Dias 487, 488 e 489 | La Paz aí vamos nós | 02, 03 e 04/05/20

Podcast de ONTEM

Podcast é sempre de terça às sextas, mas é possível que saia uma edição extraordinária hoje, fique ligado por aqui ou no twitter. E você ouve os epísódios lá no Central3: [Central3]

__/\/\/\/\/\/\__

0. O domingo presidencial

Caralho, se você não tá absolutamente desconcertado com as últimas 72 horas você está morto por dentro. E desde já perdoe pela confusão, nem fodendo dá pra colocar ordem em tanta insanidade.

6.750 mortos e…

“- Dando aquela força para nosso presidente Jairrrrrr Messias Bolsonaro. arrááá
– Iéé
– Iéé. iéé, issaaaa!”

calaboca

rampa

cenourinha

Que porra é essa, Brasil?! A rampa em que Vampeta rolou bêbado, éramos felizes e não sabíamos. Sabe quem impôs fortíssimas medidas restritivas? Israel! Sabe quem criticou a curva das mortes do Brasil? Trump! Essa tara com as bandeiras americana e isralense explicaria boa parte do fenômeno bolsonarista. E que paulada essa thread:

Do Gabeira:

“‘Entre mortos e doentes/ No meio dessas bananas/ Os meus ódios e os meus medos? E daí?” Essa poderia ser uma versão sinistra de Bolsonaro para a bela cancão de Milton Nascimento “E daí?”. Sua reação diante dos mortos pelo coronavírus não me surpreende. Creio que posso entendê-la, pois, de certa forma, venho falando dela desde o princípio do governo. Eu a chamei nos meus artigos de namoro com a morte.” [O Globo]

O hit dos dementes foi a singelo verso “STF, presta atenção, a sua toga vai virar pano de chão

Vamos ao que Bolsonaro falou na rampa do palácio nesse domingo surreal:

“Movimento espontâneo do povo de Brasilia, em defesa de democracia, da liberdade, um governo sem interfrência, que possa trabalhar para o futuro do Brasil, tenho certeza que esse obejtivo será artingido, afinal queremos todos o bem da nossa pátria”.”

Espontâneo, tá ok? Barracas iguais, organização militar e por aí vai…

“Manifestação espontânea do povo de Brasília, pela governabilidade, pela liberdade, pela democracia, isso não aconteceu em governo nenhum, mutos querem voltar ao trabalho, O Brasil como um todo reclama da volta ao trabalho… um país de forma altiva vai enfrentar esse problema”

E não, o povo não estava lá:

Sim, em governo nenhum os dementes eram tão estridentes, isso ninguém nega.

Nesse momento acontece uma cofusão entre os apoiadores e alguém explica ao presidente:

Protesto contra repórter da Globo‘”

Bolsonaro olha e fala calmamente:

“Pessoal da Globo vem pegar um cara ou outro pra falar besteira, essa TV foi longe demais, TV Globo foi longe demais… manifestação popular, com pessoas de bem, chefes de família, o que nós queremos é o melhor para o nosso país, queremos a indendência verdadeira entre os 3 poderes, não vamos admitir mais interferências, acabou a paciência, vamos levar esse Brasil pra frente”

Oi, “acabou a paciência”?!

theo

Já as instituições estão pacientemente escrevendo notas de repúdio

ernesto_3

Hoje, segunda, Bolsonaro culpou infiltrados, sabe como é, a culpa é dele e ele a coloca sempre nos petistas:

“Vocês viram que o Fantástico deu um espaço enorme para me criticar. Teria havido uma agressão lá. Teria havido, não sei. Nós condenamos qualquer agressão. Eu não vi nada, eu estava dentro do Palácio, estava na rampa, não vi. Recriminamos qualquer agressão que porventura tenha havido. Se houve agressão, alguém que está infiltrado, algum maluco, deve ser punido. Não existe agressão da nossa parte. Agora, vaia, apupo, isso é natural da democracia” [Folha]

Isso foi dito na portaria do Palácio e mais pra frente eu retomo. Mas voltemos – tá uma confusão do caralho, né? – ao discurso de domingo na rampa:

“Nós temos o povo ao nosso lado, nós temos as forças armadas ao lado do povo, pela lei, pela ordem, pela democracia e liberdade, e mais importante, temos Deus conosco”

Se o povo está do lado do Bolsonaro e “as forças armadas estão ao lado do povo” isso explica porque dia desses bolsonaro falou em “MINHAS forças armadas“.

A parte mais espantosa foi feita fora da transmissão presidencial:

“Peço a Deus que não tenhamos problemas essa semana. Chegamos no limite, não tem mais conversa, daqui pra frente, não só exigiremos, faremos cumprir a Constituição, ela será cumprida a qualquer preço, e ela tem dupla mão,n nao é duma mao prum lado só não”

Caralho, viado, “Chegamos ao limite, não tem mais conversa“. Que tipo de limite?! O que significa não ter mais conversa? Agora é na base da porrada?!

Olha a quebrada de cabeça do Paulo Cintura na hora do “faremos cumprir a constituição

Que bad trip escrota do caralho.

“Apoiadores do presidente Jair Bolsonaro agrediram com chutes, murros e empurrões a equipe de profissionais do Estadão que acompanha uma manifestação pró-governo realizada neste domingo, 3, em Brasília. O fotógrafo Dida Sampaio registrava imagens do presidente em frente a rampa do Palácio do Planalto, na Esplanada dos Ministérios, numa área restrita para a imprensa quando foi agredido. Sampaio usava uma pequena escada para fazer o registro das imagens quando foi empurrado duas vezes por manifestantes, que desferiram chutes e murros nele. O motorista do jornal, Marcos Pereira, que apoiava a equipe de reportagem também foi agredido fisicamente com uma rasteira. Os manifestantes gritavam palavra de ordem como “fora Estadão”. Os dois profissionais precisaram deixar o local rapidamente para uma área segura e procuraram o apoio da polícia militar. Eles deixaram o local escoltados pela PM. Os profissionais passam bem. O repórter da Folha de S.Paulo Fabio Pupo também foi empurrado ao tentar defender o fotógrafo do Estado. Os repórteres do Estado Júlia Lindner e André Borges, que também acompanham a manifestação para o Estadão, foram insultados, mas sem agressões.” [Estadão]

UMA pow ESCOLHA poft MUITO bang DIFÍCIL, né, editorialista do Estadão?

E olha com quem Bolsonaro se reuniu na véspera, era seu único compromisso:

“Na véspera de comparecer às manifestações deste domingo em Brasília, que tiveram pautas antidemocráticas como ataques ao Congresso e ao STF, o presidente Jair Bolsonaro recebeu, no Palácio da Alvorada, os três ministros militares com cadeira no Palácio do Planalto, além do ministro da Defesa e dos comandantes da Aeronáutica, do Exército e da Marinha. Segundo uma nota divulgada pelo Ministério da Defesa, o encontro existiu para avaliar o emprego das Forças Armadas na operação de combate ao coronavírus, “além de avaliação de aspectos da conjuntura”. A reunião durou uma hora e meia e teve a presença dos ministros Braga Netto (Casa Civil); Luiz Eduardo Ramos (Secretaria de Governo); Augusto Heleno (Gabinete de Segurança Institucional); e Fernando Azevedo, da Defesa. Estiveram presentes ainda os comandantes do Exército, Edson Pujol; da Aeronáutica, Antonio Carlos Bermudez; e da Marinha, Ilques Barbosa Júnior.” [O Globo]

Não à toa os generais estão como?

Que diabos os generais fazem nesse governo? Servem cafeziho? Lustram com a língua as botas presidenciais?! Capinam o entorno do Palácio do Planalto?! Se esse discurso fosse do Lula o Villas-Bôas teria escrito uma bíblia de ameaças no twitter. Os milicos juram que a reunião versou sobre coronavírus mas…

“Duas decisões do STF incomodaram oficiais que estão no governo ou que integram as cúpulas das Forças: o impedimento da nomeação do delegado da Polícia Federal (PF) Alexandre Ramagem, amigo dos filhos do presidente, para a diretoria-geral do órgão, e a derrubada temporária da ordem de Bolsonaro para expulsar diplomatas e funcionários de unidades consulares da Venezuela no Brasil. A primeira decisão foi do ministro Alexandre de Moraes. A segunda, do ministro Luís Roberto Barroso. Generais se disseram “preocupados” com os atos do STF, o que foi suficiente para o presidente engrossar o discurso no ato antidemocrático do qual participou neste domingo, em frente ao Palácio do Planalto. Os manifestantes protestavam contra o STF e o Congresso Nacional.”

Você já mandou um general tomar no cu hoje?!

E essa nem foi a parte mais absurda, acredite:

“O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) estuda tomar duas medidas que vão escalar a crise política de seu governo, evidenciada pela sua participação neste domingo (3) em um ato contra o Congresso e o Supremo Tribunal Federal. A primeira é fazer uma nova nomeação do delegado Alexandre Ramagem para o cargo de diretor-geral da Polícia Federal. A segunda, remover do Comando do Exército o general Edson Leal Pujol.” [Folha]

Mas antes do Pujol vamos ao absurdo anterior:

“Segundo um auxiliar direto do presidente, ele avalia o que ministros palacianos classificaram de “chutar o pau da barraca”. Ou seja, tentar emplacar novamente Ramagem.”

Só dele aventar uma porra dessa já mostra o quão fodido estamos. Mas no fim das contas Bolsonaro indicou um amigo do Ramagen na segunda:

“O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) nomeou Rolando Alexandre de Souza para o cargo de diretor-geral da Polícia Federal. A escolha foi publicada em edição extra do Diário Oficial da União desta segunda-feira (4). O novo diretor-geral do órgão foi indicado a Bolsonaro pelo próprio Ramagem. Rolando é atualmente secretário de Planejamento da Abin (Agência Brasileira de Inteligência), comandada por Ramagem. A escolha é vista internamente como uma medida temporária. O presidente ainda tem esperança de encontrar uma saída para nomear o amigo de sua família para o cargo máximo da PF. De acordo com auxiliares do presidente ouvidos pela Folha, Bolsonaro foi aconselhado a ter pressa para escolher um novo nome para o órgão após a decisão de Moraes.” [Folha]

Ah, e o novo diretor-geral tratou de promover o superintendente do Rio de Janeiro, sabe como é, uma forma discreta de colocar outro nome na chefia do estado dos Bolsonaros. Não demora muito e a delegacia da Barra da Tijuca tem novo comando, aguarde.

Voltemos à segunda “conflagração“, de longe a mais absurda. A essa altura, mais de 500 dias relatados, eu não deveria me surpreender com mais nada que vem da porra desse governo mas diariamente eu me pego boquiaberto admirando a inventividade desses escrotos.

“Aí entra a segunda conflagração em estudo pelo mandatário máximo. A retirada de Pujol do Exército tem sido comentada há algumas semanas, e ela foi discutida na reunião realizada no sábado entre o presidente e os três comandantes militares, além dos ministros fardados de sua gestão. O motivo é sua resistência a aderir à campanha bolsonarista para minimizar a importância da pandemia da Covid-19. Enquanto Bolsonaro fazia seu famoso pronunciamento da “gripezinha”, Pujol falava em combater na “maior missão de nossa geração”.”

Caralho, viado, O CAPITÃO QUER DERRUBAR O COMANDO DO EXÉRCITO! Imagine se fosse o Lula, em pouco mais de um ano de governo, tivesse derrubado o comando da ABIN, o comando da PF, o próprio ministro da Justiça e agora estivesse mirando o comandante do Exército indicado por ele mesmo! Seria dedo no cu e gritaria de norte a sul do país, uma nhisteria de dimnesões continentais, um grande AVC coletivo.

