O podcast volta amanhã, sempre de terças às sextas, e você ouve os episódios lá na Central3: [Central3]
Ah, e hoje foi uma correria do caralho, perdoem os erros de digitação.
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1. Flávio desmaiando em looping
Hora de afetar surpresa – eu pensei em resumir a matéria mas o relato do Marinho é tão detalhado e delicioso que vou com ele mesmo:
“Eu me recordo de um episódio que aconteceu antes de ele [Bolsonaro] assumir o governo que talvez ilustre um pouco melhor essa questão. Eu vou te contar uma história que nunca revelei antes porque não tinha razão para falar disso. Eu tenho até datas anotadas e vou ser bem preciso no relato que vou fazer, porque talvez ele explique a sua pergunta. Quando terminou o segundo turno da eleição [em 28 de outubro], o capitão Bolsonaro fez a primeira reunião de seu futuro ministério em minha casa [no Rio]. Estavam o vice-presidente Hamilton Mourão, o Onyx Lorenzoni [futuro ministro da Casa Civil], o Paulo Guedes [Economia], o Bebianno e o coronel [Miguel Angelo] Braga [Grillo], para discutir o desenho dos ministérios do futuro governo. Ela começou às 9h e terminou às 17h. Foi o último dia que vi o capitão Bolsonaro. Nunca mais estive com ele.
No dia 12 de dezembro, uma quarta-feira, me liga o senador Flávio Bolsonaro [filho do presidente] me dizendo que queria falar comigo, por sugestão do pai. A Operação Furna da Onça [que investigava desvio de recursos públicos da Assembleia Legislativa do Rio] já tinha sido detonada e trazido à tona o episódio do [Fabrício] Queiroz [que tinha trabalhado no gabinete de Flávio na Assembleia e é acusado de integrar o esquema]. Flávio estava sendo bombardeado pela mídia. O Queiroz estava sumido. Ele me disse: ‘Gostaria que você me indicasse um advogado criminalista’. E combinamos de ele vir à minha casa às 8h do dia seguinte, uma quinta-feira, 13 de dezembro. Passei a mão no telefone e liguei para o advogado Antônio Pitombo, de São Paulo, indicado por mim para defender o capitão no processo da [deputada] Maria do Rosário no STF [Supremo Tribunal Federal]. E ele me indicou um advogado de confiança, Christiano Fragoso, aqui do Rio.
No dia seguinte, quinta-feira, 13, às 8h30, chegam na minha casa Flávio Bolsonaro e o advogado Victor Alves, que trabalha até hoje no gabinete do Flávio, é advogado de confiança dele. Estávamos eu, Christiano Fragoso, Victor e Flávio Bolsonaro. Flávio começa a nos relatar o episódio Queiroz. Ele estava absolutamente transtornado. E esse advogado, Victor, dizendo ao advogado Christiano que tinha conversado com o Queiroz na véspera e que o Queiroz tinha dado a ele acesso às contas bancárias para ele checar as acusações que pesavam contra o Queiroz. O Victor estava absolutamente impressionado com a loucura do Queiroz, que tinha feito uma movimentação bancária de valores absolutamente incompatíveis com tudo o que ele poderia imaginar. Já o Flávio estava ali lamentando a quebra de confiança do Queiroz em relação a ele. Dizia que tudo aquilo tinha sido uma grande traição, que se sentia muito decepcionado e preocupado com o que esse episódio poderia causar ao governo do pai. Ele chegou até a ficar emocionado, a lacrimejar.” [Folha]
“E Flávio então nos conta a seguinte história: uma semana depois do primeiro turno, o ex-coronel [Miguel] Braga, atual chefe de gabinete dele no Senado, tinha recebido o telefonema de um delegado da Polícia Federal do Rio de Janeiro, dizendo que tinha um assunto do interesse dele, Flávio, e que ele gostaria de falar com o senador. O Braga disse: ‘Ele está muito ocupado e não costuma atender quem não conhece’. Estou te contando a narrativa do Flávio e do advogado Victor para nós, Paulo Marinho e Christiano, do outro lado da mesa. O senador contou que disse ao coronel Braga que se encontrasse com essa pessoa [o delegado] para saber do que se tratava. Estava curioso. E aí marcaram um encontro com esse delegado na porta da Superintendência da Polícia Federal, na praça Mauá, no Rio de Janeiro.
O coronel Braga, o advogado Victor e, sempre segundo o que eles me contaram, a Val [Meliga], da confiança do Flávio e irmã de dois milicianos que foram presos [na Operação Quatro Elementos]. Eles foram para a porta da Polícia Federal. O delegado tinha dito [ao coronel Braga]: ‘Você vai ver. Quando chegarem, me liga que eu vou sair de dentro do prédio da Polícia Federal’. O delegado saiu de dentro da superintendência. Na calçada —eu estou contando o que eles me relataram—, o delegado falou: ‘Vai ser deflagrada a Operação Furna da Onça, que vai atingir em cheio a Assembleia Legislativa do Rio. E essa operação vai alcançar algumas pessoas do gabinete do Flávio [o filho do presidente era deputado estadual na época]. Uma delas é o Queiroz e a outra é a filha do Queiroz [Nathalia], que trabalha no gabinete do Jair Bolsonaro [que ainda era deputado federal] em Brasília’. O delegado então disse, segundo eles: ‘Eu sugiro que vocês tomem providências. Eu sou eleitor, adepto, simpatizante da campanha [de Jair Bolsonaro], e nós vamos segurar essa operação para não detoná-la agora, durante o segundo turno, porque isso pode atrapalhar o resultado da eleição [presidencial]’. Foram embora, agradeceram. Estou contando o que [Flávio Bolsonaro] me falou.
Ele [Flávio] comunicou ao pai [Jair Bolsonaro] o episódio e o pai pediu que demitisse o Queiroz naquele mesmo dia e a filha do Queiroz também. E assim foi feito. [Fabrício Queiroz foi exonerado no dia 15 de outubro de 2018 do cargo de assessor parlamentar 3 que exercia no gabinete de Flávio na Assembleia Legislativa. A filha dele, Nathalia Melo de Queiroz, foi exonerada no mesmo dia 15 do cargo em comissão de secretário parlamentar no gabinete do então deputado federal Jair Bolsonaro]. Vida que segue. O capitão ganha a eleição [no dia 28 de outubro]. Maravilhoso. No dia 8 de novembro é detonada a Operação Furna da Onça, com toda a pompa e circunstância. Começa o episódio Queiroz.”
Os Bolsonaros juram que não tinham contato com Queiroz, lembra?
“Eu falei [para Flávio]: ‘Está aqui o advogado Christiano Fragoso, recomendado pelo Pitombo, que vai te orientar. Até porque você está com a sua consciência tranquila e não tem o que temer. O que houve foi quebra de confiança do Queiroz em relação a você’. O Christiano virou-se para o Flávio e disse: ‘Quem precisa de um advogado é o Queiroz’. O Flávio disse: ‘Eu não estou mais falando com o Queiroz. Não o atendo mais até para que amanhã ninguém me acuse de que estou orientando o Queiroz nos depoimentos. Quem está falando com o Queiroz é o Victor [advogado amigo da família e que estava na reunião com Paulo Marinho]’. [Na época, a família Bolsonaro dizia não ter contato com Queiroz.] O Christiano disse: ‘Precisamos arrumar um advogado que sirva ao Queiroz. Não posso ser esse advogado. Até porque sou de uma banca, nós somos top, o Queiroz não teria condições [de contratá-lo], né?’. E ele indicou o advogado Ralph Hage Vianna, que até então eu não conhecia, para representar o Queiroz. Na mesma quinta-feira, o Queiroz vai ao encontro desse advogado indicado pelo Christiano. E vai acompanhado pelo Victor [o advogado do gabinete de Flávio]. E eu viajei para São Paulo. Quando ela terminou, eu liguei para o Gustavo Bebianno e relatei tudo o que ouvi. Ele estava em Brasília, no escritório da transição de governo. Eu disse que era melhor ele contar tudo o que estava acontecendo para o presidente. E assim foi feito.”
“Que satisfação, aspira”! “Pede pra sair“, filho da puta! E se você lembrar de falas do Tropa de Elite que eu possa usar contra esses dementes favor mandar pelos comentários ou lá no twitter.
Agora adivinhe quem fez parte das investigações que levaram à Operação Furna da Onça…
“Em 2017, Ramagem integrou a equipe responsável pela investigação e inteligência de polícia judiciária na Operação Lava Jato. Em uma das ações que comandou, a Operação Cadeia Velha, ocorreu a prisão de integrantes da cúpula da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro). Foi Ramagem quem comandou a operação cujo desdobramento produziu o primeiro relatório sobre Fabrício Queiroz, suspeito de ser o operador da “rachadinha” no antigo gabinete de Flávio Bolsonaro na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro.” [Folha]
O amigão do Tonho da Lua que comanda a ABIN e Bolsonaro queria no comando da… PF!
Péra…
Calma aê, viado!
Ufa, pronto. Mentira!
A matéria abaixo é de novembro de 2018:
“O Ministério Público Federal (MPF) encontrou indícios de que, mesmo preso há mais de um ano, o deputado estadual Paulo Melo (MDB) e outros alvos da Operação Furna da Onça agiram para tentar obstruir investigações sobre um esquema de corrupção dentro da Assembleia Legislativa do Rio (Alerj). Os indícios de tentativas de obstrução ao trabalho de investigadores são citados numa sentença do desembargador federal Abel Gomes, que transformou a prisão temporária de seis deputados em preventiva, atendendo a um pedido do MPF. A solicitação foi embasada na suspeita de que informações sobre a Operação Furna da Onça vazaram antes de sua realização, na última quinta-feira. Em sua decisão, Abel Gomes detalha o teor de anotações apreendidas pelo MPF e pela Polícia Federal na casa da chefe de gabinete de Paulo Melo, Andreia Cardoso do Nascimento. De acordo com promotores, ele a orientou, por escrito, a “destruir elementos de convicção, apagando registros de conversas, e-mails, fotos em redes sociais, dentre outras ações.” [O Globo]
Tudo se liga, absolutamente tudo. O sumiço do Queiroz, a ascensão do Ramagen, a tara presidencial por interferência, os filhos fodendo a presidência do pai e por aí vai.
E sim, a PF sabia das estripulias do Queiroz desde antes da eleição de 2018:
“Relatório produzido pelo Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras) sobre casos de movimentação financeira fora do padrão de servidores da Assembleia do Rio de Janeiro (Alerj) reforça a versão divulgada pelo empresário Paulo Marinho de que a Polícia Federal sabia de irregularidades envolvendo Fabricio Queiroz, então assessor de Flávio Bolsonaro no legislativo estadual em 2018. O documento do Coaf foi elaborado em janeiro daquele ano e enviado ao Ministério Público Federal e à Polícia Federal. Ele faz parte da documentação que deu origem à chamada operação da PF “Furna da Onça”.” [O Globo]
E o desembargador do TRF-2 tentou jurar que não houve adiamento por motivos eleitorais, o que aocnteceu foi… adiamento por motivos eleitorais!
