Dia 491 | E os generais, patriotas que são, se foderam de verde e amarelo | 06/05/20

Daqui a pouco atualizo o pdocast por aqui : ) Os episódios você ouve lá na Central3: [Central3]

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0. O depoimento do Moro

Estamos incrivelmente anestesiados, se o depoimento do Moro é fogo de palha eu não sei mais de nada. Uma coisa é a despedida demolidora do Moro numa coletiva, outra é manter as acusações em um depoimento solicitado pelo STF. No dia de sua despedida escrevi aqui que o seu adeus era um festival de confissões de prevaricação, e um ex-juiz por 22 anos mediria bem suas palavras na hora de depor. A despedida foi feita com o fígado, o depoimento não. Queriam o quê? Que Moro pegasse uma .50 e atirasse na própria cabeça, na frente de polciais e procuradores?! Vamos aos melhores momentos:

“QUE perguntado se identificava nos fatos apresentados em sua coletiva alguma prática de crime por parte do Exmo. Presidente da República, esclarece que os fatos ali narrados são verdadeiros, que, não obstante, não afirmou que o presidente teria cometido algum crime. [CNN]

rolandolero

Não, imagina… Ora, é óbvio que Moro sabe se tratar de crimes, mas se ele confessa o crime presidencial ele confessa também sua prevaricação em diferentes momentos,e isso é chave pra entender suas declaraçações aos policiais e procuradores.

Moro narra a substituição do Sadi na superintendência do Rio ainda em 2019. Ele diz que foi um pedido do presidente mas o próprio Said havia pedido pa sair, então ele aceitou a troca pois confiava na independência do novo superintendente. E mesmo assim Bolsonaro fez merda:

“QUE, após muita resistência, houve, como dito acima, concordância do Declarante e do Dr. VALEIXO, com a substituição;
QUE o presidente, após a concordância, declarou publicamente que havia mandado trocar o SR/RJ por motivo de produtividade;
QUE para o Declarante não havia esse motivo e a própria Polícia Federal emitiu nota pública, informando a qualidade do serviço da SR/RJ, o que também pode ser verificado por dados objetivos de produtividade;
QUE só concordou com a substituição porque o novo SR, CARLOS HENRIQUE foi uma escolha da PF e isso garantia a continuidade regular dos serviços da SR/RJ e a própria Polícia Federal informou na nota acima que ele seria o substituto;
QUE o Presidente, contrariado, deu nova declaração pública afirmando que era ele quem mandava e que o novo Superintendente seria ALEXANDRE SARAIVA;
QUE o Diretor da Polícia Federal ameaçou se demitir e que o Declarante conseguiu demover o Presidente;
QUE tem presente que ALEXANDRE SARAIVA é um bom profissional, no entanto não era o nome escolhido pela Polícia Federal,
QUE o presidente já havia indicado ao Declarante a intenção de indicar ALEXANDRE SARAIVA, mas que da sua parte entendia que a escolha deveria ser da Polícia Federal;
QUE mesmo antes, mas, principalmente, a partir dessa época o Presidente passou a insistir na substituição do Diretor da PF, MAURÍCIO VALEIXO;”

O que vai acima explicita a tentativa de Bolsonaro interferir na PF do Rio, e de quebra o novo diretor-geral tratou de tirar o superintendente do RJ de sua cadeira em questão de horas. Ligue a porra dos pontos.

“QUE o assunto retornou com força em janeiro de 2020, quando o Presidente disse ao Declarante que gostaria de nomear ALEXANDRE RAMAGEM no cargo de Diretor Geral da Polícia Federal e VALEIXO iria, então, para uma Adidância;
QUE isso foi dito verbalmente no Palácio do Planalto;
QUE, eventualmente o General Heleno se fazia presente;
QUE esse assunto era conhecido no Palácio do Planalto por várias pessoas;
QUE pensou em concordar para evitar um conflito desnecessário, mas que chegou à conclusão que não poderia trocar o Diretor Geral sem que houvesse uma causa e que como RAMAGEM tinha ligações próximas com a família do Presidente isso afetaria a credibilidade da Polícia Federal e do próprio Governo, prejudicando até o Presidente;

QUE essas ligações são notórias, iniciadas quando RAMAGEM trabalhou na organização da segurança pessoal do presidente durante a campanha eleitoral;
QUE RAMAGEM, pela questão da proximidade, o Declarante afirma que o presidente, nessa época, lhe dizia que era uma questão de confiança; “

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Questão de confiança“, porra! E que delícia ler o nome do senil, em breve o general estará depondo.

“QUE, ainda em janeiro, o Declarante sugeriu dois nomes para o Presidente, FABIANO BORDIGNON e DISNEY ROSSETI para substituir VALEIXO;  
QUE a troca geraria desgaste para o Declarante, mas, pelo menos, não abalaria a credibilidade da Polícia Federal ou do Governo;  
QUE a substituição sem causa do DG e a indicação de uma pessoa ligada ao Presidente e a sua família seriam uma interferência política na PF;  
QUE os dois outros nomes eram ANDERSON TORRES e CARRIJO e ambos não tinham história profissional na Polícia Federal que os habilitassem ao cargo, além de também serem próximos à família do presidente;
QUE no começo de março de 2020, estava em Washington, em missão oficial com o Dr. VALEIXO;  
QUE recebeu mensagem pelo aplicativo Whatsapp do Presidente da República, solicitando, novamente, a substituição do Superintendente do Rio de Janeiro, agora CARLOS HENRIQUE;  
QUE a mensagem tinha, mais ou menos o seguinte teor: “Moro você tem 27 Superintendências, eu quero apenas uma, a do Rio de Janeiro”;”

Vai ver essa última mensagem não é nada demais, né? E no fim da tarde de ontem, na portaria do Palácio, Bolsonaro jurava não tquerer interferir em nada e quando confrontado por um jornalista disse “O estado do Rio é meu, o Estsado do Rio é meu‘.Ah, Bolsonaro tem até sexta para explicar à Justiça os motivos da troca, se fode aí, AGU!

“QUE esclarece que não nomeou e não era consultado sobre as escolhas dos Superintendentes; QUE essa escolha cabia, exclusivamente, à Direção Geral da Polícia Federal;
QUE nem mesmo indicou o Superintendente da Polícia Federal do Paraná;”

Belíssimo contraponto à mensagem presidencial aí de cima.

“QUE o Presidente não interferiu, ou interferia, ou solicitava mudanças em chefias de outras Secretarias ou órgãos vinculados ao Ministério da Justiça, como, por exemplo, a Polícia Rodoviária Federal, DEPEN, Força Nacional;”

Essa é a parte mais importante, eu acho. A Força Nacional não pertuba os filhos, nem a PRF e por aí vai. Moro deixou claro que há um motívo para trocar o comando da PF no Rio, e aqui me valho do Caio Almendra:

“A incapacidade da Globo e Globo News de associar a saída do Moro às investigações sobre a morte de Marielle, quando o próprio pronunciamento do Bolsonaro já fez essa associação, é inacreditável. O que tem de jornalista e comentarista perguntando “o que será que Bolsonaro queria na Polícia Federal do Rio de Janeiro?”, como se fosse o mistério do século… É quase um concurso de como parecer mais idiota. Camarotti e Merval estão na final.”[Facebook]

Lembrando que já se sabe que Flávio lucrava com construções imobiliárias em área de milícia controlada pelo Adriano de Nóbrega, lembra? Saiu dia desses por aqui.

“QUE perguntado se havia desconfiança em relação ao Diretor VALEIXO, o Declarante respondeu que isso deve ser indagado ao Presidente;
QUE o próprio Presidente cobrou em reunião do conselho de ministros, ocorrida em 22 de abril de 2020, quando foi apresentado o PRÓ-BRASIL, a substituição do SR/RJ, do Diretor Geral e de relatórios de inteligência e informação da Polícia Federal;
QUE o presidente afirmou que iria interferir em todos os Ministérios e quanto ao MJSP, se não pudesse trocar o Superintendente do Rio de Janeiro, trocaria o Diretor Geral e o próprio Ministro da Justiça;
QUE ressalta que essas reuniões eram gravadas, como regra, e o próprio Presidente, na corrente semana, ameaçou divulgar um vídeo contra o Declarante de uma dessas reuniões;
QUE nessas reuniões de conselho de ministros participavam todos os ministros e servidores da assessoria do Planalto;
QUE a afirmação do Presidente de que não recebia informações ou relatórios de inteligência da Polícia Federal não era verdadeira;
QUE quanto a relatórios de inteligência, esclaree que a PF não é órgão de produção direta de inteligência para a Presidência da República;
QUE os relatórios de inteligência da Polícia Federal sobre assuntos estratégicos e de Segurança Nacional são inseridos pela sua diretoria de Inteligência no SISBIN e que a ABIN consolida essas informações de inteligência, juntamente, com dados de outros órgãos e as apresenta ao Presidente da República;

QUE o próprio Declarante já recebeu relatórios de inteligência da ABIN que continham dados certamente produzidos pela inteligência da Polícia Federal;
QUE o próprio Presidente da República em seu pronunciamento na sexta-feira, dia 24 de abril de 2020, declarou que um dos motivos para a a demissão do Diretor Geral da PF seria a falta de recebimento de relatórios de inteligência de fatos nas últimas 24 horas;
QUE o presidente nunca solicitou ao Declarante a produção de um relatório de inteligência estratégico da PF sobre um conteúdo específico, causando estranheza que isso tenha sido invocado como motivo da demissão do Diretor Geral da PF;”

Ele desmontou boa parte da argumentação presidencial para justificar sua demissão.

“QUE perguntado se o presidente da República, em algum momento lhe solicitou relatórios de inteligênca que subsidiavam ingestigaçãoes policiais, o Declarante respondeu que o Presidente nunca lhe pediu até porque o Declarante ou o Diretor  VALEIXO jamais violariam sigilo de investigação policial;”

Repare que se ele tivesse dito que sim, que o presidente solicitou relatórios e Moro negou os pedidos do presidente, seria prevaricação. E lembrando que Bolsonaro já confessou duas vezes ter tido acesso a inquéritos sigilosos e Moro na época negava veementemente. E um dos casos versava sobre o caso Marielle.

Moro narra a reunião em que Bolsonaro comunica a troca da PF e…

“QUE o Declarante pediu ao Presidente que reconsiderasse, mas que se isso não ocorresse o Declarante seria obrigado a sair e a declarar a verdade sobre a substituição;
QUE o Presidente lamentou, mas disse que a decisão estava tomada;
QUE o Declarante reuniu-se  em seguida com os ministros militares do Palácio do Plananto e relatou a reunião com o Presidente;
QUE a reunião foi com os Ministros Generais RAMOS, HELENO e BRAGA NETTO;
QUE o Declarante informou os motivos pelos quais não podia aceitar a substituição e também declarou que sairia do governo e seria obrigado a falar a verdade;
QUE na ocasião o Declarante falou dos pedidos do Presidente de obtenção  de Relatórios de Inteligência da PF, que inclusive havia sido objeto de cobrança pelo Presidente na reunião de conselho de ministros, oportunidade na qual o Ministro HELENO afirmou que o tipo de relatório de inteligência que o Presidente queria  não tinha como ser fornecido;
QUE os Ministros se comprometeram a tentar demover o Presidente,”

Cês entendem a gravidade brutal que é generais testemunharem em um processo aberto pelo STF?! Estamos tão anestesiados que achamos isso desimportante. E temos imagens exclusivas do futuro depoimento do Heleno:

E o generalato, Costinha?!

costinha

Para desespero dos generais, Celso de Mello já pediu que o governo entregue o vídeo em até 72 horas, sugerindo que eles cuidembem da integridade do registro, sabe como é.

