a participação da Alemanha passou de 9% para 15%. Essa mudança na balança europeia levou a uma guerra de Tucídides catastrófica entre o Reino Unido, potência ansiosa por posição, especialmente depois que os alemães começaram a construir uma frota moderna e a Alemanha, uma potência ressentida em ascensão. Enquanto isso, a produção industrial dos EUA passou de 15% para 32% da produção mundial, enquanto a China caiu na irrelevância. Assim, a ação dos EUA (nos grandes conflitos do século 20) e sua inação (nos anos entre guerras) determinaram os resultados.

A era atual é uma mistura dos três. É marcada por um conflito de sistemas políticos e ideologia entre duas superpotências, como na Guerra Fria, por um declínio pós-financeiro da confiança na política democrática e na economia de mercado, bem como pela ascensão do populismo, nacionalismo e autoritarismo, assim como na década de 1930 e, mais significativamente, por uma drástica mudança no poder econômico relativo, com a ascensão da China, como os Estados Unidos antes de 1914. Pela primeira vez desde então, os EUA enfrentam uma potência com um potencial econômico superior ao seu.

O período anterior a 1914 terminou em uma guerra catastrófica, assim como os anos entre guerras, embora com um resultado relativamente bem sucedido pós-1945. A Guerra Fria terminou em triunfo pacífico. Hoje o mundo enfrenta desafios que se equiparam facilmente aos dos períodos anteriores. Então, que lições podemos aprender com essas épocas?

Talvez o mais óbvio seja que a qualidade da liderança é importante. As capacidades e intenções do presidente Xi Jinping são bastante claras: ele é dedicado ao domínio do partido sobre uma China ressurgente. Mas o sistema político do mundo ocidental, especialmente os EUA e o Reino Unido, as duas potências que puxaram o mundo durante os anos 1930, está falindo. A liderança errática do presidente dos EUA, Donald Trump, lembra a da Alemanha sob o cáiser Guilherme. Sem uma liderança melhor, o Ocidente e o mundo em geral estão em apuros.

Outra lição é a importância primordial de se evitar a guerra. O professor Allison descreve bem como a suspeição mútua alimentou a jornada até a guerra de 1914. É ainda mais crucial para os EUA e a China evitarem conflitos diretos agora. Esse foi o grande sucesso da Guerra Fria. Mas a dissuasão nuclear talvez não seja suficiente.

No entanto, talvez a conclusão mais importante seja que evitar mais uma catástrofe é insuficiente. Não podemos permitir os velhos jogos de grande rivalidade de poder, por mais inevitáveis que pareçam.

Nossos destinos estão entrelaçados demais para tanto. Uma visão de soma positiva das relações entre o Ocidente, a China e o resto deve se tornar dominante se quisermos administrar os desafios econômicos, de segurança e ambientais diante de nós.

A humanidade precisa se sair muito melhor que antes. Hoje, isso deve parecer uma fantasia, diante da qualidade da liderança ocidental, do autoritarismo na China e da maré crescente de desconfiança mútua.

Mas precisamos tentar. Temos que gerenciar estrategicamente essa nova era difícil. Hoje, todo o nosso futuro depende de nossa capacidade de fazer isso.” [Folha]

E essa notícia tem tudo a ver com o que vai acima:

“China has overtaken the US as the biggest diplomatic power in the world, a new report from the Lowy Institute think tank says. As of this year, China has 276 diplomatic posts around the world, compared with the US’s 273. These posts consist of embassies, high commissions, consulates and consulates general, permanent missions, and other representations in countries where there is no diplomatic relationship. The Lowy Institute’s ranking is based on the number of diplomatic networks of 61 countries belonging to the G20 and the Organization for Economic Cooperation and Development and in Asia. It also “indicates strengths and weaknesses in geographic coverage and geopolitical reach.”