“A especulação é de que o presidente quer seu mais canino aliado entre os generais em cargos estratégicos do governo, Luiz Eduardo Ramos (Secretaria de Governo), na cadeira de Pujol. Procurado, Ramos negou veementemente a possibilidade. “Não sei de onde isso saiu. Não discutimos isso. Tem uns seis generais mais longevos do que eu na fila”, disse à Folha.”

Sim, ele não negou que o tapete do Pujol tá sendo puxado, puta que parii, é muita senilidade pra dar conta!

“O general só entra no quesito longevidade para poder assumir a Força no ano que vem, o que pode jogar a questão para a frente. Não que isso tenha sido um problema no passado: Eduardo Villas Bôas não era o mais longevo ao ser escolhido comandante do Exército por Dilma Rousseff (PT) em 2015. Não há como tal operação ser feita sem feridas. Pujol não é exatamente um chefe popular entre suas tropas, e o baixo oficialato é bem mais entusiasta do bolsonarismo do que os estratos superiores. Mas daí a colocar alguém visto como seu aliado no comando da ativa da principal Força, há uma distância. Tal movimento tenderá a ser malvisto na Marinha e na Força Aérea também. Forças menos próximas do “ethos” bolsonarista, com menos espaço no governo também, elas tenderiam a ler o movimento como um aviso sobre comportamentos futuros.”

Recorro ao Igor Gielow:

“O assunto foi discutido por Bolsonaro em sua reunião no sábado com os comandantes. Nem tanto por uma troca em si, de resto estranha com o comandante tendo pouco mais de um ano no posto, mas por quem seria o indicado por Bolsonaro: Luiz Eduardo Ramos. O general, que segue na ativa enquanto exerce a função no Palácio do Planalto, era talvez o mais bolsonarista dos integrantes do Alto Comando do Exército, a elite da elite militar. Amigo de Bolsonaro quando ambos eram cadetes, dividindo dormitórios, ele sempre foi o número 2 de Azevedo, hoje ministro da Defesa e pivô da ala militar do governo. Mas sua vinculação sempre foi especial com Bolsonaro. Sua eventual ida para o comando criaria exatamente o oposto do que o general otimista relatou: a ideia de um Exército liderado por uma aliado ideológico do presidente… O preço de imagem ainda é insondável, mas apenas o fato de serem questionados acerca de seus desígnios evidencia o tamanho do gênio que permitiram sair da garrafa ao se alinhar a Bolsonaro. Os militares terão de responder sobre o discurso golpista do presidente.” [Folha]

Passemos agora para segunda-feira, na portário do palácio:

“Esta é a acusação mais grave contra a minha pessoa. Tem um print da matéria do Antagonista. Eu escrevi embaixo ‘mais um motivo para troca’. Estão me acusando por causa disso, dizendo que estou interferindo na Polícia Federal. Não é isso? Eu estou dizendo que é fofoca embaixo, tá ok? O complemento vem depois. Não vou falar com a imprensa. Apenas mostrar para vocês, tem aqui um print do Antagonista. Está escrito embaixo ‘mais um motivo para troca’. Realmente eu escrevi isso embaixo, tá ok? Embaixo desta matéria. E estou dizendo que isso é fofoca, tá legal?” [Repórter Popular]

Bolsonaro diz que não vai falar com a imprensa e se aproxima dos microfones para… falar com a imprensa. Ao fundo, seus apoiadores gritam “Globolixo” até que o presidente, alguns segundos depois, ordena que ele parem. (4’58”)

As forças armadas – generais e alto comando – juram apoiar a constituição. Bolsonaro tem apoio das patentes mais baixas. Em 64 o Jango tambem estava com os sargentos, A esquerda estava com a base dos militares e os generais contra o Jango. Hoje os sinais estao trocados: Bolsonaro está com a base do Exercito e os generais juram estar com a constituição. A Historia parece se repetir com sinais trocados.

Infelizmente o raciocínio aí de cima não é meu, mas de um aguçado analista político desconhecido – eu reescrevi pra ficar mais claro e conciso.

__/\/\/\/\/\/\__

2. O sábado presidencial

Que passeio free-style do caralho!

Cria aglomeração, tira a máscara, aperta a mão da pessoa, dá um tapa no ombro e mete a mão dentro da máscara para puxá-la pra cima. Ele tirou e colocou a mão dentro da máscara várias vezes, não foi nem uma nem duas vezes

Tira a máscara, pega na parte interna do capacete, aperta a mão e do cara e enfia mais uma vez a porra da mão dentro da máscara.

“Estão destruindo empregs no Brasil de forma irresponsável, até porque a curva não tem achatado. Vamos tomar cuidado, tudo bem, usar máscara…”

Que

Uma aglomeração do caralho, o desespero dos seguranças e a pasta à prova de balas

“Depois, Bolsonaro ainda foi para um shopping nos arreadores de Alexânia (também em Goiás), onde voltou a provocou aglomerações. As viagens foram feitas de helicóptero.” [O Globo]

Antes da saída Bolsonaro falou na portaria do palácio:

“Fiquem tranquilos, Ninguém vai fazer nada ao arrepio da Constituição, fiquem tranquilos. Ninguém vai querer dar um golpe em cima de mim, não, podem ficar tranquilos”

Quem o Bolsonaro tá acusando de ser o mandante no tweet aí embaixo? O Moro? Algum ministro do STF?!

Do Jâno de Freitas:

“Bolsonaro piora. “Eu realmente sou a Constituição.” “Quem manda sou eu.” “Não é assim [decisão adversa do Supremo] que se trata o presidente.” “O chefe supremo sou eu.” A prepotência extravasa. O pouco que havia de insegurança e perplexidade com sua transição, de desprezível figurante na Câmara ao quase repentino pouso na Presidência da República, cede a uma noção de poder exacerbada pelo desarranjo mental. Bolsonaro agiganta-se aos seus próprios olhos. Psicanalistas, psicólogos e psiquiatras sabiam dessa progressão. As produções do desatino passaram de ocasionais a frequentes, daí a diárias, já são várias no mesmo dia. Bolsonaro está no ponto avançado em que confessou a criação de “uma quase crise institucional”. “Estivemos muito perto”, com sua pensada e contida reação ao veto, pelo Supremo, da entrega da Polícia Federal a um amigo dos seus filhos investigados. “Não engoli.” “Não engulo.”” [Folha]

O Ascânio Seleme explicou porque Bolsonaro fala tanta merda de manhã:

“Duas razões parecem estar por trás dessa volúpia matinal do presidente. A primeira e mais evidente é que no “sossego do lar”, Bolsonaro passa horas sem ouvir seus assessores, seus generais, aqueles que tentam e muitas vezes conseguem colocar freios em seus ímpetos. No Alvorada, quando a noite cai, o presidente só tem os seus filhos, os três zeros que entopem sua cabeça com as ideias que ele vai desovar ao longo do dia e expelir de modo mais direto e sem rodeios na entrevista que dá na porta do palácio aos jovens repórteres atônitos, que produzem as principais manchetes de quase todos os dias.

A segunda razão tem natureza emocional. Bolsonaro sente-se encorajado pela claque que amanhece diariamente com ele na saída da residência oficial. Dá para ver como ele se regozija com os aplausos e palavras de apoio quando fala, quando ofende jornais ou manda jornalista calar a boca, quando desce o pau em governadores, deputados e senadores ou quando ataca ministros do Supremo Tribunal Federal. Percebe-se em alguns momentos que ele fala e olha para a claque rindo, buscando incentivo, que obviamente obtém. Essa turma o incensou mesmo quando defendeu o fim do isolamento e disse que a Covid-19 não passava de uma gripezinha.”  [O Globo]

Continuo com o Ascâno:

“Quem conhece bem Brasília e sabe como funciona o Congresso garante que se Rodrigo Maia aceitar um pedido impeachment, abrir o processo e instalar a comissão especial, a sorte de Bolsonaro estará selada. A enxurrada que segue um movimento como este é inexorável, garantem os entendidos.”

Essa declaração espantosa de quinta-feira me fugiu e acabou não entrando no último post:

“Não serei um presidente pato manco. Não vou admitir ser um presidente pato manco, refém de decisões monocráticas de quem quer que seja. Não é um recado. É uma constatação ao senhor Alexandre de Moraes. Tudo tem limite. Essa decisão do senhor Alexandre de Moraes, não engoli ela no dia de ontem. É uma afronta à pessoa do presidente da República.Se não pode estar na Polícia Federal, também não pode estar na Abin. Senhor Alexandre de Moraes, aguardo de vossa excelência uma canetada para tirar o Ramagem da Abin. Para ser coerente” [Correio Braziliense]

Caralho, quando um presidente tem que dizer por aí que não é Pato Manco…

__/\/\/\/\/\/\__

3. Moro

Antes do depoimento em si, a melhor das ironias:

“Sergio Moro está diante de um dilema jurídico. Se realmente apresentar provas duras contra o presidente Jair Bolsonaro, como tem prometido desde que deixou o governo, o ex-ministro da Justiça corre o risco de autoincriminação em inquérito aberto pelo STF (Supremo Tribunal Federal).” [Folha]

E o Antagonista não vazou o depoimento do Moro em tempo real, até a manhã de domingo nada vazou em jornal algum, que coisa. Mas por essa nota do Lauro Jardim dá pra ver o quão fodido tá o Bolsonaro:

“Sérgio Moro não era o único: todos os ministros guardam dezenas — às vezes, centenas, depende o prestígio — de mensagens de WhatsApp de Jair Bolsonaro. As preservam para mostrar prestígio, como documento histórico ou… para serem usadas em casos extremos. Nessas mensagens, de texto e áudio, Bolsonaro fala sem freios.” [O Globo]

O que vazou foi o óbvio: Moro entregou novas provas além da mensagem apresentada no JN, nada além disso. Imagina que louco se na Lava-jato fosse assim…

“O ex-ministro colocou à disposição seu celular, com acesso a diversas mensagens de aplicativo de interesse dos responsáveis pelo inquérito.” [O Globo]

Alguns detalhes começara a vazar só na segunda:

“Ao prestar depoimento, Moro entregou seu celular para a PF extrair cópias das conversas relevantes para a investigação. O ex-ministro, entretanto, não guardava diálogos antigos, por ter receio de ser alvo de novos ataques hacker. Por isso, as conversas entregues por Moro se referiam apenas aos últimos 15 dias, quando ele já acumulava atritos com Bolsonaro e sofria pressão para demitir Valeixo. “ [O Globo]

Ah vá, como se o Moro, investigado por prevaricação, tivesse alguma opção. E quem tem cu tem medo! Mas tenha sua fé, as mensagens apgadas podem aínda estar lá:

“Após terem realizado o chamado “espelhamento” do telefone celular do ex-ministro, os peritos da PF vão tentar recuperar conversas mais antigas que foram apagadas. O trabalho deve ajudar nas investigações do caso.”

Segundo a Bela Megale Moro surpreendeu os presentes com seu nervosismo por conta dos ataques sofridos:

“O impacto desses ataques foi sentido por procuradores e delegados que ouviram Moro neste último sábado (6), em Curitiba. Os investigadores sentiram bastante nervosismo por parte do ex-ministro, que chegou a esquecer algumas informações sobre os fatos que relatava. A pessoas próximas, Moro mostrou “cansaço”e “abatimento” com os ataques. O ministro tem repetido que sua intenção não era abrir uma investigação contra o presidente, mas justificar sua saída do governo em meio a uma pandemia da gravidade do coronavírus.” [O Globo]

Isos não faria sentido com nenhum dos ex-ministros da Justiça, mas vindo do Moro periga ser verdade, de tão burro ele não imaginava que sua desepdida se tornaria uma investigação contra o presidente. E muito menos contra si próprio, vai ver ele jurava que ia ganhar apenas aplausos.

flavio

“Apesar de ter citado a preocupação de Bolsonaro com os inquéritos do STF, Moro não deu novos detalhes específicos sobre esse episódio. Sobre os episódios de interferência de Bolsonaro na PF, como a demissão de Valeixo e a tentativa de troca do superintendente da Polícia Federal no Rio, Moro afirmou que a PF deveria perguntar ao presidente quais as razões por trás dessas ações dele.”

