Dias 494, 495 e 496 | “Arbeit macht frei”, tá ok? | 09, 10 e 11/05/20

Taí o episódio de ontem, escrito por Pedro Daltro e editado pelo Cristiano Botafogo:

Os episódios você ouve lá na Central3 [Central3]

E já vou avisando, o relato aí de hoje é PESADO. tenham estômago.

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1. “Arbeit macht frei

Lembra do Godwin liberando as comparações de Bolsonaro com o nazismo?

Lembra do demente do Alvim emulando Goebbels ao som de Wagner?

Lembra do Boslonaro, em 2011, segurando um pôster o comparando a Hitler e dizendo que ‘ficaria bravo se tivesse brinquinho’? E sim, é real, não é montagem, essa nem eu tinha conhecimento.

Lembra do presidente há alguns anos posando com um cosplay de Hitler?

Pois bem:

slogannazista

Não só erraram a conjugação do verbo como conseguiram a macabra proeza de mudar o tempo verbal do slogan nazista – “Arbeit macht frei“, o trabalho liberta – usado nas entradas dos campos de concentração nazista.

Deixa eu corrigir a imagem aí de cima:

arbeit

E tem quem veja uma porra dessa e jure ser uma infelicidade, uma infeliz coincidência. Para esses, o meu mais sincero “va tomar no cu”. A defesa do governo é espantosa.

Entendeu?! Se o cara é judeu ele pode usar slogan nazista como inspiração.

A verdade é que há anos as pessoas usavam o termo nazista em vão, eu lembro bem quando Aécio – o Aécio, porra! – era classificado como nazista e fascista, e lá atrás eu tentava explicar aos meus amigos o quão absurdo era isso, que banalizar essas palavras iria nos cutar caro lá na frente, só não achei que isso se daria tão rápido. Dito isso, se esse governo tem jeito de nazista, cara de nazista e discurso de nazista é nazista sim, nazista pra caralho, beijo, Godwin!

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2. Honra vs legalidade

O mais senil e diminuto dos generais resolveu ameaçar o decano do STF como se estivéssemos na porra duma ditadura – eu ia colocar o print aqui porque jurei que Heleno tinha pagado mas a ameaça continua lá, viado!

Que diabos seria “uma resposta à altura” a um ministro do STF?!

O Marcelo Godoy escreveu sobre a reação da classe militar à decisão do Celso e que troço assustador, VAI DAR MERDA!

“Uns poucos escreveram sobre o episódio. O general Luiz Eduardo Rocha Paiva, que tem cargo de assessor no Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, distribuiu aos amigos um artigo. Após afirmar que a crise entre os Poderes ruma “em direção à ruptura” em meio a uma emergência sanitária, ele adverte: se tudo desaguar “em convulsão social e anomia”, os militares vão intervir. “Essa indesejável presença irá acontecer para salvar o próprio Estado de Direito, a democracia e a paz interna.” Rocha Paiva continua. Enxerga excessos nas ações dos Supremo para conter os ímpetos de Jair Bolsonaro. “Quem tem certeza da própria autoridade moral não precisa decidir com ameaças provocativas e inúteis. Serenidade e bom senso é o que se espera das autoridades da República, ao invés de egolatria nociva e disruptiva em momento tão delicado.” [Estadão]

“Ocorreu ao general lembrar a famosa indagação atribuída ao marechal Floriano Peixoto, quando este soube da hipótese de ministros do Supremo soltarem os envolvidos na Revolta da Armada. “Não sei amanhã quem lhes dará o habeas corpus de que, por sua vez, necessitarão.” A exemplo dos generais – como Ajax Pinheiro, hoje no STF – que enxergavam uma conspiração no Brasil para tornar o País em uma Venezuela – plano que o governo parece executar –, Rocha Paiva e seu texto foram vistos como uma ameaça. “Os generais precisam ler o Código de Processo Penal. Nele está o artigo 218, que autoriza, no caso de a testemunha deixar de comparecer sem motivo justificado, o juiz a requisitar que ela seja conduzida por oficial de Justiça, que poderá solicitar o auxílio da Força Pública”, diz o procurador de Justiça João Benedito de Azevedo Marques. Ele prossegue: “Generais não são imperadores. São cidadãos e, como todos os demais, devem se submeter ao texto da lei.”

Vontade de sair no soco com um general, né, minha filha?!

“Oliveiros Ferreira, em sua obra Elos Partido, aborda o tema que alguns pretendem pôr na mesa da atual crise: o papel da honra, em vez da legalidade, na vida militar.”

Honra dum lado, legalidade do outro?!
Quem disse que milico brasileiro que louva Ulstra tem honra?!
Ou melhor, “legalidade?! Que legalidade?!”, diriam os milicos.

“É ela que fez o general e deputado federal Roberto Peternelli (PSL-SP) considerar que o agravo de Celso de Mello aos três generais-ministros atingia a todos do estamento. Um colega seu, também general de divisão, afirmou que “cabe ao comandante do Exército, como chefe de fato e de direito de todos os militares da ativa e da reserva do Exército Brasileiro, exigir respeito, rejeitar os termos da convocação e, se assim for, fazê-la cumprir pelos meios julgados adequados”. A República, assim, parece se transformar em um grande Conselho de Justificação, o tribunal de honra cuja decisão final deve ser homologada pelo comandante da Força. E as questões do Direito – nas palavras de Azevedo Marques – seriam apenas um problema dos paisanos, dos civis, reduzidos à condição de cidadãos de segunda categoria, aos quais se obriga o cumprimento da lei. É verdade –e assim enxergam criminalistas ouvidos pela coluna – que a citação à condução debaixo de vara não era obrigatória. Chegou-se a um limite? Àquele pretendido por Bolsonaro para mostrar que a vara do Supremo é curta? “Onde o ministro quer chegar? Vai prender o Exército?” questionou Peternelli.”

Ora, não são os generais que juram que o exército não faz parte do governo?! Qual parte que eu perdi?! Os mesmos caras que juravam que o exército gaurdava distância do governo são os mesmos que confundem as duas coisas. O mais hilário é que pela denúncia do Moro os generais no mínimo cometeram um punhado de prevaricações, do Moro, viado!

“O que uns poucos militares – sob a condição de anonimato – se perguntam é por que os generais-ministros não pensaram, antes de aceitarem o convite para participar deste governo, que a vida pública reserva esse tipo de dissabor aos que nela se aventuram. Nada mais longínquo das situações resolvidas pela ordem, pela disciplina e hierarquia do que o ambiente dos embates parlamentares. Não calcularam os três que a relação com um presidente como Bolsonaro – com sua personalidade errática, impulsiva e indisciplinada –poderia lhes render intimações e o envolvimento em ações judiciais? Quem preza pela sua honra, deve zelar pela suas escolhas.

Atribuir ao Supremo e ao Congresso os dissabores proporcionados pelo descontrole de Bolsonaro em meio à pandemia e ao deboche presidencial diante de 11 mil mortes no País, é enxergar os problemas no telhado do vizinho de forma estranhamente nítida, sem perceber que a própria vidraça está quebrada. E quem jogou a pedra não tinha braço forte o suficiente para arremessá-la desde o outro lado da Praça dos Três Poderes. Foi a mão amiga do presidente que fez o estrago. “Como dizer que se defende a democracia e os poderes constituídos quando se comparece à manifestação pedindo um golpe?” pergunta-se o procurador Azevedo Marques. Um dos generais que se revoltara com o despacho do Supremo, lamentou: “Uma pena que falte a Bolsonaro tato político, que ele não tem, e se comporta como um macaco na casa de louças”. Sabem, portanto, os militares as fontes dessa crise.”

No fim, Marcelo lista algumas opiniãoes contrárias e teve milico mudando de nome para postar críticas.

Na moral, confesso que estou assustado pra caralho com o que vai acima. E tudo isso se desenrolar junto com uma pandemia é mind fuck.

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3. Curió, o “herói nacional

Coimo se o tópico acima não fosse deveras assustador (deve ser o que mais me espantou desde o dia da eleição) ainda tem a porra do Curió – o texto é da coluna do Thjiago Amparo, que cita um trecho do livro “Mata! O Major Curió e as Guerrilhas no Araguaia“, de Leonêncio Nossa:

“Na Casa Azul, o tenente-coronel Léo Frederico Cinelli mandou Curió buscar Maria Dina de helicóptero. (…) Maria Dina ficou dois dias na tortura da Casa Azul. (…) Com gazes nos braços queimados (…) foi levada até a casa do guia Arlindo Piauí. Os militares a amarraram numa palmeira no quintal. (…) Após uma hora de caminhada, o grupo parou. Maria Dina estava sentada no chão quando os militares descarregaram as armas. De volta à casa de Antônia, Curió reclamou que a arma tinha engasgado no momento do disparo.” [Folha]

“Curió é a síntese do país que ocupa o Palácio do Planalto. Frio, cruel e condenado. Prefeito por dois mandatos no curral político que leva seu nome, Curionópolis (PA), teve seu mandato cassado pela justiça eleitoral por compra de votos e abuso do poder econômico. Um “herói do Brasil” de Bolsonaro, como o definiu a Secom na terça-feira (5), após o encontro do facínora com o ator despreparado que faz as vezes de mandatário da nação.”

O título da coluna do Thiago é “Reginas, Curiós e Toffolis“:

“Cena 3: com a caneta da justiça na mão está o ministro presidente da mais alta corte do país. Em homenagem ao movimento de 1964 –como prefere chamar o golpe militar– Toffoli libera nota do Ministério da Defesa de celebração do golpe de 1964, “um marco para a democracia brasileira”. Na cena, o ministro lê as cinco páginas de sua decisão, escrita num dialeto distópico onde as palavras “ditadura” e “golpe” não existem. Reveste de legalidade um argumento que de jurídico só tem o nome. Ao defender a “liberdade de expressão do Poder Público”, Toffoli omite que agentes públicos só têm a liberdade que a lei lhes outorga. A última vez que conferi, a lei tinha ódio e nojo à ditadura, nas palavras de Ulysses. A última vez que conferi, pairavam sobre o Brasil duas condenações internacionais que o obrigam a investigar e punir crimes contra humanidade da época da ditadura, imprescritíveis. Em tempos sombrios, os limites entre decência e perversidade acinzentam-se. Dirão que se trata de um embate entre esquerda e direita. Ocultarão que nem passa pela cabeça da direita argentina ou chilena celebrar as atrocidades de seus passados. Jornais como esta Folha escreverão editoriais afirmando que “anistia irrestrita é um dos pilares da nossa democracia”. Não se enganem: na coxia, estão as Reginas, Curiós e Toffolis à espera (e à espreita) da próxima cena. Anistiar torturadores nos trouxe até aqui. Proteger a democracia requer enfrentar o passado para termos, quem sabe, um futuro. Pra frente, Brasil.”

Nunca se esuqeça que Toffoli é obra do Lula, que achou super normal meter na suprema corte a porra do advogado do governo.

Passo ao Gaspari:

“Bolsonaro recebeu o “Major Curió” no Palácio do Planalto e, mais uma vez, aos 85 anos, Sebastião Rodrigues de Moura foi identificado como um dos principais militares envolvidos no combate à guerrilha do Araguaia. Essa qualificação é falsa. Ele é apenas o mais exibido, com fortes momentos de mitomania. Nos tempos estranhos de hoje, Curió pode ser lembrado pelo ângulo de seu mito e do abstruso envolvimento de militares na política.

Enquanto os outros oficiais que estiveram no Araguaia voltaram à caserna, ele manteve sua influência na região. Primeiro, distribuindo terras. Depois, enroscando-se no garimpo de Serra Pelada, a maior mina de ouro a céu aberto do mundo. Nessa condição, liderou os garimpeiros na maior revolta popular já ocorrida na Amazônia. Curió elegeu-se deputado federal e, pelo PMDB, tornou-se prefeito de uma cidade batizada de Curionópolis.

Em 1975, quando não havia mais guerrilha no Araguaia, foi preso no Sul do Pará um sujeito que não sabia dizer de onde vinha nem para onde ia. Curió interrogou-o, ele se confessou guerrilheiro e trouxe-o para o Rio de Janeiro. O general Leônidas Pires Gonçalves, chefe do Estado Maior do I Exército, pediu que seu assistente fosse buscar o preso no Galeão. No caminho, o sujeito contou que a família o mandava para o Rio quando precisava de internação hospitalar.

Ao chegar ao DOI, o oficial mandou fotografá-lo e determinou que fizesse uma checagem nos hospícios da cidade. Horas depois, uma patrulha voltou: — Positivo, capitão, ele é freguês do Pinel. (O doido, guerrilheiro confesso, havia ficado seis semanas preso com direito a fuzilamento simulado.)” [Folha]

Assassino, torturador e garimpeiro, é tudo o que o Boslonaro sempre sonhou e não conseguiu ser.

E não sei porque mas achei que a demência abaixo ornava com esse tópico:

ESTÁ TUDO NORMAL, e ai de você se não achar que tá normal, porra!

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4. A tal reunião

Temos mais detalhes sobre a mais deliciosa das reuniões ministeriais:

“Interlocutores de Bolsonaro têm mostrado que um dos temas mais sensíveis foram as falas do ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, sobre a China. Araújo culpou o país asiático pela pandemia e apelidou a covid-19 de “comunavírus”. Participantes do encontro de 22 de abril relataram que o chanceler declarou, em alto e bom som, que o novo coronavírus é uma “coisa da China”, com o propósito de dominar outras nações. Ao dar o apelido de “comunavírus” à covid-19, o ministro deu uma gargalhada que, segundo presentes, foi acompanhada por Bolsonaro, dando sinais de que concorda com o ministro.” [O Globo]

O chanceler ter ofendido os chineses já é uma cusparada diplomática bizarra, mas com gargalha do presidente, puta que pariu.

E o gênio do Itamaratry confirmou aos chineses que isso aconteceu, repare:

“Procurado, o ministro disse, por meio da assessoria de imprensa do Itamaraty, que “não tem nada a declarar”.”

Bolsonaro é tão vil e ruim que reclamou nessa reunião de uma nota da PRF sobre um policial que morreu por Covid, onde já se viu tanta empatia?!

“Outro momento tenso do encontro, desta vez protagonizado por Bolsonaro e Sergio Moro, foi quando o presidente reclamou de uma nota de pesar divulgada pela Polícia Rodoviária Federal (PRF), instituição vinculada à pasta da Justiça, na época chefiada por Moro. No comunicado, a PRF lamentou a morte de um funcionário por covid-19. O presidente se queixou e disse, conforme relatos de quem estava no local, que a corporação deveria ter relacionado a causa da morte a “comorbidades” (como problemas cardíacos, imunidade baixa e pressão alta, por exemplo) e não coronavírus.”

Temos um psicopata comandando o país. E cabeças rolarão:

“Antes tratado como um aliado, o diretor-geral da PRF (Polícia Rodoviária Federal), Adriano Furtado, entrou na mira de Jair Bolsonaro. Como mostrou a Folha, o presidente reclamou de uma nota do órgão lamentando a morte de um integrante da corporação por coronavírus na reunião ministerial do dia 22 de abril, a última de Sergio Moro. Na porta do Palácio da Alvorada, na terça (5), Bolsonaro se referiu ao dirigente com desdém e confundiu seu sobrenome, o chamando de Salgado. Com a mudança do Ministério da Justiça, a expectativa é a de que ele seja trocado nas próximas semanas.” [Folha]

Agora veja as duas opções para a chefia da PRF:

“Há duas possibilidades à mesa: colocar no cargo o policial rodoviário federal Fernando César Pereira Ferreira, atualmente ouvidor do ministério de Damares Alves; ou escolher um nome indicado por empresários israelenses — no governo de Michel Temer, havia uma boa relação entre a PRF e esses empresários..” [Não lincamos Antagonista]

‘Policial rodoviário ouvidor do Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos já seria um espanto, mas como assim a PRF tem boas relações com empresários israleneses?! Que porra é essa?! E isso vem desde o governo do Michel Miguel, viado! Lá no twitter dois ouvintes cravaram tráfico de armas, coisa boa é que não é.

E domingo Bolsonaro recebeu informações sobre o depoimento sigiloso de Moro, que coisa…

“As informações que chegaram na manhã de domingo a Jair Bolsonaro sobre o longo depoimento dado na véspera por Sérgio Moro à PF, o deixaram possesso. Os palavrões que Bolsonaro normalmente já profere multiplicaram-se, segundo relato de aliados. Mais tarde, Bolsonaro foi se confraternizar (e radicalizar) com os manifestantes em frente ao Palácio do Planalto.” [O Globo]

Que informações chegaram ao palácio no domigo se o depoimento só começou a vazar na imprensa, um ou outro detalhe, na segunda?

E não é que aquele papo do governo não ter o vídeo era blefe? Celso falou em prisões preventivas e o vídeo ressurgiu das cinzas, viado!

“A AGU (Advocacia-Geral da União) entregou nesta sexta-feira (8) ao STF (Supremo Tribunal Federal) vídeo da reunião em que o presidente Jair Bolsonaro teria ameaçado de demissão o então ministro da Justiça, Sergio Moro, caso ele não trocasse o diretor-geral da Polícia Federal. O receio de Bolsonaro de entregar o conteúdo na íntegra não é só pelo risco de reforçar as acusações feitas por Moro​. O presidente também quer evitar que a gravação crie um novo constrangimento do Executivo com o Judiciário e o Legislativo.” [Folha]

Imagine aí Celsão vendo Abraham falar em “onze filhos da putas” no Supremo…

“O ministro Celso de Mello, do STF (Supremo Tribunal Federal) permitiu que o procurador-geral da República, Augusto Aras, e o ex-ministro Sergio Moro tenham acesso à íntegra do vídeo que registra a reunião ministerial em que Jair Bolsonaro ameaçou demitir o então ministro da Justiça. O magistrado autorizou que o vídeo seja visto também pela delegada Christiane Corrêa Machado, que comanda as investigações contra Moro e Bolsonaro. O advogado-geral da União, José Levi, também poderá acessar o registro da reunião. A mídia está em um envelope lacrado guardado no gabinete do ministro. O material será levado à delegada pelo chefe de gabinete de Celso de Mello. ” [Folha]

Celso deixou claro que o sigilo é “pontual e temporário“, vai Celsão!

“Augusto Aras costuma dizer, intramuros, que um dos maiores erros de Sergio Moro foi acreditar que conservaria o peso da caneta e a autonomia dos tempos de juiz ao trocar a magistratura pelo ministério. A propósito, nove entre dez integrantes da equipe da Aras apostam que o PGR não vai encontrar elementos suficientes para denunciar Jair Bolsonaro no inquérito aberto para apurar as acusações de Moro. Nesse cenário, Celso de Mello não terá outra alternativa, senão arquivar o processo. Na ribalta política, a percepção é a mesma. Não por acaso Rodrigo Maia afirmou para Luiz Eduardo Ramos e Braga Netto que a chance de um impeachment prosperar na Câmara hoje tende a zero. Antes mesmo de Moro prestar depoimento, Maia considerava quase impossível a querela judicial entre Jair Bolsonaro e seu ex-ministro se transformar numa acusação formal contra o presidente, o que obrigaria os deputados a votarem seu afastamento.” [O Globo]

Por falar em Maia, ele falou sobre impeachment:

“Acho que esse assunto não deve estar na ordem do dia hoje, não deve estar na pauta de hoje e, se Deus quiser, não deve estar na pauta dos próximos anos. O que nos move é a nossa responsabilidade, jogar mais lenha na fogueira, criar uma crise institucional entre Poderes, de fato não acho que a gente deve tratar um processo de impeachment como coisa simples, não é uma coisa simples.Precisamos que o governo esteja melhor daqui a 3 meses, não pior. Vamos aproveitar esse momento do vírus que tira várias vidas para a gente construir um caminho, ter um momento de mais harmonia, para reduzir o número de mortes e desempregados” [UOL]

Mas…

“Maia mencionou que, embora o ideal seja superar os conflitos, concorda com a avaliação que as últimas semanas não foram boas e que os domingos também não, numa alusão à participação ou declarações de Bolsonaro em manifestações antidemocráticas.”

Porra, semana que não foi boa foi aquela em que o Lula ameaçou expulsar o jornalista do NYT, as úlitmas foram tenebrosas, caralho!

E por falar em impeachment:

“Bolsonaro não quis falar com a imprensa neste domingo (10), mas conversou com apoiadores em frente ao Palácio da Alvorada, residência oficial do presidente. Em meio ao público, um dos visitantes afirmou: a “democracia pede sua renúncia ou impeachment” [Yahoo]

Í -DO – LO, urge uma estátua desse brasileiro! Eis o balbuceio – e se essa palavra não existe um beijo para o Guimarães Rosa, meu escrito preferido – presidencial:

“Vou sair em 1º de janeiro de 2027”

Bolsonaro disse isso antes do evento de revelação de sexo do filho do 03 e puta que pariu:

“Bolsonaro esteve em evento para revelação do sexo do filho de Eduardo Bolsonaro, deputado federal do PSL por São Paulo, e Heloísa Wolf. Nas redes sociais, Eduardo publicou um vídeo, no qual ele usa uma arma para estourar um balão, que revelou a cor rosa, indicativo de sexo feminino. Após o evento, Bolsonaro retornou ao Palácio da Alvorada. Questionado por alguns apoiadores sobre qual o sexo da futura neta, o presidente disse que não responderia para não gerar polêmica.”

Sim, é uma menina e o presidente é incapaz de se orulhar de ter uma neta mulher, que coisa medonha.

Encerro com essa nota delciiosa do Lauro Jardim:

“Sergio Moro se encontrou com Bia Kicis, aliadíssima de Jair Bolsonaro, duas semanas antes de deixar o governo. Durante a conversa, Moro deixou claro que não sonhava com presidência da República, mas com uma cadeira no Supremo. Bia resolveu provocar. Brincando, perguntou se 8 anos de Jair Bolsonaro somados a outros 8 de Moro na presidência não seriam suficientes para dar jeito no país. Moro, bem-humorado, respondeu: – E (o Brasil) tem jeito?” [O Globo]

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5. PF

É impressionante como o governo adora produzir provas contra si mesmo, olha o naipe da cagada que eles fizeram na PF

“A insistência de Jair Bolsonaro na indicação de Alexandre Ramagem levou de volta o clima de instabilidade à Polícia Federal. A situação aparentava melhoras, mas a ação do presidente expôs o novo diretor-geral, Rolando de Souza, dando sinais de que sua gestão é temporária. Um ofício elaborado dentro da PF, fora do padrão, com elogios a Ramagem, levou a crise que antes estava do lado de fora para dentro do órgão, com forte desconfiança entre colegas.” [Folha]

Detalhe: com  recuo da noemação o ato do STF perdeu sua validade, não adiantaa recorrer. Ainda assim, numa ação coordenada, a AGU produziu o documento e o epatrameno de RH da PF fez louvando o Ramagen passando por cima da nova direção, viado!

“Como revelou o Painel, o documento, do dia 30 de abril, foi elaborado por delegados próximos a Ramagem, que trabalham no setor de Recursos Humanos, após consulta feita pela AGU. A resposta, chamada de institucional, foi muito além do que foi perguntado, contestou a decisão do Supremo, e reconheceu a relação entre o policial e a família Bolsonaro, tratando como normal. O ofício foi feito por Daniel França, coordenador da segurança de Bolsonaro por um período na campanha, e por Rodrigo Carvalho, que foi subordinado a Ramagem dois anos atrás no RH da Polícia Federal. França e Carvalho são responsáveis pela elaboração de pareceres para a AGU. Delegados em cargos de chefia da PF interpretaram que o movimento foi feito de forma combinada, com a participação de Ramagem nos bastidores, desde o pedido da Advocacia Geral da União, até o documento de dentro do órgão. A PF tinha se recusado durante o período de crise a se manifestar.  Tanto o ofício quanto a tentativa de Bolsonaro de reverter a suspensão da nomeação levaram a integrantes do órgão o mesmo recado, de que a paz está longe e o sangramento ainda vai continuar.”

Palaras do Randolfe:

“É um escárnio, subverte a decisão anterior do Supremo e não se atém aos fatos. Caso insistam, voltaremos a pedir a anulação do ato no STF [Folha]

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6. Churrasco

O supra-sumo da demência:

Comcemos pela quinta-feira:

“Eu convidei o garoto da CGU [Wagner Rosário], tô cometendo um crime, vou fazer um churrasco no sábado aqui em casa e convidei aí o Wagner, o ministro da CGU, vai trazer o filho dele de 13 anos, falei que ele não olhe pra Laura se não o bicho vai pegar, tá certo? E vamos bater um papo aqui, quem sabe fazer uma peladinha com alguns ministros, alguns servidores mais humildes estão ao meu lado, ok? Deve ser uns 30 aí [convidados]. Inclusive, vai ter vaquinha, 70 reais, não vai ter bebida alcoólica, se não a primeira-dama aí bota tudo pra correr, Ok?” [G1]

Passo à Cássia D’Aquino Filocre:

“Ontem uma sócia aqui do playground escreveu contando a verdadeira razão do churrasco de amanhã. Em respeito aos envolvidos, fiquei com o horror para mim. Mas, como agora a história vazou, conto.

Quando JB mencionou no chiqueirinho que faria uma festinha no sábado, amanhã, citou como razão o aniversario de 13 anos “do filho do Wagner”. Acrescentou, “se o menino olhar para Laura [a fraquejada] o bicho vai pegar”

Agora é que vem: Wagner é o ministro da Controladoria-Geral da União (CGU). A esposa dele suicidou-se no último domingo.

Com o convite público para o churrasco, Bolsonaro constrangeu o viúvo, funcionário na Controladoria desde 2009, a comparecer ao evento. Pior, a que leve consigo uma criança sob traumático luto.

Não coloco em questão que o presidente tenha tido ótima intenção ao fazer o convite. Mas o ponto é justo esse: que espécie de pessoa não percebe a inadequação de forçar pai e filho, em luto tão recente quanto súbito, a participar de uma festa?

O “e daí?” jogado aos mortos do país não foi um lapso, um descuido verbal de ocasião. Foi uma confissão. Bolsonaro não se importa. Há qualquer coisa de perdida, rompida, inexistente nos afetos desse homem. É preciso encarar esse fato que, no limite, expõe o Brasil a todo risco e a cada um de nós, à morte.” [Facebook]

O supra-sumo da vileza e escrotidão.

“O churrasco de Jair Bolsonaro com “pelada” no Alvorada era para ter acontecido no final de semana passado, em comemoração ao aniversário de Flávio Bolsonaro, transcorrido dia 30. Mas acabou adiado e, como a fase é ruim, o “timing” fez gol contra. O anúncio da nova data coincidiu com o momento em que o Brasil se aproximou (e deverá superar) da triste marca de 10 mil mortes oficias pela covid-19. Em privado, aliados do clã viram forte simbolismo negativo no anúncio público da festa e aconselharam o cancelamento da confraternização.” [Estadão]

Palavras do Mourão:

“Na sexta-feira, o vice-presidente da República, general Hamilton Mourão, fez piada quando questionado se haveria o churrasco neste sábado e reclamou, ainda em tom de brincadeira, do valor da vaquinha para a compra das carnes. “O presidente ainda não falou comigo sobre churrasco, e está caro. R$ 70 tá muito caro”, disse Mourão no fim da tarde de sexta-feira, após deixar uma reunião com Bolsonaro e outros ministros no Ministério da Defesa.”  [Folha]

Passemos para o sábado

“Jair Bolsonaro não será anfitrião de um churrasco para centenas de convidados hoje no Palácio do Alvorada, ao contrário do que ele mesmo disse mais de uma vez anteontem e ontem, dias em que as mortes por Covid-19 atingiam seus números recordes. De acordo com um ministro que ocupa assento no Palácio do Planalto, em conversa hoje de manhã com um interlocutor, a fala do presidente “foi apenas uma provocação”.” [O Globo]

Os convites foram enviados, e Bolsonaro jura que era uma piada, sabe como é, presidente tem senso de humor em meio a 10 mil mortos, e pra iso ele postou um vídeo no qual ele ironiza e vai aumentando o número de convidados. O anúncio foi na quinta e, ele, malandro, postou um vídeo de sexta.

“Está todo mundo convidado aqui,​ 800 pessoas no churrasco. Tem mais um pessoal de Águas Lindas. Tem umas 900 pessoas para o churrasco amanhã”, disse. “Tem 1.300 convidados. Quem estiver amanhã aqui a gente coloca para dentro. Vai dar mais ou menos 3.000 pessoas no churrasco amanhã”

Bolsonaro cancelou o churrasco mas resolveu emular, mais uma vez, o Collor:

“Horas após afirmar em redes sociais que era falso o convite para um churrasco no Palácio da Alvorada que ele mesmo havia anunciado, o presidente Jair Bolsonaro gastou parte da tarde deste sábado (9) em um passeio de moto aquática no Lago Paranoá, um dos cartões postais de Brasília. O passeio de Bolsonaro ocorreu no dia em que o Brasil ultrapassou a marca de 10 mil mortos pela Covid-19, o que motivou decretação de luto pelas cúpulas do Legislativo e do Judiciário. Em meio ao passeio de Bolsonaro, Judiciário e Legislativo decretaram luto. Câmara e Senado hastearam a bandeira a meio-mastro e declararam ficarem “proibidas quaisquer celebrações, comemorações ou festividades, no âmbito do Congresso Nacional, enquanto durar o luto”.

Bolsonaro foi gravado também ao encostar a moto aquática ao lado de uma lancha em que pessoas, que se identificaram como funcionários de uma companhia aérea, faziam um churrasco. “A gente veio fazer o teu churrasco, né, cara. (…) Ai que querido, cara”, exclamou a mulher que fazia o vídeo. Ela avisou a Bolsonaro que estava gravando, e ele consentiu. “Se a gente não cuidar, vai entrar em caos”, disse o presidente ao grupo. “É uma neurose, 70% vai pegar o vírus, não tem como. É uma loucura”.” [Folha]

jetbozo

Sim, a gripezinha virou histeria e histeria virou neurose. E foda-se a pilha de mortos, Boslonaro é completamente indiferente. Psicopata, simples assim.

Collor deu o papo:

“Se continuar assim, vai afundar [Folha]

E adivinhe quem forneceu o jet ski:

“Os ministros generais que têm assento no Palácio do Planalto passaram o fim de semana criticando Fred Wassef, o advogado de Jair Bolsonaro e de Flávio Bolsonaro. Foi Wassef quem levou o jet ski para Bolsonaro andar alegremente no sábado pelo lago Paranoá, no mesmo dia em que o Brasil registrava 10 mil mortos por Covid-19. Os militares avaliaram que Wassef incentivou o que qualificam de “mais uma provocação” de Bolsonaro. Na semana passada, Bolsonaro havia dado um puxão de orelhas em Wassef. Disse que sua defesa no processo contra Moro ficará a cargo da AGU e, assim, não quer ver declarações públicas dele sobre o caso. O passeio do fim de semana reforça, porém, que Wassef segue com prestígio intocado na família presidencial. [O Globo]

Reza a lenda que esse advogado hoje, ao vivo na Bandeirantes, disse que quem pagou o Adélio foi… o PT! Mas esse dia de hoje tá tão bizarra que eu nem vou me dar ao trabalho de ir atrás disso agora, retomo no post de amanhã.

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7. Covid-17

E o governo resolveu esquecer do número de mortes, apenas issosabe como é, algo desimportante, “pegou no contrapé eu lamento, paciência“:

Isso me lembra do Sílvio Pedrosa:

“Um recado amistoso: se você está comemorando que o Brasil é um dos países que mais tem pessoas curadas por coronavírus, você é burro feito uma mula, um jumento e deveria estar puxando carroça no meio da rua. E isso não é uma opinião. É só matemática.’ [Facebook]

E Bolsonaro deve ter ficado MUITO puto com o ministrou ousando demonstrar empatia e homenageando os 10 mil mortos e seus familiares:

Caralho, é muito estranho ver tanta empatia vindo de alguém desse governo. Não à toa…

“Foi só Nelson Teich postar ontem em seu Twitter uma mensagem de solidariedade às mães que perderam seus filhos durante a pandemia (“quero falar principalmente pra aquelas mães que hoje choram a perda de seus filhos e para os filhos que hoje não podem comemorar o dia com suas mães. Para esses, deixo aqui meus sentimentos e meu compromisso de fazer o meu melhor para que vençamos rápido essa terrível guerra” ) para começar a ser bombardeado pelas milícias digitais bolsonaristas. E ser cobrado para liberar logo a cloroquina.” [O Globo]

No Brasil as pessoas entre 20 e 59 anos são muito mais afetados que em outros lugares do mundo:

“A epidemia de covid-19 no Brasil vem adotando um perfil bem distinto daquele verificado na Europa. Pelo menos 45% das pessoas internadas no País por causa do novo coronavírus têm entre 20 e 59 anos. Ou seja, não se trata de uma enfermidade predominantemente de idosos, como em outros lugares do mundo. O levantamento foi feito pelo Portal Covid-19 Brasil, que reúne cientistas das mais diversas instituições nacionais, e tem como base o boletim divulgado dia 3 pelo Ministério da Saúde. De acordo com especialistas, isso ocorre em razão da pirâmide demográfica brasileira, da pouca adesão da população às medidas de isolamento social e da desigualdade social no País. “No Brasil, essa não é uma doença de gente idosa, de velhinho; é uma doença de gente mais nova”, constatou a pneumologista Margareth Dalcolmo, pesquisadora da Fiocruz e uma das integrantes do portal. “Para se ter uma ideia, 43% das pessoas internadas por covid no Rio têm menos de 50 anos.” Em relação à faixa etária, as mortes no Brasil seguem a tendência mundial: 85% são de pessoas acima de 60 anos, a grande maioria delas apresentando pelo menos uma comorbidade. Mesmo assim, na Itália e na Espanha, por exemplo, essa concentração é ainda mais alta, alcançando 95%. Por outro lado, no Brasil, pouco mais de 10% dos mortos têm entre 20 e 50 anos. Esse percentual é inferior a 1% tanto na Itália quanto na Espanha.” [Estadão]

Mais previsões:

“Uma projeção da consultoria americana Kearney, que trabalha com cenários há mais de 80 anos e está presente em mais de 40 países, prevê, na melhor das expectativas, que o Brasil chegue a 28 mil vítimas do novo coronavírus até 20 de dezembro. Na última sexta-feira, o País bateu seu terceiro recorde na semana e registrou 751 mortes decorrentes da covid-19 em 24 horas, totalizando 9.897 óbitos causados pela doença. Para a Kearney, a flexibilização de medidas de isolamento social e a falta de ações que ampliem urgentemente a estrutura de saúde poderão fazer com que o Brasil se torne o recordista mundial de vítimas da doença.” [O Globo]

Bem, não vamos levar a sério nenhum cenário otimista, né?

“As projeções mostram que, em um cenário intermediário, o Brasil chegará a cerca de 78 mil mortes por covid-19 até dezembro. No mais pessimista, o estudo aponta 295 mil mortos até 20 de dezembro. Seria como se a população inteira de uma cidade do porte de Taubaté (SP), Petrópolis (RJ) ou Governador Valadares (MG) fosse dizimada. São números, portanto, de referência, que podem variar muito conforme as medidas que forem tomadas. Conforme as projeções, o Brasil ainda não atingiu o pico de casos, o que deve acontecer entre 2 e 11 semanas (10 de maio a 5 de julho), conforme a região do País. Medidas locais de combate à doença, no entanto, podem abreviar ou reduzir esse prazo. “O cenário é extremamente preocupante. A mensagem clara que tiramos disso, em síntese, é que a coisa ainda vai piorar muito, antes de melhorar”, diz Joaquim Cardoso, líder sênior da prática de saúde da Kearney Brasil. Em um cenário otimista, o relatório estima que haverá falta de ao menos 2,5 mil leitos de UTI no pico das contaminações, mas esse número pode chegar à falta de aproximadamente 24 mil leitos em situação mais crítica”

Enquanto isso, navegamos às cegas:

“Nelson Teich não exagera quando diz que o Brasil navega às cegas na pandemia de Covid-19. Dois meses e meio depois do primeiro caso registrado, o Ministério da Saúde ainda não dispõe do mapa da ocupação dos hospitais do país, que já superou as dez mil mortes por coronavírus. Uma portaria que obriga as unidades de saúde a informarem quantos leitos têm disponíveis, em vigor há um mês, vem sendo solenemente ignorada.” [O Globo]

E essa do Bolsonaro é muito Paulo Cintura, o problema é que não tem Raimundo Nonato no meio:

“Saúde não é vida? Por que as academias estão fechadas? Eu vejo as academias de musculação como um lugar onde previne doenças, melhor do que você pagar um plano de saúde é fazer atividade física” [Diário de Pernambuco]

Em sua coluna Gaspari falou sobre o sucateamento da sáude no RJ, onde há milhares de leitos vazios, e essa parte me deu uma raiva fodida:

“Os motivos irracionais aparecem quando se vê o caso dos hospitais universitários federais. Durante o governo de Dilma Rousseff foi criada a Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares, a Ebserh, e ela contrata celetistas, nada a ver com biscates. A UFRJ recusou-se a aderir às suas normas. Eram muitos os argumentos, mas o que robusteceu as militâncias foi a obrigação de bater ponto. Num debate dessa questão houve tapas e cusparadas. Na rede privada, o médico é contratado por um salário em troca de uma carga horária. Na pública, vigoram um regime de dedicação exclusiva (com direito a manter a própria clínica em nome de um parente) e uma feira livre onde há os celetistas, as pessoas jurídicas, os terceirizados e os terceirizados dos terceirizados. Nessa barafunda de cargas horárias e vencimentos, há instituições que funcionam, mas avacalhou-se a estrutura. Essa desorganização foi impulsionada no governo do “gestor” Sérgio Cabral e de seu secretário de Saúde, Sérgio Côrtes. Ambos foram para a cadeia e Cabral continua lá.” [Folha]

Sigo com Gaspari:

“Existem dois tipos de papagaios: o de pirata, que aparece atrás de quem quer que seja, e o de crise. Este é especial, vive no andar de cima e canta o que os ministros da Economia querem ouvir. Guilherme Benchimol, da XP Investimentos, brilha nessa espécie, mas exagerou. Quando a curva dos mortos apontava para a marca dos dez mil e num só dia ia-se para o recorde de 600 óbitos, o doutor disse o seguinte: “Eu diria que o Brasil está bem. Nossas curvas não estão tão exponenciais ainda, a gente vem conseguindo achatar. (…) O pico da doença já passou quando a gente analisa a classe média, classe média alta. O desafio é que o Brasil é um país com muita comunidade, muita favela, o que acaba dificultando o processo todo”. De fato, um funcionário da XP foi contaminado pelo vírus em fevereiro, durante uma viagem à Itália, mas favela “dificultando o processo” é coisa que nunca se ouviu. Benchimol fala bem de si ensinando que “todo fundo do poço tem uma mola”. Descobriu, mas não entendeu, que no fundo do poço há também favelas.