“Em despacho expedido às 22h30 desta terça-feira, o ministro Celso de Mello, do Supremo Tribunal Federal (STF), determinou um prazo de 72 horas para a apresentação de uma cópia dos “registros audiovisuais” de uma reunião entre o presidente Jair Bolsonaro, ministros e presidentes de bancos públicos no Palácio do Planalto, realizada no último dia 22 de abril. Ele ordenou que o ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência, Jorge Oliveira, o secretário especial de Comunicação, Fabio Wajngarten, e o assessor-chefe da Assessoria Especial do presidente da República, Célio Faria Júnior, sejam oficiados com urgência. “As autoridades destinatárias de tais ofícios deverão preservar a integridade do conteúdo de referida gravação ambiental (com sinais de áudio e de vídeo), em ordem a impedir que os elementos nela contidos possam ser alterados, modificados ou, até mesmo, suprimidos, eis que mencionada gravação constitui material probatório destinado a instruir, a pedido do Senhor Procurador-Geral da República, procedimento de natureza criminal”, determinou o magistrado, em complementação à decisão proferida por ele mais cedo.” [O Globo]

Se prepare para gargalhar:

“Ministros da ala militar do governo reagiram a trecho da decisão do ministro do Supremo Tribunal (STF) Celso de Mello que autorizou depoimento de autoridades no inquérito que apura interferência política do presidente Jair Bolsonaro na Polícia Federal (PF). Ao analisarem a decisão, segundo o blog apurou, o trio se surpreendeu com o trecho que diz que, “se as testemunhas que dispõem da prerrogativa fundada no art. 221 do CPP, deixarem de comparecer, sem justa causa, na data por elas previamente ajustada com a autoridade policial federal, perderão tal prerrogativa e, redesignada nova data para seu comparecimento em até 05 (cinco) dias úteis, estarão sujeitas, como qualquer cidadão, não importando o grau hierárquico que ostentem no âmbito da República, à condução coercitiva ou “debaixo de vara”. O grupo se irritou com o trecho, avaliou se tratar de “desrespeito” e estuda reagir publicamente ao ministro do STF.” [G1]

Desrespeito“, viado! Chupem que é de uva, generais.

“QUE à tarde do dia 23 de abril de 2020, recebeu uma ligação do Ministro RAMOS indagando se seria possível uma solução intermediária, com a saída de VALEIXO, mas a nomeação de um dos nomes que o Declarante já havia informado antes, a saber: FABIANO BORDIGNON ou DISNEY ROSSETI;
QUE o Declarante informou que haveria um impacto ao governo e à sua credibilidade, mas que, garantida a nomeação técnica e de pessoa não proximamente ligada à familia do presidente, a solução seria aceitável;
QUE ligou para o Diretor VALEIXO, que concordou com a substituição sugerindo o nome de DISNEY ROSSETI;
QUE o Declarante ligou em seguida ao Ministro RAMOS e então manifestou a sua concordância, mas ressaltou que seria a única mudança e que não concordava com a troca pretendida do superintentdente da SR/RJ;
QUE o Ministro RAMOS ficou de levar a questão ao Presidente e de retornar, mas não o fez;”

Imagine aí o esporro que o Ramos tomou do Bolsonaro! Aposto que Bolsonaro deve ter ordenado que seu fiel general não retornasse a ligação, aposto.

“QUE à noite do dia 23 de abril de 2020, recebeu informações não oficiais de que o ato de exoneração do Diretor VALEIXO havia sido encaminhado para publicação;
QUE buscou a confirmação do fato no Planalto com os ministros BRAGA NETTO e RAMOS, tendo o primeiro informado que não sabia e o segundo informado que iria checar e retornar, mas não o fez;”

Que frouxo do caralho é o Ramos! O sujeito não tem nem culhão de ligar para o Moro e dizer o que o presidente lhe disse, certo estava o Olavo, um “bnado de cagões”.

Voltando ao depoimento do ex-juiz mais arrependido do Brasil:

“QUE, durante a madrugada do dia 24 de abril de 2020, saiu a publicação, o que tornou irreversível a demissão do Declarante;
QUE o Declarante não assinou o decreto de exoneração de MAURÍCIO VALEIXO e não passou pelo Declarante qualquer pedido escrito ou formal de exoneração do Diretor VALEIXO;
QUE na manhã do dia 24 de abril de 2020, encontrou-se com VALEIXO e ele lhe disse que não teria assinado ou feito qualquer pedido de exoneração;
QUE VALEIXO disse ao Declarante que, na noite do dia 23 de abril de 2020, teria recebido uma ligação do Planalto na qual o Presidente teria lhe dito que ele, VALEIXO, seria exonerado no dia seguinte e lhe perguntado se poderia ser “a pedido”;
QUE VALEIXO disse ao Declarante que como a decisão já estava tomada não poderia fazer nada para impedir, mas reiterou que não houve, nem partiu dele, qualquer pedido de exoneração;
QUE perguntado em regra, como ocorrem as exonerações no âmbito do Ministério da Justiça e como se dá o processo de assinatura no Diário Oficial da União, respondeu
QUE pedidos de nomeação e de exoneração são assinados eletronicamente pelo Declarante e enviados ao Palácio do Planalto;
QUE não delegava essa função a subordinados;
QUE decretos assinados pelo Presidente da República e em concurso com o Declarante, quando sua origem era um ato produzido pelo MJSP, o que seria o caso da exoneração do Diretor VALEIXO, sempre eram assinados previamente pelo Declarante, pelo sistema eletrônico SIDOF, antes de encaminhados ao Planalto;
QUE nunca, pelo que se recorda, viu antes um ato do MJSP ser publicado sem a sua assinatura, pelo menos, eletronicamente;
QUE em virtude do ocorrido decidu exonerar-se e informar em pronunciamento coletivo os motivos de sua saída;”

Dá pra fechar o olho e escolher um crime.

“QUE o Declarante entendeu que havia desvio de finalidade na exoneração do Diretor MAURÍCIO VALEIXO, à qual se seguiria a provável nomeação do DPF ALEXANDRE RAMAGEM, pessoa próxima à família do presidente, e as substituições de superintendentes, tudo isso sem causa e o que viabilizaria ao Presidente da República interagir diretamente com esses nomeados para colher, como admitido pelo próprio Presidente, o que ele chamava de relatórios de inteligência, como também admitido pelo próprio Presidente;”

Sim, tudo corroborado pelo discurso presidencial horas após a saída do Moro!

“QUE reitera que em seu pronunciamento narrou fatos verdadeiros, mas, em nenhum momento, afirmou que o Presidente da República teria praticado um crime e que essa avaliação cabe às instituições competentes;”

“QUE o Presidente também alegou como motivo da exoneração de VALEIXO uma suposta falta de empenho da Polícia Federal na investigação de possíveis mandantes da tentativa de assassinato perpetrada por ADÉLIO;
Que a Polícia Federal de Minas Gerais fez um amplo trabalho de investigação e isso foi mostrado ao Presidente ainda no primeiro semestre do ano de 2019, numa reunião ocorrida no Palácio do Planalto, com a presença do Declarante, do Diretor VALEIXO, do Superintendente  de Minas Gerais e com delegados responsáveis pelo caso;
Que na ocasião, o Presidente não apresentou qualquer contrariedade em relação ao que lhe foi apresentado;
QUE essa apresentação ao Presidente decorreu da sua condição de vítima e ainda por questão de Segurança Nacional, entendendo o Declarante que não havia sigilo legal oponível ao Presidente pelas circunstâncias especiais;”

Que cirscunstâncias especiais são essas?!

“QUE o Presidente, no pronunciamento de sexta-feira 24 de abril, também reclamou da falta de empenho do Declarante e da Polícia Federal para esclarecer as declarações do porteiro de seu condomínio  acerca do suposto envolvimento do Presidente no assassinato de MARIELE e ANDERSON;”

Vai ver era uma circunstância especial, Moro…

“QUE, além da mensagem acima mencionada, o Declarante, revendo o chat de conversa com o Presidente identificou várias outras mensagens que podem ser relevantes para a investigação, inclusive outra mensagem sobre o Inquérito no STF e outra com determinação do Presidente de que o Dr. VALEIXO seria “substituído essa  semana a pedido ou ex-ofício”, além de outra com indicativo de desejo dele de substituição do SR/PE;”

Ainda falta a imprensa descobrir porque diabos Bolsonaro quer mudar a superintendência de Pernambuco, tem história boa aí

Encerrado o depoimento, vamos ao medo presidencial:

“Na semana passada, dias após a saída de Sergio Moro do governo, o presidente Jair Bolsonaro fez uma constatação em uma conversa reservada sobre o agora ex-ministro da Justiça: “É candidatíssimo”. No diálogo, que foi relatado à Folha, Bolsonaro disse ter certeza de que Moro tem pretensões políticas e que será seu adversário na eleição presidencial de 2022. Para o presidente, antes mesmo de decidir sair do governo, o ex-juiz já planejava uma candidatura presidencial. Por isso, Bolsonaro tinha receio de indicar Moro para uma das duas vagas no STF que serão abertas durante o seu mandato. Apesar de ter sinalizado ao então ministro que seu nome era favorito, Bolsonaro disse a deputados aliados que o ex-juiz poderia usar o cargo como um palanque eleitoral. Mais de uma vez, o chefe do Executivo afirmou a pessoas próximas que Moro aproveitaria a função de destaque para votar contra os interesses de Bolsonaro, fazendo uma espécie de contraponto público ao seu futuro adversário.

Além disso, a hipótese aventada por Bolsonaro era a de que Moro atuasse pela condenação do senador Flavio Bolsonaro, primogênito do presidente e investigado por participar de um suposto esquema de “rachadinha” no Rio de Janeiro. E que Moro pudesse avançar sobre o vereador Carlos Bolsonaro, identificado em inquérito sigiloso conduzido pelo STF como um dos articuladores de um esquema criminoso de fake news. O presidente já manifestou receio de que Carlos, o filho mais próximo dele, seja alvo de operação policial. Para evitar as duas hipóteses, dizem auxiliares presidenciais, Bolsonaro não se esforçou em chegar a um acordo para manter Moro no governo. Ao longo dos últimos meses, aliados sugeriram ao presidente que o indicasse para a corte, livrando-se do ex-juiz. Com receio de colocá-lo em um posto de projeção política, Bolsonaro ignorava o conselho.” [Folha]

Moro fodeu os cálculos eleitorais do Bolsonaro:

“O modo como ele pediu demissão reforçou a avaliação de Bolsonaro sobre seu ex-aliado e o fez vê-lo como uma das principais ameaças à sua reeleição em 2022. De acordo com deputados bolsonaristas, o presidente avalia que Moro se projetou como uma alternativa no campo da direita pela possibilidade de arregimentar o apoio de parcela do eleitorado do presidente. Bolsonaro tem afirmado que o cenário mais favorável para ele é ter um oponente principal, no segundo turno, de esquerda ou de centro-esquerda. O cálculo feito por ele é simples: há hoje um eleitor cativo que garante 30% dos votos. O restante necessário para uma vitória viria da rejeição a candidatos de esquerda ou de perfis progressistas ou antiliberais. A aliados Bolsonaro deixou bem clara essa preocupação e foi esse um dos motivos que levaram a um desgaste na relação com Moro. O presidente considerava o ex-ministro muito vaidoso e seu estilo introspectivo não o agradava. As pessoas mais próximas a Bolsonaro ganharam sua confiança demonstrando abertura e descontração. Ele definiu o ex-juiz muitas vezes como “chato”.