“O fundamento foi que uma operação dirigida a ocupantes de cargos eletivos, deputados em vias de reeleição inclusive, como foi a Furna da Onça, não deveria ser deflagrada em período eleitoral, visto que poderia suscitar a ideia de uso político de uma situação que era exclusivamente jurídico-criminal, com o objetivo de esvaziar candidatos ou até mesmo partidos políticos, quaisquer que fossem, já que os sete deputados alvos da Furna da Onça eram de diferentes partidos.”
Ora, Moro soltou delação do Palocci 5 dias antes da eleição, o Bretas fodeu com Eduardo Paes também pouco antes da eleição, eu sou sequelado mas lembro, não fode!
E Bebianno, malandro, deixou claro que há um telefone do Bebianno escondido, ele tá exibindo o seguro de vida enquanto estende o dedo do meio para o Bolsonaro:
“O Gustavo tinha um telefone celular por meio do qual interagiu durante toda a campanha [presidencial de 2018] e a transição de governo com o capitão. Eles se falavam muito por WhatsApp. O capitão adorava mandar mensagens gravadas para ele. O Gustavo tinha esse conteúdo imenso [de mensagens], na mais alta intimidade que você pode imaginar. Eram conversas íntimas que provavelmente deviam ter revelações interessantes. Um dia, num ato de raiva pela demissão injusta que sofreu, tratado como se tivesse sido um traidor quando foi o que mais fez pelo capitão, ele deletou grande parte desse conteúdo. E deixou esse telefone com uma pessoa nos Estados Unidos. Depois parece que ele resgatou de novo o conteúdo. Ele ficou muito marcado pela demissão, com muito desgosto, melancolia. Ele morreu de decepção, de tristeza mesmo. Mas ele não era homem-bomba. Não tinha nada que pudesse tirar o capitão do governo por algo do passado…Ele dizia: ‘O capitão vai se enfraquecer de tal maneira que só vai ter a saída do golpe para se manter no poder. E ele é louco para fazer o golpe’. Ele tinha certeza que isso ia acontecer.”
Mas pra mim essa é a parte mais reveladora:
“A primeira coisa que percebi é que não se tratava de um mito. Outras pessoas do núcleo duro achavam isso. O Gustavo [Bebianno] mesmo tinha pelo capitão uma admiração. Achava que ele era um estadista, um líder, o homem que iria colocar o Brasil em outro patamar. Eu olhava o capitão, com aquele jeito tosco dele, e algumas coisas me chamavam a atenção. Por exemplo: ele era incapaz de agradecer às pessoas. Chegava uma empregada minha, servia a ele um café, um assistente entregava um papel, e ele nunca dizia um obrigado. Eu nunca ouvi, durante o ano e meio em que convivi, ele expressar a palavra obrigado a alguém. Um gesto mínimo. Pode não parecer nada, mas demonstra uma faceta da personalidade dele. Será que é uma pessoa apenas de maus hábitos, que não tem educação? As piadas eram sempre homofóbicas. Os asseclas riam, mas elas não tinham nenhuma graça. E, no final, ele realmente despreza o ser feminino. Tratava as mulheres como um ser inferior. Não tinha uma mulher na campanha dele. Nunca houve. A única, a distância, foi a Joice [Hasselmann, deputada federal], que ficava em São Paulo. Não tinha mulher na campanha dele, só homem. Ele gostava mesmo era de conversar com os seguranças dele. Policiais militares, batedores. Ele se sentia em casa, ficava horas conversando, contando piada.”
A Época em 2018 fez uma matéria sobre o coronel Braga e parece que o Tonho da Lua não gosta dele, ciúme é uma merda:
“Se Braga e Queiroz se parecem no passado militar, na lealdade à família Bolsonaro e nas contas expostas à Justiça, há pontos de divergência. Enquanto o ex-PM sempre foi unanimidade no núcleo familiar do presidente, Braga não despertava os sentimentos mais nobres de Carlos, o zero dois. No Rio, o militar mudou-se para a Tijuca, coincidentemente, para o mesmo prédio em que o filho do meio do presidente morava com a mãe, Rogéria. Com frequência, o coronel esbarrava com Carlos no elevador do prédio e, segundo contam alguns conhecidos, não o cumprimentava, o que gerou queixas do irmão.” [Época]
É a primeira pessoa do entorno do Bolsonaro que tem culhão pra contrariar o Tonho.
E Flavinho Desmaio conseguiu a proeza de escrever uma nota de defesa que não aponta nenhuma mentira na versão do Bebianno, fascinante:
“O desespero de Paulo Marinho causa um pouco de pena. Preferiu virar as costas a quem lhe estendeu a mão. Trocou a família Bolsonaro por Dória e Witzel, parece ter sido tomado pela ambição. É fácil entender esse tipo de ataque ao lembrar que ele, Paulo Marinho, tem interesse em me prejudicar, já que seria meu substituto no Senado. Ele sabe que jamais teria condições de ganhar nas urnas e tenta no tapetão. E por que somente agora inventa isso, às vésperas das eleições municipais em que ele se coloca como pré-candidato do PSDB à Prefeitura do Rio, e não à época em que ele diz terem acontecido os fatos, dois anos atrás? Sobre as estórias, não passam de invenção de alguém desesperado e sem votos.” [Folha]
“O desespero de Paulo Marinho causa um pouco de pena”, viado!
Esssa tara dos Bolsonaros por lealdade é mafiosa até não poder mais. E o segundo trecho sublinhado cai como uma luva para Gilma e Michel Miguel.
Encerro com o Gustavo Gindre:
“Paulo Marinho é homem de negócios. Casou com a ex esposa de um famoso playboy e gigolô dominicano e ali começou sua arrancada. Depois veio a Maitê Proença, com quem viveu anos e teve um filha, mas com quem tomou o cuidado de não casar no papel para que sua esposa não perdesse a pensão de filha de procurador. Circulando nos meios globais, conheceu os Medina e tratou de aproxima-los de Moreira Franco para “facilitar” a vida do Rock in Rio. Se tornou amigo e sócio do Nelson Tanure no estaleiro Verolme, especializando-se em vencer licitações com a Petrobrás pedindo pagamentos abaixo do custo e depois majorando os valores em termos aditivos. Através de Tanure conheceu Daniel Dantas e se envolveu nas tramóias deste com a Brasil Telecom e operadoras de telefonia celular. Na briga entre Dantas e Tanure, acabou grampeado negociando notas a favor de Tanure com o jornalista Ricardo Boechat (que terminou demitido de O Globo). Nos governos do PT se tornou amigo do peito de José Dirceu a quem ajudou mesmo depois da sua cassação. Na casa que possui em Brasília rolavam altos jantares com Dirceu, Sarney, Sérgio Cabral, Eduardo Paes e outros. Com a queda do PT acabou se aproximando de João Dória e posteriormente de Bolsonaro. Cedeu sua própria casa na Barra da Tijuca para sede da campanha de Bolsonaro, botou dinheiro na campanha e ganhou de brinde a suplência do senador Flávio Bolsonaro. Rompido com Bolsonaro, é candidato a prefeito do Rio representando os interesses da candidatura do Dória a presidência da República em 2022. Se tem alguém que pode causar um estrago se abrir a boca, esse é o Paulo Marinho.” [Facebook]
De amador e ingênuo ele não tem nada.
“O empresário Paulo Marinho disse a interlocutores que tem provas para comprovar as acusações que fez contra o senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ). A pessoas próximas, Marinho relatou que, se for chamado para depor em uma eventual investigação, “apresentará provas mostrando que falou a verdade”. Também disse que não falaria nada se “não estivesse seguro” das informações. [O Globo]
A PGR pediu que a PF tome o depoimento do Marinho, que já está sob escola policial, autorizada pela Whitney.
Encerro com Janaina do Brasil, o que se passa nessa cabecinha?!
Que cretina do caralho! Ela não quer impeachment por motivos de… “E o PT?!”. Ninguém, ninguém desmoraliza mais o impeachment da Gilma que Janaina do Brasil.
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2. A fatídica reunião
A versão do Bolsonaro, inacreditavelmente sustentada pelos mui honrados milicos, é um castelo de cartas em meio ao furacão. Se o esporro era direcionado ao Heleno por conta da segurança de sua família o que vai abaixo deve ter se dado em alguma realidade paralela.
“O presidente mesmo disse que a segurança dele é responsabilidade do Gabinete de Segurança Institucional (GSI). Mas uma apuração do JN mostra que, 28 dias antes da reunião, o presidente tinha promovido o responsável pela segurança, em vez de demiti-lo. E ainda promoveu, para o lugar dele, o número dois da diretoria. E, mesmo no Rio de Janeiro, houve troca na chefia do escritório do GSI menos de dois meses antes da reunião ministerial.” [G1]
“O general André Laranja Sá Correa é o comandante da Oitava Brigada de Infantaria Motorizada do Exército, localizada em Pelotas (RS), desde o dia 31 de março deste ano. É uma posição importante na estrutura do Exército, já ocupada, entre outros, pelo atual ministro-chefe da Secretaria de Governo, Luiz Eduardo Ramos. Mas, até o dia em que foi promovido, o general Sá Correa era diretor do Departamento de Segurança Presidencial, cargo que ocupava desde o começo do ano passado. A promoção de Sá Correia para general-de-brigada e a nomeação para o comando da brigada no Rio Grande do Sul foi publicada no dia 26 de março e entrou em vigor em 31 de março. Por causa dessa promoção, ele deixou no mesmo dia a direção da Segurança Presidencial, conforme decreto assinado pelo presidente Bolsonaro. O até então diretor-adjunto, Gustavo Suarez, assumiu o posto.”
Restou aos generais balbuciar que a promoção é questão interna do Exército, como se o presidente que quer derrubar o comando do Exército respeitasse a autonomia das forças armadas. Mas por que diabos o número 2 vitou número 1 se Bolsonaro tava puto com a segurança de sua famiglia?! Vamos à fala presidencial fatídica reunião ministerial:
“Já tentei trocar gente da segurança nossa no Rio de Janeiro oficialmente e não consegui. Isso acabou. Eu não vou esperar f. minha família toda de sacanagem, ou amigo meu, porque eu não posso trocar alguém da segurança na ponta da linha que pertence à estrutura. Vai trocar. Se não puder trocar, troca o chefe dele. Não pode trocar o chefe, troca o ministro. E ponto final. Não estamos aqui para brincadeira.”
Ora, se trocas já haviam sido feitas ele não estava falando da segurança de sua famiglia, resta mais do que óbvio.
“Houve ainda uma terceira mudança recente de cargos na segurança do presidente, mais um sinal de que não havia dificuldade para trocar ninguém desta equipe. Foi em um posto mais baixo na hierarquia, no escritório do Rio do GSI. Em 28 fevereiro, menos de dois meses antes da reunião do dia 22 de abril, o chefe do escritório, o coronel Luiz Fernando Cerqueira, foi substituído pelo tenente coronel Rodrigo Garcia Otto.”
Vontade de sair no soco com um general de merda, né, minha filha?!
“O Planalto informou que não comentará o assunto. O Gabinete de Segurança Institucional não respondeu até a publicação desta reportagem.”