E a esperada segunda onda veio em diferentes países:

“A região na qual se originou a pandemia do novo coronavírus, Wuhan (na China), registrou nesta segunda-feira (11) a primeira série de infecções por Covid-19 após o confinamento estrito imposto à população local. São 5 novos casos confirmados, sendo todos moradores do mesmo conjunto residencial. No domingo (10), foi anunciado o primeiro caso em mais de um mês na cidade, que não tinha registros de infectados pela doença desde 3 de abril. Trata-se de um homem de 89 anos. A mulher dele está entre os novos infectados.”

Aconteceu isso em Hong Kong, na Alemanha. Que venha a vacina, o resto é perfurmaria.

“No Chosun Ilbo, de Seul, “Começou de novo…”. Quatro dias após iniciar a fase de abertura cautelosa, a Coreia do Sul registrou o maior pico em novos casos em um mês. Bares e clubes foram fechados outra vez, nas manchetes dos principais jornais, do Chosun ao Dong-A Ilbo. Foi o que mais ecoou no exterior, inclusive New York Times e Wall Street Journal, este sublinhando que o país “mostra como pode ser difícil o retorno à normalidade”. Mas não foi só a Coreia do Sul. Na Alemanha, o Süddeutsche Zeitung destacou no domingo que, “pelo segundo dia consecutivo”, a taxa de reprodução do coronavírus no país foi superior a 1 (uma pessoa contamina uma pessoa) e segue aumentando. O governo alemão avalia ser preciso estar abaixo de 1, para a epidemia retroceder. Na quarta, estava em 0,65. E Wuhan, também em fase de abertura, como noticiaram Global Times/Huanqiu e outros chineses, registrou a “primeira infecção em 36 dias”.” [Folha]

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8. Vaga no STF

Otávio de Noronha e Aras entraram na corrida. O João Otávio de Noronha eu escrevi aqui na sexta, de forma espantosa ele antecipou sua decisão judicial em entrevisdta à imprensa, antes de publicar a decisão. E reza a lenda que ele nem poderia ter recorrido da decisão obrigando a apresentação dos exames presidenciais, sabe como é, vale tudo por uma vaguinha no STF. Mas não é só ele que dá seus pulos:

“Com a saída de Sergio Moro do Ministério da Justiça, o presidente Jair Bolsonaro avalia indicar o procurador-geral da República, Augusto Aras, para o STF (Supremo Tribunal Federal). No último mês, dois aliados do presidente sugeriram, em encontros no Palácio da Alvorada, que Bolsonaro leve em consideração o nome do atual chefe do Ministério Público Federal para a vaga. Segundo relatos feitos à Folha, o presidente avaliou que Aras é um bom nome, mas disse que uma indicação dependerá de sua postura em relação ao governo até o ano que vem —quando será abertura uma segunda vaga sob Bolsonaro. A atuação do procurador-geral tem, no geral, agradado o presidente, que costuma se referir a Aras, de acordo com assessores presidenciais, como um aliado estratégico de sua gestão. [Folha]

Sabe o que isso me parece? Pessoal da PGR que tá puto com o Aras vazando isso para pressioná-lo, se esse papo vaza fica mais difícil pra ele atender asos carpichos presidenciais. Se for isso mesmo…

“Recentemente, no entanto, Bolsonaro reclamou de pedido feito pela PGR ao Supremo para ter acesso a cópia de gravação de uma reunião promovida no dia 22 de abril no Palácio do Planalto. Segundo deputados bolsonaristas, o presidente avaliou as solicitações como desnecessárias, mas foi convencido pelos aliados de que, neste momento, o procurador-geral precisa dar resposta às cobranças de que adote uma postura de independência. Essas cobranças são feitas tanto por integrantes do Supremo como da PGR. Como a condução de Aras na PGR tem até o momento agradado Bolsonaro, ele passou a cogitar uma indicação do chefe da PGR apenas para a segunda vaga, o que garantiria ao presidente o aliado no posto até a metade do ano que vem. A sinalização do presidente animou Aras, segundo aliados do procurador-geral, que é visto no Ministério Público Federal e no Supremo como alguém que busca viabilizar seu nome para a corte. O procurador-geral tem o perfil que o presidente busca para o STF. Bolsonaro tem afirmado que pretende utilizar sua prerrogativa de indicação para diminuir o perfil progressista da Corte. Aras já se posicionou contra a criminalização da homofobia e disse ser inaceitável a “ideologia de gênero”, expressão não reconhecida pela academia. Apesar de ter montado uma equipe conservadora na PGR, ele defendeu, no passado, teses da esquerda e afirmou que a direita radical explorada a “doutrina do medo”, o que foi criticado por eleitores do presidente.”

E eu folgo em saber que o Aras deve ter ficado putíssimo com esse vídeo da PGR:

“O MPF está se mobilizando contra a possibilidade de aprovação de MP 910, a MP da grilagem — ou da regularização fundiária em terras da União, como quer o governo. Há chance real de Rodrigo Maia marcar a votação para esta semana. O MPF está lançando hoje um vídeo de quase 8 minutos em que explica o porquê de a medida ser benéfica para “organizações criminosas responsáveis por grilagem de terras, desmatamento ilegal, pistolagem e lavagem de dinheiro”. Nove procuradores participam do vídeo. A procuradora Ana Carolina de Bragança, coordenadora da força-tarefa Amazônia do MPF, por exemplo, afirma que “seria a terceira norma nos últimos dez anos que anistia crimes de grilagem, de invasão de terras públicas e de desmatamento. O recado que você passa é: continuem incidindo nos ilícitos, continuem praticando crimes, continuem invadindo e desmatando.” Daniel Avelino, responsável pela área ambiental do MPF, aponta outro risco da MP: Ela permite que criminosos, aquelas pessoas que desmataram a Amazônia e cometeram os mais variados crimes, fiquem com as suas áreas. E o pior, eles podem fazer isso pagando um preço bem menor do que aquele que é praticado pelo mercado”.” [O Globo]

E se você está na dúvida, saiba que a MP é obra do Nabhan Garcia, isso basta para se opor à esta demência de forma veemente.

Ah, e Otávio não dá ponto sem nó:

“O presidente da Câmara, deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ), deve incluir na pauta da próxima quarta-feira, 13, a votação de um projeto que cria o Tribunal Regional Federal da 6ª Região, em Minas Gerais. O texto é de autoria do presidente do Superior Tribunal de Justiça (STJ), João Otávio de Noronha, e, embora tramite desde 2019, o Centrão decidiu que ele deve entrar na lista de propostas que a Casa precisa analisar prioritariamente em meio à pandemia do novo coronavírus. Desde que a crise se instalou, toda a pauta da Câmara está voltada para projetos que visem contornar os efeitos da covid-19. A proposta de Noronha pode ser a primeira sem ter qualquer relação com o tema a ser discutida pelos deputados. O Estadão apurou que a pressão parte de deputados do Centrão de Minas Gerais, mas o lobby ganhou o apoio do Palácio do Planalto. O vice-presidente da Câmara, deputado Marcos Pereira (Republicanos-ES), disse ao Estadão que “há compromisso com Rodrigo Maia de pautar” o projeto de Noronha. Questionado sobre o motivo de se votar o projeto que cria mais um tribunal no País neste momento, respondeu: “Porque não haverá aumento de despesa.” O acordo para votação foi revelado pelo jornal Valor Econômico desta segunda-feira. A tese é que, pelo projeto, o cargo de juiz será transformado em cargo de desembargador. “Ademais tem o teto dos gastos que não poderá ser ultrapassado”, afirmou. Um estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), porém, contesta. Segundo análise feito pelo órgão em 2013, a criação de um novo tribunal em Minas Gerais custaria R$ 272 milhões (em valores da época).” [Estadão]

E olha o que Bosloanro disse dias antes do Ortávio decidir a seu favor:

“O presidente Jair Bolsonaro já disse publicamente que “ama” o presidente do STJ. “Confesso que a primeira vez que o vi foi um amor à primeiro vista. Me simpatizei com Vossa Excelência. Nós temos conversado com não muita persistência, mas, as poucas conversas que temos, o senhor ajuda a me moldar um pouco mais para as questões do Judiciário”, afirmou o presidente em discurso na posse do novo ministro da Justiça, André Mendonça, no último dia 29 de abril.”

Imagine, um presidente dizendo que AMA o presidente do STJ e o presidente do STJ é incapaz de se declarar desimpedido depois dessa confisão hetéro, tá ok?

“Na semana passada, Noronha derrubou decisões da primeira e segunda instâncias e desobrigou o presidente de apresentar, por enquanto, seu exame de coronavírus para a Justiça numa ação movida pelo Estadão. Bolsonaro já disse que não teve a doença, mas se recusa a apresentar o resultado dos seus testes. O jornal vai recorrer ao Supremo Tribunal Federal.”

Vai EstAdão, vence essa porra que eu até finjo que vocês nunca escreveram um certo editorial sobre uma escolha muito difícil – mentira, não esqueço disso nem fodendo!

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9. Um Guedes Muito Louco

É óbvio que Guedes não deixaria a bola quicando…

“Diante da expectativa de perda de empregos formais causada pela crise do coronavírus, integrantes da equipe econômica voltaram a debater a ideia de reduzir a tributação que incide sobre salários e compensar a queda de arrecadação com a criação de um imposto sobre transações financeiras. O plano de instituir o tributo, semelhante à extinta CPMF, já foi alvo de divergências dentro do governo. O presidente Jair Bolsonaro já se posicionou contra a ideia várias vezes. A avaliação de interlocutores do ministro da Economia, Paulo Guedes, no entanto, é que será necessário baratear o custo do trabalho para estimular contratações depois da pandemia. A retomada das negociações, porém, só deve avançar depois que as medidas emergenciais de combate à doença forem tratadas.

O plano de trocar a contribuição sobre folha por um imposto sobre transações financeiras é defendido por Guedes desde antes do início do mandato de Bolsonaro. A ideia de tributar transações voltou à tona principalmente após a queda da MP que instituía o contrato Verde e Amarelo, de acordo com quatro fontes próximas a Guedes. O texto reduzia os encargos trabalhistas na contratação de jovens de 18 a 29 anos que nunca tivessem trabalhado com carteira. Um dos benefícios para o empregador era a isenção da contribuição patronal ao INSS, que pelas regras normais é de 20% sobre o salário do funcionário. A MP, no entanto, foi revogada por Bolsonaro no dia em que perderia validade, porque não havia acordo para ser votada no Congresso. O plano inicial era reeditar o texto, mas, segundo técnicos da equipe econômica, essa opção foi descartada porque o STF alertou que a manobra seria inconstitucional. Outros temas que eram tratados pelo texto, como ampliação ao microcrédito, serão incluídos em um projeto à parte.” [O Globo]

Agora vem o absurdo:

“O contrato Verde e Amarelo era uma das principais apostas da equipe econômica para incentivar contratações formais depois da crise. Dias antes de o texto ser revogado, o secretário especial de Previdência e Trabalho, Bruno Bianco, disse que a medida era uma “feliz coincidência”, por ter sido elaborada antes da pandemia e ser o instrumento ideal para lidar com os problemas do pós-crise.”

Se o “Brasil estava decolando“, por que diabos pensar em uma medida que se mostra bem-vinda no meio da porra duma pandemia?!  Vai ver o Brasil estava voando em um absimo…

“Sem esse instrumento, a equipe econômica voltou a conversar sobre a desoneração da folha para todos os trabalhadores. A renúncia fiscal prevista pela MP seria absorvida pelo Orçamento, mas a medida mais ampla que agora está em discussão precisaria de uma compensação, principalmente porque o espaço nas contas públicas será ainda mais restrito depois dos gastos emergenciais para combater o coronavírus. Técnicos ainda estão fazendo contas. Mas, em linhas gerais, empregadores deixariam gradualmente de pagar os 20% sobre os salários que bancam o INSS. O dinheiro para financiar a Previdência passaria a vir do novo imposto, que seria pago por toda a população brasileira. Quanto maior for a desoneração da folha, mais alta precisará ser a alíquota do novo tributo. A substituição seria feita de forma que a carga tributária — ou seja, o total de impostos sobre o tamanho da economia — não subisse.”

E Guedes jura, ao mesmo tempo, que o teto de gastsos não será rompido e não haverá aumento de impsotos, é inacreditável:

“O ministro Paulo Guedes voltou a dizer neste sábado que o governo não pretende aumentar impostos e que, na proposta de reforma tributária, poderá até prever a redução de encargos. “Não consigo vislumbrar aumento de impostos. Podemos configurar a redução de impostos” A investidores, o ministro fez questão de ressaltar que o forte rombo das contas públicas em 2020, por causa da pandemia, deve ser algo excepcional. “Nós vamos continuar sinalizando a contenção de despesas”, frisou, em relação ao ajuste fiscal pretendido para os próximos anos.” [Folha]

É como se a pandemia NUNCA rtivesse aocntecido, é como se o cresicmento de 2019 não tivesse sido pígio…

“Guedes declarou querer o controle do déficit fiscal e que, “se tivermos que arriscar um lado, vamos arriscar para o lado do [Ronald] Reagan”, ex-presidente dos Estados Unidos que promoveu corte de tributos e de gastos públicos.”

“Segundo ele, a recuperação da economia brasileira será baseada no controle de despesas públicas e nas privatizações. O ministro ainda acredita ser possível vender três ou quatro grandes estatais no segundo semestre do ano, mas isso depende do período de vigência das medidas de isolamento para conter a expansão da Covid-19.”

Sonhar não custa nada, né?

Equanto isso…

“O presidente Jair Bolsonaro tem pressionado a Receita Federal para perdoar dívidas tributárias das igrejas evangélicas, chegando inclusive a reunir em seu gabinete o secretário José Tostes, da Receita, com o deputado David Soares (DEM-SP), filho de R.R.Soares, um dos pastores que sustentam o bolsonarismo, e cobrar uma solução, segundo informou o “Estado de S. Paulo”. A igreja dos Soares deve R$ 144 milhões ao fisco. Na equipe econômica o que se diz é que o perdão de dívidas só pode ser concedido através de lei. Não pode ser um acerto entre amigos, como quer o presidente. Os débitos das igrejas são antigos, aliás, nada a ver com a pandemia. Guedes pode achar que isso não é intromissão, mas qualquer ministro da Economia preocupado com os cofres públicos acharia..” [O Globo]

“Há muitos outros fios desencapados na economia. Esta semana, o ministro conseguiu encapar um: os aumentos futuros do funcionalismo. Ele queria uma redução de jornada e de salário como aconteceu com o setor privado, ainda que em percentual bem menor. Mas não conseguiu. Não teve força nem para propor o congelamento de salários do funcionalismo federal, então negociou com o senador Davi Alcolumbre para que no projeto de socorro aos estados constasse a suspensão dos reajustes para os servidores estaduais, municipais e, na onda, fosse incluído o funcionalismo federal. Quando a ideia surgiu no projeto da Câmara, o primeiro telefonema que o relator recebeu foi de um ministro militar, o segundo, de um militar ministro. Pedindo para se excluir as Forças Armadas. Aliás, no dia 5 de maio, o Diário Oficial da União trouxe uma portaria normativa do Ministério da Defesa instituindo a Comissão Permanente de Remuneração dos Militares. Ela terá a prerrogativa de se reunir com o Ministério da Economia para discutir aumentos, vai se reunir sempre antes de se mandar a LDO e o projeto do orçamento. E se propõe, entre outras coisas, a “tornar as carreiras das Forças Armadas competitivas frente a outras alternativas, sejam elas públicas ou privadas” e “prover segurança econômica aos membros da carreira militar, quando do ingresso na inatividade”. A frase “eu sigo a cartilha de Paulo Guedes” dita pelo presidente terá vida curta. Na noite anterior, o presidente estava instruindo o líder do governo a defender a retirada de categorias da proibição de aumento. Depois, prometeu ao ministro que vai vetar o que defendera”

E eu devo confessar aqui o meu espanto, eu jurava que Guedes teria metido o pé ainda em 2019.

E essa lucidez irritante do Meirelles, hein?!

“Existe um equívoco de que o isolamento social, a quarentena, está causando a crise econômica. É ao contrário. A crise é causada pela pandemia. Parece óbvio, mas no discurso de muitos, inclusive em esferas de poder, estão agindo em direção contrária. O setor mais afetado pela crise foi serviços domésticos, que não foi objeto de nenhuma restrição. No entanto, foi o mais afetado pela preocupação das pessoas. O que afeta a economia é a pandemia, não as medidas para combater. O resultado para as experiências que aconteceram em outros países que passaram pelo pico, a atividade econômica começa a retornar após a pandemia estar controlada. A quarentena tem por finalidade combater de forma eficaz a contaminação” [UOL]

É muito estranho querer dar um beijo na boca do Meirelles?!

Ah, a última do demente bronzeado e grisalho é inacreditável:

“Em videoconferência promovida pelo Itaú BBA, o ministro Paulo Guedes (Economia) criticou a concentração do sistema bancário do Brasil. Para ele, com reformas e ampliação de investimentos, a economia ficará mais competitiva. “Em vez de termos 200 milhões de trouxas sendo explorados por seis bancos, seis empreiteiras, seis empresas de cabotagem, seis distribuidoras de combustíveis; em vez de sermos isso, vai ser o contrário. Teremos centenas, milhares de empresas”, disse neste sábado (9).” [[Folha]

Eles fez isso na frente de executivos de banco! Aí você pensa “porra, Guedes atacanado os bancos, PCO ficaria orgulhoso“, mas tenha sua calma, não se afobe:

“Após o deslize, o ministro fez um esforço para explicar a afirmação. Guedes declarou que não foi uma recriminação a algum banco específico ou a uma determinada empreiteira. “Eu, quando falo sempre que somos 200 milhões de trouxas com seis bancos, seis empreiteiras, seis isso, seis aquilo, eu quero muito mais enfatizar a importância da competição. […] Mercados pouco competitivos são menos convenientes para os consumidores”, afirmou. Ele frisou que, apesar da concentração bancária, isso não significa que algum banco tenha feito algo errado, e sim mostra que a economia brasileira é hostil, com alta carga tributária, por exemplo. Então, o ministro buscou ressaltar que as seis maiores instituições financeiras do país foram as que conseguiram sobreviver a esse ambiente.”

Ora, se não é uma crítica aos bancos, por conta da hostilidade da economia brasileira, o que sobra então da crítica? Sim, “200 milhões de trouxas“! Vai ser burro assim lá na casa do caralho, ele ofende os bancos, recua se

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10. Anúncio$

“O governo de Jair Bolsonaro veiculou publicidade sobre a reforma da Previdência em sites de fake news, de jogo do bicho, infantis, em russo e em canal do YouTube que promove o presidente da República. As informações constam de planilhas enviadas pela Secom (Secretaria Especial de Comunicação da Presidência) por determinação da CGU (Controladoria-Geral da União), a partir de um pedido por meio do Serviço de Informação ao Cidadão.” [Folha]

A Secom tinha 60 dias pra entregar as planilhas e demorou CINCO meses, e ainda assim mandou a planilha incompleta. Sabe como é, conhcereis a verdade e bla bla bla.

“Segundo as planilhas da Secom, disponíveis no site de Acesso à Informação do governo federal, dos 20 canais de YouTube que mais veicularam impressões (anúncios) da campanha da Nova Previdência no período reportado, 14 são primordialmente destinados ao público infantojuvenil, como o canal Turma da Mônica e Planeta Gêmeas. Um dos canais de YouTube que mais receberam anúncios, segundo a Secom, é o Get Movies, que não só é destinado ao público infantil mas tem 100% do seu conteúdo em russo. “O destino no YouTube para russos que querem assistir a desenhos animados e outros tipos de programa para a família”, diz a descrição do canal que recebeu 101.532 anúncios, segundo a tabela. Os anunciantes também recebem uma lista detalhada de todos os sites, aplicativos e canais de YouTube que veicularam campanha publicitária. O canal infantil Kids Fun, por exemplo, foi um dos campeões em anúncios (469.777).”

Um ou outro absurdo até vai, mas não filtrar nem por idioma ou idade, porra?!

“Outra publicação que recebeu uma quantidade considerável de anúncios com dinheiro público foi um site com resultados do jogo do bicho. O resultadosdobichotemporeal.com.br recebeu 319.082 anúncios, segundo a planilha enviada pela Secom. O jogo do bicho é ilegal no Brasil.”

Pra quem não sabe, os milcios são intimamente ligados à expansão do jogo do bicho no Rio de Janeiro.

“Sites de fake news também receberam muitos cliques —e verba— de anúncios do governo. Um dos campeões, com 66.431 anúncios, foi o Sempre Questione. Na página inicial deste site, nesta sexta (8), havia notícias como “Ovni é flagrado sobrevoando Croata, interior do Ceará, e aterroriza moradores” e “Kiko do Chaves diz que coronavírus é farsa de Bill Gates e da Maçonaria”. A campanha também foi veiculada em sites que disseminam desinformação, como o Diário do Brasil (36.551 anúncios). A Secom relata nas planilhas gastos com anúncios veiculados em sites e canais que promovem o presidente Jair Bolsonaro. No Bolsonaro TV –que se descreve como “canal dedicado em apoiar o presidente da República, Jair Messias Bolsonaro”– houve 5.067 impressões, segundo a planilha. Aplicativos para celular como “Brazilian Trump”, “Top Bolsonaro Wallpapers” e “Presidente Jair Bolsonaro” também veicularam a campanha. Ainda segundo a planilha, foram veiculados anúncios em sites de políticos eleitos, como o do senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ). O canal de YouTube Terça Livre TV, que pertence ao blogueiro Allan dos Santos, consta na planilha da Secom de veículos que receberam anúncios do governo. Segundo o documento, houve 1.447 anúncios no canal. Em depoimento à CPMI das Fake News, em novembro de 2019, Santos afirmou: “Sou dono do maior portal conservador da América Latina e não recebo nenhum centavo do governo”.”

Lembrando que Allan dos Santos mora em uma mansão em Brasília e há um tempo o Alxandre Frota questiona quem paga as despesas do Allan.

E sim, às vezes cagadas acontecem na compra de anúncios online, as coisas não são tão simples, mas focar público infantil e conteúdo em russo é coisa básica.

E que cois alinda vai ser a derrocada do allan do Terça Livre, esse aí vai ter círuclo exclusivo no inferno.

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11. 2021 será daquele jeito

Todo e qualquer otimismo é em vão:

“As perspectivas sombrias do impacto da Covid-19 e a deterioração do quadro político estão levando a previsões cada vez mais pessimistas para a economia brasileira em 2020 e 2021. Elas já incluem cenários de crescimento nulo ou negativo também no ano que vem. A pandemia provocará um fato histórico e até então inimaginável: a queda anual superior a 10% nas horas trabalhadas no setor de serviços, de longe o maior conjunto de atividades na economia. Como comparação, a maior retração anual já registrada nesse item foi inferior a 1%, ao fim da recessão que tirou 7,2% do PIB no biênio 2015-2016, segundo dados da FGV Ibre. Pelas projeções do órgão, o setor de serviços encolherá à taxa recorde de -4,4% neste ano —e o PIB, de -5,4%. A retração nos serviços também contribuirá para derrubar a massa salarial em mais de 10% e a elevar o desemprego acima de 20%, tornando muito difícil a recuperação. Em outras recessões, os trabalhadores dos serviços sempre encontraram meios de obter renda, dando alguma sustentação à economia. Isso é limitado agora pelo isolamento —e pela expectativa de um “abre e fecha” em razão de ondas da epidemia.” [Folha]

E não se esqueça, a demência do governo retaradará ainda mais a recuperação econômica. De tão preopcupados com as mortes de CNPJ eles vão foder ainda mais as empresas.

“A grande novidade desta crise é o impacto nos serviços e a destruição de seus empregos. E não está claro se vamos implodir também o médio prazo. Além dos problemas que já temos, estamos construindo outros novos”, diz Silvia Matos, coordenadora do Boletim Macro Ibre, da FGV. Matos não acredita em uma recuperação em “V”. Segundo ela, se por um lado o governo quer sustentar a atividade com estímulos fiscais, por outro a crise política e a perspectiva negativa no campo das reformas inibirão o consumo, o emprego e os investimentos. A FGV Ibre prevê crescimento, em 2021, entre 2% e 3,8%, mas com enormes incertezas que podem alterar o quadro.”

Até os pessimistas são ridiculamente otimistas.

“‘O economista-chefe do banco Fator, José Francisco de Lima Gonçalves, prevê um PIB negativo de -3% em 2021 —após queda de -7% em 2020. “Há um fluxo de medo invadindo o cenário. Além dos graves efeitos da epidemia, está difícil enxergar uma estabilização política que favoreça ajustes”, diz Gonçalves. Para Sérgio Vale, economista-chefe da MB Associados, o Brasil pode não crescer nada em 2021 pelos impactos da atual crise política e por já estar gastando, neste ano, boa parte da munição fiscal que teria para estimular a economia. “O governo vem direcionando uma metralhadora nos próprios pés na política, e a perspectiva é que não aprove mais nada de relevante”, diz. A Instituição Fiscal Independente (IFI), do Senado, também não crê em recuperação em “V” e começa a alterar para pior a sua percepção futura. “Nosso cenário mais pessimista vai se tornando cada vez mais provável, com o risco do pós-crise crescendo em um quadro de expansão do gasto público sem coordenação”, afirma Felipe Salto, diretor-executivo da IFI.”

Passo ao Samuel Pêssoa:

“Há algumas semanas o FMI divulgou o cenário para a economia mundial, referente ao biênio 2020 e 2021. O cenário básico prevê recuo de 3,0% em 2020 e crescimento de 5,8% em 2021. O cenário anterior à eclosão da epidemia da Covid-19 previa crescimento mundial de 3,3% em 2020 e de 3,4% em 2021. Assim, se o cenário básico do FMI se materializar, haverá perda de 6,3 pontos percentuais (pp) em 2020 e ganho de 2,4 pp em 2021. Pouco mais de 60% da perda de 2020 não será recuperada. É compatível, com o cenário básico do FMI, um retorno da economia mundial em 2022 a crescimento na casa de 3% ao ano. Assim, duas são as características da dinâmica da economia mundial, segundo o cenário básico do FMI: haverá perda permanente em 2020 de aproximadamente quatro pontos percentuais; e a economia deve retomar crescimento à mesma taxa vigente no período anterior à crise.” [Folha]

Menos o Brasil, claro.

“O cenário básico do FMI parece ser relativamente otimista. O Fundo também apresentou outros três cenários mais pessimistas. Mas o cenário “básico” é aquele considerado mais provável. Para o Brasil, o FMI projeta recuo da economia de 5,3% em 2020 e recuperação medíocre de 1,3% em 2021. O crescimento de 2021 parece muito baixo, mas o número de 2020 é bem próximo do cenário do Instituto Brasileiro de Economia (Ibre/FGV), de recuo de 5,4%. E tudo indica que a atividade no segundo trimestre deste ano recuará 10% ante o mesmo período de 2019.”

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12. A Fascistinha do Brasil

Bolsonaro, é claro, amou a entrevista da Regina.

“A aliados, o presidente afirmou ter ficado satisfeito com os posicionamentos de Regina, que minimizou a tortura durante a ditadura, relativizou o impacto do coronavírus e minimizou seu papel ao mencionar mortes de artistas durante a pandemia. A avaliação de interlocutores de Bolsonaro no Palácio do Planalto é de que — apesar do clima de tensão ao final da entrevista à CNN Brasil — a secretária conseguiu sair “de cima do muro” e se posicionar como uma defensora das ideias do presidente. Eles observam que Regina evitou criticar a ala ideológica, apesar de alfinetar o escritor Olavo de Carvalho — que exerce forte influência sobre este grupo — alegando que um de seus livros traz “muitos palavrões”. Pessoas próximas ao presidente acreditam que as declarações de Regina garantiram a sobrevida dela à frente da Cultura.” [O Globo]

Seu único porém:

“Na desastrosa entrevista concedida à CNN, Regina Duarte propalou: “o setor (artístico) me ama”. Jair Bolsonaro discorda. Quando lista as razões pelas quais já pensou em demiti-la, o presidente cita as lamúrias que ouviu de gente do ramo — obviamente, ultraconservadora — insatisfeita com o trabalho de Regina.” [O Globo]

Na sexta eu postei só um trecho do Villas-Bôas saindo em defesa da Regina, o texto na íntegra é ainda mais espantoso:

E lá vou eu recorrer de novo ao Merval:

“À medida que os fatos políticos vão ocorrendo sem que as barreiras institucionais sejam eficazes para conter o ímpeto corrosivo do presidente Bolsonaro, preocupa que militares antes considerados capazes de incutir bom-senso ao governo estejam avalizando uma visão paranóica da situação política. O General Vilas Boas, ex-comandante do Exército e figura icônica entre seus pares, encontrou palavras para elogiar a entrevista à CNN da ainda secretária de cultura Regina Duarte onde ela, em vez da “sensibilidade” que o general vislumbrou, demonstrou uma absurda indiferença diante das mortes pela Covid-19, das torturas e mortes na ditadura militar. A mesma insensibilidade que o presidente Bolsonaro explicitou ao ir de supetão ao Supremo Tribunal Federal (STF) pressionar pelo fim da quarentena, num momento em que o país claramente entra na fase aguda da pandemia e tem o número de mortes diário aumentando dramaticamente. A presença de seus ministros de origem militar na comitiva mórbida indica que eles pensam igual a Bolsonaro, ou se submeteram a seu desprezo pelo sofrimento alheio, numa visão utilitarista da vida em sociedade. O estilo provocador do presidente já é conhecido de todos. Ele pretende constranger aqueles que lhe impõem limites, mesmo instituições como o Supremo, que tem o papel de indicar ao presidente quando ele saiu do que a Constituição determina. Foi assim que assessores como o General Augusto Heleno, do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) ou o chefe do Gabinete Civil General Braga Neto, ou o Chefe da Secretaria de Governo, General Luiz Eduardo Ramos, transformaram-se em meros cumpridores de ordens, perdendo a qualidade de formadores de políticas governamentais.” [O Globo]

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13. Comissionados

Esse governo éincompetente em todas as esferas, e nesse caso é um ponto positivo:

“Após 14 anos de poder, o PT saiu da Presidência da República, que foi ocupada por Jair Bolsonaro (sem partido), alinhado à ala mais extrema da direita brasileira. Entretanto, o partido da esquerda não deixou completamente o Executivo. Levantamento do Metrópoles mostra que, entre os comissionados do Estado e os servidores, a sigla petista predomina entre os filiados políticos em serviço do governo federal.” [Metrópoles]

Tenho mil críticas ao PT, mas folgo em saber que eles são a maioria por lá e que esses dementes são incompetentes até pra foder com os petistas.

“Isso porque o (M)Dados, núcleo de análise de grande volume de informações do Metrópoles, mapeou todos os membros de partidos políticos do país e o quadro de servidores. Foram excluídos, contudo, casos de homônimos. Por isso, o cruzamento indica o número mínimo de filiados no Executivo. Os números de filiados estão bem divididos entre 32 partidos políticos. Entre as primeiras 10 siglas, três são de esquerda, duas de centro-direita, uma da extrema direita e quatro do Centrão. A segunda sigla com mais integrantes no governo é o MDB, que concentra 500 comissionados filiados – 11,71%. Atrás da sigla do ex-presidente Michel Temer está o PSDB, com 391 membros. A legenda do bloco com o maior número de comissionados filiados é o PP, na quarta posição. O líder do partido na Câmara, deputado Arthur Lira (PP), tornou-se o mais novo aliado do chefe do Planalto. A legenda tem 250 filiados no governo. Na quinta posição está outro partido de esquerda. O PDT contabiliza 230 integrantes no Executivo, seguido do DEM, partido do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), com 204. Na sequência, foi registrado outro partido do Centrão. O PTB, cujo presidente é o ex-deputado Roberto Jefferson, condenado no escândalo do mensalão, tem 192 filiados. É seguido por PSB, com 187; PSL, ex-partido de Bolsonaro, e PL, outro partido do Centrão que indicará filiados ao governo, ambos com 169 membros no governo.”

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14. Diplomacia e a soja

Bom texto do mathias Alencastro:

“O Centro-Oeste vive numa realidade paralela. Dos lobistas que acompanharam Bolsonaro na procissão ao STF, nenhum representava os interesses da região. Os seus estados constam entre os mais eficientes na luta contra a pandemia, que tem no sul-mato-grossense Luiz Henrique Mandetta (DEM) umas de suas raras lideranças nacionais. O governador de Goiás, Ronaldo Caiado (DEM), personifica a ideia de que a defesa da quarentena não é uma questão de ideologia, mas de matéria cinzenta.

É possível relacionar o dinamismo político com a pujança da economia local, dominada pelo agronegócio. Os primeiros meses da pandemia aceleraram a ultrapassagem da indústria petrolífera pelo agronegócio como motor das exportações, um marco na história econômica do país. O recente desabamento do preço do barril do petróleo acabou com a fantasia de um Petro-Estado brasileiro, transformada em delírio coletivo no auge do pré-sal. Provavelmente a última esperança do Rio de Janeiro de romper com o seu destino machadiano de balneário decadente.” [Folha]

Na mosca.

“Enquanto isso, o Centro-Oeste segue ocupando o espaço deixado pelo Sudeste. Com o PIB atrelado ao da China, a região deve rebentar devido a uma nova tendência: as inevitáveis medidas de restrição das exportações nos países industrializados vão criar uma explosão na procura por alimentos no mundo em desenvolvimento. Depois de ouvir Emmanuel Macron falar na importância da “soberania alimentar”, a ONU alertou para o risco de aumento dramático da fome.  Um chanceler digno desse nome posicionaria o Brasil na linha da frente da luta pela segurança alimentar. Entre muitas outras iniciativas, o Itamaraty abriria um novo capítulo nas relações com África, futuro celeiro da terra, com uma agenda de industrialização da agricultura. Se a China dominou o primeiro tempo da pandemia com a “diplomacia das máscaras”, o Brasil teria uma palavra a dizer no segundo tempo com a “diplomacia da soja”, um gol fácil de “soft power”.”

Sim, mil vezes sim, porra!

“Mas o Brasil não tem um chanceler, apenas um sujeito que passa o dia conspirando contra inimigos nas redes sociais e contra a saúde dos brasileiros na ONU. Numa ironia para o setor que mais entusiasticamente apoiou o candidato Bolsonaro, o agronegócio vai continuar crescendo a despeito do governo, responsável por uma dupla traição a seus interesses: a demonização do Brasil na arena ambiental e a destruição das relações com a China. Os dois principais obstáculos ao crescimento do setor nos últimos anos, bem à frente da guerra comercial sino-americana. Com o passe livre em 2022, o agronegócio terá um estatuto completamente diferente nas próximas eleições. O setor deverá ser incorporado na nova agenda diplomática, que terá como objetivo emergencial a reabilitação da imagem do Brasil. Para isso, os seus gestores terão de se adequar a novas exigências internacionais de alimentação saudável e de respeito ao meio ambiente. Os presidenciáveis não poderão se contentar com a cooptação incondicional do setor. Afinal, o agronegócio transitou da ala dos passageiros para a cabine do avião brasileiro.”

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15. Tentativa de golpe na Venezuela

Esses dias têm sido tão loucos que alguma notícia sobre prisão de mercenários passou por mim e eu nem levei a sério. Errei feio, errei rude:

“O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, reiterou nesta sexta-feira que seu governo não participou da Operação Gedeón — incursão marítima desbaratada no último domingo e que tinha o objetivo de derrubar o presidente Nicolás Maduro — , depois que 19 pessoas foram presas pelas forças de segurança da Venezuela, duas delas ex-militares americanos. Trump disse que a ação “não foi um bom ataque” e que foi realizada por um “grupo de párias” que incluía venezuelanos e “pessoas de outros países”.

— Vi as fotos em uma praia. Obviamente, eles não foram liderados pelo general George Washington — disse Trump em entrevista à Fox News, referindo-se ao primeiro presidente dos EUA, considerado um grande estrategista militar.— Se alguma vez tivéssemos que fazer alguma coisa na Venezuela, não faria isso em segredo. Eu não enviaria um pequeno grupo. Não, não, não. Seria um exército (…) e isso seria chamado de invasão.” [O Globo]

Impressão minha ou ele se comparou a George Washington? Daqui a pouco ele diz que teve mais gente na posse dele que na do George Washington…

“No último domingo, o governo venezuelano anunciou ter matado oito integrantes de um comando “mercenário terrorista” que tentou desembarcar em uma praia perto de Caracas, vindo da Colômbia. No dia seguinte, informou a prisão de dois americanos acusados de envolvimento na operação e de mais 11 suspeitos. O total de detidos já chega a 19. Entrevistas em vídeo dos dois americanos, os ex-militares Luke Denman e Airan Berry, foram exibidas pelo regime venezuelano na quarta e na quinta-feiras. Nesta sexta, o procurador geral venezuelano, Tarek William Saab, afirmou que a dupla foi formalmente denunciada por “terrorismo” e “invasão”. Os americanos afirmaram ter sidos contratados por uma empresa de segurança privada de Miami, a Silvercorp USA, para treinar 50 venezuelanos na Colômbia para a operação. O dono da empresa, o militar aposentado Jordan Goudreau, forneceu os equipamentos para a empreitada, disseram.

Na noite de quarta-feira, o político opositor venezuelano Juan José Rendón admitiu estar envolvido na Operação Gedeón e afirmou, em entrevista à rede de TV CNN, que o líder opositor Juan Guaidó estava ciente do plano preliminar, mas não deu sinal verde para sua execução. Rendón integra um Comitê Estratégico criado por Guaidó em agosto do ano passado. Washington vem negando participação na operação. À noite, o Conselho de Segurança da Casa Branca voltou a negar participação, postando no Twitter que, se tivesse se encarregado da operação, ela seria “aberta, direta e efetiva”. Em pronunciamento na televisão na noite de quinta-feira, Maduro acusou James Story, encarregado de Negócios dos EUA na Venezuela, de ser “responsável pelo ataque mercenário armado”. Maduro afirmou que atualmente não há diálogo entre seu regime e os Estados Unidos, o que, segundo ele, constituiria uma novidade. — Sempre houve canais de comunicação. Depois de 3 de maio, eles foram cortados. Eles não atendem os telefones. Silêncio total — disse.”

A inteligência venezuelana deu a volta nos caras:

“Em entrevista ao jornal Financial Times, Ephraim Mattos, ex-fuzileiro naval da Marinha dos EUA, disse nesta sexta-feira que a trama foi “meio improvisada” e que os militares envolvidos na ação eram “ineptos”. Mattos afirmou que soube do plano em setembro, quando instruía desertores venezuelanos em primeiros socorros em um campo de treinamento na Colômbia. Segundo ele, o fracasso da ação de deu “por arrogância, dinheiro e 100% de infiltração”. — Tudo foi muito ruim; houve infiltração de agentes duplos — afirmou, ao jornal britânico. O fracasso da operação provavelmente complicará ainda mais o objetivo dos EUA de derrubar Maduro, além de manchar pessoalmente Guaidó e aprofundar as divisões dentro da oposição venezuelana. A ação também acontece num momento de especial tensão entre EUA e Venezuela.”

E os russos estão ajudando a caçar os paramiliatres:

“O jornal venezuelano El Nacional informou que soldados russos estão operando drones sobre a Venezuela como parte de uma operação de busca por membros da força paramilitar. Segundo o jornal, Pelo menos oito membros das forças especiais russas estarão “operando drones para executar operações de busca e patrulha” perto de La Guaira, o estado costeiro ao norte de Caracas, capital da Venezuela.

