Dias 501, 502 e 503 | Por muito, muito menos, Collor renunciou e Dilma caiu | 15, 16 e 17/05/20

O podcast volta amanhã, sempre de terças às sextas, e você ouve os episódios lá na Central3: [Central3]

Ah, e hoje foi uma correria do caralho, perdoem os erros de digitação.

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1. Flávio desmaiando em looping

Hora de afetar surpresa – eu pensei em resumir a matéria mas o relato do Marinho é tão detalhado e delicioso que vou com ele mesmo:

“Eu me recordo de um episódio que aconteceu antes de ele [Bolsonaro] assumir o governo que talvez ilustre um pouco melhor essa questão. Eu vou te contar uma história que nunca revelei antes porque não tinha razão para falar disso. Eu tenho até datas anotadas e vou ser bem preciso no relato que vou fazer, porque talvez ele explique a sua pergunta. Quando terminou o segundo turno da eleição [em 28 de outubro], o capitão Bolsonaro fez a primeira reunião de seu futuro ministério em minha casa [no Rio]. Estavam o vice-presidente Hamilton Mourão, o Onyx Lorenzoni [futuro ministro da Casa Civil], o Paulo Guedes [Economia], o Bebianno e o coronel [Miguel Angelo] Braga [Grillo], para discutir o desenho dos ministérios do futuro governo. Ela começou às 9h e terminou às 17h. Foi o último dia que vi o capitão Bolsonaro. Nunca mais estive com ele.

No dia 12 de dezembro, uma quarta-feira, me liga o senador Flávio Bolsonaro [filho do presidente] me dizendo que queria falar comigo, por sugestão do pai. A Operação Furna da Onça [que investigava desvio de recursos públicos da Assembleia Legislativa do Rio] já tinha sido detonada e trazido à tona o episódio do [Fabrício] Queiroz [que tinha trabalhado no gabinete de Flávio na Assembleia e é acusado de integrar o esquema]. Flávio estava sendo bombardeado pela mídia. O Queiroz estava sumido. Ele me disse: ‘Gostaria que você me indicasse um advogado criminalista’. E combinamos de ele vir à minha casa às 8h do dia seguinte, uma quinta-feira, 13 de dezembro. Passei a mão no telefone e liguei para o advogado Antônio Pitombo, de São Paulo, indicado por mim para defender o capitão no processo da [deputada] Maria do Rosário no STF [Supremo Tribunal Federal]. E ele me indicou um advogado de confiança, Christiano Fragoso, aqui do Rio.

No dia seguinte, quinta-feira, 13, às 8h30, chegam na minha casa Flávio Bolsonaro e o advogado Victor Alves, que trabalha até hoje no gabinete do Flávio, é advogado de confiança dele. Estávamos eu, Christiano Fragoso, Victor e Flávio Bolsonaro. Flávio começa a nos relatar o episódio Queiroz. Ele estava absolutamente transtornado. E esse advogado, Victor, dizendo ao advogado Christiano que tinha conversado com o Queiroz na véspera e que o Queiroz tinha dado a ele acesso às contas bancárias para ele checar as acusações que pesavam contra o Queiroz. O Victor estava absolutamente impressionado com a loucura do Queiroz, que tinha feito uma movimentação bancária de valores absolutamente incompatíveis com tudo o que ele poderia imaginar. Já o Flávio estava ali lamentando a quebra de confiança do Queiroz em relação a ele. Dizia que tudo aquilo tinha sido uma grande traição, que se sentia muito decepcionado e preocupado com o que esse episódio poderia causar ao governo do pai. Ele chegou até a ficar emocionado, a lacrimejar.” [Folha]

flavio

“E Flávio então nos conta a seguinte história: uma semana depois do primeiro turno, o ex-coronel [Miguel] Braga, atual chefe de gabinete dele no Senado, tinha recebido o telefonema de um delegado da Polícia Federal do Rio de Janeiro, dizendo que tinha um assunto do interesse dele, Flávio, e que ele gostaria de falar com o senador. O Braga disse: ‘Ele está muito ocupado e não costuma atender quem não conhece’. Estou te contando a narrativa do Flávio e do advogado Victor para nós, Paulo Marinho e Christiano, do outro lado da mesa. O senador contou que disse ao coronel Braga que se encontrasse com essa pessoa [o delegado] para saber do que se tratava. Estava curioso. E aí marcaram um encontro com esse delegado na porta da Superintendência da Polícia Federal, na praça Mauá, no Rio de Janeiro.

O coronel Braga, o advogado Victor e, sempre segundo o que eles me contaram, a Val [Meliga], da confiança do Flávio e irmã de dois milicianos que foram presos [na Operação Quatro Elementos]. Eles foram para a porta da Polícia Federal. O delegado tinha dito [ao coronel Braga]: ‘Você vai ver. Quando chegarem, me liga que eu vou sair de dentro do prédio da Polícia Federal’. O delegado saiu de dentro da superintendência. Na calçada —eu estou contando o que eles me relataram—, o delegado falou: ‘Vai ser deflagrada a Operação Furna da Onça, que vai atingir em cheio a Assembleia Legislativa do Rio. E essa operação vai alcançar algumas pessoas do gabinete do Flávio [o filho do presidente era deputado estadual na época]. Uma delas é o Queiroz e a outra é a filha do Queiroz [Nathalia], que trabalha no gabinete do Jair Bolsonaro [que ainda era deputado federal] em Brasília’. O delegado então disse, segundo eles: ‘Eu sugiro que vocês tomem providências. Eu sou eleitor, adepto, simpatizante da campanha [de Jair Bolsonaro], e nós vamos segurar essa operação para não detoná-la agora, durante o segundo turno, porque isso pode atrapalhar o resultado da eleição [presidencial]’. Foram embora, agradeceram. Estou contando o que [Flávio Bolsonaro] me falou.

Ele [Flávio] comunicou ao pai [Jair Bolsonaro] o episódio e o pai pediu que demitisse o Queiroz naquele mesmo dia e a filha do Queiroz também. E assim foi feito. [Fabrício Queiroz foi exonerado no dia 15 de outubro de 2018 do cargo de assessor parlamentar 3 que exercia no gabinete de Flávio na Assembleia Legislativa. A filha dele, Nathalia Melo de Queiroz, foi exonerada no mesmo dia 15 do cargo em comissão de secretário parlamentar no gabinete do então deputado federal Jair Bolsonaro]. Vida que segue. O capitão ganha a eleição [no dia 28 de outubro]. Maravilhoso. No dia 8 de novembro é detonada a Operação Furna da Onça, com toda a pompa e circunstância. Começa o episódio Queiroz.”

Os Bolsonaros juram que não tinham contato com Queiroz, lembra?

“Eu falei [para Flávio]: ‘Está aqui o advogado Christiano Fragoso, recomendado pelo Pitombo, que vai te orientar. Até porque você está com a sua consciência tranquila e não tem o que temer. O que houve foi quebra de confiança do Queiroz em relação a você’. O Christiano virou-se para o Flávio e disse: ‘Quem precisa de um advogado é o Queiroz’. O Flávio disse: ‘Eu não estou mais falando com o Queiroz. Não o atendo mais até para que amanhã ninguém me acuse de que estou orientando o Queiroz nos depoimentos. Quem está falando com o Queiroz é o Victor [advogado amigo da família e que estava na reunião com Paulo Marinho]’. [Na época, a família Bolsonaro dizia não ter contato com Queiroz.] O Christiano disse: ‘Precisamos arrumar um advogado que sirva ao Queiroz. Não posso ser esse advogado. Até porque sou de uma banca, nós somos top, o Queiroz não teria condições [de contratá-lo], né?’. E ele indicou o advogado Ralph Hage Vianna, que até então eu não conhecia, para representar o Queiroz. Na mesma quinta-feira, o Queiroz vai ao encontro desse advogado indicado pelo Christiano. E vai acompanhado pelo Victor [o advogado do gabinete de Flávio]. E eu viajei para São Paulo. Quando ela terminou, eu liguei para o Gustavo Bebianno e relatei tudo o que ouvi. Ele estava em Brasília, no escritório da transição de governo. Eu disse que era melhor ele contar tudo o que estava acontecendo para o presidente. E assim foi feito.”

“Que satisfação, aspira”! “Pede pra sair“, filho da puta! E se você lembrar de falas do Tropa de Elite que eu possa usar contra esses dementes favor mandar pelos comentários ou lá no twitter.

Agora adivinhe quem fez parte das investigações que levaram à Operação Furna da Onça…

“Em 2017, Ramagem integrou a equipe responsável pela investigação e inteligência de polícia judiciária na Operação Lava Jato. Em uma das ações que comandou, a Operação Cadeia Velha, ocorreu a prisão de integrantes da cúpula da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro). Foi Ramagem quem comandou a operação cujo desdobramento produziu o primeiro relatório sobre Fabrício Queiroz, suspeito de ser o operador da “rachadinha” no antigo gabinete de Flávio Bolsonaro na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro.” [Folha]

O amigão do Tonho da Lua que comanda a ABIN e Bolsonaro queria no comando da… PF!

Péra…

Calma aê, viado!

Ufa, pronto. Mentira!

A matéria abaixo é de novembro de 2018:

“O Ministério Público Federal (MPF) encontrou indícios de que, mesmo preso há mais de um ano, o deputado estadual Paulo Melo (MDB) e outros alvos da Operação Furna da Onça agiram para tentar obstruir investigações sobre um esquema de corrupção dentro da Assembleia Legislativa do Rio (Alerj). Os indícios de tentativas de obstrução ao trabalho de investigadores são citados numa sentença do desembargador federal Abel Gomes, que transformou a prisão temporária de seis deputados em preventiva, atendendo a um pedido do MPF. A solicitação foi embasada na suspeita de que informações sobre a Operação Furna da Onça vazaram antes de sua realização, na última quinta-feira. Em sua decisão, Abel Gomes detalha o teor de anotações apreendidas pelo MPF e pela Polícia Federal na casa da chefe de gabinete de Paulo Melo, Andreia Cardoso do Nascimento. De acordo com promotores, ele a orientou, por escrito, a “destruir elementos de convicção, apagando registros de conversas, e-mails, fotos em redes sociais, dentre outras ações. [O Globo]

Tudo se liga, absolutamente tudo. O sumiço do Queiroz, a ascensão do Ramagen, a tara presidencial por interferência, os filhos fodendo a presidência do pai e por aí vai.

E sim, a PF sabia das estripulias do Queiroz desde antes da eleição de 2018:

“Relatório produzido pelo Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras) sobre casos de movimentação financeira fora do padrão de servidores da Assembleia do Rio de Janeiro (Alerj) reforça a versão divulgada pelo empresário Paulo Marinho de que a Polícia Federal sabia de irregularidades envolvendo Fabricio Queiroz, então assessor de Flávio Bolsonaro no legislativo estadual em 2018. O documento do Coaf foi elaborado em janeiro daquele ano e enviado ao Ministério Público Federal e à Polícia Federal. Ele faz parte da documentação que deu origem à chamada operação da PF “Furna da Onça”.” [O Globo]

E o desembargador do TRF-2 tentou jurar que não houve adiamento por motivos eleitorais, o que aocnteceu foi… adiamento por motivos eleitorais!

“O fundamento foi que uma operação dirigida a ocupantes de cargos eletivos, deputados em vias de reeleição inclusive, como foi a Furna da Onça, não deveria ser deflagrada em período eleitoral, visto que poderia suscitar a ideia de uso político de uma situação que era exclusivamente jurídico-criminal, com o objetivo de esvaziar candidatos ou até mesmo partidos políticos, quaisquer que fossem, já que os sete deputados alvos da Furna da Onça eram de diferentes partidos.”

Ora, Moro soltou delação do Palocci 5 dias antes da eleição, o Bretas fodeu com Eduardo Paes também pouco antes da eleição, eu sou sequelado mas lembro, não fode!

E Bebianno, malandro, deixou claro que há um telefone do Bebianno escondido, ele tá exibindo o seguro de vida enquanto estende o dedo do meio para o Bolsonaro:

“O Gustavo tinha um telefone celular por meio do qual interagiu durante toda a campanha [presidencial de 2018] e a transição de governo com o capitão. Eles se falavam muito por WhatsApp. O capitão adorava mandar mensagens gravadas para ele. O Gustavo tinha esse conteúdo imenso [de mensagens], na mais alta intimidade que você pode imaginar. Eram conversas íntimas que provavelmente deviam ter revelações interessantes. Um dia, num ato de raiva pela demissão injusta que sofreu, tratado como se tivesse sido um traidor quando foi o que mais fez pelo capitão, ele deletou grande parte desse conteúdo. E deixou esse telefone com uma pessoa nos Estados Unidos. Depois parece que ele resgatou de novo o conteúdo. Ele ficou muito marcado pela demissão, com muito desgosto, melancolia. Ele morreu de decepção, de tristeza mesmo. Mas ele não era homem-bomba. Não tinha nada que pudesse tirar o capitão do governo por algo do passado…Ele dizia: ‘O capitão vai se enfraquecer de tal maneira que só vai ter a saída do golpe para se manter no poder. E ele é louco para fazer o golpe’. Ele tinha certeza que isso ia acontecer.”

Mas pra mim essa é a parte mais reveladora:

“A primeira coisa que percebi é que não se tratava de um mito. Outras pessoas do núcleo duro achavam isso. O Gustavo [Bebianno] mesmo tinha pelo capitão uma admiração. Achava que ele era um estadista, um líder, o homem que iria colocar o Brasil em outro patamar. Eu olhava o capitão, com aquele jeito tosco dele, e algumas coisas me chamavam a atenção. Por exemplo: ele era incapaz de agradecer às pessoas. Chegava uma empregada minha, servia a ele um café, um assistente entregava um papel, e ele nunca dizia um obrigado. Eu nunca ouvi, durante o ano e meio em que convivi, ele expressar a palavra obrigado a alguém. Um gesto mínimo. Pode não parecer nada, mas demonstra uma faceta da personalidade dele. Será que é uma pessoa apenas de maus hábitos, que não tem educação? As piadas eram sempre homofóbicas. Os asseclas riam, mas elas não tinham nenhuma graça. E, no final, ele realmente despreza o ser feminino. Tratava as mulheres como um ser inferior. Não tinha uma mulher na campanha dele. Nunca houve. A única, a distância, foi a Joice [Hasselmann, deputada federal], que ficava em São Paulo. Não tinha mulher na campanha dele, só homem. Ele gostava mesmo era de conversar com os seguranças dele. Policiais militares, batedores. Ele se sentia em casa, ficava horas conversando, contando piada.”

A Época em 2018 fez uma matéria sobre o coronel Braga e parece que o Tonho da Lua não gosta dele, ciúme é uma merda:

“Se Braga e Queiroz se parecem no passado militar, na lealdade à família Bolsonaro e nas contas expostas à Justiça, há pontos de divergência. Enquanto o ex-PM sempre foi unanimidade no núcleo familiar do presidente, Braga não despertava os sentimentos mais nobres de Carlos, o zero dois. No Rio, o militar mudou-se para a Tijuca, coincidentemente, para o mesmo prédio em que o filho do meio do presidente morava com a mãe, Rogéria. Com frequência, o coronel esbarrava com Carlos no elevador do prédio e, segundo contam alguns conhecidos, não o cumprimentava, o que gerou queixas do irmão.” [Época]

É a primeira pessoa do entorno do Bolsonaro que tem culhão pra contrariar o Tonho.

E Flavinho Desmaio conseguiu a proeza de escrever uma nota de defesa que não aponta nenhuma mentira na versão do Bebianno, fascinante:

O desespero de Paulo Marinho causa um pouco de pena. Preferiu virar as costas a quem lhe estendeu a mão. Trocou a família Bolsonaro por Dória e Witzel, parece ter sido tomado pela ambição. É fácil entender esse tipo de ataque ao lembrar que ele, Paulo Marinho, tem interesse em me prejudicar, já que seria meu substituto no Senado. Ele sabe que jamais teria condições de ganhar nas urnas e tenta no tapetão. E por que somente agora inventa isso, às vésperas das eleições municipais em que ele se coloca como pré-candidato do PSDB à Prefeitura do Rio, e não à época em que ele diz terem acontecido os fatos, dois anos atrás? Sobre as estórias, não passam de invenção de alguém desesperado e sem votos.” [Folha]

“O desespero de Paulo Marinho causa um pouco de pena”, viado!

flavio

Esssa tara dos Bolsonaros por lealdade é mafiosa até não poder mais. E o segundo trecho sublinhado cai como uma luva para Gilma e Michel Miguel.

Encerro com o Gustavo Gindre:

“Paulo Marinho é homem de negócios. Casou com a ex esposa de um famoso playboy e gigolô dominicano e ali começou sua arrancada. Depois veio a Maitê Proença, com quem viveu anos e teve um filha, mas com quem tomou o cuidado de não casar no papel para que sua esposa não perdesse a pensão de filha de procurador. Circulando nos meios globais, conheceu os Medina e tratou de aproxima-los de Moreira Franco para “facilitar” a vida do Rock in Rio. Se tornou amigo e sócio do Nelson Tanure no estaleiro Verolme, especializando-se em vencer licitações com a Petrobrás pedindo pagamentos abaixo do custo e depois majorando os valores em termos aditivos. Através de Tanure conheceu Daniel Dantas e se envolveu nas tramóias deste com a Brasil Telecom e operadoras de telefonia celular. Na briga entre Dantas e Tanure, acabou grampeado negociando notas a favor de Tanure com o jornalista Ricardo Boechat (que terminou demitido de O Globo). Nos governos do PT se tornou amigo do peito de José Dirceu a quem ajudou mesmo depois da sua cassação. Na casa que possui em Brasília rolavam altos jantares com Dirceu, Sarney, Sérgio Cabral, Eduardo Paes e outros. Com a queda do PT acabou se aproximando de João Dória e posteriormente de Bolsonaro. Cedeu sua própria casa na Barra da Tijuca para sede da campanha de Bolsonaro, botou dinheiro na campanha e ganhou de brinde a suplência do senador Flávio Bolsonaro. Rompido com Bolsonaro, é candidato a prefeito do Rio representando os interesses da candidatura do Dória a presidência da República em 2022. Se tem alguém que pode causar um estrago se abrir a boca, esse é o Paulo Marinho.” [Facebook]

De amador e ingênuo ele não tem nada.

“O empresário Paulo Marinho disse a interlocutores que tem provas para comprovar as acusações que fez contra o senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ). A pessoas próximas, Marinho relatou que, se for chamado para depor em uma eventual investigação, “apresentará provas mostrando que falou a verdade”. Também disse que não falaria nada se “não estivesse seguro” das informações.  [O Globo]

A PGR pediu que a PF tome o depoimento do Marinho, que já está sob escola policial, autorizada pela Whitney.

Encerro com Janaina do Brasil, o que se passa nessa cabecinha?!

Que cretina do caralho! Ela não quer impeachment por motivos de… “E o PT?!”. Ninguém, ninguém desmoraliza mais o impeachment da Gilma que Janaina do Brasil.

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2. A fatídica reunião

A versão do Bolsonaro, inacreditavelmente sustentada pelos mui honrados milicos, é um castelo de cartas em meio ao furacão. Se o esporro era direcionado ao Heleno por conta da segurança de sua família o que vai abaixo deve ter se dado em alguma realidade paralela.

“O presidente mesmo disse que a segurança dele é responsabilidade do Gabinete de Segurança Institucional (GSI). Mas uma apuração do JN mostra que, 28 dias antes da reunião, o presidente tinha promovido o responsável pela segurança, em vez de demiti-lo. E ainda promoveu, para o lugar dele, o número dois da diretoria. E, mesmo no Rio de Janeiro, houve troca na chefia do escritório do GSI menos de dois meses antes da reunião ministerial.” [G1]

flavio

“O general André Laranja Sá Correa é o comandante da Oitava Brigada de Infantaria Motorizada do Exército, localizada em Pelotas (RS), desde o dia 31 de março deste ano. É uma posição importante na estrutura do Exército, já ocupada, entre outros, pelo atual ministro-chefe da Secretaria de Governo, Luiz Eduardo Ramos. Mas, até o dia em que foi promovido, o general Sá Correa era diretor do Departamento de Segurança Presidencial, cargo que ocupava desde o começo do ano passado. A promoção de Sá Correia para general-de-brigada e a nomeação para o comando da brigada no Rio Grande do Sul foi publicada no dia 26 de março e entrou em vigor em 31 de março. Por causa dessa promoção, ele deixou no mesmo dia a direção da Segurança Presidencial, conforme decreto assinado pelo presidente Bolsonaro. O até então diretor-adjunto, Gustavo Suarez, assumiu o posto.”

Restou aos generais balbuciar que a promoção é questão interna do Exército, como se o presidente que quer derrubar o comando do Exército respeitasse a autonomia das forças armadas. Mas por que diabos o número 2 vitou número 1 se Bolsonaro tava puto com a segurança de sua famiglia?! Vamos à fala presidencial fatídica reunião ministerial:

“Já tentei trocar gente da segurança nossa no Rio de Janeiro oficialmente e não consegui. Isso acabou. Eu não vou esperar f. minha família toda de sacanagem, ou amigo meu, porque eu não posso trocar alguém da segurança na ponta da linha que pertence à estrutura. Vai trocar. Se não puder trocar, troca o chefe dele. Não pode trocar o chefe, troca o ministro. E ponto final. Não estamos aqui para brincadeira.”

Ora, se trocas já haviam sido feitas ele não estava falando da segurança de sua famiglia, resta mais do que óbvio.

“Houve ainda uma terceira mudança recente de cargos na segurança do presidente, mais um sinal de que não havia dificuldade para trocar ninguém desta equipe. Foi em um posto mais baixo na hierarquia, no escritório do Rio do GSI. Em 28 fevereiro, menos de dois meses antes da reunião do dia 22 de abril, o chefe do escritório, o coronel Luiz Fernando Cerqueira, foi substituído pelo tenente coronel Rodrigo Garcia Otto.”

Vontade de sair no soco com um general de merda, né, minha filha?!

“O Planalto informou que não comentará o assunto. O Gabinete de Segurança Institucional não respondeu até a publicação desta reportagem.”

General Heleno comentou sim:

Opa, me enganei:

calaboca

Olha o naipe da resposta, só nos resta concordar, realmente não encontra respaldo na realidade. É muita senilidade pra dar conta. E ainda tem general Heleno em 2019 em sua cerimônia de posse no GSI elogiando a inteligência do governo Temer e esculhambando a Gilma:

“A nossa missão no Gabinete de Segurança Institucional é basicamente tratar da segurança e das viagens do Presidência da República, e, mais ainda, cuidar do sistema de inteligência brasileiro, ser o cabeça desse sistema. E esse sistema foi recuperado pelo general Etchegoyen (ex-ministro), pois ele foi derretido pela senhora Rousseff, que não acreditava em inteligência” [Época]

E que maravilha é o Moro apontando desequilíbrio de forças, o mundo dá voltas, queridinha:

Sergio Moro e seus advogados foram surpreendidos com a petição da AGU, em favor do presidente da República, no inquérito junto ao STF.  A transcrição parcial revela disparidade de armas, pois demonstra que a AGU tem acesso ao vídeo, enquanto a defesa de Sérgio Moro não tem”. [Época]

Das melhores aspas do dia de hoje:

“Aliados de Jair Bolsonaro preveem que o vídeo da reunião ministerial de 22 de abril vai ser fatal para dois ministros, segundo a Crusoé. São eles: Abraham Weintraub e Ernesto Araújo. Um bolsonarista que frequenta diariamente o Palácio do Planalto disse para Igor Gadelha: Se publicarem esse vídeo na íntegra, Weintraub vai preso por ordem do Supremo e Ernesto cai” [Não lincamos Antagonista, beijo, Mainardi]

Abraham em cana, chega a rolar uma lágrima…

Alô, Celsão, pede esse caderno do vice emprestado…

“Enquanto o país se arvorava em descobrir os detalhes da reunião ministerial de 22 de abril, citada por Sergio Moro como prova de interferência da Bolsonaro na PF, Hamilton Mourão mantinha o objeto de desejo nacional em suas gavetas. Assim como faz em praticamente todas as reuniões de governo, ele anotou os diálogos mais importantes daquela tarde, acompanhados de seus comentários pessoais.” [O Globo]

É hoje que Celsão decide pela divulgação parcial ou na íntegra – o texto é da Míriam Leitão:

“Um ministro do STF acredita que o ministro Celso de Mello tem um caminho legal para qualquer uma das decisões: divulgar em partes, ou no todo o conteúdo do vídeo da reunião ministerial. A fonte acha que ele deve divulgar apenas os trechos que servirem ao que é objeto do inquérito. Mas o decano permanece com a sua atitude de sempre se fechar em copas. Inclusive lá dentro do Tribunal. Essa é a grande expectativa da semana: se será ou não divulgado o vídeo da reunião. Esse ministro explica que um caminho pode ser aplicar o artigo 9 da Lei 9.296 de 1996, “que estabelece que feita uma interceptação telefônica será aproveitado apenas o que servir à persecução criminal”, desprezando o restante que, assim, terá o sigilo preservado. A diferença é que, desta vez, não é uma interceptação telefônica. E, além disso, envolve a administração pública “que tem como princípio básico a publicidade, pelo artigo 37 da Constituição”, enfatizou a fonte. Se Celso de Mello fizer a distinção, então ele divulgará integralmente. “A privacidade do cidadão é mais larga do que a do servidor público”. A reunião ocorreu — acrescenta — para tratar de coisas do interesse público. [O Globo]

Eu exijo que esse trecho seja publicado:

“Na reunião ministerial de 22 de abril, o presidente da Caixa, Pedro Guimarães, afirmou, segundo relatos, que a pandemia de covid-19 é uma “histeria” provocada pela imprensa e disse que, se pegar a doença, vai tomar um litro de hidroxicloroquina. A fala foi vista como mais uma demonstração de alinhamento dele com o presidente Jair Bolsonaro, o que aumentou seu passe na bolsa de apostas de quem pode assumir a Economia caso Paulo Guedes deixe o cargo….do chefe. O presidente da Caixa conta ainda com a simpatia da ala militar do governo. Os generais palacianos nunca caíram de amores pela política liberal de Guedes. Contudo, o mercado financeiro vê com ressalvas a possibilidade de Guimarães assumir o Ministério da Economia. [Estadão]

Guedes tá sendo velado vivo, folgo em saber. E adivinhe quem colocou a idéia em prática…

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3. Milicos Malditos

Os generais fazem o que fazem pelo Bolsonaro e nem assim o capitão tá satisfeito, não consigo imaginar nada mais sádico para o generalato, grande dia!

“Embora recorra com cada vez mais frequência a integrantes das Forças Armadas, o presidente Jair Bolsonaro, influenciado pelos filhos, demonstra incômodo com o destaque obtido por ministros militares apontados como “tutores” e “bombeiros” de um governo que acumula crises. Para Bolsonaro, os auxiliares fardados ficam com os louros do que considera “aspectos positivos” de sua gestão, enquanto que ele e auxiliares civis afinados com o discurso ideológico são atacados. Bolsonaro, segundo apurou o Estadão, chegou a cobrar ministros para que se manifestassem publicamente contra reportagens que citam críticas de militares, de modo reservado, a ele e também como um contraponto aos filhos. De acordo com pessoas próximas ao presidente, as crises foram usadas para ver reações e posicionamentos de seus auxiliares oriundos das Forças Armadas. Segundo relatos, existe um trabalho de cruzamento do que sai na imprensa e as movimentações internas em uma tentativa de rastrear as fontes.

No dia 25 de abril, o filho do presidente e vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ) reclamou publicamente no Twitter com uma indireta aos militares. Na publicação, ele anexou uma reportagem do Estadão com o título: “Saída de Moro e troca no comando da PF têm digitais do vereador Carlos Bolsonaro”. “Notaram que tudo que pega mal à primeira vista do público a imprensa diz que eu estou envolvido, e tudo o que pega bem vai para a conta de uma determinada ‘ala’? Alguém acha mesmo que apoiar Bolsonaro e não receber críticas diárias da imprensa não é, no mínimo, incoerente”, escreveu o vereador. De acordo com interlocutores do filho do presidente, ele está convencido de que a divulgação na imprensa da existência do “gabinete do ódio” – nome dado ao grupo de assessores que mantém ligação com Carlos e que atua nas redes sociais de Bolsonaro – teve a participação de auxiliares militares do presidente, que têm a intenção de diminuir sua influência na comunicação do governo. “Será que acham que ninguém notou que a imprensa faz para esse grupo exatamente o que ela diz que um ‘gabinete do ódio’ faz para o presidente, só que neste caso com uma estrutura gigantesca e legítima, verdadeiramente capaz de assassinar reputações pois fala sob o mantra da instituição?”, atacou Carlos.” [Veja]

Tonho estrilou e os generais colocaram os respectivos rabinhos entre as pernas:

“No mesmo dia em que Carlos fez críticas à ala militar, o ministro-chefe da Secretaria de Governo, Luiz Eduardo Ramos, contestou no Twitter uma reportagem do Estadão que revelava que oficiais-generais, em caráter reservado, avaliavam que o presidente não recuperaria capital político após a saída de Moro do governo. “Nenhum de nós: Heleno, Fernando, Braga Netto e Rêgo Barros afirmamos isso”, escreveu citando respectivamente os ministros do Gabinete de Segurança Institucional, da Defesa e da Cada Civil, e o porta-voz da Presidência. Chefe do GSI, general Heleno, no último dia 12, também contestou pela rede social uma notícia da revista Veja negando que os generais tenha assistindo ao vídeo de Moro para “alinhar versão em depoimento” à PF. “Não alinhei minha versão a ninguém”, rebateu.”

Como que é, Olavão? “UM BANDO DE CAGÕES“! Inacreditável uma porra dessa…

E como mentem os generais. Não só alinham discurso em depoimento – segundo Mourão, “coisa de bandido” – como têm a cara de pau de jurar que Nelson saiu por motivos pessoais, porra!

“O ministro Teich saiu por questões de foro intimo. Conversou hoje com o presidente, conversa amigável, conversou comigo e outros ministros, sem problema nenhum. São posições diferentes, o presidente não ignora a ciência, o presidente segue os protocolos, ele tem uma visão diferente [sobre] qual é o protocolo a ser seguido e a questão do ministro Teich é uma questão realmente de foro íntimo”, afirmou Braga Netto. ” [Veja]

Todo mundo focou na parte de ignorar a ciência e esqueceram da parte mais absurda. Depois do Mandetta e do Nelson serem fritados de forma escancarada o general cheio de medalha no peito tem coragem de meter um caô desse. O Ramos foi na mesma linha:

“O general Pazuello vai ficar interino e está tocando o ministério. Como disse o ministro Braga Netto, conversei com o ministro Nelson Teich e ele estava sereno, decisão de foro íntimo. Aliás, ele na coletiva falou ‘a vida é feita de escolhas’ e ele escolheu sair, simples assim”

Lá se vai o segundo ministro da saúde em plena pandemia e o sujeito me sai com um singelo “simples assim“. Ah, e o Ramos disse que a saída “faz parte da democracia”.

Volto agora ao Braga netto:

“O presidente não é contra o isolamento, ele é contra o isolamento que vai prejudicar o emprego e vai gerar fome la na frente”

Porra, vai ver só o Bolsonaro tá preocupado com isso, um gênio incompreendido. Enquanto isso, o governo é incapaz de entender a gravidade do problema e formular a porra dum orçamento de guerra.

“Vocês vão ficar é sem emprego, não estou ameaçando não, é o mercado. Na hora que começar a faltar comida pra gente que está noticiando, talvez vocês entendam que é bom ver os dois lados. Enquanto o cabra está em casa o salário pinga todo mês, que beleza, ele está em casa e as pessoas morrendo”.

O governo se recusa a atuar como governo e a culpa é de quem tá em quarentena.

A humilhação é tamanha que os generais são ladeados pela Damares na coletiva de 500 dias do governo:

“Ninguém é obrigado a tomar cloroquina, então aqueles que não acreditam no remédio façam agora uma declaração dizendo ‘eu não quero tomar e meu filho está proibido de tomar’. Faça só isso, ninguém é obrigado a tomar, mas, antes da declaração, procure as outras correntes da ciência que estão defendendo que o remédio, adicionado ao coagulante, está dando certo. Vamos entender que a ciência tem correntes, a ciência diz que café faz mal e a ciência da outra corrente diz que café não faz mal. Cientistas do mundo inteiro estão defendendo uma corrente que a cloroquina faz bem”

A mesma Damares do anjo, viado!

“Não tem comprovação científica? Como não tem? São milhares de páginas escritas por cientistas no mundo inteiro que o remédio dá certo, que a combinação de remédios… O que mais querem? Que um anjo desça do céu para dizer que o remédio dá certo? [Folha]

Essa fala do Damares foi no Piauí, ela foi lá visitar um hospital e mentiu tal qual um general:

“Damares visitou a cidade a pedido de Jair Bolsonaro, que advoga pela aplicação do remédio para doentes da Covid-19. A ministra, por sua vez, elogiou o protocolo piauiense e disse que havia ficado “impactada” com os resultados observados. Vinte pacientes foram tratados nos últimos 15 dias usando a hidroxicloroquina na primeira fase da doença, quando aparecem os sintomas. O coordenador do Hospital Regional Tibério Nunes, Justino Moreira, no entanto, afirmou ao Painel que é “fake” atribuir o êxito do tratamento à cloroquina e enfatizou a relevância de corticóides e anticoagulantes na fase dois da doença, quando o paciente é internado. A ministra, que não tem formação médica, disse que foi à cidade porque é direito dos pacientes saber que existe esse protocolo e de escolher. E que, além disso, o primeiro direito é o direito à vida.”

Vamos ao diretor do hospital visitado:

“”Antes, a gente usava só a cloroquina na segunda fase [de internação], não adiantava, não. A pessoa evoluía mal e morria. Possivelmente, não é a cloroquina a responsável pelo resultado. Na fase grave, ela é insignificante, mas talvez na fase precoce ajude o organismo a se defender”, afirma Moreira. “O tratamento é efetivo, porque o paciente melhora rápido. Mas não é a cloroquina que está resolvendo o problema, isso é fake. Na verdade pegaram uma parte do protocolo e disseram que é a cloroquina, mas não é”, diz o médico. O hospital tem recebido pacientes do MA e do PA.” [Folha]

E chupa que é de uva, general da Defesa!

“Um grupo de ex-ministros da Defesa divulgou uma nota exortando as Forças Armadas a ignorar os pedidos por uma intervenção militar em favor do governo do presidente Jair Bolsonaro. Sem citar o atual ocupante do Palácio do Planalto, os ex-ministros pedem que os militares sigam a Constituição, que no seu artigo 142 determina que as Forças Armadas só podem ser convocadas a intervir para manter a ordem em caso de anarquia por algum dos Poderes constituídos. Nas últimas semanas, o presidente prestigiou dois atos de apoiadores de seu governo que pediam a ação dos militares na política, visando fechar o Supremo Tribunal Federal e o Congresso Nacional, instituições que na visão de governistas têm obstruído o Executivo. Entre a ala militar do governo, a ideia de que há um cerco contra o Planalto é aceita, mas nota do ministro Fernando Azevedo (Defesa) após Bolsonaro ter participado de ato golpista no dia 3 passado buscou reafirmar o compromisso democrático das Forças. Tal leitura de cerceamento do governo federal é compartilhada pelos ministros militares, mas não é corrente na cúpula fardada do país até aqui. O texto diz que os apelos à intervenção militar merecem “veemente condenação”. A Folha pediu a opinião de Azevedo sobre os termos do manifesto, mas ele preferiu não responder. A interlocutores, o ministro se disse muito contrariado com a nota, que avaliou desconsiderar as duas manifestações anteriores que ele mesmo havia feito, apesar de o teor dos textos ser bastante semelhante no que tange o papel constitucional dos militares. Três ministros do Supremo, que pediram para não serem identificados, consideraram a nota um marco importante na delimitação das tensões no país. Políticos e dois oficiais-generais da ativa ouvidos foram na mesma linha.” [Folha]

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4. Está tudo normal

Começo por essa maravilhosa citação do excelente Conrado Hubner Mendes:

“Seus filhos e seus bons amigos constituem para ele a totalidade da espécie humana.”

“Seria como a autoridade de um pai que quer preparar os homens para a masculinidade, mas procura, ao contrário, mantê-los em perpétua infância: fica satisfeito que o povo se regozije, desde que não pense em nada além de regozijo.”

(Alexis de Tocqueville, 1835, sobre a autoridade do déspota)” [Facebook]

Vamos ao déspota tupiniquim:

“Manifestação pura da democracia. Estou muito honrado com isso. O governo federal tem dado todo o apoio para atender as pessoas que contraíram o vírus e esperamos brevemente ficar livre dessa questão, para o bem de todos nós. O Brasil, tenho certeza, certeza, voltará mais forte” [Folha]

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Manifestação pura de democracia“, viado, repare?

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Tão pura que…

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Sim, presidente recebendo uma espécie de grupo para-militar que estende os braços como se o Fuher estivesse ali.

“Antes da chegada de Bolsonaro ao protesto, seguranças da Presidência pediram aos manifestantes a retirada de faixas contra o Congresso e o STF (Supremo Tribunal Federal). Uma delas chamava os dois órgãos de “sabotadores” e pedia uma nova Constituição.”

Mas o Caixão ficou:

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Inacreditável!

“Queremos fazer um Brasil melhor para todos, agradeço a esse povo maravilhoso que está aqui, ao qual devo lealdade absoluta. É aquele que deve ditar as nossas normas e nosso norte. É o que precisamos: política ao lado do povo, tendo o povo como patrão. O que nós queremos é resgatar os valores que formam a nossa nacionalidade, respeitar a família

O povo:

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E presidente deve lealdade à constituição, porra! Não tem um jornalista pra esfregar isso na cara de babaca do presidente…

“Estavam com Bolsonaro os ministros Augusto Heleno (Gabinete de Segurança Institucional), Jorge Oliveira (Secretaria-Geral da Presidência), Bento Albuquerque (Minas e Energia), Tereza Cristina (Agricultura), Onyx Lorenzoni (Cidadania), Wagner Rosário (Controladoria-Geral da União), André Mendonça (Justiça) e Marcos Pontes (Ciência e Tecnologia). Bolsonaro baixou a máscara para falar em um momento, pegou bebês no colo e levantou as mãos de ministros, descumprindo recomendações de distanciamento social. Em vários momentos da manifestação, os participantes entoavam música exaltando a cloroquina, medicamento que o presidente defende com o panaceia na pandemia, mas sem comprovação de eficácia contra a Covid-19.”

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Todo mundo cheio de trabalho. E ao que me parece o Braga Netto não estava aí, deve sero único general que ousa contrariar o capitão.

E mais uma vez teve jornalista agredido:

“Uma apoiadora do presidente Jair Bolsonaro bateu com o mastro de uma bandeira do Brasil na cabeça de uma jornalista da Band News TV que esperava para entrar ao vivo pela emissora durante manifestação em apoio ao governo, na capital federal. O episódio ocorreu pouco antes da participação de Bolsonaro no protesto. Depois da agressão, a repórter Clarissa Oliveira relatou que o tom dos manifestantes foi “bastante agressivo” em relação à imprensa. A responsável pela agressão, de acordo com ela, circulava com a bandeira do Brasil chamando profissionais da imprensa de “lixo”. Após acertar com a bandeira na cabeça da profissional, a mulher riu da situação e pediu desculpas, ainda aos risos.” [Estadão]

Encerro com essa coleção de crimes:

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Olha onde o moleque foi parar:

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Só vamos combinar uma parada: se os milicos derem o golpe não vai ter lei de anistia nem fodendo, e o Villas-Bôas será condenado nem que seja in memorium.

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5. Malditos milicos, parte 2

Como de hábito a coluna do Marcelo Godoy é tão boa que ganhou tópico próprio:

“Quando numa certa manhã, Luiz Eduardo Ramos e Walter Braga Netto acordaram de sonhos intranquilos, encontraram-se metamorfoseados em políticos. Os generais não tinham o uniforme correto, o sapato engraxado, as mãos estendidas e abertas com o polegar enérgico alinhado milimetricamente com os demais dedos a prestar a mais perfeita continência. Tentaram voltar a dormir, pois a profissão de ministro de Jair Bolsonaro cansa, vive-se aos sobressaltos como o dentista de Stalin.

A metamorfose dos generais em políticos foi o que o leitor viu quando os dois lideraram a última, mas não a definitiva, exibição de irracionalidade no Planalto. Era sexta-feira, dia 15. Braga Netto sacou para os jornalistas um gráfico sobre a covid-19 no mundo. Se a turma frequentasse os mesmos grupos de WhatsApp de quem levou o documento ao general, veria que Braga Netto estava usando um argumento antigo e difundido pelas milícia bolsonaristas. O truque que o convenceu era usar o cálculo de mortes por cem mil habitantes e comparar os dados do Brasil com países com um índice pior, como a Bélgica.

O objetivo dos bolsonaristas ao espalhar a tabela para as tias Helenas do Zap é confundir. Seria possível fazer o mesmo gráfico com outros países – China, Rússia, Índia, Indonésia, Paquistão e Argentina e, assim, colocar o Brasil em primeiro lugar no ranking de mortes por habitantes. Espera-se que Braga Netto, o general, jamais tenha cometido tal barbaridade. Mas o político é capaz de espalhar bobagens de zap zap bem como assinar a demissão do ministro Sérgio Moro. A dúvida do mundo civil é saber se Braga Netto acredita no que recebe da rede social assim como na traição de Moro ou apenas é leal ao chefe.

Ramos, seu colega que se tornou político, estava na mesma reunião querendo passar um pito nos jornalistas porque estes contaram um fato, que o País tinha mais de 15 mil mortos até aquele dia em razão da covid-19. Sabe-se que a primeira vítima de uma guerra é a verdade; o que não se sabia era a adesão do governo a essa máxima. Ramos estranha o fato de a imprensa falar em 15 mil mortes pelo coronavírus quando milhares morrem em acidentes de carro todos os anos ou porque a imprensa não fala dos milhares que se curam da nova doença.

O pior disso é ter de explicar ao político o que o general devia saber. Se lesse os relatórios de campanha do Exército brasileiro nos campos da Itália, veria que os oficiais jamais registravam nos diários de unidades como o 6º Regimento de Infantaria o total de soldados salvos na guerra. Ramos encontraria dados sobre quantas munições foram disparadas pelas companhias de petrechos pesados, quantas baixas foram causadas pelo inimigo ou pelas doenças, mas jamais encontraria ali quantos estavam vivos. Ramos quer que a imprensa reze o Te Deum antes do fim dos combates.” [Estadão]

Que baita comparação!

“Quais seriam os padrões de comportamento dos militares que aderiram ao governo? Esqueceram do que escreveu Samuel Huntington? Ou logo virá o argumento de que nos Estados Unidos é diferente? De que vale compartilhar a capa do livro de O Soldado e o Estado, editado pela Biblioteca do Exército, em suas redes sociais, se a prática de uma centena de militares da ativa devia ser punida pelo regulamento disciplinar? Há milhares de tuítes políticos em posts publicados por oficiais superiores de forma aberta em suas contas. Desde o retuíte de manifestações de deputados ao compartilhamento de propaganda pessoal de Jair Bolsonaro.

Um velho pensador – tornado em diabo entre os adeptos do presidente – dizia que a “a prática é o critério da verdade”. O Exército deve punir os que se tornam membros de uma facção enquanto usam a farda. Só assim se deterá a escalada política em sua fileiras. Pode-se argumentar que o mau uso das redes sociais foi combatido pela portaria de 2019 do general Edson Pujol. Mas alguma coisa está errada quando um coronel da ativa, da Arma de Infantaria, publica um total de 295 tuítes políticos depois que o comandante os proibiu. Ao ritmo de um por dia, o coronel devia deixar o Exército e assinar a ficha do Aliança para o Brasil, pois trabalha mais para o Mito do que para o País.

A exemplo de Ramos e de Braga Netto, o infante completou sua metamorfose. Não é mais um militar. Valores como a neutralidade e a imparcialidade política foram destruídos nessa transformação. Como Gregor Samsa, o personagem de Kafka, um dia o coronel acordou de um sonho intranquilo e se viu transformado em uma outra criatura, nem melhor nem pior do que antes. Apenas diferente. Para os valores militares, nada mais distante do que os da política. Sua família pode tentar escondê-lo, que sempre há uma irmã misericordiosa na casa.

Um dia, Ramos e Braga Netto dirão que não disseram nada do que a imprensa publicou. Talvez alguém mesmo lhes dês razão. Mas será difícil apagar da memória do País a figura dos generais transformados em políticos. “Venceréis porque tenéis sobrada fuerza bruta, pero no convenceréis. Para convencer hay que persuadir, y para persuadir necesitaríais algo que os falta: razón y derecho en la lucha. Me parece inútil el pediros que penséis en España”, disse o reitor da Universidade de Salamanca ao general Millán Astray e aos seus companheiros. Era 12 de outubro de 1936. A falange de Franco vencia, mas não convencia. E a Espanha até hoje se lembra – ainda que recriação literária – da resposta do general ao reitor: “Abajo la inteligencia, viva la muerte!”

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6. Enquanto isso…

“Lula concorda com a tese de FHC sobre o inimigo em comum, Jair Bolsonaro: hoje, não há a menor possibilidade de o Congresso aprovar um impeachment. Faltam o impulso das ruas e ambiente político, na avaliação de ambos. Para Lula, o adversário não apenas se segura, como avança sobre o seu espólio. Avalia que, no campo político, Bolsonaro marcou gols importantes. Lula prevê que a distribuição dos R$ 600 durante a pandemia vai empurrar para os braços do capitão uma parcela importante do eleitorado petista. Não é por outro motivo que Bolsonaro pensa em manter o auxílio por mais tempo, para desespero de Paulo Guedes.” [O Globo]

Quando o impeachment da Dilma começou a vitória também não estava dada, porra, o mesmo com o Collor. E é como se não houvesse a porra duma pandemia a empilhar corpos enquanto o mais cretino dos presidentes se sai com um “e daí?”, “não sou coveiro

E o PT só pode estar de sacanagem – texto do Thiago Amaparo

“Que Bolsonaro incorpora o fascismo ao léxico político brasileiro já sabemos. Tampouco chega a ser novidade o plano bolsonarista de radicalizar a política nacional ao ponto da caquistocracia, o governo dos piores. Ponto, aliás, a que já chegamos, apesar ou talvez justamente por causa das pilhas de notas de repúdio burocraticamente escritas, e arquivadas. Mesmo com o poder do necrofascismo bolsonarista de ofuscar o futuro que deveríamos estar construindo, recai sobre os ombros do campo progressista a responsabilidade histórica de, unidos, construí-lo. Nisto, estamos falhando magistralmente.”

Aí o Thiago fala do Freixo, da indicação do Tatto para candidato a prefeito do PT – numa decisão tomada por espantosos 650 votos, vai bem a democracia petista – e corta pra Hungria do Orbán:

“Corta para Budapeste, Hungria, 2019. Partidos de oposição ao regime do poderoso premiê Viktor Orbán ganharam 14 dos 23 distritos da capital Budapeste. No país, a oposição obteve 10 das 23 maiores cidades. Nada desprezível. Orbán controla dois terços do Parlamento húngaro, o que o permite mudar a constituição que o seu próprio partido escreveu a seu bel prazer. Orbán controla a mídia – de radio, a jornais e até outdoors, e moldou a lei eleitoral para favorece-lo. Neste cenário improvável, a oposição húngara aprendeu a lição para tirar do partido de Orbán a fama de invencibilidade: união. Não por altruísmo ou por concordarem entre si, mas por pragmatismo. Depois de sucessivas tentativas frustradas de coalizão e derrotas eleitorais, partidos de oposição na Hungria desenvolveram a receita bem-sucedida: realizaram primárias para escolher os candidatos, deram espaço para novos políticos, incorporaram pautas que apelam a uma gama maior de eleitores como meio ambiente.