General Heleno comentou sim:
Opa, me enganei:
Olha o naipe da resposta, só nos resta concordar, realmente não encontra respaldo na realidade. É muita senilidade pra dar conta. E ainda tem general Heleno em 2019 em sua cerimônia de posse no GSI elogiando a inteligência do governo Temer e esculhambando a Gilma:
“A nossa missão no Gabinete de Segurança Institucional é basicamente tratar da segurança e das viagens do Presidência da República, e, mais ainda, cuidar do sistema de inteligência brasileiro, ser o cabeça desse sistema. E esse sistema foi recuperado pelo general Etchegoyen (ex-ministro), pois ele foi derretido pela senhora Rousseff, que não acreditava em inteligência” [Época]
E que maravilha é o Moro apontando desequilíbrio de forças, o mundo dá voltas, queridinha:
“Sergio Moro e seus advogados foram surpreendidos com a petição da AGU, em favor do presidente da República, no inquérito junto ao STF. A transcrição parcial revela disparidade de armas, pois demonstra que a AGU tem acesso ao vídeo, enquanto a defesa de Sérgio Moro não tem”.” [Época]
Das melhores aspas do dia de hoje:
“Aliados de Jair Bolsonaro preveem que o vídeo da reunião ministerial de 22 de abril vai ser fatal para dois ministros, segundo a Crusoé. São eles: Abraham Weintraub e Ernesto Araújo. Um bolsonarista que frequenta diariamente o Palácio do Planalto disse para Igor Gadelha: Se publicarem esse vídeo na íntegra, Weintraub vai preso por ordem do Supremo e Ernesto cai” [Não lincamos Antagonista, beijo, Mainardi]
Abraham em cana, chega a rolar uma lágrima…
Alô, Celsão, pede esse caderno do vice emprestado…
“Enquanto o país se arvorava em descobrir os detalhes da reunião ministerial de 22 de abril, citada por Sergio Moro como prova de interferência da Bolsonaro na PF, Hamilton Mourão mantinha o objeto de desejo nacional em suas gavetas. Assim como faz em praticamente todas as reuniões de governo, ele anotou os diálogos mais importantes daquela tarde, acompanhados de seus comentários pessoais.” [O Globo]
É hoje que Celsão decide pela divulgação parcial ou na íntegra – o texto é da Míriam Leitão:
“Um ministro do STF acredita que o ministro Celso de Mello tem um caminho legal para qualquer uma das decisões: divulgar em partes, ou no todo o conteúdo do vídeo da reunião ministerial. A fonte acha que ele deve divulgar apenas os trechos que servirem ao que é objeto do inquérito. Mas o decano permanece com a sua atitude de sempre se fechar em copas. Inclusive lá dentro do Tribunal. Essa é a grande expectativa da semana: se será ou não divulgado o vídeo da reunião. Esse ministro explica que um caminho pode ser aplicar o artigo 9 da Lei 9.296 de 1996, “que estabelece que feita uma interceptação telefônica será aproveitado apenas o que servir à persecução criminal”, desprezando o restante que, assim, terá o sigilo preservado. A diferença é que, desta vez, não é uma interceptação telefônica. E, além disso, envolve a administração pública “que tem como princípio básico a publicidade, pelo artigo 37 da Constituição”, enfatizou a fonte. Se Celso de Mello fizer a distinção, então ele divulgará integralmente. “A privacidade do cidadão é mais larga do que a do servidor público”. A reunião ocorreu — acrescenta — para tratar de coisas do interesse público.” [O Globo]
Eu exijo que esse trecho seja publicado:
“Na reunião ministerial de 22 de abril, o presidente da Caixa, Pedro Guimarães, afirmou, segundo relatos, que a pandemia de covid-19 é uma “histeria” provocada pela imprensa e disse que, se pegar a doença, vai tomar um litro de hidroxicloroquina. A fala foi vista como mais uma demonstração de alinhamento dele com o presidente Jair Bolsonaro, o que aumentou seu passe na bolsa de apostas de quem pode assumir a Economia caso Paulo Guedes deixe o cargo….do chefe. O presidente da Caixa conta ainda com a simpatia da ala militar do governo. Os generais palacianos nunca caíram de amores pela política liberal de Guedes. Contudo, o mercado financeiro vê com ressalvas a possibilidade de Guimarães assumir o Ministério da Economia.” [Estadão]
Guedes tá sendo velado vivo, folgo em saber. E adivinhe quem colocou a idéia em prática…
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3. Milicos Malditos
Os generais fazem o que fazem pelo Bolsonaro e nem assim o capitão tá satisfeito, não consigo imaginar nada mais sádico para o generalato, grande dia!
“Embora recorra com cada vez mais frequência a integrantes das Forças Armadas, o presidente Jair Bolsonaro, influenciado pelos filhos, demonstra incômodo com o destaque obtido por ministros militares apontados como “tutores” e “bombeiros” de um governo que acumula crises. Para Bolsonaro, os auxiliares fardados ficam com os louros do que considera “aspectos positivos” de sua gestão, enquanto que ele e auxiliares civis afinados com o discurso ideológico são atacados. Bolsonaro, segundo apurou o Estadão, chegou a cobrar ministros para que se manifestassem publicamente contra reportagens que citam críticas de militares, de modo reservado, a ele e também como um contraponto aos filhos. De acordo com pessoas próximas ao presidente, as crises foram usadas para ver reações e posicionamentos de seus auxiliares oriundos das Forças Armadas. Segundo relatos, existe um trabalho de cruzamento do que sai na imprensa e as movimentações internas em uma tentativa de rastrear as fontes.
No dia 25 de abril, o filho do presidente e vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ) reclamou publicamente no Twitter com uma indireta aos militares. Na publicação, ele anexou uma reportagem do Estadão com o título: “Saída de Moro e troca no comando da PF têm digitais do vereador Carlos Bolsonaro”. “Notaram que tudo que pega mal à primeira vista do público a imprensa diz que eu estou envolvido, e tudo o que pega bem vai para a conta de uma determinada ‘ala’? Alguém acha mesmo que apoiar Bolsonaro e não receber críticas diárias da imprensa não é, no mínimo, incoerente”, escreveu o vereador. De acordo com interlocutores do filho do presidente, ele está convencido de que a divulgação na imprensa da existência do “gabinete do ódio” – nome dado ao grupo de assessores que mantém ligação com Carlos e que atua nas redes sociais de Bolsonaro – teve a participação de auxiliares militares do presidente, que têm a intenção de diminuir sua influência na comunicação do governo. “Será que acham que ninguém notou que a imprensa faz para esse grupo exatamente o que ela diz que um ‘gabinete do ódio’ faz para o presidente, só que neste caso com uma estrutura gigantesca e legítima, verdadeiramente capaz de assassinar reputações pois fala sob o mantra da instituição?”, atacou Carlos.” [Veja]
Tonho estrilou e os generais colocaram os respectivos rabinhos entre as pernas:
“No mesmo dia em que Carlos fez críticas à ala militar, o ministro-chefe da Secretaria de Governo, Luiz Eduardo Ramos, contestou no Twitter uma reportagem do Estadão que revelava que oficiais-generais, em caráter reservado, avaliavam que o presidente não recuperaria capital político após a saída de Moro do governo. “Nenhum de nós: Heleno, Fernando, Braga Netto e Rêgo Barros afirmamos isso”, escreveu citando respectivamente os ministros do Gabinete de Segurança Institucional, da Defesa e da Cada Civil, e o porta-voz da Presidência. Chefe do GSI, general Heleno, no último dia 12, também contestou pela rede social uma notícia da revista Veja negando que os generais tenha assistindo ao vídeo de Moro para “alinhar versão em depoimento” à PF. “Não alinhei minha versão a ninguém”, rebateu.”
Como que é, Olavão? “UM BANDO DE CAGÕES“! Inacreditável uma porra dessa…
E como mentem os generais. Não só alinham discurso em depoimento – segundo Mourão, “coisa de bandido” – como têm a cara de pau de jurar que Nelson saiu por motivos pessoais, porra!
“O ministro Teich saiu por questões de foro intimo. Conversou hoje com o presidente, conversa amigável, conversou comigo e outros ministros, sem problema nenhum. São posições diferentes, o presidente não ignora a ciência, o presidente segue os protocolos, ele tem uma visão diferente [sobre] qual é o protocolo a ser seguido e a questão do ministro Teich é uma questão realmente de foro íntimo”, afirmou Braga Netto. ” [Veja]
Todo mundo focou na parte de ignorar a ciência e esqueceram da parte mais absurda. Depois do Mandetta e do Nelson serem fritados de forma escancarada o general cheio de medalha no peito tem coragem de meter um caô desse. O Ramos foi na mesma linha:
“O general Pazuello vai ficar interino e está tocando o ministério. Como disse o ministro Braga Netto, conversei com o ministro Nelson Teich e ele estava sereno, decisão de foro íntimo. Aliás, ele na coletiva falou ‘a vida é feita de escolhas’ e ele escolheu sair, simples assim”
Lá se vai o segundo ministro da saúde em plena pandemia e o sujeito me sai com um singelo “simples assim“. Ah, e o Ramos disse que a saída “faz parte da democracia”.
Volto agora ao Braga netto:
“O presidente não é contra o isolamento, ele é contra o isolamento que vai prejudicar o emprego e vai gerar fome la na frente”
Porra, vai ver só o Bolsonaro tá preocupado com isso, um gênio incompreendido. Enquanto isso, o governo é incapaz de entender a gravidade do problema e formular a porra dum orçamento de guerra.
“Vocês vão ficar é sem emprego, não estou ameaçando não, é o mercado. Na hora que começar a faltar comida pra gente que está noticiando, talvez vocês entendam que é bom ver os dois lados. Enquanto o cabra está em casa o salário pinga todo mês, que beleza, ele está em casa e as pessoas morrendo”.
O governo se recusa a atuar como governo e a culpa é de quem tá em quarentena.
A humilhação é tamanha que os generais são ladeados pela Damares na coletiva de 500 dias do governo:
“Ninguém é obrigado a tomar cloroquina, então aqueles que não acreditam no remédio façam agora uma declaração dizendo ‘eu não quero tomar e meu filho está proibido de tomar’. Faça só isso, ninguém é obrigado a tomar, mas, antes da declaração, procure as outras correntes da ciência que estão defendendo que o remédio, adicionado ao coagulante, está dando certo. Vamos entender que a ciência tem correntes, a ciência diz que café faz mal e a ciência da outra corrente diz que café não faz mal. Cientistas do mundo inteiro estão defendendo uma corrente que a cloroquina faz bem”
A mesma Damares do anjo, viado!
“Não tem comprovação científica? Como não tem? São milhares de páginas escritas por cientistas no mundo inteiro que o remédio dá certo, que a combinação de remédios… O que mais querem? Que um anjo desça do céu para dizer que o remédio dá certo?” [Folha]
Essa fala do Damares foi no Piauí, ela foi lá visitar um hospital e mentiu tal qual um general:
“Damares visitou a cidade a pedido de Jair Bolsonaro, que advoga pela aplicação do remédio para doentes da Covid-19. A ministra, por sua vez, elogiou o protocolo piauiense e disse que havia ficado “impactada” com os resultados observados. Vinte pacientes foram tratados nos últimos 15 dias usando a hidroxicloroquina na primeira fase da doença, quando aparecem os sintomas. O coordenador do Hospital Regional Tibério Nunes, Justino Moreira, no entanto, afirmou ao Painel que é “fake” atribuir o êxito do tratamento à cloroquina e enfatizou a relevância de corticóides e anticoagulantes na fase dois da doença, quando o paciente é internado. A ministra, que não tem formação médica, disse que foi à cidade porque é direito dos pacientes saber que existe esse protocolo e de escolher. E que, além disso, o primeiro direito é o direito à vida.”