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16. Um Trump Muito Louco

Se você já viu The West Wing – se não viu, veja – ou algum documentário filmado na casa Branca sabe quel lá é bem caótico e apertado, certo?

“O governo do presidente americano Donald Trump está correndo para tentar conter um surto de Covid-19 dentro da Casa Branca, e alguns funcionários mais graduados acreditam que a doença está se espalhando rapidamente pelos escritórios apertados que ocupam os três andares da Ala Oeste. Três altos integrantes do governo que lideram a operação do governo contra o coronavírus iniciaram um auto-isolamento de duas semanas depois que dois integrantes do quadro de funcionários da Casa Branca — Katie Miller, porta-voz do vice-presidente Mike Pence, e um dos assistentes pessoais do presidente Donald Trump — receberam a notícia de que seus testes para a doença deram positivo. Mas outros que tiveram contato com Miller e o assistente seguem trabalhando normalmente na Casa Branca. — É assustador ir ao trabalho — afirmou Kevin Hassett, um dos principais assessores econômicos do presidente, em entrevista ao programa “Face The Nation”, da CBS, neste domingo. Hassett disse que usou máscara algumas vezes, mas reconheceu que “estaria mais seguro sentado em casa do que indo à Ala Oeste. É um lugar pequeno e lotado. É, como se sabe, um pouco arriscado. Mas você precisa fazer isso porque tem que servir seu país.”.” [O Globo]

Até então  pessoal não estava usando máscara e o pessoal do grupo de risco não era testado frequentemente, viado!

“A descoberta de dois funcionários infectados levou a Casa Branca a apertar seus procedimentos para combater o coronavírus, incluindo testes diários para pessoas mais velhas, uso de máscaras e maior monitoramento de quem entra no complexo.”

Apertou tanto os procedimentos que o Pence apareceu por lá sem máscara, esse aí acredita em Deus fervorsamente e jura estar protegido. Essa aí é daqueles religiosos pancado das idéias mesmo, né exagero meu não. O Pence deve ser mais pancado das idéias religiosas que o Inri Cristo.

E o uíte abaixo é por demais maravilhoso:

E olha a última da Casa branca:

“Na chamada do chinês privado Caixin, “EUA cortam duração de vistos de jornalistas chineses, em escalada de confronto em torno da imprensa”. O NYT antevê “mais retaliação do governo chinês” e sublinha que “as novas regras americanas também se aplicam a cidadãos chineses que trabalham em veículos não-chineses”. Raju Narisetti, professor de Columbia e ex-editor no WSJ e no WP, lamentou a “péssima” decisão: “Nós somos muitos melhores do que isso, América. Um resultado triste para quem se preocupa com jornalismo e imprensa livre”.”

A China agradece, como de hábito.

E que paulada esse anúncio do Biden:

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>>>> Voto de Schrodinger: “O presidente troca de pele. Para que o possamos ver, sob o sol, sem filtros. Jamais, contudo, ainda que dissimulando em campanha, foi o que não é. Jamais será o que nunca foi. Ou seja: numa crise, multiplicará crises. Numa crise, promoverá choques e expurgos com maior frequência. Promoverá instabilidades. O estado de emergência em decorrência da Covid-19 é oportunidade. Para acelerar. Nunca crise desta monta, abre-se a porta para radicalizar mais. Tudo se intensifica. É a dança a que Bolsonaro convida. O desprezo pelo estudo, pelo conhecimento, pela ciência. Tudo se acirra. Frente a uma crise deste tamanho, o ímpeto para o confronto – para a forja de inimigos, para a fabrica de oposições dentro mesmo do próprio governo – afia-se. O Supremo é o inimigo da vez. “Quer que eu faça o quê?” Nada. Ou melhor: nada – porque não há querer. Nada. Porque sabemos o que fará. O presidente não está lavando as mãos. Está apenas informando que será ele mesmo – cada vez mais, intensamente.” [O Globo]

>>>> Transparência de Schrodinger: “Em conversa com apoiadores em frente ao Palácio da Alvorada, Bolsonaro disse: “Até gasto com cartão… estão batendo em mim. Gasto com cartão corporativo. Só que teve quatro aviões para a China para buscar gente lá. Aí gastou mesmo. E botam na minha conta”. No entanto, as despesas estão sob sigilo e não é possível saber, na fatura, o peso dessa operação de resgate de brasileiros em Wuhan, na China, onde foram registrados os primeiros casos do coronavírus. A reportagem da Folha considera a média das despesas com esses cartões desde o início do governo. Na gestão atual, gastou-se, em média, R$ 709,6 mil por mês, o que representa uma alta de 60% em relação ao governo do emedebista e de 3% em comparação com a administração da petista. Por mês, Dilma tinha uma média de gastos de R$ 686,5 mil, enquanto Temer despendia R$ 441,3 mil. Os dados são do Portal da Transparência do governo federal, que reúne informações de 2013 a março de 2020 (fatura mais recente). Os valores foram corrigidos pela inflação do período. Antes de assumir o governo, a equipe de Bolsonaro chegou a avaliar o fim desses cartões, que desencadearam um escândalo político com auxiliares do ex-presidente Lula. Os cartões corporativos, porém, ainda continuam funcionando.” [Folha] Os gênios se deram conta que não dá pra depender da burocracia para os gastos que uma comitiva presidencial necessita, né?

>>>> Celso Rocha de Barros escreveu um parágrafo primoroso sobre a eminência parda do Palácio do Planalto: “O centrão, a propósito, sempre teve uma facção armada, a bancada da bala. O sujeito ouve “bancada da bala” e pensa, “nossa, deve ser tudo capitão Nascimento, tudo sujeito violento, mas honesto”. Não, filho. O chefe da bancada da bala, deputado Alberto Fraga, foi gravado em 2009 reclamando que um de seus assessores, Júlio Urnau, estaria, supostamente, recebendo mais suborno do que ele. Ao fim da conversa, concluía: “E eu com cara de babaca aqui, entendeu?”. Jair Bolsonaro sonha em dar um ministério para Fraga. Pensou em entregar-lhe o Ministério da Segurança Pública como forma de enfraquecer Sergio Moro. E nós com cara de babaca, aqui, entendeu? Mas se engana quem pensa que tudo isso faz do bolsonarismo “mais do mesmo”. Bolsonaro é muito pior do que “o mesmo”. Os outros governos compravam o centrão burlando as regras da democracia, mas preservavam a democracia.” [Folha]

>>>> Dólar no natal: “Apostar no câmbio é sempre arriscado, mas um fundo americano com mais de U$30 bilhões em países emergentes e boa experiência em Brasil cravou que o dólar bate R$ 8 no Natal.olsonaro gostou entrevista regina” [O Globo]

>>>> É por essas e outras que voto no legislativo tem que ser PSOL: “O PSOL entrou no Supremo Tribunal Federal (STF), na sexta-feira, 8, contra a derrubada da portaria que, na prática, restringia o acesso do crime organizado a munições e armamentos extraviados das forças policiais do País. Em 17 de março, Jair Bolsonaro determinou que o Ministério da Defesa revogasse as medidas do Exército que tratavam do assunto. Foram três portarias feitas pelo Comando Logístico do Exército – COLOG, e depois uma para revogá-las. O partido de oposição protocolou uma ADPF (Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental) na Corte para suspender a última portaria. Uma reportagem do Estado revelou que o motivo do recuo foi pressão das redes sociais e do governo. O MPF investiga possível interferência do presidente em atos exclusivos dos militares. As medidas desagradam o eleitorado do presidente, mas, segundo especialistas, ajudariam a solucionar crimes como o de Marielle Franco, vereadora do PSOL assassinada em março de 2018.” [Estadão]

>>>> Puro suco de Brasil: “O Ministério Público Federal encaminhou notícia-crime ao Ministério Público de São Paulo pedindo investigação por suposto crime de estelionato cometido pelo pastor Valdemiro Santiago de Oliveira, da Igreja Mundial do Poder de Deus. Pelas redes sociais, o líder religioso anunciou sementes de feijão com ‘poderes para curar a covid-19’. Sem citar explicitamente pagamentos, o pastou utilizou o termo ‘propósito’, no qual o usuário faria um ‘propósito’ pelo feijão. A Procuradoria afirmou que, apesar do ‘disfarce linguístico’, o intuito de Valdomiro era levar fiéis a pagarem valores para obter as sementes ‘mágicas’, visto que elas só seriam entregues àqueles que exibirem comprovante de pagamento. Os ‘propósitos’ anunciados pelo Pastor Valdemiro eram de R$ 100, R$ 500 e R$ 1 mil. Aliado de Bolsonaro, o pastor já participou de uma live do presidente no dia 12 de julho do ano passado – no mesmo dia, o líder religioso havia entregue ofício ao Itamaraty pedindo um passaporte diplomático. Quase um mês depois, o governo autorizou o pastor e sua mulher, Franciléia de Castro Gomes de Oliveira, a ter posse do documento.” [Estadão]

>>>> Alckmin fez bem e deixou a raiva de lado: “A convite de João Doria, o ex-governador Geraldo Alckmin almoçou no Palácio dos Bandeirantes. Bruno Covas também tomou lugar à mesa. Doria pediu a Alckmin que, com sua experiência como médico e principalmente, ex-governador, avaliasse a condução da crise pelo governo paulista: no caminho certo, sem chance de flexibilizar a quarentena neste momento e com atenção redobrada às periferias.” [Estadão]

>>>> Mais Gaspari: “Depois da passeata de Bolsonaro em direção ao Supremo Tribunal Federal e da realização de uma reunião nas dependências da Corte para discutir uma de suas decisões, o presidente Dias Toffoli pode revolucionar a história da Casa, alugando dependências do prédio para outros eventos. O salão nobre, com sua salada de móveis, serviria para coquetéis. O salão Branco serviria para velórios e o dos Bustos acomodaria festinhas de aniversários de crianças.” [Folha]

>>>> Festa estranha com gente esquisita: “O Movimento Brasil Conservador está organizando para o dia 29 de maio o que ambiciona ser “o maio evento conservador online da América Latina”. Beleza. Entre os palestrantes, segundo o site do MBC, figurinhas carimbadas do bolsonarismo de raiz, como Eduardo Bolsonaro, Allan dos Santos, os irmãos Weintraub e outros menos votados. Chama a atenção, no entanto, um dos prestigiados no site com o carimbo de”presença confirmada”. É um certo Kim Paim, “um youtuber baiano residente na Austrália”, apresentado assim: “especialista em organização de dossiês”. Como cantou décadas atrás Renato Russo, será uma “festa estranha com gente esquisita’.” [O Globo]

>>>> Do Oiapoque ao Chuí três vezes: “Éder Mauro, um dos mais fiéis ao discurso bolsonarista e organizador de manifestações pró-governo em Belém, já foi reembolsado em R$ 49,2 mil pela Câmara, apenas com gasto de combustível, desde que começou sua nova legislatura, em janeiro de 2019. Os abastecimentos aconteceram sempre no mesmo posto, em Marituba, na região metropolitana da capital paraense. Levando em consideração apenas o gasto com gasolina nesses dois meses, e que um carro consume 1 litro a cada 10 quilômetros rodados, o combustível seria suficiente para ir do Oiapoque ao Chuí três vezes e fazer o trajeto Brasília a Belém quase sete vezes. O deputado foi procurado através de sua assessoria para comentar os gastos, mas não se pronunciou. Todas as notas estão publicadas no site da Câmara.” [O Globo] Imagine aí um carro que anda tanto abastecendo em um único posto…

>>>> Folgo em saber que Heleno não consegue nem ir ao mercado em paz: “O chefe do GSI (Gabinete de Segurança Institucional), general Augusto Heleno, foi flagrado enquanto circulava sem máscara por um supermercado do Plano Piloto de Brasília e, ao ser abordado por um homem, justificou-se: “Me distraí… Tocou o telefone”. Posteriormente, o ministro do governo do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) colocou o item de proteção. A cena foi filmada pelo rapaz que abordou o general e enviada à reportagem do UOL. Na versão da testemunha, as imagens foram gravadas ontem (8) à noite. O GSI foi procurado na manhã de hoje e ainda não respondeu se irá ou não se manifestar em caráter oficial.Indagado pelo autor das imagens sobre o fato de estar sem máscara, Heleno respondeu que se distraiu ao sair do carro. “Eu saltei do carro, tocou meu telefone, a máscara estava no bolso… Só isso”. O ministro questionou se o interlocutor era um jornalista no exercício da função, mas o homem se recusou a responder e alegou que se tratava de um direito. Na sequência, houve um breve momento de irritação entre as partes e a conversa foi interrompida. Ainda de acordo com o autor do vídeo, o flagra ocorreu em um “horário de pico do supermercado”. Ele afirmou que “todos usavam máscaras” e “mantinham a distância recomendada”.” [UOL]

>>>> Matéria da Folha sobre os políticos e as reuniões online: “O microfone, aliás, tem sido fonte de confusão e constrangimentos. Na Assembleia Legislativa do Paraná, o sistema captou o momento em que Nelson Justus (DEM-PR) mandou um recadinho nada gentil a Luiz Claudio Romanelli (PSB-PR), seu adversário político. “Saiu?”, perguntou Justus na conferência, querendo checar se todos tinham ouvido acidentalmente o momento em que, achando que já estava desconectado, ele dissera: “Eu pus no c… do Romanelli”. Os outros deputados caíram no riso, confirmaram a indiscrição ao autor e continuaram a sessão. Justus tinha acabado de, para usarmos um termo mais sóbrio, alfinetar o outro parlamentar ao pedir em sua fala que a entrada nas reuniões online da Comissão de Constituição e Justiça ficasse restrita a membros do colegiado (o que não é o caso de Romanelli).” [Folha]

>>>> Da Tábata Amaral: “Não requer nenhum doutorado para você olhar para o Brasil, ver o quão desigual ele é e entender que os alunos de escolas públicas vão ser muito prejudicados se o Enem for mantido na mesma data. A propaganda que o MEC divulgou é uma grande piada de mau gosto. Tem um desconhecimento absurdo da realidade brasileira. Aqueles estudantes, com quartos nobres, internet, celular moderno, essa não é a realidade do estudante brasileiro. Tem um projeto no Congresso para sustar o calendário do Enem e estamos conseguindo mais apoio. Se eu não conseguir, vou para Justiça. Não tem condições do Enem se manter nessa data.” [Estadão] O que me leva a esse tweet:

>>>> É num erro desses que dá merda e começa uma guerra: “Um navio de guerra iraniano disparou contra outra embarcação do país durante um exercício militar no golfo de Omã no domingo (10), deixando 19 tripulantes mortos e outros 15 feridos. Em comunicado emitido nesta segunda-feira (11), o Exército do Irã disse se tratar de um “acidente”. Segundo a emissora estatal IRIB, a fragata Jamaran disparou um míssil contra um alvo de treinamento, mas acabou atingindo a embarcação de apoio Konarak. Não está claro se o navio atingido chegou a afundar. O golfo de Omã é uma região altamente militarizada devido à sua importância geopolítica. Trata-se de um ponto de passagem para o estreito de Ormuz, por onde é transportado cerca de um quinto da produção mundial de petróleo. Nos últimos anos, o local registrou diversas escaramuças entre embarcações dos Estados Unidos e do Irã, elevando a tensão no Oriente Médio. O acidente deste final de semana ocorre aproximadamente quatro meses depois de as Forças Armadas do Irã derrubarem um avião ucraniano em Teerã, matando 176 pessoas, durante uma série de bombardeios contra bases americanas no Iraque em retaliação ao assassinato do general Qassem Soleimani.” [Folha]

 

Dia 493 | “Onze filhos da puta” e um segredo | 08/05/20

Taí o podcats de ONTEM, e saiba que o monumento à demência que foi a entrevista da Regina Duarte está nesse episódio.

O texto [e de Pedro Daltro e a edição é de Cristiano Botafogo. Os episódios você ouve lá na Central3 [Central3]

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1. “Onze filhos da puta” e um segredo

Alô, roterista dessa bad trip escrota, deixe de ser sadomasoquista, porra, dá um respiro aí pra gente, tá foda.

“Já se sabe que o vídeo — além de trazer a suposta ameaça do presidente de demitir Sérgio Moro caso ele não concordasse com a substituição do delegado Maurício Valeixo- mostra uma reunião pródiga em palavrões e menções a assuntos que o governo preferiria tratar em volume baixo, como os acordos com o Centrão.”  [UOL]

Cê tem idéia da loucura que é uma reunião ministerial apínhada de generais “pródiga em palavrões“?! Um governo que se diz religioso, defensor da família, dos bons costumes e o caralho a quatro.

“E também é sabido que a China foi citada na reunião em termos pouco elogiosos — pelo próprio Bolsonaro e logo na abertura do encontro.”

Sim, o presidente abriu a reunião cuspindo no maior parceiro comercial brasileiro, estou curiosíssimo pra saber a reação da Teresa Cristina na hora. Abracem que o presidente é de vocês, ruralistas! Chupem que é de uva, uva de produção nacional, lá do Sul.

“Mas a frase mais potencialmente danosa dita na mesa não saiu da boca do presidente, e sim do seu ministro da Educação. Depois de comentar medidas tomadas pelo STF que desagradaram o governo, Abraham Weintraub afirmou que a Corte era composta por onze filhos da puta. Um deles é o destinatário do vídeo. E ainda pode compartilhar com os outros dez o comentário “sensível” do ministro.” [UOL]

Vai explicar pra um gringo que numa reunião minsterial o minstro brasileiro da porra da Educação chamou os ministros da Suprema Corte de filhos da puta. E alguém aí acha que o Abraham foi repreendido?! Se bobear algum general o interrompeu e acrescentou mais impropérios.

E devo confessar que vivemos tempos sombrios, mas eu me delicio com o desespero dos generais. Como diria Caetano, “tempo, tempo, tempo, és um dos deuses mais lindos“:

“Os três-ministros generais do Palácio do Planalto, Augusto Heleno (Gabinete de Segurança Institucional), Braga Netto (Casa Civil) e Luiz Eduardo Ramos (Secretaria de Governo) já foram notificados pela Polícia Federal para depor no inquérito que investiga as acusações de Sergio Moro de que o presidente Jair Bolsonaro interfere politicamente na Polícia Federal. Como podem escolher o local onde querem ser ouvidos, os generais pretendem que o local seja o próprio Palácio do Planalto. Isso em razão tanto do fato de ser o local em que eles cumprem a maior parte de suas agendas quanto pelo simbolismo de ser a sede do Executivo federal.” [CNN]

Opa, baita simbolismo. Generais no palácio já é bem esquisito, mas generais depondo no Palácio do Planalto?! Tão de parabéns pela senilidade, quer dizer, sensibilidade.

“Investigadores que vão colher os depoimentos pretendiam fazê-lo ainda nesta sexta-feira (8), mas por motivo de agenda as oitivas só devem ocorrer no início da próxima semana.”

Então tá, né? Têm tempo pra fazer figuração em coletiva de 45 minutos, pra ir ao STF a pé mas não tem tempo pra depor em processo aberto pela Suprema Corte. Os generais vão passar o fim de semana enfurnado com os advogados, folgo em saber.

Ah, e Bolsonaro pediu para o “filho da puta” (apud. WEINTRAUB, 2020) do Cabeça de Pica reconsiderar a barraçaão do Ramagen, viado!

“O presidente Jair Bolsonaro apresentou ao ministro Alexandre de Moraes, do Supremo, pedido de reconsideração da suspensão de Alexandre Ramagem para o cargo de diretor-geral da Polícia Federal. Na peça, o Palácio do Planalto defende Ramagem e diz que não há quaisquer provas de alguma ordem presidencial voltada para manipular ou fraudar investigações da PF.” [Folha]

Ora, mostrem a porra do vídeo e deixem os generais contar a policiais e procuradores – ah se você pudesse ver o meu sorriso de orelha a orelha enquanto escrevia essas palavras – os bastidores da derrubada do Valeixo.

E sabe o que eu pensei aqui? Se o Moro for esperto ele gravou as conversas com os generais e vai soltar na melhor hora pra foder de ver com os milicos. Sim, ele é um tanto burro pra isso mas eu tenho fé, depois dizem que eu sou pessimista.

“Sobre as acusações de Sergio Moro, afirma que conversas trocadas por aplicativos podem, fora de contexto, ter interpretações dúbias e que Bolsonaro “jamais” solicitou ou cogitou pedir informações acobertadas pelo sigilo da Justiça.”

Notícia sobre perseguição da PF aos jornalistas e um singelo “mais um motivo para a troca“. E repare na genialidade dessas mulas, é como se a AGU tivesse a cargo do mais demente dos advogados, que certamente fariaz jus ao governo:

“A chance de reconsideração, no entanto, é quase zero nesta fase. Como o governo tornou sem efeito o decreto de nomeação de Ramagem, a ação perdeu o objeto.'”

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2. A marcha fúnebre

Não só os caras foram delicadamente convidados de última hora a caminhar até o STF – que representante de setor produtivo vai bater de frente com um presidente vingativo? – como a pauta foi sequestrada pelo presidente:

“A reunião desta quinta-feira (6) do grupo conhecido como Coalizão Indústria com o presidente Jair Bolsonaro e outros membros do governo tinha uma pauta bem precisa: situação da indústria, ações e doações para o combate ao novo coronavírus, retomada do setor produtivo —com a explicação de que a pandemia veio logo após uma longa crise que atingiu as indústrias— e retomada do crescimento econômico, com diminuição do custo Brasil e a volta da agenda de refomas. O encontro, no entanto, acabou sendo marcado por uma discussão sobre a flexibilização da quarentena que foi levantada pelo presidente Bolsonaro.” [Folha]

gif flexão

“Segundo relatos ouvidos pela Folha, quem entrou no assunto foi o próprio presidente ainda durante a reunião no Palácio do Planalto . Só após isso, segundo relatos, Marco Polo de Mello Lopes, da Açobrasil, concordou com o presidente. Foi neste momento, dizem os industriais, que Bolsonaro perguntou se eles teriam coragem de falar que a indústria brasileira está na UTI, precisando de oxigênio, com quem estivesse de plantão no STF (Supremo Tribunal Federal).”

Sim, quem disse que a indústria tá na UTI – ora, a indústria nacional de um país basicamente extrativista sempre estve na UTI, porra, não fode! – não foram os convidados, mas o presidente.

Na última reunião com o ministro Paulo Guedes, da Economia, o grupo havia sugerido que o governo utilize os bancos públicos para ajudar a liberar o dinheiro emergencial para pequenas e médias empresas que estão passando por dificuldades por conta da quarentena. Esse foi também uma das principais reclamações feitas durante este encontro com o presidente. Guedes e Bolsonaro reconheceram que o crédito ainda não chegou na ponta e afirmaram que estão trabalhando para que o dinheiro chegue para quem precisa de capital de giro.”

Pra quê a pressa, né? E são esses arrombados escrotos do caralho que ficam lamentando morte de CNPJ, asfixiam as empresas quando ela mais precisam de oxigênio e culpam o outro lado.

“Os industriais afirmam, no entanto, que o governo não apresentou nenhum tipo de proposta concreta para que o crédito chegue às empresas.”

E o que diabos Nelson faz no governo?! O texto é do Bruno Boghossian:

“Pelo segundo dia seguido, o ministro da Saúde disse que o governo deve recomendar medidas mais rigorosas de isolamento contra o coronavírus em algumas cidades. Nelson Teich afirmou na Câmara que o chamado “lockdown” pode ser implantado para “segurar o número de casos novos” de contaminação. O doutor está na contramão do chefe. Após receber empresários e fazer um comício no STF contra o distanciamento, Jair Bolsonaro alegou que as restrições são inúteis. “Essa questão de ‘fique em casa’ não está funcionando. Está servindo para matar o comércio”, diagnosticou.” [Folha]

É inacreditável que ela tenha topado virar ministro sem garantir do presidente liberdade para falar. Óbvio que Boslonaro não acietaria, e só um pulha aceitaria ser tutelado por um demente em plena pandemia. Liguem os pontos.

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3. A marcha fúnebre, parte 2

Texto do Reinaldo sobre a marcha  vai na íntegra

“O que o presidente Jair Bolsonaro e empresários foram fazer no STF? Tentar jogar no colo do tribunal a responsabilidade pela crise econômica provocada pelo coronavírus. Tese de fundo, vocalizada por Paulo Guedes: é o distanciamento social a origem dos males.

A marcha dos insensatos ocorre no momento em que a curva de mortos dá um pinote e em que capitais se veem obrigadas a impor o “lockdown” para tentar ao menos ordenar o caos. Mas por que ir ao Supremo, não ao Congresso? Porque saiu da corte a leitura evidente do texto constitucional: o presidente não pode impor disciplina na base do decreto. E ele exige ser o Napoleão de hospício do coronavírus.

Não se viu nada parecido em nenhuma democracia. A receita que Bolsonaro e Guedes levaram a Dias Toffoli é também inédita. O capitalismo mundial vive a maior crise de sua história porque não seguiu a opinião do nosso ministro da Economia.

Que coisa! O discurso homicida do presidente, do ministro e da patota de mascarados reúne mais adeptos, especialmente entre as elites, do que nosso senso de decência gosta de admitir. Há no ar miasmas de uma República de Salò (pesquisem) continental, não a de Mussolini, mas a revisitada em filme por Pasolini. Assiste-se a uma assombrosa banalização da morte, mormente agora que o vírus chegou a pobres e pretos.

Não é por acaso que mais da metade dos brasileiros, segundo estudo, pode ter de se pendurar no auxílio oficial. Essa condição miserável não foi fabricada pelo distanciamento social. Já existia antes do vírus. A utopia de Guedes já é uma realidade! O ministro não é melhor que Bolsonaro. A perversidade social do presidente é inata, espontânea. A de Guedes é cultivada, fruto da reflexão.

Há gato na tuba. O STF não é a casa da Noca. Bolsonaro teve a delicadeza de telefonar para Toffoli? “Fala aí, meu chapa! Como vai essa força? Tou indo aí!”? Ou tudo foi feito na base da blitz dos poderosos, entrando no tribunal como quem ocupa um boteco? Em tempos pré-vírus, só se conseguia ir a certos botecos reservando-se mesa.

De toda sorte, está liberado o caminho da romaria dos inconformados. Quando os sem-qualquer-coisa-que-os-faça-felizes quiserem tomar o Supremo, basta chegar e ir entrando. Afinal, na Casa que representa, por excelência, a República dos iguais, não pode haver distinção de classe. É ali o “locus” da vivência prática do artigo 5º da Constituição: “Todos são iguais perante a lei, sem distinção etc.”

É evidente que Dias Toffoli não deveria ter recebido ninguém. Até porque Bolsonaro fazia uma transmissão ao vivo da invasão consentida para as suas milícias digitais. A marcha dos mascarados ocorre no dia seguinte à declaração do ministro da Saúde, Nelson Teich, segundo quem o governo estuda a possibilidade de recorrer ao “lockdown” em algumas áreas. Ele deveria ter apresentado nesta semana um plano de saída do isolamento. Não há plano nenhum. O governo federal entregou aos estados 11% das UTIs prometidas.

Leio na Folha que Toffoli aproveitou a oportunidade para ressuscitar a antiga tese do pacto entre os Poderes: “Essa coordenação, que eu penso que o Executivo, o presidente da República, junto com seus ministros, chamando os outros Poderes, chamando os estados, representantes de municípios, penso que é fundamental. Talvez um comitê de crise para, envolvendo a federação e os Poderes, exatamente junto com o empresariado e trabalhadores, a necessidade que temos de traduzir em realidade esse anseio, que é o anseio de trabalhar, produzir, manter a sociedade estruturada”.

Tudo indica que ninguém falou da curva dos mortos, da falta de leitos ou do colapso do sistema de saúde. Ou por outra: discutiu-se, na base de uma blitz consentida, a feitiçaria de um pacto, mas nada se falou sobre ciência. Não se produz o segundo país mais desigual da Terra da noite para o dia. Parafraseando, acho, Nelson Rodrigues, cumpre constatar: atraso moral como o nosso não é coisa de blitz. Trata-se de uma obra de séculos.” [Folha]

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4. A fascistinha do Brasil

Essa entrevista só pode ter sido idéia do Tonho da Lua.

“Eu queria agradecer uma homenagem que eu recebi ontem, de um colega seu, que é o… Caio Coppola, pode ser? Ele fez um poema lindo, falando de heróismo, de entrega à pátria, e me retratou muito bmem… ” [Folha]

Começamos com um grande show de humildade!

“…e isso fez com que a primeira entrevista que e ô dando depois de falar com o presidente recaísse sobre vocês. Eu acho qu é uma emissora… que… eu adoro essa idéia de dois lados, sabe? Essa colocação tão democrática, tão limpa, bonita,d e ter sempre duas posições, né?

Opa, então a culpa não é do Tonho da Lua, mas da porra do Caio Coppola, errei de demente, desculpa.

“Demissão? Não, nada disso. Isso aí é uma narrativa que corre lá fora, pelo mundo. Parece que as pessoas têm uma ansiedade em me ver fora. Em nenhum momento [senti que ia sair], estava um clima [na reunião] superbom, ele estava animado, leve, rindo. A gente brinca, ele brinca mesmo. E ele estava num desses momentos leves, descontraídos, foi muito bom…. “

O jornalista pergunta sobre as críticas do sujeito da Fundação Palmares e ela diz que é tudo invenção da imprensa.

“Eu evito me contaminar com as redes sociais. O presidente me avisou. Ele disse: ‘Tem certeza que você quer aceitar isso que eu estou te propondo? O jogo é muito pesado, você vai virar vidraça, vai levar muita pedrada’. Mas eu tenho minha consciência limpa. Se eu ficar longe, essas pedradas não vão me atingir. Eu tenho uma história, estou tranquila”

Bolsonaro recomendando distância de redes sociais, viado!

O jornalista então afiirma que as tais pedradas vêm do núcleo olavista do governo, e ainda cita o Olavão sugerindo que a Regina não estava “bem da cabeça“:

“Eu não sinto resistência, se existe, não chega até mim. Li dois livros [dele], no terceiro achei que tinha muito palavrão e parei de ler, não li mais. Não perdi o respeito. Ele tem uma história muito importante, é um intelectual brasileiro. Mas não me interessei pelas coisas dele, fala muito palavrão, nomes feios. Então eu tenho evitado. Não sinto resistência do governo, sinto resistência da burocracia, a dificuldade das coisas andarem. Uma nomeação leva quatro semanas, tem que passar por filtros, e filtros burocráticos, não é o que estão pensando”

Olavão mandaria um “TEU CU!

O jornalista pergunta sobre Mantovani e Regina alega demência, baita pleonasmo:

“Não é verdade (que a exoneração do Maestro tenha partido da Regina), em nenhum momento… foi uma surpresa agora quando fiquei sabendo… eu não, em nenhuum momento eu… ainda falei “não faça isso, não deve fazer isso, segura o presidente…” (6’02”)

O jonralista interrompe  e aponta que ele foi nomeado

“Ah, ta falando da nomeação? Ele foi nomeado, não tava sabendo, entendi que era separado da cultura, depois da história da Palmares comecei a perceber que Palmares tá debaixo do guarda-chuva do Tursimo, o que tem a ver com cultura? Então eu fquei ate muito aliviada de dizer assim, deixa o sério… carmago fazer o trabalho dele, eu não tenho nada com isso, não vai cair no meu CPF…” 

Que diabos a Fundação Palmares faz no ministério do Turismo, porra? O que ela entende por Fundação Palmares?!

Regina se mostra surpreendida com a burocracia, quem poderia imagiar né? O âncora dos estúdios entra em cena e toca o áudio em que Regina diz que Bolsonaro quer demití-la e a reação da Regina é impagável, ela fica olhando fixamente pro jornalista a sua frente, que malandramente nem olha pra ela – e quando enfim ele olha Regina gesticula com a cabeça mostrando sua irritação. Ao fim do áudio o âncora repete ‘Ele está me dispensando” e Regina sai pela tangente

“Eu não consigo entender o áudio… que loucura, “será que ele tá me dispensando”, é isso? (risos) … isso pra te dizer, Daniel, eu fui incrivelmente surpreendida, eu troquei de telefone, fiquei aqui até muito tarde, fui pra casa, coloquei o telefone pra carregar na sala. acordei, tomei café, peguei o telefone e estava sem SIM, eu não tinha internet no apartamento e tava sem o SIM da operadora de telefonia…. e a gente tava incomunicável, olha como são engraçadas as coisas… fiquei muito surpresa, o Mantovani é isso… é uma pessoa que eu não conheo, queria conhecer, vi um vídeo dele muito legal e me parecia um cara muito estruturado, parece que ele conhece o setor…” (9’40)

EStRuTuRaDo“, porra!

O jjornalista interrompe a lisegia e pergunta se de fato ela estava com medo de ser dispensada:

“Eu gostaria de ter evitado, ate então todas as nomeações eram comunicadas, né, algumas eu não tinha, é, sugerido, e outras quando eu não tinha sugerido, eram sugeridas a mim, e eu dizia tudo bem, ué, não tenho nignuém pra esse quadradinho.”

O jornalista pergunta sobre a nomeação da Secretaria de diversidade cultural e…

“Nao, com ela foi um problema técnico, burcrático, ela tinha… ela tinha, como que chama? uma inscrição num partido 20 anos atrás…  [o jornalista curiosamente pergunta qual seria o partido] … acho que era PSDB, e isso aí ferrou, parou, e eu demorei pra ser avisada.” (12’18”)

Ser do PSDB virou problema burocrático. Nem é do PT, basta ser do PSDB!

A Daniela Lima, uma das âncoras da CNN, entra em cena e pergunta para desespero da Regina, que olha aflita para o jornalista ao seu lado. A Daniela lista artistas brasileiros que morreram nos últimos dias, aponta o silêncio do governo e pergunta se Regina – que se mostra completamente contrariada – poderia fazer alguma manifestação naquele momento:

“É assim, minha assessoria de comunicação, desde a primeira morte, desde o primeiro falecimento,da primeira perda de uma pessoa importante da Cultura, me cobrou uma mnaifestação, e eu optei por mandar uma mensagem como secretária para as famílias… Será que eu vou ter que virar obituário?”

É a partir das aspas aí de cima que Regina escancara a pulsão de morte desse governo -e isso não vem dum militar, mas de uma mulher tida como a Namoradinha do Brasil. Sabe a capa da Piauí do Bolsonaro beijando a morte? Pois é.

“Quantas pessoas a gente está perdendo? Teve uma semana que foram três grandes nomes…. o reconhecimento existe ou não existe, tem pessoas que eu não conheço. Aldir Blanc eu admiro muito, mas não conheci. O país está cultuando a memória deles, não precisa da Secretaria de Cultura. Agora se eu amanhã ou depis conseguir amadurecer a possibilidade de que isso é imprtante eu posso ter no site da cmunicação da SECULT o obituário, sabe, a gente vai avisar que perdeu, colocar a biografia… Pode ser que eu esteja errando, vou me corrigir. Não fiz por mal, peço desculpas, falei com as famílias, lamentei a perda… Nessa hora a pessoa que está mais constrangida pela perda é a família, e eu queria falar com elas diretamente, papel timbrado da Secretaria. Tá tudo aí, se quiser a gente mostra” (14’40” até 17’20”)

A incredulidade dos âncoras no estúdio diz tudo.

O jornalista ao lado de Regina cita o Paulo Betti, que questiona a Regina entrar em um governo que louva Brilhante Ulstra e…

“Eu acho essa coisa de esquerda e direito tão abaixo do patamar da cultura, não cabe na minha cabeça,.. agora por que eu tô apoiando o governo Bosloanro, porque eu achava e acho que ele é o melhor para o país…”

cnnregina

Repare que ela fez questão de usar o verbo também no presente.

“.. aí vc diz assim, ah ele fez isso, fez aquilo, eu não quero ficar olhando pra trás, se eu ficar olhando pro retrovisor posso cair no preciípcio, tenho que olhar pra frente, ser construtiva, amar o país… ficar cobrando coisas que aconteceram nos anos 60, 70, 80, vambora, vambora pra frente… “pra frente brasil, salve a seleção… não era bom cantar isso?” (18’14”)

Regina cantou assim a música da ditadura e repare no espanto da Daniela Lima:

O jornalista tenta trazer alguma razoabilidade e diz que muitas pessoas morreram na ditadura e…

“Cara, desculpa, eu vou falar uma coisa assim… Na humanidade…”

“não pára de morrer Se você falar vida, do lado tem a morte. Sempre houve tortura, censura. Sou leve, estou viva. Estamos vivo, vamos ficar vivos! Não vive quem fica arrastando caixões… Sempre houve tortura, não quero arrastar um cemitério. Mas a humanidade não pára de morrer, se você falar de vida, de um lado tem morte. Por que que as pessoa óóóó… Por quê?? Meus Deus do céu, Stalin, quantas mortes, Hitler, quantas mortes… Se a gente for ficar arrastando cemitério, desculpe mas não quero arrastar um cemitério nas minhas contas, sou leve, tô viva, vamos ficar vivos. Por que olhar para trás? Não vive quem fica arrastando cordéis de caixões, acho que tem uma morbidez neste momento. A Covid está trazendo uma morbidez insuportável, não tá legal” (19’42” a 20’57”)

Regina no momento do “óóóó“:

E Regina falou isso na semana em  que Bolsonaro recebeu o “herói nacional” Curió, que arrasta uma dezenas de cadáveres, ele próprio confessou.

Daniela Lima volta a insistir na questão dos artistas mortos:

“Estão fazendo falta [artistas que morreram], nós vamos sentir muita falta. Se eu estiver sendo cobrada significativamente por uma população que quer ser informada por cada óbito, eu abro um obituário.”

“Não tem nenhum problema, desculpe… Eu estou aqui [na Cultura] há 60 dias. Eu sempre ouvi falar que as pessoas têm 100 dias depois de assumir um cargo um cargo público para prestar contas, eu comecei a ser cobrada com 30 dias.. E eu tô trabalhando, gente… Depois que eu assumi essa função [de secretária da Cultura], a quantidade de gente que eu fico ouvindo que quer sentar nessa cadeira e com palpite de como administraria a Cultura do Brasil… Desculpem, eu estou aqui dando o meu melhor. É só isso, tenho o meu jeito e acho que preciso ser respeitada também.”

Regina é perguntada sobre a saída do Moro

“Profundamente triste, triste por ele, pelo presidente, pelo povo brasileiro, queria tanto que eles permancessem juntos, tenho na miha sala uma foto dos dois rindo juntos, tenho uam foto deles assistindo um jog de futebol na minha agenda… eu nao qus nem acompanhar, eu fiquei tao traumatizada, nem cheguei perto, os dois devem tá cobertos de razão” (33’25”)

“Eu fico ate emocinada, é muito tirste pro país, muito ttriste pra todos nós”

O jornalista aponta que já há nomes para substituí-la e…

“Eu acho que ele (Bolsonaro) deve tá sofrendo muitas pressõees,e  deve tá preparado pra qualquer momento a corda arrebentar.”