No Brasil, partidos de esquerda e de centro esquerda, até o momento, não tem mostrado igual maturidade na corrida eleitoral para as prefeituras. “Para derrotar o bolsonarismo é preciso mais que responder as crises que ele provoca. Tem que ir além. Temos que vencê-lo com um projeto que seja melhor que o dele. Qual é o nosso projeto? (…) Precisamos de um projeto que não seja meu, do (Fernando) Haddad, do Ciro (Gomes), de quem for. Estou pedindo uma unidade tanto no Rio quanto em outros lugares”, segue Freixo na mesma entrevista do último dia 16. Ironicamente, PT lançou na mesma semana o “Plano Lula para o Brasil” – quaisquer que sejam os méritos do programa (muitos serão), colocá-lo sob o manto personalista vai na contramão de uma coalizão mais ampla do que o lulismo.” [Folha]

Eu imagino Bolsonaro gargalhando nessa hora, pra que diabos colocar o nome do Lula na porra do plano?! Personalização na política NUNCA dá certo (alguém aí ouviu gritos de “mito“?! Pois é), ainda mais num país que entrou num transe anti-petista. E foda-se se o transe é justo ou não, é a porra dum dado da realidade. Os caras que só lembraram de criticar Bolsonaro no último dia do primeiro turno continuam equivocadíssimos, impressionante.

“Bolsonaro não é Orbán, não ainda – este é bem mais poderoso do que aquele. Se a esquerda não se unir hoje, estaremos recolhendo os cacos de nossas escolhas personalistas nas eleições municipais, quiçá, em 2024 ou 2028. Lembro aqui da frase memorável de Shirley Chisholm, primeira congressista negra nos EUA e primeira pré-candidata à Casa Branca nos anos 70 pelo Partido Democrata: “Se eles não lhe derem um assento à mesa, traga uma cadeira dobrável.” Para que um futuro progressista seja construído, aqueles que hoje se sentam à mesa precisam ou se levantar ou colocar mais cadeiras à mesa. Ainda há tempo de escolher.”

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7. Se filho da puta voasse não veríamos a luz do sol

“A Advocacia Geral da União (AGU) defendeu no STF o decreto que impõe a apresentação de CPF regular para o recebimento do auxílio emergencial de R$ 600. A resposta foi dada a uma ação apresentada pelo PCdoB, que afirmou que exigir a regularização do CPF neste momento é “induzi-lo (brasileiro) ao desespero e à morte”.” [Época]

Alguém discorda disso?

“Na defesa, a AGU argumentou que “o auxílio emergencial não se mostra elegível a todos os trabalhadores, mas apenas àqueles que se encaixam nos requisitos estipulados” e que a exigência do CPF é “apenas um mecanismo procedimental. A exigência da regularidade do CPF é efeito direto da necessidade de correção de dados dos beneficiários, para que se tenha a segurança de que os recursos estão sendo destinados àqueles que necessitam”, alegou.”

Tomar no cu, era pra tolerar desvios justamente pra ninguém que merecia receber a grana ficar sem, mas vá explicar isso pra esses psicopatas…

“Bases de dados desatualizadas e decisões políticas podem ter deixado de fora pessoas que tinham direito a receber o auxílio emergencial de R$ 600, criado para combater os efeitos econômicos do novo coronavírus. Até agora, 36,8 milhões de pessoas receberam resposta negativa ao pedido do benefício. Parte delas pode ter ficado sem o dinheiro por engano. O benefício pode ter sido negado, por exemplo, a pessoas que perderam o emprego depois do dia 16 de março —graças à base de dados escolhida pelo governo para decidir quem tem direito ou não ao benefício. Assim, pessoas cujas empresas foram atingidas pela crise econômica provocada pelo vírus podem ter ficado sem o auxílio.” [Folha]

Entendeu? Foi demitido em plena pandemia e se fodeu!

“Também podem ter sido excluídas pessoas que tenham sido candidatas ou eleitas como suplentes de vereador nas últimas eleições municipais, em 2016 —independente do número de votos recebidos. Isto porque o governo decidiu cruzar dados com o Tribunal Superior Eleitoral, mesmo sem previsão legal. Além disso, o Ministério da Cidadania também resolveu vetar o recebimento do benefício por parte de pessoas que tenham familiares presos, mesmo aquelas que tinham direito ao auxílio —novamente, sem qualquer previsão na lei que criou o benefício.”

Lei?! Que lei?!

“Apesar da negativa aparecer em documentos oficiais, o ministério negou à reportagem da BBC que tenha impedido a entrega do benefício a este grupo. No caso dos familiares de presos, quase 40 mil pessoas podem ter sido atingidas, segundo o próprio Ministério. Os problemas foram constatados por especialistas em políticas públicas e procuradores da República com base em informações fornecidas pelo governo à Procuradoria Federal dos Direitos do Cidadão (PFDC) do Ministério Público, na última quarta-feira (13).”

Enquanto isso milhares de milicos embolsando a grana…

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8. STF

O favorito a vaga ao STF é o sujeito por quem Bolsonaro disse ter amor.

“João Otávio de Noronha, presidente do STJ, não é “terrivelmente evangélico” (ao menos ainda não), mas virou favorito para a vaga que será aberta em novembro no STF.” [O Globo]

Palavras do Bolsonaro no dia 8 de maio:

“Prezado Noronha, permita-me fazer assim, presidente do STJ. Eu confesso que a primeira vez que o vi foi um amor à primeira vista. Me simpatizei com Vossa Excelência. Temos conversado com não muita persistência, mas as poucas conversas que temos o senhor ajuda a me moldar um pouco mais para as questões do Judiciário. Muito obrigado a Vossa Excelência” [UOL]

Não é possível que isso não seja suficiente pra barrar uma possível indicação. E eu acho lindo como isso só corrobora a acusação de interferência presidencial na porra toda. AGU virou PGR e agora ele quer sua alma gêmea jurídica na suprema corte. Pelo menos o sujeito é coroa, se fosse o da AGU seria 30 anos de suprema corte.

Que Ernesto enfie essa decisão na bunda:

“Duas semanas depois de suspender a ordem do Ministério das Relações Exteriores para que 34 diplomatas venezuelanos deixassem o Brasil (o que deveria ocorrer no dia 2 de maio), o ministro do STF Luís Roberto Barroso ratificou hoje a liminar. A decisão autoriza que os diplomatas fiquem no Brasil enquanto durar o estado de calamidade pública e emergência sanitária reconhecido pelo Congresso. A atitude de Barroso, de duas semanas atrás, irritou Jair Bolsonaro e foi duramente criticada por ministros do governo, como Augusto Heçleno, e pelo vice Hamilton Mourão. Na liminar anterior, Barroso deu um prazo de dez dias para que o Itamaraty e a AGU apresentassem as razões sobre a urgência da retirada dos venezuelanos. As informações foram prestadas, mas Barroso manteve a decisão. Tanto na sentença de quinze dias atrás quanto na confirmação de hoje, Baroso enfatiza que a decisão de Jair Bolsonaro de expulsar os diplomatas não está em discussão — o presidente tem poder para tomar tal atitude. O que está em questão, entretanto, é a saída deles do Brasil em período de isolamento social.” [O Globo]

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9. Covid-17

16 mil mortes, fora a brutal sub-notificação. E contando.

É por essas e outras que eu acertei pra caralho no nome do blog:

Ainda rolou isso aqui na manifestação de domingo:

Imagine um presidente frouxo:

“Em determinado momento do seu governo, Michel Temer parou de frequentar eventos público diante da certeza de que seria alvo de protestos e passaria por constrangimentos diante de sua enorme impopularidade. Completando 500 dias de governo, Jair Bolsonaro vive o mesmo drama de Temer. Eleito com 57 milhões de votos, passa os dias de governo simulando agendas públicas previamente calculadas com público minguado e majoritariamente bolsonarista. Desde que a pandemia se agravou, os militares do Planalto, que ainda pensam no governo, tentam convencer Bolsonaro a deixar a bolha do palácio para ver como é a vida real, dos brasileiros reais, dos profissionais de saúde reais, em hospitais reais que caem aos pedaços e estão abarrotados de pacientes morrendo na pandemia. Bolsonaro evita a agenda pelo mesmo receio que fazia com que Temer ficasse trancado no universo de palácios de Brasília.

Com mais de 16.000 mortos pelo coronavírus, o presidente tem apenas uma certeza. Depois de tanto boicotar o trabalho do Ministério da Saúde e dos governadores e de se ausentar completamente do papel de líder do país na pandemia, ele não será recebido nos hospitais país afora com gritos de “mito”. É para não ouvir o que não quer que o presidente segue o roteiro de trabalho vida mansa. Por volta de 8h, desce na portaria do Palácio da Alvorada para ouvir bajuladores e reclamar da imprensa. Depois, vai para o Planalto lutar pela sobrevivência política, negociando cargos no toma lá dá cá do centrão. Por volta de 17h, como ninguém é de ferro, já está arrumando as coisas para fechar o expediente – isso, claro, se não tiver nenhuma festinha ou coquetel de militares, o tipo de agenda que ele não perde. No fim de semana, claro, ele tem agenda marcada com os aloprados que vão ao Planalto pedir golpe militar e atacar as instituições.” [Estadão]

Frouo do caralho! Não à toa o único hospital visitado durante a pandemia foi o das Forças Armadas. Bolsonaro deve ter visto isso aqui e se borrado de medo:

E Bolsonaro não tem pressa para escolher o ministro da Saúde, muita calma nessa hora:

“O presidente Jair Bolsonaro disse a aliados neste final de semana que não quer ser açodado na escolha do futuro ministro da Saúde que entrará no lugar de Nelson Teich, que pediu demissão na última sexta (15). Por isso, cresce entre assessores do presidente a avaliação de que o general Eduardo Pazuello, ministro interino, ficará à frente da pasta por pelo menos mais uma semana. O presidente indica que, enquanto não tiver segurança na escolha, pode deixar Pazuello no comando até o fim da pandemia. Avalia que seria menos traumático do que ter de promover mais uma troca na chefia do ministério.” [Folha]

Algo me diz que o Mandetta está sendo otimista:

“Luiz Henrique Mandetta, ministro da Saúde até outro dia, estima que 150 mil brasileiros terão morrido em consequência da Covid-19 ao fim da pandemia.” [O Globo]

Mandetta também falou sobre a tara presidencial com a cloroquina:

“Ele quer um medicamento para que as pessoas sintam confiança, para retomar a economia. E isso a pessoa fica na sua tranquilidade achando que o medicamento resolve o problema. Como é barato e o Brasil produz, por ser medicamento da malária… Só que malária costuma dar em mais jovens. Se você dá cloroquina para pessoas acima de 60 anos que já tem problemas cardíacos, você pode precipitar uma série de mortes por parada cardíaca. Nos estudos que estamos fazendo, 33% dos pacientes tiveram arritmia e tiveram de interromper o tratamento. A eficácia ainda não é comprovada. Mas, como politizaram a ciência, o que a gente está vendo é a ciência política, usando a cloroquina, porque eles não têm nenhuma formação técnica para discutir isso” [UOL]

E advinhe quem também canta as glórias da cloroquina:

“O presidente Jair Bolsonaro tem um líder latino-americano como aliado na defesa do uso da cloroquina como medicamento contra a Covid-19: Nicolás Maduro, da Venezuela. Na noite de quinta-feira, Maduro publicou um elogio ao medicamento em uma rede social, sem levar em consideração evidências científicas para respaldá-lo: “Felicito ao pessoal científico da saúde de nosso país, que trabalha com boa fé e amor para proteger a saúde do povo. Com eles avançamos na produção do difosfato de cloroquina, fármaco eficiente para o tratamento contra o Covid-19”. A afirmação de Maduro aconteceu no mesmo dia em que um poderoso dirigente do regime da Venezuela ameaçou reprimir a academia de ciências do país por publicar uma pesquisa que questiona os dados oficiais sobre casos de coronavírus. Oficialmente, o país só registra 455 casos e 10 mortes até agora. Diosdado Cabello, vice-presidente do governista Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV), disse que um estudo da Academia Venezuelana de Ciências Físicas, Matemáticas e Naturais que afirmava que o número oficial de mortes parecia inverossímil era um “convite para as agências de segurança visitá-los”. Além da cloroquina, Maduro, em abril, recomendou “ervas naturais, naturismo” para enfrentar a Covid-19. Em março, ele postou a receita de um suco com gengibre, pimenta e mel, afirmando que combateria o novo vírus.” [O Globo]

E tem quem defenda o Maduro, eu juro que dá pra criticar o Maduro e a oposição ao mesmo tempo, eu juro.

E que homem é o Flávio Dino!

E que zona é o ministério da Saúde…

“A cultura militar trazida pelo ministro interido da Saúde, o general Eduardo Pazuello, tem causado ruídos dentro da pasta. Termos usados pela “tropa” passaram a fazer parte da rotina do ministério. Alguns servidores estão se sentido incomodados com uma expressão usada pelo ministro para falar com seus auxiliares. Pazuello costuma chamá-los de “cães de guerra”. Parte dos funcionários considera o termo ofensivo. Pazuello disse à coluna que esse é “um jargão” e que usa só a expressão com a equipe de militares que levou para o ministério. Segundo o ministro, “é um elogio” entre os integrantes das Forças Armadas. Aos demais, com quem diz não ter intimidade, só trata por “senhor” e “senhora”.” [O Globo]

Cão de guerra” ser elogio no Exército que não entra em guerras há décadas é hilário…

E todo mundo é grupo de risco:

“Parents, hospitals and clinics should expect to see more cases of a mystifying condition that seems to be affecting children after a bout with Covid-19, doctors said Wednesday. The condition, called multisystem inflammatory syndrome in children, appears to be a post-viral syndrome, said Dr. Jeffrey Burns, a critical care specialist at Boston Children’s Hospital who has been coordinating a global group of doctors who compare notes on the condition. Doctors are investigating cases in at least 150 children, most of them in New York. But a CNN survey finds hospitals and clinics in at least 18 states and Washington, DC are checking into suspected cases. “This multisystem inflammatory syndrome is not directly caused by the virus,” Burns told CNN. “The leading hypothesis is that it is due to the immune response of the patient.”

Symptoms include persistent fever, inflammation and poor function in organs such as the kidneys or heart. Children may also show evidence of blood vessel inflammation, such as red eyes, a bright red tongue and cracked lips, said Dr. Moshe Arditi, a pediatric infectious diseases expert at Cedars-Sinai Medical Center in Los Angeles. British doctors first sounded the alert about the syndrome last month. The Royal College of Paediatrics said Thursday that between 75 and 100 children in Britain had been affected. Italian doctors have also reported the syndrome. Dr. Ngozi Ezike, director of the Illinois Department of Public Health, said it’s a complicated disorder. “It’s a spectrum of disorders, and so in some cases you’ll have the individual have coronary artery involvement. Sometimes they don’t,” Ezike told a news conference..” [CNN]

Ah, eu me recuso a escrever aqui sobre o nome dos sonhos dos bolsonaristas para o ministério da Saúde, me limito a apontar que no currículo consta ele ter morado com Olavo de Carvalho por um ano.

Encerro com alentos:

“A empresa americana de biotecnologia Moderna anunciou nesta segunda-feira (18) resultados “positivos provisórios” em um pequeno número de voluntários na fase inicial de testes de sua vacina contra o novo coronavírus A vacina, oferecida em duas doses, aparentemente produziu uma resposta imune em oito pacientes que a receberam em março. Esses oito voluntários saudáveis criaram anticorpos que depois foram testados em células humanas em laboratório e conseguiram impedir o vírus de se replicar. Os níveis dos chamados anticorpos neutralizantes eram similares aos encontrados em pacientes que contraíram o novo coronavírus e se recuperaram. A empresa disse que a fase 3, de testes com cerca de 600 pessoas, começará em julho. Espera-se que uma vacina eficaz leve de um ano a 18 meses. [Folha]

E rola outra vacina indo bem nos testes na universidade de Oxford:

“Na ausência de um medicamento e com as incertezas que cercam a imunidade de rebanho, nossas esperanças para resolver a pandemia concentram-se na possibilidade de uma vacina. Vacinas, em geral, demoram de cinco a oito anos para ficar prontas, entre desenvolvimento, testes e produção. Mas os avanços da ciência e a necessidade urgente podem mudar o quadro. Semana passada, saíram resultados promissores de uma vacina desenvolvida pelo Jenner Institute, na Universidade de Oxford, no Reino Unido. Trata-se de uma vacina baseada numa estratégia que pode, ainda, ser adaptada para outros vírus. Bem antes da Covid-19, o time inglês buscava vacina para MERS (Síndrome Respiratória do Oriente Médio). Usando uma versão modificada do adenovírus — um tipo que causa resfriados e ataca macacos —, e uma sequência genética do vírus da MERS, os cientistas conseguem fazer com que o adenovírus, que não causa nenhuma doença em humanos, fabrique uma proteína do MERS-Cov, e engane o nosso sistema imune.

É como se estivéssemos fantasiando o adenovírus de MERS. Ele chega nas nossas células dizendo, “oi, eu sou o vírus da MERS”. As células acreditam, e preparam suas defesas. Em essência, é isso que as vacinas fazem: enganam o organismo, para que nosso sistema imune ache que está sendo atacado. Esta reação deixa para trás o que chamamos de memória imunológica, e deve nos proteger do inimigo real. As primeiras vacinas usavam os vírus originais das doenças, inativados ou enfraquecidos (“atenuados”). Ainda temos várias vacinas assim. Elas funcionam bem, mas a logística de produção pode ser complicada. Voltando à vacina de Oxford, tivemos sorte de ter um grupo trabalhando com MERS. Não só é um vírus “primo” do novo coronavírus, como a verba da pesquisa não foi cortada depois que o surto original da MERS, na década passada, terminou. Muitas pesquisas de vacinas para vírus semelhantes ao SARS-CoV-2 foram encerradas, por falta de verbas, quando as doenças que causavam deixaram de ser vistas como ameaças globais. Além disso, como se trata de uma vacina onde o adenovírus é usado como veículo para alguns genes do verdadeiro inimigo, agora é só trocar o “passageiro”! Saem os genes da MERS, entram os do SARS-CoV-2. A nova vacina, que recebeu o desajeitado nome de ChAdOx1 nCoV- 19, já está sendo testada em humanos, e se saiu muito bem em testes em animais. Os macacos ficaram protegidos e não tiveram efeitos colaterais. [O Globo]

E a China vai deitar no soft power enquanto Trump dinamita o sfot power americano:

“Chinese President Xi Jinping pledged to make any coronavirus vaccine universally available once it’s developed, part of an effort to defuse criticism of his government’s response to a pandemic that has killed more than 315,000 people around the world. In a speech on Monday to the World Health Assembly, the governing body of the Geneva-based World Health Organization, Xi called for greater international cooperation in fighting the pandemic. He also said China will provide $2 billion over two years to support the fight. Taiwan dropped a request to be included in the gathering after objections from Beijing. “Covid-19 vaccine development and deployment in China, when available, will be made a global public good, which will be China’s contribution to ensuring vaccine accessibility and affordability in developing countries,” Xi said via video.” [Bloomberg]

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10. Bora passar raiva?!

Mas né pouca raiva não, digamos que o Demétrio Magnoli estava inspiradíssimo

“Os secretários estaduais de Saúde bateram a porta na cara do agora ex-ministro Nelson Teich. Diante de uma proposta de diretrizes sobre níveis de distanciamento social, responderam que, enquanto a curva da epidemia sobe, não é hora de discutir o assunto. Nossa polarização política reflete-se como guerra retórica entre dois extremismos. Num polo, Bolsonaro e seus lunáticos fantasiam-se de defensores da economia e dos empregos. No extremo oposto, configura-se um fundamentalismo epidemiológico que, vestido com a roupagem da ciência, exibe-se como o exército da vida. A Suécia oferece uma alternativa à dicotomia irracional.” [O Globo]

Caralho, viado, ele comparou Bolsonaro com o “fundamentalismo epidemiológico vestido com a roupagem de ciência”, esse aí tomou ácido estragado.

“O país escandinavo rejeitou a polaridade filosófica vida versus morte e sua tradução estratégica: saúde pública versus economia. Distinguindo-se de quase toda a Europa, navega por medidas brandas de isolamento social que não abrangem quarentenas extensivas. O fundamentalismo epidemiológico acusou-a de renegar a ciência, cotejou sua taxa de mortalidade por Covid (34 por 100 mil) com a de seus vizinhos (Noruega: 4,3; Finlândia: 5,1) e, num julgamento sumário, declarou-a culpada de desprezo pela vida. O governo sueco não classificou a doença como “uma gripezinha”, recusando o negacionismo. Como o resto da Europa, definiu o objetivo de “achatar a curva”. Mas modulou a estratégia para o longo prazo, estimando que a vacina tardará. Aceitou, portanto, taxas maiores de óbitos imediatos, em troca da mesma mortalidade que os outros no horizonte da imunidade coletiva. No plano epidemiológico, um veredicto justo deve aguardar o momento redentor da vacinação em massa.

O parâmetro sueco não é suprimir o vírus pelo bloqueio social, mas evitar as mortes evitáveis — ou seja, preservar a capacidade hospitalar de atendimento de casos graves. Nesses dias, após “achatar a curva”, os governos europeus começam suas reaberturas, ainda em meio a milhares de contágios. Todos rendem-se ao mesmo parâmetro — e, claro, enfrentam a voz indignada dos anjos da vida. Os anjos estão errados, por motivos pragmáticos e filosóficos. O colapso econômico cobra vidas. A depressão mundial lançará cerca de 130 milhões de pessoas na vala da fome. O desemprego crônico, com seu cortejo de alcoolismo e opioides, corta a expectativa de vida em mais de cinco anos. Por que a vida de um faminto ou de um desempregado vale menos que a de um infectado pelo vírus?”

Caralho, que dicotomia escrota do caralho, Abraham deve ter adorado essa coluna.

“A Suécia levou em conta um valor que escapa ao domínio epidemiológico: as liberdades civis. Quarentenas prolongadas achatam direitos, tanto quanto a curva de contágios. A liberdade ou a segurança? No caso da Aids, que matou 32 milhões, jamais restringimos as atividades sexuais, impondo legalmente testagens aos parceiros para evitar a difusão do vírus. “

Ah, vai tomar no meio do olho do seu cu, porra, que comparação escrota é essa?!

“A filosofia moderna nasceu com a declaração do direito à revolta contra governos tirânicos. A escolha de viver em liberdade deflagra rebeliões, que causam conflitos e mortes. No plano dos valores, quarentenas justificam-se pela interdição ética fundamental de deixar pacientes morrerem sem tratamento apropriado. Itália, Espanha e França recorreram ao lockdown precisamente diante desse abismo. A Alemanha, que não chegou perto dele, preferiu uma quarentena moderada — e começa a reabrir em nome dos “direitos constitucionais”. O exemplo sueco não indica que os italianos erraram — e não serve para moldar as respostas brasileiras a uma curva exponencial. Por outro lado, é a bússola mais precisa para nortear o debate, em todos os lugares, sobre lockdowns, quarentenas e flexibilizações. A epidemiologia militante, iracunda e intolerante, não tem o direito de invocar uma aliança preferencial com a vida, rotulando como arautos da morte os que ousam contestar suas receitas. Teich foi elevado por Bolsonaro ao ministério com a missão de fabricar mais desordem, sabotando nossas últimas oportunidades de coordenar o combate à epidemia. Mas ele sabotou o sabotador, ao oferecer um esboço de diretrizes comuns. Os secretários de Saúde fizeram baixa política ao recusar a mera discussão da proposta. Ganham aplausos indevidos de fanáticos do bem.”

Que bad trip escrota do caralho!

Eu tava jurando que nada me irritaria mais que o Magnoli no dia de hoje, me enganei redondamente:

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11. O toma-lá-dá-cá virtuoso

Depois do DNOCS…

“Em uma tentativa de reaproximação com partidos do Centrão, o presidente Jair Bolsonaro entregou a Diretoria de Ações Educacionais do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE) ao PL, sigla do ex-deputado Valdemar da Costa Neto, condenado no mensalão. A nomeação de Garigham Amarante Pinto, assessor do partido na Câmara, foi publicada nesta segunda-feira, 18, no Diário Oficial da União. Vinculado ao Ministério da Educação (MEC), o FNDE é um dos espaços mais cobiçados por políticos, com orçamento de R$ 29,4 bilhões neste ano. Foi por meio do órgão que a pasta contratou uma empresa para fornecer kits escolares a estudantes que, segundo o Ministério Público, está envolvida em um esquema que desviou R$ 134,2 milhões de dinheiro público da saúde e da educação na Paraíba.” [Estadão]

Tutti buona gente!

“O presidente Jair Bolsonaro nomeou o ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, para o conselho de Itaipu Binacional, hidrelétrica que fica na fronteira com Foz do Iguaçu, no oeste do Paraná, e Cidade del Leste, no Paraguai Itaipu. Também foram reconduzidos aos cargos de conselheiros, entre outros, Carlos Marun, ex-ministro de Michel Temer, e o ex-deputado e delatado da Odebrecht José Carlos Aleluia (DEM-BA). As nomeações foram publicadas em edição extra desta sexta-feira (15) do “Diário Oficial da União” e assinadas por Bolsonaro e o próprio ministro de Minas e Energia.” [G1]

Imagine aí a cabeça do bolsonarista: Moro caiu atirando, Guedes tá sendo velado em vida, interferência a torto e a direito, Queiroz de volta às manchetes e ainda tem o centrão chamando o pato manco pra bailar.

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12. Adeus, gringos!

O capital grindo tá saindo loucamente do Brasil.

O capital gringo como?!

Mas a culpa é de todo mundo, menos do Guedes e do Bolsonaro, tá ok?!

Essa thread maravilhosa casa bem demais com o tuíte aí de cima:

Ah, o agronegócio é a locomotiva da economia brasileira, certo?!

“A China pediu que empresas de comércio e processadoras de alimentos aumentem os estoques de grãos e oleaginosas diante de uma possível segunda onda do coronavírus e o agravamento da doença em outros países. Essas companhias foram foram orientadas a adquirir maiores volumes de soja, óleo de soja e milho, principais matérias-primas para a produção de ração animal. O receio é de fechamento de portos ou redução no ritmo de embarques tanto ao redor do mundo quanto na China. Um comerciante ouvido pela agência de notícias Reuters citou a disseminação da doença no Brasil afirmando “que as coisas não parecem bem” no país. O Brasil é o principal fornecedor de soja para a China e também um grande exportador de carne para o país asiático. Mas o país continua com aumento no número de casos de Covid-19. Nas últimas semanas, o conglomerado agrícola estatal chinês COFCO e o distribuidor de grãos Sinograin aumentaram as compras de soja e milho nos EUA. Os americanos são os mairoes produtores de soja e milho do mundo, mas vinham sendo preteridos pelos chineses, especialmente em um contexto de disputa comercial entre os países. Pequim também aumentou suas alocações de cotas de importação para os principais compradores de grãos, abrindo caminho para novas compras em potencial.” [Folha]

E o ruralista que afundou 17 na urna, Costinha?

costinha

Trump agradece e eu gargalho só de imaginar o desespero dos ruralistas que afundaram o 17 na urna.

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13. Um Trump Muito Louco

Em 2016 Trump disse que poderia matar alguém em plena Quinta Avenida que nada lhe aconteceria. Pois bem:

“The US state department’s inspector general, Steve Linick, has become the latest senior official to be fired by US President Donald Trump. Mr Trump said Mr Linick no longer had his full confidence and that he would be removed in 30 days. Mr Linick had begun investigating Secretary of State Mike Pompeo for suspected abuse of office, reports say. Democrats say Mr Trump is retaliating against public servants who want to hold his administration to account. “It is vital that I have the fullest confidence in the appointees serving as inspectors general. That is no longer the case with regard to this inspector general,” Mr Trump is quoted as saying in a letter sent late on Friday to House Speaker Nancy Pelosi, US media report.

Not long after Mr Linick’s dismissal was announced, the chairman of the House Foreign Affairs Committee said Mr Linick had opened an investigation into Secretary of State Mike Pompeo. “This firing is the outrageous act of a president trying to protect one of his most loyal supporters, the secretary of state, from accountability,” Eliot Engel, a Democrat, said in a statement. “I have learned that the Office of the Inspector General had opened an investigation into Secretary Pompeo. Mr Linick’s firing amid such a probe strongly suggests that this is an unlawful act of retaliation.” Mr Engel did not provide any further details about the content of this investigation into Mr Pompeo. Congressional aides, speaking on condition of anonymity, have been quoted in different media as saying that Mr Linick was examining complaints that Mr Pompeo may have improperly used staff and asked them to perform personal tasks.” [BBC]

E que cara de pau maravilhosa do governador da Georgia:

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>>>> Será que o delegado contou isso para o presidente em mais uma apresentação exclusiva do inquérito ao Bolsonaro? “Frederick Wassef, advogado ligado à família Bolsonaro, foi citado no relatório da segunda investigação da facada entre aqueles que espalharam conspirações ao longo do inquérito. O delegado Rodrigo Morais narra o episódio em que ele apareceu em programa de TV para apresentar o que seria um suposto furo jornalístico, na última segunda (11). Na ocasião, Wassef disse ter ouvido de uma testemunha que o PT estaria por trás da tentativa de assassinato do então candidato a presidente. No documento, a Polícia Federal afirma que sabe de quem ele estaria falando, diz que já ouviu a pessoa e desconstrói a teoria. “Convém mencionar que Wassef, embora se apresente como advogado da vítima, não possui procuração, sendo que jamais esteve nesta PF para consultar as investigações, para indicar testemunhas ou para propor diligências, como se depreende da ausência de petições, certidões ou termos de vista em seu nome, sendo certo que a vítima possui outros advogados regularmente constituídos”, disse. Wassef afirma que é advogado do presidente desde 2014, assim como também defende o senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ). Ele diz que Bolsonaro assinou procurações que o designam para o caso em setembro do ano passado, mas que ele preferiu não usá-las. Além disso, aponta o advogado em nota, a imprensa noticiou em 2019 agendas que ele mantinha com o presidente.” [Folha]

>>>> Pra cima do Advogado/Engavetador-geral da República: “Os procuradores no entorno de Augusto Aras estão com a faca nos dentes. Não querem uma PGR dócil aos políticos — incluindo aí Jair Bolsonaro. A denúncia que a PGR apresentou duas semanas atrás contra Aécio Neves, acusado de receber R$ 65 milhões em propinas, é lida no órgão como um aviso a Aras para não amaciar nas investigações e denúncias.” [Folha]

>>>> A idéia é boas mas 1 bilhão é piada!: “O ministro Tarcísio de Freitas trabalha num plano pra tentar socorrer as empresas aéreas. Consiste no seguinte: o governo anteciparia a compra de passagens aéreas usadas pela administração federal para injetar caixa nas companhias. O valor da operação seria de R$ 1 bilhão.” [O Globo] Se essa for uma parte da ajuda ok, mas se for só isso, puta que pariu…

>>>> Depois da Argentina, o Uruguai: “En la página endCoronavirus.org, se muestran estadísticas en tres fases, los países que «van ganando», otros que «están cerca» y la gran mayoría que necesita «acción urgente» para frenar la pandemia. Según el sitio, los países que van ganando son aquellos que muestran una variante entre casos nuevos versus el tiempo, es decir, los que en promedio de 10 días no han mostrado más casos positivos. Uruguay se encuentra en la lista de los que tiene mejores datos a la fecha, según el último reporte del sitio.” [Dearce]

>>>> A demência é ampla, geral e irrestrita: “O Ministério da Cidadania e a Secretaria Especial da Cultura estão elaborando uma proposta de medida provisória que pretende extinguir a Fundação Casa de Rui Barbosa. A ideia é transformá-la em Museu Casa de Rui Barbosa, que passaria a integrar a estrutura regimental do Instituto Brasileiro de Museus (Ibram). A bancada do PSOL na Câmara entrou com pedido de requerimento de informação sobre o processo no ministério. Eles afirmam que a fundação é “responsável pela maior e mais significativa produção de conhecimento sobre políticas culturais do Brasil, o que dificilmente conseguiria ser gerido pelo Ibram”. O ministério e a secretaria não responderam.” [Folha]

>>>> Que entrevista do Daniel Filho, vale ler na íntegra: “É com um semblante de tristeza, angústia e preocupação que o diretor Daniel Filho, 82, entra no Zoom para dar esta entrevista sobre Regina Duarte, 73. A relação dos dois soma 55 anos, e ele se mostra pasmo com a guinada bolsonarista da ex-mulher, amiga e parceira profissional. Desde a polêmica entrevista que a atriz e secretária de Cultura de Bolsonaro deu à CNN menosprezando as mortes e a tortura na ditadura militar, Filho procura artistas que também a conhecem para tentar entender o que aconteceu. Nesta conversa, direto de seu confinamento no Rio de Janeiro, falou por uma hora e meia sobre o relacionamento de mais de cinco décadas com a atriz e por muitas vezes repetiu “eu não entendo”. Suspeitou de problemas psicológicos, dupla personalidade, até a possibilidade de ela estar apaixonada, quem sabe pelo próprio presidente. Aventou as hipóteses sem ironia ou agressividade, mas em tom de perplexidade e decepção. Disse que pensou em ligar para ela, mas desistiu, acha que não a influenciaria. “Quando ela põe uma coisa na cabeça, ela põe uma coisa na cabeça.Só dei esta entrevista para você escrever ‘Daniel não está entendendo o que está acontecendo com a Regina, só sabe que ela está totalmente errada’.” [Folha]

>>>> Caralho… “O primeiro-ministro do Lesoto, Thomas Thabane, anunciou sua renúncia nesta segunda-feira, um desfecho esperado após uma crise política que durou vários meses após Thabane ter se envolvido no assassinato de sua ex-mulher em 2017, apenas alguns dias antes de assumir o cargo. Desde então, ele vinha sendo rechaçado em seu país. — Decidi anunciar pessoalmente que estou deixando meus deveres como primeiro-ministro do Lesoto. Queria que vocês ouvissem isso da minha própria boca — disse Thabane de sua residência. No poder há quase três anos, Thabane, porém, não informou uma data específica para sua partida — seu mandato vai até 2022. Em fevereiro, ele chegou a prometer que deixaria o cargo “no final de julho”, devido à sua idade. Apesar da pressão de seu próprio partido, a Convenção All Basoto (ABC), e de sua coalizão de governo, Thabane resistiu por muito tempo no poder, mas, na semana passada, seus apoiadores na Assembleia Nacional mudaram de ideia e propuseram o atual ministro das Finanças, Moeketsi Majoro, para sucedê-lo como o novo chefe de governo. Thabane, de 80 anos, sempre garantiu que não tinha nenhuma ligação com o assassinato de sua ex-mulher nem com o homem formalmente acusado pelo crime. No mês passado, ordenou que o exército se mobilizasse nas ruas de Maseru para “restaurar a ordem” diante de seus adversários políticos, que exigiam sua renúncia. Com mediação da Africa do Sul, foi negociada uma saída “digna” do poder. Sem litoral, o pequeno reino situado na África do Sul central tornou-se independente em 1966 e, desde então, tem uma história política instável, repleta de golpes militares.” [O Globo]

>>>> E o escroto do Netanyahu conseguiu… “O governo conjunto liderado pelo primeiro-ministro israelense Binyamin Netanyahu, do Likud, e por Benny Gantz, do partido centrista Azul e Branco, tomou posse, neste domingo (17), após receber o voto de confiança do Parlamento, encerrando 500 dias de crise, marcados por três eleições sem vencedor. O acordo que possibilitou a aliança entre os dois políticos acabou com o impasse político mais longo da história recente de Israel. O panorama que se apresenta ao novo governo tem entre os desafios uma economia severamente abalada pela crise do novo coronavírus. Israel registra mais de 16.500 casos de infecção e 268 mortes. “As pessoas querem um governo de união, e é isso que terão hoje”, afirmou Netanyahu aos parlamentares antes da moção de confiança. O acordo de união prevê uma divisão igual dos ministérios entre os dois lados e a manutenção de Netanyahu no posto de primeiro-ministro. Apesar da vitória política, o premiê segue sendo investigado por corrupção e enfrentará um julgamento a partir do final de maio que deve se estender pelos próximos 18 meses. O primeiro-ministro foi indiciado em janeiro por acusações de suborno, fraude e quebra de confiança. Ele nega qualquer irregularidade nos três casos. Em 17 de novembro de 2021, Gantz assumirá o cargo de premiê por um período semelhante.” [Folha]

>>>> as: “O Japão entrou em recessão pela primeira vez desde 2015, com a já fragilizada economia que foi abatida pelas medidas adotadas para conter a pandemia do novo coronavírus, dentro e fora do país. A atividade econômica já estava fragilizada quando foi impactada pela doença, e o PIB (Produto Interno Bruto) do país, que é a terceira maior economia do mundo, atrás de Estados Unidos e China, caiu 3,4% no primeiro trimestre do ano, em termos anualizados. A leitura anualizada é igual a do PIB americano, que recuou 4,8% no período de janeiro a março. O dado da economia japonesa foi divulgado na noite deste domingo (segunda no horário local do Japão). Isso fez o país entrar tecnicamente em recessão, em geral definida como dois trimestres consecutivos de queda do PIB. Outras grandes economias ao redor do mundo devem seguir o mesmo caminho de Japão, Alemanha e França, no momento em que os esforços para conter a doença significam fechar serviços não essenciais. A situação para o Japão não será diferente. Previsões iniciais para período entre abril e junho mostram a economia ainda com dificuldades de reagir em meio a esforços adicionais para conter a doença. “A economia entrou na crise do coronavírus numa posição muito frágil”, disse Izumi Devalier, economista-chefe para o Japão do Bank of America Merrill Lynch. “Mas o problema real ainda está por vir. Serão três trimestres muito negativos.” A economia já vinha com problemas antes mesmo da pandemia. O consumo havia caído após o governo japonês aumentar em outubro impostos sobre consumo, de 8% para 10%, na tentativa adotada pela administração Shinzo Abe tentar diminuir a dívida interna (a maior dos países desenvolvidos).”[Folha]

>>>> O presidente argentino mata a gente de inveja:

>>>> Mais uma vitrória da “balbúrdia” brasileira, chupa, Abraham! “Um grupo internacional de pesquisadores, liderado por brasileiros, acaba de desenvolver um método para investigar microfósseis no interior de rochas sem destruí-los, criando uma nanotomografia 3D de sua estrutura. Os cientistas esperam futuramente usar a técnica para a busca por sinais de vida em amostras vindas de Marte. O trabalho tem como primeira autora Lara Maldanis, pesquisadora do Laboratório Nacional de Luz Síncrotron (LNLS), em Campinas (SP), atualmente em pós-doutorado na Universidade de Grenoble, França. O artigo descrevendo os resultados foi publicado na edição desta semana do periódico Scientific Reports. Os pesquisadores trabalharam com uma amostra da Formação Gunflint, no Canadá. “É um verdadeiro ícone no estudo da vida antiga na Terra”, conta Maldanis. Trata-se de uma das regiões mais bem documentadas de fósseis antigos, remontando a uma época em que a Terra era habitada tão somente por microorganismos simples, como bactérias e arqueias. A técnica envolve recortar um pequeno pedaço da rocha, contendo as estruturas de interesse, na forma de um tubinho de apenas 25 micrômetros (milésimos de milímetro), e então submetê-lo a uma varredura de raios X gerados por uma fonte de luz síncrotron (os pesquisadores usaram a da SLS, Fonte de Luz Suíça, no Instituto Paul Scherrer, em Viligen). O resultado é uma nanotomografia computadorizada de raios X que produz uma imagem 3D do que restou de células bacterianas que viveram há bilhões de anos. No caso em questão, 1,88 bilhão de anos. “A técnica nos permite ver a célula por todos os ângulos, e isso é muito importante quando se tenta diferenciar uma bactéria fóssil, que às vezes não passa de uma minúscula esfera ou filamento sem nenhuma ornamentação, de cristais ou simples aglomerados de matéria orgânica”, diz Maldanis. E por que parar em amostras terrestres? O grupo tem esperança de aplicar o método, por exemplo, em alguma amostra do famoso meteorito ALH84001, proveniente de Marte. Pesquisadores da Nasa, em 1996, disseram ter identificados nanofósseis de possíveis micróbios marcianos nele. Hoje o consenso científico é de que se tratam de estruturas não biológicas, mas os autores da pesquisa até hoje apostam em sua conclusão original e talvez uma técnica mais sofisticada de imageamento possa colocar ponto final à questão, para um lado ou para o outro. Não é fácil a Nasa emprestar um farelinho que seja do ALH84001, mas os pesquisadores brasileiros ainda não desistiram.” [Folha]

 

Dia 500 | “Vou interferir e ponto final”, não à toa PGR virou AGU | 14/05/20

Logo mais atualizo o podcast por aqui. E os episódios estão lá na Central3: [Central3]

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1. PGR virou AGU

Tá sentado?!

pgragu

Nem a AGU do “ministro terrivelmente evangélico“, órgão responsável pela defesa presidencial, teria coragem de enfileirar essas palavras, porra, que bad trip escrota do caralho. Saudades do Brindeiro, que pelo menos engavetava processos contra o FHC com garbo e elegância.

“O procurador-geral da República, Augusto Aras, concordou com o Planalto e defendeu levantar o sigilo apenas das falas do presidente Jair Bolsonaro na reunião ministerial alvo de inquérito no STF. Aras pediu a divulgação de menos falas do que a Advocacia-Geral da União (AGU), responsável pela defesa do presidente. “A divulgação integral do conteúdo o converteria, de instrumento técnico e legal de busca da reconstrução histórica de fatos, em arsenal de uso político, pré-eleitoral (2022), de instabilidade pública e de proliferação de querelas e de pretexto para investigações genéricas sobre pessoas, falas, opiniões e modos de expressão totalmente diversas do objeto das investigações, de modo a configurar fishing expedition” [G1]

Cadeira no STF, o mais gordo honorário da advocacia brasileira.

E repare, não é nenhum absurdo decidir pela divulgação parcial da gravação, isso é perfeitamente compreensível se não se enquadrar no escopo e, esse “e” é bem importante, não forem encontrados outros crimes na gravação. O Celso só pode decidir se divulga tudo ou não assistindo a reunião na íntegra, e eis a razão do desespero do governo – e do Aras. E algo me diz que essa era a idéia do Moro desde o início. Voltando ao raciocínio: até a OAB foi pelo mesmo caminho e olha que o Santa Cruz é atacado por Bolsonaro dia sim dia não, o problema é a proeza do Procurador-geral da república enfileirar as seguintes palavras:

“Outro grave efeito colateral seria politizar a própria atuação das instituições de Estado responsáveis pela condução dos trabalhos (Poder Judiciário, Ministério Público e Polícia Judiciária), algo incompatível com o Estado democrático de direito, cujas instituições hão de primar pela impessoalidade, objetividade e técnica. Em outras palavras, o Procurador-Geral da República não compactua com a utilização de investigações para servir, de forma oportunista, como palanque eleitoral precoce das eleições de 2022.

Só faltou enfiar um “tá ok?” no final.

Mas vamos ao começo da mais inacreditável peça produzida pela dita PGR. o Celso pediu a degravação (transcrição) da reunião e o Aras discordou pois, eu juro que esse é o argumento dessa besta, Celso está com pressa:

“Mesmo com toda a presteza dos técnicos responsáveis pela degravação, em vista da longa duração da reunião ministerial, a diligência é incompatível com a brevidade pretendida pelo Relator para a conclusão das investigações, às quais se tem imprimido marcha acelerada. Sob esse prisma, reputa-se inconveniente a diligência.”

Duas horas de reunião, viado, dá pra fazer isso em um dia com tranquilidade.

“Além disso, degravações, embora representem fidedignamente o conteúdo verbal dos registros audiovisuais, não se prestam à captação de expressões corporais (gestuais e faciais), tom e volume de voz, movimentação de pessoas no recinto, dados fundamentais à integral compreensão do contexto na qual se deu o específico diálogo narrado pelo noticiante.”

O Aras tá berrando que o Bolsonaro tava olhando para o Heleno e não para o Moro, vai ser indiscreto lá na casa do caralho!

“Eventual divulgação das transcrições, ainda que involuntária, por esses motivos, pode acirrar desnecessariamente a disputa de versões entre os investigados, contribuindo para a politização da investigação, afastando dela o perfil exclusivamente técnico.”

Repare, a questão aí em cima não é publicar ou não a transcrição, é fazer a transcrição  e enviar somente ao STF, a publicação ou não entra agora:

“Eventual divulgação das transcrições, ainda que involuntária, por esses motivos, pode acirrar desnecessariamente a disputa de versões entre os investigados, contribuindo para a politização da investigação, afastando dela o perfil exclusivamente técnico.”

A AGU deve ficar com uma inveja fodida da AGU paralela que resolveu se aboletar na PGR.

“Em relação à intimidade, verifica-se que havia, naquela sala do Conselho de Ministros, aproximadamente vinte e cinco autoridades públicas. Pelo menos dez tomaram a palavra e, cada uma à sua maneira, ao seu tom, expôs suas ideias, cientes de que falavam apenas aos pares, e não falando ou se expondo à nação ou à imprensa. Sentindo-se, portanto, à vontade num ambiente público no sentido laboral, mas restrito na divulgação, porquanto estivessem apenas entre integrantes do Estado e do Governo brasileiros. “

Bolsonaro se sentiu à vontade pra falar em armar a população, em usar o exército contra impeachment e Abraham falou em “onze filhos da puta” no STF.

“A divulgação ao domínio público dos teores dessas conversas, no bojo de uma investigação em que a maior parte dos interlocutores nada tem a ver com o seu objeto, violaria a lei e a justa expectativa desses “terceiros” de confiar no protocolo cerimonial da Presidência para o caso: gravar a reunião do Conselho de Ministros apenas para registro, e não para divulgação nacional”

Ora, se a reunião vira prova faz o quê?!  Bolsonaro disse, e não fo nem uma nem duas veszes, que poderia destruir, esse é o nível da demência.

“Outro grave efeito colateral seria politizar a própria atuação das instituições de Estado responsáveis pela condução dos trabalhos (Poder Judiciário, Ministério Público e Polícia Judiciária), algo incompatível com o Estado democrático de direito, cujas instituições hão de primar pela impessoalidade, objetividade e técnica.”

Impessoalidade, disse o sujeito que nem tava na lista tríplice e foi escolhido a dedo pelo Bolsonaro que é acusado de interferir em órgãos de investigação, não fode, Aras! Eis a ítegra do documento [Poder360]

Não à toa Celsão tá putíssimo

“Celso de Mello é naturalmente reservado e tem sido especialmente discreto na condução do inquérito que investiga a interferência de Bolsonaro na Polícia Federal. Mas pelo menos um ministro do STF, após contato com Celso, usou uma expressão forte para descrever o estado de espírito do ministro em relação a tudo que tem visto no caso. Diz esse ministro, sob anonimato: “Celso está possuído.” [Época]

A ABIN é do Bolsonaro.
A PF é do Bolsonaro.
A PGR é do Bolsonaro.
Adivinhe onde isso vai parar.