Vamos ao diretor do hospital visitado:
“”Antes, a gente usava só a cloroquina na segunda fase [de internação], não adiantava, não. A pessoa evoluía mal e morria. Possivelmente, não é a cloroquina a responsável pelo resultado. Na fase grave, ela é insignificante, mas talvez na fase precoce ajude o organismo a se defender”, afirma Moreira. “O tratamento é efetivo, porque o paciente melhora rápido. Mas não é a cloroquina que está resolvendo o problema, isso é fake. Na verdade pegaram uma parte do protocolo e disseram que é a cloroquina, mas não é”, diz o médico. O hospital tem recebido pacientes do MA e do PA.” [Folha]
E chupa que é de uva, general da Defesa!
“Um grupo de ex-ministros da Defesa divulgou uma nota exortando as Forças Armadas a ignorar os pedidos por uma intervenção militar em favor do governo do presidente Jair Bolsonaro. Sem citar o atual ocupante do Palácio do Planalto, os ex-ministros pedem que os militares sigam a Constituição, que no seu artigo 142 determina que as Forças Armadas só podem ser convocadas a intervir para manter a ordem em caso de anarquia por algum dos Poderes constituídos. Nas últimas semanas, o presidente prestigiou dois atos de apoiadores de seu governo que pediam a ação dos militares na política, visando fechar o Supremo Tribunal Federal e o Congresso Nacional, instituições que na visão de governistas têm obstruído o Executivo. Entre a ala militar do governo, a ideia de que há um cerco contra o Planalto é aceita, mas nota do ministro Fernando Azevedo (Defesa) após Bolsonaro ter participado de ato golpista no dia 3 passado buscou reafirmar o compromisso democrático das Forças. Tal leitura de cerceamento do governo federal é compartilhada pelos ministros militares, mas não é corrente na cúpula fardada do país até aqui. O texto diz que os apelos à intervenção militar merecem “veemente condenação”. A Folha pediu a opinião de Azevedo sobre os termos do manifesto, mas ele preferiu não responder. A interlocutores, o ministro se disse muito contrariado com a nota, que avaliou desconsiderar as duas manifestações anteriores que ele mesmo havia feito, apesar de o teor dos textos ser bastante semelhante no que tange o papel constitucional dos militares. Três ministros do Supremo, que pediram para não serem identificados, consideraram a nota um marco importante na delimitação das tensões no país. Políticos e dois oficiais-generais da ativa ouvidos foram na mesma linha.” [Folha]
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4. Está tudo normal
Começo por essa maravilhosa citação do excelente Conrado Hubner Mendes:
“Seus filhos e seus bons amigos constituem para ele a totalidade da espécie humana.”
“Seria como a autoridade de um pai que quer preparar os homens para a masculinidade, mas procura, ao contrário, mantê-los em perpétua infância: fica satisfeito que o povo se regozije, desde que não pense em nada além de regozijo.”
(Alexis de Tocqueville, 1835, sobre a autoridade do déspota)” [Facebook]
Vamos ao déspota tupiniquim:
“Manifestação pura da democracia. Estou muito honrado com isso. O governo federal tem dado todo o apoio para atender as pessoas que contraíram o vírus e esperamos brevemente ficar livre dessa questão, para o bem de todos nós. O Brasil, tenho certeza, certeza, voltará mais forte” [Folha]
“Manifestação pura de democracia“, viado, repare?
Tão pura que…
Sim, presidente recebendo uma espécie de grupo para-militar que estende os braços como se o Fuher estivesse ali.
“Antes da chegada de Bolsonaro ao protesto, seguranças da Presidência pediram aos manifestantes a retirada de faixas contra o Congresso e o STF (Supremo Tribunal Federal). Uma delas chamava os dois órgãos de “sabotadores” e pedia uma nova Constituição.”
Mas o Caixão ficou:
Inacreditável!
“Queremos fazer um Brasil melhor para todos, agradeço a esse povo maravilhoso que está aqui, ao qual devo lealdade absoluta. É aquele que deve ditar as nossas normas e nosso norte. É o que precisamos: política ao lado do povo, tendo o povo como patrão. O que nós queremos é resgatar os valores que formam a nossa nacionalidade, respeitar a família”
O povo:
E presidente deve lealdade à constituição, porra! Não tem um jornalista pra esfregar isso na cara de babaca do presidente…
“Estavam com Bolsonaro os ministros Augusto Heleno (Gabinete de Segurança Institucional), Jorge Oliveira (Secretaria-Geral da Presidência), Bento Albuquerque (Minas e Energia), Tereza Cristina (Agricultura), Onyx Lorenzoni (Cidadania), Wagner Rosário (Controladoria-Geral da União), André Mendonça (Justiça) e Marcos Pontes (Ciência e Tecnologia). Bolsonaro baixou a máscara para falar em um momento, pegou bebês no colo e levantou as mãos de ministros, descumprindo recomendações de distanciamento social. Em vários momentos da manifestação, os participantes entoavam música exaltando a cloroquina, medicamento que o presidente defende com o panaceia na pandemia, mas sem comprovação de eficácia contra a Covid-19.”
Todo mundo cheio de trabalho. E ao que me parece o Braga Netto não estava aí, deve sero único general que ousa contrariar o capitão.
E mais uma vez teve jornalista agredido:
“Uma apoiadora do presidente Jair Bolsonaro bateu com o mastro de uma bandeira do Brasil na cabeça de uma jornalista da Band News TV que esperava para entrar ao vivo pela emissora durante manifestação em apoio ao governo, na capital federal. O episódio ocorreu pouco antes da participação de Bolsonaro no protesto. Depois da agressão, a repórter Clarissa Oliveira relatou que o tom dos manifestantes foi “bastante agressivo” em relação à imprensa. A responsável pela agressão, de acordo com ela, circulava com a bandeira do Brasil chamando profissionais da imprensa de “lixo”. Após acertar com a bandeira na cabeça da profissional, a mulher riu da situação e pediu desculpas, ainda aos risos.” [Estadão]
Encerro com essa coleção de crimes:
Olha onde o moleque foi parar:
Só vamos combinar uma parada: se os milicos derem o golpe não vai ter lei de anistia nem fodendo, e o Villas-Bôas será condenado nem que seja in memorium.
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5. Malditos milicos, parte 2
Como de hábito a coluna do Marcelo Godoy é tão boa que ganhou tópico próprio:
“Quando numa certa manhã, Luiz Eduardo Ramos e Walter Braga Netto acordaram de sonhos intranquilos, encontraram-se metamorfoseados em políticos. Os generais não tinham o uniforme correto, o sapato engraxado, as mãos estendidas e abertas com o polegar enérgico alinhado milimetricamente com os demais dedos a prestar a mais perfeita continência. Tentaram voltar a dormir, pois a profissão de ministro de Jair Bolsonaro cansa, vive-se aos sobressaltos como o dentista de Stalin.
A metamorfose dos generais em políticos foi o que o leitor viu quando os dois lideraram a última, mas não a definitiva, exibição de irracionalidade no Planalto. Era sexta-feira, dia 15. Braga Netto sacou para os jornalistas um gráfico sobre a covid-19 no mundo. Se a turma frequentasse os mesmos grupos de WhatsApp de quem levou o documento ao general, veria que Braga Netto estava usando um argumento antigo e difundido pelas milícia bolsonaristas. O truque que o convenceu era usar o cálculo de mortes por cem mil habitantes e comparar os dados do Brasil com países com um índice pior, como a Bélgica.
O objetivo dos bolsonaristas ao espalhar a tabela para as tias Helenas do Zap é confundir. Seria possível fazer o mesmo gráfico com outros países – China, Rússia, Índia, Indonésia, Paquistão e Argentina e, assim, colocar o Brasil em primeiro lugar no ranking de mortes por habitantes. Espera-se que Braga Netto, o general, jamais tenha cometido tal barbaridade. Mas o político é capaz de espalhar bobagens de zap zap bem como assinar a demissão do ministro Sérgio Moro. A dúvida do mundo civil é saber se Braga Netto acredita no que recebe da rede social assim como na traição de Moro ou apenas é leal ao chefe.
Ramos, seu colega que se tornou político, estava na mesma reunião querendo passar um pito nos jornalistas porque estes contaram um fato, que o País tinha mais de 15 mil mortos até aquele dia em razão da covid-19. Sabe-se que a primeira vítima de uma guerra é a verdade; o que não se sabia era a adesão do governo a essa máxima. Ramos estranha o fato de a imprensa falar em 15 mil mortes pelo coronavírus quando milhares morrem em acidentes de carro todos os anos ou porque a imprensa não fala dos milhares que se curam da nova doença.
O pior disso é ter de explicar ao político o que o general devia saber. Se lesse os relatórios de campanha do Exército brasileiro nos campos da Itália, veria que os oficiais jamais registravam nos diários de unidades como o 6º Regimento de Infantaria o total de soldados salvos na guerra. Ramos encontraria dados sobre quantas munições foram disparadas pelas companhias de petrechos pesados, quantas baixas foram causadas pelo inimigo ou pelas doenças, mas jamais encontraria ali quantos estavam vivos. Ramos quer que a imprensa reze o Te Deum antes do fim dos combates.” [Estadão]
Que baita comparação!
“Quais seriam os padrões de comportamento dos militares que aderiram ao governo? Esqueceram do que escreveu Samuel Huntington? Ou logo virá o argumento de que nos Estados Unidos é diferente? De que vale compartilhar a capa do livro de O Soldado e o Estado, editado pela Biblioteca do Exército, em suas redes sociais, se a prática de uma centena de militares da ativa devia ser punida pelo regulamento disciplinar? Há milhares de tuítes políticos em posts publicados por oficiais superiores de forma aberta em suas contas. Desde o retuíte de manifestações de deputados ao compartilhamento de propaganda pessoal de Jair Bolsonaro.
Um velho pensador – tornado em diabo entre os adeptos do presidente – dizia que a “a prática é o critério da verdade”. O Exército deve punir os que se tornam membros de uma facção enquanto usam a farda. Só assim se deterá a escalada política em sua fileiras. Pode-se argumentar que o mau uso das redes sociais foi combatido pela portaria de 2019 do general Edson Pujol. Mas alguma coisa está errada quando um coronel da ativa, da Arma de Infantaria, publica um total de 295 tuítes políticos depois que o comandante os proibiu. Ao ritmo de um por dia, o coronel devia deixar o Exército e assinar a ficha do Aliança para o Brasil, pois trabalha mais para o Mito do que para o País.
A exemplo de Ramos e de Braga Netto, o infante completou sua metamorfose. Não é mais um militar. Valores como a neutralidade e a imparcialidade política foram destruídos nessa transformação. Como Gregor Samsa, o personagem de Kafka, um dia o coronel acordou de um sonho intranquilo e se viu transformado em uma outra criatura, nem melhor nem pior do que antes. Apenas diferente. Para os valores militares, nada mais distante do que os da política. Sua família pode tentar escondê-lo, que sempre há uma irmã misericordiosa na casa.