The 2019 ranking shows the rapid rise of China over the past decade. In 2017 it had 271 diplomatic posts around the world — three fewer than the US — and in 2016 it had 263 posts, according to the think tank. The US had 274 diplomatic postings in 2017 and 271 in 2016. US foreign-policy influence globally has weakened in recent years under President Donald Trump’s administration. Trump has slashed funding for the State Department and struggled to fill key diplomatic roles.

The US risks being overtaken by China in terms of military and economic power as well. The Center for a New American Security warned in June that China was developing advanced weapons at a rapid and secretive pace and figuring out ways to disrupt US battlefield systems. China could also overtake the US as the world’s biggest economy as soon as next year, Standard Chartered said in January. The American economy could also become smaller than India’s by 2030, the bank said.” [Business Insider]

Não é pouca merda não. Xi Jinping e Putin agradecem Trump de joelhos.

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14. “The Coup Temptation in Latin America”

Dos cientistas políticos Steven Levitsy e Maria Victoria Murillo, baita texto no NYT:

“At first glance, the fall of Bolivia’s president, Evo Morales, this month may appear to be a victory for democracy. After all, his populist government had grown increasingly undemocratic. Having already served three terms, Mr. Morales called a referendum in 2016 seeking to eliminate the Constitution’s term limits. When Bolivians voted the proposal down, the Constitutional Court, packed with Morales loyalists, allowed him to run anyway — on the absurd ground that term limits violated his “human right” to run for office.

In October, Mr. Morales “won” a fourth term in an election that an Organization of American States report says was marred by vote tampering. Widespread protest and a police mutiny erupted, opposition leaders called on the armed forces to dislodge Mr. Morales and army leaders “suggested” that he resign. Mr. Morales fled to Mexico, and an opposition senator, Jeanine Áñez, assumed the presidency. In effect, Mr. Morales fell prey to a coup.

Many Bolivians sought Mr. Morales’s departure. But he quit only after the police rebelled and the army chief called for his resignation — a call made after he had conceded to new elections under new electoral authorities, which offered a plausible way out of the crisis without military intervention.

The coup highlights an alarming development in Latin America: Ignoring the tragic lessons of the region’s praetorian past, many politicians are turning to the armed forces to resolve crises and even remove governments.

In Ecuador in 2000, Venezuela in 2002, Honduras in 2009, and now in Bolivia, opposition groups applauded when the army stepped in to remove elected governments they viewed as inept, corrupt or a threat to democratic institutions. Military intervention, they declared, was a means of defending democracy.

Such views are misguided. Military coups rarely lead to democratic transitions; when they do, it’s mostly in cases when the target is an established dictator, as in Venezuela in 1958, the Philippines in 1986 and Paraguay in 1989. Coups against elected governments — even populist ones with authoritarian tendencies — almost always push countries in a less democratic direction.

For a coup to bring democracy, interim governments must exercise extraordinary restraint. Unelected and without a popular mandate, they must limit themselves to forging a consensus around democratic rules of the game and overseeing clean elections.

Yet anti-populist coups rarely produce such restraint. Having come to power in a polarized environment, with many supporters driven by intense anger and animosity toward the former government, interim leaders are often tempted to engage in partisan revanchism: They indulge in policy reversals, purge the bureaucracy of the former government’s supporters, prosecute former officials and their allies.

Such measures almost invariably prompt a new round of polarization and conflict. Supporters of the previous government tend to close ranks, radicalize and mobilize against the new government, which, in turn, brings repression. This spiral of mobilization and violence tends to strengthen the hand of government hard-liners who call for the jailing, exile and even banning of the populists in a retreat into authoritarianism.

This is what happened in Argentina after the overthrow of Juan Perón in 1955. Peron’s support for unions and generous social welfare policies won him the support of the Argentine working class. Yet he governed in a polarizing and autocratic manner, generating fierce opposition from the middle class, the wealthy and sectors of the military.