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2. A fatídica reunião

A AGU enviou trechos da transcrição da reunião, sabe como é, contexto é importante pra caralho, né? E não é que Bolsonaro, aquele que jurou não ter falado em Polícia Federal, falou “PF” ao dar seu esporro?!

“Eu não posso ser supreendido com notícias. Pô, eu tenho a PF que não me dá informações; eu tenho as inteligências das Forças Armadas que não têm informações; a Abin tem os seus problemas, tem algumas informações, só não tem mais porque tá faltando realmente… temos problemas… aparelhamento, etc. A gente não pode viver sem informação. Quem é que nunca ficou atrás da… da… da… porta ouvindo o que o seu filho ou a sua filha tá comentando? Tem que ver pra depois… depois que ela engravida não adianta falar com ela mais. Tem que ver antes. Depois que o moleque enchou os cornos de droga, não adianta mais falar com ele: já era. E informação é assim. [referências a Nações amigas]. Então essa é a preocupação que temos que ter: “a questão estatégica”. E não estamos tendo. E me desculpe o serviço de informação nosso – todos – é uma vergonha, uma vergonha, que eu não sou informado, e não dá pra trabalhar assim, fica difícil. Por isso, vou interferir. Ponto final. Não é ameaça, não é extrapolação da minha parte. É uma verdade. Já tentei trocar gente da segurança nossa no Rio de Janeiro oficialmente e não consegui. Isso acabou. Eu não vou esperar foderem minha família toda de sacanagem, ou amigo meu, porque eu não posso trocar alguém da segurança na ponta da linha que pertence à estrutura. Vai trocar, se não puder trocar, troca o chefe dele; não pode trocar o chefe, troca o ministro. E ponto final. Não estamos aqui para brincadeira” [UOL]

Bolsonaro tentou se explicar na manhã de hoje e que maravilha:

” Palavra PF. Duas letras. PF” [UOL]

O jornalista diz “é Polícia federal” e…

“Ô cara… ô cara… tem a ver com a Polícia Federal, mas é reclamação ‘PF’, no tocante ao serviço de inteligência.”

O jornalista insiste e…

“Não vou me submeter a interrogatório por parte de vocês.”

“Espero que a fita se torne pública para que a análise correta venha a ser feita. A interferência não é nesse contexto da inteligência, não. É na segurança familiar. É bem claro, segurança familiar, e não toco PF nem palavra ‘Polícia Federal’ na palavra segurança familiar…”

O jornalista insiste com um “Mas a segurança familiar do senhor é feita pelo GSI…“:

“A quem estaria me referindo? É óbvio… vamos lá, outra pergunta aí.”

Imagina a AGU chegando no Heleno e falando “general, olha só, a nossa linha de defesa vai ser que a ira presidencial era direcionado à sua incompetência e você confirma lá no depoimento, tá ok?“.

Mais detalhes da fatídica reunião:

“O presidente da Caixa, Pedro Guimarães, comentou o episódio em que a ex-mulher e a filha do deputado federal Luiz Lima foram detidas no Rio de Janeiro por descumprirem as regras de isolamento social. “Isso é absurdo. Eu tenho uma filha de 14 anos. Vou pegar minhas 15 armas. Se prendessem ela e botassem no camburão, ou eu matava ou eu morria”, disse Guimarães.” [Época]

Alguém tem alguma dúvida que ele não tem licença pra QUINZE armas?! E sim, o sujeito est, numa reunião ministerial, repleta de generais, falando em matar policiais, esse é o tipo de coisa que eu não imagino ouvir nem num governo do PCO, porra!

“Foi nesse contexto que Bolsonaro afirmou que “é muito fácil uma ditadura no Brasil”, alegando que para evitar o autoritarismo de prefeitos e governadores seria preciso armar a população.”

De tanto temerem uma Venezuela vão transformar essa porra em Caracas.

“Em seguida, ele ofende os governadores João Doria (PSDB-SP) e Wilson Witzel (PSC-RJ). “Esse bosta do governador de SP e esse estrume do governador do RJ se aproveitaram do vírus”, disse Bolsonaro.”

Como vocês, o mais verme dos vermes:

“Na reunião ministerial de 22 de abril, o presidente Jair Bolsonaro falou, em alguns momentos, sobre a pandemia do novo coronavírus. Incentivados pelo chefe, ministros reclamaram de medidas restritivas tomadas por governadores e prefeitos. Nesse contexto, o presidente criticou os gestores que determinaram a abertura de covas coletivas para enterrar as vítimas da doença. Segundo pessoas que tiveram acesso à gravação da reunião, Bolsonaro cita especificamente o prefeito de Manaus, Arthur Virgílio Neto (PSDB), fazendo referência ao pai do político, Arthur Virgílio Filho, senador que foi perseguido e cassado pela ditadura militar (1964-1985). O conteúdo da fala de Bolsonaro seria o seguinte, de acordo com o relato feito à coluna: “aquele ‘vagabundo’ do prefeito de Manaus, que está abrindo cova coletiva para enterrar gente e aumentar o índice da Covid. Vocês sabem filho de quem ele é, né?”, teria dito o presidente na reunião, rindo após fazer a pergunta retórica.” [Veja]

Arthur Virgílio respondeu:

“Não pode porque ele não se aproxima na coragem, nem na honradez do meu pai. Meu pai não se metia em rachadinha. É um exemplo. Se ele seguisse o exemplo do meu pai o país não estaria como está agora.O ídolo dele é o torturador [Carlos Alberto] Brilhante Ustra, de quem eu tenho nojo e asco. Bolsonaro que fique com o Ustra, enquanto eu fico com o meu pai, com Ulysses Guimarães, com tantas pessoas imoladas e que lutaram contra o regime militar. Se Bolsonaro estivesse no Exército e dessem a ele essa oportunidade, ele torturaria. Ele busca memórias que torturam. Ele é um torturador.Eu passo o dia trabalhando, já ele bate perna. Então se tem um vagabundo aqui não sou eu não. Vagabundo é quem não faz nada. Eu é que não vejo ele trabalhando. Bolsonaro é co-responsável por essas mortes todas pela Covid-19.Como eu trabalho e não sou vagabundo, tenho de fato enfrentado a pandemia como guerra. E na guerra a gente enterra. Não tem cova rasa. Estamos fazendo um memorial para os que tombaram por conta do vírus”


“A pressão pública do presidente Jair Bolsonaro para a troca do superintendente da Polícia Federal do Rio de Janeiro teve início duas semanas depois que um juiz eleitoral determinou o envio, justamente para a PF do Rio, de um inquérito eleitoral contra o senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ), filho do presidente.”

“Na ocasião, o juiz determinou que a PF realizasse diligências contra o senador, como a tomada de seu depoimento. Documentos do processo obtidos pelo GLOBO mostram que a pressão na PF do Rio coincide com o avanço da investigação contra Flávio. O inquérito havia sido aberto pela Polícia Federal em junho de 2018, quando Bolsonaro nem era presidente e Flávio ainda era deputado estadual na Alerj, mas não chegou a produzir provas relevantes porque uma discussão jurídica sobre a prerrogativa de foro privilegiado travou o andamento do caso. Apenas depois que a Procuradoria-Geral da República (PGR) e a Justiça Eleitoral definiram que o processo correria na 204ª Zona Eleitoral do Rio, o inquérito voltou a andar.

Em 24 de junho de 2019, a promotora eleitoral Adriana Alemany de Araújo pediu que o processo fosse enviado à Polícia Federal para que fosse tomado o depoimento de Flávio Bolsonaro e obtidas suas declarações de rendimentos à Receita Federal. Em 2 de agosto de 2019, o juiz eleitoral Rudi Baldi Loewenkron acolheu os pedidos do Ministério Público Eleitoral, que incluíam tomar o depoimento de Flávio sobre os fatos, e determinou que o caso fosse finalmente enviado para a PF do Rio para que essas diligências fossem realizadas. No despacho, o juiz solicita que o Tribunal Regional Eleitoral do Rio fornecesse cópia dos registros de candidatura de Flávio Bolsonaro, para apurar suspeitas sobre sua evolução patrimonial, e determina que em seguida o caso seja enviado para a Polícia Federal. “Após, remetam-se os presentes autos à Delegacia de Polícia Federal. Rio de Janeiro. 2 de agosto de 2019″, escreveu o juiz. Devido à obtenção desses registros, o processo só chegou efetivamente à PF no dia 10 de setembro.”

E que escroto do caralho é o Abaraham, que sujeito ruim, vil e pequeno:

“Na reunião ministerial de 22 de abril — cuja filmagem foi recolhida pelo STF (Supremo Tribunal Federal) no inquérito que investiga as denúncias do ex-ministro Sergio Moro — , o ministro da Educação, Abraham Weintraub, disse que “odeia” a expressão “povos indígenas”, segundo fontes consultadas pela coluna. Weintraub teria dito ao presidente Jair Bolsonaro e seus colegas que repudia a expressão porque todos são “o povo brasileiro”.” [Folha]

É por essas e outras que eu odeio hino, bandeira e camisa do Brasil, se os milicos me ensinaram alguma coisa é que patriotismo é o último refúgio dos canalhas. E eu amo o Brasil, mas amo o Brasil que eles odeiam, amo o Brasil do Luiz Antônio Simas, o Brasil que não tá nos livros de história, o Brasil cantado pela Mangueira em 2019, quando éramos felizes e não sabíamos. Se bobear nem os milicos na ditadura se recusavam a falar em povos indígenas, porra, que bad trip escrota do caralho

Ah, ainda tem isso aqui:

“A reunião feita por Jair Bolsonaro com o ex-chefe da PF do Rio Carlos Henrique Oliveira, antes de ele assumir a superintendência do estado no ano passado, não apareceu na agenda do presidente. Como mostrou o Painel, a existência da conversa, fora do padrão, é mais um elemento que revela a excessiva preocupação de Bolsonaro o local.”

Adivinhe: esse foi o único superintendente com quem Bolsonaro se reuniu.

E veja você que coincidência maravilhosa:

“A pressão pública do presidente Jair Bolsonaro para a troca do superintendente da Polícia Federal do Rio de Janeiro teve início duas semanas depois que um juiz eleitoral determinou o envio, justamente para a PF do Rio, de um inquérito eleitoral contra o senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ), filho do presidente. [O Globo]

Duas semanas depois…

“Duas semanas depois do despacho do juiz eleitoral, em 15 de agosto, o presidente Jair Bolsonaro deu declarações públicas na saída do Palácio da Alvorada de que havia determinado a troca do superintendente da PF do Rio. — Todos os ministérios são passíveis de mudança. Vou mudar, por exemplo, o superintendente da Polícia Federal no Rio de Janeiro. Motivos? Gestão e produtividade — disse, na saída do Palácio da Alvorada.”

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Ah, e o ex-superintendente do Rio, que foi promovido pelo Bosloanro só pra cadeira do Rio convenientemente vagar, pediu pra depor de novo, ô pessoal esquecido…

“Após a primeiros depoimentos do inquérito sobre suposta tentativa de interferência política do presidente Jair Bolsonaro na Polícia Federal, foram agendadas novas oitivas para a próxima semana, uma delas com um delegado que já prestou informações na investigação. O ex-chefe da Polícia Federal do Rio e atual diretor-executivo da corporação Carlos Henrique Oliveira pediu para depor novamente e será ouvido na quarta, 20. O novo 02 da PF afirmou na quarta, 13, que a corporação fluminense mirou familiares do presidente Jair Bolsonaro. Segundo ele, o inquérito ‘era de âmbito eleitoral, e já foi relatado sem indiciamento’. O delegado também disse que a saída de Ricardo Saadi da chefia da PF no Rio não se deu por ‘questões de produtividade’, como alegado pelo presidente na primeira tentativa de trocar o superintendente da corporação fluminense, pivô das crises entre o presidente e o ex-ministro Sérgio Moro.” [Estadão]

Vai ver ele é novo na polícia e ficou nervoso na hora de depor, né…

Encerro com Bruno Boghossian e as prevaricações do Moro:

“Sergio Moro dormiu um sono tranquilo por 16 meses. Dias antes de pegar as chaves do Ministério da Justiça, o ex-juiz disse não enxergar “risco de autoritarismo” no governo de Jair Bolsonaro. Agora, ele afirma que a reunião que precedeu sua demissão contém “inquietantes declarações de tom autoritário”. O ex-ministro demorou a sair do sossego. Moro foi rotineiramente sabotado e humilhado pelo chefe desde a inauguração do mandato. Mesmo assim, agiu como advogado de Bolsonaro e acobertou até as investidas mais perigosas do chefe. Em agosto de 2019, sob pressão do presidente, Moro trocou o comando da Polícia Federal no Rio. Depois de engolir a mudança, ele espalhou a versão de que tudo era um mal-entendido. No programa Roda Viva, em janeiro, ele quis disfarçar: “Tentaram fraudulentamente colocar o presidente contra a Polícia Federal”. Àquela altura, o ex-juiz já sabia que o desejo de Bolsonaro era derrubar o diretor-geral Maurício Valeixo —o próprio Moro reconheceu isso à PF, há quase duas semanas. Ainda assim, continuou dizendo que Bolsonaro respeitava a autonomia do órgão. Os advogados de Moro afirmam que o ex-juiz foi ameaçado por não endossar a campanha para “minimizar a gravidade” do coronavírus. Em março, porém, ele ameaçou encerrar uma entrevista à Folha ao ser lembrado do comportamento irresponsável do presidente na crise. O ex-ministro também diz que se tornou alvo por não aderir aos protestos golpistas a favor do presidente. Em junho de 2019, ele festejou uma manifestação pró-Lava Jato em que houve ataques ao Supremo. Após romper com o presidente, Moro declarou ter se tornado vítima de fake news. Meses antes, ele disse ao canal de Eduardo Bolsonaro que havia “um certo exagero” em relação à máquina de mentiras governista. Auxiliar do ex-ministro, o juiz aposentado Vladimir Passos de Freitas afirmou que o colega “não tinha nem ideia” de como seria trabalhar com Bolsonaro. Depois de conhecer o chefe, Moro preferiu ficar calado” [Folha]

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3. Zambi, a mais nova comunista

Tão burra, mas tão burra que mentiu em depoimento:

“Carla Zambelli prestou depoimento à Polícia Federal nesta quarta-feira e negou que atuasse em nome de Jair Bolsonaro ao negociar com Sergio Moro sua permanência no Ministério da Justiça. Novas mensagens de WhatsApp reveladas pela GloboNews nesta quinta, trocadas entre a deputada e Moro, no entanto, mostram que ela mentiu ao dizer que não atuou em nome de Bolsonaro. Nas mensagens, Carla usa expressões como “a pedido do Planalto” e o “PR (presidente da República) propôs o seguinte…” para tentar convencer Moro a ficar no governo e aceitar o nome de Alexandre Ramagem para a Polícia Federal. “O PR propôs o seguinte: já que Valeixo pediu para sair, deixa o cargo vago por uns dias, vocês conversam com calma, se conhecem melhor, e decidem juntos um nome”, disse a deputada.” [Veja]

Então fica assim: ou a Zambelli emntiu para policiais e procuradores ou mentiu para policiais e procuradores.

“As mensagens também oferecem novos detalhes da história revelada pelo Radar sobre a incursão desesperada da deputada no ministério, minutos antes de Moro pedir demissão, para tentar convencê-lo a recuar. “Tô aqui no MJ, no seu andar, por favor, me dá cinco minutos, por favor, deixa eu falar com você, o Planalto que pediu”, diz a deputada. No depoimento à PF, Carla admite ter atuado em nome do ministro Luiz Eduardo Ramos (Secretaria de Governo) e do chefe da Secom, Fabio Wajngarten, para tentar evitar a saída de Moro. Numa das mensagens, Zambelli deixa claro que falou com Bolsonaro sobre Valeixo e chega a dizer a Moro que Bolsonaro “não confia” no delegado. “Ontem ele me disse que vc era desarmamentista (sic). Acho que vcs tiveram algo recente. E ele não confia no Valeixo… (sic)”, escreve Zambelli, segundo a GloboNews.”

Sim, Zambi tá dizendo que Bolsonaro não confiava no Valeixo, contrariando a tese presidencial que o epsorro era direcionado ao Heleno por conta da segurança de sua famiglia.

“No depoimento, Carla disse o seguinte sobre a mensagem acima: “Esclarece que o presidente Jair Bolsonaro não chegou a externar desconfiança om o ex-diretor-geral Maurício Valeixo”.”

E Bolsonaro já foi logo atirando na nuca da Zambi:

“No depoimento de Carla Zambelli ontem… É uma coisa que bota um ponto final nessa questão de interferência da PF [Polícia Federal]. Isso aconteceu na sexta-feira, no dia em que o senhor Sergio Moro pediu demissão. A partir das 9h da manhã, ela fica tentando contato com o senhor Sergio Moro. Ela escreve que o Valeixo pediu para sair. Ela não estava autorizada a conversar em meu nome, como ela disse. Como ele era padrinho de casamento dela, e o que eu entendi até aquele momento, o Sergio Moro era um ídolo para ela, ela tentou fazer com que o Sergio Moro ficasse no Ministério da Justiça” [UOL]

E a besta do Bolsonaro insiste em dizer que poderia ter destruído a porra duma prova!

“Quando veio à tona que o ex-ministro disse que eu estava interferindo na PF na frente de 20 ministros, eu poderia ter destruído o vídeo. Houve um pedido do ministro do STF, Celso de Mello, nós entregamos na íntegra. Da minha parte, eu autorizo a divulgar todos os 20 minutos, até para ver dentro de um contexto. O restante a gente vai brigar, a gente espera que haja sensibilidade do relator. É uma reunião nossa. A gente espera que ele acolha isso.Tem palavrão no meio? Tem, mas é a minha maneira de ser. Quem não quiser ver palavrão, não assista. Entenda que é uma reunião reservada. Vão ver lá que não existem as palavras Polícia Federal, superintendência. Eu falo de segurança, a minha vida depois da tentativa de homicídio.”

Sim, por isso ele demitiu mnistro da justiça e fez trocas na PF, cargos que não versam sobre a segurança da famiglia presidencial:

“Vocês vão ter conhecimento de tudo. E deixo bem claro que o próprio senhor Valeixo disse que a demissão foi a pedido, que não houve interferência minha na PF. E não houve mesmo”

Ele contnua insistindo que não foi a pedido, fascinante.

A melhor parte do diálogo:

“Carla Zambelli: “Ministro, como usual, vou usar de 100% de sinceridade. O Dr. Valeixo é o homem certo para dirigir a PF? A Erika Marena e o Edu Mauat sempre apontaram coisas sobre as atitudes dele na lava jato. Uma mudança agora seria muito bem vinda. Há a lista tríplice…. a Erika arrebentaria lá na DG…. Os casos da lava jato no Congresso precisam andar. Por favor, faça algo, urgente.”

Sergio Moro: “O Valeixo manteve a prisão do Lula diante da ordem ilegal de soltura do Des. la do RS. Se algo demora da LV no stf não é pela PF mas de outras pessoas.”

Carla Zambelli: “Converse olho no olho com o PR e explique tudo isso….. por favor, Ministro. Pergunte onde ele quer ajudar, abra a comunicação.”

Sergio Moro: “Já foi falado um milhão de vezes”

Carla Zambelli: “Ontem ele me disse que vc era desatmamentista. Acho que vcs tiveram alho recente. E ele não confia no Valeixo…..”

Sergio Moro: “Bem, acho que ele deveria confiar em mim”

Carla Zambelli: “Deveria…….”” [G1]

E Zamb ainda apagou mensagem na maior cara de pau:

“Na troca de mensagens entre a deputada Carla Zambelli (PSL-SP) e o então ministro da Justiça Sergio Moro para convencê-lo a ficar no cargo, a deputada disse que Bolsonaro iria “cair se o sr. sair”. Depois, segundo ela mesma, se arrependeu de ter dito isso — e apagou a mensagem antes de divulgar a conversa. A troca de mensagens completa, revelada pela TV Globo, mostra trechos que não constavam da conversa exibida por Carla à “CNN Brasil” em abril. Ao GLOBO, ela diz que o contexto da conversa “não tinha nada a ver com o inquérito em si”. — Tinha um contexto, que ele não apresentou, não entrou no depoimento. Ele vazou agora para me constranger. Para mostrar que eu apaguei. E eu apaguei porque eu me arrependi de ter escrito — diz Carla.

Moro, que é seu padrinho de casamento, não conversou com ela desde que decidiu expôr a troca de mensagens com ela no Jornal Nacional, logo após pedir demissão. Ela mandou uma mensagem para ele logo depois, mas foi bloqueada no WhatsApp. — Eu mandei mensagem para ele dizendo que era um absurdo a situação na qual ele tinha colocado o presidente, que estavam comparando a nomeação do Ramagem (diretor da Polícia Federal) com o Lula. Com a nomeação de um condenado. E aí ele leu a mensagem e me bloqueou. Não foi uma conversa.

Para ela, a situação é “muito triste”, já que se considerava amiga do ex-ministro. A íntegra da conversa entre os dois foi vazada para constrangê-la, de acordo com a deputada, por ter apagado essas mensagens de “contexto”. Zambelli ameaça vazar ela mesma mensagens que trocou com o ex-ministro “na intimidade” que tinham. — Criança, né? Carla Zambelli deseja que Moro deixe de ser criança. Vai arrumar alguma coisa para fazer. Pelo amor de Deus. Fica vazando print de conversa que não tem nada a ver com o inquérito. Está fazendo igualzinho o Verdevaldo — diz, em referência ao jornalista Glenn Greenwald, do “The Intercept”, que divulgou supostas mensagens de Moro obtidas por um hacker.” [O Globo]

E a Joyce como?!

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4. Ei, Mourão, vai tomar no cu

Que filho da puta do caralho é o Mourão – o texto é do Merval:

“Todos cobram do PR (presidente da República), mas ninguém busca um caminho para o entendimento”, me disse o vice-presidente da República, General Hamilton Mourão ao definir o que o levou a escrever o artigo que publicou ontem no jornal Estado de S. Paulo.” [O Globo]

‘Em resumo, não seria uma crítica, mas um convite à reflexão e ao entendimento, para todos, como resumiu um de seus assessores mais próximos.”

“Um convite à reflexão”, viado. Ameaça – mais uma ameaça de general aos poderes – virou um “Um convite à reflexão”. Que cinismo escroto…

Encerro com o Christian Edward Lynch:

“O artigo do vice-presidente publicado no Estadão faz a defesa da centralização político-administrativa e do anti-judiciarismo típicas do militarismo de Floriano, Hermes e do regime militar. Curiosamente, citando clássicos liberais americanos e brasileiros, de tendência unionista e não estadualista (Madison e Amaro Cavalcanti). Aparentemente ele defende o governo Bolsonaro. Mas por que o vice faria a defesa de um governo encalacrado e cambaleante? Ele não devia estar, ao contrário, acenando para o Congresso? E justo agora, com seus colegas tendo que passar pelo constrangimento de deporem em inquérito contra Bolsonaro! Minha aposta é a de que o vice-presidente está praticando um jogo cifrado. A lealdade dele, na verdade, não é a Bolsonaro, que sequer é citado. É aos generais conservadores do Planalto e do Alto Comando. É governista, sem ser bolsonarista.

Mourão está lhes estendendo a solidariedade política e dizendo o que eles querem ouvir: o mantra tradicional do exército como poder moderador da república e da centralização no executivo como guardião da ordem e da autoridade, garante da unidade nacional, contra as derivas judiciaristas e estadualista. Tudo isso às vésperas da divulgação do vídeo da reunião ministerial que revelar as entranhas escandalosas do governo. O movimento do general Mourão parece ir assim no sentido de dar segurança aos colegas militares, constrangidos de terem se manter leais a um governo incompetente e nepotista, de notórios arruaceiros, no caso de uma eventual mudança na Presidência. A honra militar do vice-presidente não lhe permite trair o presidente como fez o Temer. O partido de Mourão é o Exército. O que Mourão sugere — mas nunca irá admitir — é que, na hora de desembarcarem do governo Bolsonaro, se este momento chegar, desembarcarão todos juntos.

No governo dele, Mourão, os colegas de farda ficarão tranquilos, porque prevalecerá um projeto conhecido e familiar de ordem nacional, de estilo Escola Superior de Guerra. A ordem e a unidade seriam restabelecidas tendo o Executivo federal como eixo organizador. Haveria nele espaço para acordos com o congresso, mas “sem corrupção”, e para um governo “ordeiro e de autoridade”, sem o populismo insano e polarizador de Bolsonaro. Um governo nacional, encabeçado por um general, teria moral para respeitado e acatado pelo Judiciário e pelos governadores. Bom lembrar que, em declaração anterior, o vice-presidente já fez a defesa da costura de uma base parlamentar na Câmara, de base programática. Cada general-presidente com sua Arena…

Em suma, acredito que Mourão anda ultimamente acenando não para o Bolsonaro, mas para os outros generais e para o Congresso, de modo cifrado, estabelecendo as bases ideológicas e programáticas de um eventual governo dele. Menos Trump e mais Medici, menos Olavo e mais Golbery. Mourão como o verdadeiro Bonaparte do novo regime — este Bonaparte, que sempre aparece depois da “revolução” que desestabiliza e desmoraliza as instituições, como a que vivemos entre 2013-2018, e que Bolsonaro se revela incapaz de resolver. Resta saber se o Congresso vai morder a isca, e se está havendo efetivas aproximações entre ele e as lideranças da Câmara, para viabilizar a mudança lá na frente. Isso não é possível saber.” [Estadão]

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5. Adeus, “ministro Rubens

Não foi bom enquanto durou, mas comcecemos pelas notícias antes da saída:

“Ciente de que Nelson Teich está no limite e pode se demitir do governo por não concordar com a glorificação da cloroquina, Jair Bolsonaro decidiu mostrar ao subordinado que não depende dele para tocar seu programa no Ministério da Saúde. Bolsonaro, é notório, não gosta de se sentir desafiado por seus auxiliares e encara como afronta quando um deles — que o diga Mandetta e Sergio Moro – revela ter limites ao receber pedidos espinhosos do chefe. É o caso de Teich. Ele nem chegou direito ao governo e já enfrenta o processo de despedida vivenciado por Mandetta. Nesta semana, o presidente, irritado com a decisão de Teich de não defender a glorificação da cloroquina, chamou o general Eduardo Pazuello, número dois da Saúde, e perguntou se ele aceitaria o cargo, caso Teich saísse. Pazuello aceitou.” [Veja]

Esse demente insiste em cloroquina, esse papo antes já era esquisitíssimo, agora que todos os esduos sérios ele se mostra incapaz de fingir que nunca falou em cloroquina, é bizarramente fascinante.

“Antes de pedir exoneração do ministério da Saúde, o oncologista Nelson Teich procurou os hospitais que conduzem as principais pesquisas sobre o uso da cloroquina no combate ao coronavírus e solicitou atualizações. Ouviu de todos que não é recomendável o uso do medicamento na fase inicial da covid-19, mas apenas em casos graves, como recomenda atualmente o protocolo do Ministério da Saúde. O presidente porém, não abre mão de alterar o entendimento para que o remédio já seja oferecido no início do tratamento. Teich preferiu ficar com a ciência do que com o governo e pediu demissão, como informou o colunista Lauro Jardim..” [O Globo]

Só os milicos honrados no governo…

“O ministro da Saúde, aliás, já deu sinais a auxiliares que anda arrependido de ter topado a intervenção militar proposta por Bolsonaro na sua gestão. Teich é o chefe, mas não manda no subordinado Pazuello, que presta contas diretamente ao presidente. “Teich veio para ser o cérebro. O problema é que não avisaram o corpo (Pazuello)”, diz um auxiliar do ministro. Pode dar certo?”

Bolsonar disse o seguinte hoje:

“O protocolo deve ser mudado hoje porque o Conselho Federal de Medicina diz que pode usar desde o começo então. O médico na ponta da linha é escravo do protocolo. Se ele usa algo diferente do que está ali e o paciente tem alguma complicação ele pode ser processado” [Estadão]

Sim, ele tá sugerindo processos a médicos que não sigam o protocolo que ele tirou da bunda.

E Nelson resolveu salvar das chamas o pouco que resta de sua biografia e não deu o gostinho ao Bolsonaro:

“Nelson Teich pediu demissão a Jair Bolsonaro. O motivo, ou melhor a gota d’água, foi a decisão de Bolsonaro de mudar o protocolo de prescriçãoda cloriquina. A recomendação atualmente é que a cloroquina possa ser usada somente em casos graves. Bolsonaro insiste que o protocolo passe a indicar o medicamento também no início do tratamento. Teich não concorda. Hoje à tarde, Teich fala à imprensa para (tentar) explicar o que aconteceu. Os favoritos para a sucedê-lo são: o general Eduardo Pazuelo, que Bolsonaro impôs como o segundo de Teich; o eterno candidato Osmar Terra; e o Contra-Almirante Luiz Froes, diretor de Saúde da Marinha. Froes é quem tem, no entanto, mais chances por ser o preferido do general Braga Netto.” [O Globo]

O mais louco é que essa porra corrobora a princiál acusação ao Boslonaro, que só quer ao seu lado subornidados submissos:

“A saída de Nelson Teich do Ministério da Saúde com menos de um mês no cargo confirma que Jair Bolsonaro (sem partido) busca um nome submisso e que atenda as convicções pessoais do presidente em vez de priorizar a ciência, avaliam parlamentares. Teich, na prática, estava afastado de decisões que interferem em recomendações da Saúde. Não sabia, por exemplo, que Bolsonaro havia decido aumentar a lista de atividades essenciais e incluir salões de beleza, academias e barbearias.” [Folha]

Ah, essa excelente Thread, dica do Natan Cunha, relaciona a saída do Teich à MP que impede que agentes públicos sejam condenados. Sabe como ´,e um certo presidente obrigou o Exército a produzir milhões de comprimidos de cloroquina que estão estocados, o que é uma baita brecha jurídica. Clique para ler o fio completo, faz muito sentido:

Isso explica porque do nada Bolsonaro voltou a falar em cloroquina.

E o Mandetta que foi entrevistado na CNN gringa e mandou um delicioso “corona trip” pra definir a esquete dos Trapalhões que foi a viagem da comitiva presidencial a um país com centenas de casos.

“O que eu sei é logo depois que ele fez uma viagem aos EUA, na qual todos eles jantaram com o presidente e o cara da comunicação voltou no avião com a doença. Das pessoas que viajaram com ele, 17 testaram positivo até 15 dias depois que ele chegou. Essa viagem foi uma viagem do coronavírus” [Fórum]

“A história dirá quem estava certo e quem estava errado. Eu acho que os números falam por si. Infelizmente, ele é um dos poucos líderes mundiais que continua com esse posicionamento que a economia deve voltar a qualquer custo e que a perda de empregos será pior e que as pessoas deveriam se preocupar em como manter a economia ativa. Então é bem difícil dizer às pessoas que devemos que deixar a doença seguir seu curso natural e não nos expormos. O Trump ao menos voltou atrás”

Essa menção ao Trump deve sangrar Bolsonaro, folgo em saber.

“Fabricante do antiviral remdesivir, que apresentou resultados moderadamente positivos no tratamento contra a Covid-19, o laboratório americano Gilead abriu mão da patente sobre o medicamento para facilitar seu acesso em 127 países. O Brasil, porém, foi excluído da lista. Em comunicado divulgado na terça-feira (12), a empresa disse que assinou acordos de licenciamento voluntário com cinco companhias farmacêuticas especializadas na produção de genéricos, todas com sede na Índia ou no Paquistão. “Pelo acordo de licenciamento, as empresas têm direito de receber transferência de tecnologia do processo de manufatura do remdesivir para que a produção possa escalar mais rapidamente”, afirmou a Gilead no comunicado. As empresas que assinaram o acordo com o laboratório são Cipla, Ferozsons, Hetero, Jubilant e Mylan. Elas poderão fixar o preço do produto genérico para venda nos países em que atuarem, a maioria nações pobres de América Latina, Ásia e África. A lista também inclui alguns países de renda média, potências regionais e Estados emergentes, como África do Sul, Egito, Nigéria, Índia, Indonésia, Paquistão, Tailândia e Ucrânia. Países ricos ficaram de fora. Na América do Sul, apenas Guiana e Suriname foram incluídos. O laboratório afirmou à Folha que a decisão sobre os países contemplados pelo licenciamento voluntário foi baseada na lista do Banco Mundial que define países de baixa e média renda, “com a inclusão de algumas exceções”. Não houve explicação específica da razão pela qual o Brasil ficou de fora.” [Folha]

Encewrro com a última do Osmar Terra, diretamete do século 18.

“Após escrever nas redes sociais sobre o que chamou de “imbecil convicto”, definido como aquele que errou tudo o que previu sobre a pandemia e continua afirmando estar certo, o deputado Alceu Moreira (MDB-RS) recebeu longa carta do colega de partido, Osmar Terra, que o acusou de estupidez e grosseria. “A agressão gratuita em rede de internet não é e nunca será a forma de tratar de um tema dessa magnitude, nem de discordar de um companheiro de partido, com uma longa folha de serviços prestados à sociedade gaúcha e brasileira, da qual muito me orgulho”, escreveu Terra na carta. O deputado pediu respeito e escreveu que Moreira não está tratando com “inimigo, adversário político, traidor ou mesmo um moleque”. Engano Moreira afirma ao Painel, no entanto, que Terra não era o alvo do tuíte. “Estava falando das pessoas que fazem previsões, mencionam estudos, que depois não se comprovam e confundem a população. Não era sobre o Osmar Terra, de quem sou amigo”. Ele diz que sentará com o também deputado para aparar as arestas. Terra confirmou ao Painel ter enviado a carta, mas não quis comentá-la. “É autoexplicativa”, disse.” [Folha]

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6. Maia

E essa alegria do Boslonaro?! E essa insistência em apertar a porra da mão?! E esse abraço?! Fose o Maia estaria com medo de Bolsoanro esfaquear por trás.

“Vida sofrida essa dos seguidores de Jair Bolsonaro. Passaram dias debaixo de sol e chuva defendendo a queda de Rodrigo Maia, sua prisão e o que mais de ruim o destino puder reservar a um “inimigo da pátria”. Tudo para defender Bolsonaro, o presidente do povo, que não se verga à velha política. Aí o presidente decide virar amigo do centrão. Como Lula, começa a colocar dentro do governo os cupinchas de Roberto Jefferson, Valdemar Costa Neto, Paulinho da Força, Arthur Lira, Ciro Nogueira… O bolsonarista sente que algo está errado, mas se agarra então no ataque ao grande inimigo na presidência da Câmara. Os deputados bolsonaristas aloprados fazem vigílias, faixas, protestos, jornadas de hashtags com robôs nas redes… Tudo para Bolsonaro terminar nesta quinta dando um abração de companheiro em Maia no Palácio do Planalto. É dura a vida do bolsonarista. Coitado do Carluxo.” [Veja]

Do Ascânio Seleme:

“Atender um convite para um café do presidente, tudo bem. Poderia até agradecer e enrolar, mas aceitar demonstra boa educação. E, depois, como se viu, foi uma emboscada difícil de escapar. Agora, sair e dar uma entrevista como se estivesse tudo normal é um pouco demais. Rodrigo Maia deixou o gabinete de Bolsonaro falando em construir os caminhos para o Brasil sair da crise. Falou em diálogo, de reformas e do Enem, como se o interlocutor que o recebeu momentos antes fosse dado a debater qualquer coisa. Maia tem memória curtíssima. Esqueceu o apoio de Bolsonaro aos milicianos que pregam intervenção militar, fechamento do Supremo e do Congresso e a prisão dele e de seu colega Davi Alcolumbre. Disse que seu papel é o de construir pontes. Só se forem pontes para o abismo. Mesmo tendo sido objeto de uma armadilha, ele não podia ter facilitado tanto as coisas para Bolsonaro. Rodrigo Maia está perdendo o seu protagonismo e se sente de certa forma enfraquecido. Por isso falou ao sair do gabinete. Devia ter ficado calado, ou denunciado a emboscada. E Bolsonaro jogou bem politicamente. Ele engessou o presidente da Câmara, que é o único com poder de aceitar e dar encaminhamento a qualquer pedido de impeachment do presidente da República. Se conseguir segurar Maia por mais uns dois meses, ganha tempo importante para tentar construir junto com o Centrão uma nova liderança parlamentar capaz de pulverizar o protagonismo de Rodrigo Maia e alicerçar uma candidatura para a sua substituição na presidência da Câmara. Ingênuo, Maia perdeu pontos importantes. Bolsonaro ganhou essa.” [O Globo]

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7. Zona palaciana

“Esta quinta (14) foi considerada por políticos o exemplo perfeito do desnorteio do governo. Jair Bolsonaro acenou a governadores para, depois, atacá-los. Falou mal de Rodrigo Maia (DEM-RJ) e, em seguida, disse que voltou a namorá-lo. Teve tempo de encolher ainda mais seu ministro da Saúde e dizer que vai, de novo, atropelar seu Posto Ipiranga. Por fim, veio à tona parte do que afirmou na reunião de 22 de abril. Proteção à família e a amigos. Vou interferir. Ponto final. Outro sinal de descoordenação nesta quinta (14) foi a edição da medida provisória 966. Para opositores, foi uma demonstração de que a preocupação do presidente é com questões pessoais. Enquanto vem cobrando da PF medidas contra desvios durante a pandemia, edita MP que, na prática, dá “salvo-conduto” a agentes públicos.” [Folha]

Paso para o Simas:

“Dizer que o governo é a Casa da Mãe Joana é sacanagem com Joana I, Rainha de Nápoles, que organizou no séc. XIV os bordéis de Avignon. A área do randevu ficou conhecida em português como Paço da Mãe Joana. A coisa era boa, com sarau de poesia, vinhos de boas pipas, acepipes e música de câmara. A Mãe Joana não era mole. Fugiu de Nápoles acusada de conspiração no assassinato do marido, virou dona de uma casa de amores urgentes na França e foi assassinada por um sobrinho. Mas o paço com os lupanares, um complexo de puteiros, que ela criou era organizadíssimo, ao contrário do governo do pai jair (o minúsculo).” [Facebook]

O úncio final possível para esse tópico:

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8. Cabeça do Abraham a prêmio

E a proeza cabe ao… Centrão!

“Integrantes do Centrão discutiram na manhã dessa quinta a participação do grupo no governo. Apesar do avanço do inquérito contra Jair Bolsonaro, seguem firmes no propósito de ocupar espaço na Esplanada. O quase tema único da reunião foi a resistência do ministro Abraham Weintraub (Educação) em entregar o polpudo FNDE a um indicado do Centrão. Todos estavam muito irritados. O ministro sequer os têm recebido. E, como estão com acesso direto ao terceiro andar do Planalto, vão pedir a cabeça do ministro a Bolsonaro. A tal história de que o preço do Centrão, agora, está mais caro.” [Veja]

Que plot twist, hein, Brasil?!

“A resistência de ministros em cumprir a ordem do presidente Jair Bolsonaro de entregar cargos de segundo e terceiro escalões para os partidos do chamado centrão tem atrasado as nomeações de indicados pelas siglas e gera insatisfação de dirigentes partidários. O trato firmado pelo Palácio do Planalto era para que a maioria das indicações fosse publicada nesta semana no Diário Oficial da União. O prazo dado por auxiliares de Bolsonaro para que os nomes passassem por pente-fino para verificar antecedentes já teria terminado. Até o momento, no entanto, a maior parte não foi efetivada. Isso aumentou a desconfiança se, de fato, o presidente cumprirá o prometido. O maior incômodo com a orientação do presidente tem sido manifestada por ministros do núcleo ideológico e da equipe econômica. Em conversas reservadas, a principal crítica é a de que Bolsonaro tem contrariado seu discurso de campanha e colocado em risco o apoio de parcela do seu eleitorado. Segundo líderes do centrão, o ministro Abraham Weintraub (Educação) é um deles.” [Folha]

Abraham tentou dar um jeito e ofendeu o Braga Netto duma forma estupenda:

“Chegou a congressistas o relato de que ele teria ficado tão contrariado com a obrigação de ceder a presidência e a diretoria do FNDE (Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação) que sugeriu ao ministro Walter Braga Netto (Casa Civil) que assumisse o órgão em sua pasta. Braga Netto, no entanto, teria recusado a oferta.”

Caralho, Abahram pegou aquele catarro verde-musgo e espesso e cuspiu no olho do general! Imagine, “general, você quer ser meu subordinado?!”, só dele pensar em dizer isso pro general mostra o quão retardado ele é.

“Sob a ameaça de ser exonerado, Weintraub cedeu —Bolsonaro avisou que suas indicações deverão ser respeitadas sob pena de demissão. Segundo relatos, porém, o ministro disse que criaria critérios de gestão e governança no órgão federal. A presidência do FNDE foi prometida ao Progressistas. Já as diretorias do fundo serão divididas entre PL e Republicanos, por exemplo. Os nomes já foram enviados.​ O ministro Paulo Guedes (Economia) é outro que se incomodou com a orientação de Bolsonaro. Ele embarreirou algumas sugestões para o Banco do Nordeste, segundo congressistas e integrantes do governo. O órgão está prometido para o PL, de Waldemar Costa Neto. Além dos dois, segundo relatos de assessores presidenciais, os ministros Onyx Lorenzoni (Cidadania) e Ernesto Araújo (Relações Exteriores) também teriam se incomodado com o loteamento partidário da máquina pública.”

Já os milicos não criam resistência alguma, é honra pra caralho, hein?!

“Em um contraponto, o núcleo militar não tem demonstrado resistência à tentativa do presidente de formar uma base aliada, mesmo se aliando ao que ele mesmo já chamou de “velha política”. A avaliação é a de que chegou a hora de Bolsonaro mudar a retórica e formar uma base aliada para conseguir aprovar medidas de impacto econômico.”

E que vídeo maravilhoso:

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9. O recuo do recuo do recuo

“O presidente Jair Bolsonaro disse na noite desta quinta-feira (14) que deverá fazer uma videoconferência com governadores para tratar do projeto de socorro aos estados aprovado pelo Congresso e só depois decidirá se vetará ou não trecho da proposta que permite reajuste salarial a categorias do funcionalismo. Bolsonaro conversou sobre o texto que destina auxílio financeiro aos gestores dos estados em reunião nesta quinta-feira (14) com o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ). “Ficou pré-acertado que [ele] pretende, juntamente comigo, fazermos uma vídeoconferência com os governadores de todo o Brasil e aí sair um compromisso no tocante a possível veto ou não de artigos desse projeto”, explicou o presidente em entrevista na frente do Palácio da Alvorada. Bolsonaro disse que “talvez” o encontro virtual com os governadores ocorra na semana que vem. A ideia da reunião, disse o presidente, é de Maia. Na segunda (11), Bolsonaro havia dito que decidira até esta quarta-feira (13) a respeito do veto e afirmou atenderia “100%” o ministro Paulo Guedes (Economia), o que mostra uma mudança no discurso desta quinta (14).” [Folha]

O Guede deve estar enlouquecido, folgo em saber.

“Pressionado pelos líderes do Senado, o presidente da Casa, Davi Alcolumbre (DEM-AP) suspendeu as votações dos projetos marcadas para esta quinta-feira (14) para cobrar de Jair Bolsonaro um posicionamento sobre matérias já aprovadas na Casa. Entre os projetos que tiveram votação adiada está o que prevê congelamento nos preços de medicamentos e planos de saúde durante a pandemia e o que limita em 20% os juros de cheque especial e de cartão de crédito no mesmo período. Validador do voto dos parlamentares no projeto de ajuda financeira a estados e municípios durante a pandemia causada pelo novo coronavírus, o presidente do Senado tem sido alvo de cobranças devido à morosidade do governo quanto à sanção da medida, que está parada no Palácio do Planalto desde o último dia 6. Embora não tenha se reunido pessoalmente com Bolsonaro nesta quinta-feira, Davi antecipou a aliados que a expectativa é que o presidente da República possa sancionar a medida ainda nesta sexta-feira (15). Se o ato se concretizar, o repasse da primeira parcela da ajuda aos entes federados poderia estar nas contas ainda na próxima semana.”

E Bolsonaro já deu aumento aos policiais e milicos, claro:

“É mais que um gesto à base eleitoral. O projeto do presidente Jair Bolsonaro que autoriza reajuste dos salários dos policiais civis e militares e bombeiros de Brasília, aprovado na última quarta-feira pelo Congresso, tem potencial para aumentar a pressão sobre os governadores por abertura de negociações com seus agentes de segurança. O momento de melhorar o contracheque das polícias da capital federal, que têm os salários bancados pela União, não poderia ser mais dramático. Em tempo de crise econômica e pandemia, os Estados se veem diante do risco de uma nova onda de motins. Com o reajuste de até 25%, um soldado do Distrito Federal deverá ter, no início da carreira, um soldo de R$ 6.556, incluindo os penduricalhos. De longe, é o mais alto salário do País.” [Estadão]

6 contos de largada, viado!

“Policiais militares cearenses e capixabas promoveram motins que resultaram em caos social e questionamentos de medidas de equilíbrio orçamentário. O governo do Ceará propôs um salário de R$ 4.500 em 2022. Não agradou. No Espírito Santo, o policial militar recebe inicialmente R$ 3.771, incluindo auxílio alimentação e gratificação especial. Lá, a mágoa dos agentes está latente desde a paralisação de 2017, quando a categoria ficou quase um mês de braços cruzados sem conseguir melhorar o salário. Uma anistia a mais de mil participantes do motim acalmou os ânimos. Bolsonaro tem sido um bom cumpridor de promessas de campanha para os militares. Essa característica ganha ainda mais relevo na atual situação de cofres públicos vazios. Na reforma da Previdência, ele tirou as Forças Armadas da sangria. Ainda negociou regras mais brandas para agentes das polícias e carreiras federais da segurança pública.

Na Venezuela, o chavismo se expandiu com uma militarização descontrolada, sustentada por compras milionárias de equipamentos e armas da Rússia, parcerias com ditaduras, uma inflação de mais de mil oficiais-generais – no Brasil são 303 -, o fortalecimento da Guarda Nacional e medidas para adequar grupos milicianos e paramilitares à estrutura do Estado. Sem petrodólares, o protótipo brasileiro do chavismo se alimenta de ações menos robustas, como o loteamento do governo a oficiais da reserva e os discursos voltados às bases dos quartéis. No momento de queda de popularidade, Bolsonaro tenta evitar uma debandada dos policiais do projeto de poder que tem construído. A curto prazo, o agrado aos agentes de segurança é mais um puxão do presidente no jogo de cabo de guerra com os governadores.”

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10. Exames

Os hackers estão de parabéns:

“Um grupo de hackers identificados no Twitter como DigitalSp4ce afirma ter invadido sistemas do Hospital das Forças Armadas (HFA), mas não encontrado vestígios de que o Presidente da República Jair Bolsonaro tenha feito qualquer coleta de sangue para ser testado para a covid-19, doença provocada pelo novo coronavírus (Sars-CoV-2). Em contato com o TecMundo, um dos representantes afirmou ter buscado o nome do presidente, bem como alguns de seus supostos pseudônimos, na base de dados do hospital e não obtido resultados. O grupo acredita, portanto, que Bolsonaro não fez nenhum teste para a doença no HFA. Em consequência disso, o laudo entregue ao Supremo Tribunal Federal (STF) e divulgado nesta quinta-feira (14) seria falso, segundo eles. Ao invadirem o sistema do HFA, os hackers teriam encontrado vários registros de atendimentos ao presidente da República no hospital em Brasília (DF), mas sua última visita teria sido em janeiro, sendo que o primeiro exame feito por ele dataria de 12 de março. Uma segunda coleta teria sido feita em 17 de março.” [Tecmundo]

A melhor parte vem agora:

“Ao mostrar o resultado com o nome falso no exame de Covid-19, presidente Jair Bolsonaro, ou Airton Guedes em 12/03/2020 para o Sabin Medicina Diagnóstica, Unidade do Hospital das Forças Armadas, ou Rafael Augusto Alves da Costa Ferraz, em 17/03/2020 para o Sabin, Unidade SAAN, cometeu delito.