Um dia, Ramos e Braga Netto dirão que não disseram nada do que a imprensa publicou. Talvez alguém mesmo lhes dês razão. Mas será difícil apagar da memória do País a figura dos generais transformados em políticos. “Venceréis porque tenéis sobrada fuerza bruta, pero no convenceréis. Para convencer hay que persuadir, y para persuadir necesitaríais algo que os falta: razón y derecho en la lucha. Me parece inútil el pediros que penséis en España”, disse o reitor da Universidade de Salamanca ao general Millán Astray e aos seus companheiros. Era 12 de outubro de 1936. A falange de Franco vencia, mas não convencia. E a Espanha até hoje se lembra – ainda que recriação literária – da resposta do general ao reitor: “Abajo la inteligencia, viva la muerte!”
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6. Enquanto isso…
“Lula concorda com a tese de FHC sobre o inimigo em comum, Jair Bolsonaro: hoje, não há a menor possibilidade de o Congresso aprovar um impeachment. Faltam o impulso das ruas e ambiente político, na avaliação de ambos. Para Lula, o adversário não apenas se segura, como avança sobre o seu espólio. Avalia que, no campo político, Bolsonaro marcou gols importantes. Lula prevê que a distribuição dos R$ 600 durante a pandemia vai empurrar para os braços do capitão uma parcela importante do eleitorado petista. Não é por outro motivo que Bolsonaro pensa em manter o auxílio por mais tempo, para desespero de Paulo Guedes.” [O Globo]
Quando o impeachment da Dilma começou a vitória também não estava dada, porra, o mesmo com o Collor. E é como se não houvesse a porra duma pandemia a empilhar corpos enquanto o mais cretino dos presidentes se sai com um “e daí?”, “não sou coveiro”
E o PT só pode estar de sacanagem – texto do Thiago Amaparo
“Que Bolsonaro incorpora o fascismo ao léxico político brasileiro já sabemos. Tampouco chega a ser novidade o plano bolsonarista de radicalizar a política nacional ao ponto da caquistocracia, o governo dos piores. Ponto, aliás, a que já chegamos, apesar ou talvez justamente por causa das pilhas de notas de repúdio burocraticamente escritas, e arquivadas. Mesmo com o poder do necrofascismo bolsonarista de ofuscar o futuro que deveríamos estar construindo, recai sobre os ombros do campo progressista a responsabilidade histórica de, unidos, construí-lo. Nisto, estamos falhando magistralmente.”
Aí o Thiago fala do Freixo, da indicação do Tatto para candidato a prefeito do PT – numa decisão tomada por espantosos 650 votos, vai bem a democracia petista – e corta pra Hungria do Orbán:
“Corta para Budapeste, Hungria, 2019. Partidos de oposição ao regime do poderoso premiê Viktor Orbán ganharam 14 dos 23 distritos da capital Budapeste. No país, a oposição obteve 10 das 23 maiores cidades. Nada desprezível. Orbán controla dois terços do Parlamento húngaro, o que o permite mudar a constituição que o seu próprio partido escreveu a seu bel prazer. Orbán controla a mídia – de radio, a jornais e até outdoors, e moldou a lei eleitoral para favorece-lo. Neste cenário improvável, a oposição húngara aprendeu a lição para tirar do partido de Orbán a fama de invencibilidade: união. Não por altruísmo ou por concordarem entre si, mas por pragmatismo. Depois de sucessivas tentativas frustradas de coalizão e derrotas eleitorais, partidos de oposição na Hungria desenvolveram a receita bem-sucedida: realizaram primárias para escolher os candidatos, deram espaço para novos políticos, incorporaram pautas que apelam a uma gama maior de eleitores como meio ambiente.
No Brasil, partidos de esquerda e de centro esquerda, até o momento, não tem mostrado igual maturidade na corrida eleitoral para as prefeituras. “Para derrotar o bolsonarismo é preciso mais que responder as crises que ele provoca. Tem que ir além. Temos que vencê-lo com um projeto que seja melhor que o dele. Qual é o nosso projeto? (…) Precisamos de um projeto que não seja meu, do (Fernando) Haddad, do Ciro (Gomes), de quem for. Estou pedindo uma unidade tanto no Rio quanto em outros lugares”, segue Freixo na mesma entrevista do último dia 16. Ironicamente, PT lançou na mesma semana o “Plano Lula para o Brasil” – quaisquer que sejam os méritos do programa (muitos serão), colocá-lo sob o manto personalista vai na contramão de uma coalizão mais ampla do que o lulismo.” [Folha]
Eu imagino Bolsonaro gargalhando nessa hora, pra que diabos colocar o nome do Lula na porra do plano?! Personalização na política NUNCA dá certo (alguém aí ouviu gritos de “mito“?! Pois é), ainda mais num país que entrou num transe anti-petista. E foda-se se o transe é justo ou não, é a porra dum dado da realidade. Os caras que só lembraram de criticar Bolsonaro no último dia do primeiro turno continuam equivocadíssimos, impressionante.
“Bolsonaro não é Orbán, não ainda – este é bem mais poderoso do que aquele. Se a esquerda não se unir hoje, estaremos recolhendo os cacos de nossas escolhas personalistas nas eleições municipais, quiçá, em 2024 ou 2028. Lembro aqui da frase memorável de Shirley Chisholm, primeira congressista negra nos EUA e primeira pré-candidata à Casa Branca nos anos 70 pelo Partido Democrata: “Se eles não lhe derem um assento à mesa, traga uma cadeira dobrável.” Para que um futuro progressista seja construído, aqueles que hoje se sentam à mesa precisam ou se levantar ou colocar mais cadeiras à mesa. Ainda há tempo de escolher.”
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7. Se filho da puta voasse não veríamos a luz do sol
“A Advocacia Geral da União (AGU) defendeu no STF o decreto que impõe a apresentação de CPF regular para o recebimento do auxílio emergencial de R$ 600. A resposta foi dada a uma ação apresentada pelo PCdoB, que afirmou que exigir a regularização do CPF neste momento é “induzi-lo (brasileiro) ao desespero e à morte”.” [Época]
Alguém discorda disso?
“Na defesa, a AGU argumentou que “o auxílio emergencial não se mostra elegível a todos os trabalhadores, mas apenas àqueles que se encaixam nos requisitos estipulados” e que a exigência do CPF é “apenas um mecanismo procedimental. A exigência da regularidade do CPF é efeito direto da necessidade de correção de dados dos beneficiários, para que se tenha a segurança de que os recursos estão sendo destinados àqueles que necessitam”, alegou.”
Tomar no cu, era pra tolerar desvios justamente pra ninguém que merecia receber a grana ficar sem, mas vá explicar isso pra esses psicopatas…
“Bases de dados desatualizadas e decisões políticas podem ter deixado de fora pessoas que tinham direito a receber o auxílio emergencial de R$ 600, criado para combater os efeitos econômicos do novo coronavírus. Até agora, 36,8 milhões de pessoas receberam resposta negativa ao pedido do benefício. Parte delas pode ter ficado sem o dinheiro por engano. O benefício pode ter sido negado, por exemplo, a pessoas que perderam o emprego depois do dia 16 de março —graças à base de dados escolhida pelo governo para decidir quem tem direito ou não ao benefício. Assim, pessoas cujas empresas foram atingidas pela crise econômica provocada pelo vírus podem ter ficado sem o auxílio.” [Folha]
Entendeu? Foi demitido em plena pandemia e se fodeu!
“Também podem ter sido excluídas pessoas que tenham sido candidatas ou eleitas como suplentes de vereador nas últimas eleições municipais, em 2016 —independente do número de votos recebidos. Isto porque o governo decidiu cruzar dados com o Tribunal Superior Eleitoral, mesmo sem previsão legal. Além disso, o Ministério da Cidadania também resolveu vetar o recebimento do benefício por parte de pessoas que tenham familiares presos, mesmo aquelas que tinham direito ao auxílio —novamente, sem qualquer previsão na lei que criou o benefício.”
Lei?! Que lei?!
“Apesar da negativa aparecer em documentos oficiais, o ministério negou à reportagem da BBC que tenha impedido a entrega do benefício a este grupo. No caso dos familiares de presos, quase 40 mil pessoas podem ter sido atingidas, segundo o próprio Ministério. Os problemas foram constatados por especialistas em políticas públicas e procuradores da República com base em informações fornecidas pelo governo à Procuradoria Federal dos Direitos do Cidadão (PFDC) do Ministério Público, na última quarta-feira (13).”
Enquanto isso milhares de milicos embolsando a grana…
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8. STF
O favorito a vaga ao STF é o sujeito por quem Bolsonaro disse ter amor.
“João Otávio de Noronha, presidente do STJ, não é “terrivelmente evangélico” (ao menos ainda não), mas virou favorito para a vaga que será aberta em novembro no STF.” [O Globo]
Palavras do Bolsonaro no dia 8 de maio:
“Prezado Noronha, permita-me fazer assim, presidente do STJ. Eu confesso que a primeira vez que o vi foi um amor à primeira vista. Me simpatizei com Vossa Excelência. Temos conversado com não muita persistência, mas as poucas conversas que temos o senhor ajuda a me moldar um pouco mais para as questões do Judiciário. Muito obrigado a Vossa Excelência” [UOL]
Não é possível que isso não seja suficiente pra barrar uma possível indicação. E eu acho lindo como isso só corrobora a acusação de interferência presidencial na porra toda. AGU virou PGR e agora ele quer sua alma gêmea jurídica na suprema corte. Pelo menos o sujeito é coroa, se fosse o da AGU seria 30 anos de suprema corte.
Que Ernesto enfie essa decisão na bunda:
“Duas semanas depois de suspender a ordem do Ministério das Relações Exteriores para que 34 diplomatas venezuelanos deixassem o Brasil (o que deveria ocorrer no dia 2 de maio), o ministro do STF Luís Roberto Barroso ratificou hoje a liminar. A decisão autoriza que os diplomatas fiquem no Brasil enquanto durar o estado de calamidade pública e emergência sanitária reconhecido pelo Congresso. A atitude de Barroso, de duas semanas atrás, irritou Jair Bolsonaro e foi duramente criticada por ministros do governo, como Augusto Heçleno, e pelo vice Hamilton Mourão. Na liminar anterior, Barroso deu um prazo de dez dias para que o Itamaraty e a AGU apresentassem as razões sobre a urgência da retirada dos venezuelanos. As informações foram prestadas, mas Barroso manteve a decisão. Tanto na sentença de quinze dias atrás quanto na confirmação de hoje, Baroso enfatiza que a decisão de Jair Bolsonaro de expulsar os diplomatas não está em discussão — o presidente tem poder para tomar tal atitude. O que está em questão, entretanto, é a saída deles do Brasil em período de isolamento social.” [O Globo]
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9. Covid-17
16 mil mortes, fora a brutal sub-notificação. E contando.