A coleção de crimes pelos quais Bolsonaro e Moro são investigados:

“Aras informou ao Supremo que há suspeita de cometimento de sete crimes: falsidade ideológica, coação no curso do processo, advocacia administrativa, prevaricação, obstrução de justiça, corrupção passiva privilegiada e denunciação caluniosa. Segundo interlocutores da PGR, os três últimos crimes podem ter sido cometidos, em tese, por Moro. Já o chefe do Executivo pode ser enquadrado nos outros cinco delitos e também no de prevaricação.”

E todos os ministros se tornaram testemunhas, grande dia!

“Como exemplo das pressões que disse ter sofrido, Moro relatou no depoimento reuniões com Bolsonaro que contaram com a presença de outros ministros.” [Folha]

Ora, prevaricação não implica ilegalidade ou eu perdi alguma coisa?

“Ministros militares e também integrantes das Forças Armadas se incomodaram com a rapidez do STF em determinar o depoimento do ex-ministro. Em ligações telefônicas, na manhã deste sábado, a cúpula militar demonstrou irritação com a decisão de Celso de Mello de logo convocar Moro para depor. Nas conversas, lembraram exemplos de processos de políticos conhecidos que tramitam há anos no Supremo à espera de julgamento.”

Quando Lula foi conduzido coercitivamente era a justiça brasileira em seu esplendor, agora que é o cu verde-oliva na reta…

Gilmar Mendes deu no Moro:

“Ele [Moro] estava muito próximo desse movimento político, tanto é que na eleição, no segundo turno, ele faz aquele vazamento das confissões, das delações do Palocci. A quem interessava isso? Interessava ao adversário do PT. Depois ele aceita esse convite, que foi muito criticado, para ser ministro do governo Bolsonaro, cujo adversário ele tinha prendido. É toda uma situação muito delicada, se discute muito a correição ética desse gesto.”

E teve gritaria entre defensores do Moo e fãs do Mito, que dia!

ilovemito

Bolsonaro tá mais perdido que o bolsonarista que glibou globolixo e aagrediu o câmera da Record. Um petista inflitrado, sabe como é…

E pelo desespero do 03 a família tá com o cu na mão:

“Fica bem claro que o Moro que combateu a criminalidade, o Moro que combateu a corrupção na Lava Jato merece os nossos aplausos. O Moro político deixou a desejar” [Correio Braziliense]

Mas não era uma indicação técnica?!

“Hoje, ele (Moro) continua indo a rádios e televisões tentando desgastar o presidente Jair Bolsonaro. E a gente se pergunta por qual motivo ele faz isso? Ninguém faz isso de graça. Certamente ele tem uma motivação política”

Um sujeito cuja família inteira vive de política há décadas apontando motivação política alheia, hilário.

“Hoje em dia, tudo o que o presidente faz é interferência. Agora falam que o PR interferiu no Comando Logístico do Exército (Colog). O Colog é um órgão do Exército, o chefe supremo das Forças Armadas é o Presidente da República,então ele não interferiu apenas exerceu o seu trabalho.”

tenor (1)

Narrador em off: “sim, ele interferiu, interferiu pra caralho

__/\/\/\/\/\/\__

4. Covid-17

6.750 mortos, e contando. 70% disso aí é o mórbido ágio presidencial.

“Davi Alcolumbre foi informado no fim de semana que estimativas feitas pela cúpula da área de saúde dos maiores estados e por redes de hospitais privados prevêem que nos últimos dez dias de maio o número de mortos por coronavírus no Brasil já terá alcançado 21 mil pessoas.” [O Globo]

E que proeza macabra, senhoras e senhores:

tenor (2)

Testamos tão pouco que os dados não são levados a sério, apenas isso.

A desigualdade das taxas de letalidade explica a postura presidencial, que nunca se importou com os pobres.

“— Se separarmos os bairros de São Paulo em três grupos, de acordo com a renda, observaremos que a mortalidade é bem menor nos distritos mais ricos, enquanto persiste nos de renda intermediária e baixa — afirma Paulo Lotufo, epidemiologista da USP. Os índices de evolução da doença na maior cidade da América Latina ilustram o desafio que o país tem pela frente. O distrito que registra recorde de vítimas fatais pelo coronavírus em São Paulo éBrasilândia, o sétimo mais populoso da cidade, o quinto com a pior taxa de emprego formal e o segundo com a maior proporção de domicílios em favelas. Até dia 24 de abril, foram 81 mortes. Em uma única semana de abril, os casos fatais cresceram 50%.

Na última quarta-feira, a reportagem conversou com moradores e líderes comunitários da região. Assim como em outras áreas da capital, as ruas estavam movimentadas. Principal arma usada hoje na luta contra a doença, o isolamento social é realidade distante. — Vamos pagar o preço da nossa desigualdade. E quem vai pagar a maior parte dessa conta serão os mais pobres, que não têm condições de ficar em casa, não têm saneamento, não têm nem sequer como lavar as mãos porque a água não chega — afirma o médico sanitarista Ivan França Jr, da USP. Um dado do boletim epidemiológico da prefeitura de São Paulo ilustra o impacto da desigualdade. Até 17 de abril, a cidade registrava 14 mortes de pessoas com menos de 20 anos — todas em bairros pobres da cidade. Os números mostram que a pandemia mata mais pretos e pardos. As chances de morte entre pretos é 62% maior que a dos brancos. Comparando os pardos com os brancos, a chance de morte é 23% maior. O risco é inversamente proporcional à renda. Segundo o IBGE, o rendimento médio mensal das pessoas ocupadas brancas (R$ 2.796) é 73,9% superior ao de pessoas pretas ou pardas.

Na capital paulista, entre as pessoas na faixa de 40 a 44 anos, o risco de morrer por coronavírus nos bairros mais pobres é dez vezes maior do que nas regiões mais ricas. A taxa de mortalidade entre pessoas abaixo de 60 anos segue a mesma lógica. Bairros como Campo Limpo, Parelheiros, Itaim Paulista e São Miguel Paulista, todos entre os com menor Índice de Desenvolvimento Humano na cidade, apresentam a maior taxa de mortalidade nessa faixa etária. No outro extremo, Pinheiros, Vila Mariana e Santo Amaro apresentam os menores índices. No Rio, números e relatos revelam um aprofundamento desse abismo. As taxas de letalidade chegam a 21% na Zona Oeste — onde ficam Santa Cruz, Sepetiba e Paciência —, e 13,7% na área da Maré, Penha, Ramos e Manguinhos. Mas na Barra da Tijuca e Zona Sul, onde a doença foi inicialmente registrada, têm taxas de 8,5% e 7,4%, respectivamente.” [O Globo]

Passo para o prefeito de Manaus, que vem sendo duma lucidez de dar inveja:

“Cada dia ele encontra um inimigo diferente. Ele só não brigou ainda com o coronavírus. Eu queria fazer esse apelo a ele. Poxa, o senhor já brigou com todos. Brigue agora ao nosso lado na luta contra o coronavírus, ficando o senhor em casa e recomendando que todos nós fiquemos em casa durante esse período que nos separa do pico.” [Não lincamos Antagonista]

Até aqui o Arthur Virgílio Neto tem sido irretocável em suas decdlarações, que quadra escrota da história.

“Dados da Prefeitura de Manaus coletados entre os dias 15 e 22 de abril mostram que ao menos 487 sepultamentos foram por causa desconhecida ou doença respiratória, mas não coronavírus. O número representa 59,2% do total de enterros (830) em apenas naquele período. Em todo o mês de abril de 2019, foram registrados 871 sepultamentos. Ou seja, as mortes contabilizadas em oito dias deste ano foram quase tão numerosas quanto um mês inteiro do ano passado.” [Folha]

Repare no absurdo:

“O ministro Nelson Teich (Saúde) informou que vai visitar Manaus neste domingo (3) para acompanhar o enfrentamento da pandemia. A capital do Amazonas registra 3.658 casos e 368 mortes causadas pelo novo coronavírus. O ministro, após ser cobrado pelos estados, fez na quarta-feira (29) a primeira reunião com conselhos de secretários estaduais e municipais de Saúde. Agora visita a cidade cujo sistema de saúde foi o primeiro a colapsar no país.” [Folha]

Demorou mais e DUAS SEMANAS pra esse demente ter a brilhante idéia de conversar com os secretários estaduais de saúde, porra! E Nelson espantou os governadores ao perguntar onde os estaddos estavam comprando respiradores, é o cúmul do constrangimento.

“A maioria dos estados brasileiros deve atingir neste mês a ocupação máxima dos leitos de UTI no Sistema Único de Saúde (SUS) por causa da epidemia do novo coronavírus. No sistema privado, um número menor chegará ao limite de suas Unidades de Tratamento Intensivo em maio. Até o fim de junho, porém, a maioria dos estados deverá ter os leitos particulares e públicos lotados. Durante o período de ocupação máxima, a falta de UTIs no sistema público pode atingir cerca de 20 estados e durar, em muitos casos, aproximadamente dois meses.” [Folha]

Dois meses, porra!

“Em ambos os sistemas, o tempo de internação em UTI de pacientes com a Covid-19 pode chegar a variar de 21 a 35 dias –o que torna a falta de leitos prolongada. Mantida a tendência atual de ascendência da curva, o Brasil poderá registrar mais de 40 mil infecções diárias após a primeira semana de junho e um déficit de leitos de UTI acima de 20 mil ao final do próximo mês. Em São Paulo, os casos ultrapassariam os 9.000 ao dia e o déficit de leitos de UTI chegaria a quase 5.000.”

Esse vídeo é uma baita aula e mostra como as medidas restritivas diminuíram o estrago:

Esse relato de uma médica de Manaus é desesperador:

“Os pacientes que têm covid sentem muita sede. Tem momento que eles querem muita água. E aí você vê o paciente pedindo água e… você não pode, você não consegue, você está entubando alguém, vendo um outro paciente mais grave. E você não tem ninguém para dar essa assistência para esse paciente”. A médica Uildéia Galvão trabalha 12 horas por dia, todos os dias. Às vezes, 20 horas por dia, para dar conta dos pacientes que chegam ao Pronto Socorro 28 de agosto, em Manaus. A capital do Amazonas é uma das mais afetadas no Brasil pela crise do coronavírus e tem sido palco das histórias mais tristes da pandemia no Brasil. Superlotação em hospitais, avalanche de corpos nos cemitérios, centenas de mortos que não conseguem chegar ao hospital e morrem em casa.