Os três têm o mesmo CPF (453.178.287-91) e RG (3.032.827 SSP/DF).

O verdadeiro Rafael Augusto Alves da Costa Ferraz tem 16 anos e mora no Distrito Federal. O Sabin disse que recebeu os codinomes do hospital. Pela ficha do laboratório, ele teria nascido em 21/03/1955. A mesma data que o presidente.

Ele é filho de uma major que frequenta o hospital.

Artigo 299 do Código Penal Brasileiro:

“Omitir, em documento público ou particular, declaração que dele devia constar, ou nele inserir ou fazer inserir declaração falsa ou diversa da que devia ser escrita, com o fim de prejudicar direito, criar obrigação ou alterar a verdade sobre fato juridicamente relevante.”

É tipificado pelo popular crime de falsidade ideológica. Torna-se delito se a declaração num documento verdadeiro, como um laudo médico, sobre fato juridicamente relevante.” [Estadão]

“A informação de que uma autoridade pública, o presidente, tem uma infecção contagiosa, que se transmite pelo ar, realiza encontros públicos sem a devida precaução, não é juridicamente relevante? Para o cidadão comum, a lei prevê duas penas distintas: Reclusão de um a cinco anos e multa, se o documento objeto da fraude é público. Reclusão de um a três anos e multa, se o documento for particular. Mas há um detalhe: “Parágrafo único. Se o agente é funcionário público, e comete o crime prevalecendo-se do cargo, ou se a falsificação ou alteração é de assentamento de registro civil, aumenta-se a pena de sexta parte”. Quem faz a denúncia?”

Alô, PGR:

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11. Dólar foi pra casa do caralho

Que texto espantoso:

“Mesmo quem acha que o Brasil esteja à beira do precipício não consegue explicar tamanho desabamento do real diante do dólar dos Estados Unidos. Apenas em 2020 (até esta quinta-feira), a desvalorização da moeda nacional foi de 45,1%, de longe a maior dentre as moedas dos países em desenvolvimento. Até mesmo o peso da Argentina, que acaba de passar mais um calote da sua dívida, afundou menos do que real, ou 12,8%, como está na tabela..” [Estadão]

A Argentina, viado, a Argentina, em plena – e permanente – crise com os credores, sem reserva internaiconal, que desgraça, que proeza do caralho!

“Em geral, uma moeda se desvaloriza nessas proporções quando o país que a emite está quebrado nas suas contas externas e, assim, cria para investidores e empresas a percepção de que não terá dólares suficientes para honrar seus compromissos no exterior. Mas, desta vez, não é o que acontece com o Brasil. As contas correntes, onde são contabilizadas entradas e saídas de moeda estrangeira no comércio, nos serviços e nas transferências unilaterais (menos fluxo de capitais), vinham tendo um déficit da ordem de 2,8% do PIB, de fácil cobertura. É mais provável agora que esse rombo seja zerado ou fique perto disso, pela redução de importações e de viagens ao exterior e pelo forte aumento das exportações. Uma explicação foca o tombo dos juros internos. Como as aplicações financeiras no Brasil, descontada a inflação, passaram a render quase nada, deixou de valer a pena trazer dólares para aplicar no mercado financeiro interno e ganhar com a diferença de juros. Mas essa operação de arbitragem (carry trade) deixou de valer a pena porque, tanto aqui como lá fora, os juros são negativos ou quase, e ainda é preciso correr o risco do câmbio.

A única explicação que sobra para essa sofreguidão pela busca de moeda estrangeira é a forte deterioração da vida pública brasileira. A política propriamente dita é uma barafunda. Ninguém se entende, o governo não sabe o que quer, nem mesmo o novo ministro da Saúde consegue sintonia com o presidente sobre a melhor maneira de enfrentar a pandemia. Os políticos do Centrão se aproveitam da desordem para cobrar o que bem entendem em troca de apoio duvidoso e provisório. A economia está à beira da calamidade, se já não está no meio dela. Ninguém sabe hoje para onde vão as contas públicas. A percepção prevalecente é a de que afundam. O Congresso vai autorizando “orçamentos de guerra”, sem olhar para o interesse público. E as reformas, que antes da pandemia deveriam ajudar a pôr a casa em ordem, estão engavetadas. A economia real vai desmaiando. Não é que a indústria esteja parada; está andando para trás. O setor de serviços, que corresponde a 73% do PIB, mantém grande número de seus segmentos a portas fechadas. Se não começou, a quebradeira está para começar. Ninguém sabe para onde vai o desemprego, renda e consumo despencaram. É cada vez maior a probabilidade de que o mergulho do PIB neste semestre será medido por dois algarismos. Enfim, o único fator que consegue explicar o tombo do real diante do dólar é a perda de confiança. Nada indica melhoras a caminho.”

Eu, ridiculamente oitimista, chutei -8% lá atrás.

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12. Mais uma MP no lixo

“O presidente Jair Bolsonaro provocou forte reação negativa ao editar nesta quinta-feira (14) uma medida provisória que protege agentes públicos de responsabilização por atos tomados durante a crise do novo coronavírus. A medida provisória gerou questionamentos em setores do Judiciário e do Congresso. Partidos de oposição e entidades decidiram contestá-la no Supremo —e parlamentares acusam Bolsonaro de querer se eximir de responsabilidades na atual crise. Ministros do STF ouvidos em caráter reservado pela Folha consideraram a MP vaga e inconstitucional.” [Folha]

Que diabos seria “erro grosseiro”? Quem definiria “erro grosseiro”?!

“Segundo relataram interlocutores à Folha, desde o início da crise da Covid-19 existe preocupação entre técnicos do governo sobre possíveis responsabilizações por medidas tomadas na pandemia. Eles argumentam, por exemplo, que o sistema de compras públicas teve de ser modificado e que é preciso algum tipo de proteção para processos de caráter emergencial. Guedes falou sobre a MP em teleconferência de Bolsonaro com o presidente da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), Paulo Skaf, e grandes empresários.”

E Bolsonaro finge que não é com ele:

“Questionado sobre a MP na manhã desta quinta, Bolsonaro se limitou a dizer, sem dar detalhes: “Vou ver isso aí quando chegar lá [no Palácio do Planalto] agora”. No início da noite, afirmou que o Congresso vai aprimorar o texto e que a ideia foi do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto.”

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13. R$ 600

Do Bruno Boghossian:

“No início do mês, Jair Bolsonaro declarou que o país só não tinha ondas de “saques e violência” graças ao pagamento dos R$ 600 do auxílio emergencial. Sem querer, o presidente denunciou a perversidade do próprio governo. Milhões de brasileiros que perderam renda com a crise esperam há mais de 15 dias pela segunda parcela do benefício. Enquanto o governo atrasa a transferência do dinheiro, Bolsonaro faz propaganda do caos. Na conversa que teve com empresários nesta quinta (14), ele disse prever “saque a supermercados, desobediência civil”. Ainda completou: “Não adianta querer convocar as Forças Armadas”. Por desinteresse ou incompetência, o presidente abre mão de comandar a aplicação das medidas emergenciais contra os efeitos da pandemia. Longe disso, prefere explorar a pressão econômica sobre os miseráveis para se proteger politicamente e atacar seus adversários.

Na reunião com os associados da Fiesp, Bolsonaro pediu ajuda dos ricos nessa missão. Como se patrocinasse a formação de uma milícia, disse aos empresários que eles deveriam “jogar pesado” com governadores que implantaram medidas de isolamento. “Jogar pesado, porque a questão é séria, é guerra”, disse, antes de citar a ameaça de desordem. Em sua cruzada, o presidente se contenta em dizer apenas o óbvio: “As pessoas, não tendo renda, não vão ter o que comer em casa”. Ele ignora o fato de que o governo gerencia, aos trancos, um programa de assistência muitas vezes maior do que o Bolsa Família, justamente para evitar que isso aconteça. Bolsonaro finge desconhecer que o isolamento não é um fim em si mesmo, mas uma maneira de ganhar tempo até que o país desenvolva uma estratégia para retomar suas atividades com segurança. O presidente não apresenta nada disso. Limita-se a fazer uma campanha claudicante pelo tal “isolamento vertical” e a fazer campanha da cloroquina como droga milagrosa, só para tumultuar o debate. O único plano de Bolsonaro é a guerra e o caos.” [Folha]

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14. Diplomacia olavista

O Barão do Rio Branco deve ter cansado de puxar o pé do Ernesto.

“Na gestão do chanceler Ernesto Araújo, diplomatas e professores de Relações Internacionais foram trocados por palestrantes cujo traço em comum é serem seguidores e alunos de Olavo de Carvalho. Blogueiros, militantes e colunistas pró-governo federal, fundamentalistas religiosos e teóricos da conspiração, quase todos sem nenhuma atuação anterior na área diplomática ou internacional, têm promovido ideias anticientíficas e de teor doutrinário e ideológico em seminários na Fundação Alexandre de Gusmão (Funag), órgão de pesquisa e divulgação do Itamaraty. As conferências, que começaram no ano passado, ganharam um fôlego renovado durante a pandemia de Covid-19. Alta consensualidade, paranoia, especulações desprovidas de evidências e pouco-caso com parâmetros científicos são marcas dos debates patrocinados pelo Ministério das Relações Exteriores durante o surto, que não contam com a presença de embaixadores ou de professores de Relações Internacionais. Nos dois debates já realizados em torno do tema “A conjuntura internacional no pós-coronavírus”, nesta semana e na anterior, houve quem comparasse o uso de máscaras aos gulags de Stalin, quem dissesse que críticos de Ernesto Araújo o são por “uma questão psicológica e espiritual” e quem descrevesse o ex-presidente americano Barack Obama como um “radical de extrema esquerda”.” [O Globo]

Obama radical de extrema-esquerda, viado, o Obama, porra!

“Nem todos os palestrantes são caricaturescos, e nem todos os temas e intervenções são necessariamente disparatados. Na primeira conferência, o jornalista Leonardo Coutinho, que por 17 anos foi da revista Veja e hoje trabalha em um think tank em Washington, fez uma exposição ao mesmo tempo ponderada, pertinente e conservadora, questionando limitações e incongruências do multilateralismo. Foi dele que partiu, salvo engano, o único vestígio de questionamento à atuação do governo brasileiro durante a pandemia: — Organismos multilaterais não são poços de virtudes, imunes a interesses políticos ou infalíveis. Mas isto não nos exime da necessidade de tomar nossas próprias decisões. Erramos ao não pensarmos autonomamente, ao não ter a coragem de tomar decisões antecipadamente — afirmou.

Por outro lado, em todas as exposições, não foi enfatizada uma só vez que acontece no mundo uma pandemia real, de uma nova doença altamente infecciosa e letal, que, caso não seja enfrentada com medidas de distanciamento social, provocará o sobrecarregamento de hospitais e milhões de mortes. Pelo contrário, seria possível assistir aos debates e concluir que a Covid-19 é imaginária. À exceção de Coutinho, todos os oradores são ligados a Olavo de Carvalho e escrevem na internet. O ideólogo do governo insistentemente nega que haja perigos reais no novo coronavírus, tendo afirmado há apenas três dias que  “o medo de um suposto vírus mortífero não passa de historinha de terror para acovardar a população”.”

O imbecil do Ruschel foi um dos convidados, coitado do Itamaraty, que já teve figuras como Guimarães Rosa – e se você não leu Guimarães você tá errado pra caralho!

“Os discípulos de Olavo não chegaram tão longe na Funag, mas passaram perto nas teorias da conspiração: o youtuber e tuiteiro Leandro Ruschel começou relacionando a pandemia às “elites que buscam manipular a opinião pública” e “não fazem isso de forma tênue, mas através do conflito”; o português José Carlos Sepúlveda, oriundo da Tradição, Família e Propriedade (TFP), relacionou a ascensão do trabalho remoto ao “velho hábito da esquerda de dizer que é preciso mudar o homem todo, e inclusive de misturar o lazer com o trabalho”.”

TFP, porra!

“De gravata borboleta, Evandro Pontes, ex-professor de direito comercial convertido em polemista reacionário, disse que “os países que têm sofrido confinamento viviam renascimento conservador, como Israel, Itália e Espanha”, enquanto não se “ouve falar em confinamento em Argentina, Cuba e México”. Os dois países europeus têm governos de centro-esquerda e já reabriram suas economias, assim como Israel, governado pela direita, enquanto os latino-americanos mantêm seus isolamentos. Estes e comentários análogos foram feitos sob o beneplácito e os elogios de Roberto Goidanich, ministro de segunda classe do MRE (nível hierárquico uma etapa antes do de  embaixador) que foi promovido a presidente da Funag em março do ano passado e atuou como moderador.

Sob sua gestão, ainda no ano passado, diplomatas e professores de Relações Internacionais tornaram-se personas non-gratas na Funag, que, aos poucos, se converte em um centro de estudos da obra de Olavo de Carvalho. No ano passado, aconteceram mais de 10 outras palestras como as sobre a Covid-19, sempre em mesas sem estudiosos que de fato atuam em âmbito internacional para fazer contrapontos. A prática contrasta fortemente com a tradição da fundação, criada em 1971, seja em governos de esquerda ou direita. Tradicionalmente, seus presidentes eram embaixadores em final de carreira, como Jerônimo Moscardo, que foi secretário pessoal do ex-presidente Castelo Branco, e, mesmo conservador, presidiu a instituição durante o governo de Luiz Inácio Lula da Silva, assim como Gilberto Saboia, também conservador e presidente em 2011 e 2012.”

A resposta do Itamaraty:

“Procurado, o Itamaraty respondeu que os debatedores não foram pagos e que “todos os palestrantes dos seminários são pessoas reconhecidamente bem informadas e capacitadas”

Encerro com Ruy Castro:

“Já viajei muito por aí e, em todos os países em que estive, senti que, ao ouvir a palavra “brasileiro”, as pessoas reagiam com encantamento, prazer e até inveja. Era, talvez, um eco de Carmen Miranda, Copacabana, Pelé, o Carnaval, “Garota de Ipanema”, símbolos históricos de um país musical, colorido e ensolarado. Claro que, mais a par da realidade, eu estranhava tanta aprovação. Ela ignorava nossas mazelas, como a ditadura, a tortura, a violência, a corrupção, a miséria. Mas era como se, mesmo que soubessem, não fosse da conta deles. Agora, pela primeira vez, o que se passa aqui dentro ficou da conta do mundo. O Brasil está sendo visto como uma bomba prestes a explodir e despejar o coronavírus por toda parte. Nossos vizinhos na América do Sul estão alarmados —cada metro de fronteira, em qualquer dos sentidos, pode levar à morte de seus nacionais.

Claro que isso não deve preocupar o governo brasileiro. Mas talvez preocupe o dos países para os quais nos sentamos nas patas traseiras e arfamos, e eles tomem certas providências. Brevemente seremos proibidos de entrar nos países da União Europeia. Eles não querem se arriscar a admitir oriundos de uma população em que cada indivíduo pode contaminar outros dois com a Covid-19. Para isso, baseiam-se não só nos nossos números, que não demoram a ultrapassar mil mortos por dia e disparar, como na indiferença com que isso é tratado pelos supostos responsáveis. Aos olhos internacionais, o Brasil tornou-se uma piada sinistra —um país em que fazer as unhas é uma atividade essencial, o ministro da Saúde é um cadáver ambulante e o presidente é um tresloucado que usa máscara cenográfica, humilha seus médicos e enfermeiros e estimula os humildes a sair às ruas para morrer. ​E, assim como não poderemos sair desse manicômio, ninguém de fora será louco de vir aqui ou pôr dinheiro nele.” [Folha]

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15. Salles e Ernesto estão de parabéns

Hora da colheita:

“Na Noruega, o maior fundo soberano do mundo exclui a Vale e Eletrobras de seus investimentos, por conta de violações de direitos humanos e a falta de compromisso com a proteção do meio ambiente. O anúncio foi feito nesta quarta-feira, pelo Norges Bank, instituição que administra o fundo em Oslo. Com US$ 1 trilhão e recursos alimentados principalmente com a renda do petróleo, o Fundo de Pensão do Governo na Noruega suspendeu ações em um total de sete empresas pelo mundo. O veto também serve de sinalização ao mercado. Uma das empresas afetadas foi a Vale, depois de uma avaliação do risco que a empresa representa para “danos ambientais graves”. “Foi recomendado que a Vale fosse excluída em decorrência de repetidas rupturas de barragens”, explicou a entidade, num comunicado.

Famílias de vítimas de Brumadinho e Mariana chegaram a fazer apelos nessa direção, justamente para conseguir aumentar a pressão internacional sobre a empresa brasileira. Para explicar a decisão, o Conselho de Ética do Fundo emitiu um comunicado indicando para os casos de Mariana e Brumadinho. “O incidente (de Mariana) causou a morte de 19 pessoas e teve sérias conseqüências ambientais. O relatório de um inquérito encomendado pela BHP Billiton apontou graves falhas na barragem. Os defeitos eram de natureza tal que tornava provável que a empresa tivesse conhecimento deles”, apontou o Conselho de Ética, na Noruega. O Conselho de Ética emitiu sua recomendação em 12 de junho de 2019. O Norge Bank anunciou sua decisão de excluir a empresa do investimento em 12 de maio de 2020. A demora em tomar a decisão ocorre, em alguns casos, para que haja tempo suficiente para que o fundo possa vender sua participação ou retirar eventuais investimentos em ações e outros ativos.

A diretoria executiva do Norges Bank também decidiu pela exclusão da empresa Centrais Elétricas Brasileiras S.A. (Eletrobras) “por risco inaceitável de que a empresa contribua para violações graves ou sistemáticas dos direitos humanos”. “Foi recomendado que a empresa fosse excluída por violações de direitos humanos relacionadas com o desenvolvimento da usina de Belo Monte no Brasil”, explicou o banco no comunicado. Num comunicado, o Conselho de Ética do fundo explicou a recomendação: “A Eletrobras é uma empresa brasileira de energia engajada em diversos projetos de energia hidrelétrica. A avaliação é em grande parte baseada no papel da Eletrobrás na construção da usina de Belo Monte. Muitos territórios indígenas são severamente afetados pelo projeto. O projeto tem levado ao aumento da pressão sobre as terras indígenas, à desintegração das estruturas sociais dos povos indígenas e à deterioração de sua subsistência”, alertou. “O projeto também resultou no deslocamento de pelo menos 20.000 indivíduos, incluindo pessoas com um modo de vida tradicional que costumavam ter suas casas em ilhas e margens de rios que agora estão submersas”, indicou.” [UOL]

E não, não é perseguição ao coitado do Bolsonaro:

‘Além das brasileiras, a diretoria executiva do Norges Bank decidiu excluir as empresas Canadian Natural Resources Limited, Cenovus Energy Inc, Suncor Energy Inc, e Imperial Oil Limited após uma avaliação das emissões “inaceitáveis de gases de efeito estufa. O Conselho de Ética recomendou a exclusão das empresas por causa das emissões de carbono da produção de petróleo para as areias petrolíferas. É a primeira vez que este critério está sendo aplicado”, destacou o fundo, em um comunicado. “As decisões de exclusão da Diretoria Executiva foram tomadas com base nas recomendações do Conselho de Ética”, explicou.”

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16. Está tudo normal

“O MPDFT (Ministério Público do Distrito Federal e Territórios) entrou com uma ação civil pública na Justiça pedindo o fim do acampamento “300 do Brasil” na capital federal ou em qualquer outra parte do país. O grupo bolsonarista foi chamado de “milícia armada” pelos procuradores, que também pediram urgência na decisão judicial, busca e apreensão, e revista dos integrantes. Na ação, o MPDFT diz que “a presença de milícias armadas, conforme noticiado nos veículos de comunicação, na região central da Capital Federal, representa inequívoco dano à ordem e segurança públicas”. Mais adiante, os procuradores citam o emprego “paramilitar” para finalidade política. “Milícias não se subordinam à normatividade jurídica do Estado; seguem paralelas a ela ou em contraposição ao poder estatal. Não é necessário haver uniforme, distintivo, continência ou sinais de respeito à hierarquia, símbolos ou protocolos de conduta visíveis ou explícitos. Importa, e muito, o emprego paramilitar dos associados para finalidade política nociva ou estranha à tutela do Estado Democrático de Direito”, afirmaram no pedido.” [UOL]

Se fosse o MST acampando em brasília com armas ia ser AVC de norte a sul do país.

“A porta-voz do grupo, Sara Geromini, que usa o nome de Sara Winter, é citada como alvo da ação civil pública. O Ministério Público citou ainda que a ativista já admitiu a presença de armas no acampamento bolsonarista. Sara reconheceu em entrevista à BBC Brasil e disse que o armamento serve para “proteção dos próprios membros do acampamento””

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17. A língua absolvida”

Que coisa linda esse texto da Elena Landau:

“Meu pai morreu há dez anos. Penso muito nele. Se chamava Iosif, mas era conhecido pelo sobrenome: Landau. Trocávamos sugestões de livros e filmes. Até hoje, quando assisto uma série legal, penso em ligar para ele. Se foi antes do Zap, nossas conversas eram ao vivo. A voz indicava seu humor, volátil. Judeu, nascido nos anos 20 em Bucareste, chegou no Rio em 1940, com os pais e a irmã, fugindo do nazismo. Meu nome é uma homenagem a minha avó. Desde que pisou aqui, virou brasileiro de coração. Me apresentou João Gilberto, Doralice é minha primeira lembrança. Cidadão Carioca Honorário, remador do Botafogo, ele amava a praia. Se apaixonou por minha mãe, católica fervorosa. Os filhos foram batizados, mas nenhum seguiu religião alguma. Estudamos em colégios católicos, pela qualidade, e só. Para desgosto do meu avô nem Bar Mitzvah fez. Quando faleceu, sob protestos de um primo judeu ortodoxo, seguimos seu desejo de ser cremado. Suas cinzas foram jogadas ao mar da pedra do Arpoador.

Um dia dei a ele Eichmann em Jerusalém. O livro mexeu muito com sua história de refugiado do nazismo. E sem nunca ter sido religioso, passou a defender fervorosamente o Estado de Israel. Desde que pisou no Rio, deixou a Romênia para trás. Só falava português, e perfeitamente, mesmo com meus avós. Nas Copas, torcia pelo Brasil. Dizia que pela Romênia só quando fosse contra a Argentina. Mais brasileiro impossível. Só muito mais tarde entendi a razão da negação de sua origem. Fui morar na Inglaterra e na época a Romênia estava entrando na União Europeia. Para facilitar a entrada na imigração em Londres, resolvi recuperar a cidadania romena. Era necessário que meu pai entrasse com pedido também. Convencê-lo foi uma luta. Ele me disse: “Não quero ser romeno. Não tenho orgulho daquele país. Sempre foram antissemitas, aderiram ao nazismo, Ceaucescu foi um ditador comunista corrupto, sua mulher chefiou a polícia mais sangrenta do Leste Europeu, e depois da queda do muro caiu nas mãos de quadrilhas capitalistas tão bandidas quanto a comunista”.

Eu nunca tinha percebido essa mágoa toda. Achava que a imediata e total adesão à nacionalidade brasileira era uma forma de adaptação, defesa de um expatriado. Insisti. Fiz tremenda chantagem emocional, disse que ele deveria fazer por mim e pelo neto. Cedeu. Começava um processo longo e burocrático. As regras da UE mudavam com frequência e com elas os documentos exigidos. Resolvi ir a Bucareste. Iosif se recusou a me acompanhar, é claro. Fui fazer o que nenhum Landau tinha feito. Voltar. Rever a casa onde moraram. O colégio onde estudou. E comer a comida típica, com suas dicas no bolso. Foi muito especial. Eu e meu pai nunca estivemos tão próximos. Mandava mensagens e fotos. Nesses dias, ele parecia ter deixado as mágoas de lado. Fui também para acelerar as coisas. Levei a certidão de nascimento original dele. Papel quase transparente com marcas de fita durex, um documento histórico. Não funcionou. Durante a ditadura muitos registros foram queimados. O governo que se seguiu tornou obrigatória a obtenção de nova certidão em cartório. Fui a um deles. Em um processo kafkiano, dei com a cara na porta. A lei dizia que uma nova certidão era necessária, e para obter a cópia do cartório, sem a presença dele, deveria levar uma procuração. Eu mostrei o documento original de 1924, tão relevante quanto a procuração, mas como a lei não pensou nessa hipótese, voltei ao Brasil com as mãos abanando.

Resolvi ir ao consulado no Rio. A minha primeira tentativa não tinha sido bem-sucedida. O cônsul de então insistia, ao telefone, em dizer que meu pai havia aberto mão da cidadania ao fugir. E não tinha direito a recuperá-la. Pois é, parecia que o antissemitismo ainda estava enraizado. Nem falei para papai isso. Mas uma nova consulesa bem mais acessível havia chegado. A muito custo, consegui convencê-lo a me acompanhar. Seu mau humor era evidente. Sentou-se com ar aborrecido em uma poltrona de couro. Nas paredes imagens de reis, príncipes e heróis romenos. Ele foi relaxando e me contando a riquíssima história dos Bálcãs, a perda e a anexação de territórios. Algo foi nascendo ali.

Depois de muito tempo, fomos interrompidos pela consulesa que nos pediu para preencher um questionário. Escrito em romeno é claro. Meu pai empurra o papel e diz que não consegue entender o que estava escrito, afinal havia sete décadas que não falava nem lia nada na língua materna. A consulesa era mulher doce e insistiu. Ignorando minha presença, começou a falar em romeno com papai. Ele resistiu, mas foi aos poucos recuperando o vocabulário. Chorou. Terminamos os três aos prantos. Consegui a cidadania, dele e minha, muitos anos depois. Mas ele morreu no caminho. Esse texto é uma homenagem a meu pai. Pela primeira vez nestes últimos dez anos, fico feliz de ele não estar mais por aqui. Melhor ter partido com a imagem do país que o acolheu. Não merecia mesmo ver os símbolos nazistas utilizados banalmente por um governo de ultradireita, nem a bandeira de Israel vulgarizada. O Brasil dele era um outro Brasil.” [Estadão]

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18. Um Trump Muito Louco

“O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, endureceu nesta quinta-feira, 14, sua retórica contra a China, dizendo que não vai falar com seu colega Xi Jinping e ameaçou cortar laços bilaterais devido à maneira como Pequim lidou com a pandemia da covid-19.” [Estadão]

Que cara de pau maravilhosa.

“A tensão entre as maiores potências do mundo disparou por causa da pandemia de coronavírus, que Trump chamou de “praga chinesa”. “Tenho uma relação muito boa, mas agora não quero falar com ele”, disse Trump à rede Fox Business, assegurando que está “muito decepcionado” com a gestão da pandemia por parte do governo chinês. Questionado se os Estados Unidos poderiam adotar medidas de retaliação, Trump não deu mais detalhes, mas alertou em tom ameaçador: “Há muitas coisas que poderíamos fazer. Poderíamos fazer coisas. Poderíamos cortar todas as relações”. “Se fizesse isso, o que poderia acontecer?”, questionou Trump. “Economizaria (US$) 500 bilhões, se cortasse todas as relações”, completou.”

Como é burro, puta que pariu. Ele realmente acha que economizaria 500 bilhões, como se algum outro país pudesse dar conta dos produtos chineses que os americanos precisam. No fim das contas o déficit vai ficar ainda maior, que mula do caralho.

“Trump afirmou que Pequim ocultou a verdadeira escala do surto, deflagrado no fim de 2019 na cidade de Wuhan, centro da China, o que permitiu sua propagação. O governo chinês nega essa acusação e insiste em que transmitiu todas as informações disponíveis à Organização Mundial da Saúde (OMS) o mais rápido possível. Trump insistiu nas acusações durante entrevista com a Fox. “Tudo veio da China, e eles deveriam ter impedido”, alegou. “É muito triste o que aconteceu no mundo e em nosso país com todas essas mortes”, acrescentou. O secretário de Estado, Mike Pompeo, também acusou Pequim nesta quinta-feira. “Enquanto os Estados Unidos e nossos aliados e parceiros estão coordenando uma resposta coletiva e transparente para salvar vidas, a República Popular da China continua a silenciar cientistas, jornalistas e cidadãos e disseminar a desinformação, o que exacerba os perigos dessa crise de saúde”, afirmou Pompeo.

A disputa entre os Estados Unidos e a China pela pandemia levanta dúvidas sobre o acordo comercial parcial alcançado em janeiro que estabeleceu uma trégua em sua guerra tarifária. No início da semana, Trump descartou a possibilidade de renegociação do acordo depois que a imprensa indicou que a China queria reabrir as negociações. Na sexta-feira, o principal negociador da China, Liu He, falou ao telefone com seus colegas americanos e disse que os dois lados concordaram em implementar a primeira fase do acordo. No entanto, a guerra retórica é travada aos poucos. Autoridades dos EUA tensionaram ainda mais a troca de acusações ao afirmarem que hackers chineses estão tentando obter dados sobre tratamentos e vacinas contra coronavírus. Eles também alertaram que essa tentativa envolve grupos e pessoas relacionadas ao governo chinês.”

Do Nelson de Sá:

“A nova Economist (acima) arrisca que, “após o colapso do Lehman em 2008” e “as guerras comerciais de Trump”, a Covid-19, ao que parece, “matou a globalização” de vez. Não é “universal”, já que “as exportações da China vêm se segurando até aqui”. Mas as sul-coreanas “caíram 46%” e Trump “acaba de instruir o maior fundo de pensão federal a parar de comprar ações chinesas”. Em suma, encerra o editorial: “Dê adeus à grande era da globalização –e se preocupe com o que vai ocupar o seu lugar.”” [Folha]

O que me leva a saída do brasileiro do comando da OMC:

“Há exatos sete anos eu escrevia neste espaço, com mal disfarçado ufanismo, que Roberto Azevêdo era a pessoa certa no lugar certo e que sua eleição para diretor-geral da OMC (Organização Mundial do Comércio) sinalizava o compromisso de seus membros com o sistema multilateral de comércio. Azevêdo mostrou logo de cara que não viera a passeio. Inaugurou uma maneira mais inclusiva de negociar acordos comerciais, com a participação efetiva de todos os membros. Adotou soluções criativas para facilitar a conclusão de novos acordos comerciais ao oferecer aos membros mais pobres um prazo mais longo de implementação em troca de um pacote de assistência técnico-financeira para compensar sua relativa falta de recursos. Assim, com menos de quatro meses de mandato, Azevêdo liderou as negociações que levaram à conclusão do Acordo de Facilitação de Comércio durante a Reunião Ministerial de Bali, em 2013. Parecia ter resgatado a função negociadora da OMC.

De lá pra cá, porém, a organização desceu ladeira abaixo. A partir de 2016, a administração Trump adotou uma estratégia clara de desmonte do sistema multilateral de comércio. Os Estados Unidos iniciaram uma guerra tarifária contra a China e diversos outros membros da OMC, à medida que minavam a efetividade do mecanismo de solução de controvérsias nas quais suas medidas seriam questionadas. Os demais membros da OMC não reagiram bem à estratégia de terra arrasada dos americanos e impuseram retaliações comerciais de maneira unilateral enquanto insistiam em preservar o status quo institucional. Frustrado e visivelmente cansado, o embaixador Azevêdo surpreendeu o mundo nesta quinta (14) ao renunciar um ano antes da conclusão de seu segundo mandato como diretor-geral da OMC. É o fim de uma era. Desde que começou a trabalhar com o tema, em 1997, Azevêdo se tornou um dos pilares do sistema multilateral de comércio. Primeiro como líder da equipe brasileira que venceu disputas paradigmáticas contra os Estados Unidos e União Europeia na área de subsídios agrícolas, depois como nosso principal negociador para a Rodada Doha, e, finalmente como diretor-geral da OMC. A sensação em Genebra é de perplexidade e de derrota. É como se o Zico tivesse pedido para sair do jogo quando ainda estava 1 a 0 para Itália na Copa do Mundo de 1982, na Espanha. Perdemos o craque do time e ficou mais difícil virar o jogo.” [Folha]

E tem whistleblower que eu nunca tinha ouvido falar, que depoimento!

“Bright was fired from his position as Director of the Biomedical Advanced Research and Development Authority because he put science over “politics and cronyism,” he said in a statement at the time. Bright has worked at the agency since 2010 and served as its director since 2016. He was also removed from his position as Deputy Assistant Secretary for Preparedness and Response in the Health and Human Services Department (HHS). He was reassigned to a “narrower” position at the National Institutes of Health, a position which he did not accept. He filed a whistleblower complaint. In a preliminary report released Thursday, the federal government’s Office of Special Counsel, which reviews whistleblower complaints, recommended that Bright be reinstated as head of BARDA pending further investigation. The decision is up to Health Secretary Azar, who declined to testify Thursday at the same hearing. Ahead of Bright’s testimony on Thursday, President Trump tweeted that he doesn’t know “the so-called Whistleblower Rick Bright…but to me he is a disgruntled employee.” During a briefing after Bright’s firing in April, Trump claimed he had “never heard of him.”” [Now This]

O Trump é um completo absurdo, repare:

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>>>> Tuítes que eu amo:

>>>> E lá vou eu citar Léo Dias, que bad trip escrota: “A constrangedora entrevista de Regina Duarte para o telejornal 360º, da CNN Brasil, teve momentos ainda mais pesados dos que os exibidos pelo canal de notícias. Assessores e seguranças da Secretaria Especial de Cultura chegaram a entrar no gabinete onde a entrevista estava sendo feita, numa tentativa de coagir os jornalistas a abreviarem sua participação. Nos momentos finais da participação da atriz, a voz de um dos membros de sua equipe chegou a vazar no ar. Em voz alta, um homem bradava que o que estava acontecendo “era uma falta de respeito” (veja no vídeo abaixo, em 1min 13seg). A Coluna do Leo Dias apurou que os profissionais da Redação da CNN Brasil ficaram perplexos com o comportamento de Regina Duarte. Desde o início, ela estava ciente de que sua participação contaria com intervenções de Reinaldo Gottino e Daniela Lima, âncoras do 360º. A atriz, porém, se indignou com as perguntas da dupla e passou a fingir que não tinha sido comunicada previamente, e que só havia aceitado conceder uma entrevista ao jornalista Daniel Adjuto, correspondente de Brasília. Em dado momento, ela chegou a perguntar ao vivo para ele quem eram as pessoas que estavam se metendo na sabatina. Daniel Adjuto, de fato, foi o responsável por intermediar a participação de Regina Duarte na CNN Brasil. Eles se conheceram em um voo, há alguns dias, e atriz havia demonstrado ter simpatia por seu trabalho. Em nenhum momento, entretanto, foi prometido que seria uma entrevista apenas com ele.” [CNN]

>>>> Guedes e o BB: “Na reunião ministerial de 22 de abril citada por Sergio Moro, ministro da Economia, Paulo Guedes, afirmou que é preciso “vender logo a porra do BB”. Segundo interlocutores do ministro da economia, Guedes passou a fazer críticas mais duras ao BB. O ministro reclama que sua pasta tem feito medidas para fornecer créditos às instituições financeiras, mas que isso não tem chegado às empresas. Guedes costuma falar que o BB, que “deveria puxar a fila” por ter o governo como maior acionista, faz isso. O ministro também se queixa que o BB está atrasado demais na corrida tecnológica em relação aos demais bancos.” [O Globo]

>>>> Que satisfação, aspira! “O deputado federal Delegado Pablo (PSL-AM) é alvo de uma operação da Polícia Federal deflagrada na manhã desta sexta-feira (15). A investigação é sobre crimes de corrupção passiva, falsidade ideológica e lavagem de dinheiro. Seis mandados de busca e apreensão foram cumpridos. Além do parlamentar, dois familiares dele, sua ex-sócia e dois empresários também são parte do inquérito. Delegado licenciado da PF, o deputado é suspeito de ter utilizado seu cargo na polícia para praticar ilícitos. Segundo a apuração, ele teria se aproveitado de informações obtidas em investigações para viabilizar o agencimento de venda de uma empresa para sua mãe. A operação, batizada de Seronato, foi deflagrada pela PF no Amazonas, chefiada por Alexandre Saraiva.” [Folha]

>>>> Que história, senhoras e senhores: “In Mother Russia, stealing Super Bowl rings is sign of a good president. Back in 2005 Patriots owner Robert Kraft was in Russia when a funny thing happened: Russian president Vladimir Putin stole his $25,000 Super Bowl XXXIX ring. Actually for the past eight years, Kraft had let everyone believe he gave the ring to Putin as a gift, but the truth came out this week: Putin stole it — or took it without asking if ‘stole’ is too strong of a word for you. “I took out the ring and showed it to [Putin], and he put it on and he goes, ‘I can kill someone with this ring,'” Kraft said at an event this week, via the New York Post. “I put my hand out and he put it in his pocket, and three KGB guys got around him and walked out.” Kraft might have helped America dodge World War III because instead of going after the ring, Kraft let Putin keep it — at the insistence of the White House. Yes, someone at the White House called Kraft and insisted he let Putin keep the ring. “It would really be in the best interest of US-Soviet relations if you meant to give the ring as a present,” Kraft said he was told on the White House call. “I really didn’t [want to]. I had an emotional tie to the ring, it has my name on it. I don’t want to see it on eBay. There was a pause on the other end of the line, and the voice repeated, ‘It would really be in the best interest if you meant to give the ring as a present.’” [CBS]

Dia 499 | Ei, Mourão, vai tomar no cu! | 14/05/20

Logo menos sai o podcast e eu atualizo por aqui. Os episódios você ouve lá na Central3: [Central3]

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1. Ei, Mourão, vai tomar no cu!

O escroto do Mourão escreveu um artigo no Estadão e começa nos revelando que a pandemia é um problema muito além da saúde, porra, se não fosse o Mourão a humanidade pereceria na ignorância, hein.

“Para esse mal nenhum país do mundo tem solução imediata, cada qual procura enfrentá-lo de acordo com a sua realidade. Mas nenhum vem causando tanto mal a si mesmo como o Brasil.” [Estadão]

Bem, pelo título do tópico você já sabe que, apesar das palavras, não se trata do vice puxando o tapete do presidente.

Um estrago institucional que já vinha ocorrendo, mas agora atingiu as raias da insensatez, está levando o País ao caos e pode ser resumido em quatro pontos.”

“O primeiro é a polarização que tomou conta de nossa sociedade, outra praga destes dias que tem muitos lados, pois se radicaliza por tudo, a começar pela opinião, que no Brasil corre o risco de ser judicializada, sempre pelo mesmo viés. “

General que apoiou Bolsonaro reclamando de radicalização, porra! O general que cuspiu na hierarquia militar ao, ainda na ativa, criticar a comandante-em-chefe da república. E polarizados são os outros.

“Tornamo-nos assim incapazes do essencial para enfrentar qualquer problema: sentar à mesa, conversar e debater. A imprensa, a grande instituição da opinião, precisa rever seus procedimentos nesta calamidade que vivemos. Opiniões distintas, contrárias e favoráveis ao governo, tanto sobre o isolamento como a retomada da economia, enfim, sobre o enfrentamento da crise, devem ter o mesmo espaço nos principais veículos de comunicação. Sem isso teremos descrédito e reação, deteriorando-se o ambiente de convivência e tolerância que deve vigorar numa democracia.”

Sim, ele tá sugerindo que a imprensa dedique metade de seu espaço para elogiar esses dementes que estão no poder. Cê imagina Mourão dizendo isso em 2015, com dó da Dilma, que apanhava de tudo que é lado (e em parte as críticas eram mais que justas, amo a história da Dilma mas que coleção de equívocos foi sua presidência)?!

“O segundo ponto é a degradação do conhecimento político por quem deveria usá-lo de maneira responsável…”

Falou o vice da porra do Bolsonaro, viado! Falou o general dum exército que topou voltar ao poder 30 anos depois da ditadura tendo como presidente um sujeito como Bolsonaro. Sabem tudo de política!

“.. governadores, magistrados e legisladores que esquecem que o Brasil não é uma confederação, mas uma federação, a forma de organização política criada pelos EUA em que o governo central não é um agente dos Estados que a constituem, é parte de um sistema federal que se estende por toda a União. Em O Federalista – a famosa coletânea de artigos que ajudou a convencer quase todos os delegados da convenção federal a assinarem a Constituição norte-americana em 17 de setembro de 1787 –, John Jay, um de seus autores, mostrou como a “administração, os conselhos políticos e as decisões judiciais do governo nacional serão mais sensatos, sistemáticos e judiciosos do que os Estados isoladamente”, simplesmente por que esse sistema permite somar esforços e concentrar os talentos de forma a solucionar os problemas de forma mais eficaz.”

“O terceiro ponto é a usurpação das prerrogativas do Poder Executivo. A esse respeito, no mesmo Federalista outro de seus autores, James Madison, estabeleceu “como fundamentos básicos que o Legislativo, o Executivo e o Judiciário devem ser separados e distintos, de tal modo que ninguém possa exercer os poderes de mais de um deles ao mesmo tempo”, uma regra estilhaçada no Brasil de hoje pela profusão de decisões de presidentes de outros Poderes, de juízes de todas as instâncias e de procuradores, que, sem deterem mandatos de autoridade executiva, intentam exercê-la.”

A isso se dá o nome de pesos e contra-pesos, porra! Se o executivo banca algo institucional cabe ao judiciário vetar. Sem falar que precisa passar pelo legislativo. Vontade de arremessar a constituição na cara desse arrombado. Ele implora por um estado absolutista, apenas isso.

“Na obra brasileira que pode ser considerada equivalente ao Federalista, Amaro Cavalcanti (Regime Federativo e a República Brasileira, 1899), que foi ministro de Interior e ministro do Supremo Tribunal Federal, afirmou, apenas dez anos depois da Proclamação da República, que “muitos Estados da Federação, ou não compreenderam bem o seu papel neste regime político, ou, então, têm procedido sem bastante boa fé”, algo que vem custando caro ao País.”

calaboca

Sim, o vice está dizendo que governadores e prefeitos agem de má-fé. E quem disse que a decisão cabe aos entes federativos é um troço chamado Suprema Corte, composta por ‘”onze filhos da puta“, né, general? Caralho, nessas poucas palavras aí ele chamou pra porrada os demais poderes, inacreditável.

Agora repare no que vai dizer o vice-presidente dum governo que conta com dementes do naipe de Ernesto, Abraham e Salles:

“O quarto ponto é o prejuízo à imagem do Brasil no exterior decorrente das manifestações de personalidades que, tendo exercido funções de relevância em administrações anteriores, por se sentirem desprestigiados ou simplesmente inconformados com o governo democraticamente eleito em outubro de 2018, usam seu prestígio para fazer apressadas ilações e apontar o País “como ameaça a si mesmo e aos demais na destruição da Amazônia e no agravamento do aquecimento global”, uma acusação leviana que, neste momento crítico, prejudica ainda mais o esforço do governo para enfrentar o desafio que se coloca ao Brasil naquela imensa região, que desconhecem e pela qual jamais fizeram algo de palpável.”

Que pau no cu do caralho! O presidente virou um pária global e a culpa é do PT, porra!

“Esses pontos resumem uma situação grave, mas não insuperável, desde que haja um mínimo de sensibilidade das mais altas autoridades do País.”

Sensibilidade (“cala a boca, cala a boca”) das mais altas (“metralhar a petezada“) autoridades do país (“você tem uma cara de homosseual terrível“)

“Pela maneira desordenada como foram decretadas as medidas de isolamento social, a economia do País está paralisada, a ameaça de desorganização do sistema produtivo é real e as maiores quedas nas exportações brasileiras de janeiro a abril deste ano foram as da indústria de transformação, automobilística e aeronáutica, as que mais geram riqueza. Sem falar na catástrofe do desemprego que está no horizonte.”

O governo se recusou a coordenar a resposta nacional à pandemia e o sujeito acusa os governadores e prefeitos que se viraram pra dar um jeito.

“Enquanto os países mais importantes do mundo se organizam para enfrentar a pandemia em todas as frentes, de saúde a produção e consumo, aqui, no Brasil, continuamos entregues a estatísticas seletivas, discórdia, corrupção e oportunismo.”

tati

Não deve ter um mísero espelho na casa e no gabinete do Mourão.

“Há tempo para reverter o desastre. Basta que se respeitem os limites e as responsabilidades das autoridades legalmente constituídas.”

Sim, o general dum governo apinhado de generais está ameaçando os demais poderes na cara dura e pedindo que respeitem as autoridades legalmente constituídas, como se os demais poderes não fossem legalmente constituídos.

Encerro com o Oliver Stuenkel:

“Independentemente do que Mourão tenha em mente, o texto ajuda a criar a narrativa que presidentes com ambições autoritárias usam desde a invenção da democracia: É necessária uma concentração de poder para manter a ordem. Pode ser uma completa coincidência, mas o texto é semelhante ao que Alberto Fujimori disse em um anúncio surpresa aos peruanos em abril de 1992: o país estava caminhando para o caos. O Congresso e o Judiciário eram os culpados. Fujimori precisava assumir o controle. Na época, Fujimori analisou a situação do país e reclamou da “velha política”, da atitude obstrucionista do Legislativo controlado pela oposição e do Judiciário ― grupos que, ele alertava, se uniam para impedir a transformação do país e o êxito de sua gestão. Reclamou do “parlamentarismo anti-nacional” contaminado pelos “vícios do caciquismo e clientelismo”. A justiça politizada e corrupta, segundo ele, era responsável pela “inexplicável liberação” de narcotraficantes, que desestabilizaram o país. “O comportamento irresponsável e negativo dos parlamentares não respeita os mandatos constitucionais, pois eles são conscientemente violados”. [Eles carecem] do “menor respeito pelas faculdades presidenciais consignadas em nossa Constituição”. Fujimori, então, anunciou calmamente que era necessário assumir uma “atitude excepcional” para promover a reconstrução nacional, que envolvia a suspensão do Congresso e da Constituição, a “reorganização total” do Judiciário, do Ministério Público e da Controladoria Geral. Tanques cercaram o Parlamento, e numerosos jornalistas e deputados foram presos ou sequestrados, entre eles os presidentes da Câmara e do Senado.” [Twitter]

Cê já mandou o Mourão tomar no cu hoje?!

tenor (1)

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2. Moro vs Bolsonaro

“Oito depoimentos colhidos confirmaram a versão de Moro de que o presidente, desde agosto do ano passado, queria trocar o então diretor-geral da PF, Maurício Valeixo. E sete acrescentaram o desejo dele de mexer no comando da Superintendência do Rio. Entretanto, de acordo com investigadores, as informações obtidas ainda não caracterizariam neste momento, isoladamente, um crime —embora ajudem a compor um retrato mais amplo da atuação de Bolsonaro. O inquérito por ora ainda não avançou sobre quais eram possíveis interesses de Bolsonaro em investigações da PF.” [Folha]

Ué, ele queria mandar na PF por conta da segurança de sua famiglia, atividade essa que não cabe à PF, mas ao GSI do Hoeleno e à Abin do queridíssimo Ramagen, entendeu?!

“A amizade entre Bolsonaro e Ramagem foi alvo de divergências. Enquanto o diretor da Abin falou que sua relação era “só profissional”, o seu chefe imediato, Augusto Heleno, elencou uma série de relatos da proximidade dos dois.”