After Perón’s ouster, many believed Argentina would return to democracy. These hopes were soon dashed, however, as the new military government attempted to eradicate Peronism from Argentine society. Perón was exiled, his supporters were persecuted, and his party, the country’s largest, was banned. Even uttering his name became a criminal offense. The effort to eradicate Peronism brought nearly three decades of instability, including three more coups and two periods of military dictatorship.

More recently, an anti-populist coup in Thailand proved similarly destructive of democratic institutions. The military’s removal of Prime Minister Thaksin Shinawatra in 2006 polarized Thai society. And when the army responded to heightened conflict by attempting to destroy Mr. Thaksin’s political movement, it destroyed Thai democracy…

There is another, more basic, reason to resist the temptation to call on the military to resolve crises: Military intervention undermines the development of democratic institutions. Most of Latin America was plagued by military interference for the first 150 years of independence. Military officers directly seized power, removed or installed governments, or threatened to do so to exert power behind the scenes.

Armies established themselves as the ultimate arbiters during crises, with deleterious consequences for democracy. Rather than relying on elections and the rule of the law to resolve conflicts, politicians often turned to the military. Research shows that each intervention reinforces the norm that the army can (and maybe should) intervene in politics, which makes future interventions more likely. The result, in many countries, was decades of instability and military rule. Bolivia, for example, experienced 13 coups, more than one every five years, between 1920 and 1980.

Establishing a civilian rule is a long and difficult process. Each time military officials step in to resolve a crisis, no matter how benign or even democratic their motives may appear to be, the process of institutionalizing civilian control is undermined. Only recently has Latin America began to break out of this vicious cycle. After 1980, the number of coups declined significantly. At least partly as a result, the last three decades have been the most democratic in Latin American history. The renewed willingness to accept and even seek out military intervention is deeply troubling.

The political scientist Alfred Stepan, an expert on Latin American militaries, wrote during the 1980s that the key to preserving the region’s new democracies lay in ensuring that no civilian group knocked on the barracks door” [NYT]

Opa, peraê:

Pobre, Brasil!

“In other words, politicians from across the political spectrum must agree that under no circumstance will they seek out or support a coup. Without civilian allies, militaries rarely intervene. These lessons are especially important today as Latin America enters a period of heightened polarization and unrest. The lessons extend to the international community. If foreign governments choose sides in the region’s conflicts, tolerating coups that favor their ideological allies rather than consistently defending democracy, it will encourage a return to the violence and instability that Latin Americans struggled so hard to end.”

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14. Um Trump Muito Louco

Bem, pelo visto Trump desistiu do Giuliani, esse divórcio aí vai dar uma merda homérica:

“President Trump tried to distance himself from his personal lawyer Rudy Giuliani’s efforts related to Ukraine on Tuesday in an interview with radio host Bill O’Reilly. In the interview for BillOReilly.com, O’Reilly asked the president what Giuliani was, “doing in Ukraine on your behalf.” “Well, you have to ask that to Rudy, but Rudy, I don’t, I don’t even know,” said Mr. Trump. “I know he was going to go to Ukraine, and I think he canceled a trip,” the president continued. “But, you know, Rudy has other clients, other than me. I’m one person.”

Mr. Trump then denied that he had ever directed Giuliani to go to Ukraine on his behalf. However, in May the New York Times reported that Giuliani had planned to go to Ukraine that month, to urge the government there to open several investigations that could aid the president. “There’s nothing illegal about it,” Giuliani told the Times in early May. “Somebody could say it’s improper, and this isn’t foreign policy — I’m asking them to do an investigation that they’re doing already.” “[T]hat information will be very, very helpful to my client,” he predicted, “and may turn out to be helpful to my government.” Giuliani was clear when speaking with the Times about the identity of that client. “My only client is the president of the United States,” Giuliani said. “He’s the one I have an obligation to report to, tell him what happened.” Soon after the Times story was published, Giuliani canceled his trip.[CBS News]

Eu aguardo ansiosamente a explicação para o Giulianu ter sido, por tanto tempo, advogado do presidente dos EUA. Os motivos virão á tona e serão hilários.