É por essas e outras que eu acertei pra caralho no nome do blog:
Ainda rolou isso aqui na manifestação de domingo:
Imagine um presidente frouxo:
“Em determinado momento do seu governo, Michel Temer parou de frequentar eventos público diante da certeza de que seria alvo de protestos e passaria por constrangimentos diante de sua enorme impopularidade. Completando 500 dias de governo, Jair Bolsonaro vive o mesmo drama de Temer. Eleito com 57 milhões de votos, passa os dias de governo simulando agendas públicas previamente calculadas com público minguado e majoritariamente bolsonarista. Desde que a pandemia se agravou, os militares do Planalto, que ainda pensam no governo, tentam convencer Bolsonaro a deixar a bolha do palácio para ver como é a vida real, dos brasileiros reais, dos profissionais de saúde reais, em hospitais reais que caem aos pedaços e estão abarrotados de pacientes morrendo na pandemia. Bolsonaro evita a agenda pelo mesmo receio que fazia com que Temer ficasse trancado no universo de palácios de Brasília.
Com mais de 16.000 mortos pelo coronavírus, o presidente tem apenas uma certeza. Depois de tanto boicotar o trabalho do Ministério da Saúde e dos governadores e de se ausentar completamente do papel de líder do país na pandemia, ele não será recebido nos hospitais país afora com gritos de “mito”. É para não ouvir o que não quer que o presidente segue o roteiro de trabalho vida mansa. Por volta de 8h, desce na portaria do Palácio da Alvorada para ouvir bajuladores e reclamar da imprensa. Depois, vai para o Planalto lutar pela sobrevivência política, negociando cargos no toma lá dá cá do centrão. Por volta de 17h, como ninguém é de ferro, já está arrumando as coisas para fechar o expediente – isso, claro, se não tiver nenhuma festinha ou coquetel de militares, o tipo de agenda que ele não perde. No fim de semana, claro, ele tem agenda marcada com os aloprados que vão ao Planalto pedir golpe militar e atacar as instituições.” [Estadão]
Frouo do caralho! Não à toa o único hospital visitado durante a pandemia foi o das Forças Armadas. Bolsonaro deve ter visto isso aqui e se borrado de medo:
E Bolsonaro não tem pressa para escolher o ministro da Saúde, muita calma nessa hora:
“O presidente Jair Bolsonaro disse a aliados neste final de semana que não quer ser açodado na escolha do futuro ministro da Saúde que entrará no lugar de Nelson Teich, que pediu demissão na última sexta (15). Por isso, cresce entre assessores do presidente a avaliação de que o general Eduardo Pazuello, ministro interino, ficará à frente da pasta por pelo menos mais uma semana. O presidente indica que, enquanto não tiver segurança na escolha, pode deixar Pazuello no comando até o fim da pandemia. Avalia que seria menos traumático do que ter de promover mais uma troca na chefia do ministério.” [Folha]
Algo me diz que o Mandetta está sendo otimista:
“Luiz Henrique Mandetta, ministro da Saúde até outro dia, estima que 150 mil brasileiros terão morrido em consequência da Covid-19 ao fim da pandemia.” [O Globo]
Mandetta também falou sobre a tara presidencial com a cloroquina:
“Ele quer um medicamento para que as pessoas sintam confiança, para retomar a economia. E isso a pessoa fica na sua tranquilidade achando que o medicamento resolve o problema. Como é barato e o Brasil produz, por ser medicamento da malária… Só que malária costuma dar em mais jovens. Se você dá cloroquina para pessoas acima de 60 anos que já tem problemas cardíacos, você pode precipitar uma série de mortes por parada cardíaca. Nos estudos que estamos fazendo, 33% dos pacientes tiveram arritmia e tiveram de interromper o tratamento. A eficácia ainda não é comprovada. Mas, como politizaram a ciência, o que a gente está vendo é a ciência política, usando a cloroquina, porque eles não têm nenhuma formação técnica para discutir isso” [UOL]
E advinhe quem também canta as glórias da cloroquina:
“O presidente Jair Bolsonaro tem um líder latino-americano como aliado na defesa do uso da cloroquina como medicamento contra a Covid-19: Nicolás Maduro, da Venezuela. Na noite de quinta-feira, Maduro publicou um elogio ao medicamento em uma rede social, sem levar em consideração evidências científicas para respaldá-lo: “Felicito ao pessoal científico da saúde de nosso país, que trabalha com boa fé e amor para proteger a saúde do povo. Com eles avançamos na produção do difosfato de cloroquina, fármaco eficiente para o tratamento contra o Covid-19”. A afirmação de Maduro aconteceu no mesmo dia em que um poderoso dirigente do regime da Venezuela ameaçou reprimir a academia de ciências do país por publicar uma pesquisa que questiona os dados oficiais sobre casos de coronavírus. Oficialmente, o país só registra 455 casos e 10 mortes até agora. Diosdado Cabello, vice-presidente do governista Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV), disse que um estudo da Academia Venezuelana de Ciências Físicas, Matemáticas e Naturais que afirmava que o número oficial de mortes parecia inverossímil era um “convite para as agências de segurança visitá-los”. Além da cloroquina, Maduro, em abril, recomendou “ervas naturais, naturismo” para enfrentar a Covid-19. Em março, ele postou a receita de um suco com gengibre, pimenta e mel, afirmando que combateria o novo vírus.” [O Globo]
E tem quem defenda o Maduro, eu juro que dá pra criticar o Maduro e a oposição ao mesmo tempo, eu juro.
E que homem é o Flávio Dino!
E que zona é o ministério da Saúde…
“A cultura militar trazida pelo ministro interido da Saúde, o general Eduardo Pazuello, tem causado ruídos dentro da pasta. Termos usados pela “tropa” passaram a fazer parte da rotina do ministério. Alguns servidores estão se sentido incomodados com uma expressão usada pelo ministro para falar com seus auxiliares. Pazuello costuma chamá-los de “cães de guerra”. Parte dos funcionários considera o termo ofensivo. Pazuello disse à coluna que esse é “um jargão” e que usa só a expressão com a equipe de militares que levou para o ministério. Segundo o ministro, “é um elogio” entre os integrantes das Forças Armadas. Aos demais, com quem diz não ter intimidade, só trata por “senhor” e “senhora”.” [O Globo]
“Cão de guerra” ser elogio no Exército que não entra em guerras há décadas é hilário…
E todo mundo é grupo de risco:
“Parents, hospitals and clinics should expect to see more cases of a mystifying condition that seems to be affecting children after a bout with Covid-19, doctors said Wednesday. The condition, called multisystem inflammatory syndrome in children, appears to be a post-viral syndrome, said Dr. Jeffrey Burns, a critical care specialist at Boston Children’s Hospital who has been coordinating a global group of doctors who compare notes on the condition. Doctors are investigating cases in at least 150 children, most of them in New York. But a CNN survey finds hospitals and clinics in at least 18 states and Washington, DC are checking into suspected cases. “This multisystem inflammatory syndrome is not directly caused by the virus,” Burns told CNN. “The leading hypothesis is that it is due to the immune response of the patient.”
Symptoms include persistent fever, inflammation and poor function in organs such as the kidneys or heart. Children may also show evidence of blood vessel inflammation, such as red eyes, a bright red tongue and cracked lips, said Dr. Moshe Arditi, a pediatric infectious diseases expert at Cedars-Sinai Medical Center in Los Angeles. British doctors first sounded the alert about the syndrome last month. The Royal College of Paediatrics said Thursday that between 75 and 100 children in Britain had been affected. Italian doctors have also reported the syndrome. Dr. Ngozi Ezike, director of the Illinois Department of Public Health, said it’s a complicated disorder. “It’s a spectrum of disorders, and so in some cases you’ll have the individual have coronary artery involvement. Sometimes they don’t,” Ezike told a news conference..” [CNN]
Ah, eu me recuso a escrever aqui sobre o nome dos sonhos dos bolsonaristas para o ministério da Saúde, me limito a apontar que no currículo consta ele ter morado com Olavo de Carvalho por um ano.
Encerro com alentos:
“A empresa americana de biotecnologia Moderna anunciou nesta segunda-feira (18) resultados “positivos provisórios” em um pequeno número de voluntários na fase inicial de testes de sua vacina contra o novo coronavírus A vacina, oferecida em duas doses, aparentemente produziu uma resposta imune em oito pacientes que a receberam em março. Esses oito voluntários saudáveis criaram anticorpos que depois foram testados em células humanas em laboratório e conseguiram impedir o vírus de se replicar. Os níveis dos chamados anticorpos neutralizantes eram similares aos encontrados em pacientes que contraíram o novo coronavírus e se recuperaram. A empresa disse que a fase 3, de testes com cerca de 600 pessoas, começará em julho. Espera-se que uma vacina eficaz leve de um ano a 18 meses.” [Folha]
E rola outra vacina indo bem nos testes na universidade de Oxford:
“Na ausência de um medicamento e com as incertezas que cercam a imunidade de rebanho, nossas esperanças para resolver a pandemia concentram-se na possibilidade de uma vacina. Vacinas, em geral, demoram de cinco a oito anos para ficar prontas, entre desenvolvimento, testes e produção. Mas os avanços da ciência e a necessidade urgente podem mudar o quadro. Semana passada, saíram resultados promissores de uma vacina desenvolvida pelo Jenner Institute, na Universidade de Oxford, no Reino Unido. Trata-se de uma vacina baseada numa estratégia que pode, ainda, ser adaptada para outros vírus. Bem antes da Covid-19, o time inglês buscava vacina para MERS (Síndrome Respiratória do Oriente Médio). Usando uma versão modificada do adenovírus — um tipo que causa resfriados e ataca macacos —, e uma sequência genética do vírus da MERS, os cientistas conseguem fazer com que o adenovírus, que não causa nenhuma doença em humanos, fabrique uma proteína do MERS-Cov, e engane o nosso sistema imune.
É como se estivéssemos fantasiando o adenovírus de MERS. Ele chega nas nossas células dizendo, “oi, eu sou o vírus da MERS”. As células acreditam, e preparam suas defesas. Em essência, é isso que as vacinas fazem: enganam o organismo, para que nosso sistema imune ache que está sendo atacado. Esta reação deixa para trás o que chamamos de memória imunológica, e deve nos proteger do inimigo real. As primeiras vacinas usavam os vírus originais das doenças, inativados ou enfraquecidos (“atenuados”). Ainda temos várias vacinas assim. Elas funcionam bem, mas a logística de produção pode ser complicada. Voltando à vacina de Oxford, tivemos sorte de ter um grupo trabalhando com MERS. Não só é um vírus “primo” do novo coronavírus, como a verba da pesquisa não foi cortada depois que o surto original da MERS, na década passada, terminou. Muitas pesquisas de vacinas para vírus semelhantes ao SARS-CoV-2 foram encerradas, por falta de verbas, quando as doenças que causavam deixaram de ser vistas como ameaças globais. Além disso, como se trata de uma vacina onde o adenovírus é usado como veículo para alguns genes do verdadeiro inimigo, agora é só trocar o “passageiro”! Saem os genes da MERS, entram os do SARS-CoV-2. A nova vacina, que recebeu o desajeitado nome de ChAdOx1 nCoV- 19, já está sendo testada em humanos, e se saiu muito bem em testes em animais. Os macacos ficaram protegidos e não tiveram efeitos colaterais.” [O Globo]
E a China vai deitar no soft power enquanto Trump dinamita o sfot power americano:
“Chinese President Xi Jinping pledged to make any coronavirus vaccine universally available once it’s developed, part of an effort to defuse criticism of his government’s response to a pandemic that has killed more than 315,000 people around the world. In a speech on Monday to the World Health Assembly, the governing body of the Geneva-based World Health Organization, Xi called for greater international cooperation in fighting the pandemic. He also said China will provide $2 billion over two years to support the fight. Taiwan dropped a request to be included in the gathering after objections from Beijing. “Covid-19 vaccine development and deployment in China, when available, will be made a global public good, which will be China’s contribution to ensuring vaccine accessibility and affordability in developing countries,” Xi said via video.” [Bloomberg]
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10. Bora passar raiva?!