“Os ministros Augusto Heleno (Gabinete de Segurança Institucional) e Luiz Eduardo Ramos (Secretaria de Governo) confirmaram em seus depoimentos a intenção de Bolsonaro de trocar o superintendente do Rio, mas por questões de falta de produtividade. Na sua fala à PF, porém, o atual diretor-executivo da corporação, Carlos Henrique Oliveira, rebateu e negou problemas de produtividade no estado. Ele comandava a área até recentemente, quando foi transferido para Brasília após a queda de Maurício Valeixo da diretoria-geral da PF. “O ministro Braga Netto saiu pela tangente. Ele evitou falar que existia amizade entre os dois e se limitou a dizer que “não sabe informar a razão pela qual o presidente teve a intenção de nomear o delegado ao cargo de diretor da PF”.”

Hummm, vou chutar, hein:

“Em depoimento prestado nesta quarta-feira, o ex-superintendente da Polícia Federal do Rio Carlos Henrique Oliveira confirmou aos investigadores que o senador Flávio Bolsonaro, filho do presidente Jair Bolsonaro, era investigado em um inquérito em curso na Superintendência da Polícia Federal do Rio de Janeiro. Disse, porém, que nunca recebeu cobranças do presidente a respeito de investigações em andamento. A confirmação da existência desse inquérito contra o filho do presidente é um fato considerado relevante para os investigadores, porque pode ser a prova de um interesse concreto de Bolsonaro na PF do Rio de Janeiro, e contradiz o discurso que vinha sendo adotado pelo presidente. Ontem, após vir a público informações sobre o teor do vídeo da reunião ministerial em que vincularia trocas na PF à necessidade de proteger familiares, Bolsonaro havia afirmado em entrevista: “A Polícia Federal nunca investigou ninguém da minha família”. Em seu depoimento, Carlos Henrique também afirmou que sua nomeação para o cargo de superintendente no Rio demorou de sair porque Bolsonaro queria nomear outra pessoa para o cargo. “Houve uma demora na nomeação do depoente para esse cargo pois na época houve uma manifestação pública do presidente Jair Bolsonaro, noticiada na imprensa, no sentido que ele, o presidente, desejava que outro delegado assumisse o cargo de superintendente no Rio de Janeiro”, afirma.” [O Globo]

flavio

Calma que tem mais perna presidencial sendo quebrada:

“O delegado também afirmou que nunca recebeu cobranças por produtividade ou por relatórios de inteligência. Bolsonaro havia alegado baixa produtividade para demitir seu antecessor do cargo de superintendente, o delegado Ricardo Saadi.”

E olha que suspeito…

“O depoimento de Alexandre Ramagem tornou pública informação relevante sobre a preocupação de Jair Bolsonaro com o Rio. O delegado disse, na segunda (11), que levou Carlos Henrique Oliveira, agora diretor-executivo da Polícia Federal, para conhecer o presidente da República, quando foi escolhido para chefiar o órgão no estado, no ano passado. A agenda foi uma exceção. Bolsonaro não encontrou os outros 11 delegados promovidos a superintendentes no período.” [Folha]

Esqueceram de perguntar sobre essa reunião no depoimento, viado!

“Carlos Henrique foi nomeado número dois na hierarquia da PF nesta quarta (13). No mesmo dia, prestou depoimento por algumas horas. No termo de depoimento, que transcreve os principais momentos da oitiva, não há menção a qualquer pergunta sobre como foi o encontro.”

Zambelli também depôs ontem:

“Em depoimento prestado nesta quarta (13), a deputada federal Carla Zambelli (PSL-SP) negou ter acertado previamente com o presidente Jair Bolsonaro a proposta que fez ao então ministro da Justiça, Sergio Moro, para que aceitasse uma mudança de comando na Polícia Federal em troca de uma indicação para o Supremo Tribunal Federal. Ao justificar a proposta, Zambelli disse à PF que, como ativista, já trabalhou pela nomeação de outras pessoas, como Ives Gandra Martins Filho, ministro do TST (Tribunal Superior do Trabalho), para o Supremo —o que não se concretizou.” [Folha]

Coloca isso aí no seu curríulo, Ives, seu grandessíssimo filho da puta!

“Ela disse que tinha “vontade e perspectiva” da ida de Moro para o Supremo como um “caminho natural”. E que trocou as mensagens como uma forma de incentivá-lo a ficar no Ministério da Justiça. No depoimento, Zambelli frisou que “não chegou a ter qualquer conversa com o presidente Jair Bolsonaro no sentido de o ex-ministro Sergio Moro aceitar a substituição da Direção-Geral da PF, tendo como contrapartida a vaga no STF”. A deputada também negou que tenha falado em nome do mandatário com terceiros sobre a dança de cadeiras na PF.”

Deve ter mais por trás, mas eis aí um dos pecados da superintendente da PF em Pernambuco:

“O diretor-geral da PF, Rolando de Souza, decidiu manter Carla Patrícia na chefe do órgão em Pernambuco, ao menos por enquanto. A superintendência estava na mira de Bolsonaro, que reclamava de suposta relação da policial com o governo do estado (PSB). Ela foi corregedora de um órgão da segurança pública pernambucana de 2017 a 2019.” [Folha]

E os dementes do palácio querem a publicação do vídeo, é impossível entender o que se passa naquelas cabeças.

“O diretor-geral da PF, Rolando de Souza, decidiu manter Carla Patrícia na chefe do órgão em Pernambuco, ao menos por enquanto. A superintendência estava na mira de Bolsonaro, que reclamava de suposta relação da policial com o governo do estado (PSB). Ela foi corregedora de um órgão da segurança pública pernambucana de 2017 a 2019.” [Estadão]

Se não tem problema, por que diabos se recusar a mostrar e sangrar por tantos dias?!

“Após a revelação, por determinação judicial, dos resultados dos testes de coronavírus do presidente Jair Bolsonaro, auxiliares do Palácio do Planalto defendem que a “outra bomba”, desta vez envolvendo o ex-ministro da Justiça Sérgio Moro, seja desarmada o quanto antes. O entendimento é que a divulgação do trecho do vídeo da reunião ministerial alvo de inquérito do Supremo Tribunal Federal (STF) beneficia Bolsonaro na acusação de que tentou interferir no comando da Polícia Federal e pode minimizar o desgaste da imagem do presidente. A aparente tranquilidade do presidente e confiança de seu auxiliares vêm do fato de que, antes de entregar o vídeo à Justiça, o conteúdo foi minuciosamente estudado pelo Planalto para verificar se em algum trecho o presidente poderia incorrer no crime de responsabilidade. A conclusão, segundo interlocutores do presidente, é que, apesar dos palavrões e algumas “saias-justas” envolvendo o STF, China e governadores, o trecho alvo de inquérito não é uma prova contundente das acusações de Moro de que foi pressionado para trocar a PF. A AGU deve pedir para que apenas trechos do vídeo sejam divulgados. Nesta quarta, Bolsonaro disse que por ele divulga o vídeo e conversaria com o advogado-geral da União para divulgar a parte envolvendo o ministro Moro. “Tudo que trata do inquérito, da minha parte, está liberado, não tem sigilo de nada. Mas não quando trata de assuntos comerciais, internacionais ou questões pessoais”, disse o presidente.”

De quebra…

“Razões políticas levam o presidente Jair Bolsonaro a ter uma situação mais confortável do que possam parecer e fazer crer as declarações públicas na Câmara e no Senado. Em conversas reservadas, muitos avaliam que a preços de hoje, mesmo que ainda existam dúvidas sobre tentativa de interferência na Polícia Federal, não há espaço nem para uma CPI. E não se trata apenas da pandemia. Há uma discreta mobilização do PT para que não haja uma Comissão Parlamentar de Inquérito ou qualquer análise mais contundente que possa servir de holofote para o ex-ministro Sergio Moro.” [Correio Braziliense]

E se você acha que o PT não seria capaz disso, parabéns pela ingenuidade. E não estou cravando que isso é fato, mas é verossímil pra caralho.

“O PT tem hoje todo o interesse em manter a polarização com Bolsonaro e não quer que outro ocupe esse lugar. Abrir hoje uma CPI, avaliam integrantes do partido de Lula, só serviria para dar palanque a Moro, tirando dos petistas o papel de atores principais da oposição e transferindo esse antagonismo ao atual presidente para o colo do ex-juiz”

Não basta só bater no Bolsonaro no último dia do primeiro turno, tem que preservar o mais vil e inepto dos presidentes só pra não dar esse gostinho ao Moro.

“A contar pelas conversas de bastidores dos ministros do Supremo Tribunal Federal, o vídeo da reunião de 22 de abril ainda vai render. Alguns têm dito que, para um julgamento do inquérito, eles terão que ter uma sessão para ver as duas horas de reunião.”

Que satisfação, aspira!

Ascânio Seleme trouxe de volta o saudoso – mentira – Brindeiro:

“Num passado não muito distante, o Brasil conviveu com um procurador que se destacava por engavetar a maioria dos pedidos de investigação sobre malfeitos federais. Ele era tão eficiente nessa tarefa que ganhou o apelido de Engavetador-Geral da República. Trata-se de Geraldo Brindeiro, nomeado pelo presidente Fernando Henrique Cardoso em 1995 e reconduzido ao posto outras três vezes. Nos seus oito anos de mandato, engavetou 242 inquéritos, arquivou outros 217 e aceitou apenas 60 de 626 denúncias a ele oferecidas. Foram beneficiados 194 deputados, 33 senadores, 11 ministros. Quatro processos contra FHC também foram parar na gaveta de Brindeiro.

Hoje, estamos no limiar de ver surgir no cenário nacional um outro operador de gavetas e arquivos. Augusto Aras pode se tornar um Arquivador-Geral no inquérito em curso no Supremo Tribunal Federal contra o presidente Jair Bolsonaro, embora obviamente possa surpreender. Assim como Brindeiro, Aras não estava na lista tríplice que é oferecida ao presidente como balizadora para a indicação. Quando a lista foi instituída, em 2001, Brindeiro ficou em sétimo lugar na eleição da Associação Nacional dos Procuradores da República, mas mesmo assim foi nomeado por Fernando Henrique. Embora se tratasse de uma recondução, o fato é que a lista não foi respeitada. Aras sequer concorreu para a vaga na eleição e ainda assim foi nomeado por Bolsonaro.

Deve-se dizer a favor de Aras que ele não engavetou o pedido do PDT de abertura de inquérito contra Bolsonaro e o encaminhou ao STF, que pelo ministro Celso de Mello autorizou sua abertura. Todos os seus movimentos até aqui seguiram o rito normal esperado de um procurador-geral. Será no momento em que escrever sua decisão, depois de terminado o inquérito, que Augusto Aras escolherá como vai querer ser retratado pelos livros de história. Pode se alinhar no panteão onde já estão Aristides Junqueira e Sepúlveda Pertence ou figurar na galeria de Geraldo Brindeiro.” [O Globo]

E só tem demente fazendo slide nesse governo, Deltan fez escola:

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3. Quem NÃO mandou matar Adélio?!

Belíssimo timing da PF, “tem que manter isso aí, viu?”:

“A Polícia Federal (PF) concluiu em um segundo inquérito que não houve mandantes para o ataque a faca contra Jair Bolsonaro em Juiz de Fora (MG) durante sua campanha presidencial pelo PSL em 2018. De acordo com a investigação, coordenada pelo delegado Rodrigo Morais e entregue nesta quarta-feira (13) à Justiça Federal em Juiz de Fora, o autor da facada, Adélio Bispo de Oliveira, agiu sozinho, por iniciativa própria e sem ajuda de terceiros, tendo sido responsável tanto pelo planejamento da ação criminosa quanto por sua execução.” [G1]

bozo

“O que a investigação comprovou foi que o perpetrador, de modo inédito, atentou contra a vida de um então candidato à Presidência da República, com o claro propósito de tirar-lhe a vida”, destaca o delegado no inquérito. Ainda segundo as investigações, não foi comprovada, por exemplo, a participação de agremiações partidárias, facções criminosas, grupos terroristas ou mesmo paramilitares em qualquer das fases do crime (cogitação, preparação e execução).”

É o segundo inquèrito, viado, né o primeiro não!

“O primeiro inquérito sobre o caso tinha sido concluído já em setembro de 2018, mesmo mês e ano que o crime ocorreu. A investigação inicial já havia considerado que Adélio Bispo agiu sozinho no momento do ataque e que a motivação teria sido “indubitavelmente política”. Ele então foi indiciado por prática de atentado pessoal por inconformismo político, crime previsto na Lei de Segurança Nacional. (Veja vídeo abaixo) A segunda apuração foi iniciada por decisão da própria PF para assegurar que não houve a participação de terceiros, com um eventual mandante – hipótese que acabou sendo descartada. O segundo inquérito investigou todo o material apreendido com Adélio Bispo, como um computador portátil, aparelhos celulares e documentos. Foram analisados 2 terabytes de arquivos de imagens, 350 horas de vídeo, 600 documentos e 700 gigabytes de volume de dados de mídia, além de 1200 fotos. Ao todo, 23 laudos periciais foram elaborados, 102 pessoas entrevistadas em campo e 89 testemunhas ouvidas no inquérito. Também foram realizadas diligências de busca e apreensão, quebras de sigilos fiscais, bancários e telefônicos. Durante a investigação, a Polícia Federal analisou ainda mais de 40 mil e-mails recebidos e enviados em contas registradas por Adélio Bispo. Vídeos e teorias sobre suposta ajuda recebida por Adélio no momento do atentado, veiculadas em redes sociais, também foram periciadas por técnicos da corporação. Nenhuma dessas apurações apontou informações relevantes.”

E vem merda aí:

“Daqui a pouco, Frederick Wassef (à esquerrda na foto), advogado de Jair Bolsonaro, será recebido pelo presidente em seu gabinete. Pela agenda, o encontro será de 15 minutos. A dupla terá que ser rápida, pois o que não falta é assunto para desembaraçarem juntos. A propósito, Wassef arranjou recentemente uma nova testemunha para tentar explicar o caso Adélio.” [O Globo]

Esse aí é o advogado que emprestou um jet ski para Bolsonaro comemorar as 10 mil mortes. Os ministros da Justiça e o diretor da PF já vivem um drama com menos de uma semana no cargo, imagine o quão puto Bolsonta tá, grande dia!

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4. Portaria do Palácio

Uma semana depiois do líder do governo ter dito na tribuna da Câmara que Bolsoarot inha dado sinal verde para vetar congelamento dos salários do funcionalismo público e ser corroborado pelo líder do governo no Senado…

“Vai faltar dinheiro para pagar servidor público. E tem servidor que quer ter a possibilidade de ter aumento neste ano e ano que vem. Não tem cabimento, não tem dinheiro.” [Estadão]

O esporro do Guedes fez efeito, hein…

“O presidente diz agora que vai vetar a blindagem feita pelo Congresso a uma série de categorias, que continuaram tendo permissão para ter reajustes até 2021. No entanto, como mostrou o Estadão/Broadcast, o projeto foi aprovado com o aval do próprio presidente, que deu autorização para poupar as carreiras, principalmente as de segurança, mesmo atropelando a orientação do ministro da Economia. Após a votação, Bolsonaro mudou de postura e fez promessas públicas, ao lado de Guedes, para vetar a lista de categorias que ficariam de fora do congelamento de salários. Para cumprir com a promessa, o presidente terá de rejeitar o aumento para todas as categorias, pois as flexibilizações constam todas em um único parágrafo do artigo 8º do projeto.”

Voltando ao Bolsonaro:

“O Brasil está quebrando. E depois de quebrar não é como alguns dizem a economia recupera. Não recupera. Vamos ser fadados a viver um país de miseráveis, como alguns países da África subsaariana.Nós temos que ter coragem de enfrentar o vírus. Está morrendo gente? Tá. Lamento? Lamento, lamento. Mas vai morrer muito, muito, mas muito mais se a economia continuar sendo destroçada por essas medidas”

Disse o sujeito cujo ministro da Economia disse que bastaria “3, 4, 5 bilhões para aniquiliar o coronavírus” e onfessouq eu sua ficha só caiu entre o fim de fevereiro e o começo de março. E sim, economias se recuperam. Vidas não.

“Ao falar com os jornalistas, o presidente usava uma máscara da Polícia Militar do Distrito Federal. Ao lado dele, também com máscara da PM do DF, estava o titular da Secretaria-Geral, ministro Jorge Oliveira, que é da reserva da PM do DF e também será beneficiado com o aumento. Como o Estadão mostrou, o presidente segura os vetos à possibilidade de aumento para servidores públicos para atender ao pedido do governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha (MDB) de conceder reajustes de 8% a 25% aos policiais militares e civis do DF. Na noite de quarta-feira, 13, deputados e senadores aprovaram o projeto de lei do Congresso Nacional que autoriza a recomposição salarial das polícias do DF, pago com dinheiro da União pelo Fundo Constitucional do DF. O custo estimado é de R$ 505 milhões por ano. O texto agora depende da sanção do presidente.”

Não tem aumento pra ninguém, mas tem pra milicos e policiais, tá ok?

“O apelo que faço aos governadores. Reveja essa política, eu estou ponto para conversar. Vamos preservar vida? Vamos. Mas o preço lá na frente serão centenas demais de vida que vão perder por causa dessas medidas absurdas de fechar tudo. O Brasil está se tornando um país de pobre. O que eu falava lá atrás que era esculachado, estão vendo a realidade agora aí para onde está indo o Brasil. Vai se chegar a um ponto que o caos vai se fazer presente aqui. Essa história de lockdown, vão fechar tudo, não é esse o caminho. Esse é o caminho do fracasso, quebrar o Brasil”

Ora, o Brasil sempre foi um faís de pobres, e só de ler dá pra ver o nojo com que Bolsonaro falou em pobres. O brasil só foi um país de ricos quando nem Brasil era, quando só tinha índio por aqui.

“A gente vê o pessoal mais pobre em São Paulo continua, naquela periferia, no Rio também tenho imagens, continua todo mundo se movimentando. É só na classe média alta que está tendo esse problema grave do comércio. Tem que reabrir. Nós vamos morrer de fome. A fome mata. A fome mata. Então é o apelo que eu faço a governadores: revejam essa política. Eu tô pronto para conversar. Vamos preservar vidas? Vamos. Mas dessa forma o preço lá na frente serão centenas de milhares de vidas que vamos perder, por causa essas medidas absurdas de fechar tudo.”

Bolsonaro fala em 70% de infectados, e se pegarmos a taxa de mortalidade francesa (0,6%) ele está falando em  mais de 800 mil mortes. Some aí a demência que nos assola e as favelas espalhadas pelo Brasil e dá pra imaginar mais de 1 milhão com tranquiliade.

“Questionado sobre o que explica o Brasil ter mais de 13 mil mortes confirmadas pelo novo coronavírus e a Argentina, país vizinho, ter registrado 329 óbitos, Bolsonaro argumentou que “é só você fazer a conta por milhão de habitantes”. Mas interrompeu seu raciocínio subitamente e pediu para falar da Suécia, que não adotou quarentena, mas já registrou 3.529 mortes.

– A Suécia não fechou. Pronto. A Suécia não fechou. Você tá defendendo… com toda certeza já entrou para a ideologia, você pegou um país que está caminhando para o socialismo, que é a Argentina. Outra pergunta aí – comentou.”

Faço minhas as apalavras da Cássia D’Aquino Filocre:

“Argentina 
População: 40 milhões
Mortes: 329

Suécia
População: 10 milhões
Mortes: 3.529″

Otário 🤨 [Facebook]

Ah, e hoje teve videoconferência com empresários e que desespero do caralho, Bolsonaro tá putíssimo com Maia, que deixou caducar a MP de regularização fundiária:

“Entregar a relatoria da flexibilização do contrato para o PCdoB é para não resolver. Então tem gente que não é do governo, tá lá dentro de outra Casa que não quer resolver o assunto, parece que fizeram acordo com a esquerda. E não dá pra fazer acordo com a esquerda. E nós sabemos qual é a linha da esquerda, é uma linha sindical, é uma linha realmente que não está voltada para o desenvolvimento.É a mesma coisa a regularização fundiária. Caducou eu acho que anteontem a MP 910. É um absurdo, um absurdo. Agora de acordo para quem comanda a Câmara dá a relatoria, ele já sinaliza que não quer resolver nada. Parece que quer afundar a economia para ferrar o governo e talvez tirar um proveito político lá na frente – comentou Bolsonaro. – Tá, mas deixou caducar, a regularização fundiária, então tem que cobrar, pô… Nós não apresentamos propostas como no passado se apresentava. A nossa visa o futuro do Brasil. Mas quando se bota alguém do PCdoB… só no Brasil mesmo, o Partido Comunista do Brasil falar em democracia e liberdade do trabalho, só no Brasil mesmo. Então a tendência é a gente afundar mesmo, essa que é a tendência. Então quando vocês chamarem chefes do Executivo… eu sou empregado de vocês, é só marcar que eu vou em São Paulo. Levem os presidente dos Poderes, convide-os também e vamos debater esse assunto, chefes de Poder, onde cada um seja responsabilizado por aquilo que tem que fazer. Nós aqui não podemos pensar em 22. Se nós pensarmos na eleição de 2022, o Brasil vai para o buraco” [O Globo]

Disse o sujeito que ontem mesmo falou que só sai em 1º de janeiro de 2027.

“Então o que parece que está acontecendo é uma questão política, tentando quebrar a economia, para atingir o governo. É isso que parece que está acontecendo. E essa medida agora que o Fabio Wanjgarten falou aqui sobre São Paulo, ameaça de “lockout” [sic], ou seja, um apagão total, é inimaginável. Um homem está decidindo o futuro de São Paulo, está decidindo o futuro da economia do Brasil. Os senhores, com todo o respeito, têm que chamar o governador e jogar pesado, jogar pesado, porque a questão é séria, é guerra. É o Brasil que está em jogo.”

O mais hilário é que ele acusa dois políticos, um do DEM e outro do PSDB. A esquerda brasileira é ardilosa mesmo, hein…

E tem mais crime de responsabilidade, viado!

“Repito mais uma vez: os senhores que anunciam em jornais e televisões, tem TV e tem jornal que vive esculhambado o Brasil. Por favor, não anunciem mais nessa televisão e nesse jornal. Vão para outras TVs e outros jornais que tenham um jornalismo sério, que não fiquem levando o terror o tempo todo aos lares aqui no Brasil “

Palavras do 171 da Secom:

“Enquanto estamos discutindo a retomada da economia com os cuidados devidos, na clara explicação do ministro Paulo Guedes, vale a pena, Paulo [Skaf], como sempre liderando, que vocês promovam campanhas que sinalizem, que evidenciem as duas ondas, da saúde e do emprego. Enquanto a gente discute aqui, o governador midiático fala que salvou 25 mil vidas e sinaliza que São Paulo virá para um lockdown na próxima semana. Então é justamente o movimento contrário do que todos almejam aqui “

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5. Um Guedes Muito Louco

“O ministro Paulo Guedes (Economia) autorizou a apresentação da conta da quarentena. Ele planeja uma retomada controlada das atividades para evitar o mergulho do país no caos social em julho. O secretário de Política Econômica, Adolfo Sachsida, divulgou nesta quarta-feira (13) uma projeção de queda de 4,7% no PIB (Produto Interno Bruto). Antes, havia previsão de alta de 0,02%.” [Folha]

Como assim o Guedes AUTORIZOU?! Que porra é essa?!

“Nota técnica do órgão estimou que cada semana de isolamento impediu o país de produzir R$ 20 bilhões em riquezas. Se confirmado, será o maior recuo do PIB desde 1901, segundo dados do IBGE. Nesse cenário, há uma mudança de discurso no time de Guedes de afrouxamento das medidas de isolamento social. A guinada vai ao encontro das declarações do presidente Jair Bolsonaro. Diferentemente do chefe, o ministro havia apoiado o confinamento como forma de conter o avanço do coronavírus.”

Isso, seus dementes. apóiem o Bolsonaro e retardem ainda mais a lenta recuperação econômica…

“Na avaliação dos técnicos, como continuam de portas fechadas, empresas de pequeno porte passaram dois meses sem acesso ao crédito diante das dificuldades do governo em estruturar mecanismos de garantias para os empréstimos. Segundo dados internos da pasta, essas companhias registram um índice de falência sem precedentes. Elas respondem por mais de 80% dos postos formais de trabalho.”

Sim, a culpa é do governo, porra, lembra do Guedes confessando sem qualquer pudor que sua ficha caiu entre o fim de vereiro e o fim de março? Não só os dementes não se plnajearam como não conseguem colocar em pé a oxigenação financiera que a pandemia demanda. 1% do crédito para pequenas empresas foi lberado, 1%

“A preocupação de Guedes é que não haverá dinheiro disponível no caixa se, após junho, for preciso renovar o prazo das políticas emergenciais de socorro à população e empresas.”

Dá teu jeito, arrombado. Quantitative easing, imprime dinheiro, garante empréstimos junto ao BC, faz alguma coisa, seu filho da puta de uma nota só!

“Essa nota não tem conotação de crítica sobre as políticas de isolamento social”, disse Sachsida. “[Essa nota] foi feita exclusivamente para mostrar o custo econômico dessas políticas e fazer as estimativas para o PIB. Assessores de Guedes disseram que o cálculo das perdas com o isolamento estava pronto há semanas. Porém, Guedes preferiu segurá-lo para não parecer que estava defendendo a economia em vez da saúde.”

Não, imagina…

“Na conversa, Guedes disse que o pulso da economia estava fraco e que corríamos o risco de “virar uma Venezuela” se o isolamento persistir por mais tempo.”

Disse o subordinado do cosplay tupiniquim do Chavez.

E vai ser hilários os bolsonaristas indignados com as prisões vendo isso aqui sair do governo que eles tanto defendem:

“Pessoas que participam das discussões na Economia afirmam que uma proposta em análise na Casa Civil prevê seleção de idosos, especialmente nos grandes centros urbanos, e transferência para hotéis que, neste momento, estão fechados. A organização dessa força-tarefa ficaria a cargo do Exército.”

O Vinícius Torres Freire compilou alguns números:

“As vendas no varejo em São Paulo não caíram em março, caso único entre os estados do país. Sim, março é o passado distante e não foi inteiramente contaminado pelo coronavírus. Além do mais, quando se incluem as vendas de veículos e de material de construção, o colapso foi grande e geral, embora o resultado paulista não tenha sido dos piores, ao contrário, e abaixo da média brasileira. Não é resultado para animar ninguém. Pode ser mais um indício de desigualdade. Com renda mais alta e mais reservas financeiras, talvez os paulistas tenham podido manter parte do consumo, em especial em mercados e farmácias, talvez até fazendo mais estoques. Pode ser ainda que as pessoas tenham mais meios em geral de fazer compras virtuais, pela internet, tendo mais dinheiro e cartões de crédito ou débito.

Em março, as vendas no varejo paulista foram 0,7% superiores a fevereiro e espantosos 5,4% maiores que em março de 2019. Na média brasileira, quedas de 2,5% e 1,2%, respectivamente. No varejo dito “ampliado”, que inclui vendas de veículos e material de construção, a baixa paulista foi de 11,1% em relação a fevereiro, oitavo pior resultado nacional, mas acima do resultado do Brasil, que foi de queda de 13,7%. As vendas dos setores “hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo” cresceram, no país, 14,6%, de fevereiro para março; de farmácia, perfumaria e produtos médicos e ortopédicos, 1,6%. No varejo restrito, sem veículos e material de construção, as vendas dos supermercados têm peso de metade do resultado final.” [Folha]

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6. Diplomacia brasileira vai bem

Do Bernardo Mello Franco:

“Entidades judaicas internacionais condenaram três episódios recentes envolvendo o governo de Jair Bolsonaro. No primeiro deles, em janeiro, o então secretário da Cultura Roberto Alvim parafraseou Joseph Goebbels. Mais recentemente, o chanceler Ernesto Araújo comparou a medida de isolamento social usada para combater a pandemia de Covid-19 aos campos de concentração nazistas onde foram mortos 6 milhões de judeus. Para completar, a Secretaria de Comunicação (Secom) publicou um vídeo com dizeres aparentemente inspirados na entrada do campo de Auschwitz.” [O Globo]

Que proeza!

“O uso da bandeira de Israel por simpatizantes de Bolsonaro em um ato considerado antidemocrático, onde estava presente o presidente, também gerou protestos de setores da comunidade judaica, que ficaram incomodados com a associação da bandeira com a estrela de Davi a esta manifestação. Apesar de não terem sido condenados pelo governo de Benjamin Netanyahu, todos estes episódios repercutiram negativamente na imprensa israelense e também na dos EUA. A publicação judaica americana de esquerda Forward questionou em reportagem se o presidente brasileiro é nazista. Para ficar claro, não creio que Bolsonaro seja antissemita e muito menos nazista. Estes termos não podem ser banalizados.”

Ora, como apontei aqui, o que mais houve foi banalização da palavra nazista, mas se tem alguém que se esforça pra merecer o epíteto é Bolsonaro, né, Godwin?

E com vocês o mais sensível e imbecis dos chanceleres:

“O Itamaraty suspendeu, por determinação do ministro Ernesto Araújo, o envio de notícias veiculadas na imprensa nacional aos postos diplomáticos no exterior, disseram à agência Reuters duas fontes com conhecimento do assunto. O trabalho, feito diariamente pela assessoria de imprensa do ministério, servia para auxiliar os diplomatas no exterior com as informações sobre o que ocorre no Brasil. Com a decisão, o chamado clipping só é feito com notícias de veículos internacionais que trabalham no Brasil. De acordo com uma das fontes, não foi dada nenhuma explicação sobre a mudança. Os postos diplomáticos têm verba específica para assinatura de jornais do local onde estão sediados, mas não de jornais brasileiros. A razão por trás da decisão, segundo uma das fontes, seria a insatisfação do chanceler com a cobertura dos veículos brasileiros sobre a política externa encabeçada por ele.” [Folha]

Ernesto ficou putíssimo com o texto assinado por FHC e chanceleres do passado, imagine aí os diplomatas caindo no riso com o clipping:

“Em duas séries de mais de uma dezena de publicações numa rede social, o chanceler chamou o ex-presidente e os ex-ministros de “paladinos da hipocrisia” e “figuras menores” que deveriam aprender com o atual governo como se defende a Constituição. “Se querem implementar de novo seus falidos projetos de política exterior para servir a um sistema de corrupção e atraso, muito bem. Apresentem esse projeto ao povo e disputem uma eleição. Não fiquem usando a Constituição como guardanapo para enxugar da boca da sua sede de poder”, escreveu.”

E ele deve se achar genial escrevendo uma merda dessa…

“De acordo com uma segunda fonte, o clipping interno do Itamaraty já havia sido modificado desde outubro do ano passado, quando o presidente Jair Bolsonaro determinou a suspensão da assinatura da Folha —o jornal foi retirado da seleção de notícias. Em seguida, o gabinete do ministro ordenou a assinatura de sites de apoio a Bolsonaro, que passaram a ser incluídos no clipping do ministério.”

Esses sistes cobram assinatura, é?!

“Procurado, o Itamaraty informou em nota que a seleção nacional de notícias está suspensa desde o dia 4 de março para reavaliação de sua elaboração.​”

Ainda tem essa aqui o:

“O diplomata Alberto Luiz Pinto Coelho Fonseca, próximo do ministro das Relações Exteriores Ernesto Araújo, recebeu um salário em dólar e auxílio-moradia em Paris, na França, para passar a maior parte do ano passado em Brasília, onde trabalhou junto ao chanceler. Segundo o Itamaraty, os pagamentos foram feitos de acordo com a lei vigente. Além do salário mensal de cerca de US$ 12 mil (cerca de R$ 66 mil) e do auxílio-moradia de € 48,6 mil pelo ano todo, Fonseca ganhou R$ 36,6 mil em diárias para morar no Brasil por mais de oito meses em 2019, segundo dados obtidos via Lei de Acesso à Informação (LAI). Somando o salário a gratificações, diárias e passagens aéreas, o gasto com o servidor no ano foi de aproximadamente R$ 1 milhão.” [O Globo]

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7. Exames

Tem cara de caô, jeito de caô e cheiro de caô, mas “conhecerei a verdade e a verdade vos libertará“.

“Um dos três exames de covid-19 apresentados pelo presidente Jair Bolsonaro ao Supremo Tribunal Federal (STF) não possui CPF, RG, data de nascimento nem qualquer outra informação que vincule o laudo médico ao chefe do Executivo ou a qualquer outra pessoa. No papel da Fiocruz, atribuído pela Advocacia-Geral da União (AGU) a Bolsonaro, aparece apenas uma identificação de nome: “paciente 5”. O mesmo não ocorre nos outros dois laudos, feitos pelo laboratório Sabin. Nos dois exames do Sabin, constam codinomes (Airton Guedes e Rafael Augusto Alves da Costa Ferraz), mas esses documentos informam dados pessoais do presidente da República – a data de nascimento, RG e CPF são do próprio Bolsonaro.” [Estadão]

“Segundo a Sociedade Brasileira de Análises Clínicas, a legislação “impõe a correta identificação do paciente no momento da coleta de amostra biológica e da entrega do laudo, inclusive com a apresentação de documento de identidade civil”. A resolução 302/2005 da Anvisa exige que o laboratório clínico e o posto de coleta laboratorial solicitem ao paciente documento que comprove a sua identificação. O cadastro do paciente deve incluir número de registro de identificação do paciente gerado pelo laboratório, o nome dele; idade, sexo e procedência, entre outras informações.

“O que pode se dizer é que, pelo documento sozinho, não há garantia que o laudo é ou não é do presidente”, avaliou o professor de proteção de dados pessoais Alexandre Pacheco da Silva, da FGV Direito São Paulo. Silva aponta que a vinculação do laudo do “paciente 5” ao presidente Jair Bolsonaro é feita em um outro papel, um ofício assinado pelo coordenador de Saúde da Presidência, o urologista Guilherme Guimarães Wimmer. “O que é complicado é que neste caso a gente espera receber essa informação do laboratório, que é um terceiro não interessado, e não daqueles que estão no próprio governo”, disse o especialista da FGV.”

E o exame presidencial é o menos confiável, que coisa…

“Antes do ministro Ricardo Lewandowksi determinar a divulgação dos exames, a Fiocruz informou que “recebeu e processou amostras enviadas pelo Palácio do Planalto, de acordo com o método de RT-PCR em Tempo Real”. Segundo a instituição, o material enviado “não tinha identificação” e “não constava, portanto, o nome do presidente”.

E o exame de sorologia? Não fez? Ou fez e não apresentou?!

“Questionado sobre Bolsonaro ter feito ou não esse outro tipo de exame, o Planalto não quis comentar.”

Essa história ainda terá muitos capítulos.

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8. Covid-17, parte 2

Do César Benjamin:

“O ministro da Saúde, que é médico, postou numa rede social a posição praticamente consensual entre seus colegas, do Brasil e do exterior, sobre o uso da cloroquina no combate ao coronavírus: não há evidência de que funcione e tem graves efeitos colaterais, que podem levar à morte; os médicos podem receitá-la, avisando os pacientes sobre os riscos que correm e solicitando autorização. O presidente da República, que é capitão reformado, disse que seus ministros têm que estar alinhados com ele, que defende o uso da cloroquina. Provavelmente demitirá o ministro nos próximos dias. Somos o único país do mundo em que o chefe de Estado receita remédios que não conhece para pacientes que nunca viu. O Brasil enlouqueceu.” [Facebook]

Gaspari estava dizendo dessa fala do Bolsonaro quarta, na portaria do palácio:

“Não é o meu entendimento, que eu não sou médico. É o entendimento de muitos médicos do Brasil e outras entidades de outros países, [que] entendem que a cloroquina pode e deve ser usada desde o início, apesar de saberem que não tem uma confirmação científica da sua eficácia. Mas, como estamos numa emergência, e a cloroquina sempre foi usada, desde 1955, e agora com a azitromicina, pode ser um alento para esta quantidade enorme de óbitos que estamos tendo no Brasil ” [O Globo]

Todos os estudos recentes sobre cloroquina vão na contramão do discurso presidencial, TODOS.

“Se fosse a minha mãe… Minha mãe está com 93 anos de idade. Eu vou atrás dela, pego um médico, lógico que não vou forçar o médico –mas tem muitos médicos que concordam com este tipo de medicamento– e ela usaria a hidroxicloroquina, enquanto não tivermos algo comprovado no mundo, temos este no Brasil aqui, que pode dar certo, pode não dar  certo. Mas como a pessoa não pode esperar quatro, cinco dias para decidir, que a morte pode vir, é melhor usar”

podefalarissonao

Imagina o tanto de médico que tem que lidar com dementes que caem nessa retórica presidencial.

“Todos os ministros são indicações políticas minhas, tá certo? E quando eu converso com os ministros, eu quero eficácia na ponta da linha. Nesse caso, não é gostar ou não do ministro Teich, tá? É o que está acontecendo. Nós estamos tendo aí centenas de mortes por dia. Se existe uma possibilidade de diminuir esse número com a cloroquina, por que não usá-la. Alguns falam que pode ser placebo. Eu falo: pode ser. A gente não sabe. Mas pode não ser também. A gente não pode daqui a dois anos falar “ah, se tivesse usado a cloroquina lá atrás, teríamos salvo milhares de pessoas”. Só isso”

Ou quantas pessoas você matou, né?

Tem mais

“Estou exigindo a questão da cloroquina agora também. Se o Conselho Federal de Medicina decidiu que pode usar cloroquina desde os primeiros sintomas, por que o governo federal via ministro da Saúde vai dizer que é só em caso grave? Eu sou comandante, presidente da República, para decidir, para chegar para qualquer ministro e falar o que está acontecendo. E a regra é essa, o norte é esse. Agora, votaram em mim para eu decidir. E essa decisão da cloroquina passa por mim. E mais do que pedir… Tá tudo bem com o ministro da Saúde, tá tudo sem problema nenhum com ele, acredito no trabalho dele, mas essa questão vamos resolver”

Ele tá puto com o Nelson porque só ele pode mudar o decreto do Mandetta:

“Não pode um protocolo de 31 de março agora, quando estava o ministro da Saúde anterior [Henrique Mandetta] dizendo que era só em caso grave, a gente não pode mudar protocolo agora”. “Pode mudar e vai mudar [o protocolo]. Por que vai mudar? Em comum acordo com o ministro da Saúde. Porque o Conselho Federal de Medicina diz que tem que ser feito dessa maneira”

Vamos ao Conselho Federal de Medicina:

“A informação dada por Bolsonaro contradiz parecer do Conselho Federal de Medicina, emitido em 23 de abril, sobre a cloroquina. O CFM informa no parecer nº 04/2020, que “após analisar extensa literatura científica, a autarquia reforçou seu entendimento de que não há evidências sólidas de que essas drogas [cloroquina e hidroxicloroquina] tenham efeito confirmado na prevenção e tratamento dessa doença.”

Do Lauro jardim:

“Teich, que é médico, nunca é demais repetir, é contra qualquer alteração. Conforme resume um assessor de Teich: — O dia de hoje está muito tenso. Até porque o próprio Teich escreveu o seguinte em sua conta no Twitter anteontem: — Um alerta importante: a cloroquina é um medicamento com efeitos colaterais. Então, qualquer prescrição deve ser feita com base em avaliação médica. O paciente deve entender os riscos e assinar o “Termo de Consentimento” antes de iniciar o uso da cloroquina.” [O Globo]

O “minstro Rubens” não vai nem completar um mês como ministro.

“A gente está falando em vida. É vida que está em jogo. Tem muita gente que chega ao hospital, pelo que eu levantei, em especial Norte e Nordeste, que não é oferecida a cloroquina para ele. Simplesmente deita, dá uma alimentação ali ou um soro e espera ele se curar. Para nós, mais jovens, o tratamento é esse. Nós não, né?, porque eu estou com 65. Mas se eu for acometido eu tomo a cloroquina e ponto final, pô. Eu que decido minha vida. E tenho certeza que não vai faltar médico para receitar pra mim a cloroquina.”

“Olha só. Tem uma máxima do Napoleão dizendo mais ou menos o seguinte: “enquanto o inimigo estiver fazendo um movimento errado, deixe-o à vontade”. No Brasil, no meu entender, o movimento errado é se preocupar apenas e tão somente com a questão do vírus. Tem o desemprego do lado. A esquerda tá quietinha. A esquerda tá quietinha. O povo precisa trabalhar.”

Que comparação é essa, viado?! sde tem uma coisa que ele não faz é deixar governadores à vontade, nada faz sentido!

E é bom se acostumar com as máscaras por um bom tempo:

“As microgotas de saliva geradas durante a fala podem permanecer suspensos no ar em um espaço fechado por mais de dez minutos, de acordo com um estudo publicado nesta quarta-feira (13), que destaca o provável papel desse mecanismo na propagação do novo coronavírus. A disseminação do Sars-Cov-2 por tosse e espirros é amplamente conhecida, mas quando falamos, também projetamos gotículas invisíveis de saliva que podem conter partículas virais. Quanto menores, mais permanecem suspensos no ar, enquanto os mais pesados, devido ao efeito da gravidade, caem mais rápido no chão. Pesquisadores do Instituto Nacional de Diabetes e Doenças Digestivas e Renais (NIDDK), que integra os Institutos Nacionais de Saúde dos Estados Unidos, fizeram uma pessoa repetir a frase “permanecer saudável” em voz alta por 25 segundos em uma caixa fechada.

No experimento, um laser projetado na caixa iluminou as gotas, permitindo que fossem vistas e contadas. As gotas permaneceram no ar por uma média de 12 minutos. Considerando a concentração conhecida de coronavírus na saliva, os cientistas estimam que falar em voz alta pode gerar o equivalente por minuto de mais de 1.000 gotas contaminadas, capazes de permanecer no ar por 8 minutos ou mais em um espaço fechado. “Essa visualização direta demonstra como a fala normal gera gotículas no ar que podem permanecer suspensas por dezenas de minutos ou mais e são capazes de transmitir doenças em espaços confinados”, concluíram os pesquisadores. Em um artigo publicado na revista NEJM de abril, a mesma equipe descobriu que falar menos alto produzia menos gotas. A confirmação do nível de contágio do Sars-Cov-2 falando e não apenas pelas gotas de saliva que caem nos interruptores, rampas ou maçanetas ajudará a justificar cientificamente o uso da máscara, agora recomendada em muitos países, e a explicar a alto contágio do vírus.” [O Globo]

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9. Sobre a liberdade de expressão

Do Fernando Schuller:

“Em tempos de fúria, passou um tanto despercebida uma decisão do decano do STF, ministro Celso de Mello, na última semana. Ocorre que um desses grupos muito estranhos que andam por aí, e não é de hoje, marcou uma passeata em Brasília, na qual prometiam “dar cabo à patifaria estabelecida no país e representada pela casa maldita do STF, com seus 11 gângsteres”. E por aí afora. O líder do PT na Câmara dos Deputados acionou o Supremo pedindo que a passeata fosse proibida e os envolvidos presos. O ministro Celso de Mello negou o pedido. Orientou o parlamentar a procurar o Ministério Público, se desejasse, mas o importante veio depois, quando enfrentou o tema delicado do direito de reunião e de expressão em um país marcado pela polarização quase doentia. A posição do ministro é clara: não cabe a uma República que se dê ao respeito a “proibição estatal do dissenso”. Pluralismo político é um valor fundamental na democracia e o direito à livre expressão de ideias é garantido pela Constituição.

Seu raciocínio volta a abril de 1919, quando Ruy Barbosa foi conduzido por uma massa popular até o teatro Politeama, em Salvador, e só pôde fazer o seu comício amparado por um habeas corpus dado pelo STF, relatado por Edmundo Lins. Ruy foi saudado nas ruas de Salvador como “o maior dos brasileiros” e não haveria muita dúvida sobre seu direito de fazer uso da palavra. A pergunta crucial, um século depois, é bem mais complicada: o direito à palavra de ideias autoritárias e desprezíveis, como a tese de “fechar o Supremo”, também deveria ser protegido pelas leis da República? Celso sinaliza uma resposta quando cita a clássica expressão do juiz da Suprema Corte americana Oliver Holmes, segundo o qual a liberdade de pensamento não é feita para aqueles com os quais concordamos, mas para “a liberdade do pensamento que nós odiamos”. O princípio é indispensável em uma sociedade pluralista, na qual se exige a imparcialidade do Estado, mas ainda não resolve a questão. O ponto é: quais seriam os limites para as “ideias que odiamos”? Ideias que atentem contra os próprios fundamentos da República e da democracia, por exemplo, estariam incluídos?

Karl Popper deu uma resposta negativa, ainda que bastante genérica, a esta pergunta. Marcado pela ascensão do ódio, no processo que levaria à Grande Guerra, Popper formulou o seu “paradoxo da tolerância”: temos direito, em nome da tolerância, de não tolerar os intolerantes. A ideia é elegante, tanto quando a regra de Holmes, mas de difícil aplicação. Como transformar o Estado em juiz do que são ou deixam de ser ideias intolerantes? A Constituição de 1946 incluía um dispositivo proibindo partidos que contrariassem o regime democrático, e isto serviu de base para fechar o PCB. Os americanos resolveram esta questão, na tradição da Primeira Emenda, fazendo uma distinção entre a defesa genérica de ideias odiosas ou contrárias à lei e o discurso que leva claramente a uma “ação iminente e ilícita”.

No Brasil, diria que esta é uma questão em aberto. No conhecido caso Ellwanger, que julgava a concessão de habeas corpus a um autor revisionista e antissemita, o STF decidiu negativamente. Marco Aurélio Mello claramente defendeu a distinção entre a defesa de uma tese e a chamada à ação, mas foi vencido. Confesso não ter uma resposta cabal a esta questão. Intuo que nossa Suprema Corte logo se debruçará sobre o tema desses movimentos que desafiam a democracia e nos quais parece haver de tudo. Gente defendendo ideias sem nenhum cabimento e gente instigando a ação antidemocrática, em geral no mundo do faz de conta. Neste mundo confuso, é bom ler a decisão de Celso de Mello. Ao citar Ruy Barbosa para tratar da passeata dos insensatos, ele nos lembra que a liberdade frequentemente se faz garantindo o direito aos piores, de modo que todos os demais estejam da mesma forma protegidos pelo direito.” [Folha]

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10. Quem tem cu tem medo

“O governo flexibilizou a punição de agentes públicos que acabarem cometendo erros durante o trabalho de combate ao coronavírus. ” [CNN]

bozo

“De acordo com medida provisória publicada no Diário Oficial da União desta quinta-feira (14), o funcionário apenas será punido se ficar comprovado que houve intenção de errar ou se a ação questionada resultar em um erro grosseiro, quando ficar caracterizada uma negligência, por exemplo.”

Bolsonaro é tão grotesco que nem com essa linguagem ele consegue se safar.

“O texto da MP alcança atos relacionados, direta ou indiretamente, com o enfrentamento da emergência de saúde pública decorrente do novo coronavírus (Covid-19) e também com o combate aos efeitos econômicos e sociais decorrentes da pandemia. Se o agente público tomar atitude com base em opinião técnica, ainda que o comportamento tenha resultado negativo depois, a responsabilização não será automática. “O mero nexo de causalidade entre a conduta e o resultado danoso não implica responsabilização do agente público”, afirma a medida.A MP exige a obtenção de “elementos suficientes” para aferir que o funcionário agiu não apenas de maneira errada mas intencional. Outra situação que pode ser punida é se o erro for grave, grosseiro.”