“O’Reilly again pressed Mr. Trump on whether he had asked Giuliani to travel to Ukraine, or to pressure the U.S. ally. 

“Giuliani’s your personal lawyer,” O’Reilly said. “So you didn’t direct him to go to Ukraine to do anything or put any heat on them?”

“No, I didn’t direct him, but he’s a warrior, Rudy’s a warrior. Rudy went, he possibly saw something. But you have to understand, Rudy, has other people that he represents,” Mr. Trump said.”

E como se os depoimentos não tivessem sido suficientemente demolidores…

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, sabia da denúncia do “whistleblower” sobre os acordos com a Ucrânia quando liberou a ajuda militar ao país que havia sido congelada em setembro, de acordo com duas fontes próximas ao caso. Advogados da Casa Branca relataram a acusação a Trump em agosto, explicando que eles estavam tentando determinar se eram legalmente obrigados a encaminhá-la ao Congresso, informaram as fontes.” [Estadão]

Já estava claro que havia o quid pro quo, Trump condicionou a liberação do dinheiro à investigação ucraniana contra os Biden. Agora se sabe que o dinheiro só foi liberado depois do Trump tomar conhecimento da denúncia anônima vindo da CIA:

“A revelação pode lançar uma luz sobre duas questões críticas do processo de investigação do impeachment: a decisão de Trump em setembro de fornecer US$ 391 milhões em assistência militar à Ucrânia e o fato de que ele negou a um embaixador na mesma época que havia um “toma lá, dá cá” com Kiev. O presidente americano enfrentou pressão dos dois lados do Congresso quando liberou o auxílio. Mas o novo detalhe sobre o assunto mostra que ele também sabia, na época, que o “whistleblower” o havia acusado de irregularidades ao congelar a ajuda militar e ao ampliar a campanha para pressionar o presidente ucraniano, Volodmir Zelenski, a conduzir uma investigação sobre o pré-candidato democrata à presidência dos EUA Joe Biden, possível principal rival de Trump nas eleições de 2020.”

E o Mullvaney só se fode, o John Kelly deve estar rindo de orelha a orelha com as agruras de seu sucessor:

“Novos detalhes também surgiram na terça-feira sobre a decisão de congelar a ajuda militar à Ucrânia. Um funcionário do departamento de orçamento da Casa Branca, Mark Sandy, disse em um depoimento que no dia 12 de julho recebeu um e-mail do escritório do chefe de gabinete interino da Casa Branca, Mick Mulvaney, que o notificava que Trump havia ordenado a funcionários da administração o congelamento do auxílio.”

E Trump está num nível de loucura difícil de dar conta:

“US President Donald Trump on Tuesday shared a bizarre theory that liberals were trying to rename Thanksgiving. “You know, some people want to change the name Thanksgiving,” Trump claimed during a wild rally in Sunrise, Florida. Without giving any further details, he said: “They don’t want to use the term ‘Thanksgiving.'” He told his supporters “we’re not changing it,” adding, “We’re going to have do little work on Thanksgiving.” “People have different ideas why it shouldn’t be called Thanksgiving,” he said. “But everybody in this room, I know, loves the name Thanksgiving, and we’re not changing it.”