Galvão atende os 120 leitos da Sala Rosa do PS, para onde são encaminhados os doentes graves de covid-19. Médica há 25 anos, ela não consegue aceitar essa nova modalidade de ‘hora da morte’ trazida pelo coronavírus: “É difícil você ver pessoas morrerem sozinhas. Sozinhas, sozinhas, sozinhas. Sozinhas”. Sim, ela repete o “sozinhas” cinco vezes como quem não acredita nas próprias palavras que saem da sua boca. No 28 de agosto, não dá tempo de fazer uma teleconferência por celular na hora da despedida. No 28 de agosto, não dá tempo para nada. “Você vê pacientes quatro dias sem tomar banho, sem ter o asseio, porque você não tem o recurso humano ali para fazer isso”. O colapso do sistema de saúde de Manaus parece que estava para acontecer a qualquer momento, mas o coronavírus apressou as coisas. A doutora Galvão diz que é verdade que muitos profissionais de saúde pegaram o vírus e foram afastados, mas a bem da verdade, segundo ela, é que não havia recursos humanos suficientes há muito tempo.” [El País]

E tem asilo em Piracicaba com 8 mortos – a matéria fala em 7 mas já morreu o oitavo:

“A pandemia do novo coronavírus provocou sete mortes de idosos num intervalo de seis dias num asilo de Piracicaba, o que motivou uma investigação do Ministério Público Estadual sobre as medidas que estão sendo tomadas para conter a propagação do vírus no local. O Lar Betel, que existe há 67 anos, abriga 82 idosos e tem 75 funcionários. Além dos 7 óbitos de idosos, outros 28 estão com a Covid-19, dos quais 9 estão internados. Quatro deles estão em estado grave. Entre os funcionários, 13 foram diagnosticados com a doença. As mortes ocorreram entre os dias 23 e esta terça-feira (28), com a confirmação do óbito de um idoso de 87 anos. Piracicaba chegou nesta quarta (29) a 10 mortes por Covid-19, das quais 7 na instituição. Há 115 casos confirmados no município.” [Folha]

O “ministro Rubens” não fala nada com nada:

“Hoje mapeamos o Brasil inteiro, de forma detalhada, e já conseguimos antecipar locais onde possivelmente a doença vai crescer rápido e sobrecarregar o sistema. Vamos intervir precocemente, para evitar que danos maiores aconteçam.” [O Globo]

rolandolero

Ele não sabia nem onde comprar respíradores, porra!

Lembra que o “ministro Rubens” falou pra caralho de dados, né?

“Hoje mapeamos o Brasil inteiro, de forma detalhada, e já conseguimos antecipar locais onde possivelmente a doença vai crescer rápido e sobrecarregar o sistema. Vamos intervir precocemente, para evitar que danos maiores aconteçam. O aspecto mais problemático está na base de notificações do Ministério da Saúde, cujo acesso está restrito a secretarias municipais e estaduais de Saúde e à Fiocruz. Há informações de diferentes categorias que poderiam ajudar a ciência brasileira a fortalecer políticas públicas contra a disseminação do novo coronavírus. — O voo às cegas se deve à própria atitude do ministério de fechar essas bases. É uma decisão que, para mim, parece estritamente política. Por que não liberar os dados para todos? — avalia Renato Coutinho, professor de Matemática Aplicada da Universidade Federal do ABC e integrante do Observatório Covid-19 BR. Embora os dados públicos estejam sujeitos à Lei de Acesso à Informação, o prazo de 20 dias é completamente incompatível com o objetivo de acompanhar a evolução da pandemia, pontua Coutinho.” [O Globo]

E repare na ironia macabra:

“Desde a posse de Teich, o Ministério da Saúde deixou de divulgar as cidades em situação de emergência. Além disso, as tradicionais coletivas de imprensa diárias com a atualização dos números de casos e óbitos no país se tornaram ocasiões pontuais. Procurada pelo GLOBO, a pasta não se manifestou.”

Inacreditável.

“Vamos nos antecipar e contactar essas indústrias, para que tenhamos um pedaço disso quando surgir uma possível vacina. Caso contrário, podemos ficar a reboque de países mais ricos, por exemplo, que podem ter tido negociações anteriores e pagar mais caro. Vamos atuar para que o Brasil tenha acesso imediatamente ao que pode acontecer ”

Que gênio, ele vai “contactar essas indústrias” pois podem haver “negociações anteriores”, que vergonha do caralho.  Eis a realidade:

“O governo brasileiro ficou de fora de uma aliança mundial para dar uma resposta à pandemia e acelerar a produção de uma vacina. Nesta segunda-feira, convocados pela UE e pela ONU, governos de todo o mundo anunciaram doações de 7,4 bilhões de euros e o compromisso de agir de forma conjunta.A aliança contou com a liderança da França, Alemanha, Japão, Omã, Noruega, Canadá, Espanha, Reino Unido e Itália. Mas o processo também foi apoiada por China, Jordânia, México, Austrália, África do Sul, Arábia Saudita, Mônaco, Turquia, Suíça, Israel, Emirados Árabes Unidos, Kuwait, Coreia do Sul, Suécia, Dinamarca, Luxemburgo, Hungria, Polônia, República Tcheca, Sérvia, Bulgária, Bélgica, Malta, Áustria, Grécia, Irlanda, Portugal, Estônia, Croácia e Holanda, além do Banco Mundial, Fórum Econômico Mundial e outras instituições.” [UOL]

E o Brasil do ministro Rubens?

“Procurado nos últimos dias pela reportagem, o Itamaraty sequer deu uma resposta sobre o evento. O Ministério da Saúde também ficou em absoluto silêncio. Nas últimas semanas, o governo brasileiro tem criticado a OMS, se distanciando de iniciativas globais e causando sérias preocupações internacionais. Já o chanceler brasileiro, Ernesto Araújo, foi alvo de chacota nos bastidores das agências internacionais ao apontar para o risco de um “plano comunista” diante da pandemia. Além do Brasil, a ausência dos EUA também evidenciou a dificuldade de unir o planeta por uma ação coordenada. O plano tampouco contou com Rússia e Índia. O governo do México indicou que vai tentar coordenar a região latino-americana para apoiar a iniciativa. Mas não indicou quais países fariam parte.”

Que proeza, o Brasil não está liderando os esforços latino-americanos, puta que pariu, quem tá mandando são os caras que jogam a Concacaf, viado!

.__/\/\/\/\/\/\__

5. “Se gritar pega Centrão, não fica um, meu irmão

O diminuto e senil general em 2018, no lançamento do PSL:

“A notícia de que o presidente Jair Bolsonaro enquadrou ministros que resistiam em ceder cargos a partidos do centrão despertou uma lembrança em usuários das redes sociais. Se trata de uma cantoria do ministro Augusto Heleno, chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), durante convenção do PSL (Partido Social Liberal) antes das eleições de 2018. “Se gritar pega centrão, não fica um, meu irmão”, canta Heleno. A cena foi filmada e postada nas redes sociais. Em sua versão, o ministro canta “centrão” no lugar de “ladrão”, que consta na letra original composta por Ary do Cavaco e Bebeto Di São João. Antes de soltar a voz, Heleno diz que a música seria para começar e encerrar a inserção televisiva dos partidos do chamado centrão.” [Folha]

Nem lembrava disso, e o mais fascinante é que ele fez isso na porra do microfone dum evento público! Um general, porra!

“Líderes de partidos do chamado centrão afirmam que o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) enquadrou nos últimos dias ministros que resistiam em ceder cargos de suas pastas ao grupo, deixando claro que quem se opuser pode ser demitido do governo. Segundo relato desses parlamentares, a atitude de Bolsonaro se deu em dois atos: primeiro, forçou a demissão de Sergio Moro (Justiça), que no começo da gestão chegou a ser considerado “indemissível”, justamente em um contexto de que tem a palavra final sobre cargos-chave. Antes da exoneração, ele havia deixado claro em reunião com todos os ministros que a prerrogativa de fazer nomeações no governo era dele. Depois, reafirmou a quem ficou, em encontros coletivos e a sós, que ele irá distribuir postos de segundo e terceiro escalão ao centrão e que não aceitará recusas. A conduta do presidente foi confirmada por integrantes do governo à Folha.” [Folha]

Reunião ministerial virou festival de esporro do Bolsonaro nos ministros…

“A Folha ouviu relatos de líderes do centrão e de ministros de Bolsonaro, que falaram sob condição de anonimato. Segundo eles, o presidente já foi cobrado pela relativa demora nas nomeações e, como resposta, disse a ministros que eles têm que abrigar os indicados pelo centrão, sob pena de perder apoios. Integrantes do Planalto informaram que os trâmites para que os nomes sejam publicados no Diário Oficial são demorados e que os indicados devem ser formalizados a partir da próxima semana. Inicialmente, alguns auxiliares resistiram a entregar postos chaves de sua pasta. Segundo integrantes do centrão, os principais seriam Paulo Guedes (Economia), Tarcísio Freitas (Infraestrutura), Abraham Weintraub (Educação) e Rogério Marinho (Desenvolvimento Regional). Esse último, que comanda pasta com obras em vários locais que serviriam de alavanca para o plano do governo de reaquecimento da economia no pós-pandemia, deve ter que ceder a Secretaria de Mobilidade ao Republicanos, ex-PRB, ligado à Igreja Universal do Reino de Deus. Outras secretarias da pasta são cobiçadas pelas demais siglas do centrão. Na Educação, Weintraub terá de ceder a presidência do FNDE (Fundo Nacional para o Desenvolvimento da Educação) para o PP, além de diretorias do órgão para Republicanos e PL. Segundo relatos, quando foi avisado pelo presidente de que teria de abrigar os indicados, o ministro pediu a Bolsonaro para criar filtros que garantissem controle de gestão e mecanismos de governança nos órgãos.”

A maturidade do Abraham é comovente:

“Procurado, Weintraub não respondeu às perguntas feitas, se limitando a dizer que não fala com a família Frias, proprietária da Folha.”

Nem um ministro dum governo do PCO seria tão cretino.

“Já o PL, além da Secretaria de Vigilância em Saúde, do time do recém-empossado ministro Nelson Teich, deverá comandar o Banco do Nordeste. O partido de Valdemar Costa Neto também queria o Dnit (Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes), dentro do Ministério da Infraestrutura, área que controlou por anos, mas o governo vetou.”

E os militares se foderam:

“Conhecido por dar as cartas do poder, o Centrão avança agora em áreas do governo antes restritas aos militares. Em um esforço pessoal para montar sua frente anti-impeachment no Congresso, o presidente Jair Bolsonaro tenta abrigar os partidos do bloco em diretorias estratégicas de agências, bancos regionais, fundações e estatais que operam orçamentos bilionários. Dos nove ministros militares, um pode perder o cargo para o Centrão. Motivo: o PSD do ex-prefeito de São Paulo Gilberto Kassab pretende voltar a controlar o Ministério da Ciência, Tecnologia e Comunicações. Kassab também está de olho nos Correios, presidido pelo general Floriano Peixoto. Os grupos do Centrão e dos militares são vistos como esteios de Bolsonaro, mas o crescimento de um no governo pode se dar em detrimento do outro. A Secretaria Especial do Esporte é um exemplo recente desse cabo de guerra. Numa só tacada, o ministro da Cidadania, Onyx Lorenzoni(DEM-RS), dispensou em março três coronéis do Exército. ” [Estadão]

Pra cima deles, Onyx!