Vindo desse governo é óbvio que eles querem tirar o próprio cu da reta, mas aqui vai um porém: fosse em outro governo eu até entenderia uma porra dessa, comprar equipamentos em plena pandemia nao deve ser nem um pouco fácil, um desespero fodido, um leilão escroto em que o mundo todo quer a mesma coisa, a chance de erros aumenta consideravlemente. E sim, óbvio que tem ladrão e pilantra a rodo, mas também tem pessoas honestas que cometerão erros porque é isso que acontece em situações críticas e inéditas como as que estamos vivendo.”

E por falar em MPs desses dementes:

“O presidente Jair Bolsonaro já contemplou na lista de atividades essenciais 7 dos 15 setores representados por empresários que se reuniram com ele no Palácio do Planalto, na semana passada, e foram levados ao Supremo Tribunal Federal (STF) para uma reunião com o presidente da Corte, Dias Toffoli. Na ocasião, o grupo foi fazer um apelo para que as medidas restritivas de Estados e municípios, motivadas pela crise do coronavírus, sejam amenizadas. Além desses, Bolsonaro já havia liberado o funcionamento de outros setores que atendem aliados próximos. Ao permitir que locadoras de veículos abram durante a pandemia, por exemplo, o presidente beneficiou o secretário de Desestatização e Privatização do Ministério da Economia, Salim Mattar, dono da Localiza. Também favoreceu o empresário bolsonarista Luciano Hang, da rede Havan, ao liberar o comércio de bens e serviços. Dos 54 setores liberados da quarentena por Bolsonaro até agora, 11 têm ligação direta com lideranças próximas ao presidente, incluindo igrejas. O presidente não apresentou estudos técnicos para justificar os decretos. O aval mais recente foi dado na segunda-feira, quando o presidente liberou o funcionamento de salões de beleza, barbearias e academias. O decreto foi editado sem consulta ao ministro da Saúde, Nelson Teich. Entre os empresários que apoiam Bolsonaro está Edgard Gomes Corona, dos grupos Bio Ritmo e Smart Fit, duas redes de academia. Em entrevista ao Estadão, Corona comemorou a liberação pelo presidente. “É um reconhecimento desse serviço.”” [Estadão]

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11. “Manhã desnecessária”

Do Veríssimo:

“Comemorou-se há pouco os 75 anos do fim da Segunda Guerra Mundial e alguns meses antes o armistício que acabou com a Primeira. Representantes dos aliados, vencedores, e dos alemães, derrotados e humilhados, reuniram-se num vagão ferroviário que tinha servido a Napoleão III, perto da cidade de La Capelle, França, para tratar dos termos da rendição. Coube ao marechal Ferdinand Foch, que chefiava a delegação francesa, estabelecer as reparações que seriam exigidas dos alemães. A reunião durou toda a noite e às 5 da madrugada o documento do armistício estava assinado.

O movimento nas áreas de combate costumava começar à luz do dia, havia tempo de sobra para fazer chegar aos oficiais nas frentes a notícia de que a guerra estava oficialmente acabada. O marechal Foch não concordou. Por um capricho sem nenhum sentido prático, apenas pelo prazer da aliteração ou por um apego impensado à exatidão militar, Foch insistiu que o armistício só passaria a valer das onze horas do dia onze do mês onze do ano. Portanto das 5 às onze da manhã do dia 11 de novembro de 1918 a Primeira Guerra Mundial continuou embora não precisasse continuar. Calcula-se que mais de 7 mil soldados morreram entre as 5 e as 11 daquela manhã, e mais de 10 mil ficaram feridos, com gravidade variável.

A Avenue Foch é uma daquelas grandes avenidas que se encontram no “rond-point” do Arco do Triunfo, em Paris. Como são muitas avenidas e elas vêm de todos os lados, você sempre se espanta com a capacidade dos franceses de se cruzarem em torno do Arco sem se tocarem ou sequer se xingarem. Deve haver uma regra que dita quem tem a preferencial no maranhado, mas ela não é evidente para quem não é francês. De qualquer maneira, a Foch é a mais elegante das avenidas, uma bela homenagem ao marechal. Pensar nos que ele matou naquela manhã desnecessária é um pouco como ficar tentando decifrar o trânsito em volta do “rond-point” e perder a paisagem, a beleza do Arco, o louvor a um herói da pátria.” [O Globo]

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12. OMC

Em qualquer outro governo o Braisl lutaria contra o Trump, mas…

“Amadurecida ao longo dos últimos meses, a decisão do diretor-geral da Organização Mundial do Comércio (OMC), Roberto Azevêdo, de deixar a instituição multilateral um ano antes do final de seu mandato será anunciada nesta quinta-feira, 14, de acordo com fontes consultadas pelo Estadão/Broadcast na Europa. Procurada pela reportagem, a assessoria do brasileiro disse que ele não se pronunciará sobre o assunto. A partir das 11 horas de Brasília, no entanto, a Organização se pronunciará sobre o tema, segundo a porta-voz da entidade, Keith Rockwell. “A OMC anunciará esse assunto após a reunião dos chefes de delegação às 16h, pelo horário de Genebra. Até lá, o secretariado da OMC não comentará”, informou a instituição oficialmente. Reconhecido pelo profissionalismo e com uma grande rede de contatos, Azevêdo já começou a informar os principais embaixadores sobre sua decisão. Ele deixará o posto no início de setembro, um ano antes de terminar seu segundo mandato à frente da OMC.

Apesar de ser bem conceituado, o brasileiro vem enfrentando rusgas com o governo do presidente americano, Donald Trump, que tem colocado uma série de barreiras para que avanços sejam feitos na instituição. Nos últimos eventos internacionais do qual participou presencialmente, o Estadão/Broadcast identificou que Azevêdo vinha tentando manter um posicionamento otimista em relação a avanços na mudança de estrutura da OMC, mas não conseguia, apesar do discurso positivo, esconder o desânimo com alguma possibilidade real de avanços serem feitos. A discrição sempre foi uma marca do diretor, que é diplomata. A pandemia de coronavírus foi a “gota d’água que faltava para que o copo transbordasse”, segundo uma fonte, e o diretor chegasse à conclusão de que sua saída da instituição poderia até mesmo abrir caminhos para que ela possa progredir. É sobre esse viés que Azevêdo deve focar a explicação de sua saída.

O surto praticamente estancou o comércio internacional, que já passava por um momento de grande tensão antes do início da doença, com a guerra comercial entre Estados Unidos e China. Azevêdo está no comando da OMC desde 2013, mas a entidade vem perdendo a relevância em meio à defesa de menor globalização por alguns líderes mundiais. Trump chegou a culpar a Organização por supostamente permitir que a China atuasse de forma desleal em relação ao comércio internacional. Desde o ano passado, o órgão de apelação da OMC está simplesmente paralisado, sem atuar, porque os Estados Unidos barraram a nomeação de novos juízes para substituírem os que se aposentaram. O órgão é o braço mais importante no processo de busca por soluções de controvérsias. Com a crise do coronavírus, a Organização também se mostrou pouco atuante, apesar de vários governos – inclusive o Brasil – terem tomado decisões de fechar exportações de alguns produtos médico-hospitalares, o que foi de encontro ao pedido de outra entidade que tem sede em Genebra: a Organização Mundial da Saúde (OMS).

Com a confirmação da decisão de Azevêdo começará todo um trâmite para nomear um substituto, o que pode levar meses. Em princípio, deve ser escolhido um interino para o cargo entre os funcionários que já atuam na instituição. A saída do brasileiro representará mais poder de Trump sobre quem vai gerir a Organização – e de que forma. Esse é um tema que preocupa um dos interlocutores com os quais o Estadão/Broadcast conversou nesta manhã sobre o tema.” [Estadão]

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13. Um Trump Muito Louco

Sei que é difícil acreditar num sujeito que já confessou trocar idéia com um pássaro -e no caso o pássaro era o falecido Chávez – mas isso aqui é Trump até não poder mais.

“O ditador da Venezuela, Nicolás Maduro, afirmou nesta quarta-feira (13) que o autoproclamado presidente interino do país, Juan Guaidó, se reuniu com Jordan Goudreau para planejar um ataque marítimo fracassado no país do Caribe. O americano é o fundador da Silvercorp USA, uma empresa de segurança e defesa privada que está por trás de uma operação de tentativa de sequestro do líder chavista. Goudreau serviu forças especiais do Exército americano durante as guerras no Iraque e no Afeganistão. Segundo Maduro, a tentativa de sequestro foi ordenada pelo presidente dos EUA, Donald Trump.” [Folha]

Eu leio isso e até imagino o autógrafo do Trump com aquele pilot grosso. Não é bem sequestro, convenhamos, é tentativa de GOLPE.

 “Guaidó, que inicialmente chamou o contrato de falso, disse na sexta-feira (8) que o governo chavista está buscando desculpas para detê-lo. Trump negou a suposta conspiração, afirmando que se os Estados Unidos fossem “fazer algo com a Venezuela, não seria desse jeito. Seria um pouco diferente. Seria chamado de invasão.”

Até imagino o Trump mandando um “The greatest invasion the world has ever seen, so beautiful, tremendous, i’ve received so many calls congratulating my leadership, I love Venezuela, I love the venezuelans, lock her up!”

E a aposta do Trump em plena pademia é duma insanidade…

“Declarar sucesso, questionar o número de mortes e reabrir a economia de olho na reeleição em novembro. O plano de Donald Trump para os próximos seis meses não inclui uma estratégia nacional de testes em massa ou de rastreamento de contatos dos indivíduos contaminados. Trump conta com estados governados por republicanos, como Texas e Geórgia, para reiniciar atividades e torce para não haver uma segunda onda de contaminação.” [Folha]

“Agora, assustado com as pesquisas e a possibilidade de recaptura do Senado pelos democratas, Trump oferece aos americanos um pacto de morte: vale a pena pagar com milhares de vidas pela reabertura da economia. No front psicológico, o plano é usar a mídia de direita para jogar dúvida sobre estatísticas de contaminação e mortes, algo que já conta com apoio do canal de TV a cabo mais assistido do país, a Fox News. Na semana passada, a Casa Branca vetou a divulgação de um relatório de 17 páginas para orientar os estados sobre a reabertura da economia, elaborado pelo CDC (Centro de Controle de Doenças), a principal agência federal envolvida no combate à Covid-19. Entre as táticas para esquentar a economia e forçar trabalhadores a voltar a fábricas sem acesso a testes e garantias contra contaminação estariam ordens executivas do presidente. Um exemplo aconteceu no dia 1º de maio, quando Trump proibiu a importação de certos componentes elétricos de países considerados “adversários estrangeiros.” Outro exemplo citado por fontes ligadas ao governo seria declarar novos prazos de expiração de manufaturados, como proibir a circulação de carrocerias de caminhões com mais de dez anos nas estradas federais para forçar a compra de equipamentos.”

Caralho, que Bolsonaro não leia isso…

“Comentaristas políticos progressistas têm dito que o cálculo cínico da campanha é esperar que o coronavírus mate mais eleitores democratas vulneráveis como negros e latinos, dois grupos que têm pesada participação em atividades consideradas essenciais como entregas de comida e compras online, além de transportes públicos.”

Por mais louco que isso possa parecer, lembre-se que a demografia é extremamente desfavorável aos republicanos.

“O cálculo eleitoral da campanha de Trump, além de demonstrar niilismo homicida, é arriscado. Pesquisas de opinião mostram que os idosos defendem a proteção da pandemia como prioridade sobre atividades econômicas. A morte de eleitores republicanos de mais de 65 anos poderia mudar o perfil demográfico eleitoral em estados cruciais para a vitória de Trump. A previsão foi feita por pesquisadores num estudo que saiu em abril na publicação Administrative Theory & Praxis, com base nos registros públicos de contaminação fatal. Só na Pensilvânia, os pesquisadores previram que morreriam 13 mil mais eleitores republicanos do que democratas. Os apoiadores do presidente em regiões economicamente deprimidas como a Virgínia Ocidental e o Alabama tendem a ser mais velhos, obesos e fumantes.”

A parte mais absurda:

“Assessores dizem que Trump não usa máscara em público porque teme parecer ridículo. Na sexta-feira (8), executivos da indústria de alimentos esperavam o vice-presidente Mike Pence para uma mesa redonda em Des Moines, em Iowa. Pouco antes da chegada de Pence, uma funcionária entrou na sala e pediu a todos os presentes que tirassem as máscaras. Foi obedecida.”

Isso porque um funcionário do gabinete do Pence foi diagnosticado com Covid e no dia seguinte lá estava Pence sem máscara, blindado por Jesus – se você acha Bolsonaro pancada das idéias religiosas é porque você não conhece o Pence.

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>>>> Aos amigos tudo: “Causou revolta em conselheiros do Iphan a escolha de Larissa Peixoto para a presidência do órgão. Como revelou o Painel, ela é próxima da família presidencial: Gerson Dutra Júnior, agente da Polícia Federal com quem casou em 2013, foi segurança de Bolsonaro em 2018. Desde então, Larissa e Gerson, conhecido como Patropa, têm relação estreita com Leo Índio, primo dos filhos do presidente Jair Bolsonaro. Em carta, o conselheiro Ulpiano Bezerra de Meneses, um dos mais importantes museólogos do Brasil e professor da Universidade de São Paulo, afirma que o esperado é que a pessoa “domine conceitos fundamentais sobre ‘bens de natureza material e imaterial”‘. Além disso, diz, “mesmo não sendo especialista nas disciplinas científicas pertinentes”, a pessoa deve “ser capaz de identificar valores significativos em ‘formas de expressão; modos de criar, fazer e viver; criações científicas, artísticas e tecnológicas; obras, objetos, documentos, edificações e demais espaços destinados às manifestações artístico-culturais; conjuntos urbanos e sítios de valor histórico, paisagístico, artístico, arqueológico, paleontológico, ecológico e científico'”. Segundo Meneses, não se trata de desejo pessoal ou de concepção ideal, mas do que está estabelecido no artigo 216 da Constituição. A nomeação de Larissa Peixoto tem sido criticada por arquitetos e historiadores, que afirmam que ela não tem formação nem qualificação para ocupar o cargo.” [Folha]

>>>> Huck: “”No dia 13 de maio de 1888, a princesa Isabel assinou a chamada Lei Áurea. Uma abolição apenas cartorial da escravidão. Pois não significou liberdade pra negras e negros, que permaneceram sem acesso à cidadania plena com o ato imperial. A verdade é que o Estado brasileiro não tomou então medidas pra integração dos ex-escravos, expondo brasileiras e brasileiros à fome, miséria e exclusão social. Não é uma data, portanto, de celebração. É um dia de protesto por terem sido negras e negros largados à própria sorte depois de três séculos de escravidão. É também uma lembrança da nossa cruel herança escravocrata, que não pode jamais ser esquecida ou acobertada pelo mito da democracia racial. Por amor ao Brasil, espero que algum dia a gente amanheça num 13 de maio e olhe em volta enxergando uma sociedade mais justa e igualitária social e racialmente. Por enquanto, nada há pra agradecer nesta data” [Folha]

>>>> Chupa, Salvinni! “O governo da Itália anunciou na quarta-feira a regularização de imigrantes numa resposta à crise provocada pelo coronavírus e para tentar evitar a exploração deles nos campos agrícolas. A medida consta de um decreto apresentado na noite de quarta-feira, após um mês e meio de debate no Executivo, que prevê € 55 bilhões para recuperar a economia do país, um dos mais atingidos pela pandemia na Europa e o primeiro a decretar quarentena da população, já relaxada na última semana. O número total de imigrantes que poderão se regularizar não foi divulgado, mas o governo estima que a medida possa beneficiar cerca de 200 mil pessoas — segundo dados do Ministério do Interior, os estrangeiros indocumentados na Itália chegam a quase 600 mil. A decisão, muito criticada pelos partidos de oposição, tem um objetivo duplo, segundo o governo: fornecer mão de obra legal para o setor agrícola, em grande dificuldade desde o início da pandemia, em março, e aumentar o controle sanitário a um grupo de pessoas normalmente excluído dos serviços básicos do Estado. A crise do coronavírus pôs em risco a produção agrícola de muitos países da Europa ao expor uma incômoda realidade para muitos deles: sem a mão de obra estrangeira, as lavouras param. O continente pode até perder neste ano a sua autossuficiência alimentar. Uma parte considerável da produção de frutas e verduras pode apodrecer nos campos por causa do déficit de trabalhadores sazonais em toda a União Europeia (UE), número estimado entre 800 mil e um milhão. A regularização proposta pelo governo causa arrepios no senador Matteo Salvini, do partido de ultradireita Liga e principal nome da oposição, que promete uma batalha no Parlamento contra a medida. Ela acusa o governo de beneficiar estrangeiros no lugar dos italianos.” [O Globo]

>>>> A malandra boliviana jurou que era um mandato tampão, que nao concorreria na eleição e… “”Estou preso em casa, enquanto Jeanine Añez faz campanha, inaugurando obras o dia inteiro, para uma eleição que não sabemos quando nem como vai acontecer.” Luis Arce, 56, conhecido pela calma e pelo tom de voz sempre amistoso, desta vez soa irritado em entrevista à Folha, por telefone. Ex-ministro da Economia de Evo Morales entre 2006 e 2017, Arce é o candidato do MAS (Movimento ao Socialismo) para a eleição presidencial da Bolívia marcada inicialmente para 3 de maio, mas suspensa por causa da pandemia do coronavírus. Esperava-se que o pleito colocasse fim à série de tensões, ataques violentos e instabilidade política que ocorreram depois de divulgado o resultado da votação de outubro, que deu a vitória a Evo. Contestado pela oposição e por organismos internacionais, o resultado da votação foi cancelado. Na sequência, Evo renunciou e partiu para o exílio. A então vice-presidente do Senado, Jeanine Añez, numa manobra polêmica, assumiu o poder, com a missão de recompor o tribunal eleitoral e convocar eleições. Ela o fez, mas, diferentemente do que disse ao assumir, resolveu disputar o pleito. “Estamos numa ditadura, há perseguição a colegas do partido, estou vigiado o dia todo. O Exército está nas ruas para fazer cumprir as regras da quarentena”, diz Arce. “Nem eu nem todos os outros candidatos podemos sair de casa para atos ou entrevistas na TV, enquanto ela está o dia inteiro fazendo campanha, assim como seu candidato a vice [o empresário Samuel Doria Medina]” Segundo pesquisa divulgada antes da pandemia, realizada pelo instituto Ciesmori, haveria um segundo turno no país. Arce (esquerda) surge como favorito, com 33,3% das intenções de votos, seguido de Carlos Mesa (centro-esquerda), com 18,3%, e da própria Añez (direita), com 16,9%. Inicialmente, o Executivo havia proposto que a nova eleição ocorresse em outubro. O Parlamento, no qual o MAS tem maioria, conseguiu aprovar que a eleição ocorra até, no máximo, a primeira semana de agosto. Agora, o tribunal eleitoral tem a palavra final, e ainda não se pronunciou de forma definitiva. “Nós tememos seriamente que Añez pressione o tribunal, que foi formado por ela, para adiar as eleições até o ano que vem. É o desejo dela, para que dê tempo de desgastar ainda mais a nossa candidatura”, diz Arce.” [Folha]

>>>> Paradoxos da pandemia: “The suicide rate in Japan fell by 20% in April compared with the same time last year, the biggest drop in five years, despite fears the coronavirus pandemic would cause increased stress and many prevention helplines were either not operating or short-staffed. People spending more time at home with their families, fewer people were commuting to work and delays to the start of the school year are seen as factors in the fall. In April, 1,455 people took their lives in Japan, 359 fewer than in April 2019. Suicide has been on a downward trend in Japan since peaking at more than 34,000 cases annually in 2003. Last year saw just over 20,000, and the large drop last month came at a time when there were fears of a fresh spike. New coronavirus infections reached their peak in mid-April in Japan at more than 500 a day, leading the government to declare a state of emergency on 16 April, though the restrictions were less strict than those of other countries. The stay-at-home measures affected suicide prevention organisations, with about 40% of them either shut down or working reduced hours, leading to worries about vulnerable people. Amid the decline in suicide of recent years, there has been an increase among children, with bullying and other problems at school a frequently cited cause. The start of the academic year, in April in Japan, is a particularly stressful time for some, but its postponement due to the pandemic may have saved lives, at least temporarily. “School is a pressure for some young people, but this April there is no such pressure,” said Yukio Saito, a former head of telephone counselling service the Japanese Federation of Inochi-no-Denwa. “At home with their families, they feel safe.” As for adults, at times of national crisis and disasters, “traditionally, people don’t think about suicide”, said Saito, pointing to a drop in cases in 2011, the year of the giant earthquake, tsunami and nuclear meltdowns at Fukushima.” [The Guardian]

 

Dia 498 | “Quem alinha discurso é bandido” | 13/05/20

Taí o podcast de ONTEm, com texto de Pedro Daltro e edição de Cristiano Botafgogo:

E você ouve os episódios lá na Central3: [Central3]

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1. O dia seguinte

“Os depoimentos dos ministros Luiz Eduardo Ramos (Secretaria de Governo) e Augusto Heleno (Gabinete de Segurança Institucional) à Polícia Federal conflitam com a declaração do presidente Jair Bolsonaro de que não citou o nome da corporação na reunião ministerial de 22 de abril. Segundo os dois ministros militares, que prestaram depoimento nesta terça, Bolsonaro mencionou o nome da PF ao cobrar relatórios de inteligência. Nesta terça, Bolsonaro declarou em entrevista: “Não existe no vídeo a palavra Polícia Federal, nem superintendência. Não existem essas palavras”.” [Folha]

“De acordo com Ramos, na reunião de 22 de abril, Bolsonaro “se manifestou de forma contundente sobre a qualidade dos relatórios de inteligência produzidos pela Abin, Forças Armadas, Polícia Federal, entre outros”​. Segundo ele, Bolsonaro ainda “acrescentou que, para melhorar a qualidade dos relatórios, na condição de presidente da República, iria interferir em todos os ministérios para obter melhores resultados de cada ministro”. “Vocês precisam estar comigo”, disse Bolsonaro, de acordo com o depoimento do ministro Ramos, a que a Folha teve acesso. A mesma versão de Ramos foi dada por Augusto Heleno. Em seu depoimento, o chefe do GSI disse que Bolsonaro, na reunião, cobrou “de forma generalizada” todos os ministros da área de inteligência, “tendo também reclamado da escassez de informações de inteligência que lhe eram repassadas para subsidiar suas decisões, fazendo decisões específicas sobre sua segurança pessoal, sobre a Abin, sobre a PF e sobre o Ministério da Defesa.”

Com a palavra o vice-presidente:

E esses olhinhos fechados?! Esse biquinho?! Não fode, general! Então quer dizer que o presidente mentiu, vice-presidente?! E de novo esse papo de honra, como se os milcios fossem os últimos brasileiros honrados, veja no post de ontem a dicotomia bizarra entre honra e legalidade que os fardados são capazes de enunciar pra tirar o próprio cu da reta.

“Ramos disse que entendeu que o presidente falava de sua segurança pessoal ao citar a troca de ministro. Ele disse que a referência, neste caso, estaria sendo feita a Heleno, e não a Moro. “Se ele não tivesse satisfeito com a sua segurança pessoal realizada no Rio de Janeiro, ele trocaria inicialmente o chefe de segurança e, não resolvendo, trocaria o ministro, e nesse momento olhou em direção ao ministro Heleno”, disse Ramos, afirmando ainda que Moro estava sentado “em lado oposto” ao chefe do GSI.”

Então quer dizer que Bolsonaro tava puto com o Heleno mas demitiu o Moro e  trocou o diretor da PF e o superintendente do Rio?! Os generais mentiram na cara dura, enfia a honra no cu, Mourão! E o Ramos ainda conseguiu a proeza de retificar seu depoimento justamente na parte mais importante.

“Após o depoimento, Ramos pediu para a PF alterar trechos de suas declarações. Num deles, ele inicialmente havia afirmado que “não” foi falado pelo presidente que se não pudesse trocar o diretor-geral, trocaria o ministro. O ministro, sob protesto da defesa de Moro, pediu para trocar a negativa pela expressão “não se recorda”.”

Que general distraído. As palavras abaixo são presidenciais, na manhã de quarta:

“O Ramos se equivocou. Mas como é reunião, eu tenho o vídeo. O Ramos, se ele falou isso, se equivocou – declarou Bolsonaro.” [O Globo]

E o Ramos, horas depois, disse que Bolsonaro se enganou, viado, me abraça!

“O ministro da Secretaria de Governo, Luiz Eduardo Ramos, disse nesta quarta-feira, 13, que o presidente Jair Bolsonaro foi “induzido ao erro” ao apontar “equívoco” em seu depoimento à Polícia Federal. Em entrevista ao Estadão, o ministro reafirmou que o órgão de investigação foi citado na reunião ministerial de 22 de abril, mas em um contexto diferente do que o ex-ministro Sérgio Moro apontou, de que houve cobrança para trocar o comando. O presidente, por sua vez, tem dito que em nenhum momento houve menção à PF durante o encontro. A pergunta induziu ele (Bolsonaro) ao erro. Eu falo de Polícia Federal na hora que ele está reclamando dos relatórios de inteligência da Abin, das Forças Armadas e da Polícia Federal. Está no meu depoimento” [Estadão]

A memória do general voltou a ficar boa, que coisa.

“Nos depoimentos, Ramos e Heleno ressalvam que o presidente queria apenas ter mais informações para aprimorar as ações do governo e não se referia a relatórios de investigações policiais.”

Ora, se Bolsonaro tava puto com o GSI e consequentemente com a ABIN, também responsável pela segurança presidencial, por que diabos ele queria o chegfe da ABIN na PF?

Palavras do Bolsonaro no fim da tarde de segunda, após os depoimentos do generalato:

“Eu não falei o nome dele no vídeo. Não existe a palavra Sergio Moro. Eu cobrei a minha segurança pessoal no Rio de Janeiro. A PF não faz minha segurança pessoal, quem faz é o GSI. Quem trata de segurança? O ministro é o Heleno”

Sim, o capitão tá dizendo que o esporro era para o general e o general confirmou no depoimento! Ora, se o problema era a segurança familiar isso é de responsabilidade do GSI e da ABIN, e ao que me consta Bolsonaro gostou tanto do Ramagen na ABIN que queria lhe dar a PF. Se essa é a defesa… que versão cretina do caralho.

Bolsonaro então é perguntado se pensou em demitir o Heleno:

“Não, não vou entrar em detalhe, tá? Quem faz a minha segurança é ele, quem faz a minha segurança ele. O vídeo está bem claro, a reunião está clara.”

Alô, Mourão, chupa que é de uva!

E lembra que no depoimento Moro disse que em duas ocasiões, na véspera de sua saída, falou com o Ramos, que lhe prometeu retornar nas duas ocasiões e nunca ligou?

“Em depoimento, o titular da Secretaria de Governo confirmou que o ex-ministro da Justiça o procurou após estar com Bolsonaro às vésperas de sua saída do governo. Ele afirmou que chegou a tentar achar uma solução para o impasse sobre a mudança na diretoria-geral da PF e que nunca levou a contraproposta feira por Moro a Bolsonaro.”

Não só ele não retornou a ligação como nem teve culhão de apresentar ao Bolsonaro a proposta do Moro, que sujeito frouxo do caralho! General com medo de capitão expulso do Exército por indisciplina…

“O ministro Celso de Mello, do STF (Supremo Tribunal Federal), deu 48 horas para o procurador-geral da República, Augusto Aras, manifestar-se sobre o sigilo do vídeo da reunião em que o presidente Jair Bolsonaro teria ameaçado de demissão o então ministro da Justiça, Sergio Moro.” [Folha]

O mas hilário é que Bolsonaro ontem disse que ele autoriza a divulgação da parte mais sensível do depoimento, como que o Aras vai ligar o maior dos foda-ses e pedir sigilo se o próprio prresidente já autorizou?! Chup,a Aras, chupa que é de uva e dê adeus ao sonho do STF.

O pessoal do STF, é óbvio, não deve comentar vazamento, e a cautela é compreensível, tem que esperar a transcrição completa:

“Diante da gravidade do que foi ventilado, alguns magistrados afirmavam ser melhor ter conhecimento integral da fita antes de tomar posição mais contundente, já que as falas do presidente podem estar sujeitas a várias interpretações. Uma delas, mais generosa, é a de que Bolsonaro estava preocupado com a segurança da família. A outra é de que apenas queria blindar os filhos.” [Folha]

Apenas blindar os filhos“, que frase maravilhosa. O desespero presidencial é daqueles pra ser apreciado em slow motion:

“Jair Bolsonaro enviou nesta segunda-feira (11) um ofício solicitando relatórios de produtividade da Polícia Federal, por estados. O pedido, que saiu do gabinete da Presidência, é inédito. No órgão, a interpretação é que o presidente procura dados para tentar justificar suas investidas contra a PF. Ele é alvo de inquérito do STF, que apura as acusações feitas por Sergio Moro. O depoimento de Alexandre Ramagem, visto como peça de defesa de Bolsonaro, deu sinais de que a linha seria essa. A troca de superintendente na PF do Rio atendeu à vontade de Bolsonaro, fato indiscutível e agora também confirmado por Ramagem. Embora tenha negado que tenha existido pedido expresso, o delegado falou sobre uma suposta preocupação de Bolsonaro com alegada falta de produtividade no Rio.” [Folha]

Calma que melhora, viado!

“Quando demitiu o chefe da PF do Rio pela primeira vez, em agosto do ano passado, o presidente também tentou usar a mesma justificativa. Na ocasião, a superintendência local estava em quarto lugar no ranking. Após cinco meses de gestão interina, passou para 22°. A última medição foi em dezembro.​”

“A avaliação de delegados é que Bolsonaro vai usar o dado para atacar Moro e a gestão fluminense, na tentativa de afastar a acusação de que tem motivos particulares para a troca. Além disso, acreditam que os relatórios também poderão ser utilizados para justificar possíveis pedidos de novas trocas. Nessa linha, pode criar novo problema: Carlos Henrique Oliveira, ainda atual chefe do Rio, foi promovido a número dois da hierarquia da polícia. Na interinidade, o comandante era Tácio Muzzi, que agora foi escolhido para assumir a superintendência.”

Bolsonaro jura que não falou em PF no seu esporro mas o Bruno Boghossian fez um ótimo apanhado:

“Há oito dias, o presidente parou na portaria do Palácio da Alvorada para rebater o depoimento de Sergio Moro sobre o caso. Bolsonaro admitiu que tinha interesse em trocar o chefe do órgão no Rio e justificou: “tentaram colocar na conta” dele e de seus filhos Flávio e Carlos o assassinato de Marielle Franco —e a PF não teria investigado o assunto. O presidente não explicou por que aquele seria um motivo para mexer na superintendência, em vez de esperar a conclusão das apurações. Ele também não quis esclarecer por que havia confrontado Moro com a notícia de uma investigação contra deputados aliados com a mensagem: “mais um motivo para a troca”. Depois que o vídeo da reunião de abril foi exibido aos investigadores, Bolsonaro alegou que só se referiu a sua família para demonstrar preocupação com a segurança dos parentes. É uma versão nova, que não havia aparecido em outras explicações. O presidente lembrou que a interpretação dessas declarações “vai da cabeça de cada um”. O governo só se importa com uma, a de Augusto Aras. Nos últimos dias, o presidente sugeriu a auxiliares que pode indicar o procurador-geral para o STF.” [Folha]

A tática do governo:

“Todo o esforço dos ministros palacianos desde ontem à tarde vai numa só direção: dizer que o vídeo da reunião do dia 22 de abril “não prove nada” ou foi” um tiro na água dado pelo (Sergio) Moro”, nas frases de dois assessores muito próximos de Jair Bolsonaro.” [O Globo]

Se isso é um tiro n’água o azarado Bolsonaro devia tá nadando e foi metralhado. Mas sabe como é, vaso ruim não quebra, eu é que não cravo nada.

A investida inclui desdenhar também do depoimento de Maurício Valeixo, ex-diretor-geral da PF, “que só provou o que o presidente tem dito”, de acordo com a expressão usada por um ministro. E passa ainda por garantir que, nos bastidores, o Procurador-Geral da República, Augusto Aras, falou com o Palácio do Planalto à noite para informar que “o vídeo é fraco”. Bem-vindos ao mundo da guerra das narrativas — e essa narrativa passou a ser a do governo neste momento de crise.”

Bem, senta daí que eu sento daqui e vamos esperar sentados o Aras negar que ele tenha agido como se fosse da AGU e dito algo ao Palácio.

Mourão já foi logo acenando para o Centrão, os Bolsonaros devem estar enlouquecidos

“Eu não posso te dizer os detalhes. Se é fisiológico ou programático. Nós temos que buscar a melhor coalizão, que é a programática. Lógico que, nisso aí, cargos e emendas fazem parte da negociação entre Executivo e Legislativo. Não adianta querer tapar o sol com a peneira. Acho que está mais ou menos sendo conduzido dessa forma” [O Globo]

Malandro é malandro e mané é mané:

“O vice-presidente contou que o presidente chegou à conclusão de que errou ao não tentar fazer um acordo com os partidos que formam o centrão no ano passado. Mas negou que Bolsonaro tenha decidido negociar com os líderes do grupo para se antecipar a um possível processo de impeachment. O que a turma está dizendo? “Agora, ele está fazendo isso para escapar do impeachment, é para escapar do processo”. Não. Não é dessa forma que ele está vendo. Ele já chegou à conclusão de que ele tem que atrair esses partidos. Tem que ir em cada um desses partidos, principalmente aqueles de centro, independente da conotação pejorativa de centrão, e trazer para o campo da direita, de centro-direita. Uma coalização de centro-direita”

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2. O dia seguinte, parte 2

Gaspari escreveu sobre o “tiro na água“:

“Quando Sergio Moro pôs na roda a questão do vídeo da reunião do conselho de governo de 22 de abril, sabia que havia ali uma bala de prata capaz de provar que Jair Bolsonaro queria trocar o diretor da Polícia Federal para blindar os interesses políticos de sua família. Ele sabia também que a bala continha outro material. Ao chegar ao Planalto, com pompa monarquista, o capitão chamou de conselho de governo aquilo que se conhecia como reunião do ministério. Reunindo-o, ele presidiu uma conversa de botequim, e Moro mostraria isso. A divulgação desse áudio será também um espetáculo de falta de compostura e de asneiras. Outro dia a secretária da Cultura, Regina Duarte, disse que parou de ler os livros de Olavo de Carvalho porque ele usa muitos palavrões. No governo que ela louva, o vocabulário do doutor Olavo é o de um sacristão.

Alguns presidentes respeitavam seus interlocutores. Michel Temer, Fernando Henrique Cardoso e José Sarney falam como frades. Não se pode dizer o mesmo de Dilma Rousseff e Lula, mas nenhum deles disse palavrão em reunião ministerial. Conhecem-se os áudios das reuniões do Conselho de Segurança Nacional que decidiram baixar o Ato Institucional número 5 (Costa e Silva) e o Pacote de Abril (Ernesto Geisel). Neles não há palavrões. O primitivismo de Bolsonaro vai além do uso de expressões chulas, transborda para a própria maneira como preside uma reunião de ministros e como lida com sua equipe de renomados “técnicos”. Em certa ocasião ele manifestou tamanha curiosidade por detalhes de casos de violência que um dos titulares achou melhor mudar de assunto. O clima de feijoada permite que o chanceler Ernesto Araújo exponha (em bom português) suas teorias lunáticas em relação à China ou que alguém resolva qualificar a genealogia de ministros do Supremo Tribunal Federal.

O vídeo da reunião de 22 de abril é um exemplo da capacidade de autocombustão do governo. Já com Moro fora, Bolsonaro disse que divulgaria seu conteúdo: “Mandei legendar e vou divulgar”. Falou o que lhe veio à cabeça, mas dias depois a Advocacia-Geral da União pediu ao ministro Celso de Mello que reconsiderasse a decisão de pedir a gravação porque na reunião foram tratados “assuntos potencialmente sensíveis e reservados de Estado”. Parolagem, pois podia ter pedido para embargar esses trechos. Essa é a prática de governos sérios, mas quem embarga trechos assina embaixo e se responsabiliza pelo ato. Diante da blindagem absurda, a AGU recuou e disse que se contentava em entregar uma versão com trechos embargados. Não deu certo. Sergio Moro e seus advogados não aceitaram o atalho, argumentando que não compete ao governo selecionar provas. Caberá ao ministro Celso de Mello decidir se torna público todo o vídeo ou partes dele. Se Moro quisesse apenas provar que Bolsonaro pressionou-o para trocar o diretor da Polícia Federal, o embargo seria neutro e justificável. Ele também queria mostrar como funciona a muvuca em que se meteu.” [Folha]

Ah, e taí uma resposta do governo que aguardarei com ansiedade:

“A bancada do PSOL na Câmara dos Deputados enviou requerimento ao ministro da Justiça, André Mendonça, em que pede mais informações sobre ofício elaborado pela Polícia Federal em defesa da indicação de Alexandre Ramagem para o cargo de diretor-geral da PF. Amigo dos filhos de Jair Bolsonaro, Ramagem foi o escolhido pelo presidente para o posto, mas a indicação foi barrada pelo ministor STF Alexandre de Moraes. Após consulta da Advocacia Geral da União, a PF enviou um ofício atípico, com elogios a Ramagem. Como revelou o Painel, o documento, do dia 30 de abril, foi elaborado por delegados próximos a Ramagem, que trabalham no setor de Recursos Humanos da instituição.” [Folha]

Essa aí é aquela jogada ensaiada demencial da AGU recorrendo dum troço que não tem mais efeito – pois a a nomeação já havia sido revogada – só para o Ramagen atropelar o atual diretor e inventar uma carta inacreditável do RH da PF ao STF louvando o… Ramagen!

“A resposta, chamada de institucional, foi muito além do que foi perguntado, contestou a decisão do Supremo, e reconheceu a relação entre o policial e a família Bolsonaro, tratando como normal. Delegados em cargos de chefia da PF interpretaram que o movimento foi feito de forma combinada, com a participação de Ramagem nos bastidores, desde o pedido da Advocacia Geral da União, até o documento de dentro do órgão. A PF tinha se recusado durante o período de crise a se manifestar. Em seu requerimento, o PSOL lembra que “pelos princípios que regem a administração pública, inscritos na Constituição de 1988, cabe ao agente público fazer a análise imparcial dos documentos públicos”, e pergunta como foi feita a escolha dos agentes que elaboraram o ofício. Pergunta também se é comum nesses ofício a crítica a decisões do STF e se houve pressão de Bolsonaro, seus filhos ou do próprio Ramagem na elaboração do material.”

Alguém aí viu a Janaína falando em impeachment?! Que coisa, se o presidente não vestir saia e não for do PT ela vai fingir que não é com ela.

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3. Exames

Na reunião Bolsonaro diz que não aceitaria um impeachment por causa da “porcaria dum exame” e ameaçou usar o exército contra o golpe.

“A AGU (Advocacia-Geral da União) entregou os exames do presidente Jair Bolsonaro para coronavírus em mãos no gabinete do ministro Ricardo Lewandowski, do STF (Supremo Tribunal Federal). Ele tinha sido sorteado como relator de ação em que o jornal O Estado de S. Paulo pedia a suspensão de decisão do presidente do Superior Tribunal de Justiça (STJ) João Otávio Noronha, que desobrigava o presidente de apresentar exames feitos para detectar se ele já foi infectado pelo novo coronavírus. O jornal alegava que ela tinha interrompido “a livre circulação de ideias e versões dos fatos, bloqueou a fiscalização dos agentes públicos pela imprensa e asfixiou a liberdade informativa” do jornal. A Justiça já deu ganho de causa duas vezes ao jornal, determinando que Bolsonaro mostre o exame: uma na primeira instância, e a segunda no Tribunal Regional Federal da 3ª Região.​ A AGU (Advocacia-Geral da União) recorreu, alegando que o presidente tem direito à privacidade.”” [Folha]

Por que diabos entregaram os exames se tem decisão do STJ a favor do governo?!

“Em nota, a AGU informou que “os laudos confirmam que o presidente testou negativo para a doença” [O Globo]

Minha dúvida é se fraudaram o exame ou se ele fez mais que os dois exames anunciados, e eu juro que escrevi isso antes dessa notícia sair:

“Menos de 24 horas depois de entregar exames de covid-19 ao Supremo Tribunal Federal (STF), a Advocacia-Geral da União (AGU) retornou nesta quarta-feira (13) ao gabinete do ministro Ricardo Lewandowski para encaminhar um terceiro teste realizado pelo presidente Jair Bolsonaro. O governo resolveu se antecipar a uma decisão do STF e entregou na noite da última terça-feira (12) os exames do novo coronavírus de Bolsonaro. Segundo o Estadão apurou, dois exames do novo coronavírus foram entregues ontem. Hoje, um terceiro teste foi enviado ao gabinete de Lewandowski por volta das 11h da manhã. Os documentos ainda não foram tornados públicos. “ [Estadão]

Ah, Lewandoswki autorizou a publicação dos exames e já vazou que os 3 deram negativo. Seriam eles malucos de fraudar exame ou omitir um quarto exame?! Por que se a idéia era se recusar a divulgar pra depois dar o troco na imprensa o timing já passou faz muito tempo. Essa história não acaba por aqui.

Volta e meia eu cito o Hélio Schwartzman por aqui mas eu discordo dele de forma diametralmente oposta:

“Não penso que Jair Bolsonaro deva ser obrigado pela Justiça a mostrar os resultados de seus testes para a Covid-19. Não tenho aqui a intenção de defender o presidente. Já cheguei à fase em que aplaudo tudo de ruim que acontece a ele. O que merece defesa, creio, é o instituto do sigilo médico, que só pode ser suspenso excepcionalmente e por motivos muito precisos, que não incluem a curiosidade do público. O sigilo médico visa a proteger a vida e a saúde. Ele existe, entre outras razões, para assegurar que ninguém tenha receio de procurar socorro, mesmo que o ferimento ou a doença que o acometem tenha resultado de um crime. Um bom exemplo é o do usuário de drogas ilícitas. Se a polícia tivesse acesso direto aos prontuários médicos, um pedaço não desprezível da população pensaria duas vezes antes de procurar um hospital —o que seria desastroso em termos sanitários.

Quando, então, é certo suspender o sigilo? De um modo geral, penso que o profissional deve estar autorizado a levantar o segredo apenas para prevenir (não para investigar) certos crimes ou danos à saúde de terceiros. Se um psiquiatra tem razões para acreditar que um paciente seu que disse que planeja matar o vizinho está falando sério, aí sim ele deve comunicar o fato às autoridades. De modo análogo, o médico pode alertar a mulher de um paciente de sífilis que se recuse a seguir o tratamento. É disso que estamos falando, de prevenir infecções, dirá o leitor farto de Bolsonaro.” [Folha]

SIIIIIIMMMMMMMM!

“Receio que não. Esse teria sido o caso se a discussão judicial tivesse ocorrido contemporaneamente ao exame. Agora, com bem mais de 14 dias da data do último teste, se ele já teve a doença, não é mais transmissor ativo do vírus. A divulgação do resultado não previne mais nada. Sua justificativa é descobrir se Bolsonaro mentiu ou não. O fato de a sociedade já não acreditar na palavra do presidente da República dá bem a dimensão do buraco em que caímos.”

Ora, se deu positivo ele colocou em risco uma centena de pessoas, se isso não é motivo suficiente pra abrir sigilo médico eu não sei mais de nada.

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4. De Marco Aurélio Mello para Abraham

“Em 41 anos como juiz, já fui muito xingado. Devo ter desagradado a muita gente, nem levo em conta. Ele [Weintraub] é ministro de que mesmo, hein? Da Educação? Então está faltando urbanidade mínima. Para ocupar tal posto, deve-se ter ao menos o nível médio de urbanidade. Não parece ser o caso.” [Folha]

É só isso mesmo.

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5. R$ 600

Palavras do Boslonaro nessa quarta para justificar a confusão para sacar o benefício:

“Tem erro também? Erro do próprio interessado. Não existe falha nossa. Entrou [no sistema], é um programa de inteligência artificial. Daí vai para o canto, é manualmente. O pessoal da Caixa está trabalhando de segunda a sábado porque é caso a caso. Tem sete milhões [de pedidos] em análise. Muita gente que deu golpe, tem gente que usou protocolo do filho duas vezes, dois irmãos, tem um monte de coisa. É caso a caso. Mas ninguém fala dos 40 milhões que receberam.” [Estadão]

Locutor em off: sim, a imprensa dz quantas pessoas já receberam os R$ 600. A culpa é do Bolsonaro e Bolsonaro coloca a culpa em quem quiser e bem entender.

“Não posso mandar pagar porque daí vou ser incurso em algum tipo crime, daí acabou minha vida, não vou nem perder o mandato, vou para a cadeia”

Ué, pagar pedidos de benfício dá impeachment e cadeia, é?!

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6. Ciro e Toffoli

Caralho, o que vai abaixo é absurdo demais:

“Eu não acho que francamente o Bolsonaro tenha dito ao Moro mais do que é razoável um presidente dizer ‘olha eu estou incomodado, esse negócio desse cara da Polícia Federal não está examinando isso, não tá examinando aquilo’. Isso dai, na minha opinião, depõe contra o Moro, porque o cara ser ministro de 1 presidente da República e devassar conversas que o presidente teve em uma relação de confiança com ele não é demonstração de caráter. Ele disse que há lealdades maiores e quem julga essas lealdades? Isso é antigo, isso é funcional. Qualquer país do mundo que valorize decência, ética… veja, as coisas que eu sei do Lula em confiança vão morrer comigo” [Poder360]

Caralho, que papo mafioso do caralho esse de lealdade, vai se foder. Vamos por partes

“Eu não acho que francamente o Bolsonaro tenha dito ao Moro mais do que é razoável um presidente dizer ‘olha eu estou incomodado, esse negócio desse cara da Polícia Federal não está examinando isso, não tá examinando aquilo’.”

Ora, a Polícia Federal tem um troço chamado AUTONOMIA, porra! E se Bolsonaro acha que há algo que não está sendo investigado que ele peça uma investigação à justiça, ligue para o advogado e resolva.

Isso dai, na minha opinião, depõe contra o Moro, porque o cara ser ministro de 1 presidente da República e devassar conversas que o presidente teve em uma relação de confiança com ele não é demonstração de caráter.

Não tô aqui pra defender caráter do Moro, até porque é impossível, mas  o presidente relatar algo criminoso e o ministro não denunciar é PREVARICAÇÂO!

“Ele disse que há lealdades maiores e quem julga essas lealdades?”

Taçvez lealdade à porrada constituição, a única lealdade possível de um homem público?!

“Veja, as coisas que eu sei do Lula em confiança vão morrer comigo”

Ciro tá confessando que prevaricou, admiro essa ingenuidade.

Caralho, essa resposta do Ciro é digna do Toffoli no Roda Viva, viado.

E falando nele, ontem eu escrevi aqui o quão injuriado eu estava por Toffoli ter perdido o protagonismo do dia de ontem, tava quase acabando de editar o dia com Toffoli brilhando no primeiro tópico e saíram os detalhes da reunião,  o que ofuscou sua espantosa entrevista no Roda Viva. E assim que eu me deparei com a chamada da Folha dum artigo do Conrado Hubner Mendes eu abri um sorriso de orelha a orelha:

“Entre a falta de ideia e a má ideia, Toffoli costuma preferir a má ideia. Essa é a marca que ficará de sua gestão histórica na presidência do STF. Histórica porque desprovida de direção e de apego à independência institucional. Ou porque a ausência de vigor moral e intelectual restará como exemplo a nunca ser seguido. São muitas as más ideias de Toffoli. Funcionam tão bem quanto a cloroquina contra o coronavírus ou a camisa de força militar contra os instintos primitivos de Bolsonaro. Gozam de respeito equivalente na comunidade dos pares. No plano das ideias, Toffoli recita desde sua posse um coquetel de palavrinhas mágicas: o STF como “poder moderador”, numa “nova separação de Poderes”, onde prevalece o “diálogo”, dentro de um “pacto republicano”, contra a “excessiva judicialização”. Na prática, Toffoli inventa delegacia de polícia contra fake news num gabinete do tribunal e se atribui poder de cassação de liminar monocrática de colega; hospeda generais em seu gabinete; frequenta bastidores dos poderes político e econômico e lá faz consultoria de constitucionalidade e promessas em nome do tribunal, coisa que foge de sua competência. Tenta cumprir essas promessas oficiosas obstruindo a pauta da corte.