Mas né pouca raiva não, digamos que o Demétrio Magnoli estava inspiradíssimo
“Os secretários estaduais de Saúde bateram a porta na cara do agora ex-ministro Nelson Teich. Diante de uma proposta de diretrizes sobre níveis de distanciamento social, responderam que, enquanto a curva da epidemia sobe, não é hora de discutir o assunto. Nossa polarização política reflete-se como guerra retórica entre dois extremismos. Num polo, Bolsonaro e seus lunáticos fantasiam-se de defensores da economia e dos empregos. No extremo oposto, configura-se um fundamentalismo epidemiológico que, vestido com a roupagem da ciência, exibe-se como o exército da vida. A Suécia oferece uma alternativa à dicotomia irracional.” [O Globo]
Caralho, viado, ele comparou Bolsonaro com o “fundamentalismo epidemiológico vestido com a roupagem de ciência”, esse aí tomou ácido estragado.
“O país escandinavo rejeitou a polaridade filosófica vida versus morte e sua tradução estratégica: saúde pública versus economia. Distinguindo-se de quase toda a Europa, navega por medidas brandas de isolamento social que não abrangem quarentenas extensivas. O fundamentalismo epidemiológico acusou-a de renegar a ciência, cotejou sua taxa de mortalidade por Covid (34 por 100 mil) com a de seus vizinhos (Noruega: 4,3; Finlândia: 5,1) e, num julgamento sumário, declarou-a culpada de desprezo pela vida. O governo sueco não classificou a doença como “uma gripezinha”, recusando o negacionismo. Como o resto da Europa, definiu o objetivo de “achatar a curva”. Mas modulou a estratégia para o longo prazo, estimando que a vacina tardará. Aceitou, portanto, taxas maiores de óbitos imediatos, em troca da mesma mortalidade que os outros no horizonte da imunidade coletiva. No plano epidemiológico, um veredicto justo deve aguardar o momento redentor da vacinação em massa.
O parâmetro sueco não é suprimir o vírus pelo bloqueio social, mas evitar as mortes evitáveis — ou seja, preservar a capacidade hospitalar de atendimento de casos graves. Nesses dias, após “achatar a curva”, os governos europeus começam suas reaberturas, ainda em meio a milhares de contágios. Todos rendem-se ao mesmo parâmetro — e, claro, enfrentam a voz indignada dos anjos da vida. Os anjos estão errados, por motivos pragmáticos e filosóficos. O colapso econômico cobra vidas. A depressão mundial lançará cerca de 130 milhões de pessoas na vala da fome. O desemprego crônico, com seu cortejo de alcoolismo e opioides, corta a expectativa de vida em mais de cinco anos. Por que a vida de um faminto ou de um desempregado vale menos que a de um infectado pelo vírus?”
Caralho, que dicotomia escrota do caralho, Abraham deve ter adorado essa coluna.
“A Suécia levou em conta um valor que escapa ao domínio epidemiológico: as liberdades civis. Quarentenas prolongadas achatam direitos, tanto quanto a curva de contágios. A liberdade ou a segurança? No caso da Aids, que matou 32 milhões, jamais restringimos as atividades sexuais, impondo legalmente testagens aos parceiros para evitar a difusão do vírus. “
Ah, vai tomar no meio do olho do seu cu, porra, que comparação escrota é essa?!
“A filosofia moderna nasceu com a declaração do direito à revolta contra governos tirânicos. A escolha de viver em liberdade deflagra rebeliões, que causam conflitos e mortes. No plano dos valores, quarentenas justificam-se pela interdição ética fundamental de deixar pacientes morrerem sem tratamento apropriado. Itália, Espanha e França recorreram ao lockdown precisamente diante desse abismo. A Alemanha, que não chegou perto dele, preferiu uma quarentena moderada — e começa a reabrir em nome dos “direitos constitucionais”. O exemplo sueco não indica que os italianos erraram — e não serve para moldar as respostas brasileiras a uma curva exponencial. Por outro lado, é a bússola mais precisa para nortear o debate, em todos os lugares, sobre lockdowns, quarentenas e flexibilizações. A epidemiologia militante, iracunda e intolerante, não tem o direito de invocar uma aliança preferencial com a vida, rotulando como arautos da morte os que ousam contestar suas receitas. Teich foi elevado por Bolsonaro ao ministério com a missão de fabricar mais desordem, sabotando nossas últimas oportunidades de coordenar o combate à epidemia. Mas ele sabotou o sabotador, ao oferecer um esboço de diretrizes comuns. Os secretários de Saúde fizeram baixa política ao recusar a mera discussão da proposta. Ganham aplausos indevidos de fanáticos do bem.”
Que bad trip escrota do caralho!
Eu tava jurando que nada me irritaria mais que o Magnoli no dia de hoje, me enganei redondamente:
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11. O toma-lá-dá-cá virtuoso
Depois do DNOCS…
“Em uma tentativa de reaproximação com partidos do Centrão, o presidente Jair Bolsonaro entregou a Diretoria de Ações Educacionais do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE) ao PL, sigla do ex-deputado Valdemar da Costa Neto, condenado no mensalão. A nomeação de Garigham Amarante Pinto, assessor do partido na Câmara, foi publicada nesta segunda-feira, 18, no Diário Oficial da União. Vinculado ao Ministério da Educação (MEC), o FNDE é um dos espaços mais cobiçados por políticos, com orçamento de R$ 29,4 bilhões neste ano. Foi por meio do órgão que a pasta contratou uma empresa para fornecer kits escolares a estudantes que, segundo o Ministério Público, está envolvida em um esquema que desviou R$ 134,2 milhões de dinheiro público da saúde e da educação na Paraíba.” [Estadão]
Tutti buona gente!
“O presidente Jair Bolsonaro nomeou o ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, para o conselho de Itaipu Binacional, hidrelétrica que fica na fronteira com Foz do Iguaçu, no oeste do Paraná, e Cidade del Leste, no Paraguai Itaipu. Também foram reconduzidos aos cargos de conselheiros, entre outros, Carlos Marun, ex-ministro de Michel Temer, e o ex-deputado e delatado da Odebrecht José Carlos Aleluia (DEM-BA). As nomeações foram publicadas em edição extra desta sexta-feira (15) do “Diário Oficial da União” e assinadas por Bolsonaro e o próprio ministro de Minas e Energia.” [G1]
Imagine aí a cabeça do bolsonarista: Moro caiu atirando, Guedes tá sendo velado em vida, interferência a torto e a direito, Queiroz de volta às manchetes e ainda tem o centrão chamando o pato manco pra bailar.
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12. Adeus, gringos!
O capital grindo tá saindo loucamente do Brasil.
O capital gringo como?!
Mas a culpa é de todo mundo, menos do Guedes e do Bolsonaro, tá ok?!
Essa thread maravilhosa casa bem demais com o tuíte aí de cima:
Ah, o agronegócio é a locomotiva da economia brasileira, certo?!
“A China pediu que empresas de comércio e processadoras de alimentos aumentem os estoques de grãos e oleaginosas diante de uma possível segunda onda do coronavírus e o agravamento da doença em outros países. Essas companhias foram foram orientadas a adquirir maiores volumes de soja, óleo de soja e milho, principais matérias-primas para a produção de ração animal. O receio é de fechamento de portos ou redução no ritmo de embarques tanto ao redor do mundo quanto na China. Um comerciante ouvido pela agência de notícias Reuters citou a disseminação da doença no Brasil afirmando “que as coisas não parecem bem” no país. O Brasil é o principal fornecedor de soja para a China e também um grande exportador de carne para o país asiático. Mas o país continua com aumento no número de casos de Covid-19. Nas últimas semanas, o conglomerado agrícola estatal chinês COFCO e o distribuidor de grãos Sinograin aumentaram as compras de soja e milho nos EUA. Os americanos são os mairoes produtores de soja e milho do mundo, mas vinham sendo preteridos pelos chineses, especialmente em um contexto de disputa comercial entre os países. Pequim também aumentou suas alocações de cotas de importação para os principais compradores de grãos, abrindo caminho para novas compras em potencial.” [Folha]
E o ruralista que afundou 17 na urna, Costinha?
Trump agradece e eu gargalho só de imaginar o desespero dos ruralistas que afundaram o 17 na urna.
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13. Um Trump Muito Louco
Em 2016 Trump disse que poderia matar alguém em plena Quinta Avenida que nada lhe aconteceria. Pois bem:
“The US state department’s inspector general, Steve Linick, has become the latest senior official to be fired by US President Donald Trump. Mr Trump said Mr Linick no longer had his full confidence and that he would be removed in 30 days. Mr Linick had begun investigating Secretary of State Mike Pompeo for suspected abuse of office, reports say. Democrats say Mr Trump is retaliating against public servants who want to hold his administration to account. “It is vital that I have the fullest confidence in the appointees serving as inspectors general. That is no longer the case with regard to this inspector general,” Mr Trump is quoted as saying in a letter sent late on Friday to House Speaker Nancy Pelosi, US media report.