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2. Pós-depoimento

O melhor texto é do Igor Gielow:

“O depoimento do ex-ministro Sergio Moro (Justiça) sobre a interferência do presidente Jair Bolsonaro na Polícia Federal é uma peça sem meio-termo: ou será vista no futuro como uma bomba ou como um traque. A grande incerteza no cenário político é determinante para avaliar o impacto das acusações, que agora Moro espertamente diz que não se tratam de imputação de crime —claro, se o fossem, ele poderia ser pego prevaricando por não ter denunciado os fatos antes. Juridicamente, não é uma bala de prata incontestável, mas certamente muito ruim para Bolsonaro.” [Folha]

O problema é de expectativa. Esperavam algo mais grave que o adeus como se a despedida dele já não tivesse sido demolidora para o presidente, juro que não entendo.

“Os cuidados tomados pelo ex-ministro ao longo do depoimento explicitam o risco que corria, e conforme a Folha ouviu de integrantes de tribunais superiores, muito dependerá de subjetividade. Dois pontos embasam a acusação de obstrução de Justiça, mais um dos inúmeros crimes de responsabilidade que Bolsonaro vem acumulando no exercício do cargo. A obsessão clara pela mudança da Superintendência da PF no Rio, seu quintal político, e a referência à necessidade de retirar Maurício Valeixo da direção-geral do órgão ao comentar inquérito no Supremo que teria chegado a “10 ou 12 deputados bolsonaristas”. Nos tempos em que a Lava Jato estava no auge, o então procurador-geral Rodrigo Janot chegava a pedir prisão por bem menos que isso. Não se espera o mesmo de Augusto Aras, mas a pressão estará sobre ele. Bolsonaro nem faz questão de desfazer a narrativa, tanto que o primeiro ato de seu novo chefe da polícia foi remover o superintendente do Rio. A quem o perguntou sobre isso, respondeu com insultos apopléticos.”

Deve ter sido mais ou menos assim:

“Mas serão critérios subjetivos que apontarão se isso foi uma ingerência passível de denúncia ou apenas o exercício de prerrogativas presidenciais. Moralmente, a resposta está dada, mas a paisagem é bem mais nebulosa. O Supremo, onde Bolsonaro será ou não denunciado, vive mais um momento de tensão interna. Ministros, a começar pelo presidente Dias Toffoli, acharam que Alexandre de Moraes ultrapassou a linha ao barrar o favorito de Bolsonaro, Alexandre Ramagem, para a PF em decisão provisória na semana passada. Mas a queixa de Toffoli, devidamente transparecida a público, também incomodou colegas. Afinal de contas, a corte havia se unido quando o Moraes foi atacado por Bolsonaro, e agora isso seria um sinal de dissenso. Notável, nesse caso, é a economia de palavras dos togados mais próximos do pensamento lava-jatista encarnado por Moro. Um deles, Luiz Fux, será o novo presidente do Supremo em setembro.

Com o inevitável agravamento da crise econômica, os estratos mais pobres que substituiram parte da classe média no contingente de 1/3 do eleitorado que aprova o presidente tendem a ser os mais afetados. Isso tudo qualificará o calibre do tiro disparado por Moro no sábado, com um ajuste de tempo insondável em meio a tanta turbulência capitaneada por um vírus e por um presidente que obriga seu ministro da Defesa a dizer que não é golpista duas vezes em um mês. Um enfraquecido presidente pode ser do agrado de políticos do centrão e de ministros militares, na ilusão de controle, mas também ficará mais suscetível a um evento sísmico maior, como a aceitação de uma denúncia pelo Supremo. Para Moro, candidato a candidato a algo, a começar a Presidência em 2022, todas as fichas foram colocadas na mesa. Com uma base seguidora tão fiel quanto a de Bolsonaro, talvez se o caso no Supremo não der em nada bastará a ele gritar “fake news!” e ir em frente, a exemplo do seu ex-chefe.”

Igor é das melhores penas para acompanhar essa bad trip escrota.

Vamos às repercussões:

“Se do ponto de vista político as acusações de Sergio Moro angariavam pouca adesão, por causa de sua atuação na Lava Jato contra parlamentares e contra o ex-presidente Lula, o ex-ministro agora também é contestado do lado criminal. Ministros do STF, advogados, integrantes da Polícia Federal e da Procuradoria-Geral da República avaliam que o depoimento de Moro trouxe poucas novidades e carece de elementos para que, de fato, possa provar crimes de Jair Bolsonaro.” [Folha]

Como é que carece de elemento se as testemunhas nem depuseram, caralho?! A porra da mensgaem, confirmada pelo presidente ao mostrar seu próprio telefone, não é a porra dum elemento?! O próprio discurso do Bosloanro horas depois da despedida do Moro não é outro elemento?!

“Em conversas com pessoas próximas, Augusto Aras, procurador-geral da República, tem dito que é impossível que o inquérito prospere para uma denúncia contra o presidente.”

Ah vá…

“Para Ticiano Figueiredo, presidente do Instituto de Garantias Penais, o depoimento de Sergio Moro à PF mostrou que o ex-juiz tem percepção distorcida sobre o que são provas acusatórias. “No discurso de despedida, imputou uma série de crimes ao presidente. Quando chegou a hora de apresentar todas as provas, entregou um nada e depôs sobre um vazio”, diz o advogado.”

Que tipo de prova o sujeito quer? Tem Bolsonaro dizendo que a superintendência do RJ é dele, tem Bolsonaro mandando trocar o diretor-geral por conta de matéria do Antagonista. E quem fala isso é o sujeito que até semana passada era o ícone da moralidade tupiniquim, pórra, que tipo de provas eles querem? Uma confissão de 3 vias autenticada de próprio punho no cartório?

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3. Anarquia militar

É por demais irônico que o único presidente a incentivar anarquia militar seja o capitão cujo governo é tomado de generais – o texto é do Gaspari:

“Quando Jair Bolsonaro falou que “o povo está conosco. As Forças Armadas, ao lado da lei, da ordem, da democracia, da liberdade e da verdade, também estão ao nosso lado”, não disse coisa nenhuma. Foi apenas uma construção astuciosa, mas, como o capitão não consegue parar, acrescentou: “Não tem mais conversa. Daqui para frente, não só exigiremos. Faremos cumprir a Constituição. Será cumprida a qualquer preço”. Logo ele, que se julga “realmente, a Constituição” e se referiu às “minhas Forças Armadas”. Ganha um resfriadinho em Caracas quem não conseguir juntar lé com cré. Para quem vive uma pandemia com a marca dos 10 mil mortos batendo à porta e uma inédita recessão já instalada na economia, esse tipo de encrenca não era necessária. O capitão passou mais tempo no baixo clero da Câmara do que no Exército, onde conheceu melhor as sendas da indisciplina do que as normas da corporação. Nelas, também não se enquadrava, por exemplo, o major e ex-deputado Curió do Araguaia. Levado ao Planalto por um sentimento antipetista, Bolsonaro flerta com a anarquia militar.

Essa anarquia, resultante de divisões dentro das Forças Armadas, se fez sentir na política brasileira do século passado, até que perdeu ímpeto em 1977 e desapareceu com a redemocratização. Na crise que Bolsonaro incentiva, misturam-se ingredientes tóxicos. O primeiro deles é a influência de sua família no governo. O que restava do prestígio militar do marechal Henrique Lott, poderoso ministro da Guerra de 1954 a 1959, esvaiu-se em 1962, quando sua filha Edna elegeu-se deputada estadual. Com 3 dos 5 presidentes-generais (Castello Branco, Emílio Médici e Ernesto Geisel), a história foi outra, e seus familiares não se metiam no governo. Castello demitiu um irmão porque aceitou um presente e não moveu um dedo quando a Marinha negou ao seu filho a promoção a almirante. O segundo ingrediente tóxico vem a ser o “núcleo militar” formado no Planalto. É composto por militares da reserva e por um general da ativa agregado. Governos que não tiveram essa bizarrice funcionaram: José Sarney, Fernando Henrique Cardoso e Lula. Os que a tiveram: Costa e Silva e, de certa forma, Figueiredo, deram-se mal. Fora da linha de comando, só há a bagunça.

O terceiro ingrediente é a simpatia de Bolsonaro pela opinião de sargentos e suboficiais, somada ao expresso apoio dado a policiais militares amotinados. A ele se junta uma militância parruda e agressiva. Jair Bolsonaro na crise do coronavírus Jair Bolsonaro na crise do coronavírus Leia Mais VOLTARFacebookWhatsappTwitterMessengerLinkedinE-mailCopiar link Loading Nos últimos 50 anos, o Brasil teve dois tipos de chefes militares no Exército: aqueles de quem se sabia o nome e aqueles de quem não se sabia. Orlando Geisel e Leônidas Pires Gonçalves estiveram no primeiro grupo. Um enquadrou os generais depois da anarquia de 1969, na crise da doença de Costa e Silva. O outro, comandou-os no governo Sarney, quando baixou o chanfalho no capitão Bolsonaro. Depois, no segundo grupo, vieram dois chefes que comandaram a força por 13 anos. Deles não se fala e eles também não falam. Quem cruzar com os generais Gleuber Vieira e Enzo Peri na rua, não saberá quem são. A ambos aplica-se a lição que Ernesto Geisel deu a um paisano que lhe perguntou quem era um general que ele promoveu à quarta estrela. “Um grande oficial, e a prova disso é que você não sabe quem é.” Chamava-se Jorge de Sá Pinho.” [Folha]

Passo para a Rosângela Bittar, que descreve duas hipóteses para a submissão dos generais ao capitão:

“O que significam as insinuações de Bolsonaro de que dispõe dos militares para o que der e vier? Selecionemos duas hipóteses de explicação adequadas à conduta do presidente.

Numa, é possível concluir que os militares são vítimas e estão sendo provocados para aceitarem se engajar nas esquisitices do governo. Embora não estejam dispostos a tudo, não têm meios para reagir às pressões públicas de Bolsonaro. Como resistem, ficam na mira. De quem? Do Gabinete do Ódio, o operador oficial, de dentro do Palácio, desse tipo de enredo. Atua sempre sob o comando do filho vereador e do professor virtual que, de Richmond, tutela o governo, em Brasília. Bem-sucedido, o grupo já conseguiu, para ficar apenas no tema em questão, demitir Santos Cruz, abalar Hamilton Mourão, denegrir Rocha Paiva (melancia), irritar Villas Boas, e iniciar, agora, uma guerra contra Pujol. Acham que ele não atua politicamente e não coloca sua tropa a serviço do interesse do governo. Confiam que, se não conseguirem arrastar o comandante para o embate político, pelo menos promovem a divisão, pois consideram os escalões intermediários já engajados na dialética presidencial. Provocar a cizânia na tropa é o pior dos ataques a um comando militar. ” [Estadão]

Repita comigo: “Provocar a cizânia na tropa é o pior dos ataques a um comando militar”.