O jornalista pergunta se ela tá preparada:

“Não, sinceramente não, eu tô adorando ficar aqui, eu quero deixar um legado, sou uma artista, sou uma pessoa que ama a cultura, amo meu setor, apesar de saber que tem uma minoria que naão gosta de mim, é só uma minoria barulhenta, o setor gosta de mim, o setor me ama.”

Com requintes de crueldade – e tinha que fazer isso mesmo – a Daniela Lima interrompe a Regina para passar um vídeo da Maitê Proença- e enquanto o vídeo passa Regina dá um chilique com o jornalista ao seu lado, ela chega a tirar o ponto do ouvido e pedir que alguém da produção pegue de suas mãos

“Precisei dar um chilique aqu, desculpem o chilique, espectadores… Pra quê [ver o vídeo]? Vai ficar desenterrando mensagem da Maitê Proença de dois meses atrás? Pra que isso? Quem é você? Desculpe, eu não quero ouvir! Ela tem meu telefone, ela fala comigo! Eu tinha tanta coisa bacana pra falar. Vocês estão desenterrando mortos, vocês estão carregando um cemitério nas costas. Vocês devem estar cansados. Pensei que a entrevista seria com você [Daniel Adjuto], mas aí começo a ouvir vozes no meu ouvido [Daniela]. Não foi combinado nada disso” (37’35”)

O jornalista tenta encerrar a entrevista e…

“Não foi combinado nada disso? Eu achei que era uma entrevista com você Daniel, começam a entrar pessoas…”

Lembra do começo da entrevista, da Regina louvando a CNN e o Caio Coppola? O mundo dá voltas, fascistinha!

Agora adivinhe aí a única pessoa do governo a sair em defesa da Regina, nem fodendo você vai accertar:

“O ex-comandante do Exército, general Villas Boas, resolveu fazer agora o que nenhum integrante do governo havia feito: saiu em defesa da polêmica entrevista de Regina Duarte ontem na CNN. Em um post publicado agora há pouco no Twitter, Villas Boas disse que ficou “encantado com a demonstração de humanismo, grandeza, perspicácia, inteligência, humildade, confiança, doçura, autoconfiança que nos transmitiu”. O ex-comandante do Exército não especificou em que trecho Regina demonstrou humanismo. Se quando minimizou a citação aos torturados na ditadura ou quando disse “a humanidade não para de morrer”. O general disse também ter apreciado o modo como Regina teria se desvencilhado “das armadilhas que os entrevistadores tentaram colocar”. E, por fim, atacou a imprensa: — Questiono de qual instância alguns jornalistas retiram a autoridade de agirem como membros de um tribunal de inquisição.” [O Globo]

Era pra esse vídeo entrar lá nos drops, mas com essa entrevista só pode entrar aqui. O ouvinte André Machado me mandou essa clipe da banda dele, Two Wolves, feito 15 dias após a posse do Bolsonaro, e tem tudo a ver com a Fascistinha do Brasil:

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4. Centrão

O mundo dá voltas, né? O governo tá louco pra colocar na presidência da Câmara um político investigado na Lava-jato, que coisa. Eles eram contra o Maia por conta da planilha da Odebrecht mas parece que algo mudou..

“Os deputados federais hoje mais cotados para disputar a presidência da Câmara daqui a nove meses são implicados no escândalo da Lava Jato justamente sob suspeita ou acusação de usar cargos federais ou apoio ao governo para obter vantagem indevida. O líder do bloco do centrão, Arthur Lira (PP-AL), e o líder da maioria na Câmara, Aguinaldo Ribeiro (PP-PB), tiveram denúncia recebida pelo Supremo Tribunal Federal. O vice-presidente da Casa, Marcos Pereira (Republicanos-SP), é investigado em um inquérito. Os três estão entre os principais líderes do centrão e são, atualmente, os nomes mais fortes na corrida sucessória, apesar de haver boa margem para reviravoltas até fevereiro de 2021.” [Folha]

O governo vai colocar um nome só pra fazer figuração mas por trás o apoio deles é ao Centrão – isso faz parte do acordo, os caras do Centrão não seriam burros de não fazer essa exigência. Burro ali é só o governo mesmo.

“Jair Bolsonaro ofereceu e está distribuindo a esse bloco de partidos cargos de segundo e terceiro escalão em troca de apoio no Congresso. O primeiro, a diretoria-geral do Dnocs (departamento de obras contra a seca), foi entregue nesta quarta (6) ao Avante, em uma intermediação feita por Arthur Lira. O líder do PP teve ao menos três encontros recentes com Jair Bolsonaro (sem partido) e é o que tem o maior número de anotações na Justiça, nem todas relacionadas à Lava Jato. Em uma das reuniões com Bolsonaro —que já foi filiado ao PP, embora nunca tenha tido atuação orgânica na legenda—, o presidente gravou um vídeo amistoso para a família do parlamentar.”

E tá explicada a sintonia entre os dois:

“Um dos problemas judiciais que Arthur Lira enfrenta é da época em que era deputado estadual. Ele foi um dos alvos da Operação Taturana, que apurou desvio de verbas da Assembleia Legislativa de Alagoas por meio de apropriação de salário de servidores e empréstimos na rede bancária pagos com verba de gabinete. Na esfera criminal, foi denunciado em 2018 pela então procuradora-geral da República, Raquel Dodge, por peculato e lavagem de dinheiro. Após o STF decidir restringir o foro privilegiado, o caso foi para a Justiça de Alagoas. Na esfera cível, a Operação Taturana levou o deputado a ser condenado em ações por improbidade, uma delas em segunda instância. O deputado afirma que não foi citado validamente para se defender e que a condenação está com efeito suspensivo. Os demais casos surgiram quando ele migrou da Assembleia para a Câmara e são todos relacionados à Lava Jato.”

E a outra opção, além de investigado pela Lava-jato, fez parte do governo Dilma, isso mostra bem o desespero do Governo, que até ontem esconjurava qualquer um que tivesse colocado os pés no governo petista.

Ah, a Folha fez um ótimo apanhado das opiniãoes presidenciais sobre o Centrão, comecemos por novembro de 2017:

“Eu duvido que, eu sentado na cadeira presidencial, vai aparecer o ‘Seu’ Renan Calheiros e vai falar: ‘Eu quero o Banco do Nordeste pra mim.’ Eu duvido que isso venha a acontecer: a forma de fazer política como foi feita até o momento. E toda a imprensa pergunta pra mim: ‘Como você vai governar sem o ‘toma lá, dá cá’?’ Eu devolveria a pergunta a vocês: existe outra forma de governar, ou é só essa? Se é só essa, eu tô fora!” [Folha]

E o Lira é… alagoano, assim como Renan! E tão pilantra quanto, a diferença é que Renan é muito mais inteligente.

Passemos para Maio de 2018:

“Queremos conversar com os parlamentares de forma individual, tirar a negociação do jugo do líder partidário […] Grande parte dos partidos não vale nada”

Março de 2019:

“A Justiça nasceu para todos e cada um responda pelos seus atos. O que levou a essa situação, pelo que parece, são os acordos políticos dizendo-se em nome da governabilidade. A governabilidade você não faz com esse tipo de acordo, no meu entender. Você faz indicando pessoas sérias e competentes para integrar o seu governo, é assim que eu fiz no meu governo, sem o acordo político, respeitando a Câmara e o Senado brasileiro.”

Fecho com abril de 2020:

“Nós não queremos negociar nada. Nós queremos é ação pelo Brasil. O que tinha de velho ficou para trás, nós temos um novo Brasil pela frente.”

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5. Guedes

Que shit show fantástico: o líder do governo, major Victor Hugo, ínitmo do presidente, foi à tribuna da Câmara e deixou claro que a decisão de dar aumento ao funcionalismo veio do Bosloanro, deu até a hora da ligação em que o presidente deu o ok, e ainda tripudiou do Guedes dizendo que ele era “líder de um governo, não de um ministério“.

Guedes, é claro, deu um esporro e Bolsonaro recuou, como de hábito:

“Em meio à polêmica sobre o reajuste de servidores, Jair Bolsonaro e Paulo Guedes tiveram uma reunião dura na manhã desta quinta (7), antes da chegada dos empresários ao Palácio do Planalto. Depois da conversa, o presidente mudou o discurso.” [Folha]

O ministro da Economia queixou-se a Bolsonaro do que avaliou ter sido uma bolada nas costas no projeto de socorro aos estados. Nessa reunião, o ministro advogou junto ao presidente pelo veto, demonstrou a Bolsonaro que a decisão teria efeitos negativos na economia, com a reação adversa de investidores, o que põe em risco a própria sobrevivência do governo dele. Na visão de auxiliares do ministro, Bolsonaro age para atender a sua clientela mas tem noção de “causa e efeito” quando se trata de Guedes. E, por isso, há expectativa de que o presidente cumprirá o compromisso de vetar o reajuste de servidores, apesar da pressão contrária de aliados.

É uma merda atrás da outra, é preciso admirar a consitência.

“Ao mudar de posição e anunciar que pretende congelar os salários de todos servidores, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) elevou o desgaste do governo no Congresso e provocou reação da oposição, que se articula para derrubar o veto. A disputa envolve o lobby do funcionalismo, um dos mais poderosos no Legislativo, e deverá colocar à prova a relação que Bolsonaro tenta construir com o centrão —grupo de partidos independentes e que, juntos, representam grande parte do Congresso. O ministro Paulo Guedes (Economia) defende que a União, estados e municípios não concedam reajuste salarial aos servidores até o fim de 2021. Mas, em articulação chancelada por Bolsonaro, líderes governistas se uniram a parlamentares da oposição e do centrão para afrouxar a regra da equipe econômica.” [Folha]

Bolsonaro recuou mas os milcios continuam com o aumento, claro:

“Nesta quinta-feira (7), Bolsonaro afirmou que, a pedido de Guedes, deverá vetar o dispositivo que poupa algumas categorias do congelamento, inclusive setores da base de apoio do governo, como policiais e oficiais das Forças Armadas. Deputados do centrão preferem adotar uma postura cautelosa em relação a uma eventual votação sobre esse veto. Esse grupo negocia com Bolsonaro indicações políticas para cargos públicos. Seria um dos primeiros testes de fogo da lealdade do centrão ao presidente, considerando a impopularidade da decisão. Na avaliação de alguns parlamentares, no entanto, um eventual veto seria mantido pelo Congresso, graças ao apoio recém-conquistado pelo governo.”

E imagine a cara de trouxa do Alcolumbre:

“Nesta semana, Câmara e Senado, com respaldo de Bolsonaro, flexibilizaram a medida de Guedes, abrindo brechas para que sejam concedidos reajustes para algumas categorias, como professores, profissionais da limpeza urbana, de assistência social, peritos criminais e servidores de segurança pública, como militares das Forças Armadas, policiais federais, policiais militares, civis e bombeiros. O relator do plano de socorro foi o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), que construiu a proposta com o aval do governo federal. Ele defendeu a blindagem de algumas categorias. Nesta quinta, Alcolumbre disse que Bolsonaro tem direito de sancionar ou vetar o projeto. Já o vice-presidente do Senado, Weverton Rocha (PDT-MA), o recuo de Bolsonaro foi irresponsável. “Não me surpreende esse posicionamento do presidente, que age de forma irresponsável, criminosa com o servidor público, sempre penalizando a categoria”, disse o senador.”

E se alguém acha que o Major Vitor Hugo é maluco – sim, ele é – eis outra prova:

“Durante a votação no Senado, o líder do governo na Casa, Fernando Bezerra Coelho (MDB-PE), ressaltou que o projeto construído tinha o aval do presidente da República. “Essa construção consta, sim, com o apoio do presidente Jair Bolsonaro”, disse Bezerra. Para Randolfe Rodrigues (Rede-AP), líder do partido e do Bloco da Minoria, Bezerra foi desmoralizado por Bolsonaro publicamente. “O presidente desmoralizou o líder do governo publicamente. O líder tinha de ter coragem de entregar o cargo para o qual ele não tem mais atuação”, disse. Na Câmara, a avaliação é que a liderança de Vitor Hugo (PSL-GO) também ficou comprometida. O parlamentar, ao lado do ministro da Secretaria de Governo, Luiz Eduardo Ramos, ajudou a costurar a emenda que ampliou as categorias ressalvadas —e que foi desautorizada pelo presidente dois dias depois.”

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É óbvio que tinha que ter um general tomando no cu!

Da Coluna do Estadão:

“O emparedamento público que Paulo Guedes impôs a Bolsonaro, ao pedir o veto ao reajuste de salário dos servidores, pegou mal com parte do governo e parlamentares. Acham que é questão de tempo o encerramento das atividades do Posto Ipiranga. Por quê? Quem conhece Bolsonaro ilustra: o presidente dá linha à pipa para depois cortá-la. Isso explicaria o atendimento ao pedido de Guedes e os elogios reiterados. Guedes é visto como intransigente ao não abrir mão do discurso liberal em meio à pandemia, o que tem irritado Bolsonaro há algum tempo. Interlocutores do governo avaliam que, embora tenha prometido publicamente vetar o reajuste do funcionalismo, o presidente não engolirá a pressão feita por seu ministro. A crise sanitária e econômica causada pelo coronavírus e a recente demissão de Sérgio Moro do ministério da Justiça são os dois vetores que tem garantido sobrevida ao ministro que, por enquanto, não tem dado sinais de que vai partir de si a iniciativa pelo rompimento.” [Estadão]

E ainda tem Boslonaro indo pra cima da Petrobras:

“Jair Bolsonaro disse ontem que vai questionar a Petrobras a respeito do reajuste de 12% no preço da gasolina nas refinarias, anunciado anteontem. Chegou a qualificar de “manobra” a decisão. Até agora, no entanto, o incontido espírito intervencionista de Bolsonaro não saiu do armário. Oficialmente, a Petrobras não foi ainda instada a se explicar. Se o for, terá uma resposta na ponta da língua e da máquina de calcular. Dirá que o preço da gasolina no mercado internacional subiu muito nas duas últimas semanas devido à paralisação de várias refinarias e do aumento de consumo com o relaxamento do distanciamento social nos EUA e outros países. Além disso, ocorreu desvalorização do real. A Petrobras tem outro número a apresentar a Bolsonaro, se ele for mesmo em busca de explicações: o preço da gasolina nas refinarias da Petrobras, de R$1,02 por litro, é o mais baixo desde 2 de setembro de 2005.” [O Globo]

Livre mercado no cu dos outros é refresco!

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6. O governo verde-oliva

Do Nelson Motta:

“O bagulho está louco. Às vezes parece que a tática bolsonarista é tornar a vida no Brasil tão insuportável que dê saudades da ditadura militar. Mas sem ele. Não dá para compará-lo a Castello Branco ou Ernesto Geisel, que o chamou de “mau militar”, e até Figueiredo, que foi sempre o primeiro da classe nos cursos do Exército, e pareceria um estadista educado ao lado de Bolsonaro. Costa e Silva, que também foi sempre o primeiro da classe, tinha algumas dificuldades de expressão, mas seria um erudito diante do Jair.

O Exército respeitava a meritocracia, o preparo individual, a carreira, embora isso não garantisse um bom governo. Pelo menos na ditadura os filhos dos generais-presidentes não se metiam em política e não mandavam nada. Nesse tempo torturavam e matavam fisicamente, agora assassinam reputações e disseminam fake news com exércitos de robôs. A paranoia comunista volta aos tempos da Guerra Fria. Nenhum ministro da Educação da ditadura foi pior e mais ignorante do que Abraham Weintraub. Nenhum general-presidente condecorou milicianos ou tentou emplacar um filho sem qualificações para a embaixada em Washington. A censura de financiamentos públicos para filmes e peças,“em defesa da família”, é mais radical que na ditadura.

Não dá para ter saudades da ditadura, mas mesmo seus piores governos foram melhores que o de Bolsonaro em eficiência e compostura. O Exército sabe disso. O homem está descontrolado. Dá desculpas esfarrapadas e não explica seu xodó pela Polícia Federal do Rio de Janeiro. Pior do que ter o dele é ter o rabo do filho preso, vale tudo para salvá-lo. E se não der ? Imaginem um cenário em que Flávio Bolsonaro, depois do devido processo legal, é condenado por unanimidade no STF e vai preso. O que faria o capitão? Seu governo acabaria? O Exército apoiaria um golpe por causa de Flávio Bolsonaro? Pouco provável, mas, mesmo assim, mais do que a inviável candidatura de Bolsonaro quando foi lançada. O Brasil é muito louco. De tanto sofrer foi enlouquecendo.” [O Globo]

Irretocável. Um bom exemplo é a política indígena, a FUNAI foi criada pelos milicos e, por mais absurdo que isso possa parecer, eles tinham uma política indígena, algo que esse governo infestado (única palavra possível) de militares abosultamente desconhece.

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7. Covid-17

Que proeza, senhoras e senhores:

“A troca de funcionários do Ministério da Saúde por militares, promovida por Nelson Teich, foi vista com perplexidade pelos técnicos da pasta, que interpretam a manobra como uma intervenção fardada inédita e grave por ocorrer no meio de uma pandemia com milhares de mortos no país. Um dos exonerados, Francisco Bernd, funcionário do ministério desde 1985, diz nunca ter testemunhado “uma mudança tão drástica, com a chegada de pessoas tão estranhas à Saúde.” A maior ameaça à resposta do Brasil à Covid-19 parece ser seu presidente, Jair Bolsonaro, mais empenhado em uma guerra contra a ciência do que contra o novo vírus. O diagnóstico está no editorial publicado nesta quinta (7) pela prestigiosa revista científica britânica The Lancet, que nomeia Bolsonaro como “líder ‘e daí?’”, em referência à resposta dada pelo presidente a jornalistas quando questionado sobre a recente escalada no número de mortes por Covid-19 no país.” [Folha]

São petistas, eu tenho certeza. Isso aí é armação do Tory Part, inverte aí as palavras, dá PT, porra, só não vê quem não quer.

‘É desesperador que o governo brasileiro não esteja seguindo as recomendações das comunidades médica e científica do país”, disse o médico e editor da Lancet, Richard Horton, à Folha ao explicar as motivações para a publicação do editorial. ”O Brasil tem alguns dos melhores cientistas e pesquisadores do mundo, e o governo precisa ouvir esses profissionais e confiar neles. O editorial descreve o Brasil como um terreno pantanoso mesmo sem o jogo contra de lideranças políticas: 13 milhões de brasileiros residentes em favelas, falta de saneamento e acesso a água, ameaças a populações indígenas vulneráveis à ação de madeireiros e garimpeiros, que agora trazem, além da destruição da floresta, também uma nova doença.”

Make Brazil Great again“, viado!

E que desgraça é o Nelson, puta que pariu…

“A troca de funcionários do Ministério da Saúde por militares, promovida por Nelson Teich, foi vista com perplexidade pelos técnicos da pasta, que interpretam a manobra como uma intervenção fardada inédita e grave por ocorrer no meio de uma pandemia com milhares de mortos no país. Um dos exonerados, Francisco Bernd, funcionário do ministério desde 1985, diz nunca ter testemunhado “uma mudança tão drástica, com a chegada de pessoas tão estranhas à Saúde.”” [Folha]

Preste atenção, o sujeito tá lá desde 85, 3 anos antes da redemocratização!

“Bernd explica que há diversos grupos técnicos na pasta que foram sendo criados em diferentes mandatos e incorporados pelos sucessores. “Os militares que chegam não têm absolutamente nenhuma experiência histórica na Saúde. O próprio Teich não tem experiência em gestão pública”, destaca.”

Por que diabos colocar alguém com experiência em saúde pública no meio duma pandemia?!

“Também não caiu bem a colocação de Teich de que os militares fazem “uma coisa organizada”. ” A crise na saúde então é por culpa da desorganização do ministério?”, pergunta Bernd, que era diretor de programa na secretaria-executiva da Saúde. Seu posto ficará com o tenente-coronel Jorge Luiz Kormann.”

A culpa é de todo mundo, menos do governo.

“Bernd diz que torce muito pelo sucesso deles, mas prevê dificuldades. “Como vão administrar a engrenagem dos repasses para estados e municípios? Como vão lidar com o planejamento do orçamento e com as compras chegando agora?”. Bernd, que já foi secretário-adjunto de Saúde no Rio Grande do Sul e foi levado para Brasília pelo ex-número 2 da pasta, João Gabbardo, voltará para Porto Alegre. Nesta quinta (7), Teich disse que a substituição não será definitiva. “Conforme for retornando para uma situação normal, essas pessoas vão naturalmente voltar para seus lugares e pessoas não militares vão estar colocadas no lugar. Mas esse é um período de guerra”, afirmou.”

CARALHO, o ministro come merda. Vivemos sim uma guerra, mas colocar militares no ministério de saúde é atestado de demência, porra!

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8. China dando o troco

É hora da colher tanta insensatez:

“Os primeiros 500 respiradores dos 3 mil que o governo de SP comprou da China e que chegariam no sábado (2) no Brasil ficaram bloqueados no aeroporto de Pequim, o maior do país asiático. O bloqueio levou tensão máxima ao governo paulista: sem os equipamentos, não é possível ampliar os leitos para pacientes graves de Covid-19 justamente no momento em que as UTIs já estão quase lotadas. Uma operação de guerra foi montada. Primeiro problema: o governo chinês fez o bloqueio porque decidiu limitar a 150 o número de itens de cada mercadoria que pode ser embarcada nos aviões para exportação. A ideia é que outros produtos hospitalares, e não apenas respiradores, possam ser entregues em outros países com velocidade. Foi preciso então mudar a papelada para que pelo menos os primeiros 150 respiradores cheguem a São Paulo nos próximos dias. O segundo problema, mais complexo, é resolver o embarque dos outros 2.850. “Não durmo há 15 dias”, diz Wilson Mello, presidente da InvesteSP, empresa do governo responsável pela operação. “Vivemos uma loucura na logística global em que nada funciona como antes. Há restrição de contêineres e aviões, há muito menos voos entre os países”, diz ele.” [Folha]

Não duvido nada que a limitação tenha sido imposta pelo governo chinês, e isso é duma escrotidão impensável, mas um presidente que não vive de cuspir nos chineses talvez desse seu jeito.

“A InvesteSP estuda agora embarcar cada lote de 150 da China em aviões que vão para diferentes países e, depois, de cada um deles para o Brasil. A outra opção é fretar aviões para ir à China buscar a mercadoria. É imprescindível que todos cheguem a SP até o fim de maio.”

Não mandem para o Trump, hein!

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9. A tragédia diplomática

Do Nelson de Sá:

“No final de abril, o chanceler Ernesto Araújo escreveu em seu blog sobre o que chamou de comunavírus: “A pretexto da pandemia, o novo comunismo trata de construir um estado de exceção global, transformando o mundo num grande campo de concentração”. O Times of Israel publicou a reportagem “Ministro brasileiro compara distanciamento social a campos de concentração” e, dias depois, Araújo enviou uma carta: “Eu nunca comparei distanciamento a campos de concentração”. O jornal publicou, mas manteve o título. Dias depois, também no Times de Jerusalém, “Judeus brasileiros criticam as bandeiras israelenses em protestos ‘antidemocráticos’”. Cita Conib (Confederação Israelita do Brasil), Judeus pela Democracia e Instituto Brasil Israel. Por outro lado, o embaixador Yossi Shelley “compartilhou post em mídia social que apoiava os manifestantes pró-Bolsonaro”. O noticiário prosseguiu com despacho da Jewish Telegraphic Agency, de Nova York, reproduzida por jornais como Haaretz, de Tel Aviv, com o título “Presidente do Brasil fala ao lado de bandeira israelense em manifestação contra a suprema corte, confundindo e irritando judeus”” [Folha]

E a OCDE tá com os dois pés atrás, grande dia:

“A Bloomberg noticiou que o pedido de entrada do Brasil na Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), “o clube dos países ricos”, antes defendida por Donald Trump, está “sob escrutínio”. A questão é saber “até que ponto são livres para trabalhar” a Polícia Federal e o Ministério Público, sob Bolsonaro. Jornais como o Ámbito Financiero, da Argentina, país que tinha até então a preferência dos EUA, destacam que “Periga a candidatura do Brasil à OCDE”.”

Não demora muito e Bolsonaro está esculhambando a OCDE, “eu nem queria entrar mesmo, tá ok?“.

FHC, chanceleres e dipomatas escreveram um texto que começa elencando os princípios organizadores das relações internacionais de acordo com um troço chamado Constituição de 1988 e conclui:

“É suficiente cotejar os ditames da Constituição com as ações da política externa para verificar que a diplomacia atual contraria esses princípios na letra e no espírito. Não se pode conciliar independência nacional com a subordinação a um governo estrangeiro cujo confessado programa político é a promoção do seu interesse acima de qualquer outra consideração. Aliena a independência governo que se declara aliado desse país, assumindo como própria uma agenda que ameaça arrastar o Brasil a conflitos com nações com as quais mantemos relações de amizade e mútuo interesse. Afasta-se, ademais, da vocação universalista da política externa brasileira e de sua capacidade de dialogar e estender pontes com diferentes países, desenvolvidos e em desenvolvimento, em benefício de nossos interesses. Outros exemplos de contradição com os dispositivos da Constituição consistem no apoio a medidas coercitivas em países vizinhos, violando os princípios de autodeterminação e não-intervenção; o voto na ONU pela aplicação de embargo unilateral em desrespeito às normas do direito internacional, à igualdade dos Estados e à solução pacífica dos conflitos; o endosso ao uso da força contra Estados soberanos sem autorização do Conselho de Segurança da ONU; a aprovação oficial de assassinato político e o voto contra resoluções no Conselho de Direitos Humanos em Genebra de condenação de violação desses direitos; a defesa da política de negação aos povos autóctones dos direitos que lhes são garantidos na Constituição, o desapreço por questões como a discriminação por motivo de raça e de gênero. Além de transgredir a Constituição Federal, a atual orientação impõe ao país custos de difícil reparação, como o desmoronamento da credibilidade externa, perdas de mercados e fuga de investimentos. Admirado na área ambiental, desde a Rio-92, como líder incontornável no tema do desenvolvimento sustentável, o Brasil aparece agora como ameaça a si mesmo e aos demais na destruição da Amazônia e no agravamento do aquecimento global. A diplomacia brasileira, reconhecida como força de moderação e equilíbrio a serviço da construção de consensos, converteu-se em coadjuvante subalterna do mais agressivo unilateralismo.” [Folha]

Lembrando que o protagonismo latino-americano na busca por uma vacina está com uns caras que jogam a Concacaf, porra! Sim, o México!

“Na América Latina, de indutores do processo de integração, passamos a apoiar aventuras intervencionistas, cedendo terreno a potências extrarregionais. Abrimos mão da capacidade de defender nossos interesses, ao colaborarmos para a deportação dos Estados Unidos em condições desumanas de trabalhadores brasileiros ou ao decidir por razões ideológicas a retirada da Venezuela, país limítrofe, de todo o pessoal diplomático e consular brasileiro, deixando ao desamparo nossos nacionais que lá residem. Na Europa ocidental, antagonizamos gratuitamente parceiros relevantes em todos os domínios como França e Alemanha. A anti-diplomacia atual afasta o país de seus objetivos estratégicos, ao hostilizar nações essenciais para a própria implementação da agenda econômica do governo. A gravíssima crise de saúde da Covid-19 revelou a irrelevância do Ministério das Relações Exteriores e seu papel contraproducente em ajudar o Brasil a obter acesso a produtos e equipamentos médico-hospitalares. Nossa solidariedade e decidido apoio aos diplomatas humilhados e constrangidos por posições que se chocam com as melhores tradições do Itamaraty. A reconstrução da política exterior brasileira é urgente e indispensável. Deixando para trás essa página vergonhosa de subserviência e irracionalidade, voltemos a colocar no centro da ação diplomática a defesa da independência, soberania, da dignidade e dos interesses nacionais, de todos aqueles valores, como a solidariedade e a busca do diálogo, que a diplomacia ajudou a construir como patrimônio e motivo de orgulho do povo brasileiro.”

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10. Câmbio

E o dólar está indo pra casa do caralho!

“Os mais espirituosos costumam dizer que o câmbio foi inventado para humilhar economistas –e tem sido assim durante a pandemia do coronavírus. Em meado de abril, as projeções ainda discutiam a sustentação do dólar cotado a R$ 5. Foi apenas nesta segunda (4) que o boletim Focus do Banco Central, que reúne as projeções das principais instituições financeiras, abandonou a casa dos R$ 4 para o fim de 2020. Na semana passada, analistas e economistas apontavam a impossibilidade matemática de a cotação chegar a R$ 6. Nesta quinta-feira (7), o dólar fechou a R$ 5,8360, alta de 2,3%. Está a R$ 0,164 de chegar ao patamar simbólico de R$ 6,00 –e a R$ 2,02 de bater o recorde de maior alta real (que leva em conta a inflação). O turismo está a R$ 6,09.” [Folha]

Lembra do Guedes dizendo que o dólar só chegaria a R$5 com muita besteira, né?

“A escalada da moeda americana contrariou também as projeções do ministro da Economia Paulo Guedes. Há apenas dois meses, em 5 de março, os R$ 5 pareciam distantes quando o ministro Guedes disse que o dólar iria a este patamar caso “muita besteira” fosse feita. Àquela época, o dólar estava a R$ 4,65. “Pode chegar a R$ 5? Ué, se o presidente pedir para sair, se todo mundo pedir para sair. É um câmbio que flutua, se fizer muita besteira, ele pode ir para esse nível”, disse Guedes na ocasião. Agora, os R$ 6 são uma possibilidade cada vez mais real. “Os R$ 6 é palpável, já está na nossa cara. É bem provável que chegue e pode até ultrapassar”, diz José Falcão, analista de investimentos da Easynvest. O avanço rumo ao novo patamar veio após o Banco Central cortar a taxa básica de juros de 3,75% para 3% ao ano nesta quarta (6), uma redução maior do que a esperada pelo mercado.

Desde então, a saída de Sergio Moro, ex-ministro da Justiça, do governo de Jair Bolsonaro, e suas implicações políticas agravam a turbulência em Brasília, que vive uma crise entre o Executivo e demais poderes, com a pandemia de coronavírus e a crise econômica em decorrência dos esforços para contê-la como pano de fundo. “A soma de inércia econômica com risco político parecem não arrefecer e trazem o dólar mais para perto de R$ 6 do que de valores de outrora”, diz Ilan Arbetman, analista da Ativa Investimentos. “Nada é impossível no cenário que estamos vivendo. Tudo está contribuindo para o câmbio pressionado. Não descarto a possibilidade de chegar a R$ 6”, diz afirma Cristiane Quartaroli, economista do banco Ourinvest. Neste cenário, o dólar acumula alta de 45% no ano, o maior salto desde 2015, ano em que a moeda subiu 49%. Dentre todas as divisas globais, o real é a que mais perde valor em 2020.”

Convenhamos, surreal o dólar aumentar 45% em 2015, puta que pariu.

“O Brasil começa a ficar muito barato, o que pode atrair o investidor estrangeiro. Mas, neste momento, com aversão a risco elevada pela pandemia, ele se retrai”, diz Viriato.”

Ora, o problema não é só a pandemia, mas o mais inepto e surreal dos presidentes. Como você acha que o Deus Mercado vê o Bolsonaro fodendo com o Guedes dia sim e dia também, dando espaço nas decisões econômicas para os generais que só tem o playbook da ditadura?!

“Estrangeiros têm retirado os investimentos do país desde 2019, o que contribui para o dólar em alta. Na Bolsa são R$ 114,8 bilhões a menos de aportes estrangeiros desde janeiro do ano passado até esta segunda (4), segundo dados da B3. Eles também saem da renda-fixa, com renovações da mínima histórica de juros que deixa carry trade —prática de investimento em que o ganho está na diferença do câmbio e do juros— menos vantajoso. No carry trade, o investidor toma dinheiro a uma taxa de juros menor em um país, para aplicá-lo em outro, com outra moeda, onde o juro é maior. Com a Selic 3% e perspectiva que caia para 2,25%, investir no Brasil fica menos vantajoso, o que contribui com uma fuga de dólares do país, elevando assim sua cotação.”

Encerro com Lauro Jardim:

“De um grande empresário consultado sobre o impacto da alta do dólar: — Sabe o filme “Náufrago”? Estamos no início da cena da queda do avião. Para quem não se lembra, o personagem de Tom Hanks até sobrevive à queda – mas se alimenta à base de coco numa ilha deserta, passa cinco anos sem cortar o cabelo, enlouquece, fica amigo de uma bola de vôlei e no final perde a mulher.” [O Globo]

Como diria Renan, “e a energia lá em cima, ó”, com os dedos indicadores pra cima
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11. Exames

E esses arrombados vivem falando em transparência:

“A Advocacia-Geral da União (AGU) decidiu nesta sexta-feira (8) acionar o Superior Tribunal de Justiça (STJ) para derrubar a decisão que obrigou o presidente Jair Bolsonaro a entregar “os laudos de todos os exames” realizados para detectar se foi infectado ou não pelo novo coronavírus. A Justiça Federal de São Paulo e o Tribunal Regional Federal da 3ª Região (TRF-3) já garantiram ao Estadão o direito de ter acesso aos papéis por conta do interesse público em torno da saúde do presidente da República. Na última quarta-feira (6), o desembargador André Nabarrete, do TRF-3, manteve a obrigação de Bolsonaro entregar “os laudos de todos os exames” de covid-19, conforme havia sido determinado pela Justiça Federal de São Paulo. “A sociedade tem que se certificar que o Sr. Presidente está ou não acometido da doença”, escreveu Nabarrete. O caso será analisado agora pelo pelo presidente do STJ, ministro João Otávio de Noronha. Ao site JOTA, Noronha afirmou que “não é republicano” exigir a divulgação dos documentos. “Não é porque o cidadão se elege presidente que não tem direito a um mínimo de privacidade”, disse.” [Estadão]

Juiz comentando decisão ainda não tomada pra imprensa…

““Eu não acho que eu, João Otávio, tenho que mostrar meu exame para todo mundo, eu até fiz, deu negativo. Mas vem cá, o presidente tem que dizer o que ele alimenta, se é (sangue) A+, B+, O-? Há um mínimo de intimidade a ser preservada”, disse o presidente do STJ na entrevista.”

Olha esa comparação, viado! E o Estadão fez a única coisa possível:

“O Estadão pediu nesta sexta-feira (8) ao presidente do Superior Tribunal de Justiça (STJ), ministro João Otávio de Noronha, que se considere “impedido” de analisar o recurso da Advocacia-Geral da União (AGU) contra a divulgação dos exames de covid-19 feitos pelo presidente Jair Bolsonaro. Em entrevista ao site JOTA, Noronha antecipou a sua posição e afirmou ontem que “não é republicano” exigir que os documentos sejam tornados públicos. O jornal também alega que não cabe recurso no STJ contra a decisão individual do desembargador André Nabarrete, do Tribunal Regional Federal (TRF-3), já que o caso ainda pode ser apreciado no próprio TRF-3.” [Estadão]

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>>>> Foi sem querer querendo: “Jair Bolsonaro ligou na terça-feira para o fotógrafo Dida Sampaio, do “Estado de S. Paulo”, brutalmente agredido pela turba bolsonarista enquanto trabalhava durante a manifestação golpista de domingo passado. Tiveram uma conversa rápida. Bolsonaro repetiu o que já dissera antes ao também fotógrafo Orlando Britto, também agredido o mesmo evento: que não tinha o poder de controlar seus seguidores.” [O Globo]

>>>> Ei, Nabhan, vai tomar no cu! “O acirramento dos ânimos entre o Palácio do Planalto e o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, ganhou um novo foco: a Medida Provisória da regularização fundiária, a MP 910. O governo afirma que Maia tem segurado a votação da proposta – conhecida na oposição como a “MP da grilagem de terras” – sem ter motivos, porque já haveria uma maioria formada para aprovar a medida. A oposição, no entanto, critica o governo de agir com açodamento e de querer aprovar um tema sensível sem o devido debate. Mentor da proposta, o secretário de assuntos fundiários do Ministério da Agricultura, Nabhan Garcia, amigo do presidente Jair Bolsonaro, disse ao Estadão que não há mais motivos para segurar a votação e que Maia faz “uso político” da situação. Procurado pela reportagem, o presidente da Câmara reagiu duramente à crítica e disse: “É um mentiroso”, referindo-se a Nabham. Para não caducar, a MP precisa ver aprovada e sancionada até o dia 19 de maio, caso contrário perderá a sua validade. “Se a maioria já tem um posicionamento, põe em pauta. Agora, ficar segurando… Isso aí é que gera um desgaste desnecessário. Por que ele (Rodrigo Maia) está fazendo isso? Será que é porque a oposição sabe que vai perder no plenário? O plenário é soberano, tem 513 deputados. Isso aí é inaceitável”, afirmou Nabhan. Maia respondeu que não conhece Nabhan Garcia, mas lembrou que o secretário prometeu, ainda durante a campanha de Bolsonaro e com o apoio do então candidato, atuar para que o governo apoiasse a anistia de dívidas estimadas em R$ 17 bilhões contraídas pelo agronegócio com o Fundo de Assistência ao Trabalhador Rural (Funrural), o que acabou não ocorrendo desde que Bolsonaro foi eleito, por receio de incorrer em crime de responsabilidade fiscal. “Não conheço (Nabhan Garcia). Pelo que sei, este Nabhan prometeu a anistia do Funrural e até agora o governo não cumpriu”, respondeu Rodrigo Maia à reportagem. “Não sei quem é, mas pelo jeito é mentiroso”, disse o presidente da Câmara. Na quinta-feira, 7, Bolsonaro usou as redes sociais para pedir apoio à aprovação da MP. “Colocá-la em votação, e NÃO DEIXÁ-LA CADUCAR, é um compromisso com a dignidade desses produtores (rurais) e com o desenvolvimento do nosso Brasil”, escreveu nas redes sociais. A publicação de Bolsonaro ocorreu após uma reunião no Palácio da Alvorada, com Nabhan Garcia.” [Estadão]

>>>> Só de imaginar o desespero dos bolsonaristas paulitas eu acho é muita graça: “O PT entrará nesta sexta-feira (8) com um pedido na Justiça para que seja instituído o “lockdown” (bloqueio total) na cidade de São Paulo e em municípios da região metropolitana. Segundo argumentam os signatários do pedido de medida cautelar —o vereador Antonio Donato, os deputados estaduais Paulo Fiorilo e José Américo e o deputado federal Carlos Zarattini— , os índices de contaminação pelo novo coronavírus na cidade continuam aumentando mesmo com as medidas restritivas impostas pelo prefeito Bruno Covas e o governador João Doria, ambos do PSDB. No pedido, os petistas dizem que a adesão ao distanciamento social nessas cidades tornou-se uma “peneira ao sol”, com apenas cerca de 50% de adesão. Eles afirmam que a Grande São Paulo concentra 10% da população brasileira e corre o risco de se transformar numa tragédia muitas vezes pior do que a de Nova York, onde, segundo argumentam, a recuperação só começou após “duríssimo ‘lockdown’” [Folha] Sonho do Doria, lockdown sem ser decisão dele,e não tô criticando o PT não, tá certíssimo, foda-se disputa eleitoral agora.