“Chega a 80 o número de superintendentes em postos de terceiro escalão com poder de mando, nomeados por causa da aliança política. Dez partidos emplacaram apadrinhados: PSD (4), MDB (3), PL (3), PSL (3), Progressistas (2), PSC (2), SD (2), DEM (1), PTB (1) e Cidadania (1). Na outra ponta, a caserna continuou contemplada, mas em escala menor. Neste ano, a proporção de superintendentes nomeados foi de dez com elos partidários para cinco militares. O general Antônio Filho é mais um que pode perder o Dnit para o Centrão.”

costinha

__/\/\/\/\/\/\__

6. Ramagen

De quebra…

“Um grupo de manifestantes favoráveis ao presidente Jair Bolsonaro protestou, na tarde deste sábado, diante do prédio onde mora o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), em São Paulo. O grupo pedia sua saída do Supremo. O grupo do protesto, segundo diversos vídeos postados em redes sociais, usava bandeiras do Brasil e também fez ataques ao governador de São Paulo, João Dória (PSDB-SP), que critica a postura de Bolsonaro no combate à pandemia do novo coronavírus. De acordo com as imagens, cerca de 20 pessoas estavam no local. Um dos vídeos registra o momento em que o grupo profere palavrões. Diante da confusão, a polícia foi chamada e três manifestantes foram levados á 14ª Delegacia de Polícia, em Pinheiros. Ao menos dois deputados da base bolsonarista da Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp) foram à delegacia para dar assistências aos manifestantes que foram detidos.” [O Globo]

E repare na proeza presidencial:

“A liminar do ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal), impedindo Jair Bolsonaro de indicar Alexandre Ramagem para a direção-geral da Polícia Federal gerou desconforto em alguns ministros. Os ataques do presidente a ele, no entanto, teve o condão de unir a corte.” [Folha]

E aí é preciso tergiversar para sublinhar a demência que é o inflável do ‘DitaDoria” – esse inflável tava na Paulista no primeiro de maio, esse é o naipe da demência dos manifestantes em questão:

Pare aí uns segundo e reflita: bigadinho do Hitler, faixa Ditadoria na cabeça, foice e martelo no peito, a bandeira da China, a cara do Zi Jinping e a bandeira do arco-íris. Fora o que eu não consigo ver, certamente tem mais coisa no braço esquerdo dele. Vai ver esses dementes pediram sugestões para a criação do boneco e atenderam TODAS elas, inacreditável. Que obra-prima!

“A decisão de Bolsonaro de tornar sem efeito o decreto de nomeação do diretor-geral da PF pode ter salvado o procurador-geral, Augusto Aras, de uma saia-justa. Em seu despacho, Moraes pediu parecer do PGR, que teria que escolher entre o Supremo ou o presidente. O procurador tem sido criticado por ser omisso em relação a atitudes do chefe do Executivo. Bolsonaro tem dito que vai recorrer da decisão, mas a avaliação do mundo jurídico é de que com a revogação do decreto de nomeação do delegado, a ação perdeu o objeto. Na PF, é dado como certo que Ramagem não será renomeado.” [Folha]

E já que o assunto é a decisão do Cabeça de Pica:

“Escolhido por Jair Bolsonaro para comandar a Polícia Federal, mas com sua nomeação suspensa pelo Supremo Tribunal Federal (STF), o delegado Alexandre Ramagem continua a ser peça-chave na definição de quem, afinal, vai comandar a PF. Segundo integrantes do governo, a palavra dele será decisiva na escolha do novo diretor-geral. Integrantes da PF sentem desconforto com o cenário e temem que a instituição sofra uma descontinuidade de hierarquia. A ideia de Bolsonaro é que o novo diretor só passe alguns meses no comando do órgão, até que ele consiga encontrar uma forma de emplacar Ramagem de vez no posto, apesar de não haver definição sobre como isso seria feito. Outro problema é que os demais cotados para o cargo não têm mostrado disposição em assumir apenas um mandato tampão.” [O Globo]

A Folha fez uma matéria da união de políticos do Centrão pra controlar a PF e esse trecho é espantoso:

“Apesar de a nomeação de Ramagem ter sido barrada, políticos de vários partidos não abandonaram a tentativa de pressionar pela escolha de dirigentes da PF mais alinhados aos políticos. No Norte, por exemplo, políticos tentaram ao longo do último semestre de 2019 diversas estratégias e caminhos para paralisar investigações que têm garimpeiros e grandes madeireiras na mira. Um procedimento interno chegou a ser aberto para apuração da conduta de delegados, por supostos abusos, nunca comprovados. “Você vai pagar. Eu vou para cima de você. Tenho medo de você, não. Você disse aos madeireiros que ia me pegar. Você pega ladrão e vagabundo. Vamos para cima. Vamos lutar”, disse o senador Telmário Mota (RR), líder do Pros, em vídeo gravado mandando recado para o superintendente da PF do Amazonas, Alexandre Saraiva, em outubro do ano passado.

Ao mesmo tempo, nunca antes no país o Judiciário também esteve tão exposto a ações da polícia. As delações do ex-governador do Rio de Janeiro Sérgio Cabral (MDB) e do ex-ministro Antônio Palocci colocam magistrados sob os olhares de delegados. O emedebista traz em sua colaboração ministros do STJ, ministros do TCU, desembargadores e advogados renomados do país. Apesar de o ministro Edson Fachin, do STF, ter homologado a delação, os inquéritos ainda não foram distribuídos e, portanto, ainda não estão em andamento. Cabral fez ministros do Supremo e do STJ se unirem para, de novo, colocar em discussão o poder da PF para realizar colaboração premiada. O tema já havia sido apreciado anteriormente, com decisão favorável à PF. Há ainda outra operação que toma as atenções do mundo jurídico. Deflagrada no final de 2019, a operação Faroeste tenta desarticular um possível esquema criminoso voltado à venda de decisões judiciais, por juízes e desembargadores. A investigação começou na Bahia, com prisões e buscas de diversos alvos.” [Folha]

__/\/\/\/\/\/\__

7. Investigação facada

Que pastelão do caralho:

“O vídeo compartilhado nas redes sociais pelo presidente da República, Jair Bolsonaro (sem partido), neste sábado (2), com um homem que apresenta teorias sobre o atentado sofrido pelo então candidato na campanha eleitoral, veio a público em 2019 e já teve o conteúdo analisado pela Polícia Federal. A gravação postada pelo presidente é narrada por um homem que se identificou como “apenas um técnico de informática”, um “mero cidadão” que quer Justiça. Seu nome não foi informado. Ele exibe imagens gravadas momentos antes do atentado, durante um ato de campanha em Juiz de Fora (MG), em setembro de 2018, enquanto faz comentários sugerindo que Adélio teria atuado em conjunto com outras pessoas. O vídeo reproduzido contém a voz de um homem que estava no local do crime e que deu depoimento à PF. A testemunha não forneceu elementos que sustentassem a informação da participação de terceiros e negou ter ligação com o autor. Para a PF, a expressão “calma, Adélio” que o narrador diz ser possível escutar, na verdade, era “calma, velho” e foi possivelmente dirigida a outra pessoa no local. Os investigadores consideram frágil a tese de que seriam alertas para o esfaqueador.” [Folha]

Ainda estamos discutindo essa porra!

“Em sua cruzada para que seja encontrado um mandante para a facada que recebeu de Adélio Bispo em 2018, Jair Bolsonaro terá que contornar o Ministério Público Federal caso queira seguir nessa trilha. Responsável pela investigação, o procurador Marcelo Medina, do MPF em Juiz de Fora (MG), afirma que não existe qualquer indício de que alguém tenha encomendado o crime. Mais do que isso, diz que nem o presidente tem mais ideias sobre para onde a apuração deve ir. “Tanto não há falta de empenho que não há diligências pendentes indicadas pela banca de advocacia do presidente”, diz Medina. Ao longo da investigação, diligências foram sugeridas pelos advogados e, então, executadas. Mas hoje não há pistas para chegar nesse mandante procurado por Bolsonaro. A insinuação do presidente de que teria faltado empenho da PF não é corroborada por Medina. “Tivemos acesso a todas as contas de e-mail, a todas as mensagens do Facebook e das demais redes sociais, a todas as mensagens e ligações, ao histórico de ligações de todos os chips que foram usados por ele nos últimos anos, buscando estabelecer correlação com possíveis interessados no homicídio do presidente”, afirma. A devassa não mostrou qualquer traço de informação sobre outro possível envolvido no crime.” [Folha]

E nunca se esqueça disso aqui:

“Como adiantou o Painel, existe consenso na Polícia Federal de que a investigação foi intensa, com o maior número de diligências feitas nos últimos tempos, e nada nesse sentido foi encontrado.”

Dia desses eu falei aqui que advogados adoram um holofote e isso explicaria os advogados do Adélio:

“A única linha de investigação que não foi concluída não foi por falta de empenho foi a do suposto e eventual contratante dos serviços advocatícios prestados ao Adélio. Digo suposto porque é muito plausível que não exista um contratante. Que os advogados tenham assumido a causa pela visibilidade que teriam e que tiveram. Isso é um instrumento poderoso de captura de clientela. Não digo que fizeram por isso, mas é tão plausível que tenham feito isso quanto que exista um contratante”, diz Medina.”

__/\/\/\/\/\/\__

8. STF

Enquanto o Cabeça de Pica é apedrejado…

“Se Alexandre de Moraes não passa na goela presidencial, Dias Toffoli caiu nas graças de Jair Bolsonaro. Ele costuma classificar o presidente do STF, a quem considerava um esquerdista, como uma grata surpresa.” [O Globo]

Para surpresa de ninguém.

“As últimas ações dos ministros Alexandre de Moraes e Celso de Mello, do STF, mostraram uma atuação coordenada, na avaliação de colegas da corte. O decano deu cinco dias para a Polícia Federal ouvir Sergio Moro logo depois de Jair Bolsonaro atacar Moraes pela decisão de sustar a nomeação de Alexandre Ramagem.” [Folha]

Folgo em saber.

“O ministro Luís Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal (STF), suspendeu neste sábado a ordem do Ministério das Relações Exteriores para que 34 diplomatas venezuelanos deixassem o Brasil até este sábado. Nesta semana, o governo do presidente Jair Bolsonaro deu um ultimato aos funcionários do governo de Nicolás Maduro. O Itamaraty enviou documento à embaixada e aos consulados da Venezuela recordando a determinação, feita há dois meses, para que todos os representantes do governo de Nicolás Maduro deixassem o país em 60 dias, que venceriam hoje. A Venezuela se negou a cumprir a ordem. Barroso atendeu a pedido do deputado Paulo Pimenta (PT-RS) e concedeu liminar suspendendo a ordem do governo por dez dias. O ministro considerou os argumentos de que a decisão do governo pode violar normas constitucionais brasileiras, tratados internacionais de direitos humanos e as convenções de Viena sobre relações diplomáticas e consulares. O magistrado também apontou que a saída dos funcionários venezuelanos do Brasil, em meio à pandemia do novo coronavírus, viola “razões humanitárias mínimas” e que a permanência dos diplomatas em território nacional não representa qualquer “perigo iminente”. Barroso determinou que no período de dez dias o presidente Jair Bolsonaro e o Ministério das Relações Exteriores apresentem esclarecimentos sobre a expulsão ao Supremo.” [O Globo]

Chupa, Ernesto, chupa,m Filipe Martins, chupa, Olavão!!

“O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) se manifestou nas redes sociais, na noite deste sábado, sobre a decisão de Barroso. Segundo o presidente, Barroso atendeu pedido do deputado Paulo Pimenta (PT-RS) que, nas palavras de Bolsonaro, ” é um ferrenho defensor do regime Chávez/Maduro”.”

Disse o fã do Ulstra.

__/\/\/\/\/\/\__

9. Onyx

É inacreditável que o ministério da Cidadania esteja nas mão dum demente do DEM do Rio Grande do Sul, é o combo da demência:

“Ministério da Cidadania, chefiado por Onyx Lorenzoni, recebeu mais de R$ 3,1 bilhões extraordinários para gastar em ações de assistência social e em programas de segurança alimentar durante a crise do coronavírus. Porém, até esta sexta (1º), o dinheiro não estava nem na primeira etapa para sair do caixa. A assessoria do ministro disse que encontrava-se de folga por causa do dia do Trabalho e que não poderia responder sobre a demora do empenho dos recursos.” [Folha]

Imagine aí médicos, enfermeiros e coveiros folgando em plena pandemia. Pois é.

“Entre as despesas que não saíram do papel está a destinação de R$ 9,5 milhões para programas de alimentação em Roraima, governado pelo aliado Antonio Denarium (PSL) e onde fluxo de imigrantes na fronteira com a Venezuela é preocupante. Também empacou os R$ 2,5 bilhões para a rede do Sistema Único de Assistência Social.​”

E isso inclui os R$ 600:

“Está sob o guarda-chuva de Onyx também o auxílio emergencial, cujo pagamento enfrenta dificuldades e é alvo de críticas. Milhares de pessoas reclamam que não receber o dinheiro até hoje.”