“Uma segunda hipótese, de significado também realista, mostra o presidente atormentado por inquéritos que o colocam, bem como a sua família, no alvo da incursão em crime. Ameaçado, ele ameaça. E o que acossa Bolsonaro são, sobretudo, as investigações em três frentes: as das fake news, cujo aprofundamento pode retroagir a sua eleição; a dos gabinetes parlamentares controlados pela família e suas conexões, no Rio; e a das denúncias do ex-ministro Sérgio Moro. De assombrado, Bolsonaro partiu para cima e virou assombração.”

Ou são frouxos ou são cúmplices. E você, já mandou um general tomar no cu hoje?

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4. Curió, o “herói nacional

Do Bernardo Mello Franco

“Em mais uma falsificação histórica, a Secretaria de Comunicação da Presidência chamou o major de “herói do Brasil”. A Convenção de Genebra trata a execução de prisioneiros como crime de guerra, e nem as leis da ditadura autorizavam o que se fez no Araguaia. O Ministério Público Federal pede a condenação de Curió desde 2012, mas ele continua solto graças a uma interpretação generosa da Lei da Anistia.” [O Globo]

Veja quem é o “herói nacional“:

“O encontro foi omitido da agenda oficial de Bolsonaro. Só entrou nos registros à noite, depois de revelado pelo blog de Rubens Valente no UOL. Mais tarde, um senador governista divulgou fotos da conversa. Numa delas, o presidente aparece agachado ao lado do visitante, acusado de participar de sequestros e assassinatos.

O próprio Curió forneceu provas do massacre. Em 2009, ele abriu arquivos ao jornal O Estado de S. Paulo e confirmou a execução de 41 militantes presos, que não ofereciam perigo às tropas. Muitos se entregaram maltrapilhos e famintos, após meses de fuga na floresta.

Em entrevista a Leonencio Nossa, reproduzida no livro “Mata! O major Curió e as guerrilhas do Araguaia”, o militar reformado comparou o extermínio de prisioneiros à limpeza de uma lavoura. “Quando se capina, não se corta a erva daninha só pelo caule. É preciso arrancá-la pela raiz para que não brote novamente”, disse.”

E ninguém vai preso!

“A Procuradoria Federal dos Direitos do Cidadão pediu à PGR para que abra investigação sobre o chefe da Secom, Fabio Wajngarten, por suposta apologia a crimes contra a humanidade, informa Ana Viriato na Crusoé. O pedido se baseia em uma publicação da Secom no Twitter que classificou como “heróis” o tenente-coronel reformado do Exército Sebastião Curió Rodrigues de Moura e outros militares responsáveis pela repressão à Guerrilha do Araguaia na década de 70, durante a ditadura.” [Não lincamos Antagonista]

Se fode aí, trouxa!

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5. A manifestação

A Folha fez uma boa matéria apontando como grupos religiosos e pró-intervenão militar organizaram a manifestação de domingo com a ajuda de políticos bolsonaristas:

“Um dos movimentos de apoio ao ato foi o acampamento “Os 300 do Brasil”, montado em Brasília. O grupo tem entre os organizadores o assessor parlamentar Evandro de Araújo Paula, do gabinete da deputada federal Bias Kicis (PSL-DF), e é liderado pela militante Sara Winter, que se declara uma ex-feminista que aderiu às fileiras do bolsonarismo. Em posts atribuídos a eles em redes sociais, o movimento pede adesão de pessoas que estejam dispostas a passar por um treinamento com especialistas em “revolução não-violenta e desobediência civil”, técnicas de “estratégia, inteligência e investigação” e instrução sobre “táticas de guerra de informação”. Os interessados são informados que devem se apresentar à base para depois serem encaminhados para um “QG” secreto, para onde não podem levar celulares.

O grupo montou um acampamento em frente ao estádio nacional Mané Garrincha, próximo à Esplanada dos Ministérios. O acampamento acabou sendo desmantelado pela Polícia Militar. Membros de outros movimentos disseram que o grupo está agora baseado em uma chácara no entorno de Brasília. Apontada como principal líder, a militante Sara Winter chegou a atuar no Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, comandado por Damares Alves. Winter —cujo verdadeiro nome é Sara Fernanda Giromini— vem sendo acusada nas redes de seguir a ideologia nazista. Em um post nas redes sociais, publicou a foto de uma reunião em que teriam sido discutidos assuntos do grupo. Na foto aparece Evandro de Araújo Paula, assessor da deputada bolsonarista Bia Kicis. “Estou só ajudando de forma administrativa esse movimento a acontecer. Estou fazendo contato com as caravanas, conversando com as lideranças, acionando as lideranças em grupos de WhatsApp para a gente manter esse contato”, disse.” [Folha]

Bia Kicis finge que não é com ela:

“A deputada Bia Kicis afirma que não tem nenhuma ligação com os “300 do Brasil”. “O meu assessor é uma pessoa livre, um cidadão livre. Ele esteve lá, ajudou o pessoal, mas já se afastou”, disse a deputada. “Ele não faz parte do grupo, até porque eu pedi pra ele, apesar de ser livre, eu falei: ‘É melhor ficar distante disso’. ​Outra pessoa presente na foto postada por Winter é Desiré Queiroz, que atuou com Damares na equipe de transição, embora não tenha sido nomeada para o ministério. Em breve nota, o ministério informou que “[a ministra] as conhece dos movimentos pró-vida. Sara Winter foi exonerada a pedido. A ministra não tem qualquer relação com os movimentos citados”.”

Sara Winter, viado, que quadra miserável da história.

“Outro movimento que participou ativamente de convocações foi o “Direita Conservadora”, liderado pelo psicólogo e ativista político Wagner Cunha, de Uberlândia (MG). Figura recorrente em manifestações, no domingo ele discursou no trio elétrico ao lado de Cibelle Rodovalho, prima do ex-deputado federal Robson Rodovalho, líder da Igreja Sara Nossa Terra, um dos principais apoiadores de Bolsonaro no meio gospel. Num vídeo em que chama público para o evento, postado no Facebook, Cunha aparece em uma transmissão com Cibelle e defende que Bolsonaro use as Forças Armadas para destituir ministros do Supremo. “O Bolsonaro, como chefe das Forças Armadas, comandante supremo, pode afastar temporariamente os ministros do STF. Ele afasta e instaura o Superior Tribunal Militar para julgar esses ministros pelos crimes contra a nação brasileira. Inclusive, agora, o Alexandre de Moraes, o Lex Luthor, acabou de cometer um”, diz o ativista.”

Depois ele diz que a manifestação não teve nada de anti-decmocrática, tá ok?

“A PGR (Procuradoria-Geral da República) investiga quais são os eventuais organizadores e financiadores de outros atos, ocorridos em 19 de abril. Nesta segunda, a PGR informou que eventual manifestação sobre o novo evento se dará caso receba representações para apurar ilegalidades. A Constituição proíbe o financiamento e a propagação de idéias contrárias à ordem constitucional e ao Estado democrático de Direito. Prevê como crimes inafiançáveis e imprescritíveis ações desse tipo, promovidas por grupos armados, civis ou militares.”

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6. Guedes

“Após o ministro Paulo Guedes (Economia) demonstrar incômodo com o movimento de colegas para usar recursos da União para estimular o crescimento do país, o governo vai retomar a análise de novas medidas, inclusive obras públicas, para acelerar a atividade no pós-Covid-19. Nesta semana, a equipe econômica estuda uma lista de critérios a serem sugeridos ao Planalto para a escolha das medidas da retomada. As negociações deverão dar o rumo do programa Pró-Brasil, anunciado em abril pela Casa Civil prevendo investimentos públicos, o que gerou dúvidas sobre a continuação da agenda liberal de Guedes.” [Folha]

A calma e tranquilidade com que eles tocam iusso é constrangedor, os primeiros rascunhos dessa porra tinham que ser feitos lá em Fevereiro:

“Uma primeira lista de critérios sugeridos para o programa já foi apresentada pelo Planalto aos integrantes da Economia. Entre eles estão capacidade de gerar crescimento e iniciativas que dependam do Executivo e não tanto do Legislativo (para que andem mais rápido). Agora, a equipe econômica irá enviar suas sugestões de critérios. Questionado, Guaranys não comenta quais serão porque eles ainda estão em discussão. Mas estudo da pasta obtido pela Folha na semana passada sinaliza quais critérios serão sugeridos. A pasta defende, por exemplo, obras que tenham mais potencial de gerar emprego e renda. Após a definição desses critérios pelo governo, o Planalto irá colher dos demais ministérios uma lista de projetos que possam ajudar na retomada.”

Mas a verdade é que não tem dinheiro nem pras obras já previstas  esses dementes juram que não vão quebrar o teto de gastos, calcule aí a demência:

“Segundo Guaranys, ministros vêm demonstrando preocupação até mesmo para garantir recursos para obras já previstas. De qualquer forma, Guaranys ressaltou que mais obras públicas serão feitas acomodando os recursos no Orçamento e que o Ministério da Economia não trabalha com a flexibilização do teto de gastos.”

Cottinuam delirando na negação, em condições normais o teto já seria um erro, imagine numa pandemia.

“Na visão do secretário-executivo, mais obras públicas não representam necessariamente uma ruptura em relação ao modelo defendido por Guedes. “Serão analisados quais projetos de investimento público são importantes e o que é preciso para intensificar esse crescimento. É possível que isso seja feito, dentro da nossa ótica? Sim”, disse.”

Ora, se não é um rompimento porque nao se investiu em 2019 em obras que garantiriam crescimento?! Sadomasoquismo?! Porra, não fode…

“Em parte, as ações dependem de aprovação no Congresso. Apesar do clima de animosidade entre os Poderes, Guaranys disse que não há ruptura e que o diálogo continua existindo com o Congresso.”

Aham, só ontem Boslonaro autrorizou reunião de ministros com o Maia mas o diálogo tá uma beleza. Temos inclusive imagens excluisvas do diálogo, chupa, GloboNews!

theo

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7. Portaria do Palácio

Que shit show do caralho!

“Tá ao vivo a CNN? A Globonews não? A Record? A Globonews não? A Globo não vai botar o que eu vou falar aqui hoje, quero rebater uma só questão do Moro, tem duas, né? Primeiro, nenhum momento pedi relatório de inquérito, mentira deslavada, tenho até vergonha de falar isso aqui. Ele falou em reunião de minstros, cê acha que em reunião de minstros eu ia pedir algo ilegal?”

Bolsonaro percebeu o absurdo do raciocínio e complementou

“Eu não peço ilegal nem em indiviudal, que dirá de forma coletiva. Foi muito batidos nesses dias, eu vi no Fasntástico, JN, outra TV também, mostrando uma… o Sérgio Moro foi correndo entregar o telefone para o Willian  Bonner, foi correndo entregar pra Globo, como sempre ele entregava as coisas pra Globo há muito tempo”

“É ujm homem que inclusive tinha peças de relatórios parciais, de coisa que eu passva pra ele, entregar isso pra Globo? É crime, crime federal, pela Lei de Segurança Nacional”

Ele tá falando da mensagem do Antagonista, viado! Link do antagonista virou “peças de relatório parcial“!