Bom jurista sabe fazer as distinções que importam, separa alho de bugalho e junta lé com cré. Mau jurista se esbalda na eloquência dos conceitos abstratos e fica lá embriagado. Não suja as mãos para conectar aquelas abstrações às nuances dos casos reais. Para o mau jurista, “tudo está achado, formulado, rotulado, encaixotado”. Assim Machado de Assis retratou o medalhão. Toffoli é deste tipo e compensa o vácuo pelo gogó. Para ele, não há diferença entre o Porta dos Fundos fazer sátira e o governo celebrar golpe militar, tortura e torturador. Tudo cabe na caixinha indistinta da liberdade de expressão. Tirou da cartola a liberdade de expressão do Estado, que seria igual a do indivíduo. Na sua sensibilidade libertária, dá na mesma, Estado e indivíduo são livres para falar. “Vambora pra frente, sempre houve tortura, por que olhar pra trás”, disse-lhe Regina no ouvido. Toffoli também aprendeu que liberdade de expressão “tem limites”. Por isso abriu inquérito extravagante, indicou sem sorteio colega de tribunal para delegado e disse que fake news é abuso. Concordamos, um abuso. Mas se quiser saber como se define fake news e o papel judicial a respeito, melhor não perguntar para ele.

Segundo Toffoli, juiz deve negociar. Negocia constitucionalidade e até mesmo a história. Se for para acalmar generais, vale dizer que em 1964 houve um “movimento”, não golpe ou revolução. Entre dois extremos, acha um meio-termo. Eureka! E se bobear, vai citar Aristóteles para justificar a busca do meio como virtude. Salpicar lugares comuns sobre Aristóteles no meio das frases (ou Hannah Arendt, ou Lévi-Strauss, ou qualquer nome do abecedário do pensamento, tanto faz) é a marca do bacharel. O STF não é poder moderador, instituição que existia na Constituição do Império. Nem na aparência. É uma casa de deliberação constitucional onde se deve tecer jurisprudência para solucionar casos de hoje e de amanhã em coerência com casos de ontem. Mas o ônus da coerência jurídica é para os fracos, Toffoli deve pensar. “Poder moderador” é uma analogia anacrônica e conceitualmente imprópria da imaginação jurídica brasileira. É condescendente com a subjugação do direito constitucional. Toffoli se apropriou dela para se livrar do peso de respeitar a Constituição. Para se respeitar a Constituição, não basta mencionar a Constituição. A analogia é também irônica, dada a irreparável vocação tensionadora do STF.” [Folha]

O final é maravilhoso:

“Do STF deve brotar juízo jurídico ponderado e corajoso, não acordos de pacificação entre as partes. Para isso, melhor chamar o Celso Russomanno. Ou o centrão, com quem a magistocracia tem tanta afinidade de princípio e de espírito.”

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7. Covid-17

Osmar Terra vem aí, viado!

“A palavra “isolamento” não é apenas um termo técnico usado em tempos de novo coronavírus no Ministério da Saúde. Nos últimos dias, a palavra tem sido utilizada para descrever a situação do recém-chegado ministro Nelson Teich. Escolhido há menos de um mês para substituir Luiz Henrique Mandetta, após um ruidoso processo de fritura, agora é ele quem experimenta essa sensação em três frentes: dentro do ministério, no universo político e junto à opinião pública. Apesar disso, uma troca no comando da pasta, dizem integrantes do governo, ainda não é cogitada.” [O Globo]

Lição número 1 para conquistar a equipe:

“Dentro do ministério, o isolamento de Teich começou logo após sua chegada. Desde que assumiu, exonerou mais de uma dezenas de pessoas da antiga equipe, inclusive funcionários de carreira, e nomeou pelo menos sete militares, entre eles o seu “número dois”, o general Eduardo Pazzuelo. Ao contrário do antecessor, que em sua saída mostrou ter certo apoio do corpo técnico da pasta, Teich ainda desperta desconfiança. Fontes ouvidas pelo GLOBO dizem que a chegada dos militares alterou o fluxo do processo decisório, tirando autonomia que as secretarias do órgão tinham. Ex-funcionários dizem ter havido uma debandada de técnicos e que os novos indicados não têm experiência na área.

O atrito com representantes estaduais e municipais de Saúde ficou ainda mais evidente no fim de semana. A visão que circula entre os secretários estaduais é que Teich é uma “decepção geral”. Segundo relatos feitos ao GLOBO, o Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass) e o Conselho Nacional de Secretários Municipais de Saúde (Conasems) disseram a Teich que não aprovaram a diretriz sobre relaxamento do distanciamento social lançada na segunda-feira. A avaliação é a de que, no momento em que a curva da Covid-19 está ascendente, não dá para discutir o relaxamento das regras de restrição de circulação — mesmo que a situação não seja a mesma em todo o território nacional. A mensagem, defendem, tem de ser única até que a situação esteja mais controlável. — Não é uma divergência técnica, é de oportunidade. Ajuda a sociedade brasileira lançarmos essa matriz neste momento? Passa uma mensagem absolutamente contraditória — disse o presidente do Conass, Alberto Beltrame.”

Ajuda o Boslonaro, né?

“Apesar do quadro, uma queda de Teich ainda está fora do horizonte, segundo integrantes do governo. Eles dizem que Bolsonaro confia no ministro e afirmam que o presidente não esperava que, em um mês, ele operasse “milagres”.”

Sim, plena pandemia e não é possível cobrar o ministro da Saúde…

“A avaliação continua sendo a de que a saída de Mandetta era necessária para distensionar a crise entre o Palácio do Planalto e o ministério e que, até agora, a empreitada tem sido desempenhada com sucesso. O estilo low profile de Teich, dizem, contribuiu para baixar a temperatura. A surpresa demonstrada pelo ministro ao saber que um decreto do presidente incluiu academias e salões de beleza entre serviços essenciais foi avaliada pelo governo apenas como uma falha de comunicação. Bolsonaro chegou a dizer ontem que não precisava falar com o ministro sobre o tema. Mais tarde, ao chegar ao Palácio da Alvorada, o presidente afirmou que faltou apenas ter avisado Teich e que o ministro da Secretaria-Geral, Jorge Oliveira, admitiu esta falha.”

Essa porra de decreto é inacreditável: 12 mil mortos, sistemas de saúde colapsando e fazer unha virou atividade essencial!

“Ao ser pego de surpresa pelo decreto de Jair Bolsonaro que inclui academias esportivas, barbearias e salões de beleza na lista de serviços essenciais durante a pandemia do novo coronavírus, o ministro Nelson Teich (Saúde) disse que o tema não é atribuição de sua pasta. “Isso aí é uma decisão do presidente”, afirmou. No entanto, apenas a primeira lista de serviços essenciais anunciada por Bolsonaro em 20 de março passou pelo crivo do Ministério da Saúde, à época comandado por Luiz Henrique Mandetta. Essa lista continha serviços bancários e postais, transporte por táxi e por veículos de aplicativos, entre outros. Depois da primeira lista vieram outras quatro, cada uma acrescentando mais serviços entre os essenciais. Elas também não passaram pelo Ministério da Saúde. A decisão tomada sem o aval de Teich acontece em um momento em que o ministro é alvo de críticas por ser supostamente tutelado em suas ações. Ele é constantemente acompanhado por membros da Secretaria de Comunicação de Bolsonaro e tem como número 2 o militar Eduardo Pazuello. Além disso, diversos funcionários do Ministério da Saúde foram recentemente trocados por militares.” [Folha]

Bolsonaro soltou um decreto sem ter normas para que esses estabelecimentos funcionem e mandou um singelo “Está escrito lá: seguindo norma do Ministério da Saúde. Se não tem norma, faz“. Ora, como teria normas se o ministro da Saúde nem sabia desse decreto? Bolsonaro justificou com um “[Se] A cada momento que aparecesse uma profissão fosse ligar para o ministro, não ia trabalhar”. Um jornalista insistiu para saber quais critérios norteaream o decreto e recebeu de volta um “Chega de pergunta”.

A demência é ampla, geral e irrestrita.

Palavras do Luiz Urquiza, o arrombado que é sócio da BodyTech:

“Reabrimos duas unidades em SC com rigorosos protocolos. A pessoa está mais exposta na rua do que na academia” [Folha]

É por isso que as pessoas têm que ficar em casa, seu filho da puta!

Tá com raiva? Tenha sua calma, afobado:

“A falta de coordenação de estados e municípios em buscar UTIs privadas para pacientes com coronavírus está levando hospitais particulares a procurar alternativas para se proteger contra a requisição desordenada de seus leitos e de judicialização na área, considerada inevitável.” [Folha]

Olha a quem eles recorreram:

“Na terça (12) em videoconferência no Rio, representantes de hospitais privados questionaram o juiz Vitor Moreira Lima, do Tribunal de Justiça do Rio e especializado em direto médico, sobre se deveriam tentar obter um mandado de segurança contra requisições que não atendessem determinados critérios. A reposta do juiz foi positiva.”

Que porra é essa? Essa consulta não deveria ser feita aos advogados dos empresários? Espero que o magistrado tenha cobrado gordos honorários.

“Segundo Moreira Lima, os hospitais devem se amparar em resolução divulgada na sexta (8) pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ) que lista parâmetros a serem seguidos para a requisição dos leitos. Entre eles, que se esgotem todas as possibilidade de uso de leitos na rede pública, mesmo dos que estejam desativados e possam ser recuperados.”

Como tem milhares de leitos públicos fechados país afora, ligue a porra dos pontos. A Alemanha, da comunista Merkel, UNIFICOU a porra dos sistemas privado e público, apenas isso.

“O juiz previu ainda que poderá haver judicialização provocada por clientes dos planos de saúde que se sentirem lesados pelo fato de o SUS usar leitos que poderiam atendê-los. Segundo ele, a “incompetência do estado” acabaria prejudicando quem paga um plano de saúde.”

Os mesmos planos de saúde que devem 1,6 bilhão ao SUS – esse cifra é a mais recente que encontrei, de dezembro de 2019.

Nem os aliados compram a loucura presidencial:

“Jair Bolsonaro está decepcionado com Ibaneis Rocha. Uma das razões foi o adiamento da reabertura das escolas. Inicialmente, a ideia proposta por Bolsonaro era reabrir os colégios militares da capital do país. Com o avanço do novo coronavírus em Brasília, o governador decidiu adiar a medida para agosto. A decepção aumentou depois que Ibaneis Rocha decidiu que não liberaria o funcionamento de academias, barbearias e salões de beleza, a despeito do decreto de Bolsonaro que considerou essenciais as atividades exercidas nesses locais. Hoje, a Secretaria de Saúde do DF foi informada pela área de logística do Ministério da Saúde que não serão mais liberados os 300 mil testes prometidos pelo governo federal, sem apresentar justificativa. A cúpula da Saúde de Brasília recebeu a notícia como uma “resposta” de Bolsonaro.” [Não lincamos Antagonista]

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8. Make Brazil Great Again

Do Nelson de Sá:

“Ao destacar o avanço da pandemia na América Latina (abaixo), o New York Times enfatizou que o Brasil tem “uma das maiores quantidades de mortos do mundo, mas o presidente continua a dar de ombros para a responsabilidade”, citando a frase célebre: “So what?”. Outro enunciado de terça, em despacho da Reuters reproduzido também no NYT, foi “Bolsonaro diz que não está preocupado com investigações”. Isso quando a notícia já se tornava, também via NYT, “Em vídeo, Bolsonaro menciona razões de família para trocar chefe da polícia no Rio”.

A Bloomberg disparou o alarme para o mercado financeiro na reportagem “Uma casa em chamas: Alertas sobre o Brasil pioram com crise”, listando dos confrontos com governadores à nova queda em pesquisa —e os relatos sobre o vídeo da reunião. Ressaltou “um dos veredictos mais severos”, divulgado pela Gavekal Research, de Hong Kong, que vê o país “em chamas” e aconselha: “No momento, é melhor deixar o Brasil para os especialistas, os loucos, os oportunistas de longo prazo e aqueles que não têm opção.”

“Multiplicam-se os desafios no Brasil e fãs de Bolsonaro conclamam à tomada militar”, destacou chamada na home page do Washington Post, com foto de cartaz com os dizeres “Queremos as Forças Armadas no poder” (acima). Segundo a reportagem, “o espectro das Forças Armadas é maior na vida pública do que em qualquer outro momento desde a queda da ditadura militar em 1985”.

A Jewish Telegraphic Agency, por Times of Israel e outros, noticiou a nova controvérsia no Brasil, agora envolvendo slogan que remete a Auschwitz. Reproduziu declarações à BBC do “líder espiritual da maior congregação da América Latina”, Michel Schlesinger, sobre as diversas “referências do atual governo ao regime nazista”.” [Folha]

E esses dementes dizendo que o Brasil votou a ser respeitado lá fora, então tá. Dia desses saíram umas charges gringas do Bolsonaro e eu gostei dessa aqui, nem me pergunte onde saiu porque não faço a menor idéia:

chargeee

Passo ao Rubes Ricúpero:

“Infelizmente, creio que, a esta altura, parece cada vez mais claro que o Brasil se encaminha celeremente para se tornar o epicentro mundial da pandemia. Epicentro no sentido de país onde o crescimento da curva de aumento de casos, de mortes e colapso do sistema hospitalar será de longe o mais grave, em comparação aos demais países. Veja bem, digo isso não por ‘achismo’: é a conclusão dos vários cálculos de universidades, da Fiocruz, das projeções estatísticas. À medida que a situação aqui se agrave, parece forte a possibilidade de que outros países adotem medidas de quarentena contra o Brasil. [Veja]

Sobre o afastamento presidencial:

“Refiro-me, é claro, ao afastamento dentro da Constituição e das leis. Motivos já há de sobra. Se isso não acontecer, o país vai sofrer cada vez mais até que a dimensão esmagadora do sofrimento torne inevitável o que hoje parece difícil”

É inacreditável que alguém ache que o Brasil estará melhor com Boslonaro…

“Nos EUA, a curva começa a mostrar tendência declinante, assim como já sucedeu na Itália, Espanha, Europa em geral e, antes, na China e na Ásia. A África surpreendeu positivamente, diz Ricupero, tendo desempenho bem melhor do que se esperava. A Argentina adotou de saída o lockdown (bloqueio total) e até agora tem um número de casos e de mortes que não chega a dez por cento do número de São Paulo, estado mais ou menos com a mesma população. Coisas mais dramáticas como a proibição de voos ou de ingresso de brasileiros em países estrangeiros poderão ou não ocorrer dependendo do comportamento da pandemia no país. Pode ser até que a tragédia da Covid-19 desperte a comiseração mesclada ao desprezo, do mundo exterior”

Sobre o Ernesto nos 75 anos da ONU:

“Ainda [na semana passada], no aniversário da ONU, de 75 anos sem nova guerra mundial, sem uso de bomba atômica, o ‘antiministro’ das Relações Exteriores fez um discurso contra tudo o que a ONU representa, a começar pela ideia de multilateralismo, que associou de forma absurda ao comunismo e ao nazismo. Um governo que se comporta dessa maneira se autoexclui da participação na vida internacional.Os exemplos recentes são muitos. Duas semanas atrás, quando o México propôs uma moção para reforçar a OMS, por exemplo, o Brasil preferiu obedecer as instruções dos EUA e ficou contra. O Brasil não participou de nenhuma das iniciativas recentes tomadas no âmbito da OMS: a reunião de Chefes de Estado pela internet patrocinada pelo presidente da França, Emanuel Macron, ou a proposta da União Europeia de reunir mais de sete bilhões de Euros para desenvolver uma vacina. Isso se aplica à OCDE, cuja sede é em Paris e na qual o governo francês exerce enorme influência. O comportamento do governo Bolsonaro já despertou reações públicas de ceticismo sobre a possibilidade de aceitação do país em razão da recente demissão de Moro e do diretor da PF, e do que isso indica em relação ao combate à corrupção. Veja o caso da China. Você leu que a famosa reunião do governo citada por Moro começou com palavrões de Bolsonaro e do Ministro da ‘Deseducação’ nacional contra os chineses. Acha que a embaixada chinesa aqui não sabe disso, não relata a seu país? E que, diante disso, o governo chinês ergueria um dedo para convencer suas empresas a venderem respiradores ao Brasil?”

Que desgraça!

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9. Vai, Alcolumbre!

Nunca te critiquei!

“Os petardos mais temidos pelo sistema bancário nacional estão prontos para sair das gavetas de Davi Alcolumbre. O Senado deve votar entre hoje e a semana que vem projetos que, direta e indiretamente, miram nos lucros dos bancos. Um deles proíbe temporariamente a inscrição de inadimplentes no Serasa e no SPC, outro tabela juros de cartões de crédito e cheque especial, e o terceiro suspende pagamentos de empréstimos consignados. Há três semanas o presidente da Febraban, Isaac Sidney, tentar falar com Alcolumbre, que ignora solenemente todas as tentativas de contato.” [O Globo]

Se eu fosse o Alcolumbre eu atendia só pra ter o prazer de desligar na cara.

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10. O tamanho do buraco

“Trabalho coordenado pelo economista Marcos Lisboa, presidente do Insper e colunista da Folha, estima que a despesa extraordinária com a pandemia de coronavírus pode superar R$ 900 bilhões. Com isso, o déficit nas contas públicas irá a R$ 1,2 trilhão em 2020, cerca de dez vezes o projetado no início do ano. Atingido esse valor, a dívida bruta do governo vai superar 100% do PIB (Produto Interno Bruto) neste ano e deverá levar pelo menos uma década para ficar novamente abaixo desse patamar, com grandes chances de não retornar ao nível anterior à crise, de 76%.

De acordo com o estudo “Impacto Fiscal da Pandemia: Andando sobre Gelo Fino”, feito em conjunto com os economistas Marcelo Gazzano, Vinícius Botelho e Marcos Mendes, este último também colunista da Folha, antes da pandemia estava previsto um rombo de R$ 115 bilhões nas contas públicas. Considerando as medidas já anunciadas pelo governo, o valor ficará em R$ 712 bilhões. O déficit pode chegar à marca de R$ 1,2 trilhão diante da hipótese, cada vez mais provável, de que seja necessário estender algumas medidas.” [Folha]

E lembre-se que essa política suicida em relação à pandemia elevará o custo que já seria gigantesco.

“Os quatro pesquisadores traçaram diversos cenários para a dívida bruta. O mais otimista prevê que o PIB brasileiro recue 5% neste ano e cresça, na média, 3% ao ano a partir de 2021, com os juros reais da dívida caindo para 2% ao ano. Atualmente, estão em 4,5%. Nessa hipótese, a dívida só cairia para menos de 100% do PIB por volta de 2030. O cenário mais realista parte da mesma queda de PIB, de um crescimento de 3% nos próximos dois anos e de 2% a partir de 2023, com juros da dívida de 4%. Nesse caso, a dívida vai a mais de 120% e apenas se estabiliza nesse patamar ao fim da próxima década, sem perspectiva de queda. Lisboa afirma que o estudo incorporou outras hipóteses otimistas, como a devolução total até 2024 dos empréstimos do BNDES para o Tesouro Nacional, o crescimento da despesa limitado à inflação até 2026, quando expira a regra de teto de gastos aprovada no governo Michel Temer, e também um aumento significativo do PIB diante do fim do bônus demográfico. “Sem preservar o teto de gastos, a relação dívida/PIB sai de controle, a não ser que mais nenhuma medida seja implementada neste ano. Se o teto não for renovado em 2026, também deve sair de controle, a não ser no cenário mais otimista, com queda expressiva da taxa real de juros implícita da dívida e aumento significativo do PIB potencial”, afirma Lisboa.

Se a economia apenas retomar o crescimento observado antes da crise, cerca de 1% ao ano, a relação entre a dívida e o PIB inicia uma trajetória de aumento ininterrupto em todos os cenários traçados pelo grupo. Se os juros da dívida ficarem no patamar atual, a dívida também não volta a cair. “Mesmo com hipóteses muito otimistas sobre a recuperação da economia brasileira, a chance de descontrole da dívida é muito alta. Na medida em que vai caindo o crescimento esperado, esses cenários vão se agravando. E, com uma trajetória de dívida dessas, é muito difícil o juro real ficar nesse nível.” Lisboa afirma que um cenário de crescimento de 3% por mais de uma década é extremamente otimista, pois, nos próximos dez anos, com o fim do bônus demográfico, o total da população em idade de trabalhar vai se estabilizar.”

E o governo se deu conta que 3 meses de benefício era uma piada de mau gosto, embora eu até entenda não deixar isso claro logo de cara sabendo que seria por mais tempo, o que claramente não era o caso desses dementes, vide o Guedes jurando que aniquilaria o Corona com “3, 4, 5 bilhões”:

“Integrantes da equipe econômica já admitem, nos bastidores, que o governo pode ser obrigado a prorrogar o auxílio emergencial de R$ 600 a trabalhadores informais para além dos três meses inicialmente previstos. Depois de o secretário especial de Produtividade, Emprego e Competitividade, Carlos da Costa, admitir esta semana que medidas como essa poderiam ter “vindo para ficar”, o Ministério da Economia divulgou nota na terça-feira negando essa possibilidade. Fontes do governo, contudo, reconhecem que a pasta está sendo pressionada a estender o benefício e até a torná-lo permanente. Para a prorrogação por um ou dois meses do auxílio, prevista inicialmente, a justificativa é que há um elevado grau de incerteza sobre o momento em que a atividade econômica voltará à normalidade. Cada mês a mais de pagamento de auxílio custaria cerca de R$ 40 bilhões para os cofres públicos. Os técnicos ressaltam, porém, que ainda não é o melhor momento de falar publicamente sobre a hipótese de estender o benefício, e muito menos de abrir as discussões sobre mantê-lo após a pandemia. Mas já há debates internos sobre a possibilidade de tornar o auxílio permanente, de acordo com duas fontes que acompanham o assunto.” [O Globo]

E repare na ironia:

“Projetado em R$ 98 bilhões, o gasto com a concessão do auxílio emergencial já chegou a R$ 123 bilhões e deve crescer mais. Até o momento, 50 milhões de pessoas já foram atendidas, e esse universo deve aumentar, porque os cadastros para requerer o benefício continuam subindo. — O grande problema é que não temos nenhum horizonte sobre o retorno da economia à normalidade, e pode até ser que a transferência de renda à população tenha que ser prorrogada — disse um auxiliar do ministro da Economia, Paulo Guedes.”

Talvez não tenhamos horizonte por conta da demência dum certo governo, né?

“Também faz parte dos estudos internos do governo a possibilidade de criação de uma renda básica para depois do auge da pandemia, mas isso não é consenso no Ministério da Economia. O valor do benefício poderia ser inferior aos R$ 600 pagos hoje como auxílio emergencial. Segundo fontes da equipe do ministro Paulo Guedes, uma das ideias sobre a mesa é ampliar o Bolsa Família e ao menos dobrar a quantidade de beneficiários. Hoje, o programa custa pouco mais de R$ 30 bilhões por ano ao governo. O mesmo valor seria necessário para colocar a ideia em prática. Como se trata de uma despesa permanente, é preciso encontrar fonte de receita para fazer a medida caber no Orçamento. Técnicos avaliam que a crise deixada pelo novo coronavírus deve se estender por mais um ou dois anos, provocando um aumento do desemprego e reduzindo a renda dos trabalhadores informais.”

A moral da história é a vingança do Suplicy

Esse texto do Paul Krugman sobre a economia americana é assustadora:

“Na semana passada, o Escritório de Estatísticas do Trabalho confirmou oficialmente o que já sabíamos: com alguns meses da crise da Covid-19, os Estados Unidos já têm um nível de desemprego de Grande Depressão. Mas isso não equivale a dizer que estamos numa depressão. Só saberemos se é verdade quando virmos se o desemprego extremamente alto dura muito tempo, digamos, um ano ou mais. Infelizmente, o governo Trump e seus aliados estão fazendo o possível para tornar mais provável uma depressão em grande escala. Antes que eu chegue lá, uma palavra sobre esse relatório de desemprego. Veja que eu não disse “o pior desemprego desde a Grande Depressão”; eu disse “um nível de Grande Depressão”, frase muito mais forte.

Para entender por que eu disse isso, você precisa ler o relatório, não apenas ver os números do título. Um índice de desemprego de 14,7% é bastante horrível, mas o escritório incluiu uma nota indicando que problemas técnicos provavelmente fizeram esse número subestimar o desemprego real em quase 5 pontos percentuais. Se isso for verdade, atualmente temos um índice de desemprego de aproximadamente 20%, o que seria pior que em todos menos os dois piores anos da Grande Depressão. A questão agora é com que rapidez conseguiremos nos recuperar. Se pudéssemos controlar o coronavírus, a recuperação poderia ser realmente muito rápida. É verdade, a recuperação da crise financeira de 2008 levou muito tempo, mas isso teve muito a ver com problemas que se acumularam durante a bolha habitacional, notadamente um nível sem precedentes de dívida familiar. Não parece haver problemas comparáveis hoje.

Mas controlar o vírus não significa “achatar a curva”, o que, aliás, já fizemos –conseguimos desacelerar a disseminação da Covid-19 o suficiente para nossos hospitais não estarem superlotados. Significa esmagar a curva: reduzir muito o número de americanos infectados, depois manter um alto nível de testagem para localizar novos casos, juntamente com o rastreamento de contatos para podermos pôr em quarentena os que podem ter sido expostos. Para chegar a esse ponto, porém, precisaríamos primeiro manter um regime rigoroso de distanciamento social durante o tempo necessário para reduzir as novas infecções a um nível baixo. Então teríamos de agir para proteger todos os americanos com o tipo de teste e o rastreamento já disponíveis para as pessoas que trabalham diretamente para Donald Trump, e quase ninguém mais. Esmagar a curva não é fácil, mas é muito possível. Na verdade, muitos outros países, da Coreia do Sul à Nova Zelândia e, acredite ou não, a Grécia já o fizeram.” [Folha]

A Grécia, porra!

Entram em cena os dois republicanos mais vis:

“Ao mesmo tempo, o governo e seus aliados parecem estar decididos a não dar a ajuda financeira que nos permitiria manter o distanciamento social sem dificuldades financeiras extremas. Prorrogar os benefícios aos desempregados, que vão expirar em 31 de julho? “Só sobre nossos cadáveres”, disse o senador Lindsey Graham. Ajudar os governos estaduais e locais, que já demitiram um milhão de trabalhadores? Isso seria uma “fiança de estado democrata”, segundo Mitch McConnell. E, como diz Andy Slavitt, que dirigiu o Medicare e o Medicaid no governo Barack Obama, Trump é um desistente. Diante da necessidade de realmente fazer seu trabalho e o que é necessário para esmagar a pandemia, ele simplesmente desistiu. E essa fuga da responsabilidade não apenas matará milhares de pessoas. Também poderá transformar a crise da Covid em uma depressão. Veja como funciona: nas próximas semanas, muitos estados republicanos abandonam as políticas de distanciamento social, enquanto muitos indivíduos, ouvindo as dicas de Trump e da Fox News, começam a se comportar de modo irresponsável. Isso causa, em curto prazo, um certo aumento do emprego. Mas em breve fica claro que a Covid-19 está numa espiral descontrolada. As pessoas voltam para suas casas, não se importando com o que dizem Trump e os governadores republicanos.”

Aqui vai ser a mesma merda.

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11. A Fascistinha do Brasil

Do Marcelo Coelho:

“A questão, que me causa tanto pena quanto repulsa, vai além do conteúdo lamentável de suas declarações. A entrevista sugere a presença de um distúrbio de personalidade —ou, se quisermos, um distúrbio de falta de personalidade. Acho que isso acontece com algumas pessoas famosas. Penso em Marilyn Monroe, talvez Madonna, não sei se Pelé. São casos em que uma imagem pública é tão forte, e tão invariável, que o indivíduo já não sabe mais quem é realmente. Sou do tempo em que Regina Duarte era a “namoradinha do Brasil”. Esse tempo passou, é claro. Mas ela não se desvencilhou da própria imagem.

O momento do “chilique” talvez seja o mais suportável. O que vem antes me incomoda mais. São os momentos de doçura; a cabecinha que se inclina para o lado; os suspirozinhos de sinceridade; os sorrisos de puro amor. É um negócio enjoativo e aterrorizante ao mesmo tempo. Uma das primeiras perguntas foi sobre as desavenças de Regina com um olavista do governo. Ela faz uma cara de incompreensão, de dúvida, um pouco como se acordasse de um pesadelo e perguntasse “onde estou?”. Que farsa. Ela olha para algum lugar vazio nas primeiras filas da plateia, fingindo incredulidade. As coisas são tão distorcidas, diz, que ela já “nem sabe” se o fulano é seu inimigo. Tudo se perde numa fumaça de incompreensão. É o papel da menininha, pega no meio de alguma fofoca. Nossa, gente… juuuro que eu não sei do que vocês estão falando…

E sobre Olavo de Carvalho, o que Regina tem a dizer? Leu dois livros dele. Respeita-o. Mas, quando foi ler o terceiro, ai, geeente… Tinha muito palavrão. Muito “nome feio”. “Não gosto”. Ah, não gosto mesmo. Fico de mal. “Nome feio”: a terminologia, mais uma vez, é a da aluninha de escola. Regina Duarte se infantiliza quase que por automatismo. Na dúvida, diante de qualquer ameaça, sua saída é piscar os olhinhos e mostrar que criança adorável ela é. Ela insiste na regressividade, na má-fé, na clássica aposta noveleira —o público é burro e gosta da gente. A cartada do Amor e da Verdade Pessoal aparece nas perguntas mais difíceis. Por que a Secretaria da Cultura não manifestou pesar diante da morte de Aldir Blanc, Moraes Moreira, Flávio Migliaccio? Regina diz que preferiu escrever para as famílias. “Diretamente”, orgulha-se. Tudo fica “pessoal”. Antes de ser alguém com um cargo no governo, ela é “a Regina”, essa moça simples e adorável que todos conhecem.

Na hora do “chilique”, quando Maitê Proença aparece numa gravação cobrando medidas do governo, Regina diz que a colega deveria ter ligado, falado com ela pessoalmente. É como se a política, o Estado, o cargo público não existissem. Da carta de pêsames ao problema dos artistas na miséria, tudo se resolveria pela intimidade melosa do contato pessoal. Estamos na esfera da telenovela, evidentemente: o mundo privado das birras, dos beijos, dos beicinhos e reconciliações se transfere obscenamente ao público. A Regina secretária é a mesma Regina que nós amamos, que é a Regina das novelas; e a própria Regina já não sabe mais quem é.

Vem então a pergunta sobre os mortos e os torturados da ditadura. Ela não vai se preocupar, por várias razões. Uma é “filosófica”: morte e vida sempre andam lado a lado. Outra é “histórica”: Hitler e Stálin mataram e torturaram. Seria bom perguntar se ela participaria de um governo de admiradores de Hitler. A terceira razão é clássica: “Não vamos olhar para trás”. Eis a Regina que afirma a vida, a alegria e o amor. Para insistir no ponto, e numa espécie de sedução desesperada com o repórter, ela começa a cantar a marchinha do “Pra frente, Brasil, salve a seleção”. Sorri: “Não era bom quando a gente cantava isso?”. Puxa, pensei, mas ela justamente dizia que não queria olhar para o retrovisor… Deu uma vasta trombada, é claro. Ela quer recuperar, doidamente, a época em que “Regina Duarte” era uma unanimidade nacional. Vive num delírio de ternura falsa e indiferença bruta, de sedução e batatada, de beijinho e choque elétrico, sem nem saber de fato quem é. Não quer saber; não aguentaria se soubesse.” [Folha]

Que texto!

E enquanto a Fascistinha do Brasil finge estar numa novela…

“Com um atraso de mais de três anos na liberação de verbas do Fundo Setorial do Audiovisual, um dos principais fomentadores do cinema nacional, o governo Bolsonaro pode quebrar a estrutura de uma indústria que ganhava força desde os anos 1990. Desmonte na Ancine. Representantes do audiovisual brasileiro preveem um colapso do setor no médio prazo, uma vez que a Ancine não faz a totalidade da liberação de verbas do Fundo Setorial do Audiovisual desde 2018. O órgão foi criticado por Bolsonaro no ano passado. Ele chegou a dizer que se não pudesse haver filtros em conteúdos patrocinados pela instituição, o governo extinguiria a Agência Nacional do Cinema. Existem três travas paralisando o escoamento de recursos destinados ao audiovisual que podem somar mais de R$ 2,1 bilhões, relativos não só ao exercícios dos anos do governo Bolsonaro.

A inação do governo provoca-se inclusive uma crise generalizada nas empresas que gerem as salas de cinema do país e que ainda não viram a cor dos recursos que a Ancine prometeu, há um mês, para socorrê-las do esvaziamento provocado pela crise causada pelo novo coronavírus. Entidades de defesa do audiovisual dizem que, não bastasse o atraso na liberação de cerca de R$ 725 milhões do FSA relativos ao ano passado e de cerca R$ 325 milhões já aprovados para este ano, ainda há um passivo de mais de R$ 1 bilhão herdado pelo governo com recursos represados desde 2016 e que já deveriam ter sido liberados, uma vez que os projetos que receberiam esses recursos já foram selecionados em editais.

A inação do governo provoca-se inclusive uma crise generalizada nas empresas que gerem as salas de cinema do país e que ainda não viram a cor dos recursos que a Ancine prometeu, há um mês, para socorrê-las do esvaziamento provocado pela crise causada pelo novo coronavírus. Entidades de defesa do audiovisual dizem que, não bastasse o atraso na liberação de cerca de R$ 725 milhões do FSA relativos ao ano passado e de cerca R$ 325 milhões já aprovados para este ano, ainda há um passivo de mais de R$ 1 bilhão herdado pelo governo com recursos represados desde 2016 e que já deveriam ter sido liberados, uma vez que os projetos que receberiam esses recursos já foram selecionados em editais.” [Folha]

Repare na lucura:

“Outra trava que se impunha diante dessa situação é que a transposição da Secretaria Especial da Cultura do Ministério da Cidadania para a do Turismo foi incompleta. Parte do corpo da equipe administrada por Regina permanece na Cidadania.”

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12. Um Trump Muito Louco

Trump  e os republicanos entraram numa de condenar o Obama por traição, que lisergia maravilhosa:

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>>>> O mais verme dos vermes: “Sérgio Camargo, escolhido por Jair Bolsonaro para o cargo de presidente da Fundação Palmares, escolheu o 13 de maio para prestar homenagem à princesa Isabel e para “revelar a verdade” sobre Zumbi no site da instituição. Ele promete conteúdo sobre os dois nesta quarta-feira (13). A data escolhida, dia em que a Lei Áurea completa 132 anos, tem objetivo de polemizar com os movimentos negros, que exaltam em contraste o 20 de novembro, data da morte de Zumbi e Dia da Consciência Negra. Camargo já chamou Zumbi de “falso herói” em outras ocasiões e já exaltou a figura da princesa, cuja importância é relativizada por boa parte das lideranças negras. A comemoração do 13 de maio é criticada por não ter implicado em libertação de fato da população negra, que não teve oportunidades de inserção social na sequência da abolição. “O 13 de maio como dia da libertação é uma mentira cívica, como dizia Abdias do Nascimento, e conta com o cinismo escravocrata que é a marca da elite brasileira”, afirma Douglas Belchior, historiador e membro da Uneafro Brasil. “O movimento negro desconstrói essas ideias do dia da libertação e da princesa Isabel como libertadora e redentora. Não ignoramos o 13 de maio. Nós o reivindicamos como um dia para refletirmos sobre a mentira construída, sobre a abolição inacabada. A população negra continua estruturalmente no mesmo lugar em que estava no dia seguinte à abolição”, completa. Descendente da princesa, o deputado Luiz Philippe de Orléans e Bragança (PSL-SP) apoia a iniciativa de Camargo e diz que é bem vinda, independentemente de qualquer viés ideológico.” [Folha]

>>>> O governo continua querendo expulsar diplomatas em plena pandema! “O procurador-geral da República, Augusto Aras, defendeu que a competência para decidir sobre a permanência de diplomatas chavistas no Brasil é do STJ (Superior Tribunal de Justiça), e não do STF (Supremo Tribunal Federal). Aras se alinhou à intenção do governo de tirar o caso das mãos do ministro Luís Roberto Barroso, atual relator do habeas corpus sobre o tema no Supremo. No fim de abril, o Ministério das Relações Exteriores enviou documento à embaixada e aos consulados venezuelanos e listou 34 funcionários que deveriam deixar o Brasil. No dia 2, porém, Barroso atendeu a um pedido do deputado Paulo Pimenta (PT-RS) e barrou a expulsão dos integrantes do regime de Nicolás Maduro do Brasil. O ministro afirmou que a decisão pode ter violado normas constitucionais brasileiras, tratados internacionais de direitos humanos e as convenções de Viena sobre relações diplomáticas e consulares. Aras, no entanto, afirma que o STF não seria o órgão competente para julgar o caso. O procurador-geral cita, em manifestação à corte, o artigo 105 da Constituição, que prevê a competência do STJ para apreciar habeas corpus contra ato de ministro de Estado. A decisão do governo, sustenta, veio do Ministério das Relações Exteriores, e não envolve ato do presidente da República para atrair o caso para o Supremo. No dia 6 que, antes de Barroso, Aras já havia recomendado ao Itamaraty a suspensão de expulsão de embaixadores venezuelanos. No documento, assinado do dia 1º de maio, o procurador-geral chamou a atenção para a situação dos serviços de saúde na Venezuela durante a pandemia do coronavírus e falou em “questões humanitárias”. Ao recorrer da decisão de Barroso, a AGU (Advocacia-Geral da União) foi na mesma linha e afirmou que o episódio não envolve ato do chefe do Executivo. Caberá a Barroso decidir sobre os pedidos feitos por Aras e pela AGU.” [Folha]

>>>> Com vocês a gloriosa polícia do estado do Rio de Janeiro: “Em 2015, o cabo da Polícia Militar do Rio Tarcísio de Assis Nunes permaneceu um mês preso por agredir a mulher. Segundo a decisão judicial que decretou a prisão do policial à época, ele “já agrediu/ameaçou a vítima por diversas vezes”. Na avaliação da PM, no entanto, mesmo após a denúncia de violência contra a mulher, o cabo ainda tinha condições de seguir patrulhando as ruas do estado. No processo administrativo aberto pela corporação para avaliar a conduta do agente após o episódio, a PM concluiu que ele cometeu uma “transgressão leve”: na época, o cabo sofreu uma repreensão — segunda punição mais branda possível na corporação. Como o GLOBO revelou ontem, Nunes foi preso no dia último 17 de abril após ser flagrado por uma câmera de segurança espancando novamente a mulher, em Belford Roxo, na Baixada Fluminense. O GLOBO teve acesso à ficha disciplinar atualizada do agente na Polícia Militar. A punição de Nunes pelo primeiro caso de violência doméstica foi menor do que a que sofreu um ano depois, quando se atrasou para render um colega no serviço de custódia de presos no Hospital do Joca, em Belford Roxo: nessa ocasião, a transgressão foi considerada média e ele ficou dois dias detido no batalhão. As punições administrativas para praças da PM vão de uma simples repreensão até a expulsão do agente da corporação por decisão do comandante-geral. Na ficha disciplinar, comportamento do agente, mesmo após o primeiro caso de agressão, é considerado bom. As imagens do novo caso de agressão — que fazem parte de um Inquérito Policial Militar (IPM) aberto pela Corregedoria da PM — mostram o policial se aproximando da mulher, que estava sentada no jardim da casa. Eles começam a discutir e, subitamente, Nunes dá um soco no rosto da companheira. Em seguida, ele chuta a mulher, a puxa e a joga no chão com uma banda. De acordo com um relatório de análise das imagens, feito pela Corregedoria, Nunes “tem conhecimentos de técnicas de artes marciais, uma vez que a banda que aplicou se asselha com o golpe de judô ‘de-ashi-barai'”.” [O Globo] E várias vezes ele ameaçou matar até a filha, e depois não sabem porque diabos a polícia é mau vista.

>>>> A água da CEDAE: “Enquanto enfrenta a pandemia do coronavírus, boa parte da população do estado pode ganhar um outro motivo de preocupação: a Cedae desistiu de tocar um projeto para desviar os rios Ipiranga, Queimados, Cabuçu e Poços da Estação de Tratamento do Guandu. A obra, orçada em R$ 92 milhões, foi anunciada no fim de janeiro, durante a contaminação da água distribuída na Região Metropolitana por geosmina — substância produzida por algas que se proliferam no esgoto. Na época, o governador Wilson Witzel descreveu a intervenção como medida “fundamental” para que o problema não volte a se repetir. Em fevereiro, um edital de licitação para a obra foi publicado no Diário Oficial, mas, no último dia 24, a Cedae comunicou ao Ministério Público do Rio sua revogação. Procurado nesta terça-feira pelo GLOBO, o Palácio Guanabara informou que, agora, é o Instituto Estadual do Ambiente (Inea) que fará a intervenção, com custo e prazo menores. No entanto, não deu detalhes.” [O Globo]

 

Dia 497 | “Não vou esperar foderem alguém da minha família” | 12/05/20

Taí o podcast de ontem, escrito por Pedro Daltro e com a luxuosa e habitual produção de Cristiano Botafogo:

Você ouve os episódios lá na Central3 [Central3]

Eu já tenho um certo talento pra errar digitação, hoje então fodeu, tava completamente atrasado e assim que acabei de editar saíram as bombas sobre a reunião, relevem meus equívocos.

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1. Era uma vez o governo Bolsonaro…

Não tem nenhum brasileiro hoje mais feliz e aliviado que o Moro…

“Segundo pessoas que assistiram à gravação, Bolsonaro usou, na reunião ministerial, o verbo “foder” ao falar do impacto de uma possível perseguição a seus familiares.” [Folha]

Segundo o G1, eis as palavras presidenciais:

“Não vou esperar foderem alguém da minha família. Troco todo mundo da segurança. Troco o chefe, troco o ministro” [G1]

Jair Bolsonaro

Moro tripudiou:

“Após a exibição do vídeo da reunião ministerial, a defesa do ex-ministro Sergio Moro declarou que o registro audiovisual “confirma integralmente as declarações” do ex-ministro e defendeu que o vídeo seja divulgado integralmente. De acordo com investigadores da PF, o vídeo complica a situação de Bolsonaro e dificulta eventual arquivamento do inquérito por parte do procurador-geral da República, Augusto Aras.” [O Globo]

E o Bolsonaro e o Aras, Costinha?

costinha

Atas já tava rezando pra não ter prova material, bastaria ligar o foda-se pra vasta coleção de indícios e abraçar a vaguinha no STF. Mas a prova é tão brutal que um arquivamento seria suicídio, nucna que seu nome passaria nuam sabatina do STF.

Ah, e o Abraham nadou um singelo “tem que mandar todo mundo para a cadeia, começando pelo STF” ao criticar os demais poderes. E Damares sugeriu a prisão de governadores e prefeitos.

Esse governo é uma competição demencial. Mas acredite, a demência suprema está por vir. As palvaras abaixas, eu juro pra você, são presidenciais:

“Em reunião ministerial, sai muita coisa. Agora, não é para ser divulgada. A fita era para ser destruída – após aproveitar imagens para divulgação, ser destruída. Não sei por que não foi. [Inaudível] Poderia ter falado isso [que a fita foi destruída]? Poderia. Mas jamais eu ia faltar com a verdade. Por isso, resolvi entregar a fita. Se eu tivesse falado que foi destruída, iam fazer o quê? Nada. Não tinha o que falar”

O presidente da república tá gritando “ME ALGEMEM PELO AMOR DE DEUS, O QUE EU TENHO QUE FAZER, CARALHO, MATAR ALGUÉM?! SE EU MATAR ALGUÉM VOCÊS ME PRENDEM? CÊS VIRAM O MORO POR AÍ?”

“Esse vazador está prestando desserviço. Não existe no vídeo a palavra ‘Polícia Federal’ nem ‘superintendência’. Não existem as palavras ‘superintendente’ nem ‘Polícia Federal’.O que a mídia tá divulgando agora é um fake news. Um informante, ou vazador, está desinformando.  Essa interpretação vai da cabeça de cada um. Não tem a palavra “investigação”. A preocupação minha sempre foi, depois com a facada, de forma bastante direcionada para a segurança minha e da minha família. Em Juiz de Fora, o Adélio cercou o meu filho no vídeo. No meu entender, talvez quisesse assassinar ele ali. A segurança da minha família é uma coisa. Não estou e nunca estive preocupado com a Polícia Federal. A Polícia Federal nunca investigou ninguém da minha família.”

Sobre seu depoimento:

“Quem marca deve ser a Polícia Federal ou o ministro Celso de Mello. Para mim tanto faz, presencialmente ou escrito. Como deferências, (o depoimento de) presidentes anterior foi por escrito.”

“Tanto faz” sim, nem fodendo ele vai fazer presencial, nem fodendo!

De quebra, “Jair Bolsonaro disse também que não aceitaria ser alvo de “impeachment” por causa da divulgação de uma “porcaria de exame” de Covid-19. E ressaltou que ele é quem “comanda as Forças Armadas” e as usaria se preciso “para evitar um golpe”.”

QUE SATISFAÇÃO, ASPIRA! Adoro usar linhas do Tropa da Elite contra esses dementes. Não só restam provados todos os absurdos como ele tá confessando que um dos exames deu positivo!

E vamos a única conclusão possível: TODAS AS ASUTORIDADES NAQUELA REUNIÃO PREVARICARAM, INCLUSIVE E ESPECIALMENTE O MORO! TODOS, ouviram generais?! Adianta desligar o aparelho de surdez não. Ô Villas-Bôas, chupa que é de uva, seu otário do caralho. Estou emocionado? Não nego ne confirmo.

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2. Quem convidou o Toffoli?

Estou deveras trisite que o tópico aí de cima afanou o protagonismo que deveria ter sido do Toffoli, eu tava atrasado pra caralho e quando enfim acabei de editar essa porra começou a vazar o conteúdo da reunião. Eu deveria dar sequência ao tópico aí de cima com os depoimentos de hoje, mas nem fodendo isso é mais importante que o Toffoli falando uma profusão sem fim de merdas no Roda Viva. Se arrependimento matasse já tinha rolado umas dezenas de enterros do Lula…

“Supremo é um só. É um único Supremo, que tem dado as devidas atenções a eventuais ataques a ele… ”

Villas-Bôas te mandou um bejo, Toffoli,  pediu para você gentilmente repassar aos outros 10 “filhos da puta”.

“Toda vez que o Supremo sofreu algum ataque, eu respondi, mas como eu digo, eu não respondi por ‘notinha, eu respondi dentro do plenário do Supremo, e houve repercsussão muito grande ja imprensa…”

 

calaboca

“Nós não vamos construir unidades e solução de problemas através de notinhas públicas.”

tenor (1)

Uma cois aé criticar as notas como uam resposta absolutamente tímida dada tamanha demência, ams criticar ATÉ nota de repúdio?! Vai tomar no meio do seu cu, porra!