E tem mais motivo para odiar o Onyx:

“Da linhagem dos obscurantistas do bolsonarismo para os quais o problema do Brasil é o brasileiro, o ministro Onyx Lorenzoni (Cidadania) credita à “nossa cultura” um dos motivos para as filas nas agências da Caixa para sacar o auxílio emergencial de R$ 600. Zombaria diante do desespero de trabalhadores em jornadas penosas de espera de até oito horas. Se é traço cultural, a atual administração esmera-se em reforçá-lo. Entre março e abril, ao menos 1 milhão de trabalhadores perderam seus postos de trabalho e teriam direito ao seguro-desemprego. Foram 804 mil os que garantiram o recebimento do benefício. Outros 200 mil não conseguiram acesso a agências do Sine, nem funcionaram os meios remotos para obter o auxílio. “Temos uma pequena fila, que estamos dando conta rapidamente”, explicou o secretário Bruno Bianco (Previdência e Trabalho).

Foi na gestão de Jair Bolsonaro que, desde meados do ano passado e depois de mais de uma década, segurados do INSS passaram a reviver o pesadelo do atraso na concessão de benefícios previdenciários. Uma fila cujo pico atingiu 2,3 milhões de aposentadorias e auxílios represados em 2019 e só deve ser zerada no segundo semestre deste ano. A demora permitiu ao governo empurrar para 2020 uma despesa de R$ 2,3 bilhões –uma espécie de “pedalada social”. Sob as barbas de Onyx, uma outra espera. Embora empregue superlativos para tratar dos pagamentos do Bolsa Família, ele andou esquecendo que ainda há 200 mil famílias vulneráveis que solicitaram o benefício há mais de 45 dias e aguardam resposta. A fila afeta pessoas em extrema pobreza em mais de 700 municípios. É preciso reconhecer presteza em certas ações do ministro, no entanto. “ [Folha]

E o professor de inglês do Onyx?!

“Como revelou o repórter Renato Onofre, Onyx indicou seu professor particular de inglês, há pouco conhecido e em início de carreira, a uma vaga no ministério —salário de R$ 10 mil. Bastou a divulgação para o processo ser rapidamente cancelado.”

__/\/\/\/\/\/\__

10. Guedes

“Quando tudo voltar ao normal na Esplanada dos Ministérios, se de fato voltar e se for com estes ministros e este governo, a vida de Rogério Marinho vai virar um inferno. Paulo Guedes identificou em Marinho o autor da ideia do programa Pró-Brasil, que acabou conseguindo desmontar. Os gastos previstos seriam um atentado contra o projeto de ajuste fiscal do ministro da Fazenda. Guedes afirma que seu ex-secretário da Previdência e atual ministro do Desenvolvimento Regional agiu às suas costas: “Ele é um traidor, vou dizer isso na cara dele”, avisou Guedes a Bolsonaro quando derrubou o programa.” [O Globo]

O que vai abaixo é bom demais, prepare seu diafragma:

“Empresários fizeram chegar a Paulo Guedes a preocupação com uma possível invasão de produtos chineses, como aço, máquinas, tecidos e calçados, no momento em que a economia brasileira se fragiliza e retomada ocorre por lá.” [Folha]

O sujeito que proeteu salvar a indústria apesar dos industriais brasileiros” e que abrir a economia na base da porrada vai ajudar sim, confiem!

E olha o tamanho do buraco:

“A crise do coronavírus, que já compromete a renda e o poder de compra das famílias, pode tirar até R$ 500 bilhões dos bolsos dos brasileiros neste ano. A retração vai levar à redução da demanda e da produção em diversos setores, minando a força da recuperação no pós-pandemia. Áreas como turismo e transporte já sentem a contração na demanda, mas, com base na queda de consumo observada em outras crises, a tendência é que a retração se espalhe por outros segmentos, até no setor de alimentos. O consumo das famílias é o principal motor da economia brasileira —equivale a cerca de dois terços do PIB (Produto Interno Bruto). Segundo cálculos do Ibre (Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas), a suspensão de atividades provocará uma contração de até 8% no consumo das famílias brasileiras e uma queda de até 15% na massa salarial dos trabalhadores. Os números consideram o cenário mais pessimista traçado pela instituição, de uma queda de 7% do PIB brasileiro.” [Folha]

FAz umas semanas que eu chutei -8%.

__/\/\/\/\/\/\__

11. A última do Salles

Do Jãnio de Freitas:

“Seria caso para inquérito criminal a anistia dada por Ricardo Salles, do Meio Ambiente, aos que devastaram e se apropriaram de áreas preciosas de Preservação Permanente na Mata Atlântica, reduzindo-as a lucrativas atividades agrícolas. Entre os objetos de inquérito estaria, em caso de investigação, um parecer da Advocacia-Geral ao União quando ainda chefiada pelo novo ministro da Justiça, André Mendonça —o pastor que faz continência militar e vê em Bolsonaro um profeta.” [Folha]

Vamos ao mais recente absurdo do quadro do Novo – e foda-se que ele tenha sido expulso do Novo, incapaz até poucas semanas de criticar esse demente.

“O ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, exonerou dois servidores de carreira de que ocupavam cargos de chefia na fiscalização do Ibama. Foi uma reação a reportagem exibida no programa Fantástico, da TV Globo, sobre extração de ouro em terras indígenas, atividade que o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) promete regulamentar. Deixam os cargos Renê Luiz de Oliveira, coordenador-geral de fiscalização ambiental, que ocupava o cargo antes do governo Bolsonaro, e Hugo Ferreira Netto Loss, coordenador de operações de fiscalização.” [Folha]

Onde já se viu Ibama fiscalizando?! E a PM paulista dominou o Ibama, que bad trip escrota do caralho!

“Para o lugar de Oliveira, Salles indicou o coronel da reserva da PM de São Paulo Walter Mendes Magalhães Júnior. Loss foi substituído por um servidor concursado, Leslie Tavares, que estava lotado em Manaus. Reportagem do Intercept publicada em fevereiro mostra que, quando era superintendente do Ibama no Pará, Magalhães ignorou normas internas para liberar cargas de madeira exportadas ilegalmente. Ele ocupava esse cargo também por nomeação de Salles. Um dia depois após a reportagem no Fantástico, veiculada em 12 de abril, o governo já havia exonerado o chefe da Diretoria de Proteção Ambiental, o também major da PM Olivaldi Borges Azevedo, que estava no cargo desde o início do governo Bolsonaro. Segundo servidores, o motivo foi não ter impedido a fiscalização, realizada no médio Xingu, no Pará. No lugar de Olivaldi, Salles nomeou outro PM paulista, o coronel Olímpio Ferreira Magalhães. Oficiais da PM paulista também controlam o ICMBio, incluindo o presidente do órgão, o coronel Homero Cerqueira.”

O Intercept lembra que os policiais são comandantes da Rota:

“DOIS EX-COMANDANTES da Rota, a violenta tropa de elite da Polícia Militar de São Paulo, foram alçados pelo ministro Ricardo Salles para o comando da fiscalização ambiental doIbama. As nomeações atropelam a promessa de Jair Bolsonaro de montar o governo com “critérios técnicos” – a essa altura, algo em que só os apoiadores fanáticos acreditam – e foram vistas por servidores do Ibama como uma retaliação por operações recentes contra crimes ambientais na Amazônia. Com as novas mudanças, Salles consolida um movimento que começou em janeiro de 2019, início do governo Bolsonaro. Lentamente, o ministro tem tirado servidores de carreira de posições de comando e instalado sua tropa de choque no lugar deles. Mais de 20 ex-PMs já foram nomeados. Além do poder crescente sobre o Ibama, eles chefiam uma secretaria do ministério e controlam toda a diretoria doICMBio, órgão que faz a proteção das unidades de conservação federais brasileiras.

Assim como vários ex-policiais contratados pelo ministro, Olímpio Magalhães e Magalhães Junior construíram suas carreiras em batalhões de policiamento ostensivo e de repressão. O primeiro comandou uma tropa de elite que atuava na Baixada Santista e unidades como o Batalhão de Choque e o Comando de Operações Especiais. Já Walter foi comandante de pelotão na Rota e também esteve à frente do Batalhão de Choque. O primeiro contato de ambos com a área ambiental foi em setembro passado, quando foram nomeados para as superintendências do Ibama no Amazonas e no Pará. No Amazonas, Olímpio Magalhães foi personagem de um episódio que demonstra como os policiais militares levam o corporativismo dos tempos da farda para o governo.

Em novembro passado, dois meses após assumir o cargo no Amazonas, o coronel pediu porte funcional de arma, sem esclarecer qual era a necessidade. De acordo com a legislação, inclusive um decreto do próprio governo Bolsonaro, apenas fiscais do Ibama, que atuam em campo, têm direito ao porte de arma na instituição. Isso foi apontado por técnicos do órgão em dois pareceres: do coordenador de logística e do coordenador-geral de fiscalização. Magalhães, no entanto, recebeu uma forcinha de Olivaldi Azevedo, ex-colega na PM paulista e chefe dos servidores que deram os pareceres contrários. Em fevereiro deste ano, o então diretor emitiu um despacho opinando que Magalhães tem, sim, direito a portar arma no cargo.” [Intercept]

Como o Salles conheceu os meganhas:

“Salles foi secretário de Meio Ambiente do tucano Geraldo Alckmin por um ano, entre 2016 e 2017 – tempo suficiente para que ele mandasse adulterar mapas de forma a favorecer mineradoras. Não por coincidência, é da PM de São Paulo que saiu a maioria dos militares que hoje estão no governo. A relação íntima entre o hoje ministro e os policiais começou quando Salles emplacou um nome de sua confiança, o coronel Alberto Mafi Sardilli, para o comando da polícia militar ambiental paulista. A partir daí, segundo pessoas ouvidas pelo Intercept que acompanharam a gestão de Salles na secretaria, os laços se estreitaram. No Ibama, onde militares comandam um terço das superintendências estaduais, nomes da PM paulista estão à frente de três das principais – as do Pará, São Paulo e Santa Catarina.”

__/\/\/\/\/\/\__

12. Novo

Que matéria inacreditável do Estadão, acredite você, o título é “Novo tenta evitar rótulo de oposição ao governo Bolsonaro”, eu juro:

“No momento que parte do universo político-partidário do País passou a defender abertamente o impeachment do presidente Jair Bolsonaro, o partido Novo afinou o discurso com o governador de Minas Gerais, Romeu Zema, e optou por poupar o Palácio do Planalto. Os dirigentes da sigla e a bancada rejeitam a ideia de apoiar um eventual processo de impedimento e até mesmo de fazer oposição ao presidente da República.” [Estadão]

“Mas há divergências. Enquanto Zema defende Bolsonaro – publicamente e nos bastidores do grupo de governadores –, João Amoedo, fundador e ex-presidente da legenda, adotou um tom duro nas redes sociais: “Cada vez mais o bolsonarismo lembra o petismo”. Segundo ele, “renúncia ou impeachment” são as únicas saídas. “Não foi para isso que criamos o partido. O Novo não faz oposição a uma pessoa ou projeto. Somos independentes”, disse ao Estado o presidente da sigla, Eduardo Ribeiro, que sucedeu Amoedo. Eleitor declarado de Bolsonaro no 2° turno em 2018, o dirigente afirma que não se arrependeu da opção e que seu voto levou em conta o cálculo de “risco institucional”. “Eram duas opções: ter de volta o PT ou o Bolsonaro. A volta do PT seria um maior risco institucional”, afirmou Ribeiro.”