“O pessoal que tá assistindo minha live aí, eu tenho qu desligar a live porque eu quero mostrar uma prova pra vocês… eu espero ver no Jornal Nacional hoje à noite que isso aí é fofoca”

caetano

Sim, viado, ele vai mostrar o próprio telefone para os jornalistas!

‘Como presidente da república, até me sinto chateado de fazer isso aí, isso aqui é uma coisa particular minha, mas vamos ver”

E vai o imbecil, mostra a tela e confirma que ele sugeriu a troca por uma perseguição aos deputados bolsonaristas, vai ser burro assim lá na casa do caralho!

“Isso é uma prova do quê? Interferência da PF na opnião do senhor Sérgio Moro. agora vou trazert pro dia anterior, o mesmo link, isso foi no dia anterior”

Era a segunda vez que ele mandava o mesmo link, que demente!

“Ele começa “Isso é fofoca”,o Moro diz que isso é fofoca, se ele diz que isso é fofoca ele diza que esse procesos no STF não tem deputado, e nem Carlos Bolsonaro”

calaboca

Que interpretação free-style maravilhosa!

“Nao sei porque o Antagonista sempre teve materias favoráveis ao Moro, nunca contrárias, nao vou acusar dele etatr passando informações pra Anatagonista, passava pra Globo, isso eu sei que ele passava”. (5’30”)

E ele insiste que Moro teve acesso ao inquérito sigiloso, fascinante.

Ah, e esse imbecil mostrou uam mensagem pressionando Moro por conta de uma operação do Ibama!

caetano

“Pessoal, quem deve me defender é a AGU, nao vou pagar advogado… meu líquido é em torno de 23 mil, nao dá pra pagar advogado que ja defendeu alguém da Lava-jato, não dá, da Odebrecht, não dá” (7’12”)

A platéia foi ao delírio nessa estocada no Moro.

E Bolsonaro pediu desculpas pelo “cala boca” dado pela manhã nos jornalistas, que coisa rara:.

“Desculpa aí se eu fui grosseiro com uma senhora e um senhor aqui”

E foi só isso!

“Eu cobrei do serviço de inteligencia da Marinha, da Aeronatucia, do Exéricto, da Abin, da PF, eu cobrei de todos” (12’40”)

Imagine a cara de babaca do Heleno ao ouvir esses pedidos preisdenciais, é a Abin quem compila as informações de inteligência dos diversos órgãos e repassa ao presidente, porra.

“Essa movimento espontânea que tá na rua, no domingo, tava dentro da minha casa, salve i o povo, na minha frente ninguem falou em fechar o congresso, o stf… tinha uns caratzes que falava alguma coisa, fora issofora aquqilo, nada alem disso. e voces falando que eu participei de manifestacao anti-democrática”

Sim, participou. E participou pra caralho!

Bolsonaro diz que Lula queria fazer controle social da mídia e que a imprensa não falava nada, que realidade paralela bizarra, foi uma histeria do caralho, mesmo que diversos países tenham feito o mesmo e em nenum deles tenha sido denunciado um plano comunista.

O gran finale:

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8. Covid-17

Que capa, Piauí, beijo na boca de vocês!

capapiaui

Do Gustavo Gindre:

“Não é verdade que morreram 600 pessoas hoje de coronavirus. E isso por dois motivos. Primeiro, por conta da subnotificação. Segundo, porque esse número diz respeito às mortes que hoje foram confirmadas como sendo de coronavirus. Várias delas ocorreram há dias ou mesmo semanas. Esse número é como olhar a luz das estrelas, na verdade estamos vendo o passado e não o presente. Estes dois fatos somados nos permitem concluir três coisas. 1) Morreu bem mais gente hoje do que esses 600. 2) Quantas pessoas morreram? Não temos a menor idéia. 3) Nossas estratégias, na melhor das hipóteses, estão combatendo o passado da pandemia e não o presente. Sabendo disso tudo é que o ministro da Saúde estava correto ao dizer que estamos voando às cegas.” [Facebook]

Somos o novo epicentro da pandemia:

“Um estudo realizado por pesquisadores brasileiros independentes e voluntários aponta o Brasil como o novo epicentro de coronavírus no mundo. De acordo com o levantamento, até 4 de maio, o país tinha entre 1,3 milhão e 2 milhões de casos confirmados da doença, mais do que o registrado nos Estados Unidos, atual epicentro, com 1,2 milhão de casos, segundo o monitoramento da universidade americana Johns Hopkins. O número apresentado no Portal Covid-19 foi calculado com base em modelos matemáticos que têm como base a Taxa de Letalidade da Coreia do Sul, um dos poucos países que tem conseguido realizar testes em massa – o que sugere que o índice seja mais próximo do real. A Taxa de Letalidade dos Casos é ainda ajustada a partir de um deslocamento temporal entre o registro de óbitos e a confirmação de casos. O estudo estima que o Brasil já tenha entre 10 mil e 12 mil mortos por coronavírus.

“O Brasil é hoje o principal foco da epidemia no mundo. O atraso dos resultados e a subnotificação nos levam a lidar com números muito distantes da realidade. Não estamos conseguindo gerenciar a pandemia. O que estamos fazendo é apenas lidar com os casos de internação, mas sem um cenário preditivo”, explica à Crescer o professor Domingos Alves, da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo (USP), que integra a equipe do Portal Covid-19. “A média mundialmente aceita de pacientes que precisam ser hospitalizados por Covid-19 gira em torno de 15%. Se temos hoje 107 mil casos notificados no boletim oficial, e sabemos que, por falta de testes, só estão sendo testadas pessoas internadas, não é difícil concluir que 85% das pessoas contaminadas com a Covid-19 não aparecem na estatística. Isso se levarmos em consideração apenas as falas do próprio governo. Sabemos, porém, que os números são ainda maiores”, explica Domingos Alves.” [Globo]

O ministro novo se esmera para não inspirar qualquer confiança, rapaz dedicado:

“Em reunião nesta terça-feira (5) com os secretários estaduais de Saúde descrita como tensa, o ministro Nelson Teich (Saúde) comprometeu-se a promover uma campanha publicitária em defesa do isolamento social.” [Folha]

Agora vai, hein, ninguém segura o Brasil!

“No encontro, como antecipado pelo Painel, o ministro foi cobrado a engordar a ajuda financeira, a acelerar a habilitação de leitos de UTI (que, dizem, está “muito atrasada”) e a definir de que modo o governo federal ajudará no custeio dos hospitais de campanha. Os secretários cobraram do ministro uma diretriz mais clara de sua gestão para o combate ao coronavírus. Ele, então, assumiu o compromisso de fazer campanha focada em distanciamento social e cuidados de prevenção, como lavagem das mãos.”

Pede pra sair, “ministro Rubens”!

“Os secretários se queixam de que o governo federal tem enviado mais recursos aos municípios do que aos estados, que estão arcando com os investimentos praticamente sozinhos. No Pará, por exemplo, os 720 leitos de campanha montados não tiveram ajuda. Além disso, mais de 90% dos leitos de UTI são bancados pelo governo estadual” [Folha]

Não existe nenhum brasileiro mais arrependido que o ministro da Saúde:

“O oncologista Nelson Teich, que assumiu o Ministério da Saúde há exatos 18 dias, ainda não mostrou a que veio. A avaliação é de secretários estaduais, parlamentares e autoridades do Sistema Único de Saúde SUS que participaram de reuniões e videoconferências com o ministro nos últimos dias. Segundo os relatos, a impressão é de falta de conhecimento da gestão pública e uma atuação tutelada por militares e pelo Palácio do Planalto. Sempre ao lado do general Eduardo Pazuello, “número 2” no ministério, Teich sai pela tangente quando confrontado por assuntos mais espinhosos, como fim da quarentena e compra de respiradores. O novo ministro, por sua vez, tem evitado confrontar o presidente. Bolsonaro tem aumentado a aposta ao atacar governadores que decretam quarentenas e voltou a participar de atos pró-governo com aglomerações, como ocorreu no domingo, em Brasília. Horas após a manifestação, em pronunciamento em Manaus, Teich calou-se sobre o fato de o chefe do Executivo ter atropelado recomendações de organismos de saúde e da própria pasta sobre distanciamento social.

Nos bastidores, secretários de Estados e de municípios dizem, em tom irônico, que o verdadeiro ministro da Saúde é Pazuello, pois, em reuniões, o militar trata sobre o que a pasta de fato entregará. Teich usa termos vagos, segundo estes interlocutores, e afirma que “busca dados” ainda para praticamente todas as situações. A composição da equipe de Teich reflete acordos do governo Bolsonaro para costurar apoio tanto da ala militar como de partidos do “centrão” no Congresso. O general Pazuello foi indicado por Bolsonaro ao cargo de secretário executivo, “número 2” do ministério. No cargo, ele fica responsável por áreas estratégicas da saúde durante a pandemia, como de compras e dados. O secretário executivo adjunto, também nomeado na gestão Teich, é o coronel Elcio Franco Filho. A Secretaria de Vigilância em Saúde foi prometida ao PL, do ex-deputado Valdemar Costa Neto, condenado no mensalão e investigado pela Lava Jato. Ainda não há nome para o cargo. A pasta hoje é ocupada pelo epidemiologista Wanderson Oliveira, que ganhou projeção ao formular a estratégia contra a covid-19. Oliveira continua no cargo durante a transição.” [Estadão]

Como é burro…

Muito, muito buro. O sujeito em plena pandemia tem tempo de responder tweet do Lula, porra!

E vem aí lockdown no Nordeste:

“O Comitê Científico do Consórcio do Nordeste alertará, em seu próximo boletim, que os picos das curvas de contágio da covid-19 e de mortes causadas pela doença podem não ocorrer antes de junho. Os pesquisadores devem sugerir ainda que os Estados da região intensifiquem o isolamento social e façam um planejamento para um muito possível “lockdown”, com critérios específicos, associados a “políticas de segurança”. A medida extrema deverá ser adotada quando a ocupação dos leitos superar 80% e a curva de mortes ainda continuar subindo. No Maranhão, por exemplo, mais de 85% dos leitos estavam ocupados até anteontem. A Secretaria da Saúde do Ceará (Sesa) informou que a taxa de ocupação de leitos de UTI para Covid-19 nas unidades sob gestão da Sesa é 96% na região de Fortaleza e 93% no Estado. “O ‘lockdown’ é eficaz para reduzir a curva de casos e dar tempo para reorganização do sistema. É sabido que países que o implementaram conseguiram sair mais rápido do momento mais crítico”, diz trecho da minuta do boletim. Cientistas alertam para a rapidez com que a epidemia está chegando ao interior do Nordeste, “região com menos estrutura sanitária”. O número de casos confirmados de covid-19 nos municípios da região dobrou em dez dias, chegando a 874 anteontem.” [Estadão]

E já que o governo federal nada faz…

“O governador Rui Costa (PT) publicará decreto para contratar médicos formados no exterior. As “brigadas” atuarão como uma espécie de “Mais Médicos” no Nordeste. Trata-se de demanda dos nove governadores da região. A Bahia será o campo inicial. O texto permite que universidades possam fazer o seu “Revalida” para liberar a atuação profissional dos interessados. A medida encontra resistência no governo e no Conselho Federal de Medicina.”