>>>> Lucas Tristão é acusado por parlamentares cariocas de espioná-los, dentre outras delicadezas. Pois bem: “O governo revogou na tarde desta quinta-feira (7) a nomeação do secretário de desenvolvimento do Rio, Lucas Tristão, para um assento no Carf (Conselho Administrativo de Recursos Fiscais). Em edição extra do Diário Oficial da União, o Ministério da Economia tornou sem efeito duas portarias que o colocavam em dois cargos. Tristão é um dos secretários mais próximos do governador Wilson Witzel (PSC), adversário político de Jair Bolsonaro, e a sua nomeação havia provocado estranheza. A informação de dentro da Economia é a de que o nome do secretário do Rio foi barrado na corregedoria do ministério, por ter omitido dados durante o processo seletivo. O Carf é um órgão de recurso de contribuintes contra autuações do fisco e é composto por auditores e por representantes do setor privado.” [Folha] Aham, não tem nada a ver com o ódio de Bolsonaro pra cima da Whitney não. O louco é que esse sujeito é o tipo de cara que esconderia dados…

>>>> O que mais me espanta nem é o erro patético do Juiz, mas as pessoas levarem a sério um valor como esse, são as mesmas pessoas que acham que o PT roubou 6 trilhões: “O juiz Carlos Henrique André Lisbôa, da 1ª Vara da Família e das Sucessões de São Bernardo do Campo, voltou atrás e reconheceu que o valor do inventário da ex-primeira dama Marisa Letícia Lula da Silva é de R$ 26 mil, ao invés de R$ 256 milhões. “O inventariante se manifestou por meio da petição de fls. 573/576 e juntou o extrato de fls. 577/584. Restou demonstrado que o investimento que a falecida possuía no Banco Bradesco tem saldo líquido de R$ 26.282,74 (fls. 578) e que ele não é regulamentado pelos contratos acostados a fs. 394/427 e 428/468”, escreveu no documento. “A questão, portanto, está devidamente esclarecida”, segue. O juiz também afirma que a onda de notícias falsas produzidas depois da divulgação do valor errado, podem ser tratadas, “caso haja interesse, em ação própria”. No fim de abril, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) foi intimado a apresentar sua defesa em ação na qual é processado pelos herdeiros da ex-primeira dama. A família de Lula (PT) processa o filho do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) após publicação nas redes sociais na qual Eduardo afirmava que Marisa Letícia possuía um patrimônio de R$ 256 milhões —quando, segundo a defesa dos herdeiros, o valor verdadeiro é de R$ 26 mil.” [Folha]

>>>> O blog “Saída à direita” esculhambou o Winston Ling: “É absolutamente vergonhoso e temerário que um empresário bem-sucedido e influente como o sinobrasileiro Winston Ling espalhe desinformação sobre o coronavírus com base num arremedo de raciocínio darwinista. A teoria da evolução tem uma lógica clara, mas é preciso entendê-la direito. Em sua conta no Twitter, Ling afirmou recentemente que já existiriam o “corona bom” e o “corona mau”. Vírus “inteligentes”, segundo ele, são os que se espalham o máximo possível causando o menor dano possível no hospedeiro. Ao ficar em casa, estaríamos favorecendo evolutivamente o “corona mau”. Existem mais buracos nesse raciocínio simplista do que numa peneira de cruzeta, lamento informar. Pra começo de conversa, o empresário se esquece de que os sintomas — espirro, tosse etc. — são PARTE FUNDAMENTAL da estratégia de espalhamento de um vírus respiratório. Além disso, justamente por ser vírus respiratório, que por definição se espalha fácil, o incentivo evolutivo para “ficar na moita” é muito menor porque não há problema em causar sintomas severos desde que o vírus consiga pular fácil pra outros indivíduos suscetíveis. Não adianta tentar raciocinar sobre dinâmica evolutiva sem levar em conta os parâmetros ecológicos e a relação de custo-benefício envolvida num sistema. (A gente imaginaria que empresários, pelo menos, conseguiriam pensar em termos de custo-benefício, mas não parece ser o caso aqui…) Outra questão que Ling deveria ter considerado, se queria brincar de análise de custo-benefício darwinista, é o fato de o vírus ter acabado de saltar de um hospedeiro animal para seres humanos. Isso significa que o ajuste fino que ele espera do vírus AINDA NÃO OCORREU. É justamente o fato de termos uma história tão curta de convivência entre hospedeiro e parasita que temos tanta gente vulnerável — o mundo inteiro, na verdade — e sintomas tão variados e estranhos sendo causados. Esse vírus ainda “não sabe direito o que fazer” num corpo humano. Finalmente, até agora não há informação NENHUMA sobre níveis diferentes de agressividade das linhagens de Sars-CoV-2. ZERO. Sem essa informação, e sem as bases que citei, Ling está construindo castelos de cartas no ar, na melhor das hipóteses (misturei as metáforas, desculpem). Empresários sabem ganhar dinheiro, parabéns pra eles. Mas sujeitos influentes como Ling deveriam ficar no cantinho deles quando sentirem a tentação de travestir seus vieses e interesses em informação “científica” pra dezenas de milhares de pessoas. Não estamos em condições de correr mais esse risco.” [Folha]

>>>> Grande dia! “O Órgão Especial do Tribunal Regional Federal da 2ª Região autorizou a abertura de um processo administrativo disciplinar contra o juiz Marcelo Bretas, da Lava-Jato carioca. O caso se refere à participação do juiz no dia 15 de fevereiro em dois eventos — inauguração da alça de ligação da Ponte Rio-Niterói com a Linha Vermelha e um evento religioso na Praia de Botafogo — na companhia do presidente Jair Bolsonaro e do prefeito Marcello Crivella. À época, Bretas disse que foi a convite do presidente da República e que, “em nenhum momento, cogitou-se tratar de eventos políticos-partidários”.” [O Globo]

>>>> Risos, muitos risos: “A realização (e não mais somente a promoção nas redes) da live com Hamilton Mourão parece ter selado o destino do Brasil 200: se sobreviver, terá de se reinventar sem o peso e o prestígio de seus fundadores, entre eles, Flávio Rocha e João Apolinário. Logo após a live com o vice, a seção “quem somos”, no site do Brasil 200, deixou de exibir a lista de seus empresários e fundadores. Os descontentes achavam que o momento não era propício para ouvir Mourão enquanto Bolsonaro sofre ataques.” [Estadão]

>>>> Biden e seu pasado: “Uma ex-assessora que alega ter sido vítima de agressão sexual pelo candidato democrata à Casa Branca Joe Biden o desafiou na noite de quinta-feira a renunciar à disputa nas eleições presidenciais de novembro nos EUA. Tara Reade, de 56 anos, acusa Biden, 77, de agredi-la sexualmente em um corredor no Congresso dos Estados Unidos em 1993, quando ele era senador e ela era sua funcionária. Em seu primeiro pronunciamento na televisão desde que o ex-vice-presidente de Barack Obama negou essas alegações na semana passada, Reade pediu que ele desistisse de concorrer à Casa Branca. – Você quer que ele se retire (da disputa democrata)? – perguntou um jornalista à mulher. – Eu gostaria que ele fizesse isso, mas ele não faria – respondeu Reade, acrescentando que era “um pouco tarde” para Biden se desculpar. A vice-gerente de campanha de Biden divulgou uma declaração nesta quinta-feira que contradiz Reade. Segundo o jornal Washington Post, Kate Bedingfield disse que “mais e mais inconsistências continuam aparecendo” e que “as mulheres devem poder se apresentar e compartilhar suas histórias sem medo de retaliação ou preconceito”, porém, “nunca podemos sacrificar a verdade”.” [O Globo]

Dia 492 | É você, Nixon?! | 07/05/20

Logo mais atualizo o podcast de ONTEM por aqui. E você ouve os episódios lá na Central3: [Central3]

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1. Comigo não tá

Espero do Celso de Melo nada menos que um remake brasiliense de ‘Dia de Fúria’.

“A determinação do ministro Celso de Mello, do STF (Supremo Tribunal Federal), para o Planalto entregar a gravação em vídeo de uma reunião de ministros do dia 22 de abril, citada por Sergio Moro em depoimento à Polícia Federal, provocou uma guerra de versões de auxiliares de Jair Bolsonaro sobre quem teria manuseado o material e a extensão dele. Aliados do presidente divergem sobre quem esteve com o cartão de memórias da gravação, mas já afirmam que o vídeo não captou o encontro por inteiro e que deverá ser entregue uma versão curta da reunião ao Supremo.” [Folha]

Inacreditável, viado, inacreditável essa porra! Não à toa em sua decisão Celso de Mello tinha delicadamente sugerido ao governo que resguardasse a integridade dos registros, em áudio e vídeo.

“O chefe da assessoria especial da Presidência da República, Célio Faria Júnior, nega que esteja com o vídeo e afirmou, em nota enviada à Folha, que não compete à sua área “o registro de imagens de reuniões, tampouco o arquivo de eventuais registros”. “As reuniões realizadas na Presidência da República são eventualmente gravadas pela Secretaria de Comunicação da Presidência da República (Secom), com a única finalidade de divulgar as imagens da agenda presidencial, na sua maioria registros curtos e pontuais”, afirmou. Nesta terça (5), o site O Antagonista citou Faria como o auxiliar de Bolsonaro que teria ficado com o cartão de memória da gravação e o formatado. Segundo a publicação, o assessor devolveu o material a outros integrantes do Planalto apenas nesta terça e sem conteúdo.”

“Nesta quarta (6), Faria negou que esteja com o material: “Não tenho qualquer vídeo”. Outros auxiliares de Bolsonaro, porém, dizem que na semana passada o assessor pediu, sim, acesso ao vídeo. E, apesar de Faria ter dito que as reuniões são eventualmente gravadas pela Secom, aliados do presidente dizem que Fábio Wajngarten, que chefia o órgão, não está com a gravação. O registro da reunião teria sido feito pela EBC (Empresa Brasil de Comunicação), que, segundo integrantes do Planalto, grava imagens para serem utilizadas institucionalmente. No caso específico da reunião do dia 22, pessoas ligadas a Bolsonaro dizem que o encontro não foi gravado do início ao fim. Procurada oficialmente para comentar o assunto, a Secretaria de Comunicação respondeu que “o Planalto não comentará” o tema.”

Vai falar o quê? Somos dementes incapazes de guardar uma gravação?

“Na semana passada, Bolsonaro chegou a dizer que divulgaria o vídeo da última reunião ministerial da qual participou Moro. Segundo o presidente, ele teria cobrado o ministro sobre as prisões de pessoas que desrespeitam a quarentena. Na mesma semana, porém, Bolsonaro recuou e disse que foi aconselhado a não divulgar o material.”

Sabe como é, alguém deve ter lembrado ao presidente que ninguém é obrigado a produzir provas contra si próprio, né?

“A AGU (Advocacia-Geral da União) recorreu da decisão do ministro Celso de Mello, do STF (Supremo Tribunal Federal), de obrigar o governo a entregar a gravação da reunião em que o presidente Jair Bolsonaro teria ameaçado demitir o então ministro da Justiça, Sergio Moro, caso não trocasse o diretor-geral da Polícia Federal. No recurso de uma página, a AGU pede que Celso de Mello reconsidere a decisão com o único argumento de que a reunião pode ter sido “tratados assuntos potencialmente sensíveis e reservados de Estado, inclusive de Relações Exteriores, entre outros”.” [Folha]

UMA PÁGINA, porra!

“Será uma grande surpresa se o ministro Celso de Mello acolher o pedido da Advocacia-Geral da União para que ele reconsidere a ordem de entrega do vídeo da reunião ministerial de 22 de abril. O decano concedeu 72 horas – faltam 44 delas – para que o Planalto forneça a gravação “intacta” do encontro. Caso a ordem não seja cumprida, ou o vídeo tenha sido destruído, como se noticiou, um fato menor no inquérito deve acabar por provocar um terremoto: o Planalto pode ser alvo de uma busca e apreensão e os responsáveis pelo material, presos preventivamente. O assunto é sério. Vortex está a par do caso por meio de fontes confiáveis, com conhecimento direto do tema. Essas opções mais duras estavam em discussão no final da noite.” [Vortex]

E olha o precedente jurídico, viado!

“A pessoas próximas, o ex-ministro Sergio Moro cita o caso United States vs Nixon como um precedente para a decisão que Celso de Mello precisará tomar. Em 1974, em meio à investigação do Watergate, a Suprema Corte americana ordenou, por unanimidade, que a administração Nixon entregasse a um procurador especial as gravações do gabinete do presidente. (No decorrer do caso, descobriu-se que Nixon gravava todas as suas conversas no gabinete oval.) Os ministros da Suprema Corte entenderam que o “privilégio executivo” do presidente – que resguarda o sigilo de suas comunicações internas – não é absoluto. O teor das fitas era devastador. Mostravam que Nixon estava por trás do arrombamento da sede do Partido Democrata, em 1972. Também expunham crimes em série cometidos pelo presidente americano. Nixon renunciou logo depois.”

E que belíssima condução do Celso, hein, repara:

“Se o presidente Jair Bolsonaro for ouvido nesta investigação iniciada a partir das declarações do ex-ministro Sergio Moro, a oitiva dele será presencial e não por escrito como ocorreu com o ex-presidente Michel Temer. É a conclusão de especialistas a partir do que está escrito na decisão do ministro Celso de Mello. Presidentes dos poderes podem optar por responder às perguntas por escrito, mas o problema é que Celso de Mello avisou que isso só se aplica à autoridade que for testemunha ou vítima no inquérito. Não será o caso de Jair Bolsonaro.” [O Globo]

“Celso de Mello, na avaliação do Planalto, fez um movimento errado ao citar a possibilidade de coercitiva para os ministros militares arrolados no inquérito aberto a partir das acusações de Sérgio Moro. A reação do Planalto, mesmo em privado, foi considerada exagerada por um colega de Mello consultado pela Coluna. O decano atuou segundo o previsto em lei.” [Estadão]

Onde já se viu aplicar a porra da lei, né?

“A equipe de generais que auxilia Bolsonaro avalia que, embora os termos usados pelo ministro da Corte sejam jurídicos, a redação do texto foi “desrespeitosa” e “desnecessária” na referência a eles. Interlocutores do Planalto ouvidos pelo Estado reiteraram que Celso de Mello não levou em conta a trajetória de três militares do mais alto posto do Exército, considerados pessoas “acima de quaisquer suspeitas”.” [Estadão]

Os generais inventaram a figura jurídica do cidadão “acima de qualquer suspeita

“O clima é de desconforto no Palácio e nas Forças Armadas. Oficiais da ativa e da reserva de fora do governo fizeram coro e disseram que se sentiram atingidos e tratados como “bandidos”.”

Imagina, eles só fazem parte dum governo dum pilantra que louva torturador e homenageia assassinos como o Curió.

“Na Presidência, a decisão de Celso de Mello foi discutida em reunião, na manhã de ontem, quarta-feira, no Palácio. Chegou-se a pensar em uma reação às expressões usadas por Mello, mas a turma do “deixa disso” entrou em campo, tentando amenizar a situação. O entendimento no Planalto foi de que não se tratava de um caso do Ministério da Defesa e dos comandos militares, mas de “ministros da Presidência”.”

Que saudade da justiça militar, né, generais?! Chupem que é de uva, seus trouxas do caralho! #paz

“A parte do texto que chamou a atenção de um procurador, da cúpula do MP, é a que estabelece a “aplicabilidade somente às testemunhas da prerrogativa fundada no artigo 221 do Código de Processo Penal”. Pelo artigo, parágrafo primeiro, presidente e vice-presidente e presidentes do Senado, Câmara e STF quando forem ouvidos em um inquérito podem fazê-lo por escrito. O problema é que o ministro Celso de Mello disse que apenas se a autoridade em questão estiver na condição de testemunha.”

“A dúvida que fica é se o PGR vai mesmo requerer essa diligência. Em 2017, o ministro Luís Roberto Barroso, durante o inquérito dos Portos, respondeu ao pedido da Procuradoria-Geral da República de ouvir o ex-presidente Temer afirmando que “mesmo figurando o senhor presidente como investigado, seja-lhe facultado indicar data e local onde queira ser ouvido pela autoridade policial, bem como informar se prefere encaminhar por escrito sua manifestação, assegurado ainda seu direito constitucional de permanecer em silêncio”. A interpretação de Barroso à época é a de que não havia previsão legal sobre a oitiva de presidente da República em um inquérito em que é investigado. O CPP fala apenas de o presidente ser ouvido como testemunha. A questão que se coloca agora é que o ministro Celso de Mello escreveu e grifou a afirmação de que só para testemunha é que cabem as prerrogativas do artigo 221.”

“A decisão do ministro Celso tem outro ponto importante que é a de dar mais poderes à Polícia Federal. A PF poderá tomar a iniciativa de investigar, mesmo sem pedido específico da PGR. “Acentuo que a Polícia Federal, independentemente das diligências investigatórias requeridas pela douta Procuradoria-Geral da República, poderá por autoridade própria proceder a outras atividades de caráter investigatório, tais como aquelas sugeridas pelo senhor Sergio Fernando Moro no depoimento que prestou.” E ele sugeriu, por exemplo, a requisição à Abin dos protocolos de encaminhamento dos relatórios de inteligência feitos com base nas informações da Polícia Federal. Era para mostrar que relatórios de inteligência o presidente sempre teve da PF. O que não tinha era acesso a investigações. E isso ele não poderia mesmo ter.”

Que baile!

Hora de concordar com o Merval, é puxado, eu sei, mas tenha força, “você é meu guerreirinho“:

“O ex-ministro da Justiça e Segurança Pública Sérgio Moro deu uma pista importante em seu depoimento à Policia Federal no inquérito que investiga a possível tentativa de interferência do presidente Bolsonaro na Polícia Federal. Disse que será possível verificar na Polícia Federal e na Agência Brasileira de Inteligência (Abin) que todas as informações “legais” foram passadas à presidência da República, não se justificando a reclamação do presidente. Não é uma simples disputa entre chefe e subordinado sobre o cumprimento de funções, mas a pista para se confirmar que Bolsonaro não estava satisfeito com os limites legais que o impediam de ter acesso a outras informações da Polícia Federal, ato que passaria a ser ilegal. Além dos indícios de provas que serão ou não investigados pelos promotores, há o vídeo citado por Moro da reunião ministerial onde Bolsonaro o teria ameaçado de demissão por não dar informações sobre a PF, e o general Augusto Heleno, chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) explicado que aquele tipo de informação não poderia ser fornecida.” [O Globo]

Sim, mil vezes sim!

“Neste caso, ficaria caracterizada a tentativa do presidente de interferir indevidamente na PF. Por absurdo, confirmada a hipótese de o vídeo ter sido apagado, ficará claro que há alguma coisa a esconder, o que configuraria obstrução da Justiça, um crime óbvio. Foi assim que terminou a presidência do então presidente Richard Nixon, no caso Watergate nos Estados Unidos, quando parte de uma gravação de conversa em seu gabinete foi deletada pela secretária do então presidente americano, alegadamente por acidente. Alegação que se tornou ridícula.”

Interferência, obstrução de justiça, destruição de provas, é você, Nixon?!

Eu vejo boa parte dos vídeos do presidente – que desgraça! – e Bolsonaro cansa de limpar nariz e lábios com a mão e a manga do paletó.

“Na PGR e mesmo no Supremo, a sugestão de Marco Aurélio Mello para que decisões sobre atos de competência de outros Poderes (nomeações do Executivo, por exemplo) sejam tomadas apenas pelo plenário da Corte foi vista como improvável de ser acatada. O próprio ministro Marco Aurélio Mello, por sua vez, já decidiu liminarmente dar seguimento ao impeachment de Michel Temer e pediu o afastamento de Renan Calheiros (MDB-AL) da presidência do Senado.” [Estadão]

Com a devida vênia, ministro, não fode, porra!

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2. A marcha presidencial

Caralho, que troço constrangedor. De última hora Bolsonaro marcou reunião com Toffoli e foi a pé ao STF, ao lado de empresários. Sabe como é, pandemia, vamosdá um pulinho a pé no STF, tem nada melhor pra fazer mesmo, né?

“O presidente Jair Bolsonaro levou 15 empresários e dirigentes de associações para conversar nesta quinta (7) com o presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), Dias Toffoli. Eles representam diversos setores, como o têxtil, de produção de cimento, energia, cimento, farmacêutico, de máquinas, calçados e energia. Na reunião, o ministro da Economia, Paulo Guedes, disse que a economia estava começando a colapsar. De acordo com relatos, Bolsonaro voltou a criticar governadores e prefeitos pelo exagero na adoção de medidas restritivas de isolamento social. Foi uma visita surpresa, marcada de última hora, e que ocorre depois do ensaio de uma crise institucional entre o presidente e a corte. Bolsonaro foi caminhando até o STF, seguido pelos empresários e pelo ministro da Economia, Paulo Guedes e cercado por seguranças e pela imprensa. Além de Bolsonaro, estavam presentes diversos ministros, como Braga Netto (Casa Civil), Luiz Eduardo Ramos (Secretaria de Governo), Paulo Guedes (Economia) e o senador Flávio Bolsonaro.” [Folha]

Os generais se adiantaram e já foram depor, é?! É impressionante como ninguém do governo tem trabalho na mesa…

“Bolsonaro reuniu-se nesta manhã com representantes de diversos setores da economia. Estiveram no encontro presidentes de associações de fabricantes de veículos, indústria química, farmacêutica, construção, calçados, entre outros. — 45% do PIB brasileiro vieram nos contar que economia brasileira está conseguindo preservar sinais vitais. Eles (ministros) vão simplesmente ouvir — disse Guedes. — Visita de cortesia ao Supremo para eles terem as mesmas informações que nós recebemos. Ao ser questionado se a visita tinha o objetivo de “pressionar” o STF, Bolsonaro pediu ao repórter que parasse de “falar besteira”. Também foram ao Supremo os ministros André Mendonça (Justiça), Luiz Eduardo Ramos (Secretaria de Governo).”

Senti falta do “cala boca” no melhor estilo general Newton Cruz em 83.

“Jair Bolsonaro promoveu nesta quinta-feira, de supetão e fora da agenda, uma marcha pela Praça dos Três Poderes cujo objetivo político, institucional e simbólico foi aumentar a pressão sobre o Supremo Tribunal Federal no momento em que o Judiciário reconheceu autonomia de Estados e municípios para regularem a quarentena e investigam as sucessivas investidas do presidente sobre as instituições e a independência dos Poderes. O discurso de Bolsonaro, de Guedes e dos empresários foi duro, de clara pressão sobre o Supremo. Numa postura imperial e semblante fechado, o presidente nem sequer olhava para a cara do presidente do STF. Um empresário fez menção à possibilidade de “morte de CNPJs” num momento em que o número de pessoas mortas no Brasil já está acima das 8,5 mil.” [Estadão]

Imagina, Bolsonaro pressionando o STF?! O presidente que participou dum punhado de manifestações pedindo o fechamento da Suprema Corte!? O pai do senador que falou em fechar a suprema corte com um cabo e um soldado?! Não pode ser, deve estar havendo algum engano.

Essa preocupação com o falecimento de CNPJs se deu quando alcançamos quase 9 mil mortes e o Brasil se torna o novo epicentro da epidemia. Agora relembre o que Boslonaro falou em 29 de abril:

É tudo tão absurdo que em pleno STF Bolsonaro ameaçou lançar um monte de decretos inconstitucionais:

“Bolsonaro ameaçou editar uma série de decretos ampliando os setores fundamentais da economia que poderiam funcionar mesmo que as regras de distanciamento sejam apertadas, com a decretação de lockdown em vários Estados e municípios, que já começam a adotar essas medidas. Bolsonaro falou na necessidade de voltar à “atividade normal”. “Não tem essa história de que primeiro vida e depois a economia”, chegou a dizer. Em seguida, afirmou que, “depois da UTI vem o cemitério” para as empresas. Evocou o testemunho de empresários que falaram da queda de vendas de veículos e outras atividades econômicas.”

“Integrantes do Supremo Tribunal Federal (STF) avaliaram ao blog que o presidente Jair Bolsonaro fez um movimento improvisado nesta quinta-feira (7) para tentar dividir com o STF o ônus dos efeitos da pandemia do coronavírus e constranger o tribunal. Na avaliação desses integrantes, porém, Bolsonaro teve os planos frustrados. Isso porque o presidente do STF, Dias Toffoli, disse ser preciso respeitar a ciência na tomada de decisões. Toffoli também defendeu a criação de um comitê para discutir medidas, de maneira conjunta, entre União, estados e municípios.” [G1]

E lá vou eu elogiar o Toffoli, que fase. Resposta no tom correto, embora tenha saído aí que ele elogiou os esforços do governo no combate à pandemia mas não encontrei essas aspas nem fodendo.

Ah, e os dementes transmitira reunião ao vivo dentro do STF sem avisar ao… STF!

“A percepção no STF é que Bolsonaro, ao levar o grupo de empresários e ministros, quis criar uma saia-justa para o STF. Inclusive, causou mal-estar entre integrantes da Corte o fato de a equipe de Bolsonaro ter transmitido ao vivo o encontro sem informar a Toffolli. Sobre o fato de a agenda não ter sido marcada previamente, o assunto foi minimizado, uma vez que o presidente Bolsonaro costuma adotar estilo mais informal. A avaliação interna é que o STF deve estar sempre disponível a receber o presidente da República.”

De quebra os empresários não sabiam que iriam a pé ao STF e se borraram de medo de contrariar o Bolsonaro quando “convidados”:

“Alguns empresários que acompanharam o presidente há pouco numa inesperada ida ao STF, para advogar contra o isolamento social, reclamaram da decisão de Bolsonaro de atravessar a rua e, com eles, ir até Dias Toffoli para defender o fim do isolamento social.  Durante a reunião com empresários da Coalizão Indústria, liderada por Marco Pollo, do AçoBrasil, um assessor de Bolsonaro telefonou para o STF e Dias Toffoli topou recebê-los. De sopetão, Bolsonaro anunciou a ida e ninguém se sentiu à vontade de dizer, mesmo os que não consideraram a maneira adequada.” [Época]

E o empresariado brasileiro, Costinha?

costinha

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3. De Bolsonaro para Guedes

Com amor e carinho:

“O presidente já disse que é o ministro Paulo Guedes quem manda na economia. Mas na prática Jair Bolsonaro negou essa frase. A equipe econômica queria o congelamento de salário dos servidores. Na quarta-feira, no entanto, o líder do governo deixou de fora da regra diversas categorias do funcionalismo, especialmente da área de segurança. Fez isso a pedido do presidente.” [O Globo]

Palavras do Major Vitor Hugo, líder do governo no Congresso.

“Desse plenário eu liguei para o presidente eme certifiquei que era a mlhor solução. E o preesidente, 22h de ontem disse “Victor Hugo,”, faça da melhor maneira… Foi uma determinação do presidente da República, cumprida pelo líder do governo. Eu sou líder do governo, não de qualquer ministério.” [Folha]

“A área econômica sugeriu que o Congresso incluísse na proposta também os servidores federais, e não só o funcionalismo municipal e estadual. O próprio presidente bombardeou a proposta. Quando a sugestão chegou à Câmara, o primeiro telefonema que o relator recebeu foi de um ministro militar. Ele pedia que as Forças Armadas ficassem de fora dessa regra. Outro ministro militar também pediu que não houvesse congelamento para os policiais. Jair Bolsonaro sempre foi corporativista durante sua carreira parlamentar. Defendia os interesses dos militares e dos policiais. Como presidente, continuou assim. Ele já havia privilegiado essas categorias na reforma da Previdência. A defesa corporativista de Bolsonaro bate de frente com as posições da equipe econômica. Não é verdade que o ministro manda na economia. O presidente venceu mais essa disputa com Guedes, que tem acumulado derrotas.”

E Bolsonaro recuou, viado!

“O presidente Jair Bolsonaro afirmou nesta quinta-feira, 7, que vai vetar o trecho do projeto de ajuda aos estados que abre possibilidade de reajuste salarial para categorias de servidores públicos, mesmo em meio à pandemia de coronavírus. “Eu sigo a cartilha de Paulo Guedes na economia. Se ele acha que deve vetar, assim será feito”, disse o presidente.” [Estadão]

Entendeu? Ele orientou o líder do governo a aprovar e na sequência avisou que vai vetar!

E por falar no desespero do Guedes…

“O auxílio emergencial para trabalhadores informais já beneficiou 50 milhões de pessoas, mas esse número deve crescer para pelo menos 80 milhões e pode chegar a 112 milhões, mais da metade da população brasileira, caso a crise gerada pelo coronavírus gere mais perda de renda. A IFI (Instituição Fiscal Independente), órgão do Senado, realizou uma série de simulações com base nos dados das estatais Caixa e Dataprev até 1º de maio. Mantido o número de pessoas já beneficiadas com o primeiro pagamento, a despesa em três meses ficaria em R$ 96,5 bilhões. Se o governo mantiver o percentual de aprovação das pessoas cadastradas (nem todas foram analisadas e algumas tiveram o benefício negado), serão 63 milhões de brasileiros e uma despesa de R$ 120,4 bilhões. Esse é praticamente o valor que o Tesouro Nacional já reservou para fazer os pagamentos (R$ 123 bilhões). Na avaliação do analista da IFI Alessandro Casalecchi, responsável pelo estudo, o cenário mais provável é aquele que considera a inclusão de mais 17 milhões a esse número, totalizando 38% da população e uma despesa de R$ 154,4 bilhões, cerca de cinco anos de gastos do Bolsa Família. Nesse caso, o governo terá de arranjar mais R$ 30 bilhões. No cenário mais extremo, seriam pagos R$ 218 bilhões a 112 milhões de brasileiros, 53% da população.

Há três grupos de beneficiários que receberão R$ 600 ou R$ 1.200 do chamado “coronavoucher”. O primeiro é formado por trabalhadores informais que se cadastraram via aplicativo da Caixa. São 20 milhões já recebendo e que devem se tornar 40 milhões no principal cenário da IFI. O cálculo considera que será mantido o percentual de aprovação de 66% dos cadastrados. Até o momento, 46 milhões de pessoas se inscreveram, mas 10,8 milhões tiveram o benefício negado, 13,7 milhões terão de completar o cadastro e 1 milhão ainda espera processamento dos dados. O segundo é formado por cidadãos que já recebiam o Bolsa Família (com valor médio de R$ 191,86) e agora vão receber um valor maior. A expectativa é que o número de beneficiados suba de 19 milhões para 20 milhões, pois a maior parte do cadastro já foi analisada nesse caso. O terceiro é composto por inscritos no Cadastro Único do governo, mas que não recebiam Bolsa Família. São 10,8 milhões já recebendo o “coronavoucher”, mas que devem chegar a pelo menos 20 milhões, segundo a IFI.

Atualmente, os elegíveis representam apenas 34% do total do grupo. Com um eventual agravamento das condições econômicas, segundo a instituição, parte dos demais 66% (21,3 milhões de pessoas) poderia se tornar elegível, à medida que sua renda cai ou seu emprego é perdido. “É muito difícil saber a quantidade total das pessoas que vão perder emprego e renda. O pessoal do grupo 3 já está em uma certa situação de vulnerabilidade e pode acabar perdendo renda com a deterioração da economia e alimentar o contingente final de elegíveis”, afirma Casalecchi. “O aumento do desemprego elevará o número de elegíveis.” Os cálculos consideram apenas as regras vigentes. Recentemente o Senado aprovou projeto que aumenta as categorias contempladas pelo auxílio emergencial (como motoristas de aplicativos, taxistas, caminhoneiros, músicos, pescadores artesanais, catadores de materiais recicláveis, mães adolescentes e pais solteiros), entre outras mudanças, com despesa adicional estimada em R$ 13 bilhões pelo Ministério da Economia. Também foram estimados os valores para três meses. Caso a quarentena dure mais tempo, o governo terá de gastar mais. Há uma dúvida jurídica em relação à possibilidade de pagamento das três parcelas para pessoas que só se tornarem elegíveis em maio e junho. A IFI considerou que todos receberão três pagamentos” [Folha]

E esse governo é muito vil:

“Os últimos meses têm sido difíceis para o boliviano Raul Aruquipa, 33, que mora há cinco anos em São Paulo. Costureiro desempregado, ele recebe o Bolsa Família e diz que teve o pedido de seu auxílio emergencial negado em quatro agências da Caixa Econômica Federal. Aruquipa diz ter uma doença neurológica, o que restringe as tarefas que pode assumir no setor da confecção e já tinha problemas financeiros antes da pandemia. Agora, sem ter como fazer bicos, afirma ter sido despejado por não ter conseguido pagar o aluguel de um apartamento na zona leste. Passou a viver de favor na casa de uma amiga em uma comunidade no bairro da Penha. “Fui a quatro agências diferentes da Caixa pedir o benefício de R$ 600, mas sempre me trataram mal e disseram que só poderia receber se tivesse carteira de trabalho, que eu perdi. Não posso tirar uma nova porque está tudo fechado por causa do coronavírus. Apresentei documentos bolivianos na Caixa, mas não aceitaram”, afirma. Segundo a DPU (Defensoria Pública da União), há vários casos com o de Aruquipa, e eles contrariam a lei. A DPU afirma que os estrangeiros têm direito ao benefício e que os bancos não podem negar o pagamento se a pessoa pessoa tiver o CPF regular e ao menos um documento com foto, ainda que emitido por outro país e fora da validade. O órgão ajuizou uma ação civil pública contra a Caixa Econômica Federal e o BC (Banco Central) na última segunda-feira (6). “Uma quantidade significativa de imigrantes está potencialmente alijada do direito por questões puramente operacionais, derivadas da insuficiente normatização” pelo banco, diz o texto.” [Folha]

Esse governo é sempre muito transparente:

“Procurada, a Caixa Econômica Federal não se manifestou até a conclusão deste texto, nem respondeu questionamentos da Folha sobre o número de imigrantes que tiveram o auxílio negado pela Caixa por falta de documentos. O Banco Central, do qual a DPU requer que exija que o pagamento seja feito a imigrantes, afirmou que não comenta ações judiciais.”

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4. Heleno & Ramagen

Olha o naipe da demência:

“O ministro-chefe do GSI, general Augusto Heleno, delegou a Alexandre Ramagem, diretor-geral da Agência Brasileira de Inteligência, uma série de atribuições administrativas que aumentam a autonomia da Abin. Apelidada nos corredores da agência de “transfusão de sangue”, a delegação de poderes ocorreu por meio de uma portaria publicada em 5 de fevereiro e que passou despercebida no Diário Oficial. A mudança diminui o poder do GSI sobre a Abin, que poderá implementar diretrizes e tocar a burocracia sem prévio aval do general Heleno. No Palácio, assessores comentam que o ministro “não tem sossego”, pois é demandado diariamente por Jair Bolsonaro. Na Abin, a “transfusão” foi interpretada de outro jeito. Heleno estaria lavando as mãos sobre a gestão de Ramagem, considerado próximo de Carlos Bolsonaro. Segundo o texto da portaria, o diretor da Abin poderá ratificar dispensas de licitação, autorizar celebração de novos contratos e prorrogação dos que estão em vigor, além de autorizar a concessão de diárias e passagens a servidores, militares, empregados públicos ou colaboradores eventuais da agência. “As coisas vão andar mais rápidas e com menos controles”, avalia um integrante da agência.” [Não lincamos Antagonista]

Eu vou de opção B, Heleno sabe que vai dar merda e tá tentando limpar suas digitais da cena do crime.

Vamos para a PF:

“A escolha do delegado Tácio Muzzi para a superintendência da Polícia Federal do Rio foi bem recebida no órgão em meio a uma intensa desconfiança. Há ainda, no entanto, receios. Cinco postos de chefias em estados estão abertos e as próximas decisões serão decisivas neste primeiro momento.” [Folha]

Até o Freixo gostou do nome.

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5. Toma-lá-dá-cá virtuoso

O governo ligou o foda-se de tal forma que terceirizou ate a distribuição de cargos:

“Gigantes do chamado centrão, como PP, PL e Republicanos, estão gerenciando a distribuição de cargos do governo federal para atrair partidos menores para a base de apoio do presidente Jair Bolsonaro (sem partido). ​O Diário Oficial da União desta quarta-feira (6) trouxe a nomeação de Fernando Marcondes de Araújo Leão como diretor-geral do Dnocs (Departamento Nacional de Obras Contra as Secas), com salário de R$ 16.944,90.Parlamentares e um técnico do governo disseram à reportagem que a indicação de Leão para o cargo foi levada ao governo pelo líder do PP na Câmara, Arthur Lira (AL), um dos interessados em disputar a sucessão de Rodrigo Maia (DEM-RJ) na presidência da Câmara em fevereiro de 2021. Procurado, Lira, que esteve no Palácio do Planalto no fim desta manhã, não respondeu à reportagem.” [Folha]

Vai ver ele foi no palácio cantar com Heleno “se gritar pega Centrão não fica um, meu irmão“.

“Segundo relatos feitos reservadamente à Folha por quatro parlamentares de três siglas que integram o bloco do centrão, as legendas maiores têm um guarda-chuva com outras menores em busca de uma base de apoio para Bolsonaro no Congresso. Entre os cargos negociados por eles com Bolsonaro estão Banco do Nordeste, Codevasf (Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba), FNDE (Fundo Nacional para o Desenvolvimento da Educação), Funasa (Fundação Nacional de Saúde) e secretarias do Ministério de Desenvolvimento Regional, entre outros.​ Segundo um destes parlamentares, o PP (com 40 integrantes na Câmara) e os nanicos de seu grupo somam 80 deputados. O centrão como um todo tem cerca de 200 deputados, número suficiente para barrar ameaças contra Bolsonaro, de pautas-bomba a eventuais pedidos de impeachment.”

E veja que ironia maravilhosa:

“Quando questionado sobre o assunto, Bolsonaro vinha repetindo que só poderia ser cobrado de algo que fosse publicado no Diário Oficial da União. Nesta quarta-feira (6), quando isso aconteceu, Bolsonaro não parou para falar com os jornalistas na porta do Palácio do Alvorada, como costuma fazer diariamente.”

E o pessoal do PP tá puto, folgo em saber:

“O nome Fernando Leão chegou a Arthur Lira por intermédio do deputado Sebastião Oliveira (PE), que, embora ainda esteja filiado ao PL, comanda extraoficialmente o Avante em Pernambuco.  indicação do filiado ao Avante irritou alguns deputados do PP, que veem no gesto uma tentativa de Lira de angariar apoio para sua candidatura à presidência da Câmara. Além disso, estes parlamentares reclamam do tamanho dos cargos que estão sendo negociados, já que Bolsonaro tem blindado até agora o primeiro escalão de seu governo.”