There is no evidence that people are trying to rename the holiday, and Trump did not say what people want to rename it to. Trump drew parallels with his past criticism of the phrase “Happy holidays,” which he repeatedly decried during his 2016 presidential campaign. “And that was true also with Christmas, but now everybody’s using Christmas again,” he said. “Remember I said that?” Trump had previously attacked a so-called “war on Christmas,” saying during his presidential campaign: “If I become president, we’re going to be saying ‘Merry Christmas’ at every store.” Trump then declared victory in a 2017 speech, claiming: “We can say ‘Merry Christmas’ again.”[Business Insider]

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>>> Aquela vingancinha básica. Lembra que o governo citou um número completamente estapafúrdio para o pagamento de direitos autorais por quarto? A conta tava completamente errada – eles citaram pagamento anual como pagamento… diário! – mas que se foda, eles foram em frente: “O presidente Jair Bolsonaro editou a Medida Provisória 907/2019, que traz uma série de ações voltadas para o setor do turismo. Apelidada de ‘A Hora do Turismo’, a MP foi antecipada pelo Estado e está publicada no Diário Oficial da União (DOU) desta quarta-feira, 27. Dentre as medidas, o texto isenta os hotéis do pagamento de direitos autorais por músicas executadas em quartos de estabelecimentos, o que foi criticado pela classe artística e, segundo a presidente do Escritório Central de Arrecadação e Distribuição (Ecad), Isabel Amorim, disse ao Estado, pode tirar da classe artística R$ 110 milhões por ano. Isabel destacou que as ações do governo para estimular o turismo e a economia são bem-vindas, mas não podem ser feitas “à custa dos artistas”.” [Estadão]

>>> Huck se mexendo: “Por ser Huck, então, o desafiador com chances, é crescente o envolvimento dos políticos com sua candidatura. Armínio Fraga coordena grupos de estudos sobre Educação, Saúde, Previdência, Segurança, Desigualdade, o que assegura ser a questão social o ponto central do projeto, sobrepondo-se, inclusive, à Economia. Nesses estudos se envolvem movimentos e instituições ligados ao candidato, em especial os da Educação. Nizan Guanaes formula a estratégia de Comunicação e um grupo já numeroso de políticos conversa e aproxima o apresentador de diferentes partidos: Cidadania, Podemos, DEM, pouco importa, a persona é de centro-esquerda..” [Estadão]

>>> Deltan e suas manhas protelatórias: “A defesa de Deltan Dallagnol prepara um mandado de segurança ao Supremo contra a advertência que o procurador recebeu do Conselho Nacional do Ministério Público, nesta terça (27), por ter dito que alguns ministros do STF aparentavam “leniência com a corrupção”. Um dos questionamentos que será feito pelos advogados diz respeito aos critérios de cálculo do tempo em que de processos administrativos disciplinares prescrevem no CNMP. A defesa de Deltan entende que o prazo para que o caso que lhe rendeu uma punição nesta terça expirou em outubro e vai sustentar, com base nessa tese, que o processo não poderia ter sido julgado pelo colegiado.” [Folha]

>>> Toma-lá-dá-cá. Mas virtuoso, tá ok?! “O governo enviou adendo nesta semana a projeto de lei que será votado pelo Congresso e inseriu na proposta previsão de liberação de mais R$ 2 bi. O valor será usado para pagar emendas prometidas a deputados. Ao honrar parte das negociações que travou com parlamentares para aprovar a reforma da Previdência, o Planalto tenta melhorar o ambiente no Congresso e evitar danos a propostas importantes, como à medida provisória que remodela o Mais Médicos, que caduca nesta quinta (28). Na noite desta terça (26), a MP foi aprovada na Câmara. Ela ainda precisa ser aprovada no Senado.” [Folha]

>>> Agora vai, ninguém segura o Brasil! “O Ministério da Educação mudou o nome da Plataforma Paulo Freire, criada na gestão de Fernando Haddad (PT) para a inscrição de professores em cursos de licenciatura, para Plataforma Capes.” [Folha]

>>> faltou o Doria combinar com os russos: “Uma chapa Bruno Covas-Joice Hasselmann para a Prefeitura de SP, defendida pelo governador João Doria, não tem respaldo no PSDB, segundo o presidente do diretório paulistano da legenda, Fernando Alfredo. “Joice não acrescenta nada, ela é apenas uma modinha. Aqui ela não vai ser a rainha da cocada preta”, diz Alfredo, que defende chapa puro-sangue, com um vice tucano para Covas.” [Folha]