Not long after Mr Linick’s dismissal was announced, the chairman of the House Foreign Affairs Committee said Mr Linick had opened an investigation into Secretary of State Mike Pompeo. “This firing is the outrageous act of a president trying to protect one of his most loyal supporters, the secretary of state, from accountability,” Eliot Engel, a Democrat, said in a statement. “I have learned that the Office of the Inspector General had opened an investigation into Secretary Pompeo. Mr Linick’s firing amid such a probe strongly suggests that this is an unlawful act of retaliation.” Mr Engel did not provide any further details about the content of this investigation into Mr Pompeo. Congressional aides, speaking on condition of anonymity, have been quoted in different media as saying that Mr Linick was examining complaints that Mr Pompeo may have improperly used staff and asked them to perform personal tasks.” [BBC]
E que cara de pau maravilhosa do governador da Georgia:
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>>>> Será que o delegado contou isso para o presidente em mais uma apresentação exclusiva do inquérito ao Bolsonaro? “Frederick Wassef, advogado ligado à família Bolsonaro, foi citado no relatório da segunda investigação da facada entre aqueles que espalharam conspirações ao longo do inquérito. O delegado Rodrigo Morais narra o episódio em que ele apareceu em programa de TV para apresentar o que seria um suposto furo jornalístico, na última segunda (11). Na ocasião, Wassef disse ter ouvido de uma testemunha que o PT estaria por trás da tentativa de assassinato do então candidato a presidente. No documento, a Polícia Federal afirma que sabe de quem ele estaria falando, diz que já ouviu a pessoa e desconstrói a teoria. “Convém mencionar que Wassef, embora se apresente como advogado da vítima, não possui procuração, sendo que jamais esteve nesta PF para consultar as investigações, para indicar testemunhas ou para propor diligências, como se depreende da ausência de petições, certidões ou termos de vista em seu nome, sendo certo que a vítima possui outros advogados regularmente constituídos”, disse. Wassef afirma que é advogado do presidente desde 2014, assim como também defende o senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ). Ele diz que Bolsonaro assinou procurações que o designam para o caso em setembro do ano passado, mas que ele preferiu não usá-las. Além disso, aponta o advogado em nota, a imprensa noticiou em 2019 agendas que ele mantinha com o presidente.” [Folha]
>>>> Pra cima do Advogado/Engavetador-geral da República: “Os procuradores no entorno de Augusto Aras estão com a faca nos dentes. Não querem uma PGR dócil aos políticos — incluindo aí Jair Bolsonaro. A denúncia que a PGR apresentou duas semanas atrás contra Aécio Neves, acusado de receber R$ 65 milhões em propinas, é lida no órgão como um aviso a Aras para não amaciar nas investigações e denúncias.” [Folha]
>>>> A idéia é boas mas 1 bilhão é piada!: “O ministro Tarcísio de Freitas trabalha num plano pra tentar socorrer as empresas aéreas. Consiste no seguinte: o governo anteciparia a compra de passagens aéreas usadas pela administração federal para injetar caixa nas companhias. O valor da operação seria de R$ 1 bilhão.” [O Globo] Se essa for uma parte da ajuda ok, mas se for só isso, puta que pariu…
>>>> Depois da Argentina, o Uruguai: “En la página endCoronavirus.org, se muestran estadísticas en tres fases, los países que «van ganando», otros que «están cerca» y la gran mayoría que necesita «acción urgente» para frenar la pandemia. Según el sitio, los países que van ganando son aquellos que muestran una variante entre casos nuevos versus el tiempo, es decir, los que en promedio de 10 días no han mostrado más casos positivos. Uruguay se encuentra en la lista de los que tiene mejores datos a la fecha, según el último reporte del sitio.” [Dearce]
>>>> A demência é ampla, geral e irrestrita: “O Ministério da Cidadania e a Secretaria Especial da Cultura estão elaborando uma proposta de medida provisória que pretende extinguir a Fundação Casa de Rui Barbosa. A ideia é transformá-la em Museu Casa de Rui Barbosa, que passaria a integrar a estrutura regimental do Instituto Brasileiro de Museus (Ibram). A bancada do PSOL na Câmara entrou com pedido de requerimento de informação sobre o processo no ministério. Eles afirmam que a fundação é “responsável pela maior e mais significativa produção de conhecimento sobre políticas culturais do Brasil, o que dificilmente conseguiria ser gerido pelo Ibram”. O ministério e a secretaria não responderam.” [Folha]
>>>> Que entrevista do Daniel Filho, vale ler na íntegra: “É com um semblante de tristeza, angústia e preocupação que o diretor Daniel Filho, 82, entra no Zoom para dar esta entrevista sobre Regina Duarte, 73. A relação dos dois soma 55 anos, e ele se mostra pasmo com a guinada bolsonarista da ex-mulher, amiga e parceira profissional. Desde a polêmica entrevista que a atriz e secretária de Cultura de Bolsonaro deu à CNN menosprezando as mortes e a tortura na ditadura militar, Filho procura artistas que também a conhecem para tentar entender o que aconteceu. Nesta conversa, direto de seu confinamento no Rio de Janeiro, falou por uma hora e meia sobre o relacionamento de mais de cinco décadas com a atriz e por muitas vezes repetiu “eu não entendo”. Suspeitou de problemas psicológicos, dupla personalidade, até a possibilidade de ela estar apaixonada, quem sabe pelo próprio presidente. Aventou as hipóteses sem ironia ou agressividade, mas em tom de perplexidade e decepção. Disse que pensou em ligar para ela, mas desistiu, acha que não a influenciaria. “Quando ela põe uma coisa na cabeça, ela põe uma coisa na cabeça.Só dei esta entrevista para você escrever ‘Daniel não está entendendo o que está acontecendo com a Regina, só sabe que ela está totalmente errada’.” [Folha]
>>>> Caralho… “O primeiro-ministro do Lesoto, Thomas Thabane, anunciou sua renúncia nesta segunda-feira, um desfecho esperado após uma crise política que durou vários meses após Thabane ter se envolvido no assassinato de sua ex-mulher em 2017, apenas alguns dias antes de assumir o cargo. Desde então, ele vinha sendo rechaçado em seu país. — Decidi anunciar pessoalmente que estou deixando meus deveres como primeiro-ministro do Lesoto. Queria que vocês ouvissem isso da minha própria boca — disse Thabane de sua residência. No poder há quase três anos, Thabane, porém, não informou uma data específica para sua partida — seu mandato vai até 2022. Em fevereiro, ele chegou a prometer que deixaria o cargo “no final de julho”, devido à sua idade. Apesar da pressão de seu próprio partido, a Convenção All Basoto (ABC), e de sua coalizão de governo, Thabane resistiu por muito tempo no poder, mas, na semana passada, seus apoiadores na Assembleia Nacional mudaram de ideia e propuseram o atual ministro das Finanças, Moeketsi Majoro, para sucedê-lo como o novo chefe de governo. Thabane, de 80 anos, sempre garantiu que não tinha nenhuma ligação com o assassinato de sua ex-mulher nem com o homem formalmente acusado pelo crime. No mês passado, ordenou que o exército se mobilizasse nas ruas de Maseru para “restaurar a ordem” diante de seus adversários políticos, que exigiam sua renúncia. Com mediação da Africa do Sul, foi negociada uma saída “digna” do poder. Sem litoral, o pequeno reino situado na África do Sul central tornou-se independente em 1966 e, desde então, tem uma história política instável, repleta de golpes militares.” [O Globo]
>>>> E o escroto do Netanyahu conseguiu… “O governo conjunto liderado pelo primeiro-ministro israelense Binyamin Netanyahu, do Likud, e por Benny Gantz, do partido centrista Azul e Branco, tomou posse, neste domingo (17), após receber o voto de confiança do Parlamento, encerrando 500 dias de crise, marcados por três eleições sem vencedor. O acordo que possibilitou a aliança entre os dois políticos acabou com o impasse político mais longo da história recente de Israel. O panorama que se apresenta ao novo governo tem entre os desafios uma economia severamente abalada pela crise do novo coronavírus. Israel registra mais de 16.500 casos de infecção e 268 mortes. “As pessoas querem um governo de união, e é isso que terão hoje”, afirmou Netanyahu aos parlamentares antes da moção de confiança. O acordo de união prevê uma divisão igual dos ministérios entre os dois lados e a manutenção de Netanyahu no posto de primeiro-ministro. Apesar da vitória política, o premiê segue sendo investigado por corrupção e enfrentará um julgamento a partir do final de maio que deve se estender pelos próximos 18 meses. O primeiro-ministro foi indiciado em janeiro por acusações de suborno, fraude e quebra de confiança. Ele nega qualquer irregularidade nos três casos. Em 17 de novembro de 2021, Gantz assumirá o cargo de premiê por um período semelhante.” [Folha]
>>>> as: “O Japão entrou em recessão pela primeira vez desde 2015, com a já fragilizada economia que foi abatida pelas medidas adotadas para conter a pandemia do novo coronavírus, dentro e fora do país. A atividade econômica já estava fragilizada quando foi impactada pela doença, e o PIB (Produto Interno Bruto) do país, que é a terceira maior economia do mundo, atrás de Estados Unidos e China, caiu 3,4% no primeiro trimestre do ano, em termos anualizados. A leitura anualizada é igual a do PIB americano, que recuou 4,8% no período de janeiro a março. O dado da economia japonesa foi divulgado na noite deste domingo (segunda no horário local do Japão). Isso fez o país entrar tecnicamente em recessão, em geral definida como dois trimestres consecutivos de queda do PIB. Outras grandes economias ao redor do mundo devem seguir o mesmo caminho de Japão, Alemanha e França, no momento em que os esforços para conter a doença significam fechar serviços não essenciais. A situação para o Japão não será diferente. Previsões iniciais para período entre abril e junho mostram a economia ainda com dificuldades de reagir em meio a esforços adicionais para conter a doença. “A economia entrou na crise do coronavírus numa posição muito frágil”, disse Izumi Devalier, economista-chefe para o Japão do Bank of America Merrill Lynch. “Mas o problema real ainda está por vir. Serão três trimestres muito negativos.” A economia já vinha com problemas antes mesmo da pandemia. O consumo havia caído após o governo japonês aumentar em outubro impostos sobre consumo, de 8% para 10%, na tentativa adotada pela administração Shinzo Abe tentar diminuir a dívida interna (a maior dos países desenvolvidos).”[Folha]
>>>> O presidente argentino mata a gente de inveja:
>>>> Mais uma vitrória da “balbúrdia” brasileira, chupa, Abraham! “Um grupo internacional de pesquisadores, liderado por brasileiros, acaba de desenvolver um método para investigar microfósseis no interior de rochas sem destruí-los, criando uma nanotomografia 3D de sua estrutura. Os cientistas esperam futuramente usar a técnica para a busca por sinais de vida em amostras vindas de Marte. O trabalho tem como primeira autora Lara Maldanis, pesquisadora do Laboratório Nacional de Luz Síncrotron (LNLS), em Campinas (SP), atualmente em pós-doutorado na Universidade de Grenoble, França. O artigo descrevendo os resultados foi publicado na edição desta semana do periódico Scientific Reports. Os pesquisadores trabalharam com uma amostra da Formação Gunflint, no Canadá. “É um verdadeiro ícone no estudo da vida antiga na Terra”, conta Maldanis. Trata-se de uma das regiões mais bem documentadas de fósseis antigos, remontando a uma época em que a Terra era habitada tão somente por microorganismos simples, como bactérias e arqueias. A técnica envolve recortar um pequeno pedaço da rocha, contendo as estruturas de interesse, na forma de um tubinho de apenas 25 micrômetros (milésimos de milímetro), e então submetê-lo a uma varredura de raios X gerados por uma fonte de luz síncrotron (os pesquisadores usaram a da SLS, Fonte de Luz Suíça, no Instituto Paul Scherrer, em Viligen). O resultado é uma nanotomografia computadorizada de raios X que produz uma imagem 3D do que restou de células bacterianas que viveram há bilhões de anos. No caso em questão, 1,88 bilhão de anos. “A técnica nos permite ver a célula por todos os ângulos, e isso é muito importante quando se tenta diferenciar uma bactéria fóssil, que às vezes não passa de uma minúscula esfera ou filamento sem nenhuma ornamentação, de cristais ou simples aglomerados de matéria orgânica”, diz Maldanis. E por que parar em amostras terrestres? O grupo tem esperança de aplicar o método, por exemplo, em alguma amostra do famoso meteorito ALH84001, proveniente de Marte. Pesquisadores da Nasa, em 1996, disseram ter identificados nanofósseis de possíveis micróbios marcianos nele. Hoje o consenso científico é de que se tratam de estruturas não biológicas, mas os autores da pesquisa até hoje apostam em sua conclusão original e talvez uma técnica mais sofisticada de imageamento possa colocar ponto final à questão, para um lado ou para o outro. Não é fácil a Nasa emprestar um farelinho que seja do ALH84001, mas os pesquisadores brasileiros ainda não desistiram.” [Folha]