Do Hélio Schwartzman

“Com hospitais públicos lotados, e os privados com vagas ociosas, devemos adotar uma fila única para leitos de UTI? A igualdade de acesso a ventiladores apela a nosso senso de justiça. Constitui um argumento poderoso em favor da fila única, mas talvez ele seja forte demais. Eu me explico. Há décadas vemos todos os dias pacientes do sistema público morrendo —de câncer, doenças cardíacas e até de infecções em tese fáceis de tratar— por falta de vagas para atendimento, enquanto elas sobram na rede privada. A menos que enxerguemos na Covid-19 uma particularidade metafísica que não exista nas outras moléstias, é difícil sustentar que a regra de acesso igualitário deva valer só durante a epidemia e não sempre. Quem abraça o argumento deve estar pronto a aceitar suas consequências lógicas, que são as de que precisamos investir num sistema público universal de saúde (até aí quase todos chegamos) e proibir qualquer tipo de medicina privada que permita acesso diferenciado (o que nenhum país democrático faz).

Meu ponto é que qualquer um que não seja um socialista à antiga admite algum desequilíbrio. O que precisamos discutir é em que grau o toleraremos. Não há dúvida de que devemos otimizar a utilização dos recursos disponíveis, não só durante a epidemia, mas sempre. Se houver vagas ociosas na rede privada e superlotação na pública, é legítimo e necessário que haja algum tipo de compartilhamento, mas ele deve ser negociado, e é preciso assegurar que os hospitais sejam remunerados tempestivamente de acordo com seus custos, ou muito em breve poderemos ver unidades fechando por falta de viabilidade econômica. Tratando-se de Brasil, porém, podemos esperar um processo bem mais caótico, que combine judicialização com decretos de requisição “ad hoc” de autoridades do Executivo, que ignorarão a sustentabilidade do negócio. Ou seja, poderemos piorar em vez de otimizar a oferta de vagas.” [Folha]

E Bolsonaro não só vai matar muita gente com sua loucura como vai fodeer qualquer recuperação pós-pandemia, puta que pariu.

Hora de afetar surpresa:

“O COVID-19 Treatment Guidelines Panel – conhecido, desde março, por the Panel– recomendou, nos últimos dias, o não uso dos seguintes medicamentos: Combinação da cloroquina associada à azitromicina– por causa dos efeitos tóxicos. E a Lopinavir/Ritonavir (Kaletra) ou outros inibidores (AIII)– em consequência de dinâmica desfavorável e testes negativos. A testagem foi realizada entre dezembro de 2019 e abril de 2020.” [Estadão]

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9. Economia em tempos de pandemia

Do Vinícius Torres Freire:

“A economia afunda? Quanto? Não se sabe bem, e pouca gente parece querer saber. Em março, a produção da indústria caiu mais de 9% ante fevereiro. A estimativa média era de queda de uns 4%. Parece faltar informação sobre o tamanho da desgraça e, portanto, medida razoável da reação necessária para atenuá-la. Abril deve ter sido pior na indústria, pois foi um mês inteiro de paradão da pandemia. Projeção preliminar de economistas do Bradesco indica uma baixa de outros 6%, sobre março. Despiora? Ressalte-se: é queda sobre queda, cava-se dentro de um buraco. Os serviços são um setor muito maior na economia; pode ser que uma despiora salve abril de um desastre geral maior. Mas não sabemos.

Os economistas do departamento de pesquisa macroeconômica do Bradesco também fizeram um primeiro exercício sobre o que pode ser a queda da renda em meses de epidemia. Isto é, o que dá a soma dos rendimentos totais do trabalho, dos benefícios sociais habituais e os benefícios sociais específicos para os tempos de epidemia? No exercício, é considerada a massa mensal dos rendimentos do trabalho (soma de todos os “salários”). Supõe-se que o rendimento médio dos trabalhadores formais caia 25%; o dos informais, 50%. Haverá compensação parcial dessa perda, com seguro-desemprego extra e o auxílio emergencial para os informais. Os benefícios sociais rotineiros continuam na mesma.

A perda total de massa de rendimentos seria então de pouco mais de 8% por mês, neste exercício ainda muito preliminar e pouco balizado por dados reais de salários, que tão cedo não vão existir, aliás. Caso essa situação se estendesse para o ano todo, o consumo das famílias cairia quase 6%. O PIB, mais de 6%. Não é o cenário desses economistas, que ora preveem queda de 4%, pois imagina-se alguma recuperação na segunda metade do ano. A gente só pode imaginar, porém. O ritmo da economia depende também do ritmo da epidemia, com ou sem isolamento social. Faz mais de dez dias que há dúvidas sobre o ritmo do espalhamento da doença e suas mortes. Não sabemos desde fins de abril se o ritmo da doença parou de fato de desacelerar (se a taxa de crescimento de mortes está caindo).

Caso a epidemia não desacelere de modo relevante, medidas de isolamento e o medo recessivo da doença vão durar por mais tempo: mais mortes por mais tempo, mais meses desespero nos hospitais, mais medo nas ruas e nos negócios, mais dificuldade de retomada de alguma vida normal. Mais do que a pior da história conhecida, a recessão seria convulsiva. Como se diz faz dois meses, a desaceleração da epidemia depende de isolamento e outras políticas de contenção do espraiamento da doença, para qual não há plano do governo federal, que sabota de resto as medidas regionais e locais mais sensatas. Pouca gente ainda parece ligar.” [Folha]

Até que enfim eu entendi o que é quantitative easing, logo mais num BC peto de você – a explicação é da Mônica de Bolle:

“O termo “monetização” é aplicável a variadas circunstâncias. Por exemplo: quando o banco central norte-americano – o Fed – compra títulos de longo prazo do Tesouro nos mercados secundários, a operação conhecida como “quantitative easing” (ou afrouxamento quantitativo), ele “monetiza”. O processo se dá da seguinte forma: de um lado, o Fed entra no mercado como comprador; de outro, um banco entra como vendedor. O encerramento da transação se dá com a aquisição de títulos pelo Fed, que se tornam parte do seu ativo, enquanto o depósito do banco no próprio Fed é creditado no montante da compra. Esse depósito faz parte do passivo do Fed, ele constitui as reservas bancárias que, por sua vez, compõem a base monetária. O aumento das reservas bancárias decorrente dessa transação eleva a base monetária, o que significa que houve uma “monetização”. Essa monetização, entretanto, fica circunscrita ao balanço do Fed – não há mais dinheiro circulando na economia em decorrência dela. Portanto, não há risco de inflação proveniente dessa ação, como já está mais do que comprovado. Isso significa que esse tipo de monetização é plenamente compatível com um regime de metas inflacionárias. Em breve, o Banco Central (BCB) brasileiro poderá fazer essa operação, pois a PEC 10 de 2020 o permite. O uso de “quantitative easing” é um dos instrumentos adicionais de que os bancos centrais dispõem para combater os efeitos agudos da crise que hoje atravessamos. Não há qualquer problema em fazer isso no contexto brasileiro, pois, como dito, a operação se limita a inflar o balanço do BC sem ameaças ao regime de metas inflacionárias. Mas consideremos o regime de metas inflacionárias. O Brasil está muito próximo de viver algo inédito na sua história, como tenho escrito nesse espaço. Vamos enfrentar um quadro de depressão econômica, com possível queda de dois dígitos do PIB em 2020, acompanhado de um processo deflacionário.” [Estadão]

Eu tinha chutado -8% há um tempo e tô me sentindo ridiculamente otimista.

“Deflações são situações de quedas generalizadas do nível de preços: não se trata da queda do preço de um ou outro bem ou serviço, mas de todos os bens e serviços. Essas situações, sobretudo quando se configuram em espirais deflacionárias, isto é, quedas contínuas de preços movidas pela expectativa de que os preços continuarão a cair, são extremamente danosas para a economia. Empresas perdem receita e capacidade de sobrevivência, consumidores perdem renda, governos perdem capacidade de arrecadar. A razão dívida/PIB explode. Trata-se de uma situação de falência econômica múltipla. Não é exagero dizer que espirais deflacionárias são piores do que as hiperinflações do nosso passado. Com essas se convive, penosamente. Na situação de espiral deflacionária, um banco central que nada faz não está cumprindo o regime de metas. Afinal, o regime estabelece um piso e um teto para a inflação. Se a inflação acima do teto é um problema, a inflação abaixo do piso, possivelmente em território negativo, é um problema de magnitude igual ou pior. Países que viveram situações deflacionárias mostram a dificuldade de quebrar esse ciclo. Para evitá-lo e cumprir, na medida do possível, o regime de metas inflacionárias, cabe ao Banco Central lançar mão de todos os instrumentos à sua disposição, o que inclui a monetização explícita. Trata-se da emissão monetária para cobrir os déficits do governo, como faz hoje o Banco da Inglaterra (BoE). O BoE o faz não por ser o Reino Unido um país rico e de moeda forte.”

Lembre-se que o presidente do BC é um demente bolsonarista.

“É comum que nós, brasileiros, achemo-nos diferentes dos outros também em matéria de economia, e nosso passado inflacionário sustenta essa percepção. Mas sejamos honestos: perante o abismo da deflação, todos somos iguais. Não se olha para o abismo com complacência.”

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10. Toma-lá-dá-cá virtuoso

Canta aí, Heleno, “se gritar pega centrão, não fica um, meu irmão

“O Diário Oficial da União traz hoje a nomeação de Fernando Marcondes de Araújo Leão para comandar o Dnocs (Departamento Nacional de Obras contra as Secas). É o primeiro movimento oficial de peso da nova aliança política formada pelo governo de Jair Bolsonaro com os partidos integrantes do Centrão. A indicação foi feita pelo PP e o posto era cobiçadíssimo entre os parlamentares pelo seu alcance político. Assim como os demais partidos do Centrão, o PP receberá outros cargos importantes. Em troca, apoiará o governo Bolsonaro no Congresso. A parceria é nova, mas a política é velhíssima: está de volta, oficializada pelas paginas do DOU, a surrada e condenada prática do toma lá, dá cá.” [Facebook]

Imagine aí a confusão dum bolsonarista: O herói Moro saiu disparando contra o mito que defende a família interferindo na PF, Guedes tá completamente perdido sendo atropelado por generais desenvolvimentistas, Bolsonaro abraçu o Centrão e é o pior presidente do mundo no combate à pandemia. Não deve estar fácil.

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11. Regina e o maestro da Funarte

Os imbecis do governo nomearam o tal maestro de novo e recuaram de novo, viado!

tenor (2)

“O dia de ontem foi um exemplo e tanto da instabilidade de Regina Duarte à frente da Secretaria Especial de Cultura. Há dois meses no comando da pasta, a atriz amanheceu com a notícia de que Dante Mantovani — presidente da Funarte na gestão de seu antecessor Roberto Alvim —, que foi demitido por ela, havia sido reconduzido ao cargo. À sua revelia. Reclusa em São Paulo desde que começou a recomendação de isolamento social por conta da epidemia de coronavírus, Regina demonstrou surpresa a aliados quando soube da publicação no Diário Oficial, assinada pelo ministro-chefe da Casa Civil, Braga Netto. No fim da tarde, no entanto, o presidente Jair Bolsonaro reconsiderou a decisão e tornou sem efeito a nomeação — na hora em que Mantovani falava com o GLOBO ao telefone, sem saber da novidade. Uma pequena vitória da atriz em um mar de frustrações. Ela viajou a Brasília e conversará com Bolsonaro hoje para definir seu destino.