>>> Em que mundo a Erundina é vice do Boulos e não o contrário?! “O PSOL estuda a criação de uma chapa com a deputada Luiza Erundina como vice de Guilherme Boulos para concorrer à Prefeitura de São Paulo em 2020. Na avaliação de algumas lideranças do partido, esta seria uma maneira de contornar a resistência de Boulos de concorrer ao pleito.” [Folha]

>>> É tudo feito nas coxas, no improviso: “O Ministério da Economia negocia com o Congresso a criação de um crédito suplementar para pagar US$ 300 milhões (mais de R$ 1,2 bilhão) ao NDB (Novo Banco de Desenvolvimento, o banco dos Brics). O governo precisa destinar os recursos até 3 de janeiro, conforme acordado com os demais sócios. Se atrasar o repasse, além do impacto sobre a imagem do país, o governo brasileiro pode perder poder de voto nas decisões da instituição. Conforme mostrou a Folha, como o prazo para envio de projetos orçamentários pelo Executivo para este ano já venceu, o governo precisa negociar com o Legislativo uma espécie de manobra para a inclusão do pedido de crédito em alguma proposta que já está em tramitação.” [Folha]

>>> Porra, essa do Merval me deixou indignado, vai tomar no cu! “Aliás, por falar em números de partidos, é ridículo atribuir à escolha do 38 como sendo referência ao calibre de um revólver. O PSDB então, que é 45, tem um calibre mais perigoso há mais tempo, e o Partido Liberal, do Valdemar da Costa Neto, número 22, um bem menor..” [Folha] Vai ver os políticos desses dois partidos vivem fazendo arminha com a mão e tentam liberar o porte para o país inteiro enquanto denunciam o desarmamento promovido pelo comunista FHC.

>>> Toda sutileza dos procuradores: “O procurador-geral de Justiça de SP, Gianpaolo Smanio, orientou promotores a se manifestarem caso identifiquem excessos na aplicação da nova lei de abuso de autoridade. Segundo ele, representações indevidas podem ser consideradas denunciação caluniosa, gerar indenizações e, no caso de agentes públicos, caracterizar infração disciplinar. O abuso de autoridade não pode ser usado contra o juiz, promotor ou delegado que exerce a sua função. A lei será aplicada, mas não pode haver coação ao nosso trabalho”, diz Smanio. Ele propôs ao procurador-geral da República, Augusto Aras, que baixe norma fazendo esse alerta em nível nacional.” [Folha]

>>> Tem certos procuradores que deveriam ser demitidos por justa causa, sem massagem: “Nenhum de nós aqui tem navio negreiro. Nenhum de nós aqui, se você for ver sua família há 200 anos atrás (sic), tenho certeza que nenhum de nós trouxe um navio cheio de pessoas da África para ser escravizadas aqui. Esse problema da escravidão aqui no Brasil foi porque o índio não gosta de trabalhar, até hoje. O índio preferia morrer do que cavar mina, do que plantar para os portugueses . O índio preferia morrer. Foi por causa disso que eles foram buscar pessoas nas tribos na África , para vir substituir a mão de obra do índio. Isso tem que ficar claro, ora! .” [O Globo]

>>> Pra sentar no meio fio e chorar: “Veja estes números. Entre janeiro de 2015 (início da crise brasileira) e outubro de 2019, o Estado do Rio perdeu 595.496 empregos com carteira assinada, o equivalente à população de quatro bairros do tamanho de Copacabana. O número é superior aos 572.958 empregos com carteira assinada perdidos no estado de São Paulo no mesmo período. Isso apesar de a economia paulista ser três vezes maior que a fluminense. A conta é do economista Mauro Osório, nosso grande especialista em economia do Rio.” [O Globo]

 

 

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