Essa matéria é de ontem viado! Ontem ele achava que o PT representa maior ameaça institucional que o governo que é uma ameaça institucional ambulante!

“A bancada do Novo na Câmara – apesar de defender que se investigue as acusações do ex-ministro da Justiça Sérgio Moro, de que Bolsonaro tentou interferir no trabalho da Polícia Federal – acredita que não há evidência de que o mandatário cometeu crime de responsabilidade passível de impeachment.”

São DEZENAS de crimes de responsabilidade, porra! Mas criminosa mesmo é a Dilma por uma pedalada contábil.

“Apesar do apoio da bancada do Novo a muitas das pautas centrais do governo Bolsonaro, como a reforma da Previdência, aprovada antes da pandemia, a ruptura entre Moro e Bolsonaro trouxe atritos entre deputados da agremiação e o líder do governo, Major Vitor Hugo (PSL). “Se eu estivesse na posição dele, eu ia querer mais é que se investigue (as acusações do Moro)”, afirmou o deputado Marcel Van Hattem ao Estado, depois de ser criticado pelo bolsonarista nas redes sociais após cobrar investigações. “(O governo) Está ficando confortável com o fato de que Centrão está sendo atraído para a base, com acertos que Novo nunca pediu e nem aceitaria. Então, talvez o apoio por convicção seja agora mais desprezível”, afirmou.”

Cansou de rir? Tenha sua calma:

Sim, o candidato a presidente do Novo disse que o Novo “NUNCA DEFENDEU ESTADO MÍNIMO, O NOVO CONTINUARÁ DEFENDENDO O CIDADÃO MÁXIMO

frases

Essa burrice orgulhosa e altiva é a mais perigosa.

__/\/\/\/\/\/\__

13. A morte de Aldir

Ainda bem que Bolsonaro não homenageia os grandes brasileiros que se vão, seria uma ofensa inominável para o Aldir. Fico com o Luiz Antônio Simas:

“Quando Aldir Blanc completou 50 anos, ganhou de Dorival Caymmi uma declaração daquelas de arrebentar as coronárias. “Todo mundo é carioca, mas Aldir Blanc é carioca mesmo.” A declaração de Caymmi abre o caminho para que falemos de um Blanc menos conhecido que o letrista genial, morto nesta segunda-feira (4), aos 73 anos, e um dos maiores da história da música brasileira (há quem ache o maior, como este que escreve). O carioca está inteiro, talvez mais que nas letras das canções, nas crônicas de Blanc, um dos grandes nomes do gênero da nossa literatura. Os subúrbios (no plural, conforme Lima Barreto ensinou), os assombros da infância, a cultura das ruas, o Carnaval, o marido exemplar de olho grande na vizinha, o malandro que vive de pequenos golpes, a católica que recebe o caboclo e sai dando passes nas festas de família, o vascaíno fã do Ademir, o general de pijamas que vez por outra ameaça dar tiros para o alto, o otário, a normalista, a família tijucana, os fantasmas da cidade, os meninos mais levados. Tudo isso forma o mosaico das obsessões blanquianas transformadas em matéria prima pelo escritor…

Certa feita, ao prefaciar um livro de Blanc, me recordei de Guimarães Rosa, que começou e terminou o seu discurso de posse na Academia Brasileira de Letras pronunciando o nome da cidade em que nasceu, Cordisburgo. A última frase pública de Rosa (que se encantou quatro dias depois da posse na ABL) foi a do homem que se mistura ao chão de onde vem. “Eis aqui Cordisburgo!” Pois eu imagino hoje um Blanc de cotovelo no balcão, sem fardão e sem penacho, brandindo a máxima que há de se perpetuar nas biroscas, terreiros, e vielas cariocas e se entranhar na rua dos Artistas com a força da linha de frente do Expresso da Vitória atravessando a zaga inimiga. Na comemoração do gol, dizem que uma frase ecoou na hora em que o Blanc, como o Ogum iorubá e seus 10 mil cavalos, beijou a cruz de malta e cravou no chão a espada de menino para se fundir com a terra em que nasceu, viveu, amou e se encantou. “Eis aqui o Rio de Janeiro!” [Folha]

E isso aqui é lindo!

“O detalhe curioso sobre “O bêbado e a equilibrista” é que, quando escreveu sobre “a volta do irmão do Henfil”, Aldir Blanc de fato não sabia o seu nome. E passou-se um bom tempo até que os ele viesse a conhecer pessoalmente o sociólogo, que se depois da volta ao Brasil se tornaria um importante ativista pelos direitos humanos, vindo a criar o Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas (Ibase) e, mais tarde, a Ação da Cidadania contra a Fome, a Miséria e pela Vida.

“Nós tivemos um encontro que só pode ser chamado de cômico”, contou Aldir Blanc em depoimento ao Ibase, em 2017, nos 20 anos da morte do Betinho (ele sucumbiu a complicações da Aids, que antes dele levou os seus irmãos igualmente hemofílicos Henfil e Chico Mário). “Eu esperava encontrar um sociólogo, um sei lá o quê e tal, e vi um sujeito irônico, gozador, embora com os olhos marejados de lágrimas. Nosso primeiro encontro foi na porta do banheiro do Canecão. Nos abraçamos e a frase dele foi: ‘Eu não ia voltar, eu tinha me planejado todo para não voltar, mas ouvi a sua letra para a música do João e resolvi voltar, seu filho da puta!'” [O Globo]

Se deliciem com Aldir cantando seu clássico em um bar tijucano há alguns anos:

__/\/\/\/\/\/\__

14. Ruy Fausto

O Brasil ficou incrivelmente mais burro:

“O Brasil perdeu nesta sexta-feira um de seus maiores intelectuais, o filósofo Ruy Fausto, que faleceu aos 85 anos, de um infarto, enquanto tocava piano em sua casa, em Paris. O corpo de Ruy foi encontrado pela ex-esposa no apartamento onde morava sozinho, recostado no piano. Ele era um grande apreciador de jazz e tocava frequentemente.” [El País]

Taí uma boa forma de morrer.

Do Marcelo Coelho:

“Ouvi falar de Ruy Fausto pela primeira vez aí por 1980, quando eu assistia como ouvinte a algumas aulas no departamento de filosofia da USP. O professor Paulo Arantes comentava as famosas dificuldades do pensamento de Hegel, lembrando-se de ter tido Ruy Fausto como mestre naquele assunto. As exposições dele, disse Paulo Arantes, chegavam “por momentos” a ser “geniais”.

Em vez de diminuir o elogio, aquele “por momentos” mostrava a seriedade com que Arantes empregava o termo “geniais”. Se Paulo Arantes, naquelas aulas, demonstrava uma sofisticação de pensamento e uma elegância verbal absolutamente intimidadoras, fiquei imaginando como seria ter Ruy Fausto como professor. Mas ele estava na Universidade de Paris.

Ele apareceu na USP um ano depois. Era pequeno, veloz, agitado, e acessível como poucos. Seu curso criticava as interpretações de Marx feitas pelo estruturalismo e buscava aprofundar as alternativas da esquerda democrática apresentadas por Claude Lefort e Cornelius Castoriadis na revista Socialismo ou Barbárie.

Ninguém se sentia esmagado por seu conhecimento. Também nisso Ruy Fausto era realmente democrático, dando atenção, aceitando ou questionando a opinião de todos. Bem na tradição da USP, fazíamos uma leitura minuciosa de textos, enquanto Ruy Fausto expressava com clareza as implicações e as exigências do que seria um pensamento autenticamente dialético.

Foi com essas exigências em mente que, num daqueles dias, ele resolveu debater com o próprio Cornelius Castoriadis. O filósofo francês, de origem grega, surgiu na USP com aura de celebridade e cara de poucos amigos; sua palestra, juntando mais de cem interessados, seria sobre um livro que ele acabava de lançar, o ultracrítico e ultradialético “A Instituição Imaginária da Sociedade”.

Ruy Fausto questionou um ponto da exposição. Em sua resposta, Castoriadis apenas repetiu o que dissera antes. Ruy Fausto me cutucou, “ele não respondeu, vou perguntar de novo.” Parecia um menino. “Professor Castoriadis, eu insisto, j’ insiste!”

Com sua careca formidável e físico de lutador de luta livre, Castoriadis levantou a voz e deu um tapão na mesa. “Pas possible, inadmissible, inacceptable”, alguma coisa assim. Era a arrogância parisiense em estado próximo da barbárie.

Mas Ruy Fausto não perdia o bom humor. Perdeu sim, uma vez, o boné que gostava de usar. Tinha o dom de estabelecer uma intimidade amigável com as pessoas; em vez de ficar só falando de Hegel, expunha para os outros as preocupações de cada momento. Naquele dia, o problema era saber onde tinha deixado o seu boné. Revelou-se que seus dois sobrinhos, Sérgio e Carlos Fausto —estudantes de ciências sociais naquela época—, tinham resolvido dar sumiço no boné, recuperado algumas horas depois.

Era, assim, uma sensação de familiaridade o que mais emanava da pessoa de Ruy Fausto, enquanto aos poucos as ideias hegelianas de contradição, posição e negação iam sendo explicadas sem mistifório em suas aulas.

Perdi contato com ele por muitos anos, até o aparecimento de seu livro “Caminhos da Esquerda – Elementos para uma Reconstrução”, em 2017. Ruy Fausto foi um dos raros intelectuais de esquerda interessados em criticar radicalmente as práticas fisiológicas do PT, assim como os namoros da militância com Cuba e Venezuela.

Foi nesse espírito que nasceu a revista Rosa, para a qual, num feliz mal-entendido, ele terminou me convidando. Nestes poucos meses é que pude estar em contato frequente com Ruy Fausto, trocando emails e textos. Reencontrei-o, nos encontros de computador, como o conhecera em 1980: alerta, vibrátil, esperançoso, feliz. Aos 85 anos, Ruy Fausto parecia ter todo o futuro pela frente.” [Folha]

Abri com o Ruy porque esse textp tá pronto desde sábado, e hoje morreu o Aldir

__/\/\/\/\/\/\__

>>>> Maia e o impeachment: “Rodrigo Maia justificou para um grupo de aliados sua falta de entusiasmo com possível CPI que leve Jair Bolsonaro à alça de mira: não quer a pecha de político que tentou derrubar o governo. Na mesma conversa, disse que cabe aos defensores da CPI a exposição e o trabalho para pôr o colegiado de pé. Em contrapartida, Maia tem afirmado que não há Centrão capaz de segurar Jair Bolsonaro caso a PGR o denuncie por crime de responsabilidade com base nas acusações feitas por Sergio Moro” [O Globo]

>>>> Simone Tebet resumiu bem o absurdo: “O Brasil é o único país que, diante de uma crise sanitária e uma crise econômica, é capaz de criar uma crise política” [Folha]

>>>> Porra, que novela arrastada do caralho: “A desembargadora Mônica Autran Machado Nobre, plantonista do Tribunal Federal Regional da 3ª Região (TRF-3), em São Paulo, suspendeu por cinco dias a decisão judicial que obrigava o presidente Jair Bolsonaro a entregar, ainda neste sábado, laudos com resultados de todos os exames que fez para o novo coronavírus. A decisão anterior era favorável ao jornal “O Estado de S. Paulo”, que pediu transparência sobre a situação de saúde do presidente em meio à pandemia. Nobre concedeu mais cinco dias para que o Judiciário analise melhor o caso. Na quinta-feira passada, em viagem ao Rio Grande do Sul e após a decisão judicial que obrigava a apresentação dos resultados laboratoriais — agora suspensa —, Bolsonaro cogitou que talvez tenha se contaminado com o novo coronavírus. “Eu talvez já tenha pegado esse vírus no passado. Talvez, talvez, e nem senti”, afirmou em entrevista à uma rádio de Porto Alegre.” [O Globo]