No Palácio do Planalto, Regina é vista por alguns como “a fritura da vez”. A própria atriz disse a uma interlocutora que achava que estava sendo dispensada, em áudio obtido ontem pelo site “Crusoé”, e ouve que Edir Macedo já teria indicado seu substituto. Procurado pelo “Jornal Nacional”, o bispo disse que não era verdade. O presidente andaria incomodado com algumas nomeações que ela pretendia fazer de pessoas associadas à esquerda pelos militantes bolsonaristas. Aliados dele disseram ao GLOBO, entretanto, que Bolsonaro não estaria disposto a arcar com o desgaste da demissão da atriz neste momento, após as saídas de dois ministros populares de seu governo (Sergio Moro, da Justiça, e Luiz Henrique Mandetta, da Saúde).” [O Globo]

Caralho, demitiu Moro e Mandetta e tá com medo de Regina “Eu tenho medo” Duarte, puta que pariu…

“Maestro que ficou conhecido por ligar rock a satanismo e aborto, o presidente da Funarte foi um dos nomes mais controversos da gestão de Roberto Alvim na Secretaria Especial da Cultura. Interlocutores do Planalto associam seu “quase” retorno a uma indicação do vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ), e também a uma retomada de poder da ala ideológica, ligada a Olavo de Carvalho. O filho do presidente também teria articulado para que um ex-assessor seu, Luciano da Silva Barbosa Querido, se tornasse diretor executivo da Funarte. Esta nomeação, também feita ontem, seguia valendo até o fechamento desta edição, às 20h30m.

Enquanto a “renomeação” de Mantovani era revogada por meio de uma portaria de Diário Oficial Extra, o maestro, desavisado, conversava ao telefone com a reportagem do GLOBO sobre seus planos. Contou que estava preparando um relatório de seus 90 dias à frente da Funarte para tentar uma audiência com Bolsonaro. Ele também comentou sobre planos de lançar um edital de emergência para socorrer artistas durante a pandemia de Covid-19, e disse estar pronto para retomar o diálogo com a secretária Regina Duarte. Até para esclarecer sua associação entre rock e satanismo.

— Não tive a oportunidade de explicar a ela que aquilo veio de uma aula on-line, baseado em teorias de três livros acadêmicos que pesquisam o uso ideológico de várias vertentes musicais por grupos políticos — disse o maestro. — Sou do diálogo, sempre. Quero falar com ela da mesma forma que fiz quando estive à frente da Funarte, com todos os grupos. Também espero que ela esteja aberta ao diálogo com todos, não só com a esquerda.”

“Na semana passada, o presidente Jair Bolsonaro lamentou a ausência da secretária da Cultura em Brasília e disse que “gostaria que ela estivesse mais próxima” . Afirmou ainda que ela tem tido problemas em lidar com questões que desagradam ao governo: — (A secretaria tem) muita gente de esquerda pregando ideologia de gênero, essas coisas todas que a sociedade, a massa da população, não admite. E ela tem dificuldade nesse sentido.”

E olha o padrão:

“Mantovani não é o único exemplo de vaivém na pasta. No dia 24 de abril, o psicólogo e historiador Aquiles Brayner teve sua nomeação como diretor do Departamento de Livro, Literatura e Bibliotecas anulada três dias após ele ter sido nomeado. Apesar de ter trabalhado no gabinete pessoal do presidente anteriormente, ao ganhar um cargo na Cultura ele foi alvo de uma campanha difamatória, incluindo ataques homofóbicos, movida por perfis bolsonaristas. Para eles, Brayner seria um “esquerdista infiltrado no governo”.”

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12. Giro

Do Nelson de Sá:

“De uma hora para outra, desapareceram as manchetes digitais sobre a cobrança pelos EUA de reparação da China, da Fox News ao New York Times. No lugar, em letras menores, como na home do NYT, “Coronavírus chegou à França em dezembro, dizem médicos, reescrevendo a linha do tempo da epidemia”.

Começou com a entrevista ao vivo de um dos médicos franceses ao canal de notícias BFM TV, no domingo (acima, à esq.). Ele relatou que foi constatado, em amostra coletada em 27 de dezembro na periferia de Paris, um caso de coronavírus. E que a mulher do paciente, não testada, havia tido sintomas no dia 20.

Na segunda a Reuters já despachou que, “Após retestar, hospital francês descobre caso de Covid-19 em dezembro”. Mas os veículos e agências dos EUA, como Wall Street Journal, Fox News e Associated Press, só foram entrar no assunto na terça.

O NYT lembrou então que “médicos nos EUA documentaram mortes pelo vírus semanas antes do que foi reportado inicialmente, e uma projeção sugere que surtos silenciosos se espalharam por semanas antes da detecção”. No caso da França, acrescentou o WSJ, talvez “meses antes”.” [Folha]

E restou ao Fauci desentir Pompeo e Trump:

“As manchetes sobre cobrança de reparação chinesa haviam sido motivadas por entrevistas de Donald Trump e seu secretário Mike Pompeo, dizendo ter evidências de que o vírus saiu de um laboratório em Wuhan. Na segunda, com repercussão, a National Geographic entrevistou Anthony Fauci, principal referência da força-tarefa americana contra a Covid-19, sob o título “Não há nenhuma evidência científica de que o coronavírus foi feito num laboratório chinês”. Ele lamenta o “argumento circular”.”

Os argentinos têm um bom exemplo de Idéias boas executadas de forma merda:

“Começou na prisão de Devoto, encravada no meio da cidade de Buenos Aires, no último dia 24. Informados de que um dos carcereiros havia apresentado sintomas de coronavírus, os detidos armaram o primeiro motim. Colocaram fogo em colchões e abriram, a golpes, o teto da penitenciária. Lá do alto, mascarados e com paus e pedras, pediam para sair da cadeia. Cartazes diziam “não queremos morrer aqui dentro”. A rebelião durou dias e foi registrada pelos próprios presos, que, com celulares, gravaram e publicaram cenas do motim nas redes sociais. Enquanto isso, em outras prisões da província de Buenos Aires, outros tumultos começaram a ocorrer. Numa penitenciária na cidade de Florencio Varela, detentos fizeram greve de fome para conseguir água sanitária, máscaras e atendimento médico. Com a quarentena, foram proibidas as visitas aos presidiários. Muitos alegam não ter o que comer, porque, argumentam, dependem do que os familiares costumavam levar —já que as porções oferecidas nos centro de dentenção não dão conta de atender a todos. A situação piorou quando dois presos apresentaram sintomas da doença e foram isolados. Os demais começaram a queimar colchões e a exigir libertação, com medo de serem infectados.

A situação se repetiu também em outras províncias, como Córdoba, Salta e San Luis. O presidente argentino, Alberto Fernández, disse concordar com as recomendações da ONU e da Comissão Interamericana de Direitos Humanos para transferir detentos que cometeram delitos leves ou não violentos para prisão domiciliar e transmitiu a sugestão à Justiça. Muito mais difícil, porém, foi colocá-la em prática. Apenas na província de Buenos Aires há 52 mil presos em penitenciárias deveriam abrigar, no máximo, 24 mil. Frente à situação, juízes tomaram decisões diferentes, mas a maioria se viu obrigada a liberar também os que haviam cometido crimes graves, mesmo que sem tornozeleiras eletrônicas, pois as que existem no país já estão sendo usadas. Assim, foram libertados mais de 1.700 detentos, e muitos deles se encontram na categoria de criminosos graves, como o empresário Carlos Dalmasso, 58, condenado em 2013 a 12 anos de cadeia por ter estuprado seus dois filhos adotivos. Ou Eugenio Llul, 67, também condenado à mesma pena por abusar sexualmente de uma neta. Foi então que as críticas começaram a surgir, ameaçando a lua de mel entre Fernández e a população argentina.

Dia sim, dia não, panelaços vêm de varandas e janelas das grandes cidades. As convocatórias para os atos deixam claro que a libertação de presos é o motivo. Para a advogada penalista Florencia Arietto, “cabe à Justiça fazer uma triagem”. “Há presos que não podem sair, aqueles que cometeram assassinatos, estupros, crimes de narcotráfico. Tampouco devem ser abandonados à morte. Precisam ser alimentados, cuidados pelo Estado, mas dentro das cadeias, cumprindo suas penas.” Juízes que determinaram a soltura de presos por crimes graves afirmam ter se baseado na idade dos detentos, uma vez que idosos fazem parte do grupo de risco da Covid-19.” [Folha]

Porra, não dava pra soltar só os coroas com crimes mais leves não?!

“O ex-ministro do Supremo Eugenio Zaffaroni defende a soltura dos presos como forma de “evitar uma hecatombe na área da saúde”. Segundo ele, parte da população carcerária ainda não foi condenada ou recebeu penas curtas —e poderia sair da cadeia no contexo da pandemia. “Estamos numa situação de emergência, à beira de uma catástrofe, e o Estado é responsável pela integridade física e pela saúde dos presos.” Nesta terça (5), a Suprema Corte da Província de Buenos Aires suspendeu as libertações —mas a medida é restrita à província e não inclui a capital nem o resto do país. Com o aumento dos protestos, Fernández vem fazendo o possível para afastar seu nome da polêmica. Entre os gritos de guerra nos panelaços é possível escutar, aqui e ali, “fora, Fernández”.

O líder argentino, por sua vez, declarou que há “uma campanha midiática para acusar o governo de favorecer os condenados”. “Na Argentina, a solução do problema está nas mãos dos tribunais. São os juízes quem devem determinar as libertações.” Ainda assim, mostrou-se pró-libertação, já que, para ele, “o risco de contágio aumenta nos lugares de muita aglomeração, portanto as prisões viraram um ambiente propício para a expansão da doença”. Para evitar que mais libertações causem mais revoltas, num momento em que o presidente goza de boa popularidade (70%) devido à relativa contenção da pandemia, Fernández pediu à ministra da Justiça, Marcela Losardo, que assuma pessoalmente os pedidos de libertação e faça uma proposta para aliviar a superlotação nos presídios, problema que ocorre há décadas no país. Na segunda-feira (4), Losardo afirmou que “ninguém está de acordo em tirar da cadeia estupradores ou assassinos em série”. “Vamos resolver o problema sem tirar o foco da saúde pública.””

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13. Proeza diplomática

Mais uma desse governo inacreditável:

“O governo do Uruguai anunciou na terça-feira que, por “preocupação” com a pandemia de Covid-19 no Brasil, aumentará ainda mais o controle de fronteiras com o país, já fechadas desde março, e criará um protocolo para o fluxo de pessoas nas cidades binacionais. Segundo o secretário da Presidência uruguaia, Álvaro Delgado, o governo “está preocupado com a situação em algumas cidades fronteiriças, principalmente do lado brasileiro”. A medida foi só o mais recente sinal de preocupação de nações vizinhas com o descontrole do vírus no Brasil. Na semana passada, o presidente argentino, Alberto Fernández, se disse “muito preocupado”, porque “não parece que o governo brasileiro esteja enfrentando o problema com a seriedade que o caso requer”. Fronteiras vastas e porosas, os insistentes atos de despreocupação do presidente Jair Bolsonaro e de seus apoiadores em relação à pandemia, comunidades transfronteiriças, um fluxo comercial que não foi interrompido, atividades migratórias irregulares e sinais de que os casos proliferam sem controle em grandes capitais acenderam o sinal de alerta em vários governos regionais, disseram observadores ouvidos pelo GLOBO.