Aos bolsonaristas restou alegar demência, e isso aí eles fazem com um esmero desmedido:

“A nomeação feita por Jair Bolsonaro de Fernando Leão como diretor-geral do Departamento Nacional de Obras Contra as Secas para se aproximar do centrão não abalou o apoio dos deputados que são seus seguidores mais fiéis, mas gerou confusão. As reações oscilaram entre o alegado desconhecimento, as críticas a fake news e a incerteza sobre os propósitos da manobra. Na terça (5), ao falar do acordo, Bolsonaro desconversou e disse que não havia nenhum nome publicado no Diário Oficial. A deputada Alê Silva (PSL-MG) disse que nunca ouviu qualquer conversa sobre o tema nos grupos bolsonaristas de WhatsApp ou em cafés da manhã com o presidente e que para a ala bolsonarista é como se o tema “não existisse”. Daniel Silveira (PSL-RJ) diz que dá o benefício da dúvida ao presidente, que, segundo ele, dificilmente erra, e reforça que confia em Bolsonaro. Ele diz que mais para a frente será possível dizer de que maneira essa nomeação se encaixa em um projeto mais amplo. E completa: “uma mentira dá a volta ao mundo enquanto a verdade coloca as calças”, sobre as críticas à nomeação.” [Folha]

calaboca

Dificilmente erra“, viado!

“Felício Laterça (PSL-RJ) argumenta no mesmo sentido e diz que agora não é possível emitir uma opinião definitiva sobre o tema. Segundo ele, somente o tempo poderá dizer se foi uma medida “salutar ou não”. “Se houver corrupção por indicação política, aí sim veremos um reflexo negativo”, afirma.”

tenor (1)

“Salutar”, porra!

“Bibo Nunes (PSL-RS) diz que o presidente não faz o “toma lá dá cá”, e isso que importa. “Ele distribui para os que estão com ele. Vai dar para o PT?””

frases

“A deputada Bia Kicis (PSL-DF) afirma que “não há corrupção no governo” e, apesar da entrega de cargos a novos aliados, quem for pego envolvido em desvios “vai rodar”. “A indicação não é um problema, o que importa é o que essa pessoa vai fazer com o cargo”. “É claro que a gente sempre combateu o centrão porque tem pessoas aí que têm problemas com a Justiça… agora, o presidente está em um momento delicadíssimo e ele precisa de apoio”, afirma Bia.”

Vai ver o ministro do Turismo não é ministro do Turismo, né? E vai ver os demais presidentes apelavam ao Centrão por prazer de ser extorquido, sabe? Sadomasoquismo…

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6. Covid-17

Esse estudo da Fiocruz é tão punk que ganhou tópico próprio.

“O relatório da Fiocruz enviado ao governo do estado e à prefeitura do Rio nesta quarta é bastante duro e assertivo na defesa de adoção de medidas mais rígidas de isolamento. Segundo a Fundação, a adoção tardia de lockdown “resultaria em uma catástrofe humana de proporções inimagináveis para um país com a dimensão do Brasil”. A nota analisa ainda que, dado a inexistência de vacina, ações de lockdown podem ser usados de forma intermitente, ou seja, acionado e depois relaxado alternadamente, por um longo período, de 18 a 24 meses.” [Extra]

Isso se tudo der certo com a vacina criada em tempo recorde, que paulada.

“A Fiocruz respondeu que o objetivo do novo relatório é “salvar vidas” e que se baseia “em análises técnico-científicas”. Uma projeção feita pelos pesquisadores mostra que, de acordo com o panorama atual, entre os dias 13 de maio e 22 de julho, o estado não teria leitos de UTI, seja da rede pública ou privada, para ofertar. Outra projeção mostra que o coronavírus deve se espalhar por praticamente todo o estado, mesmo naqueles municípios que hoje têm menos de 50 casos.”

Aí você vê esses arrombados “ah, mas tem cidades com pouquíssimos casos”, e a vontade é pegar a porra da progressão exponencial e enfiar na bunda desses escrotos.

“Fila única de leitos, integrando redes privada e pública: essa ação é defendida por diversos especialistas em saúde, já que muitos hospitais privados estão com leitos ociosos devido à suspensão de cirurgia eletiva. Para a Fiocruz, “a existência de fluxos claros e de centrais públicas, únicas e integradas de regulação do conjunto de leitos disponíveis (federais, estaduais, municipais e privados) são importantes para tornar mais ágil e racional o fluxo de pacientes no sistema, diminuindo o risco de contágio, aumentando a sobrevida dos pacientes, a eficiência, a efetividade e a equidade no uso dos recursos disponíveis.”

E tem quem ache um absurdo. Ora, que se tente negociar, algo que deveria ter sido pensado desde Fevereiro, se não rolar que o estado tome posse dos leitos, simples assim

“Saída do Lockdown: A abertura ocorreria a partir de: “dados epidemiológicos confiáveis que apontem queda da incidência por no mínimo 15 dias; disponibilidade de recursos para assistência a casos graves: capacidade ociosa de leitos de 30 a 50%; disponibilidade de testes diagnósticos para a identificação de casos de infecção (testes moleculares) e para inquéritos sorológicos (testes sorológicos) que permitam conhecer em que regiões o vírus está circulando e a proporção da população já infectada”.”

Essa entrevista com Rafael Gallinez, infectologista e especialista em vigilância epidemiológica é uma paulada –  a primeira resposta ´[e em qual estágio da pandemia nós estamos:

“Naquele em que não é preciso contrair o coronavírus para morrer em decorrência da Covid-19. O colapso dos hospitais significa a restrição do atendimento. Seja para uma pessoa com insuficiência respiratória devido à Covid-19 ou um infartado sem o vírus. A pandemia pegou o Brasil no pior momento. O coronavírus encontrou o SUS desestruturado, principalmente no estado do Rio. Sou infectologista, já vi doenças terríveis, como as epidemias de dengue, H1N1, zika e febre amarela. Na recente epidemia desta última, tivemos casos gravíssimos de hemorragias associadas, condição que deixava toda a UTI com cheiro de sangue. Mas nada é como agora. Criamos a falsa dicotomia entre manter economia viva e manter vivas as pessoas. Muita gente se recusa a entender que doentes se acumulam nos hospitais e não há profissionais e estrutura para atender a todos.” [O Globo]

Lembra do Mandetta falando em colapso do sistema de saúde?

“O problema não é só não ter um respirador e um equipamento de hemodiálise. Não há mais equipes de saúde suficientes e menos ainda médicos que saibam usar esses equipamentos. Não temos técnicos de hemodiálise suficientes. A situação no SUS é desesperadora. Mas mesmo os que podem pagar não terão facilidade no acesso ao tratamento, pois o sistema já está saturado. E os leitos estão com a mesma limitação, fruto da diminuição dos profissionais, uma vez que estamos nos infectando. Todas essas unidades que querem se expandir concorrem pelo mesmo número de profissionais com o SUS.”

Sobre a situação dos profissionais de saúde:

“É como numa guerra. Não temos medo da trincheira, mas precisamos ser tratados com dignidade. E o Brasil não tem tratado seus profissionais de saúde com dignidade. Há os que passam horas para ir e vir dos hospitais, expondo-se em pontos de ônibus. O salário de um técnico de enfermagem, tipo de profissional mais exposto ao vírus, não é digno. Precisamos de uma autoridade regional do SUS que saiba dizer com precisão de quantos profissionais, leitos e equipamentos dispomos em tempo real, de forma integrada. A sensação é de uma batalha sem general (sem controle centralizado e organizado), sem fuzis (ventiladores e outros equipamentos) e sem soldados (profissionais de saúde). Não precisamos mais de curvas de projeções de subnotificação, precisamos gerenciar os leitos necessários. Os mortos “batem à nossa porta”, enchem cemitérios, câmaras mortuárias e IMLs. A falta de comprometimento com o combate à pandemia gerou uma dicotomia entre economia e saúde. Temos as filas desordenadas na Caixa em busca do benefício muito aquém do necessário e os corpos enterrados em valas comuns em Manaus. Esse quadro mostra que o Brasil passou a praticar uma epidemiologia de corpos. Não há resposta de Estado que priorize a vida.”

E como eu quero esfregar, na base do soco, essa história naquela cara de babaca do mais vil dos presidentes:

“Numa escalada de contágio que parece não ter fim, a Covid-19 destruiu mais uma família na Baixada Fluminense. Pai e filhos tiveram as vidas interrompidas pela doença. José Gomes de Lima, de 80 anos, perdeu a batalha contra o vírus no último dia 24, no Hospital Geral de Nova Iguaçu. Seus filhos, Liliane Souza de Lima, de 51, e Leonardo Ferreira de Lima, de 44, morreram, respectivamente, no Hospital Municipal de Belford Roxo e na UPA de Mesquita, nesta segunda-feira.

Filho caçula de Seu José, o agente de saúde Leandro Ferreira de Lima, de 33 anos, tenta tirar forças da dor para amparar sua mãe e resolver a questão burocrática do sepultamento dos irmãos. O pai tinha um bar e mercearia no bairro Jardim da Viga, onde morava, e abriu o estabelecimento até um dia antes de ter os primeiros sintomas. Seis dias depois, ele morreu.

— Meu pai tinha um pequeno comércio e estava abrindo, apesar da situação. Ele ia até o Centro de Nova Iguaçu para fazer compras. Apesar da idade, era ativo. Falava que não gostava de usar máscara porque sufocava ele. Ele começou com tosse, febre e foi piorando. A falta de ar aumentou e fomos para o hospital — lembra Leandro, que levou o pai ao Hospital Geral de Nova Iguaçu no dia 24 de abril, onde ele morreu horas depois.

Três dias depois, Liliane e Leonardo começaram com os sintomas. Na quarta-feira passada, com falta de ar e cansaço, eles procuraram o polo de atendimento exclusivo para Covid, em Mesquita. Foi a última vez que estiveram juntos. Leonardo foi levado para a UPA de Mesquita e morreu às 5h30 desta segunda-feira. Liliane foi transferida para o Hospital Municipal de Belford Roxo, onde morreu às 14h30, no mesmo dia, após ser entubada.

Leandro conta que esperava que os irmãos votassem para casa, e que falava com eles pelo celular até um dia antes da morte:

— Até anteontem, eu falava com eles. Estavam com uma expectativa boa, conversando, mas o médico disse que houve uma piora. Eu acreditava que eles voltariam para casa, mas essa doença é assim. Hoje você está bem, mas amanhã pode estar muito mal.

Leandro revelou ainda que o velório do pai, apesar de ter durado pouco tempo, foi com caixão aberto, pois a causa da morte no atestado de óbito foi síndrome respiratória aguda grave. Ele e a mãe estão com sintomas leves da doença. No hospital, enquanto liberava o corpo da irmã, Leandro fez um apelo:

— Apesar de toda a crise econômica, não há bem maior do que a vida. Nossa vida é única. Se protejam, não saiam de casa, tomem cuidado com essa doença.” [Extra]

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7. Conid-17, parte 2

Da Mariliz Pereira Jorge:

“Estamos todos doentes. Não bastasse o drama que vivemos com a crise da Covid-19, temos que lidar com o rastro de destruição deixado por um germe patogênico incapacitante: o bolsovírus, como foi apelidado. Jair Bolsonaro conseguiu a façanha de contaminar a população com seu discurso inescrupuloso, seu apreço pela ignorância e seu desprezo pela humanidade. Deixou um país inteiro infectado pela raiva e pela desesperança. Estamos todos mentalmente desequilibrados. Quem não está cego e não perdeu toda a capacidade de discernimento e a decência sente os efeitos dessa infecção devastadora provocada pelo bolsovírus de uma forma também bastante severa: as pessoas estão tristes, abatidas, exaustas com o festival diário de asneiras, de grosserias e de ataques à democracia.

Somos atropelados pelo tiroteio entre o presidente e o ex-ministro da Justiça, as brigas com os governadores, os lampejos golpistas, que se tornaram corriqueiros. E, no final do dia, trombamos com o número de mortes pela Covid-19, a baixa adesão ao isolamento, o recorde de perdas entre os profissionais da saúde, os hospitais em colapso. Todas as nossas atenções deveriam estar focadas em salvar vidas, mas passamos boa parte do tempo tentando nos livrar da insanidade a que Bolsonaro submete o país. Quem ainda não está louco, condição “sine qua non” para não apoiar este governo tresloucado e incompetente, está sendo enlouquecido à medida que faz oposição a ele. Ou acabamos com o bolsovírus ou não sei o que será de nós.” [Folha]

E agora vai, hein!

“O ministro da Saúde, Nelson Teich, exonerou nesta quinta-feira 13 servidores do ministério contratados na gestão anterior, dando sequência a mudanças iniciadas nesta semana com a demissão de outros cinco nomes, em meio ao avanço da epidemia de Covid-19 pelo país. Entre os demitidos nesta quinta estão diretores de departamento e programas da Secretaria de Vigilância em Saúde, como o coordenador-geral de emergências e Saúde Pública, Rodrigo Lins Frutuoso. As exonerações foram publicadas no Diário Oficial da União, sem indicar os substitutos ainda. Parte do ministério está sendo ocupado por militares. Além do secretário-executivo, general Eduardo Pazuello, na quarta-feira outros quatro militares do Exército foram designados para ocupar cargos ligados à secretaria. Entre eles, o tenente-coronel Marcelo Blanco Duarte, que será assessor de Logística, e o tenente-coronel Paulo Guilherme Ribeiro Fernandes, coordenador-geral de Planejamento.” [UOL]

Se o Braisl “estava performando bem” no combate à pandemia, por que mudar de ministro e de equipe?! Pois é…

“Ao menos quatro estados brasileiros já têm mais de 90% dos leitos de terapia intensiva destinados ao tratamento de pacientes com Covid-19 ocupados. Pernambuco, Rio de Janeiro, Ceará e Roraima são os que vivem a situação mais grave, com taxas de ocupação de vagas de UTI estaduais que variavam entre 100% e 93% na segunda-feira (4) —o número muda diariamente, de acordo com a liberação de leitos por alta médica e mortes. Um dos primeiros a registrar colapso no sistema de atendimento a pacientes graves, o Amazonas continua em situação crítica, a despeito do recente apoio dado pelo governo federal. Nesta semana, o estado ganhou um reforço de 267 profissionais de saúde contratados pelo Ministério de Saúde. Funcionários do Delphina, no entanto, dizem que o principal gargalo no atendimento é a falta de respiradores.

Entre as capitais, já são oito as com índice acima de 90%. Além de Manaus, Recife, Rio de Janeiro, Fortaleza e Boa Vista, as cidades de São Luís, Belém e São Paulo também estão próximas a um colapso para o atendimento de pacientes graves. O Rio de Janeiro, que já registra filas para ocupação dos leitos há duas semanas, tinha 97% dos leitos estaduais de UTI para coronavírus ocupados nesta segunda. Restavam no estado apenas 12 das 399 vagas disponíveis. Elas estão em dois hospitais: um fica na cidade de Volta Redonda e já recebe pacientes da capital. O outro fica no Leblon, na zona sul carioca, e é o único hospital de campanha estadual inaugurado até agora —com 42 dos 100 leitos de UTI previstos. O governador Wilson Witzel (PSC) havia prometido criar dez desses hospitais temporários até o fim de abril, com 990 vagas de UTI, mas eles estão atrasados. Enquanto isso, a fila por leitos de cuidado intensivo se acumula, e pacientes aguardam por dias em unidades inadequadas. Eram 363 pessoas à espera de transferência no estado na segunda (4).” [Folha]

E sem respiradores não tem como abrir mais leitos:

“Enquanto o país enfrenta uma escalada dos casos graves de Covid-19, parte dos estados reduziu o ritmo de abertura de leitos de terapia intensiva na última semana. A falta de respiradores é o principal entrave. A Bahia, que chegou a ter uma carga de 300 respiradores confiscada nos Estados Unidos, aguarda 500 novos para ampliar a rede de atendimento. O hospital de campanha no estádio da Fonte Nova, por exemplo, deve ter as suas obras concluídas na próxima segunda (11), mas não poderá funcionar sem os equipamentos.”

Imagina que louco se o governo tivesse feito a compra lá em Fevereiro.

“Nos demais estados, a ocupação está abaixo de 50%, mas houve um rápido crescimento do número de pacientes graves comparado à semana passada. No Paraná, que nos últimos dias atingiu a marca de 1.500 casos e 99 mortes, a taxa de ocupação passou de 15% para 29% em uma semana. Em Tocantins o salto foi de 10% para 31% no mesmo período —o estado tem 10 dos 32 leitos de terapia intensiva ocupados, com a possibilidade de acréscimo de 72 vagas.”

Enquanto isso, no Amazonas:

“Por 13 votos a 2, a Assembleia Legislativa do Amazonas aprovou nesta quarta-feira (6) um projeto de lei (PL) que permite a celebração de missas e cultos durante a pandemia. A votação no dia em que o estado registrou, pela primeira vez, mais de 1.000 casos novos de Covid-19, que já passam de 9.000. “Esta lei estabelece as igrejas e templos de qualquer culto como atividade essencial em períodos de calamidade pública em todo Estado do Amazonas, sendo vedada a determinação de fechamento total de tais locais”, afirma o PL. “Percebe-se que os templos auxiliam de forma inconteste não somente na assistência espiritual mas também social, e até emocional/mental, posto que o confinamento a que as pessoas estão sendo submetidas pode até mesmo depressão e aumento de violência conjugal (sic)”, diz o texto.” [Folha]

Não tem nada a ver com o dízimo, tá?

“A votação na Assembleia ocorreu no dia em que o Amazonas teve um novo recorde de casos confirmados e de óbitos —mais 1.134 registros e 102 mortes nesta quarta-feira (6). O estado acumula 9.243 casos confirmados, com 751 mortes em decorrência da Covid-19. O autor da proposta é o deputado estadual e pastor da Igreja Universal do Reino de Deus João Luiz, do Republicanos (ex-PRB), recém-saído da UTI após problemas renais e afastado por licença médica.”

Ah, e Bolsonaro vai sim ter que mostrar a porra dos exames:

“O TRF-3 (Tribunal Regional Federal da 3ª Região) decidiu manter a determinação judicial que obriga a AGU (Advocacia-Geral da União) a divulgar os laudos de todos os exames realizados para detectar se o presidente Jair Bolsonaro foi infectado com o novo coronavírus. A decisão, nesta quarta-feira (6), foi do juiz federal do TRF-3 André Nabarrete, que aponta a obrigatoriedade da entrega dos exames, e não só de relatórios médicos, como foi feito anteriormente pelo governo. “Apenas os próprios exames laboratoriais poderão propiciar à sociedade total esclarecimento”, diz a decisão de Nabarrete. Nesta quarta, foi divulgado que outro integrante do primeiro escalão do governo federal testou positivo para a Covid-19: o porta-voz da Presidência da República, Otávio Rêgo Barros, 59.” [Folha]

E Santa Catarina infelizmente colhe a demência plantada:

“Os novos casos de coronavírus em Santa Catarina mais que triplicaram desde que foi autorizada pelo estado a volta do comércio de rua, no dia 13 de abril. Naquela data, eram 826 pacientes com Covid-19, quantidade que subiu para 2.795 na terça-feira (5). No mesmo período, as mortes aumentaram de 26 para 58. No dia 12 de abril, o estado tinha 776 infectados. No dia 19, eram 1.025, diferença de 249 casos. Após mais sete dias, em 26 de abril, o número foi para 1.337, ou seja, mais 312 pacientes. E, no dia 3 de maio, Santa Catarina registrava 2.519 pessoas com coronavírus– mais 1.182 novos casos em relação à semana anterior. Somente no dia 28 de abril, o governo registrou 519 casos novos em relação ao dia anterior, a maior variação em 24 horas até agora. O então secretário de Saúde, Helton Zeferino, avaliou que o salto foi devido à integração do painel da base de dados do estado ao e-SUS e do Sivep Gripe.” [G1]

E eu me recuso a colocar aqui as frases do Rolando Lero que colocaram no Ministério da Saúde, tá perdidinho.

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8. Regina vs Tonho da Lua

Adivinhe quem vai ganhar…

“Depois de “reatar o casamento” com Jair Bolsonaro numa reunião nesta quarta-feira (6), Regina Duarte terá que enfrentar o núcleo ideológico ligado ao presidente parase manter como secretária especial da Cultura. Nos últimos dias, aliados de Bolsonaro prepararam um dossiê contra a atriz com informações de seus atos, dentro e fora da pasta. O material já está em mãos de interlocutores do presidente. O plano é disseminar o dossiê para desgastar Regina com Bolsonaro, que ainda quer mantê-la à frente da área da Cultura.” [O Globo]

A cara de pau presidencial é espantosa:

“A reunião do presidente Jair Bolsonaro com a secretária especial de Cultura, Regina Duarte, nesta quarta-feira (6), amenizou a tensão entre ambos após ela ter sido surpreendida pelo Diário Oficial da União com a nomeação relâmpago do maestro Dante Mantovani para a presidência da Funarte. Segundo interlocutores do Palácio do Planalto, Bolsonaro disse à Regina que a nomeação – desfeita horas depois pelo governo – não passou de um “equívoco administrativo”.” [O Globo]

E o Maestro ainda explanou a fraqueza presidencial:

“No fim da noite de quarta, Mantovani usou o Twitter para dar a sua versão do caso: “Fui reconduzido à presidência da Funarte pelo excelente trabalho que vinha fazendo e que foi interrompido bruscamente pela Sra. Regina Duarte, que condicionou sua permanência na Secretaria da Cultura à anulação desta nova nomeação, não deixando assim outra opção ao nosso Presidente”.”

Tonho manda e desmanda por lá:

“Nomeado anteontem como o novo número dois da Funarte, Luciano Querido brilha hoje novamente no Diário Oficial. Está designado como presidente substituto do órgão — que hoje não tem oficialmente um número 1. E quem é Querido? Ex-assessor de Carlos Bolsonaro na Câmara de Vereadores do Rio de Janeiro por quinze anos, foi para a Funarte há dois meses como diretor de programas integrados. Quando trabalhava com Carluxo cuidava da área de mídias sociais do gabinete. Suas credenciais no setor de Cultura são desconhecidas. Todo o imbróglio que foi causado com a tentativa de o grupo olavista botar Dante Mantovani à frente da Funarte, desfeito ontem, não alterou em nada o status de Querido. Estimado por Carluxo, Querido não só permaneceu intocado, como teve confirmado o seu prestígio — ao menos junto ao batalhão olavo-bolsonarista do governo.” [O Globo]

E olha os possíveis sucessores de Regina:

“Foram levados ao presidente nomes dos atores Humberto Martins, que atualmente vive nos Estados Unidos, e de Mário Frias. Ambos têm o mesmo perfil: são membros da classe artística e defensores do discurso de Jair Bolsonaro. Frias inclusive esteve na posse de Regina em Brasília e é apontado por interlocutores como possível candidato para se integrar a gestão dela com um cargo na pasta.’

Humberto, malandro, já declinou:

“Já Humberto afirmou, por meio de sua assessoria de imprensa, se “sentir muito honrado em saber que foi cogitado para tão importante cargo no governo”, mas que, no momento, não teria condições de assumir a cadeira.”

E Regina conversou com o cretino da Fundação Palmares:

“No Palácio do Planalto, Regina Duarte teve a oportunidade de conversar por mais tempo com Sérgio Camargo, presidente da Fundação Palmares. Segundo aliados, Regina desejou a Camargo “toda a sorte do mundo” e disse a interlocutores ter ficado impressionada com a “desenvoltura” e “paixão” pelo trabalho que Sérgio tem”

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9. Vietnam

Que tal comparar o Brasil com o Vietnam?

“Neste clima de medo e ansiedade, um país tem merecido a atenção e a curiosidade planetária: o Vietnã. Essa nação experimentada em tantas guerras tem conseguido vencer o coronavírus. Um país do sudeste asiático que faz fronteira com a China – pequeno em extensão, mas com uma população de quase 100 milhões de habitantes – evitou que o inimigo se espalhasse pelo seu território e restringiu o contágio a apenas 271 pessoas. E o mais incrível: não houve até agora nenhuma morte pela covid-19. Para entender como se deu esta conquista, vamos iniciar este diário com uma breve caracterização socioeconômica do país, apresentar os dados da covid-19 e divulgar uma entrevista realizada, no domingo (03/05). Depois de derrotar o país mais militarizado do mundo, o modesto Vietnã está vencendo agora a batalha contra um minúsculo vírus. Zero mortes numa população que é a metade da brasileira.

Qual o segredo vietnamita para sair vitorioso nesta nova guerra contra um inimigo quase invisível? O Vietnã, na média, é mais pobre do que o Brasil (embora socialmente menos desigual), mas com indicadores demográficos parecidos. Quanto aos investimentos no sistema de saúde, quantitativamente o Brasil está melhor, pois gasta 11,8% do PIB com saúde, possui 2,1 médicos por 1 mil habitantes e 2,2 leitos hospitalares para cada 1 mil habitantes, enquanto o Vietnã gasta 5,7% do PIB com saúde, possui 0,82 médicos por 1 mil habitantes e possui 2,6 leitos por 1 mil habitantes, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS). Mas o Vietnã prioriza a saúde primária e não a alta complexidade. Todavia, quando se trata dos números da pandemia, o contraste é da água para o vinho, pois o Brasil tinha 105,2 mil pessoas infectadas e 7,3 mil mortes, no dia 04 de maio, enquanto o Vietnã tinha apenas 271 casos e nenhuma morte. O gráfico abaixo mostra que o Vietnã manteve 16 casos durante o mês de fevereiro, chegou a 268 casos no dia 15/04 e no último mês teve apenas 3 casos adicionais. No dia 05 de maio, as estatísticas do Worldometers indicavam 232 pessoas recuperadas, 39 casos ativos e apenas 8 pessoas em situação crítica necessitando de tratamento hospitalar intensivo.

O Vietnã tem saído vitorioso na luta para conter o avanço do coronavírus. Há somente 3 pessoas infectadas para cada 1 milhão de habitantes, enquanto no Brasil o coeficiente de incidência está em 495 casos por milhão e nos EUA está em 3,65 mil casos por milhão. O Brasil aplicou pouco mais de 3 testes por pessoa infectada, enquanto o Vietnã aplicou quase mil testes para cada pessoa infectada. Nos últimos 20 dias aconteceram apenas 3 casos confirmados.” [Projeto Colabora]

É ouvida uma costa-riqunha que morou 10 anos no rasil e está há 13 anos em Ho Chi Min:

“Na última semana de janeiro todo o país estava parado para as comemorações do Ano Novo lunar (equivalente à última semana de dezembro nos países cristãos). As primeiras notícias da epidemia na China chegaram em meio às festividades. O Vietnã já teve experiências duras quando teve que lidar com a Síndrome Respiratória Aguda Grave – SARS, em 2002, e a Síndrome respiratória do Oriente Médio – MERS, em 2012, que são doenças advindas de outros tipos de coronavírus. Desta forma, o governo fechou imediatamente a fronteira com a China e não hesitou em alertar todo o país para a gravidade do que estava por vir. A primeira medida foi interromper as atividades nas escolas e universidades (que já estavam de recesso na última semana de janeiro), além de impor um rígido controle sobre os portos e aeroportos, monitorando todas as pessoas que vinham de áreas expostas à epidemia. Na medida em que ia ficando clara a gravidade da situação, o governo reforçou as medidas de quarentena fechando o comércio, fábricas e todas as atividades não essenciais. Rapidamente, o país adotou o lockdown (fechamento total) e realizou um rastreamento completo de todas as pessoas que entraram em contato com o vírus.

As pessoas suspeitas de contágio são classificadas como F(0) e são imediatamente submetidas ao exame da covid-19. Ao mesmo tempo, preenchem um questionário relatando todos os lugares que frequentou e é feito um levantamento de todas as pessoas que poderiam ter sido expostas à doença, em diferentes graus. Cada pessoa é classificada como F(1), F(2), F(3), F(4) e F(5) de acordo com a chance de ter sido contaminada. O sistema de saúde do país providencia testes para todos os F(0)s e F(1)s e promove o monitoramento de todos os indivíduos, inclusive divulgando o local onde moram todos os “F(0)s e F(1)s”, mas sem identificar o nome das pessoas. Desta forma, toda a população do país sabe onde existe um indivíduo com algum risco de contágio. O acompanhamento é sistemático e efetivo.”

E a chave tá no Confucionismo, e não me venha falar em comunismo, nem Karl Marx nem sonhava em ser nascido quando começou o Confucionismo, porra:

“Em primeiro lugar, o povo segue rigidamente as diretrizes governamentais. Quase ninguém se arrisca a contrariar as ordens e as orientações do Poder Público. E o governo não brinca em serviço. As poucas pessoas que ousaram contrariar a quarentena e divulgar “fake news” a favor da flexibilização do lockdown, ou criando pânico e disseminado número de casos falsos, foram logo identificadas e obrigadas a se retratar. Os dissidentes das orientações governamentais são expostos publicamente e sofrem a rejeição da sociedade, que na grande maioria apoia as medidas de isolamento social, pois já viveram experiências traumáticas no passado. Em segundo lugar, existe uma cultura coletivista no país e uma ética confucionista que valoriza as relações familiares, as relações sociais e o respeito à hierarquia. No Vietnã, e, em geral, nos países do leste asiático, o indivíduo não é o centro do mundo. Os adultos, culturalmente, manifestam um grande respeito pelas crianças e pelos idosos.”

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10. Acordo? Que acordo?!

Chineses jogando com Trump:

“U.S. stocks fell sharply in the final hour of trading Wednesday after President Trump seemingly reignited the trade war, telling reporters the U.S. would be evaluating whether China has complied with the “phase 1” trade deal to buy an extra $200 billion a year of U.S. goods. As the coronavirus pandemic continues to choke the U.S. and global economy, Trump is threatening to tighten the vice. S&P Global Market Intelligence, Panjiva, finds that not only is China not making purchases on pace for a $200 billion increase, it is now $21.2 billion behind — not even halfway to its target on a monthly basis. Further, data Thursday showed Chinese exports rose 3.5% year over year in April while imports fell 14.2%, bringing China’s trade surplus for the month to $45.34 billion — well above the $6.35 billion economists had predicted.

Most had long expected that China would be unable to meet the terms of the deal as the novel coronavirus ravaged its economy, causing the worst quarterly economic contraction on record. But it was expected the U.S. would look the other way, given the economic situation. What we’re hearing: “Trump is basically trying to distract the American public from focusing too much on the unemployment rate, employment figures and so on,” Keith Wade, chief economist at Schroders, said during a recent webcast. “If we do reignite the trade wars, and we see the ‘phase 1’ deal fail, I think it won’t just be China that loses, it will be the U.S. as well.” The nascent stock market rebound also could be threatened by revived tensions between the world’s two largest economies. “That’s probably the number one concern in the market when we talk to investors and sell-side analysts,” Zhiwei Zhang, president and chief economist of Pinpoint Asset Management, told CNBC Wednesday.” [Axios]

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>>>> Presente do @takafora:

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>>>> Do Veríssimo, em homenagem ao Aldir: “O Jaguar sabia da nossa admiração por ele e organizou uma excursão à Zona Norte. Objetivo: conhecer o Aldir Blanc. Ele nos recebeu em sua casa, na Rua Garibaldi, Tijuca. Me lembro que uma das peças da casa era ocupada por uma mesa de sinuca profissional, o que me pareceu adequado, assim como a sua barba de profeta. Aldir era um lacônico notório, e como eu não sou de falar muito, o Jaguar tinha previsto que nosso encontro seria uma troca de silêncios. Não foi, conversamos. Fomos conversando no caminho da casa ao Bar da Dona Maria, na esquina, onde nos esperavam pastéis de bacalhau inesquecíveis e o compositor Moacyr Luz , parceiro do Aldir em muitas músicas, com seu violão. A noite acabou na Casa da Mãe Joana, que eu não sei se ainda existe, com show do Walter Alfaiate e canja do Aldir no tamborim, igualmente inesquecíveis. O grande letrista, grande cronista e grande cara também era bom no tamborim!… O quase hino do Aldir e do João Bosco também falava da esperança que subsistia nos tempos negros, a “esperança equilibrista” que andava na corda bamba “de sombrinha” ameaçando cair. Quem poderia imaginar que depois de tudo o que passamos e padecemos, na certeza de que, acontecesse o que acontecesse, ditadura nunca mais, estaríamos de novo carregando uma sombrinha metafórica numa corda bamboleante, sem saber o que nos espera no próximo passo? Os generais de fatiota que hoje ocupam o governo nos asseguram que não vem golpe. Não vem porque já veio, e nem precisaram de tanques na rua. Entraram no poder pela porta principal, atendendo a convites.” [O Globo]

>>>> Que chato… “O TRF-2 (Tribunal Regional Federal da 2ª Região) deve julgar nesta quinta (7) a conduta do juiz federal Marcelo Bretas, do Rio, por participar de eventos políticos ao lado de Bolsonaro e do prefeito do Rio, Marcelo Crivella. Em fevereiro, Bretas foi com as autoridades à inauguração de uma alça na Ponte Rio-Niterói e a uma festa evangélica na praia. A aposta é que Bretas, que está hospitalizado com Covid-19, não receberá punição severa da corte.” [Folha]

>>>> Mais uma proeza do Crivella: “Após um ano e dez meses, a médica anestesista Ana Beatriz Busch deixa o comando da Secretaria municipal de Saúde (SMS) do Rio. Bia Busch, como é conhecida, informou sua decisão ao prefeito Marcelo Crivella na tarde dessa quarta-feira, como noticiou a colunista Berenice Seara, no jornal “Extra”. Na manhã desta quinta-feira, Crivella confirmou que a médica informou que estava deixando o cargo, mas que ele pediu à ela que fique até que a cidade receba os respiradores e materiais comprados na China – nos próximos dias. A saída da secretária acontece num momento turbulento para a rede de saúde no município. Segundo a Prefeitura, por conta da Covid-19, a ocupação dos leitos de UTIs na rede já chega a 95%. De acordo com a colunista Berenice Seara, um dia depois da troca de seu subsecretário de Gestão por um servidor de quem nunca ouvira falar, Beatriz pediu para sair. O pivô da demissão é Ivo Remuszka Júnior exonerado, no Diário Oficial de terça-feira, do cargo de subsecretário de Gestão da Saúde. Em seu lugar, Crivella nomeou Diego Braga da Silva, um servidor que trabalhava com o secretário Paulo Cesar Amendola — primeiro na Secretaria de Ordem Pública, e depois, na de Transportes. Após ouvir a secretária, Crivella disse que pediu um tempo. Segundo a colunista Berenice Seara, a substituição feita por Crivella, sem que Busch fosse consultada, soou como uma intervenção na pasta.” [O Globo]

>>>> Planos do MST: “Projetando quebradeira no campo, especialmente do setor sucroalcooleiro, o Movimento Sem Terra planeja uma jornada de ocupações de terras de empresas falidas logo após a pandemia. O movimento também diz estar percebendo aumento da pobreza no campo. A comparação que fazem é com os anos da gestão Fernando Henrique Cardoso (1995 a 2002), com crise econômica, desemprego na cidade e dificuldades nas zonas rurais.” [Folha]

>>>> Vai entender uma porra dessa, pior recessão em 300 anos e nada de medidas de estímulo: “O Banco da Inglaterra adiou novas medidas de estímulo nesta quinta-feira, mas afirmou estar pronto para adotar mais medidas para conter a maior recessão econômica do país em mais de 300 anos devido ao coronavírus. No que chamou de “cenário ilustrativo”, o banco central britânico disse que vê um tombo de 14% da economia britânica em 2020, seguido de um recuo de 15% em 2021. Tal cenário exigiria um estímulo monetário e orçamentário muito significativo, afirmou. A previsão ocorre em meio a prognósticos sombrios para o PIB europeu. A economia da zona do euro vai contrair a uma taxa recorde de 7,7% neste ano por causa da pandemia de Covid-19 e a inflação irá quase desaparecer, enquanto a dívida pública e o déficit orçamentário vão disparar, projetou a Comissâo Europeia na quarta-feira. O Banco de Inglaterra manteve a sua taxa de juros referencial na mínimo histórica de 0,1% e deixou o seu objetivo de compra de títulos, na sua maioria dívida pública britânica, em 645 bilhões de libras (797 bilhões de dólares).” [Folha]

>>>> Madero, o pior hamburguer do mundo – leiam esse texto do Marcos Nogueira na íntegra!“Vamos ao segundo slogan de Durski. Aquele sobre um mundo melhor. A página do Madero despeja lero-leros sobre empreendedorismo, inovação, disrupção etc. O comportamento do empresário Junior Durski evidencia que essa conversa mole favorece apenas uma pessoa: ele mesmo. O dono do Madero tem-se superado em episódios de falta de sensibilidade desde que a pandemia da Covid-19 se abateu sobre o Brasil. Numa ocasião, disse que o Brasil não poderia parar por causa de 7 mil mortes. Pois bem: atingimos ontem tal marca e continuamos em trajetória ascendente. No último sábado, Durski publicou no Instagram uma foto em que ele, sem máscara protetiva, parece oferecer um hambúrguer à câmera. A legenda diz o seguinte: “Pra frente Brasil ( sic)! Vai dar tudo certo. Aqui em Balneário Camboriú tá tudo funcionando. Muito trabalho e Deus no coração.” De onde ele tirou que tudo vai dar certo? A julgar pela previsão de 7 mil vítimas fatais, melhor não confiar na futurologia de Durski. De nada adianta ter Deus no coração quando se tem água nos pulmões. Pobre Balneário Camboriú.” [Folha]

>>> Que maravilha esse vídeo:

Dia 491 | E os generais, patriotas que são, se foderam de verde e amarelo | 06/05/20

Daqui a pouco atualizo o pdocast por aqui : ) Os episódios você ouve lá na Central3: [Central3]

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0. O depoimento do Moro

Estamos incrivelmente anestesiados, se o depoimento do Moro é fogo de palha eu não sei mais de nada. Uma coisa é a despedida demolidora do Moro numa coletiva, outra é manter as acusações em um depoimento solicitado pelo STF. No dia de sua despedida escrevi aqui que o seu adeus era um festival de confissões de prevaricação, e um ex-juiz por 22 anos mediria bem suas palavras na hora de depor. A despedida foi feita com o fígado, o depoimento não. Queriam o quê? Que Moro pegasse uma .50 e atirasse na própria cabeça, na frente de polciais e procuradores?! Vamos aos melhores momentos:

“QUE perguntado se identificava nos fatos apresentados em sua coletiva alguma prática de crime por parte do Exmo. Presidente da República, esclarece que os fatos ali narrados são verdadeiros, que, não obstante, não afirmou que o presidente teria cometido algum crime. [CNN]

rolandolero

Não, imagina… Ora, é óbvio que Moro sabe se tratar de crimes, mas se ele confessa o crime presidencial ele confessa também sua prevaricação em diferentes momentos,e isso é chave pra entender suas declaraçações aos policiais e procuradores.