“Não é soltando notas que se resolve problemas tão graves como os que nós temos no nosso país. Temos que resolver isso, primeiro, na política. E a política é aqueles que são governos eleitos pelo povo: Poder Executivo e Poder Legislativo; Governadores de estado; Parlamentos estaduais; Prefeitos; Parlamentos Municipais. É a política que define o futuro de uma nação e governa o seu presente. E toda vez que foi necessário, e não teve uma que eu deixei de fazê-lo como presidente do Supremo. Eu fiz as referências necessárias no Plenário do Supremo, quando reunido todos os ministros do Supremo. Na arena do Poder Judiciário, juiz fala nos Altos e fala no Foro, na sua casa. Ele não vai para a arena da política”

tati

Disse o sujeito em uma eentrevista sobre temas políticos. Esse gif é todinho do Lula.

O Reialdo Azevedo escreveu bem sobre essa provocação às “notinhas“, no diminutivo mesmo:

“Justifica seu próprio silêncio diante de agressões à democracia e acaba funcionando como censura a colegas que protestaram, por exemplo, quando dois funcionários do Estadão foram espancados. Notas não resolvem o mundo, mas deixam evidente que uma instituição está viva. O que não pode, aí sim, é aproveitar um despacho que libera a defesa da ditadura militar em página oficial do Ministério da Defesa para mandar recados sobre o que ele entende ser o papel do Judiciário. Escrevi a respeito. Quando um ministro autoriza a publicação em página oficial do Ministério da Defesa da apologia do golpe, apelando, ao fazê-lo, aos princípios da independência entre os Poderes e da liberdade de expressão, mas se cala diante de um jornalista espancado num ato em favor da ditadura, algo está errado. E não é com os críticos de Toffoli.” [UOL]

Toffoli tenta explicar porque ele achou uma ótima idéia colocar militares em seu gabinete e depois consegue a proeza de justificar a presença presidencial nas manifstações anti-democráticas

“Nos temos que analisar ai que existe uma questão duma nova maneira de se fazer política que surgiu com as novas tecnologias…não estou aqui pra fazer juiz de valor, a política hoje é cetntrífuga, não é mais centrípeda, quando se fala pros extremos você quer puxar para os extremos o centro. Na política mais tradicional você tinha a formulação dos acordos pra trazer a política centrípéda, e não há como negar que Bolsonaro foi eleita pela direita, com uma proposta política liberal na economia e conservadora nos costumes, ele colocou essa plataforma e obteve a vitória nas urnas,”

Ué, Bolsonaro se elegeu prometendo que as minorias teriam que se curvar à maioria e a democracia, até onde eu sei, é um regime de proteção… às minorias, porra! Sem falar que rolou um anti-petismo alucinado, então isso não quer dizer que a maioria da população é de direita, a menos que o pessoal da direita tenha votado em figuras como Lula e Dilma,

E Toffoli jura que isso versa sobre as novas tecnologias, vai ver o whatsapp foi também o responsável por figuras como Hitler e Mussolini.

“Ora, o que ele faz? Ele dialoga com esse eleitor falando com os extremos, para tentar puxar o centro para lá. É uma linha política centrífuga. E evidentemente aí acaba havendo, muitas vezes por parte de apoiadores, nunca vi diretamente dele algo contra o Supremo ou de não respeitar a institucionalidade. Ele, sim, tem uma base, que votou nele, tem uma base de extremistas, que defendem fechar o Supremo, o que é antidemocrático. Toda sociedade democrática tem uma Suprema Corte. Temos que entender dentro de um contexto maior. Não estou aqui a justificar.”

Veja no tweet, aos 3 minutos e 5 segundos, o gesticular desse arrombado ao falar “não estou aqui a justificar“, é das coisas mais constrangedoras dessa bad trip escrota em que a gente se meteu. Ele tá simplesmente justificando a posutra anti-democ´pratica do Bolsonaro, “ora, ele fala com os extremos”

Eis a parte mais absurda. Toffoli continua e ele mesmo se pergunta: “a democraica está em risco?“.

“Olha, primeiro temos que lembrar que a democracia não é um dado da natureza, aquilo que é um dado da natureza existe, o sol é um dado da natureza, a água é uma dado da natureza. a democracia é fruto da cultura humana, udo que é fruto da cultura huamna foi criada pelo home, ela foi criada pelo homem e é fruto da cultura humana”

Tofoli justificou a ida de sopetão do Boslonaro ao STF como se fosse a coisa mais normal do mundo:

“A ida do presidente ao STF Não vejo exatamente como um constrangimento, não vejo como tentativa de, digamos assim, presisonar o supremo, ate porqe juiz tá aocstumado a receber pedido, então isso faz parte, juiz tem que estar talhado para isso”.

Reinaldo foi na mosca:

“Como se diz em Dois Córregos — deve ser ditado também em Marília —, “o combinado não sai caro”. Eu percebi que ele não se espantara desde o primeiro momento. Deve ser parte do tal “diálogo”.”

Voltando ao inacreitável toffoli

“Ele tem uma procupação, que vamos e venhamos, é uma prrocupação que também tem que ser de todos, que é como a economia vai retomar”

Ora, se a preocpação fosse a porra da economia ele não teria essa postura suicida que vai retardar ainda mais a recuperação econômica, não é possível que eu tô ouvindo isso da boca do presidente do STF, por que diabos ele tá falando nisso?!

“Garantimos que conselhos populares, criados por lei, não poderiam ser desfeitos por decreto. Garantimos a criminalização da homofobia. Garantimos os direitos das grávidas em relação a trabalho insalubre.

Quer uma medalha, campeão?!

“A prioridade agora, afirmou, são julgamentos e ações relacionadas à crise do coronavírus. Toffoli disse que o STF é a suprema corte “que mais trabalha no mundo”.”

E pelo que eu entendi Toffoli tá dizendo que a Lava-jato é uma conquista do PT, Segundo ele, a Lava-jato é “fruto de política institucional de estado de combate à corrupção, da qual STF participou desde o começo”.”

E eis a mais nova provação presidencal ao tribunal:

“O presidente Jair Bolsonaro disse nesta terça-feira, antes de comandar uma reunião ministerial no Palácio da Alvorada, que o governo vai enviar um projeto de lei federal ao Congresso para proibir a chamada “ideologia de gênero” no país, pouco mais de duas semanas depois de o Supremo Tribunal Federal (STF), declarar inconstitucional, por unanimidade, uma lei municipal de Nova Gama (GO) que vetava a discussão de gênero em escolas. O presidente fez o anúncio diante de crianças levadas ao local por um padre.

— Nós sabemos que, por 11 a 0, o Supremo Tribunal Federal derrubou uma lei municipal que proibia ideologia de gênero. Já pedi ontem para o major Jorge (Oliveira), nosso ministro (da Secretaria-Geral da Presidência), que providenciasse uma lei federal agora, um projeto, e devemos apresentar hoje com urgência constitucional — declarou Bolsonaro, que carregou uma menina no colo enquanto ouviu o grupo cantar “Jesus Cristo”, de Roberto Carlos.” [O Globo]

Que tal trancar pauta em plena pandemia só de birra?!

“O presidente da República tem direito a solicitar que projetos de lei de sua autoria tramitem em regime de urgência. Nesse caso, a Câmara dos Deputados e o Senado terão 45 dias, cada uma, para votar a matéria. Se o prazo não for respeitado, o projeto passará a trancar a pauta de deliberações da Casa em que estiver tramitando, impedindo a votação de qualquer outro item.”

Hora de se espantar com a maturidade das ciranças:

“As crianças arregimentadas pelo religioso, frequentador assíduo do Palácio da Alvorada e apoiador de Bolsonaro, disseram em seguida que não querem a lei da alienação parental, sem especificar ao que se referiam. Já existe uma lei em vigor, de 2010, que dispõe sobre “a interferência na formação psicológica da criança ou do adolescente”.”

Caralho, daqui a pouco uma criança puxa papo sobre teoria quântica ou geofísica.

E lá vou eu citar Andrezaza de novo:

“Sabe o churrasco de Bolsonaro? Teve. Foi na quinta, 7 de maio, dentro do STF. Assado mais explícito de um longo processo de cozimento das instituições republicanas, cujas maminhas — sobre essa chama que ora sobe, atiçada pela oportunidade que a peste dá aos extremos — se foram amaciando, amanteigando, cedendo o brio dos nervos, até que nacos seus se pudessem cortar não apenas sem resistência; mas em oferta. Desde o começo do governo Bolsonaro, um criador para abate em grande escala, houve estímulos — de início meramente verbais, dissimulados na imensidão do zap profundo — a manifestações contra STF e Congresso. Depois, com progressiva adesão física de agentes do Planalto, os atos evidenciariam o que sempre foram: propriedade do bolsonarismo — de modo que não tardaria a que se visse, por exemplo, general Heleno sobre carro de som em protesto de ataque às instituições.

Andreaza é outro que desconfia da surpresa do Toffoli com a marcha presidencial rumo ao STF:

“Aceitemos, pois, que Toffoli ignorasse os cupins oferecidos e tampouco soubesse quais e quantos seriam os penetras. Terá também sido surpreendido pela transmissão, via rede social, do açougue em que se improvisou o STF? Não quis dizer não a Bolsonaro? É isso? Pudemos então saber, ao vivo, que o ministro reage bem— seguramente porque em defesa do equilíbrio republicano —a surpresas, capaz de dissimular contrariedades (fez vazar que ficara contrariado) e mesmo de atuar como se fizesse parte orgânica daquele fogo de chão no frigorífero.” [O Globo]

Imagina que louco se o Lula pedisse desculpas por uma indicação tão merda à suprema corte? E ainda podia meter o Fux nessa mea culpa.

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3. Depoimentos

Lembrando que esse tópico foi escrito antes a reunião vazar.

Os depoimentos não são nem um pouco bons para o Bolsonaro pois corroboram a versão do Moro, até o Ramagen fez coro em detemrinado momento com uma das principais acusações do Moro. Mas comecemos pelo Valeixo, e ao invés de QUE pra lá e QUE pra cá eu vou é reusmir.

Valeixo diz desconhecer qualquer resiência presidencialà sua indicação para a PF e que não havia qualquer relação entre ele e o presidente.

Isso muda a partir da primeira crise envolvendo a substituição do superintendente do RJ, lá em 2019, e a partir de então, a pedido do Moro, passou a acompanhá-lo nos despachos com o presidente, o que já é BEM errado. E ele deixa claro que no começo não havia qualquer interferência.

Valeixo conta a tal reunião em que o diretor-geral da PF e delegados apresentaram ao presidente da república detalhes da invetigação do Adélio. Lembra do Moro falando em cirscunstâncias especiais? Pois é. Outra coisa BEM errada.

Valeixo diz que em julho de 2019 Moro lhe perguntou sobre a possibilidade de troca do superintendente carioca (Saadi) pelo superintendente do Amazonas (Saraiva), e que este último nome foi sugerido pelo presidente. Valeixo deixa claro não saber quais motivos o presidente tinha para tal troca.

Valeixo diz que em duas oportunidades o presidente teria lhe dito que “gostaria de nomear ao cargo de Diretor Geral alguém que tivesse maior afinidade”

bolsonaro_fogos

Valeixo deixa claro que Moro nunca teve influência na escolha dos superintendentes e desmonta o argumento presidencial para a troca da superintendência carioca por questões de produtividade.

costinha

Valeixo também desmente o preisdente a afirmar que em nenhum momento comunicou aos superintendentes sobre sua exoneração, volta e meia Bolsoanro cita isso pra justificar a exoperação a pedido.

E depois da fatídica reunião ministerial quem ligou para o Valeixo foi o… Ramagen, viado! Sim, não foi o gabinete da presidência ou o GSI não, foi o Ramagen, porra!

QUE o depoente, por meio de um (…) retornou a ligação, momento em que o telefone foi passado para o Presidente da República Jair Bolsonaro; que nessa ligação, o presidente comunicou ao depoente que sua exoneração do cargo de Diretor Geral ocorreria no dia seguinte, bem como indagou ao depoente se ele considerava que a publicação se desse como “a pedido”, momento em que o depoente disse que sim, que estava tudo bem, concordando com a publicação da exoneração como “a pedido”;”

“QUE recorda que na tarde do dia 23 de abril de 2020, quinta-feira, o ex-ministro Sérgio Moro teria lhe perguntado se estaria tudo bem se o depoente fosse exonerado “a pedido” desde que o ex-ministro Sérgio Moro conseguisse o compromisso do Presidente da República de que nomeasse o Dr. Rosseti em seu lugar; que nesse caso, o depoente concordou que, se necessário, faria uma solicitação formal ao ex-ministro de exoneração “a pedido”;

QUE ressalta que se tratava de um cenário envolvendo sua exoneração que se arrastava há cerca de 9 meses; que se recorda que já tarde da noite do dia 23 de abril de 2020, recebeu uma ligação do ex-ministro Sérgio Moro lhe comunicando sobre sua exoneração no dia seguinte sem mencionar de que forma se daria, se a pedido ou não, ou se o Dr. Rosseti seria o seu substituto;

QUE no dia seguinte, 24 de abril, após a publicação de sua exoneração, o depoente reporta ao ex-ministro as circunstâncias que se deu a conversa telefônica com o Presidente da República, na qual foi indagado se concordava que sua exoneração fosse publicada como “a pedido”;

QUE essa conversa com o ex-ministro Moro ocorreu antes do pronunciamento no qual ele expôs as razões de sua exoneração; QUE não houve formalização do pedido de exoneração;”

E olha que papo esquisito:

“O ex-diretor-geral da Polícia Federal Maurício Valeixo confirmou, em depoimento dado nesta segunda (11), que a operação contra o ex-capitão Adriano da Nóbrega, ligado ao senador Flávio Bolsonaro (sem partido-RJ), teve conhecimento prévio do Ministério da Justiça e tentou envolver a PF. O episódio foi revelado pelo Painel em fevereiro. Dias antes da ação, uma das secretarias da pasta de Sergio Moro sondou a possibilidade de apoio de um helicóptero e alguns efetivos, a pedido da polícia do Rio. Em geral, operações sensíveis são tratadas pelos canais de inteligência entre órgãos, sem informações sobre o alvo. Valeixo disse que o pedido de apoio foi feito por canal não apropriado. O ex-diretor-geral citou ainda a participação do superintendente do Espírito Santo no episódio. “Que houve uma consulta à Polícia Federal, não pelo canal apropriado, vez que se deu via Secretaria de Operações Integradas do Ministério da Justiça (SEOPI) e através do Dr. Jairo, Superintendente da PF no Espírito Santo, de um apoio aéreo a uma operação na Bahia, que o depoente respondeu que devia se observar os canais apropriados, via canais de inteligência se houvesse informações reservados, para que se avaliasse o apoio da Polícia Federal, que no entanto esse pedido nunca foi formalizado, logo não foi respondido”, disse o delegado em depoimento nesta segunda (11).” [Folha]

Passemos ao depoimento do Saadi, que chefiava a PF no Rio até 2019 e foi trocado:

“O ex-superintendente da Polícia Federal no Rio de Janeiro, delegado Ricardo Saadi, afirmou que sua saída do comando da corporação fluminense foi antecipada em agosto do ano passado a pedido e sem justificativa clara. Em depoimento, Saadi negou ter recebido solicitações do Planalto por informações de investigações, mas até hoje não foi informado sobre as razões para sua exoneração.” [Folha]

Eu vou te trocar porque… porque… por isso aí, tá ok?

“Em depoimento, Ricardo Saadi afirma que assumiu a superintendência regional do Rio em 2018 com a perspectiva de deixar o cargo no mesmo ano. Com a mudança de governo, o novo diretor-geral da PF, Maurício Valeixo, informou que ‘as coisas estavam fluindo bem’ na PF-RJ, motivo pelo qual pediu a Saadi que permanecesse na chefia da corporação até o final de 2019 e, em 2020, seria transferido para Brasília. O superintendente alega que planejava a transferência por razões familiares, por ter parentes em São Paulo e na capital federal. Em 15 de agosto do ano passado, contudo, Saadi afirmou que recebeu ligação de Valeixo afirmando que havia decidido ‘adiantar os planos de troca’ da superintendência do Rio e que iria levá-lo para Brasília, ‘não revelando eventuais razões para tanto’. Saadi teria recebido a informação momento depois de que Bolsonaro havia anunciado a troca de comando da PF Rio.”

Encerremos com o depoimento do Ramagen:

“Em depoimento à Polícia Federal, o diretor-geral da Abin (Agência Brasileira de Inteligência), Alexandre Ramagem, disse ter obtido a confiança de Jair Bolsonaro e confirmou ter sido consultado para Rolando Alexandre de Souza assumir a direção-geral da Polícia Federal. Ele ainda acusou o ex-ministro Sergio Moro de “desqualificar” seu nome para ser o diretor-geral da corporação. Ramagem negou amizade com a família do presidente. Segundo depoimento prestado nesta segunda-feira (11), e obtido pela Folha, Ramagem, questionado sobre a nomeação de Souza, informou que tratou do tema com Bolsonaro e o ministro da Justiça, André Mendonça.” [Folha]

Super normal, porra.

“No depoimento, no âmbito do inquérito que apura as acusações de Moro a Bolsonaro, Ramagem diz que “tem ciência de que goza da consideração, respeito e apreço da família do presidente Bolsonaro pelos trabalhos realizados e pela confiança do presidente da República”.”

Caralho, o próprio sujeito escolhido para a PF diz ter o “apreço” da famiglia presidencial

“Ele afirma, porém, que “não possui intimidade pessoal com seus entes familiares”. Ramagem minimizou a foto na festa de Ano Novo, de 2018 para 2019, em que aparece ao lado do vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ), filho do presidente. Segundo ele, “não foi uma festa, porque os policiais estariam muito cedo prontos para o trabalho, estavam apenas familiares, incluindo esposas e maridos dos policiais, oportunidade em que o vereador Carlos Bolsonaro passou no local para saudar os policiais pelo trabalho executado, pois no dia seguinte se encerraria a segurança provida pela Polícia Federal com a transmissão do trabalho para o Gabinete de Segurança Institucional”.”

E Ramagen tá puto com o ex-ministro, fica de olha na Abin, hein, Moro!

“Ele acusou Moro de “desqualificar” seu nome para assumir o comando da PF. “O motivo da sua desqualificação, portanto, foi o fato deste não integrar o núcleo restrito de delegados de Polícia Federal próximos ao então ministro Sergio Moro”, disse. De acordo com ele, “a desqualificação ocorreu através de argumento inverídico de intimidade familiar nunca antes tido como premissa ou circunstância, apenas como subterfúgio para indicação própria sua de pessoas vinculadas ao seu núcleo diretivo de sua exclusiva escolha​’.”

Disse o sujeito que se sentia pronto pra direção-geral com módicos 15 anos de PF. Imagine aí general de 35, 40 anos, pois é.

“O diretor da Abin disse que o presidente da República tinha “preocupação” com a produtividade operacional não apenas do Rio de Janeiro, mas também de outras superintendências, mas não relatou quais seriam as demais.”

Aham, o mais inútil e improdutivo dos presidentes preocpado com a produtividade, entao tá, né?

“Ramagem afirmou ainda que Bolsonaro reclamava da falta de relatórios de inteligência não só da Polícia Federal bem como de outros ministérios, novamente sem citar quais seriam as pastas que não estavam atendendo o presidente.”

Os advogados do Bolsonaro como?!

“Ele admitiu fazer contatos diretos com Bolsonaro sempre informando o ministro Augusto Heleno (Gabinete de Segurança Institucional). E que nas conversas eram “tratados assuntos de inteligência”.”

Quem deveria passar as informações da Abin ao Bolsonaro deveria ser o GSi, mas pelo visto ninguém respeita generla nesse governo…

“Ramagem e Bolsonaro estiveram juntos a última vez no domingo (10). O diretor-geral da Abin foi ao Palácio da Alvorada, residência oficial do presidente, e passou parte da manhã com ele. Questionadas, as assessorias da Abin e da presidência da República não confirmaram o encontro, nem informaram o motivo da visita.”

Por que diabos o eoncontro não é confirmado? Por que tanto mistério?

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4. Vonta de socar um general, né, minha filha?

Grande dia, viado!

“Hoje, três generais vão prestar depoimento: três ministros do governo Bolsonaro, um deles, o general Luiz Eduardo Ramos, é da ativa e até junho do ano passado comandava o II Exército.” [O Globo]

“São apenas testemunhas e puderam usar as prerrogativas do artigo 221 do Código de Processo Penal, como a de participar da escolha de hora e local dos depoimentos. Falarão ao mesmo tempo em salas diferentes, para não combinarem versão.”

O texto é da Míriam Leitão:

“Em meados do ano passado, tive uma conversa muito franca com dois generais, um deles grande defensor da administração Bolsonaro. O que ficou claro para mim naquela conversa é que eles sabiam que estavam correndo riscos ao sair da posição discreta que mantiveram durante 30 anos de governos civis. Um deles admitiu:

– Em nenhum outro governo, desde a redemocratização, tivemos o protagonismo que tivemos neste. Isso pode ser um ônus se o governo der errado.

O governo deu errado. Nada se pode falar em favor de uma administração cujo presidente faz o que ele fez no sábado. Quando o país atravessava a triste marca dos 10 mil mortos em uma pandemia, o presidente passeava de jet ski, e o Congresso e o Supremo decretavam luto oficial de três dias. Neste momento, o que será que pensaram os generais que fizeram movimento tão arriscado de se instalar em um governo como se deles fosse?”

Estão gritando “e o PT?”

“Um presidente insensível, que trata o sofrimento dos brasileiros com escárnio, que relação tem com os valores que as Forças Armadas dizem representar?”

O pessoal louva torturador, e a Míriam sabe disso melhor que ninguém, mas a pergunta retórica é boa.

E rolaram notícias absurdas nas últimas 24 horas sobre os milicos, que se julgam os gaurdiões da moral brasileira, mas o Juarez Q. Campoos facilitou meu trabalho e resumiu bem a demência, não vou nem me dar ao trabalho de colocar as notícias aqui:

“Daí vc lê que o Ministério da Defesa obteve junto à Advocacia-Geral da União (AGU) um parecer permitindo que militares da ativa ou da reserva que tenham cargo adicional no setor público possam receber rendimentos acima do teto constitucional (R$ 39 mil).

Assim, um militar com vencimento de R$ 20 mil nas Forças Armadas e R$ 25 mil no Executivo receberia ao final do mês $ 45 mil, porque o teto de R$ 39 mil seria aplicado a cada remuneração e não ao total.” [Facebook]

Se grtar pega ladrão, não fica um milico, meu irmão, canta comigo, senil!

“Fora os penduricalhos, né? Lembrando que já passam do milhar o número de militares no Executivo.
O “mimo” foi assinado pelo André Mendonça, recém nomeado ministro da Justiça, terrivelmente evangélico, que é o candidato nº 1 para a próxima vaga no STF. No dia 29/4, a Defesa pediu a suspensão TEMPORÁRIA do parecer em razão de pandemia.”

Temporária, viado!

“Na semana passada, a Câmara excluiu os militares da lista de servidores que teriam os reajustes salariais suspensos em razão das contrapartidas exigidas pelo Ministério da Economia no pacote de ajuda aos estados e municípios. A articulação política do governo com a Câmara é realizada pelo general Luis Eduardo Ramos.

No ano passado, os militares foram contemplados não apenas com uma Reforma da Previdência “diferenciada”, mas também com um pacote que ampliava a remuneração dos oficiais. Até verba de representação de general foi incorporada à pensão quando a criatura se aposenta.

Lê-se, também, que a Defesa abriu um processo para apurar fraudes na concessão do auxílio emergencial de R$ 600 para militares das Forças Armadas. Tinha milico baixando o aplicativo e ganhando o capilé. Milagre? E o “rigoroso” sistema de segurança da Caixa que deixou indevidamente milhões de pessoas de fora do benefício não funcionou?”

Tutti buona gente!

“Não foi pelo risco Lula, nem pelo medo da Venezuela. A milicada viu na eleição do Bolsonaro a chance de tungar os mesmos direitos que as castas do Judiciário e do Legislativo asseguram para os seus apaniguados. E tem um seguro de vida garantido, sai o Bolsonaro e entra o Mourão. Lembrando que o filhote do vice era assessor no Banco do Brasil com um salário de R$ 12 mil. O general subiu a rampa do Planalto de mãos dadas com o capitão e o “menino” viu o contra-cheque triplicar com uma promoção para a gerência. Ah, a a Comissão de Ética Pública da Presidência rejeitou a abertura de um procedimento para analisar a nomeação do filho do vice-presidente. Tá tudo dominado.” [Facebook]

Passo ao Gustavo Gindre:

“Um dos mitos mais idiotas do Brasil é a suposta competência e honestidade dos militares. Bastaria uma análise das armas desviadas para o tráfico para jogar por terra essa falácia. Agora, ficamos sabendo que nada menos de 190 mil milicos receberam de forma fraudulenta a tal ajuda de R$ 600. O fato salta aos olhos por vários motivos. Primeiro, pela quantidade de pessoas. Não foi um ou outro, mas 190 mil pessoas. É uma fraude de proporções industriais. Segundo, pelo momento. No meio de uma pandemia, com gente passando fome por falta de recursos, essas 190 mil pessoas não tiveram pudor em ficar com dinheiro que poderia ter ajudado aos mais pobres. Terceiro, pelo valor. Os caras toparam sujar as mãos por R$ 600. Só esse fato já deveria jogar por terra a ideia de competência e seriedade da instituição das forças armadas brasileiras. Mas nós vivemos em um mundo estranho onde os fatos não servem mais para convencer as pessoas. PS: obviamente há pessoas honradas nas forças armadas. Eu estou me referindo, contudo, ao perfil coletivo e Institucional da corporação.” [Facebook]

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0. Aos amigos, tudo.

Que desgraça, Brasil!

“Escolhida para o cargo de presidente do Iphan (Instituto de Preservação do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional) nesta segunda-feira (11), Larissa Rodrigues Peixoto Dutra tem laço de amizade com a família de Jair Bolsonaro. Ela se casou em 2013 com Gerson Dutra Júnior, mais conhecido como Patropa, agente da Polícia Federal que trabalhou na segurança de Bolsonaro em 2018. Desde então, Dutra é próximo de Leonardo de Jesus, o Leo Índio, primo dos filhos do presidente. Nas redes sociais, Leo Índio e Dutra trocam elogios e lembranças. Em janeiro de 2019, Dutra disse a Leo que trabalhar na segurança de Bolsonaro havia sido uma missão “emblemática” e “nobre”. Na mesma mensagem, lembra de brincadeira em que era chamado de “dublê do [Sergio] Moro”, o ex-ministro da Justiça, com quem se assemelha fisicamente. Em julho de 2019, Leo publicou foto com o policial e comemorou o nascimento do filho dele. “Grande amigo e agora grande pai”, escreveu. Sobre a foto tirada na frente da rampa do Congresso, Dutra respondeu: “retrata um momento histórico em nosso país que guardarei com muita honra e orgulho.” Quem também trabalhou na segurança de Bolsonaro em 2018 foi Alexandre Ramagem, o escolhido pelo presidente para ocupar o cargo de diretor-geral da Polícia Federal que foi barrado pelo ministro do STF Alexandre de Moraes.” [Folha]

Aos amigos tudo, aos inimigos nada.

“Ao Painel, a assessoria de imprensa do Ministério do Turismo diz que a escolha de Larissa foi baseada em critérios técnicos e se fundamenta em sua carreira de 11 anos como servidora da pasta, na qual “é responsável pela articulação de parcerias entre governo, setor produtivo e terceiro setor, com foco na integração com setores da cultura, do meio ambiente e da economia criativa com foco na valorização do patrimônio. Em dezembro, Bolsonaro criticou o órgão, acusando-o de “embargar obras em qualquer lugar do Brasil”. Funcionários do Iphan acreditam que o rancor foi incentivado por Luciano Hang, da Havan, que afirmou ter tido uma obra parada no RS. O Iphan nega.”

Faço minhas as palavras do César Benajmin:

“O general Braga Netto, que é da ativa, nomeou Larissa Rodrigues Peixoto Dutra para a presidência do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). Larissa é blogueira, graduada em hotelaria, e nunca trabalhou com patrimônio. Talvez nem saiba o que é. Foi indicada por deputados. A presidência do Iphan é um cargo de natureza técnica e cultural de primeira linha, normalmente ocupado por arquitetos com notório saber. Quem a nomeou, repito, foi um general da ativa do Exército brasileiro. Alguma coisa está fora do lugar.” [Facebook]

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5. Covid-17

Bolsonaro já tá louco pra demitir o Nelson, e os bots frenéticos deixam isso bem claro. O mais espantoso é que o Nelson foi INCAPAZ de contrariar o presidente publicamente uma mísera vez e ainda assim entrou na mira presidencial.

“Tal qual a curva de covid-19, a de fritura de auxiliares de Jair Bolsonaro em relação ao tempo que ocupam os cargos só cresce. O ministro da Saúde, Nelson Teich, superou Regina Duarte. Menos de um mês depois de ter sido nomeado para o lugar de Luiz Henrique Mandetta em plena pandemia, o oncologista já é alvo da máquina de moer reputações do bolsonarismo.” [Estadão]

E Bolsonaro frita o sujeito com requintes de crueldade, enquanto começava a coletiva do ministro ele anunciou na portaria do palácio que salões e academias seriam atividades essenciais só pra que essa cena acontecesse:

Que cena constrangedora, e o milico do lado só tutelando o Nelson, por que diabos uma pessoa passa por uma humilhação desse naipe?!

Palavras presidenciais n dia de hoje:

“”Os governadores que não concordam com o decreto podem ajuizar ações na Justiça ou, via congressista, entrar com projeto de decreto legislativo. Afrontar o estado democrático de direito é o pior caminho, aflora o indesejável autoritarismo no Brasil. Nossa intenção é atender milhões de profissionais, a maioria humildes, que desejam voltar ao trabalho e levar saúde e renda à população””
 [Folha]

Bolsonaro falando em “aflorar o indesejável autoritarismo no Brasil e não é auto-crítica, fascinante.

De quebra Bolsonaro quer colocar na cadeira do Nelson o Osmar Terra, que previu menos de 800 mortes, hoje chegaremos a 12.000 e ainda vem mutito mais por aí, eis aí a meritocracia desse governo cuja pulsão é a morte. Olha a outra proeza desse escroto que rasgou a malha espaço-tempo e saiu do século 18 direto pro 21:

“Em relação às fake news sobre o coronavírus, deputados bolsonaristas foram os que mais contribuíram para a desinformação. Levantamento do Radar Aos Fatos, agência de checagem de fatos, mostra que Osmar Terra (MDB-RS), que é médico e aliado do presidente, foi quem mais divulgou notícias falsas. Em segundo lugar, aparece Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), seguido de Bia Kicis (PSL-DF). Ainda segundo Aos Fatos, 19 dos 22 deputados que divulgaram fake news sobre o coronavírus são bolsonaristas. Os outros três são do PT, que postaram a mentira de que Cuba havia desenvolvido uma vacina.” [Folha]

E enquantro os dementes Bolsonaristas querem a cabeça do Nelson por ele não liberar a cloroquina…

“Um dos maiores estudos feitos até o momento mais uma vez não encontrou redução de mortalidade por Covid-19 entre pessoas que foram medicadas com hidroxicloroquina (com e sem associação com azitromicina). A pesquisa com 1.438 pacientes foi publicada nesta segunda (11) na revista Jama (Journal of the American Medical Association), um dos principais períodos médicos do mundo. Isso significa que o estudo passou por revisão de outros cientistas não envolvidos nas análises em questão. Na última semana, outra grande pesquisa, com 1.376 pacientes de Nova York, publicada no The New England Journal of Medicine, outro respeitado periódico científico, também apontou que não foram encontradas evidências de que o uso da hidroxicloroquina influenciaria na redução de mortes ou intubações.

Foram analisados 735 pessoas que receberam hidroxicloroquina e azitromicina (dos quais quase metade iniciou o uso das drogas antes ou de modo concomitante ao uso de ventilação mecânica), 271 só hidroxicloroquina, 211 só azitromicina e 221 nenhuma dessas drogas. Os dados dos pacientes foram acompanhados até 24 de abril, data na qual 45 pessoas ainda estavam hospitalizadas. Com essas informações em mãos, os cientistas analisaram a mortalidade dos pacientes. Cerca de 25,7% das pessoas que foram medicadas com a associação de hidroxicloroquina e azitromicina morreram, assim como 19,9% das que tomaram só hidroxicloroquina, 10% das que foram submetidas a tratamento só com azitromicina e 12,7% das que não tomaram nenhuma dessas drogas. Mesmo com as aparentes diferenças de mortalidade, ao fazer ajustes para equilibrar a análise (levando em conta elementos como gravidade da doença e condições de saúde preexistentes), os pesquisadores concluíram que os resultados foram similares entre os grupos, ou seja, não foram encontradas diferenças significativas de mortalidade entre quem tomou as drogas e quem não as recebeu.

O estudo americano também analisou eventos cardíacos, um ponto que preocupa em relação ao uso da hidroxicloroquina e sua associação com a azitromicina. Segundo os pesquisadores, foram documentadas anormalidades em eletrocardiogramas, principalmente arritmia, em todos os grupos, mas eles foram mais comuns nos pacientes que receberam a associação de hidroxicloroquina e azitromicina, e só hidroxicloroquina. Os cientistas afirmam, porém, que as diferenças entre os grupos não foram significativas. Mas os cientistas observaram uma maior frequência de paradas cardíacas nos pacientes que tomaram a combinação de hidroxicloroquina e azitromicina.” [Folha]

Ah, a relatoria da ação sobre os exames presidenciais caiu na mão do Lewandoski:

“Ricardo Lewandowski será o relator no Supremo do recurso impetrado pelo jornal “O Estado de S. Paulo” contra a sentença de João Otávio de Noronha, presidente do STJ, que monocraticamente decidiu que Jair Bolsonaro não é obrigado a revelar o resultado do seu exame para detecção do coronavírus. No recurso apresentado ao STF, os advogados do jornal relatam que Noronha antes de decidir em favor de Bolsonaro já havia antecipado o seu voto em uma entrevista. Noronha hoje trabalha para ser indicado para o STF em novembro, mesmo não sendo “terrivelmente evangélico”. Uma das mais fortes preocupações do Palácio do Planalto é a possibilidade de o exame do presidente vir a público. Outros integrantes do governo, como o general Augusto Heleno, mostraram o resultado dos exames nas redes sociais; Bolsonaro não admite fazê-lo.” [O Globo]

Grande dia!  O governot á com o cu na mão, folgo em saber.

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6. A morte dos CNPJs

É tudo tão absurdo que só pode ser uma asfixia deliberada: o governo fode com as empresas e usa isso pra reabrir a economia na base da paulada em plena pandemia:

“É um fato. As perspectivas para a economia brasileira estão cada vez piores. São pessoas sofrendo por falta de renda e empresas fechando por falta de crédito, sem falar, é claro, nas mortes, que, infelizmente, já somam 10 mil. Segundo a Economist Intelligence Unit, o Brasil deve ser a economia mais afetada pela Covid-19 em uma amostra de 19 países. De fato, faz sentido que o estrago seja maior aqui. O Brasil não tem apenas um problema de saúde afetando negativamente a economia. Temos também um presidente que resolveu acrescentar uma crise política ao cenário já turbulento. Nesse contexto, o que deveríamos esperar como reação de política econômica?” [Folha]

pib2020

“Ora, se o impacto da crise aqui é maior do que nos demais países, nossa reação de política econômica deveria ser também maior do que a média. O problema é que esse fato, que deveria ser básico, não vem ocorrendo. Segundo o Ministério da Economia, em nota recentemente divulgada, a magnitude das medidas fiscais no Brasil estaria em linha com a média internacional. Comparações desse tipo nunca são muito precisas, mas, tomando o fato como verdade, há um problema sério relacionado à implementação dos programas. No documento citado, quantifica-se o volume por meio de medidas anunciadas. Anúncios, contudo, nem sempre se transformam em medidas efetivas. Por exemplo, o programa de empréstimo do governo para pequenas empresas pagarem folha salarial, com orçamento de R$ 40 bilhões, tem sido um fracasso. Até agora, desembolsou somente R$ 400 milhões, ou 1% do total previsto.”

1%, viado! E depois ficam por ái lamentando as mortes de CNPJ.

‘Na política monetária, o país ainda tem o privilégio de ter juro positivo e, portanto, capacidade para reduzi-lo. Mas, enquanto PIB e inflação despencam, caminhamos em passos de tartaruga no barateamento do crédito para empresas, famílias e governo. Por falar em crédito, o Brasil tem a vantagem de possuir bancos públicos com expertise e capilaridade para atuação nesses momentos. Segundo o Observatório de Política Fiscal da FGV, entretanto, a reação da política econômica via crédito público tem sido tímida. Ao contrário da crise de 2008, a atuação via bancos públicos parece hoje propositalmente esquecida pelos titulares da pasta econômica. O resumo da ópera é que, no fim das contas, na tentativa de minimizar o erro de fazer o que não deve, o governo está aumentando a probabilidade de cometer o erro de não fazer o que deve –o que é muito mais grave neste momento.”

O mais espantoso é que eles agem como se eles não fossem a porra do governo federal:

“Quando o ministro Paulo Guedes fala que os “sinais vitais da economia talvez não sejam preservados por tanto tempo”, ele não está errado. Só esquece de dizer que quem possui as ferramentas para preservar tais sinais, e que não vem utilizando a contento, é seu próprio ministério. Precisamos alertá-lo para o fato de que, assim como no caso da doença, as consequências econômicas aparecem de maneira exponencial. Cada vez mais fraco, lá vem o Brasil descendo a ladeira da morte –de pessoas e empresas.”

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7. Avenida Paulista

Que relato!

“Dezenas de caminhoneiros estacionaram seus veículos na avenida Paulista na tarde de desta segunda (11) fechando duas faixas da via mais conhecida da cidade. Eles reclamam da quarentena implementada pelo governo do estado e pela prefeitura de São Paulo, pedem isolamento vertical e apoiam o presidente Jair Bolsonaro (sem partido). A fila de caminhões chegou a ter três quadras de extensão e, antes, houve carreata de vans. O protesto incluía um caixão com as imagens do prefeito de São Paulo, Bruno Covas (PSDB), e do governador do estado, João Doria (PSDB). Havia vários adesivos com a mensagem “fora Doria”, principal alvo da manifestação.” [Folha]

Na chegada dos manifestantes à avenida Paulista, a PM (Polícia Militar) negociou para que os manifestantes deixassem o local às 15h30, quando seriam escoltados até deixar a cidade. Nesse horário, o motorista de um caminhão vermelho com um adesivo escrito “vírus chinês” no para-brisas entrou em seu veículo. Um colega, contudo, anunciou que não sairia do local porque respeitar o prazo da PM seria acatar as ordens de João Doria. Dois companheiros concordaram e, na mesma hora, o trio correu para a frente do caminhão vermelho, então o primeiro da fila, onde os caminhoneiros se reuniram. Eles convenceram cerca de 20 pessoas a sentarem-se no asfalto, impedindo a dispersão da manifestação. Os policiais militares acompanharam da calçada.

Um capitão comentou que os manifestantes estavam quebrando um acordo e, visto que nenhum motor foi ligado até às 15h45, atravessou a rua. Antes, havia dito que autuaria os caminhoneiros e usaria os meios necessários para a dispersão caso o protesto não acabasse. Diante do caminhão vermelho, conversou com um dos homens, que disse que não arredaria pé. Escutou uma resposta atravessada do capitão da PM e devolveu no mesmo tom. Diante do apoio dos demais manifestantes, criou-se um impasse. Sentindo que tinha respaldo, o homem vociferou que era oficial do Exército e exigia respeito de um oficial da PM. Em seguida, virou as costas e agiu como se o policial não existisse. Outro oficial da PM entrou com discurso de parcimônia e foi acompanhado pelo motorista do caminhão vermelho. Com atraso de meia hora, o protesto se encerrava com o homem reclamando da “polícia de João Doria”.

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8. Popularidade

“Em meio à pandemia do novo coronavírus, o governo Jair Bolsonaro perdeu apoio de parte da população e atingiu as piores avaliações da sua gestão e pessoal desde que assumiu o cargo. É o que mostra pesquisa da Confederação Nacional do Transporte (CNT) com o Instituto MDA divulgada nesta terça-feira, 12. A fatia dos avaliam o governo como ótimo ou bom passou de 34,5% para 32% entre janeiro e maio deste ano. A soma de ruim e péssimo cresceu de forma mais expressiva, registrando um aumento de 31% para 43,4% em quatro meses – o maior porcentual negativo nos quatro levantamentos feitos durante o governo Bolsonaro. Aqueles que avaliam o governo como regular eram 32,1% e, agora, são 22,9%.” [Estadão]

Tá entrando água no navio, antes tarde do que nunca.

“A aprovação do desempenho pessoal de Bolsonaro na gestão recuou de 47,8% para 39,2% no período. Ao mesmo tempo, a desaprovação subiu de 47% para 55,4%, também o mais negativo nos levantamentos CNT/MDA. Os que não opinaram ou não souberam responderam representam 5,4%.”

Certeza que esses 5,4% são bolsonaristas envergonhados.

O Pedro Ivo fez uma ótima e sucinta análise:

“Saco de bosta é ótimo: 34,5 a 32%: – 2,5%
Saco de bosta é péssimo: 31 a 43,4%: + 12,4%
Meus 2c: a base “antes morista que bolsonarista” já estava no meio, no razoável, em maior parte. O dano na base mais alucinada, fumadora de cloroquina, foi relativamente baixo. Os moristas já eram muristas. Mas não é desprezível a movimentação.”
[Facebook]

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9. Adeus, reservas!

Vai dar merda!

“No momento em que a taxa de câmbio se aproxima de R$ 6, o Banco Central promove um cavalo de pau na política de acumulação de reservas internacionais iniciada em 2004. Foram injetados US$ 54 bilhões no mercado desde agosto do ano passado apenas por meio da venda à vista de dólares. No mesmo período, a fuga de recursos do país soma US$ 57 bilhões. Ambos os valores são recordes. A Folha conversou com os ex-diretores da área de Política Monetária do BC, setor responsável pela gestão das reservas, Rodrigo Telles da Rocha Azevedo e Mario Torós, atualmente sócios na Ibiúna Investimentos, que comandaram o processo de compra desse seguro contra crises de 2004 a 2009. De 2001 a 2003, o BC chegou a vender cerca de US$ 15 bilhões. A partir de 2004, não houve mais vendas, só compras, com exceção da injeção de recursos durante a crise de 2008/2009, também nesse montante. Depois disso, a instituição só voltaria a vender dólares em agosto de 2019.

Rodrigo Telles da Rocha Azevedo, que foi diretor da área de outubro de 2004 a abril de 2007, afirma que a atuação do Banco Central não tem como objetivo fixar uma taxa de câmbio e é uma resposta às demandas do mercado em determinado momento. “O Banco Central tem vários instrumentos à sua disposição e uma mesa de câmbio que consegue ver onde está a demanda ou a oferta de um instrumento cambial. Há momentos em que o mercado quer vender dólar, ou quer vender derivativo, momentos em que demanda dólar ou demanda hedge [proteção]. A resposta do Banco Central sempre é atendendo a uma determinada circunstância de mercado”, afirma Azevedo. “Isso continua sendo verdade até hoje. Se você olhar para as intervenções que foram feitas desde o ano passado, há momentos em que ela é feita através de venda e momentos em que é feita através de derivativos [swap] ou linhas de liquidez, respondendo a conjunturas de mercado.”

Ele afirma que a experiência do início da década passada mostrou que o Brasil tinha uma grande vulnerabilidade a desvalorizações cambiais. Daí a iniciativa de iniciar um processo de aquisição de reservas, que passaram de aproximadamente US$ 35 bilhões em 2002 para US$ 340 bilhões atualmente, aproveitando ventos favoráveis no mercado externo, com aumento da demanda por commodities, e no mercado interno, que provocaram uma forte entrada de recursos na economia brasileira. Ao mesmo tempo, o país reduziu e melhorou o perfil da dívida externa, o que incluiu a quitação dos empréstimos com o FMI (Fundo Monetário Internacional) em 2005. Em 2008, o país passaria a ter mais ativos do que passivos em moeda estrangeira, se tornando credor em dólar (uma diferença que está hoje em 4% do PIB). Em 2002, uma depreciação cambial de 3% aumentava a dívida líquida em 1 ponto percentual do PIB. Atualmente, a dívida líquida cai quando o dólar sobe.

Essa mudança ajudou o Brasil a enfrentar a mudança de cenário ocorrida no final daquele ano, segundo Mario Torós, que sucedeu Azevedo em 2007 e ficou à frente da área até o final de 2009. “Passamos bem por uma lufada de vento contra. Sem tentar definir um nível de câmbio, fazendo com que o mercado defina o preço, mas, para definir o preço, tem de ter uma racionalidade. E essa racionalidade muitas vezes está associada a ter liquidez no mercado. O Banco Central atuou de acordo com a natureza dos fluxos. No momento em que definiu que a necessidade era em algum fluxo do balanço de pagamentos, atuou no spot [à vista], se era uma demanda por hedge, atuou nos derivativos”, afirma Torós. “Posteriormente, tivemos uma série de outros ventos contrários, e as reservas foram sempre um fator de equilíbrio para dar uma certa tranquilidade, um seguro para momentos ruins, um porto seguro da economia brasileira.” [Folha]

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10. Um Trump Muito Louco

Que vídeo!

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>>>> A Folha fez uma matéria sobre políticos ecoando fake news, e 19 dos 22 parlamentares que mais compartilharam mentiras são Bolsonaristas. A Zambelli, por exemplo, compartilhou a denúncia de caixões com tijolos, e justificou de forma espantosa: “Procurada pela reportagem, Carla Zambelli afirmou em nota que a imunidade parlamentar serve “para que possamos fazer denúncias como a em questão sem qualquer preocupação de retaliação política”. A deputada também insiste que estados governados por adversários de Bolsonaro superfaturam mortes.” [Folha]

>>>> A irritação de Bretas: “Ao dizer não para um pedido de mais tempo para responder pelos réus Carlos Felipe Paiva Nascimento, Eduardo Paiva Nascimento e mais três acusados de operar um esquema de propina para conseguir fornecer quentinhas nos presídios do Rio, Bretas foi enfático sobre Nythalmar, afirmando que sua conduta beirava a “litigância de má fé”: — O causídico patrocina a defesa de diversos acusados nas operações ligadas à Lava-Jato e esse juízo já é capaz de reconhecer seu modus operandi: os prazos são deliberadamente descumpridos e os pedidos de dilação são, via de regra, extemporâneos e injustificados. A conduta do patrono tangencia a litigância de má-fé e, a princípio, atenta contra a dignidade da Justiça, razão pela qual não pode ser tolerada. Mais: Bretas pede que sejam reunidos os processos em que Nythalmar já procedeu dese modo e que o material seja enviado à OAB para “apurar eventual responsabilidade disciplinar”. Marcelo Bretas indeferiu na semana passada o pedido de extensão do prazo para resposta à acusação de réus implicados na Lava-Jato fluminense. Até aí, beleza. O curioso é que no despacho Bretas perdeu a paciência justamente com um advogado que é tido por muitos nos meios criminais do Rio de Janeiro como alguém que possui excelente relação com o magistrado: o jovem Nythalmar Filho.” [O Globo]