>>>> E o governo demencial está… certo! “O principal  motivo que está travando o socorro bilionário às empresas de aviação, segundo a equipe econômica, é que os controladores não querem aceitar a diluição de suas participações nas empresas. E o governo não abre mão disso.” [O Globo]

>>>> Ops: “Menos de dois meses depois de ter dito nas redes que não aumentaria a Cide (um imposto sobre a gasolina), era dado como certo ontem que o presidente mudou de ideia. Deve atender à turma do etanol, que, para competir nas bombas, precisa que a gasolina suba de preço. A tese inicial do governo, de que o preço da gasolina tem de seguir o mercado externo, tende a ser sepultada.” [O Globo]

>>>> Kalil, o estadista: “Falar em voltar alguma coisa agora, como o futebol, que envolve muita gente, pelo menos 200 pessoas em uma partida, além de mais 11 caras que vão se estapear dentro de campo, é um descolamento total da realidade. Ninguém sabe o que é corpo em saco plástico. Pensar em futebol, agora, é coisa de débil mental. Esse povo é louco. Estão comprando saco plástico, estão encostando caminhão frigorífico, estão colocando caixão na rua, fazendo cova rasa, e estão pensando em futebol? Ninguém gosta de futebol mais que eu. Vocês estão achando que eu almoço no domingo com meus filhos conversando de política, de Brasília? Os meninos nem sabem o que é isso. É o papo mais chato que existe. A gente só fala de bola. Mas pensar em futebol, agora, é coisa de débil mental, vocês vão me desculpar” [Itatiaia]

>>>> Do Alceu Castilho: “Leio que uma funcionária da Atento, gigante do call center, morreu na segunda-feira. Covid. Com sobrepeso e sopro no coração, era de alto risco. A empresa demorou para liberá-la. O que falta na cobertura sobre essa morte? Dar nome aos bois. Aos proprietários. Aos donos da empresa. A imprensa brasileira simplesmente não consegue cobrir o capitalismo. Não se propõe a isso. Como se não vivêssemos sob esse modo de produção. Sim, existe viés político também. Quem disse que call center é serviço essencial? O governo brasileiro. Quem é o dono da Atento? O fundo estadunidense Bain Capital. Fundado por um senador republicano, do Utah, chamado Mitt Romney, candidato a presidente em 2012. Valor de mercado? US$ 105 bilhões. O Bain Capital tem empresa farmacêutica (vejam só…), tem hospitais (vejam só…), tem investimentos imobiliários, cinemas, estúdios de vídeo, empresas de educação, vestuário, de guitarra, brinquedos. E, claro, vastos tentáculos no capital financeiro. Ou no mundo do entretenimento. É o dono da Warner Music, do Weather Channel. E também da Domino’s Pizza. Do Dunkin’ Donuts. Do Burger King. Sigam o dinheiro. Sigam o poder. Sigam o capital.” [Facebook] Nesse lugar aí os atendentes ficam em local sem uma mísera janela, apenas isso.

>>>> A última do pilantra do Turismo: “O ministro do Turismo, Marcelo Álvaro Antônio (PSL-MG), entrou na onda da família Bolsonaro contra o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), e contra Sergio Moro. “O João Trabalhador não se preocupa com ninguém”, escreveu nas redes sociais. “Hoje não tem parabéns pra você João Trabalhador”, acrescentou, em referência ao 1º de maio. Álvaro Antônio disse que Doria está “também” preocupado com a própria biografia e não com o país, alfinetando o ex-juiz. Moro afirmou na saída que precisava preservar sua história. O ministro do Turismo foi indiciado pela PF e denunciado pelo Ministério Público no esquema de candidaturas de laranjas revelado pela Folha.” [Folha]

>>>> Mais Ascânio Seleme e o fim do Piantella: “O Piantella de Brasília, que fechou e está passando o ponto, não fazia mesmo sentido em seguir funcionando. O restaurante era o templo do entendimento político da capital do Brasil, uma espécie de extensão do cafezinho do plenário da Câmara. O lendário Ulysses Guimarães tinha lá uma mesa cativa, de onde costurou, com outros grandes nomes como Tancredo Neves, Teotônio Vilela e José Sarney, a Lei da Anistia, a derrota da ditadura no Colégio Eleitoral e a Constituição de 1988. Nos dias de hoje, onde nenhum entendimento é possível, o Piantella tinha perdido sua razão de ser.” [O Globo]

>>>> Vai vendo… “Na tarde de 03 de maio, na Rua dos Andradas, em Porto Alegre, um grupo de apoiadores do presidente Jair Bolsonaro organizou uma manifestação antidemocrática, com reivindicações como um novo AI-5 e uma intervenção militar que feche o Supremo Tribunal Federal e o Congresso Nacional. Contrários a manifestação, um grupo de manifestantes antifascistas esteve no local com uma faixa com os dizeres: “Renuncia Bolsonaro, chega de Mortes!”. Após discussão entre os dois grupos, ocorreu uma confusão na Praça da Alfandega. A Brigada Militar interviu e prendeu 3 manifestantes antifascistas, alegando lesão corporal contra o grupo que pedia pelo fim da democracia. Os manifestantes seguem detidos até o momento. Ressaltamos o tratamento assimétrico dado pela polícia a cada um dos grupos, visto que no dia 19 de abril, apoiadores de Bolsonaro marcharam livremente pela cidade pedindo o fim da democracia, inclusive agredindo mulheres com socos e pontapés, sem qualquer tipo de intervenção da polícia.” [Repórter Popular]

>>>> Recomendo fortemente esse texto do Bruno Cava Rodrigues intitulado “imprimir dinheiro”: “Os verticalistas vão dizer que, em última instância, a relação definidora da confiança se dá entre o indivíduo e o estado. Matilde confia no bilhete porque, como último recurso, sabe que pode agir judicialmente contra o estado, para executar o crédito em face do devedor. Confiamos no dinheiro porque existe um estado coativo que impõe o seu curso forçado no território e executa as dívidas inadimplidas. Disso deriva a explicação da origem do dinheiro pelos verticalistas: surgiu com a imposição dos tributos pelo soberano. O dinheiro existe para pagar a dívida originária da condição de súdito (assujeitado ao poder). A relação determinante da confiança é assimétrica e coercitiva. Por isso que as taxas e impostos, para os verticalistas, são a contraparte da criação do dinheiro: momento quando o dinheiro é destruído, retirado de circulação. O dinheiro nunca some quando é gasto, pois circula, e somente o estado poderia aniquilá-lo, com a sua potestas divina. Neste momento o leitor não se apresse e suspenda o juízo sobre qualquer pretensão normativa de lado certo ou errado, de esquerda ou direita. Este não é um post proselitista. Entre os verticalistas estão Bodin ou Hobbes, mas também Nietzsche, Simmel, os cartalistas, os pós-keynesianos estatistas e, atualmente, os militantes da MMT.” [Facebook]

>>>> Uniuão européia em meio à tormenta: “Pega de surpresa, a União Europeia foi afetada em três dimensões —saúde, economia e geopolítica. Na saúde, foi nítido o efeito da política de austeridade dos anos anteriores, diz a diretora do FoE. Ficou clara também a falta que fazem instrumentos comuns em algumas áreas de política pública, acrescenta Sophie Pornschlegel, analista do Centro de Políticas Públicas Europeias (EPC). “Saúde é uma área totalmente da alçada nacional. Se as nações entram em modo pânico, tomam decisões descoordenadas”, diz ela. Na economia, o impacto veio não só das quarentenas, que poderiam ter sido evitadas ou adiadas numa reação mais precoce. Duas das principais fortalezas da UE —a liberdade de viajar no espaço Schengen e a liberdade de movimento de pessoas e produtos no mercado comum— foram atropeladas pela política do “meu país primeiro”. “Países correram para barrar a entrada de estrangeiros e chegaram a impedir a exportação de produtos de saúde”, relata Sophie. ”Não houve coordenação nem transparência. Claro que os governos precisavam agir para proteger seus cidadãos, mas era preciso se comunicar com os outros”, acrescenta Shada. Pelo caminho geopolítico, “a Europa foi pega entre os EUA e a China, esmagada entre os dois poderes e entrelaçada em seus jogos de acusação”, segundo a diretora do FoE. Nesta sexta, o Banco Central Europeu disse que a recuperação da zona do euro pode levar três anos, nos cenários “ruim” e “médio” (queda de 12% ou 8% no PIB em 2020).” [Folha]

>>>> Há anos eu digo que ninguém desmoralizou mais o impeachment da Dilma que a jurista do impeachment e essa notícia é a cereja do bolo. A TFP vem forte em 2022: “​Após ganhar fama por ajudar a derrubar uma presidente da República e angariar capital político de 2 milhões de votos para deputada estadual, Janaina Paschoal (PSL) passou a ser estimulada por seu partido a se candidatar à cadeira um dia ocupada por Dilma Rousseff (PT). O PSL (Partido Social Liberal) trabalha hoje com o nome da parlamentar paulista como principal aposta para a sucessão de Jair Bolsonaro (sem partido), que foi eleito pela sigla e depois rompeu com ela. A própria Janaina evita o assunto, sem, contudo, afastar categoricamente a possibilidade. Ao menos no Twitter, a vocação nacional da deputada está expressa: “Janaina do Brasil” é o nome do usuário dela no perfil da rede social, criado há quatro anos.” [Folha]

>>>> Vinícius Mota sobre as megalópoles: “​Na cidade de Nova York, onde reside menos de 3% da população dos EUA, ocorreram 28% de todas as mortes por Covid-19 do país. O município de São Paulo, com menos de 6% da população brasileira, concentra 26% dos óbitos nacionais. Parece que as doenças contagiosas predam o progresso humano. Quanto mais a espécie se distancia dos núcleos tribais de poucos indivíduos, mais elas a ameaçam. Se for esse o caso, então a resposta duradoura ao trauma do cononavírus tende a desincentivar arquiteturas colossais da vida urbana, como a nova-iorquina e a paulistana. As hordas invisíveis dos vírus e das superbactérias deflagariam, como os bárbaros no passado, um retrocesso feudal, mas agora com tecnologia.” [Folha]

>>>> Um Trump Muito Louco: “A seis meses das eleições presidenciais, o presidente americano, Donald Trump, voltou a fazer campanha neste domingo, no Lincoln Memorial, no National Mall, na capital americana. Em entrevista virtual com o público, transmitida ao vivo pela Fox News em horário nobre, Trump prometeu que os Estados Unidos terão uma vacina contra o coronavírus até o fim do ano e disse que quer reabrir escolas e universidades em setembro. — Acreditamos que teremos uma vacina até o final do ano — disse. — Os médicos vão dizer: você não deveria ter dito isso. Mas eu digo o que penso. O presidente americano defendeu a utilização da hidroxicloroquina em tratamentos de pacientes com Covid-19 e acusou membros do Partido Democrata de preferirem “ver pessoas piorando do que me darem crédito por uma potencial solução” para a pandemia. Trump disse ter recebido três ligações nos últimos três ou quatro dias, de pessoas que salvaram suas vidas graças a esse medicamento. Mais cedo, usando linguagem de estilo bíblico, o presidente destacou no Twitter como seu país se opunha à chegada de “uma grande e poderosa praga”. “Os Estados Unidos ressuscitaram desta morte e destruição (…) e se tornaram maiores do que nunca!”, afirmou. “Com sorte, nosso país vai se ajeitar logo. Todos sentimos falta dos nossos comícios maravilhosos e de tantas outras coisas!”, tuitou o presidente mais cedo.” [O Globo]

>>>> Quero dar um beijo na boca de quem fez isso:

Deixe um comentário