Após terem visto as duras medidas de contenção adotadas contra a Covid-19 trazerem resultados por vezes muito positivos, agora esses governos percebem um perigo na situação da pandemia no seu maior vizinho. Isto os tem levado a tornar ainda mais rigoroso o controle do fluxo de pessoas que vêm do Brasil, o que pode vir a ter graves consequências econômicas. — As percepções são extremamente importantes. Se a percepção for de que o Brasil não está tomando medidas suficientes para controlar a disseminação do vírus, então é extremamente provável que vejamos medidas adicionais para quarentenar e criar um cordão sanitário em torno do país — afirmou Ivan Briscoe, chefe na América Latina do International Crisis Group, organização de análise de conflitos.

A manutenção do tráfego comercial também inquieta governos. Embora viagens turísticas e o transporte público e privado tenham sido suspensos, o transporte de mercadorias permanece ativo e deve exigir cada vez mais atenção. Na Argentina, a primeira morte na província de Misiones foi a do caminhoneiro Héctor Vidotto, que se contaminou em viagem a São Paulo para buscar frutas, e também infectou a mulher. O Brasil é a principal força econômica da região, e a noção de que está desgovernado gera o temor de que os efeitos serão prolongados, afirmou Mônica Hirst, professora visitante no Iesp-Uerj. — Há uma reversão de expectativa do que se esperaria do Brasil, um país que tem um peso muito grande na região. Isolar-se de um país pequeno, com quem se mantêm relações comerciais irrelevantes, é uma coisa. Isolar-se do Brasil por causa de uma ameaça é muito mais difícil e custoso.

Entre os dez vizinhos, quem mais deve sofrer é a Argentina, que tem no Brasil seu principal parceiro. A sensação em Buenos Aires é de que o vizinho está à deriva, afirmou Oliver Stuenkel, da FGV-SP. — Esta é uma velha regra nas últimas décadas: sem uma participação pró-ativa do Brasil, a região não consegue se recuperar bem — afirmou Stuenkel. — Um país menor não vê muita chance de recuperação, porque vê o Brasil em estado de negação. Além disso, veem também a crise política, que preocupa muito. Apesar do combate à pandemia ser relativamente descentralizado no Brasil, disse Stuenkel, a postura de Bolsonaro “é crucial para essa percepção, porque ele é o cartão de visitas do país” e “totalmente diferente dos demais líderes, o que impacta muito a reputação brasileira”.” [O Globo]

Lembrando que esse governo perdeu o protagnosimo latino-americano para a produção de vacina para os caras que jogam a Concacaf.

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14. Um Trump Muito Louco

“Os Estados Unidos tiveram uma queda histórica na balança comercial do agronegócio neste primeiro trimestre de 2020. Pela primeira vez, as importações superaram as exportações. Os dados são do FAS (Foreign Agricultural Service), do Usda (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos), e foram divulgados nesta terça-feira (5). O déficit comercial no setor agropecuário é pequeno. As exportações ficaram em US$ 34,6 bilhões de janeiro a março, apenas US$ 24 milhões a menos do que as importações. Esse desbalanço do setor, no entanto, mostra uma política errática do presidente do Donald Trump, que saiu de acordos comerciais importantes e colocou barreiras em mercados de peso, como o da China. O cenário não é bom também no chamado ano fiscal, iniciado em outubro de 2019. De lá para cá, as exportações somam US$ 71 bilhões, com saldo positivo de apenas 2% em relação às importações.

No primeiro trimestre do ano, os Estados Unidos ganharam força na América do Norte, em parte da Ásia e no norte da África. As exportações americanas recuaram, porém, em vários mercados importantes para o agronegócio. Entre eles estão a União Europeia, o Reino Unido, o Oriente Médio, a América do Sul e alguns países da Ásia, como Japão, Taiwan e Coreia do Sul. A situação só não foi pior porque a China está em busca de carne em qualquer parte do mundo. Com isso, as vendas de carne de frango dos americanos para os chineses subiram 1.056% nos três primeiros meses do ano, em relação a igual período de 2019. A de porco teve evolução de 401% e a de bovino, 8%. A evolução é em dólares.” [Folha]

E o aumento da soja americana pelos chineses ainda não se concretizou:

“A esperada importação de soja pela China, como quer Trump, ainda não ocorreu. Os chineses deixaram apenas US$ 1,1 bilhão para os americanos nas compras da oleaginosa neste primeiro trimestre do ano, 39% menos do que no anterior. Ao contrário dos Estados Unidos, o Brasil ganha força nas exportações e no saldo comercial agrícola neste ano, graças às exportações de soja e de carnes.A esperada importação de soja pela China, como quer Trump, ainda não ocorreu. Os chineses deixaram apenas US$ 1,1 bilhão para os americanos nas compras da oleaginosa neste primeiro trimestre do ano, 39% menos do que no anterior. Ao contrário dos Estados Unidos, o Brasil ganha força nas exportações e no saldo comercial agrícola neste ano, graças às exportações de soja e de carnes.”

O Nelson de Sá explicou:

“O problema de Trump é o Brasil, onde, segundo a Reuters, “os preços da soja alcançaram valores nominais recordes na esteira da forte desvalorização do real ante o dólar”, levando a recorde de importação pela China. Sites como Sohu registram que os preços brasileiros caíram tanto que, mesmo com a derrubada das tarifas chinesas sobre a soja americana, o Brasil segue em vantagem. Segundo a agência Xinhua, até a “Petrobras registrou recorde de exportações em abril”, graças à China.” [Folha]

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>>>> Mais tempo: “O Congresso pode abrir uma brecha, com aval do governo, para ampliar o período máximo dos acordos de redução de jornada e salário previsto pela medida provisória (MP) 936. Em vigor desde 1º de abril, o texto começará a ser analisado nesta semana pelos parlamentares e pode ser alterado. Pela redação atual, o regime especial só pode ser pactuado entre empregados e empregadores por até três meses. Caso a mudança seja feita, a União teria que prorrogar também o pagamento do chamado Benefício Emergencial (BEm), que compensa as perdas de renda dos trabalhadores abrangidos pelos acordos. O Ministério da Economia admite essa mudança. Segundo uma fonte da equipe econômica, a prorrogação só seria admitida caso a ampliação do prazo passasse pelo crivo do Executivo. Ou seja, a redação permitiria que, se houver necessidade, o governo possa ampliar o período de salários reduzidos e complemento por meio do BEm. Parlamentares também querem alterar a fórmula de cálculo do benefício proposto pelo governo, que tem como parâmetro as parcelas do seguro desemprego, que variam entre R$ 1.045 e R$ 1.813. Os deputados sugerem elevar este teto para três salários mínimos (R$ 3.135), mas a equipe economia não concorda e estima uma despesa adicional acima de R$ 20 bilhões. ” [O Globo]

>>>> Urge uma guilhotina: “Na avaliação do presidente e fundador da XP, Guilherme Benchimol, o Brasil está indo bem no controle do coronavírus e o pico da doença nas classes altas já passou. “Acompanhando um pouco os nossos números, eu diria que o Brasil está bem. Nossas curvas não estão tão exponenciais ainda, a gente vem conseguindo achatar. Teremos uma fotografia mais clara nas próximas duas a três semanas. O pico da doença já passou quando a gente analisa a classe média, classe média alta. O desafio é que o Brasil é um país com muita comunidade, muita favela, o que acaba dificultando o processo todo”, disse Benchimol em transmissão ao vivo do jornal O Estado de S. Paulo… Benchimol, porém, se diz confiante e elogiou o trabalho de Luiz Henrique Mandetta no comando do Ministério da Saúde e vê o atual ministro Nelson Teich “na direção certa” “Vamos sair dessa mais rápido do que as pessoas imaginam”.” [Folha]

>>>> O escroto do Kustner se fodeu! “A 1° Turma Recursal do TJ manteve a decisão que condena o youtuber bolsonarista Bernardo Küster a indenizar em R$ 20 mil e dar direito de resposta ao teólogo Leonardo Boff, representado pelo advogado João Tancredo. Küster foi processado por insinuar que Boff teria “desviado recursos públicos no valor de R$ 13 milhões”. Na sentença, o juiz Marcelo da Costa afirma que réu, ao ser questionado, afirmou: “Eu não tenho prova nenhuma”. O juiz também destacou “a incitação ao ódio”.” [O Globo]

>>>> Quem tem cu tem medo: “Oito deputados bolsonaristas entraram com um mandado de segurança no STF para pedir a troca do presidente da CPMI das Fake News, senador Angelo Coronel (PSD-BA). Na ação, os deputados também pedem a suspensão dos trabalhos da comissão e a anulação das reuniões e depoimentos feitos na CPMI. Assinam o pedidos os deputados do PSL Filipe Barros, Bia Kicis, Bibo Nunes, Alê Silva, General Gião, Aline Sleutjes, Carla Zambelli e Carlos Jordy. Na semana passada, Gilmar Mendes negou um pedido de Eduardo Bolsonaro para impedir a prorrogação da CPMI.” [Não lincamos Antagonista]

>>>> Cadeias de produção pós-pandemia: “A globalização como a conhecemos atingiu seu pico em 2007. Desde então, os fluxos internacionais de comércio sofreram o baque da crise de 2008 e nunca voltaram ao nível anterior. Mesmo a participação das cadeias na economia mundial parou de crescer, ficando na casa dos 50%, segundo o Banco Mundial. Essa relativização, como dito, não é uniforme. A crise do coronavírus foi mais óbvia no setor de fármacos. Talvez 80% dos insumos consumidos no Brasil venham da China e da Índia, que restringiu exportações por motivos de biossegurança: no aperto, os países priorizam seus habitantes. Nos EUA, a importação é de 72%. Máscaras cirúrgicas, item essencial hoje, são 95% importadas da China, o que levou o governo a aplicar um ato de tempos de guerra para eventualmente forçar empresas a redirecionar suas linhas de produção. Segundo o Instituto de Gestão de Suprimentos (EUA), a mais tradicional instituição de estudos sobre o tema do mundo, havia pouco preparo para a crise. Em março, o instituto fez uma pesquisa com 628 grandes integrantes americanos de cadeias globais para aferir o impacto da paralisação da produção chinesa devido à emergência sanitária. Nada menos do que 44% dos ouvidos disseram não ter planos de contingência na área, e 75% deles relataram algum tipo de interrupção de seus fornecedores chineses. No Brasil, o setor químico é um dos mais preocupados com o desenvolvimento da crise. Há quatro anos, 30% de seus insumos vinham de fora; hoje o índice é de 43%. “Nós temos escala global para produzir muitas coisas, mas hoje importamos ureia e amônia para fertilizantes”, diz Ciro Marino, presidente da Abiquim (Associação Brasileira da Indústria Química). O setor virou um caso de estudo no começo da pandemia. O Brasil tem álcool de sobra, mas não produzia o espessante para fazer a agora imprescindível versão em gel.” [Folha]

 

Um comentário em “Dia 491 | E os generais, patriotas que são, se foderam de verde e amarelo | 06/05/20

  1. caralho, tive que vir aqui só pra comentar a bosta que foi a edição deste dia

    pra que enfiar um monte de O QUE? no áudio? pra parecer engraçado?

    conseguiu cagar no programa, agindo como um retardado

    pqp, que trem nojento de escutar

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