Moro narra a substituição do Sadi na superintendência do Rio ainda em 2019. Ele diz que foi um pedido do presidente mas o próprio Said havia pedido pa sair, então ele aceitou a troca pois confiava na independência do novo superintendente. E mesmo assim Bolsonaro fez merda:

“QUE, após muita resistência, houve, como dito acima, concordância do Declarante e do Dr. VALEIXO, com a substituição;
QUE o presidente, após a concordância, declarou publicamente que havia mandado trocar o SR/RJ por motivo de produtividade;
QUE para o Declarante não havia esse motivo e a própria Polícia Federal emitiu nota pública, informando a qualidade do serviço da SR/RJ, o que também pode ser verificado por dados objetivos de produtividade;
QUE só concordou com a substituição porque o novo SR, CARLOS HENRIQUE foi uma escolha da PF e isso garantia a continuidade regular dos serviços da SR/RJ e a própria Polícia Federal informou na nota acima que ele seria o substituto;
QUE o Presidente, contrariado, deu nova declaração pública afirmando que era ele quem mandava e que o novo Superintendente seria ALEXANDRE SARAIVA;
QUE o Diretor da Polícia Federal ameaçou se demitir e que o Declarante conseguiu demover o Presidente;
QUE tem presente que ALEXANDRE SARAIVA é um bom profissional, no entanto não era o nome escolhido pela Polícia Federal,
QUE o presidente já havia indicado ao Declarante a intenção de indicar ALEXANDRE SARAIVA, mas que da sua parte entendia que a escolha deveria ser da Polícia Federal;
QUE mesmo antes, mas, principalmente, a partir dessa época o Presidente passou a insistir na substituição do Diretor da PF, MAURÍCIO VALEIXO;”

O que vai acima explicita a tentativa de Bolsonaro interferir na PF do Rio, e de quebra o novo diretor-geral tratou de tirar o superintendente do RJ de sua cadeira em questão de horas. Ligue a porra dos pontos.

“QUE o assunto retornou com força em janeiro de 2020, quando o Presidente disse ao Declarante que gostaria de nomear ALEXANDRE RAMAGEM no cargo de Diretor Geral da Polícia Federal e VALEIXO iria, então, para uma Adidância;
QUE isso foi dito verbalmente no Palácio do Planalto;
QUE, eventualmente o General Heleno se fazia presente;
QUE esse assunto era conhecido no Palácio do Planalto por várias pessoas;
QUE pensou em concordar para evitar um conflito desnecessário, mas que chegou à conclusão que não poderia trocar o Diretor Geral sem que houvesse uma causa e que como RAMAGEM tinha ligações próximas com a família do Presidente isso afetaria a credibilidade da Polícia Federal e do próprio Governo, prejudicando até o Presidente;

QUE essas ligações são notórias, iniciadas quando RAMAGEM trabalhou na organização da segurança pessoal do presidente durante a campanha eleitoral;
QUE RAMAGEM, pela questão da proximidade, o Declarante afirma que o presidente, nessa época, lhe dizia que era uma questão de confiança; “

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Questão de confiança“, porra! E que delícia ler o nome do senil, em breve o general estará depondo.

“QUE, ainda em janeiro, o Declarante sugeriu dois nomes para o Presidente, FABIANO BORDIGNON e DISNEY ROSSETI para substituir VALEIXO;  
QUE a troca geraria desgaste para o Declarante, mas, pelo menos, não abalaria a credibilidade da Polícia Federal ou do Governo;  
QUE a substituição sem causa do DG e a indicação de uma pessoa ligada ao Presidente e a sua família seriam uma interferência política na PF;  
QUE os dois outros nomes eram ANDERSON TORRES e CARRIJO e ambos não tinham história profissional na Polícia Federal que os habilitassem ao cargo, além de também serem próximos à família do presidente;
QUE no começo de março de 2020, estava em Washington, em missão oficial com o Dr. VALEIXO;  
QUE recebeu mensagem pelo aplicativo Whatsapp do Presidente da República, solicitando, novamente, a substituição do Superintendente do Rio de Janeiro, agora CARLOS HENRIQUE;  
QUE a mensagem tinha, mais ou menos o seguinte teor: “Moro você tem 27 Superintendências, eu quero apenas uma, a do Rio de Janeiro”;”

Vai ver essa última mensagem não é nada demais, né? E no fim da tarde de ontem, na portaria do Palácio, Bolsonaro jurava não tquerer interferir em nada e quando confrontado por um jornalista disse “O estado do Rio é meu, o Estsado do Rio é meu‘.Ah, Bolsonaro tem até sexta para explicar à Justiça os motivos da troca, se fode aí, AGU!

“QUE esclarece que não nomeou e não era consultado sobre as escolhas dos Superintendentes; QUE essa escolha cabia, exclusivamente, à Direção Geral da Polícia Federal;
QUE nem mesmo indicou o Superintendente da Polícia Federal do Paraná;”

Belíssimo contraponto à mensagem presidencial aí de cima.

“QUE o Presidente não interferiu, ou interferia, ou solicitava mudanças em chefias de outras Secretarias ou órgãos vinculados ao Ministério da Justiça, como, por exemplo, a Polícia Rodoviária Federal, DEPEN, Força Nacional;”

Essa é a parte mais importante, eu acho. A Força Nacional não pertuba os filhos, nem a PRF e por aí vai. Moro deixou claro que há um motívo para trocar o comando da PF no Rio, e aqui me valho do Caio Almendra:

“A incapacidade da Globo e Globo News de associar a saída do Moro às investigações sobre a morte de Marielle, quando o próprio pronunciamento do Bolsonaro já fez essa associação, é inacreditável. O que tem de jornalista e comentarista perguntando “o que será que Bolsonaro queria na Polícia Federal do Rio de Janeiro?”, como se fosse o mistério do século… É quase um concurso de como parecer mais idiota. Camarotti e Merval estão na final.”[Facebook]

Lembrando que já se sabe que Flávio lucrava com construções imobiliárias em área de milícia controlada pelo Adriano de Nóbrega, lembra? Saiu dia desses por aqui.

“QUE perguntado se havia desconfiança em relação ao Diretor VALEIXO, o Declarante respondeu que isso deve ser indagado ao Presidente;
QUE o próprio Presidente cobrou em reunião do conselho de ministros, ocorrida em 22 de abril de 2020, quando foi apresentado o PRÓ-BRASIL, a substituição do SR/RJ, do Diretor Geral e de relatórios de inteligência e informação da Polícia Federal;
QUE o presidente afirmou que iria interferir em todos os Ministérios e quanto ao MJSP, se não pudesse trocar o Superintendente do Rio de Janeiro, trocaria o Diretor Geral e o próprio Ministro da Justiça;
QUE ressalta que essas reuniões eram gravadas, como regra, e o próprio Presidente, na corrente semana, ameaçou divulgar um vídeo contra o Declarante de uma dessas reuniões;
QUE nessas reuniões de conselho de ministros participavam todos os ministros e servidores da assessoria do Planalto;
QUE a afirmação do Presidente de que não recebia informações ou relatórios de inteligência da Polícia Federal não era verdadeira;
QUE quanto a relatórios de inteligência, esclaree que a PF não é órgão de produção direta de inteligência para a Presidência da República;
QUE os relatórios de inteligência da Polícia Federal sobre assuntos estratégicos e de Segurança Nacional são inseridos pela sua diretoria de Inteligência no SISBIN e que a ABIN consolida essas informações de inteligência, juntamente, com dados de outros órgãos e as apresenta ao Presidente da República;

QUE o próprio Declarante já recebeu relatórios de inteligência da ABIN que continham dados certamente produzidos pela inteligência da Polícia Federal;
QUE o próprio Presidente da República em seu pronunciamento na sexta-feira, dia 24 de abril de 2020, declarou que um dos motivos para a a demissão do Diretor Geral da PF seria a falta de recebimento de relatórios de inteligência de fatos nas últimas 24 horas;
QUE o presidente nunca solicitou ao Declarante a produção de um relatório de inteligência estratégico da PF sobre um conteúdo específico, causando estranheza que isso tenha sido invocado como motivo da demissão do Diretor Geral da PF;”

Ele desmontou boa parte da argumentação presidencial para justificar sua demissão.

“QUE perguntado se o presidente da República, em algum momento lhe solicitou relatórios de inteligênca que subsidiavam ingestigaçãoes policiais, o Declarante respondeu que o Presidente nunca lhe pediu até porque o Declarante ou o Diretor  VALEIXO jamais violariam sigilo de investigação policial;”

Repare que se ele tivesse dito que sim, que o presidente solicitou relatórios e Moro negou os pedidos do presidente, seria prevaricação. E lembrando que Bolsonaro já confessou duas vezes ter tido acesso a inquéritos sigilosos e Moro na época negava veementemente. E um dos casos versava sobre o caso Marielle.

Moro narra a reunião em que Bolsonaro comunica a troca da PF e…

“QUE o Declarante pediu ao Presidente que reconsiderasse, mas que se isso não ocorresse o Declarante seria obrigado a sair e a declarar a verdade sobre a substituição;
QUE o Presidente lamentou, mas disse que a decisão estava tomada;
QUE o Declarante reuniu-se  em seguida com os ministros militares do Palácio do Plananto e relatou a reunião com o Presidente;
QUE a reunião foi com os Ministros Generais RAMOS, HELENO e BRAGA NETTO;
QUE o Declarante informou os motivos pelos quais não podia aceitar a substituição e também declarou que sairia do governo e seria obrigado a falar a verdade;
QUE na ocasião o Declarante falou dos pedidos do Presidente de obtenção  de Relatórios de Inteligência da PF, que inclusive havia sido objeto de cobrança pelo Presidente na reunião de conselho de ministros, oportunidade na qual o Ministro HELENO afirmou que o tipo de relatório de inteligência que o Presidente queria  não tinha como ser fornecido;
QUE os Ministros se comprometeram a tentar demover o Presidente,”

Cês entendem a gravidade brutal que é generais testemunharem em um processo aberto pelo STF?! Estamos tão anestesiados que achamos isso desimportante. E temos imagens exclusivas do futuro depoimento do Heleno:

E o generalato, Costinha?!

costinha

Para desespero dos generais, Celso de Mello já pediu que o governo entregue o vídeo em até 72 horas, sugerindo que eles cuidembem da integridade do registro, sabe como é.

“Em despacho expedido às 22h30 desta terça-feira, o ministro Celso de Mello, do Supremo Tribunal Federal (STF), determinou um prazo de 72 horas para a apresentação de uma cópia dos “registros audiovisuais” de uma reunião entre o presidente Jair Bolsonaro, ministros e presidentes de bancos públicos no Palácio do Planalto, realizada no último dia 22 de abril. Ele ordenou que o ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência, Jorge Oliveira, o secretário especial de Comunicação, Fabio Wajngarten, e o assessor-chefe da Assessoria Especial do presidente da República, Célio Faria Júnior, sejam oficiados com urgência. “As autoridades destinatárias de tais ofícios deverão preservar a integridade do conteúdo de referida gravação ambiental (com sinais de áudio e de vídeo), em ordem a impedir que os elementos nela contidos possam ser alterados, modificados ou, até mesmo, suprimidos, eis que mencionada gravação constitui material probatório destinado a instruir, a pedido do Senhor Procurador-Geral da República, procedimento de natureza criminal”, determinou o magistrado, em complementação à decisão proferida por ele mais cedo.” [O Globo]

Se prepare para gargalhar:

“Ministros da ala militar do governo reagiram a trecho da decisão do ministro do Supremo Tribunal (STF) Celso de Mello que autorizou depoimento de autoridades no inquérito que apura interferência política do presidente Jair Bolsonaro na Polícia Federal (PF). Ao analisarem a decisão, segundo o blog apurou, o trio se surpreendeu com o trecho que diz que, “se as testemunhas que dispõem da prerrogativa fundada no art. 221 do CPP, deixarem de comparecer, sem justa causa, na data por elas previamente ajustada com a autoridade policial federal, perderão tal prerrogativa e, redesignada nova data para seu comparecimento em até 05 (cinco) dias úteis, estarão sujeitas, como qualquer cidadão, não importando o grau hierárquico que ostentem no âmbito da República, à condução coercitiva ou “debaixo de vara”. O grupo se irritou com o trecho, avaliou se tratar de “desrespeito” e estuda reagir publicamente ao ministro do STF.” [G1]

Desrespeito“, viado! Chupem que é de uva, generais.

“QUE à tarde do dia 23 de abril de 2020, recebeu uma ligação do Ministro RAMOS indagando se seria possível uma solução intermediária, com a saída de VALEIXO, mas a nomeação de um dos nomes que o Declarante já havia informado antes, a saber: FABIANO BORDIGNON ou DISNEY ROSSETI;
QUE o Declarante informou que haveria um impacto ao governo e à sua credibilidade, mas que, garantida a nomeação técnica e de pessoa não proximamente ligada à familia do presidente, a solução seria aceitável;
QUE ligou para o Diretor VALEIXO, que concordou com a substituição sugerindo o nome de DISNEY ROSSETI;
QUE o Declarante ligou em seguida ao Ministro RAMOS e então manifestou a sua concordância, mas ressaltou que seria a única mudança e que não concordava com a troca pretendida do superintentdente da SR/RJ;
QUE o Ministro RAMOS ficou de levar a questão ao Presidente e de retornar, mas não o fez;”

Imagine aí o esporro que o Ramos tomou do Bolsonaro! Aposto que Bolsonaro deve ter ordenado que seu fiel general não retornasse a ligação, aposto.

“QUE à noite do dia 23 de abril de 2020, recebeu informações não oficiais de que o ato de exoneração do Diretor VALEIXO havia sido encaminhado para publicação;
QUE buscou a confirmação do fato no Planalto com os ministros BRAGA NETTO e RAMOS, tendo o primeiro informado que não sabia e o segundo informado que iria checar e retornar, mas não o fez;”

Que frouxo do caralho é o Ramos! O sujeito não tem nem culhão de ligar para o Moro e dizer o que o presidente lhe disse, certo estava o Olavo, um “bnado de cagões”.

Voltando ao depoimento do ex-juiz mais arrependido do Brasil:

“QUE, durante a madrugada do dia 24 de abril de 2020, saiu a publicação, o que tornou irreversível a demissão do Declarante;
QUE o Declarante não assinou o decreto de exoneração de MAURÍCIO VALEIXO e não passou pelo Declarante qualquer pedido escrito ou formal de exoneração do Diretor VALEIXO;
QUE na manhã do dia 24 de abril de 2020, encontrou-se com VALEIXO e ele lhe disse que não teria assinado ou feito qualquer pedido de exoneração;
QUE VALEIXO disse ao Declarante que, na noite do dia 23 de abril de 2020, teria recebido uma ligação do Planalto na qual o Presidente teria lhe dito que ele, VALEIXO, seria exonerado no dia seguinte e lhe perguntado se poderia ser “a pedido”;
QUE VALEIXO disse ao Declarante que como a decisão já estava tomada não poderia fazer nada para impedir, mas reiterou que não houve, nem partiu dele, qualquer pedido de exoneração;
QUE perguntado em regra, como ocorrem as exonerações no âmbito do Ministério da Justiça e como se dá o processo de assinatura no Diário Oficial da União, respondeu
QUE pedidos de nomeação e de exoneração são assinados eletronicamente pelo Declarante e enviados ao Palácio do Planalto;
QUE não delegava essa função a subordinados;
QUE decretos assinados pelo Presidente da República e em concurso com o Declarante, quando sua origem era um ato produzido pelo MJSP, o que seria o caso da exoneração do Diretor VALEIXO, sempre eram assinados previamente pelo Declarante, pelo sistema eletrônico SIDOF, antes de encaminhados ao Planalto;
QUE nunca, pelo que se recorda, viu antes um ato do MJSP ser publicado sem a sua assinatura, pelo menos, eletronicamente;
QUE em virtude do ocorrido decidu exonerar-se e informar em pronunciamento coletivo os motivos de sua saída;”

Dá pra fechar o olho e escolher um crime.

“QUE o Declarante entendeu que havia desvio de finalidade na exoneração do Diretor MAURÍCIO VALEIXO, à qual se seguiria a provável nomeação do DPF ALEXANDRE RAMAGEM, pessoa próxima à família do presidente, e as substituições de superintendentes, tudo isso sem causa e o que viabilizaria ao Presidente da República interagir diretamente com esses nomeados para colher, como admitido pelo próprio Presidente, o que ele chamava de relatórios de inteligência, como também admitido pelo próprio Presidente;”

Sim, tudo corroborado pelo discurso presidencial horas após a saída do Moro!

“QUE reitera que em seu pronunciamento narrou fatos verdadeiros, mas, em nenhum momento, afirmou que o Presidente da República teria praticado um crime e que essa avaliação cabe às instituições competentes;”

“QUE o Presidente também alegou como motivo da exoneração de VALEIXO uma suposta falta de empenho da Polícia Federal na investigação de possíveis mandantes da tentativa de assassinato perpetrada por ADÉLIO;
Que a Polícia Federal de Minas Gerais fez um amplo trabalho de investigação e isso foi mostrado ao Presidente ainda no primeiro semestre do ano de 2019, numa reunião ocorrida no Palácio do Planalto, com a presença do Declarante, do Diretor VALEIXO, do Superintendente  de Minas Gerais e com delegados responsáveis pelo caso;
Que na ocasião, o Presidente não apresentou qualquer contrariedade em relação ao que lhe foi apresentado;
QUE essa apresentação ao Presidente decorreu da sua condição de vítima e ainda por questão de Segurança Nacional, entendendo o Declarante que não havia sigilo legal oponível ao Presidente pelas circunstâncias especiais;”

Que cirscunstâncias especiais são essas?!

“QUE o Presidente, no pronunciamento de sexta-feira 24 de abril, também reclamou da falta de empenho do Declarante e da Polícia Federal para esclarecer as declarações do porteiro de seu condomínio  acerca do suposto envolvimento do Presidente no assassinato de MARIELE e ANDERSON;”

Vai ver era uma circunstância especial, Moro…

“QUE, além da mensagem acima mencionada, o Declarante, revendo o chat de conversa com o Presidente identificou várias outras mensagens que podem ser relevantes para a investigação, inclusive outra mensagem sobre o Inquérito no STF e outra com determinação do Presidente de que o Dr. VALEIXO seria “substituído essa  semana a pedido ou ex-ofício”, além de outra com indicativo de desejo dele de substituição do SR/PE;”

Ainda falta a imprensa descobrir porque diabos Bolsonaro quer mudar a superintendência de Pernambuco, tem história boa aí

Encerrado o depoimento, vamos ao medo presidencial:

“Na semana passada, dias após a saída de Sergio Moro do governo, o presidente Jair Bolsonaro fez uma constatação em uma conversa reservada sobre o agora ex-ministro da Justiça: “É candidatíssimo”. No diálogo, que foi relatado à Folha, Bolsonaro disse ter certeza de que Moro tem pretensões políticas e que será seu adversário na eleição presidencial de 2022. Para o presidente, antes mesmo de decidir sair do governo, o ex-juiz já planejava uma candidatura presidencial. Por isso, Bolsonaro tinha receio de indicar Moro para uma das duas vagas no STF que serão abertas durante o seu mandato. Apesar de ter sinalizado ao então ministro que seu nome era favorito, Bolsonaro disse a deputados aliados que o ex-juiz poderia usar o cargo como um palanque eleitoral. Mais de uma vez, o chefe do Executivo afirmou a pessoas próximas que Moro aproveitaria a função de destaque para votar contra os interesses de Bolsonaro, fazendo uma espécie de contraponto público ao seu futuro adversário.

Além disso, a hipótese aventada por Bolsonaro era a de que Moro atuasse pela condenação do senador Flavio Bolsonaro, primogênito do presidente e investigado por participar de um suposto esquema de “rachadinha” no Rio de Janeiro. E que Moro pudesse avançar sobre o vereador Carlos Bolsonaro, identificado em inquérito sigiloso conduzido pelo STF como um dos articuladores de um esquema criminoso de fake news. O presidente já manifestou receio de que Carlos, o filho mais próximo dele, seja alvo de operação policial. Para evitar as duas hipóteses, dizem auxiliares presidenciais, Bolsonaro não se esforçou em chegar a um acordo para manter Moro no governo. Ao longo dos últimos meses, aliados sugeriram ao presidente que o indicasse para a corte, livrando-se do ex-juiz. Com receio de colocá-lo em um posto de projeção política, Bolsonaro ignorava o conselho.” [Folha]

Moro fodeu os cálculos eleitorais do Bolsonaro:

“O modo como ele pediu demissão reforçou a avaliação de Bolsonaro sobre seu ex-aliado e o fez vê-lo como uma das principais ameaças à sua reeleição em 2022. De acordo com deputados bolsonaristas, o presidente avalia que Moro se projetou como uma alternativa no campo da direita pela possibilidade de arregimentar o apoio de parcela do eleitorado do presidente. Bolsonaro tem afirmado que o cenário mais favorável para ele é ter um oponente principal, no segundo turno, de esquerda ou de centro-esquerda. O cálculo feito por ele é simples: há hoje um eleitor cativo que garante 30% dos votos. O restante necessário para uma vitória viria da rejeição a candidatos de esquerda ou de perfis progressistas ou antiliberais. A aliados Bolsonaro deixou bem clara essa preocupação e foi esse um dos motivos que levaram a um desgaste na relação com Moro. O presidente considerava o ex-ministro muito vaidoso e seu estilo introspectivo não o agradava. As pessoas mais próximas a Bolsonaro ganharam sua confiança demonstrando abertura e descontração. Ele definiu o ex-juiz muitas vezes como “chato”.

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2. Pós-depoimento

O melhor texto é do Igor Gielow:

“O depoimento do ex-ministro Sergio Moro (Justiça) sobre a interferência do presidente Jair Bolsonaro na Polícia Federal é uma peça sem meio-termo: ou será vista no futuro como uma bomba ou como um traque. A grande incerteza no cenário político é determinante para avaliar o impacto das acusações, que agora Moro espertamente diz que não se tratam de imputação de crime —claro, se o fossem, ele poderia ser pego prevaricando por não ter denunciado os fatos antes. Juridicamente, não é uma bala de prata incontestável, mas certamente muito ruim para Bolsonaro.” [Folha]

O problema é de expectativa. Esperavam algo mais grave que o adeus como se a despedida dele já não tivesse sido demolidora para o presidente, juro que não entendo.

“Os cuidados tomados pelo ex-ministro ao longo do depoimento explicitam o risco que corria, e conforme a Folha ouviu de integrantes de tribunais superiores, muito dependerá de subjetividade. Dois pontos embasam a acusação de obstrução de Justiça, mais um dos inúmeros crimes de responsabilidade que Bolsonaro vem acumulando no exercício do cargo. A obsessão clara pela mudança da Superintendência da PF no Rio, seu quintal político, e a referência à necessidade de retirar Maurício Valeixo da direção-geral do órgão ao comentar inquérito no Supremo que teria chegado a “10 ou 12 deputados bolsonaristas”. Nos tempos em que a Lava Jato estava no auge, o então procurador-geral Rodrigo Janot chegava a pedir prisão por bem menos que isso. Não se espera o mesmo de Augusto Aras, mas a pressão estará sobre ele. Bolsonaro nem faz questão de desfazer a narrativa, tanto que o primeiro ato de seu novo chefe da polícia foi remover o superintendente do Rio. A quem o perguntou sobre isso, respondeu com insultos apopléticos.”

Deve ter sido mais ou menos assim:

“Mas serão critérios subjetivos que apontarão se isso foi uma ingerência passível de denúncia ou apenas o exercício de prerrogativas presidenciais. Moralmente, a resposta está dada, mas a paisagem é bem mais nebulosa. O Supremo, onde Bolsonaro será ou não denunciado, vive mais um momento de tensão interna. Ministros, a começar pelo presidente Dias Toffoli, acharam que Alexandre de Moraes ultrapassou a linha ao barrar o favorito de Bolsonaro, Alexandre Ramagem, para a PF em decisão provisória na semana passada. Mas a queixa de Toffoli, devidamente transparecida a público, também incomodou colegas. Afinal de contas, a corte havia se unido quando o Moraes foi atacado por Bolsonaro, e agora isso seria um sinal de dissenso. Notável, nesse caso, é a economia de palavras dos togados mais próximos do pensamento lava-jatista encarnado por Moro. Um deles, Luiz Fux, será o novo presidente do Supremo em setembro.

Com o inevitável agravamento da crise econômica, os estratos mais pobres que substituiram parte da classe média no contingente de 1/3 do eleitorado que aprova o presidente tendem a ser os mais afetados. Isso tudo qualificará o calibre do tiro disparado por Moro no sábado, com um ajuste de tempo insondável em meio a tanta turbulência capitaneada por um vírus e por um presidente que obriga seu ministro da Defesa a dizer que não é golpista duas vezes em um mês. Um enfraquecido presidente pode ser do agrado de políticos do centrão e de ministros militares, na ilusão de controle, mas também ficará mais suscetível a um evento sísmico maior, como a aceitação de uma denúncia pelo Supremo. Para Moro, candidato a candidato a algo, a começar a Presidência em 2022, todas as fichas foram colocadas na mesa. Com uma base seguidora tão fiel quanto a de Bolsonaro, talvez se o caso no Supremo não der em nada bastará a ele gritar “fake news!” e ir em frente, a exemplo do seu ex-chefe.”

Igor é das melhores penas para acompanhar essa bad trip escrota.

Vamos às repercussões:

“Se do ponto de vista político as acusações de Sergio Moro angariavam pouca adesão, por causa de sua atuação na Lava Jato contra parlamentares e contra o ex-presidente Lula, o ex-ministro agora também é contestado do lado criminal. Ministros do STF, advogados, integrantes da Polícia Federal e da Procuradoria-Geral da República avaliam que o depoimento de Moro trouxe poucas novidades e carece de elementos para que, de fato, possa provar crimes de Jair Bolsonaro.” [Folha]

Como é que carece de elemento se as testemunhas nem depuseram, caralho?! A porra da mensgaem, confirmada pelo presidente ao mostrar seu próprio telefone, não é a porra dum elemento?! O próprio discurso do Bosloanro horas depois da despedida do Moro não é outro elemento?!

“Em conversas com pessoas próximas, Augusto Aras, procurador-geral da República, tem dito que é impossível que o inquérito prospere para uma denúncia contra o presidente.”

Ah vá…

“Para Ticiano Figueiredo, presidente do Instituto de Garantias Penais, o depoimento de Sergio Moro à PF mostrou que o ex-juiz tem percepção distorcida sobre o que são provas acusatórias. “No discurso de despedida, imputou uma série de crimes ao presidente. Quando chegou a hora de apresentar todas as provas, entregou um nada e depôs sobre um vazio”, diz o advogado.”

Que tipo de prova o sujeito quer? Tem Bolsonaro dizendo que a superintendência do RJ é dele, tem Bolsonaro mandando trocar o diretor-geral por conta de matéria do Antagonista. E quem fala isso é o sujeito que até semana passada era o ícone da moralidade tupiniquim, pórra, que tipo de provas eles querem? Uma confissão de 3 vias autenticada de próprio punho no cartório?

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3. Anarquia militar

É por demais irônico que o único presidente a incentivar anarquia militar seja o capitão cujo governo é tomado de generais – o texto é do Gaspari:

“Quando Jair Bolsonaro falou que “o povo está conosco. As Forças Armadas, ao lado da lei, da ordem, da democracia, da liberdade e da verdade, também estão ao nosso lado”, não disse coisa nenhuma. Foi apenas uma construção astuciosa, mas, como o capitão não consegue parar, acrescentou: “Não tem mais conversa. Daqui para frente, não só exigiremos. Faremos cumprir a Constituição. Será cumprida a qualquer preço”. Logo ele, que se julga “realmente, a Constituição” e se referiu às “minhas Forças Armadas”. Ganha um resfriadinho em Caracas quem não conseguir juntar lé com cré. Para quem vive uma pandemia com a marca dos 10 mil mortos batendo à porta e uma inédita recessão já instalada na economia, esse tipo de encrenca não era necessária. O capitão passou mais tempo no baixo clero da Câmara do que no Exército, onde conheceu melhor as sendas da indisciplina do que as normas da corporação. Nelas, também não se enquadrava, por exemplo, o major e ex-deputado Curió do Araguaia. Levado ao Planalto por um sentimento antipetista, Bolsonaro flerta com a anarquia militar.

Essa anarquia, resultante de divisões dentro das Forças Armadas, se fez sentir na política brasileira do século passado, até que perdeu ímpeto em 1977 e desapareceu com a redemocratização. Na crise que Bolsonaro incentiva, misturam-se ingredientes tóxicos. O primeiro deles é a influência de sua família no governo. O que restava do prestígio militar do marechal Henrique Lott, poderoso ministro da Guerra de 1954 a 1959, esvaiu-se em 1962, quando sua filha Edna elegeu-se deputada estadual. Com 3 dos 5 presidentes-generais (Castello Branco, Emílio Médici e Ernesto Geisel), a história foi outra, e seus familiares não se metiam no governo. Castello demitiu um irmão porque aceitou um presente e não moveu um dedo quando a Marinha negou ao seu filho a promoção a almirante. O segundo ingrediente tóxico vem a ser o “núcleo militar” formado no Planalto. É composto por militares da reserva e por um general da ativa agregado. Governos que não tiveram essa bizarrice funcionaram: José Sarney, Fernando Henrique Cardoso e Lula. Os que a tiveram: Costa e Silva e, de certa forma, Figueiredo, deram-se mal. Fora da linha de comando, só há a bagunça.

O terceiro ingrediente é a simpatia de Bolsonaro pela opinião de sargentos e suboficiais, somada ao expresso apoio dado a policiais militares amotinados. A ele se junta uma militância parruda e agressiva. Jair Bolsonaro na crise do coronavírus Jair Bolsonaro na crise do coronavírus Leia Mais VOLTARFacebookWhatsappTwitterMessengerLinkedinE-mailCopiar link Loading Nos últimos 50 anos, o Brasil teve dois tipos de chefes militares no Exército: aqueles de quem se sabia o nome e aqueles de quem não se sabia. Orlando Geisel e Leônidas Pires Gonçalves estiveram no primeiro grupo. Um enquadrou os generais depois da anarquia de 1969, na crise da doença de Costa e Silva. O outro, comandou-os no governo Sarney, quando baixou o chanfalho no capitão Bolsonaro. Depois, no segundo grupo, vieram dois chefes que comandaram a força por 13 anos. Deles não se fala e eles também não falam. Quem cruzar com os generais Gleuber Vieira e Enzo Peri na rua, não saberá quem são. A ambos aplica-se a lição que Ernesto Geisel deu a um paisano que lhe perguntou quem era um general que ele promoveu à quarta estrela. “Um grande oficial, e a prova disso é que você não sabe quem é.” Chamava-se Jorge de Sá Pinho.” [Folha]

Passo para a Rosângela Bittar, que descreve duas hipóteses para a submissão dos generais ao capitão:

“O que significam as insinuações de Bolsonaro de que dispõe dos militares para o que der e vier? Selecionemos duas hipóteses de explicação adequadas à conduta do presidente.

Numa, é possível concluir que os militares são vítimas e estão sendo provocados para aceitarem se engajar nas esquisitices do governo. Embora não estejam dispostos a tudo, não têm meios para reagir às pressões públicas de Bolsonaro. Como resistem, ficam na mira. De quem? Do Gabinete do Ódio, o operador oficial, de dentro do Palácio, desse tipo de enredo. Atua sempre sob o comando do filho vereador e do professor virtual que, de Richmond, tutela o governo, em Brasília. Bem-sucedido, o grupo já conseguiu, para ficar apenas no tema em questão, demitir Santos Cruz, abalar Hamilton Mourão, denegrir Rocha Paiva (melancia), irritar Villas Boas, e iniciar, agora, uma guerra contra Pujol. Acham que ele não atua politicamente e não coloca sua tropa a serviço do interesse do governo. Confiam que, se não conseguirem arrastar o comandante para o embate político, pelo menos promovem a divisão, pois consideram os escalões intermediários já engajados na dialética presidencial. Provocar a cizânia na tropa é o pior dos ataques a um comando militar. ” [Estadão]

Repita comigo: “Provocar a cizânia na tropa é o pior dos ataques a um comando militar”.

“Uma segunda hipótese, de significado também realista, mostra o presidente atormentado por inquéritos que o colocam, bem como a sua família, no alvo da incursão em crime. Ameaçado, ele ameaça. E o que acossa Bolsonaro são, sobretudo, as investigações em três frentes: as das fake news, cujo aprofundamento pode retroagir a sua eleição; a dos gabinetes parlamentares controlados pela família e suas conexões, no Rio; e a das denúncias do ex-ministro Sérgio Moro. De assombrado, Bolsonaro partiu para cima e virou assombração.”

Ou são frouxos ou são cúmplices. E você, já mandou um general tomar no cu hoje?

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4. Curió, o “herói nacional

Do Bernardo Mello Franco

“Em mais uma falsificação histórica, a Secretaria de Comunicação da Presidência chamou o major de “herói do Brasil”. A Convenção de Genebra trata a execução de prisioneiros como crime de guerra, e nem as leis da ditadura autorizavam o que se fez no Araguaia. O Ministério Público Federal pede a condenação de Curió desde 2012, mas ele continua solto graças a uma interpretação generosa da Lei da Anistia.” [O Globo]

Veja quem é o “herói nacional“:

“O encontro foi omitido da agenda oficial de Bolsonaro. Só entrou nos registros à noite, depois de revelado pelo blog de Rubens Valente no UOL. Mais tarde, um senador governista divulgou fotos da conversa. Numa delas, o presidente aparece agachado ao lado do visitante, acusado de participar de sequestros e assassinatos.

O próprio Curió forneceu provas do massacre. Em 2009, ele abriu arquivos ao jornal O Estado de S. Paulo e confirmou a execução de 41 militantes presos, que não ofereciam perigo às tropas. Muitos se entregaram maltrapilhos e famintos, após meses de fuga na floresta.

Em entrevista a Leonencio Nossa, reproduzida no livro “Mata! O major Curió e as guerrilhas do Araguaia”, o militar reformado comparou o extermínio de prisioneiros à limpeza de uma lavoura. “Quando se capina, não se corta a erva daninha só pelo caule. É preciso arrancá-la pela raiz para que não brote novamente”, disse.”

E ninguém vai preso!

“A Procuradoria Federal dos Direitos do Cidadão pediu à PGR para que abra investigação sobre o chefe da Secom, Fabio Wajngarten, por suposta apologia a crimes contra a humanidade, informa Ana Viriato na Crusoé. O pedido se baseia em uma publicação da Secom no Twitter que classificou como “heróis” o tenente-coronel reformado do Exército Sebastião Curió Rodrigues de Moura e outros militares responsáveis pela repressão à Guerrilha do Araguaia na década de 70, durante a ditadura.” [Não lincamos Antagonista]

Se fode aí, trouxa!

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5. A manifestação

A Folha fez uma boa matéria apontando como grupos religiosos e pró-intervenão militar organizaram a manifestação de domingo com a ajuda de políticos bolsonaristas:

“Um dos movimentos de apoio ao ato foi o acampamento “Os 300 do Brasil”, montado em Brasília. O grupo tem entre os organizadores o assessor parlamentar Evandro de Araújo Paula, do gabinete da deputada federal Bias Kicis (PSL-DF), e é liderado pela militante Sara Winter, que se declara uma ex-feminista que aderiu às fileiras do bolsonarismo. Em posts atribuídos a eles em redes sociais, o movimento pede adesão de pessoas que estejam dispostas a passar por um treinamento com especialistas em “revolução não-violenta e desobediência civil”, técnicas de “estratégia, inteligência e investigação” e instrução sobre “táticas de guerra de informação”. Os interessados são informados que devem se apresentar à base para depois serem encaminhados para um “QG” secreto, para onde não podem levar celulares.

O grupo montou um acampamento em frente ao estádio nacional Mané Garrincha, próximo à Esplanada dos Ministérios. O acampamento acabou sendo desmantelado pela Polícia Militar. Membros de outros movimentos disseram que o grupo está agora baseado em uma chácara no entorno de Brasília. Apontada como principal líder, a militante Sara Winter chegou a atuar no Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, comandado por Damares Alves. Winter —cujo verdadeiro nome é Sara Fernanda Giromini— vem sendo acusada nas redes de seguir a ideologia nazista. Em um post nas redes sociais, publicou a foto de uma reunião em que teriam sido discutidos assuntos do grupo. Na foto aparece Evandro de Araújo Paula, assessor da deputada bolsonarista Bia Kicis. “Estou só ajudando de forma administrativa esse movimento a acontecer. Estou fazendo contato com as caravanas, conversando com as lideranças, acionando as lideranças em grupos de WhatsApp para a gente manter esse contato”, disse.” [Folha]

Bia Kicis finge que não é com ela:

“A deputada Bia Kicis afirma que não tem nenhuma ligação com os “300 do Brasil”. “O meu assessor é uma pessoa livre, um cidadão livre. Ele esteve lá, ajudou o pessoal, mas já se afastou”, disse a deputada. “Ele não faz parte do grupo, até porque eu pedi pra ele, apesar de ser livre, eu falei: ‘É melhor ficar distante disso’. ​Outra pessoa presente na foto postada por Winter é Desiré Queiroz, que atuou com Damares na equipe de transição, embora não tenha sido nomeada para o ministério. Em breve nota, o ministério informou que “[a ministra] as conhece dos movimentos pró-vida. Sara Winter foi exonerada a pedido. A ministra não tem qualquer relação com os movimentos citados”.”

Sara Winter, viado, que quadra miserável da história.

“Outro movimento que participou ativamente de convocações foi o “Direita Conservadora”, liderado pelo psicólogo e ativista político Wagner Cunha, de Uberlândia (MG). Figura recorrente em manifestações, no domingo ele discursou no trio elétrico ao lado de Cibelle Rodovalho, prima do ex-deputado federal Robson Rodovalho, líder da Igreja Sara Nossa Terra, um dos principais apoiadores de Bolsonaro no meio gospel. Num vídeo em que chama público para o evento, postado no Facebook, Cunha aparece em uma transmissão com Cibelle e defende que Bolsonaro use as Forças Armadas para destituir ministros do Supremo. “O Bolsonaro, como chefe das Forças Armadas, comandante supremo, pode afastar temporariamente os ministros do STF. Ele afasta e instaura o Superior Tribunal Militar para julgar esses ministros pelos crimes contra a nação brasileira. Inclusive, agora, o Alexandre de Moraes, o Lex Luthor, acabou de cometer um”, diz o ativista.”

Depois ele diz que a manifestação não teve nada de anti-decmocrática, tá ok?

“A PGR (Procuradoria-Geral da República) investiga quais são os eventuais organizadores e financiadores de outros atos, ocorridos em 19 de abril. Nesta segunda, a PGR informou que eventual manifestação sobre o novo evento se dará caso receba representações para apurar ilegalidades. A Constituição proíbe o financiamento e a propagação de idéias contrárias à ordem constitucional e ao Estado democrático de Direito. Prevê como crimes inafiançáveis e imprescritíveis ações desse tipo, promovidas por grupos armados, civis ou militares.”

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6. Guedes

“Após o ministro Paulo Guedes (Economia) demonstrar incômodo com o movimento de colegas para usar recursos da União para estimular o crescimento do país, o governo vai retomar a análise de novas medidas, inclusive obras públicas, para acelerar a atividade no pós-Covid-19. Nesta semana, a equipe econômica estuda uma lista de critérios a serem sugeridos ao Planalto para a escolha das medidas da retomada. As negociações deverão dar o rumo do programa Pró-Brasil, anunciado em abril pela Casa Civil prevendo investimentos públicos, o que gerou dúvidas sobre a continuação da agenda liberal de Guedes.” [Folha]

A calma e tranquilidade com que eles tocam iusso é constrangedor, os primeiros rascunhos dessa porra tinham que ser feitos lá em Fevereiro:

“Uma primeira lista de critérios sugeridos para o programa já foi apresentada pelo Planalto aos integrantes da Economia. Entre eles estão capacidade de gerar crescimento e iniciativas que dependam do Executivo e não tanto do Legislativo (para que andem mais rápido). Agora, a equipe econômica irá enviar suas sugestões de critérios. Questionado, Guaranys não comenta quais serão porque eles ainda estão em discussão. Mas estudo da pasta obtido pela Folha na semana passada sinaliza quais critérios serão sugeridos. A pasta defende, por exemplo, obras que tenham mais potencial de gerar emprego e renda. Após a definição desses critérios pelo governo, o Planalto irá colher dos demais ministérios uma lista de projetos que possam ajudar na retomada.”

Mas a verdade é que não tem dinheiro nem pras obras já previstas  esses dementes juram que não vão quebrar o teto de gastos, calcule aí a demência:

“Segundo Guaranys, ministros vêm demonstrando preocupação até mesmo para garantir recursos para obras já previstas. De qualquer forma, Guaranys ressaltou que mais obras públicas serão feitas acomodando os recursos no Orçamento e que o Ministério da Economia não trabalha com a flexibilização do teto de gastos.”

Cottinuam delirando na negação, em condições normais o teto já seria um erro, imagine numa pandemia.

“Na visão do secretário-executivo, mais obras públicas não representam necessariamente uma ruptura em relação ao modelo defendido por Guedes. “Serão analisados quais projetos de investimento público são importantes e o que é preciso para intensificar esse crescimento. É possível que isso seja feito, dentro da nossa ótica? Sim”, disse.”

Ora, se não é um rompimento porque nao se investiu em 2019 em obras que garantiriam crescimento?! Sadomasoquismo?! Porra, não fode…

“Em parte, as ações dependem de aprovação no Congresso. Apesar do clima de animosidade entre os Poderes, Guaranys disse que não há ruptura e que o diálogo continua existindo com o Congresso.”

Aham, só ontem Boslonaro autrorizou reunião de ministros com o Maia mas o diálogo tá uma beleza. Temos inclusive imagens excluisvas do diálogo, chupa, GloboNews!

theo

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7. Portaria do Palácio

Que shit show do caralho!

“Tá ao vivo a CNN? A Globonews não? A Record? A Globonews não? A Globo não vai botar o que eu vou falar aqui hoje, quero rebater uma só questão do Moro, tem duas, né? Primeiro, nenhum momento pedi relatório de inquérito, mentira deslavada, tenho até vergonha de falar isso aqui. Ele falou em reunião de minstros, cê acha que em reunião de minstros eu ia pedir algo ilegal?”

Bolsonaro percebeu o absurdo do raciocínio e complementou

“Eu não peço ilegal nem em indiviudal, que dirá de forma coletiva. Foi muito batidos nesses dias, eu vi no Fasntástico, JN, outra TV também, mostrando uma… o Sérgio Moro foi correndo entregar o telefone para o Willian  Bonner, foi correndo entregar pra Globo, como sempre ele entregava as coisas pra Globo há muito tempo”

“É ujm homem que inclusive tinha peças de relatórios parciais, de coisa que eu passva pra ele, entregar isso pra Globo? É crime, crime federal, pela Lei de Segurança Nacional”

Ele tá falando da mensagem do Antagonista, viado! Link do antagonista virou “peças de relatório parcial“!

“O pessoal que tá assistindo minha live aí, eu tenho qu desligar a live porque eu quero mostrar uma prova pra vocês… eu espero ver no Jornal Nacional hoje à noite que isso aí é fofoca”

caetano

Sim, viado, ele vai mostrar o próprio telefone para os jornalistas!

‘Como presidente da república, até me sinto chateado de fazer isso aí, isso aqui é uma coisa particular minha, mas vamos ver”

E vai o imbecil, mostra a tela e confirma que ele sugeriu a troca por uma perseguição aos deputados bolsonaristas, vai ser burro assim lá na casa do caralho!

“Isso é uma prova do quê? Interferência da PF na opnião do senhor Sérgio Moro. agora vou trazert pro dia anterior, o mesmo link, isso foi no dia anterior”

Era a segunda vez que ele mandava o mesmo link, que demente!

“Ele começa “Isso é fofoca”,o Moro diz que isso é fofoca, se ele diz que isso é fofoca ele diza que esse procesos no STF não tem deputado, e nem Carlos Bolsonaro”

calaboca

Que interpretação free-style maravilhosa!

“Nao sei porque o Antagonista sempre teve materias favoráveis ao Moro, nunca contrárias, nao vou acusar dele etatr passando informações pra Anatagonista, passava pra Globo, isso eu sei que ele passava”. (5’30”)

E ele insiste que Moro teve acesso ao inquérito sigiloso, fascinante.

Ah, e esse imbecil mostrou uam mensagem pressionando Moro por conta de uma operação do Ibama!

caetano

“Pessoal, quem deve me defender é a AGU, nao vou pagar advogado… meu líquido é em torno de 23 mil, nao dá pra pagar advogado que ja defendeu alguém da Lava-jato, não dá, da Odebrecht, não dá” (7’12”)

A platéia foi ao delírio nessa estocada no Moro.

E Bolsonaro pediu desculpas pelo “cala boca” dado pela manhã nos jornalistas, que coisa rara:.

“Desculpa aí se eu fui grosseiro com uma senhora e um senhor aqui”

E foi só isso!

“Eu cobrei do serviço de inteligencia da Marinha, da Aeronatucia, do Exéricto, da Abin, da PF, eu cobrei de todos” (12’40”)

Imagine a cara de babaca do Heleno ao ouvir esses pedidos preisdenciais, é a Abin quem compila as informações de inteligência dos diversos órgãos e repassa ao presidente, porra.

“Essa movimento espontânea que tá na rua, no domingo, tava dentro da minha casa, salve i o povo, na minha frente ninguem falou em fechar o congresso, o stf… tinha uns caratzes que falava alguma coisa, fora issofora aquqilo, nada alem disso. e voces falando que eu participei de manifestacao anti-democrática”

Sim, participou. E participou pra caralho!

Bolsonaro diz que Lula queria fazer controle social da mídia e que a imprensa não falava nada, que realidade paralela bizarra, foi uma histeria do caralho, mesmo que diversos países tenham feito o mesmo e em nenum deles tenha sido denunciado um plano comunista.

O gran finale:

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8. Covid-17

Que capa, Piauí, beijo na boca de vocês!

capapiaui

Do Gustavo Gindre:

“Não é verdade que morreram 600 pessoas hoje de coronavirus. E isso por dois motivos. Primeiro, por conta da subnotificação. Segundo, porque esse número diz respeito às mortes que hoje foram confirmadas como sendo de coronavirus. Várias delas ocorreram há dias ou mesmo semanas. Esse número é como olhar a luz das estrelas, na verdade estamos vendo o passado e não o presente. Estes dois fatos somados nos permitem concluir três coisas. 1) Morreu bem mais gente hoje do que esses 600. 2) Quantas pessoas morreram? Não temos a menor idéia. 3) Nossas estratégias, na melhor das hipóteses, estão combatendo o passado da pandemia e não o presente. Sabendo disso tudo é que o ministro da Saúde estava correto ao dizer que estamos voando às cegas.” [Facebook]

Somos o novo epicentro da pandemia:

“Um estudo realizado por pesquisadores brasileiros independentes e voluntários aponta o Brasil como o novo epicentro de coronavírus no mundo. De acordo com o levantamento, até 4 de maio, o país tinha entre 1,3 milhão e 2 milhões de casos confirmados da doença, mais do que o registrado nos Estados Unidos, atual epicentro, com 1,2 milhão de casos, segundo o monitoramento da universidade americana Johns Hopkins. O número apresentado no Portal Covid-19 foi calculado com base em modelos matemáticos que têm como base a Taxa de Letalidade da Coreia do Sul, um dos poucos países que tem conseguido realizar testes em massa – o que sugere que o índice seja mais próximo do real. A Taxa de Letalidade dos Casos é ainda ajustada a partir de um deslocamento temporal entre o registro de óbitos e a confirmação de casos. O estudo estima que o Brasil já tenha entre 10 mil e 12 mil mortos por coronavírus.

“O Brasil é hoje o principal foco da epidemia no mundo. O atraso dos resultados e a subnotificação nos levam a lidar com números muito distantes da realidade. Não estamos conseguindo gerenciar a pandemia. O que estamos fazendo é apenas lidar com os casos de internação, mas sem um cenário preditivo”, explica à Crescer o professor Domingos Alves, da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo (USP), que integra a equipe do Portal Covid-19. “A média mundialmente aceita de pacientes que precisam ser hospitalizados por Covid-19 gira em torno de 15%. Se temos hoje 107 mil casos notificados no boletim oficial, e sabemos que, por falta de testes, só estão sendo testadas pessoas internadas, não é difícil concluir que 85% das pessoas contaminadas com a Covid-19 não aparecem na estatística. Isso se levarmos em consideração apenas as falas do próprio governo. Sabemos, porém, que os números são ainda maiores”, explica Domingos Alves.” [Globo]

O ministro novo se esmera para não inspirar qualquer confiança, rapaz dedicado:

“Em reunião nesta terça-feira (5) com os secretários estaduais de Saúde descrita como tensa, o ministro Nelson Teich (Saúde) comprometeu-se a promover uma campanha publicitária em defesa do isolamento social.” [Folha]

Agora vai, hein, ninguém segura o Brasil!

“No encontro, como antecipado pelo Painel, o ministro foi cobrado a engordar a ajuda financeira, a acelerar a habilitação de leitos de UTI (que, dizem, está “muito atrasada”) e a definir de que modo o governo federal ajudará no custeio dos hospitais de campanha. Os secretários cobraram do ministro uma diretriz mais clara de sua gestão para o combate ao coronavírus. Ele, então, assumiu o compromisso de fazer campanha focada em distanciamento social e cuidados de prevenção, como lavagem das mãos.”

Pede pra sair, “ministro Rubens”!

“Os secretários se queixam de que o governo federal tem enviado mais recursos aos municípios do que aos estados, que estão arcando com os investimentos praticamente sozinhos. No Pará, por exemplo, os 720 leitos de campanha montados não tiveram ajuda. Além disso, mais de 90% dos leitos de UTI são bancados pelo governo estadual” [Folha]

Não existe nenhum brasileiro mais arrependido que o ministro da Saúde:

“O oncologista Nelson Teich, que assumiu o Ministério da Saúde há exatos 18 dias, ainda não mostrou a que veio. A avaliação é de secretários estaduais, parlamentares e autoridades do Sistema Único de Saúde SUS que participaram de reuniões e videoconferências com o ministro nos últimos dias. Segundo os relatos, a impressão é de falta de conhecimento da gestão pública e uma atuação tutelada por militares e pelo Palácio do Planalto. Sempre ao lado do general Eduardo Pazuello, “número 2” no ministério, Teich sai pela tangente quando confrontado por assuntos mais espinhosos, como fim da quarentena e compra de respiradores. O novo ministro, por sua vez, tem evitado confrontar o presidente. Bolsonaro tem aumentado a aposta ao atacar governadores que decretam quarentenas e voltou a participar de atos pró-governo com aglomerações, como ocorreu no domingo, em Brasília. Horas após a manifestação, em pronunciamento em Manaus, Teich calou-se sobre o fato de o chefe do Executivo ter atropelado recomendações de organismos de saúde e da própria pasta sobre distanciamento social.

Nos bastidores, secretários de Estados e de municípios dizem, em tom irônico, que o verdadeiro ministro da Saúde é Pazuello, pois, em reuniões, o militar trata sobre o que a pasta de fato entregará. Teich usa termos vagos, segundo estes interlocutores, e afirma que “busca dados” ainda para praticamente todas as situações. A composição da equipe de Teich reflete acordos do governo Bolsonaro para costurar apoio tanto da ala militar como de partidos do “centrão” no Congresso. O general Pazuello foi indicado por Bolsonaro ao cargo de secretário executivo, “número 2” do ministério. No cargo, ele fica responsável por áreas estratégicas da saúde durante a pandemia, como de compras e dados. O secretário executivo adjunto, também nomeado na gestão Teich, é o coronel Elcio Franco Filho. A Secretaria de Vigilância em Saúde foi prometida ao PL, do ex-deputado Valdemar Costa Neto, condenado no mensalão e investigado pela Lava Jato. Ainda não há nome para o cargo. A pasta hoje é ocupada pelo epidemiologista Wanderson Oliveira, que ganhou projeção ao formular a estratégia contra a covid-19. Oliveira continua no cargo durante a transição.” [Estadão]

Como é burro…

Muito, muito buro. O sujeito em plena pandemia tem tempo de responder tweet do Lula, porra!

E vem aí lockdown no Nordeste:

“O Comitê Científico do Consórcio do Nordeste alertará, em seu próximo boletim, que os picos das curvas de contágio da covid-19 e de mortes causadas pela doença podem não ocorrer antes de junho. Os pesquisadores devem sugerir ainda que os Estados da região intensifiquem o isolamento social e façam um planejamento para um muito possível “lockdown”, com critérios específicos, associados a “políticas de segurança”. A medida extrema deverá ser adotada quando a ocupação dos leitos superar 80% e a curva de mortes ainda continuar subindo. No Maranhão, por exemplo, mais de 85% dos leitos estavam ocupados até anteontem. A Secretaria da Saúde do Ceará (Sesa) informou que a taxa de ocupação de leitos de UTI para Covid-19 nas unidades sob gestão da Sesa é 96% na região de Fortaleza e 93% no Estado. “O ‘lockdown’ é eficaz para reduzir a curva de casos e dar tempo para reorganização do sistema. É sabido que países que o implementaram conseguiram sair mais rápido do momento mais crítico”, diz trecho da minuta do boletim. Cientistas alertam para a rapidez com que a epidemia está chegando ao interior do Nordeste, “região com menos estrutura sanitária”. O número de casos confirmados de covid-19 nos municípios da região dobrou em dez dias, chegando a 874 anteontem.” [Estadão]

E já que o governo federal nada faz…

“O governador Rui Costa (PT) publicará decreto para contratar médicos formados no exterior. As “brigadas” atuarão como uma espécie de “Mais Médicos” no Nordeste. Trata-se de demanda dos nove governadores da região. A Bahia será o campo inicial. O texto permite que universidades possam fazer o seu “Revalida” para liberar a atuação profissional dos interessados. A medida encontra resistência no governo e no Conselho Federal de Medicina.”

Do Hélio Schwartzman

“Com hospitais públicos lotados, e os privados com vagas ociosas, devemos adotar uma fila única para leitos de UTI? A igualdade de acesso a ventiladores apela a nosso senso de justiça. Constitui um argumento poderoso em favor da fila única, mas talvez ele seja forte demais. Eu me explico. Há décadas vemos todos os dias pacientes do sistema público morrendo —de câncer, doenças cardíacas e até de infecções em tese fáceis de tratar— por falta de vagas para atendimento, enquanto elas sobram na rede privada. A menos que enxerguemos na Covid-19 uma particularidade metafísica que não exista nas outras moléstias, é difícil sustentar que a regra de acesso igualitário deva valer só durante a epidemia e não sempre. Quem abraça o argumento deve estar pronto a aceitar suas consequências lógicas, que são as de que precisamos investir num sistema público universal de saúde (até aí quase todos chegamos) e proibir qualquer tipo de medicina privada que permita acesso diferenciado (o que nenhum país democrático faz).

Meu ponto é que qualquer um que não seja um socialista à antiga admite algum desequilíbrio. O que precisamos discutir é em que grau o toleraremos. Não há dúvida de que devemos otimizar a utilização dos recursos disponíveis, não só durante a epidemia, mas sempre. Se houver vagas ociosas na rede privada e superlotação na pública, é legítimo e necessário que haja algum tipo de compartilhamento, mas ele deve ser negociado, e é preciso assegurar que os hospitais sejam remunerados tempestivamente de acordo com seus custos, ou muito em breve poderemos ver unidades fechando por falta de viabilidade econômica. Tratando-se de Brasil, porém, podemos esperar um processo bem mais caótico, que combine judicialização com decretos de requisição “ad hoc” de autoridades do Executivo, que ignorarão a sustentabilidade do negócio. Ou seja, poderemos piorar em vez de otimizar a oferta de vagas.” [Folha]

E Bolsonaro não só vai matar muita gente com sua loucura como vai fodeer qualquer recuperação pós-pandemia, puta que pariu.

Hora de afetar surpresa:

“O COVID-19 Treatment Guidelines Panel – conhecido, desde março, por the Panel– recomendou, nos últimos dias, o não uso dos seguintes medicamentos: Combinação da cloroquina associada à azitromicina– por causa dos efeitos tóxicos. E a Lopinavir/Ritonavir (Kaletra) ou outros inibidores (AIII)– em consequência de dinâmica desfavorável e testes negativos. A testagem foi realizada entre dezembro de 2019 e abril de 2020.” [Estadão]

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9. Economia em tempos de pandemia

Do Vinícius Torres Freire:

“A economia afunda? Quanto? Não se sabe bem, e pouca gente parece querer saber. Em março, a produção da indústria caiu mais de 9% ante fevereiro. A estimativa média era de queda de uns 4%. Parece faltar informação sobre o tamanho da desgraça e, portanto, medida razoável da reação necessária para atenuá-la. Abril deve ter sido pior na indústria, pois foi um mês inteiro de paradão da pandemia. Projeção preliminar de economistas do Bradesco indica uma baixa de outros 6%, sobre março. Despiora? Ressalte-se: é queda sobre queda, cava-se dentro de um buraco. Os serviços são um setor muito maior na economia; pode ser que uma despiora salve abril de um desastre geral maior. Mas não sabemos.

Os economistas do departamento de pesquisa macroeconômica do Bradesco também fizeram um primeiro exercício sobre o que pode ser a queda da renda em meses de epidemia. Isto é, o que dá a soma dos rendimentos totais do trabalho, dos benefícios sociais habituais e os benefícios sociais específicos para os tempos de epidemia? No exercício, é considerada a massa mensal dos rendimentos do trabalho (soma de todos os “salários”). Supõe-se que o rendimento médio dos trabalhadores formais caia 25%; o dos informais, 50%. Haverá compensação parcial dessa perda, com seguro-desemprego extra e o auxílio emergencial para os informais. Os benefícios sociais rotineiros continuam na mesma.

A perda total de massa de rendimentos seria então de pouco mais de 8% por mês, neste exercício ainda muito preliminar e pouco balizado por dados reais de salários, que tão cedo não vão existir, aliás. Caso essa situação se estendesse para o ano todo, o consumo das famílias cairia quase 6%. O PIB, mais de 6%. Não é o cenário desses economistas, que ora preveem queda de 4%, pois imagina-se alguma recuperação na segunda metade do ano. A gente só pode imaginar, porém. O ritmo da economia depende também do ritmo da epidemia, com ou sem isolamento social. Faz mais de dez dias que há dúvidas sobre o ritmo do espalhamento da doença e suas mortes. Não sabemos desde fins de abril se o ritmo da doença parou de fato de desacelerar (se a taxa de crescimento de mortes está caindo).

Caso a epidemia não desacelere de modo relevante, medidas de isolamento e o medo recessivo da doença vão durar por mais tempo: mais mortes por mais tempo, mais meses desespero nos hospitais, mais medo nas ruas e nos negócios, mais dificuldade de retomada de alguma vida normal. Mais do que a pior da história conhecida, a recessão seria convulsiva. Como se diz faz dois meses, a desaceleração da epidemia depende de isolamento e outras políticas de contenção do espraiamento da doença, para qual não há plano do governo federal, que sabota de resto as medidas regionais e locais mais sensatas. Pouca gente ainda parece ligar.” [Folha]

Até que enfim eu entendi o que é quantitative easing, logo mais num BC peto de você – a explicação é da Mônica de Bolle:

“O termo “monetização” é aplicável a variadas circunstâncias. Por exemplo: quando o banco central norte-americano – o Fed – compra títulos de longo prazo do Tesouro nos mercados secundários, a operação conhecida como “quantitative easing” (ou afrouxamento quantitativo), ele “monetiza”. O processo se dá da seguinte forma: de um lado, o Fed entra no mercado como comprador; de outro, um banco entra como vendedor. O encerramento da transação se dá com a aquisição de títulos pelo Fed, que se tornam parte do seu ativo, enquanto o depósito do banco no próprio Fed é creditado no montante da compra. Esse depósito faz parte do passivo do Fed, ele constitui as reservas bancárias que, por sua vez, compõem a base monetária. O aumento das reservas bancárias decorrente dessa transação eleva a base monetária, o que significa que houve uma “monetização”. Essa monetização, entretanto, fica circunscrita ao balanço do Fed – não há mais dinheiro circulando na economia em decorrência dela. Portanto, não há risco de inflação proveniente dessa ação, como já está mais do que comprovado. Isso significa que esse tipo de monetização é plenamente compatível com um regime de metas inflacionárias. Em breve, o Banco Central (BCB) brasileiro poderá fazer essa operação, pois a PEC 10 de 2020 o permite. O uso de “quantitative easing” é um dos instrumentos adicionais de que os bancos centrais dispõem para combater os efeitos agudos da crise que hoje atravessamos. Não há qualquer problema em fazer isso no contexto brasileiro, pois, como dito, a operação se limita a inflar o balanço do BC sem ameaças ao regime de metas inflacionárias. Mas consideremos o regime de metas inflacionárias. O Brasil está muito próximo de viver algo inédito na sua história, como tenho escrito nesse espaço. Vamos enfrentar um quadro de depressão econômica, com possível queda de dois dígitos do PIB em 2020, acompanhado de um processo deflacionário.” [Estadão]

Eu tinha chutado -8% há um tempo e tô me sentindo ridiculamente otimista.

“Deflações são situações de quedas generalizadas do nível de preços: não se trata da queda do preço de um ou outro bem ou serviço, mas de todos os bens e serviços. Essas situações, sobretudo quando se configuram em espirais deflacionárias, isto é, quedas contínuas de preços movidas pela expectativa de que os preços continuarão a cair, são extremamente danosas para a economia. Empresas perdem receita e capacidade de sobrevivência, consumidores perdem renda, governos perdem capacidade de arrecadar. A razão dívida/PIB explode. Trata-se de uma situação de falência econômica múltipla. Não é exagero dizer que espirais deflacionárias são piores do que as hiperinflações do nosso passado. Com essas se convive, penosamente. Na situação de espiral deflacionária, um banco central que nada faz não está cumprindo o regime de metas. Afinal, o regime estabelece um piso e um teto para a inflação. Se a inflação acima do teto é um problema, a inflação abaixo do piso, possivelmente em território negativo, é um problema de magnitude igual ou pior. Países que viveram situações deflacionárias mostram a dificuldade de quebrar esse ciclo. Para evitá-lo e cumprir, na medida do possível, o regime de metas inflacionárias, cabe ao Banco Central lançar mão de todos os instrumentos à sua disposição, o que inclui a monetização explícita. Trata-se da emissão monetária para cobrir os déficits do governo, como faz hoje o Banco da Inglaterra (BoE). O BoE o faz não por ser o Reino Unido um país rico e de moeda forte.”

Lembre-se que o presidente do BC é um demente bolsonarista.

“É comum que nós, brasileiros, achemo-nos diferentes dos outros também em matéria de economia, e nosso passado inflacionário sustenta essa percepção. Mas sejamos honestos: perante o abismo da deflação, todos somos iguais. Não se olha para o abismo com complacência.”

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10. Toma-lá-dá-cá virtuoso

Canta aí, Heleno, “se gritar pega centrão, não fica um, meu irmão

“O Diário Oficial da União traz hoje a nomeação de Fernando Marcondes de Araújo Leão para comandar o Dnocs (Departamento Nacional de Obras contra as Secas). É o primeiro movimento oficial de peso da nova aliança política formada pelo governo de Jair Bolsonaro com os partidos integrantes do Centrão. A indicação foi feita pelo PP e o posto era cobiçadíssimo entre os parlamentares pelo seu alcance político. Assim como os demais partidos do Centrão, o PP receberá outros cargos importantes. Em troca, apoiará o governo Bolsonaro no Congresso. A parceria é nova, mas a política é velhíssima: está de volta, oficializada pelas paginas do DOU, a surrada e condenada prática do toma lá, dá cá.” [Facebook]

Imagine aí a confusão dum bolsonarista: O herói Moro saiu disparando contra o mito que defende a família interferindo na PF, Guedes tá completamente perdido sendo atropelado por generais desenvolvimentistas, Bolsonaro abraçu o Centrão e é o pior presidente do mundo no combate à pandemia. Não deve estar fácil.

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11. Regina e o maestro da Funarte

Os imbecis do governo nomearam o tal maestro de novo e recuaram de novo, viado!

tenor (2)

“O dia de ontem foi um exemplo e tanto da instabilidade de Regina Duarte à frente da Secretaria Especial de Cultura. Há dois meses no comando da pasta, a atriz amanheceu com a notícia de que Dante Mantovani — presidente da Funarte na gestão de seu antecessor Roberto Alvim —, que foi demitido por ela, havia sido reconduzido ao cargo. À sua revelia. Reclusa em São Paulo desde que começou a recomendação de isolamento social por conta da epidemia de coronavírus, Regina demonstrou surpresa a aliados quando soube da publicação no Diário Oficial, assinada pelo ministro-chefe da Casa Civil, Braga Netto. No fim da tarde, no entanto, o presidente Jair Bolsonaro reconsiderou a decisão e tornou sem efeito a nomeação — na hora em que Mantovani falava com o GLOBO ao telefone, sem saber da novidade. Uma pequena vitória da atriz em um mar de frustrações. Ela viajou a Brasília e conversará com Bolsonaro hoje para definir seu destino.

No Palácio do Planalto, Regina é vista por alguns como “a fritura da vez”. A própria atriz disse a uma interlocutora que achava que estava sendo dispensada, em áudio obtido ontem pelo site “Crusoé”, e ouve que Edir Macedo já teria indicado seu substituto. Procurado pelo “Jornal Nacional”, o bispo disse que não era verdade. O presidente andaria incomodado com algumas nomeações que ela pretendia fazer de pessoas associadas à esquerda pelos militantes bolsonaristas. Aliados dele disseram ao GLOBO, entretanto, que Bolsonaro não estaria disposto a arcar com o desgaste da demissão da atriz neste momento, após as saídas de dois ministros populares de seu governo (Sergio Moro, da Justiça, e Luiz Henrique Mandetta, da Saúde).” [O Globo]

Caralho, demitiu Moro e Mandetta e tá com medo de Regina “Eu tenho medo” Duarte, puta que pariu…

“Maestro que ficou conhecido por ligar rock a satanismo e aborto, o presidente da Funarte foi um dos nomes mais controversos da gestão de Roberto Alvim na Secretaria Especial da Cultura. Interlocutores do Planalto associam seu “quase” retorno a uma indicação do vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ), e também a uma retomada de poder da ala ideológica, ligada a Olavo de Carvalho. O filho do presidente também teria articulado para que um ex-assessor seu, Luciano da Silva Barbosa Querido, se tornasse diretor executivo da Funarte. Esta nomeação, também feita ontem, seguia valendo até o fechamento desta edição, às 20h30m.

Enquanto a “renomeação” de Mantovani era revogada por meio de uma portaria de Diário Oficial Extra, o maestro, desavisado, conversava ao telefone com a reportagem do GLOBO sobre seus planos. Contou que estava preparando um relatório de seus 90 dias à frente da Funarte para tentar uma audiência com Bolsonaro. Ele também comentou sobre planos de lançar um edital de emergência para socorrer artistas durante a pandemia de Covid-19, e disse estar pronto para retomar o diálogo com a secretária Regina Duarte. Até para esclarecer sua associação entre rock e satanismo.

— Não tive a oportunidade de explicar a ela que aquilo veio de uma aula on-line, baseado em teorias de três livros acadêmicos que pesquisam o uso ideológico de várias vertentes musicais por grupos políticos — disse o maestro. — Sou do diálogo, sempre. Quero falar com ela da mesma forma que fiz quando estive à frente da Funarte, com todos os grupos. Também espero que ela esteja aberta ao diálogo com todos, não só com a esquerda.”

“Na semana passada, o presidente Jair Bolsonaro lamentou a ausência da secretária da Cultura em Brasília e disse que “gostaria que ela estivesse mais próxima” . Afirmou ainda que ela tem tido problemas em lidar com questões que desagradam ao governo: — (A secretaria tem) muita gente de esquerda pregando ideologia de gênero, essas coisas todas que a sociedade, a massa da população, não admite. E ela tem dificuldade nesse sentido.”

E olha o padrão:

“Mantovani não é o único exemplo de vaivém na pasta. No dia 24 de abril, o psicólogo e historiador Aquiles Brayner teve sua nomeação como diretor do Departamento de Livro, Literatura e Bibliotecas anulada três dias após ele ter sido nomeado. Apesar de ter trabalhado no gabinete pessoal do presidente anteriormente, ao ganhar um cargo na Cultura ele foi alvo de uma campanha difamatória, incluindo ataques homofóbicos, movida por perfis bolsonaristas. Para eles, Brayner seria um “esquerdista infiltrado no governo”.”

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12. Giro

Do Nelson de Sá:

“De uma hora para outra, desapareceram as manchetes digitais sobre a cobrança pelos EUA de reparação da China, da Fox News ao New York Times. No lugar, em letras menores, como na home do NYT, “Coronavírus chegou à França em dezembro, dizem médicos, reescrevendo a linha do tempo da epidemia”.

Começou com a entrevista ao vivo de um dos médicos franceses ao canal de notícias BFM TV, no domingo (acima, à esq.). Ele relatou que foi constatado, em amostra coletada em 27 de dezembro na periferia de Paris, um caso de coronavírus. E que a mulher do paciente, não testada, havia tido sintomas no dia 20.

Na segunda a Reuters já despachou que, “Após retestar, hospital francês descobre caso de Covid-19 em dezembro”. Mas os veículos e agências dos EUA, como Wall Street Journal, Fox News e Associated Press, só foram entrar no assunto na terça.

O NYT lembrou então que “médicos nos EUA documentaram mortes pelo vírus semanas antes do que foi reportado inicialmente, e uma projeção sugere que surtos silenciosos se espalharam por semanas antes da detecção”. No caso da França, acrescentou o WSJ, talvez “meses antes”.” [Folha]

E restou ao Fauci desentir Pompeo e Trump:

“As manchetes sobre cobrança de reparação chinesa haviam sido motivadas por entrevistas de Donald Trump e seu secretário Mike Pompeo, dizendo ter evidências de que o vírus saiu de um laboratório em Wuhan. Na segunda, com repercussão, a National Geographic entrevistou Anthony Fauci, principal referência da força-tarefa americana contra a Covid-19, sob o título “Não há nenhuma evidência científica de que o coronavírus foi feito num laboratório chinês”. Ele lamenta o “argumento circular”.”

Os argentinos têm um bom exemplo de Idéias boas executadas de forma merda:

“Começou na prisão de Devoto, encravada no meio da cidade de Buenos Aires, no último dia 24. Informados de que um dos carcereiros havia apresentado sintomas de coronavírus, os detidos armaram o primeiro motim. Colocaram fogo em colchões e abriram, a golpes, o teto da penitenciária. Lá do alto, mascarados e com paus e pedras, pediam para sair da cadeia. Cartazes diziam “não queremos morrer aqui dentro”. A rebelião durou dias e foi registrada pelos próprios presos, que, com celulares, gravaram e publicaram cenas do motim nas redes sociais. Enquanto isso, em outras prisões da província de Buenos Aires, outros tumultos começaram a ocorrer. Numa penitenciária na cidade de Florencio Varela, detentos fizeram greve de fome para conseguir água sanitária, máscaras e atendimento médico. Com a quarentena, foram proibidas as visitas aos presidiários. Muitos alegam não ter o que comer, porque, argumentam, dependem do que os familiares costumavam levar —já que as porções oferecidas nos centro de dentenção não dão conta de atender a todos. A situação piorou quando dois presos apresentaram sintomas da doença e foram isolados. Os demais começaram a queimar colchões e a exigir libertação, com medo de serem infectados.

A situação se repetiu também em outras províncias, como Córdoba, Salta e San Luis. O presidente argentino, Alberto Fernández, disse concordar com as recomendações da ONU e da Comissão Interamericana de Direitos Humanos para transferir detentos que cometeram delitos leves ou não violentos para prisão domiciliar e transmitiu a sugestão à Justiça. Muito mais difícil, porém, foi colocá-la em prática. Apenas na província de Buenos Aires há 52 mil presos em penitenciárias deveriam abrigar, no máximo, 24 mil. Frente à situação, juízes tomaram decisões diferentes, mas a maioria se viu obrigada a liberar também os que haviam cometido crimes graves, mesmo que sem tornozeleiras eletrônicas, pois as que existem no país já estão sendo usadas. Assim, foram libertados mais de 1.700 detentos, e muitos deles se encontram na categoria de criminosos graves, como o empresário Carlos Dalmasso, 58, condenado em 2013 a 12 anos de cadeia por ter estuprado seus dois filhos adotivos. Ou Eugenio Llul, 67, também condenado à mesma pena por abusar sexualmente de uma neta. Foi então que as críticas começaram a surgir, ameaçando a lua de mel entre Fernández e a população argentina.

Dia sim, dia não, panelaços vêm de varandas e janelas das grandes cidades. As convocatórias para os atos deixam claro que a libertação de presos é o motivo. Para a advogada penalista Florencia Arietto, “cabe à Justiça fazer uma triagem”. “Há presos que não podem sair, aqueles que cometeram assassinatos, estupros, crimes de narcotráfico. Tampouco devem ser abandonados à morte. Precisam ser alimentados, cuidados pelo Estado, mas dentro das cadeias, cumprindo suas penas.” Juízes que determinaram a soltura de presos por crimes graves afirmam ter se baseado na idade dos detentos, uma vez que idosos fazem parte do grupo de risco da Covid-19.” [Folha]

Porra, não dava pra soltar só os coroas com crimes mais leves não?!

“O ex-ministro do Supremo Eugenio Zaffaroni defende a soltura dos presos como forma de “evitar uma hecatombe na área da saúde”. Segundo ele, parte da população carcerária ainda não foi condenada ou recebeu penas curtas —e poderia sair da cadeia no contexo da pandemia. “Estamos numa situação de emergência, à beira de uma catástrofe, e o Estado é responsável pela integridade física e pela saúde dos presos.” Nesta terça (5), a Suprema Corte da Província de Buenos Aires suspendeu as libertações —mas a medida é restrita à província e não inclui a capital nem o resto do país. Com o aumento dos protestos, Fernández vem fazendo o possível para afastar seu nome da polêmica. Entre os gritos de guerra nos panelaços é possível escutar, aqui e ali, “fora, Fernández”.

O líder argentino, por sua vez, declarou que há “uma campanha midiática para acusar o governo de favorecer os condenados”. “Na Argentina, a solução do problema está nas mãos dos tribunais. São os juízes quem devem determinar as libertações.” Ainda assim, mostrou-se pró-libertação, já que, para ele, “o risco de contágio aumenta nos lugares de muita aglomeração, portanto as prisões viraram um ambiente propício para a expansão da doença”. Para evitar que mais libertações causem mais revoltas, num momento em que o presidente goza de boa popularidade (70%) devido à relativa contenção da pandemia, Fernández pediu à ministra da Justiça, Marcela Losardo, que assuma pessoalmente os pedidos de libertação e faça uma proposta para aliviar a superlotação nos presídios, problema que ocorre há décadas no país. Na segunda-feira (4), Losardo afirmou que “ninguém está de acordo em tirar da cadeia estupradores ou assassinos em série”. “Vamos resolver o problema sem tirar o foco da saúde pública.””

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13. Proeza diplomática

Mais uma desse governo inacreditável:

“O governo do Uruguai anunciou na terça-feira que, por “preocupação” com a pandemia de Covid-19 no Brasil, aumentará ainda mais o controle de fronteiras com o país, já fechadas desde março, e criará um protocolo para o fluxo de pessoas nas cidades binacionais. Segundo o secretário da Presidência uruguaia, Álvaro Delgado, o governo “está preocupado com a situação em algumas cidades fronteiriças, principalmente do lado brasileiro”. A medida foi só o mais recente sinal de preocupação de nações vizinhas com o descontrole do vírus no Brasil. Na semana passada, o presidente argentino, Alberto Fernández, se disse “muito preocupado”, porque “não parece que o governo brasileiro esteja enfrentando o problema com a seriedade que o caso requer”. Fronteiras vastas e porosas, os insistentes atos de despreocupação do presidente Jair Bolsonaro e de seus apoiadores em relação à pandemia, comunidades transfronteiriças, um fluxo comercial que não foi interrompido, atividades migratórias irregulares e sinais de que os casos proliferam sem controle em grandes capitais acenderam o sinal de alerta em vários governos regionais, disseram observadores ouvidos pelo GLOBO.

Após terem visto as duras medidas de contenção adotadas contra a Covid-19 trazerem resultados por vezes muito positivos, agora esses governos percebem um perigo na situação da pandemia no seu maior vizinho. Isto os tem levado a tornar ainda mais rigoroso o controle do fluxo de pessoas que vêm do Brasil, o que pode vir a ter graves consequências econômicas. — As percepções são extremamente importantes. Se a percepção for de que o Brasil não está tomando medidas suficientes para controlar a disseminação do vírus, então é extremamente provável que vejamos medidas adicionais para quarentenar e criar um cordão sanitário em torno do país — afirmou Ivan Briscoe, chefe na América Latina do International Crisis Group, organização de análise de conflitos.

A manutenção do tráfego comercial também inquieta governos. Embora viagens turísticas e o transporte público e privado tenham sido suspensos, o transporte de mercadorias permanece ativo e deve exigir cada vez mais atenção. Na Argentina, a primeira morte na província de Misiones foi a do caminhoneiro Héctor Vidotto, que se contaminou em viagem a São Paulo para buscar frutas, e também infectou a mulher. O Brasil é a principal força econômica da região, e a noção de que está desgovernado gera o temor de que os efeitos serão prolongados, afirmou Mônica Hirst, professora visitante no Iesp-Uerj. — Há uma reversão de expectativa do que se esperaria do Brasil, um país que tem um peso muito grande na região. Isolar-se de um país pequeno, com quem se mantêm relações comerciais irrelevantes, é uma coisa. Isolar-se do Brasil por causa de uma ameaça é muito mais difícil e custoso.

Entre os dez vizinhos, quem mais deve sofrer é a Argentina, que tem no Brasil seu principal parceiro. A sensação em Buenos Aires é de que o vizinho está à deriva, afirmou Oliver Stuenkel, da FGV-SP. — Esta é uma velha regra nas últimas décadas: sem uma participação pró-ativa do Brasil, a região não consegue se recuperar bem — afirmou Stuenkel. — Um país menor não vê muita chance de recuperação, porque vê o Brasil em estado de negação. Além disso, veem também a crise política, que preocupa muito. Apesar do combate à pandemia ser relativamente descentralizado no Brasil, disse Stuenkel, a postura de Bolsonaro “é crucial para essa percepção, porque ele é o cartão de visitas do país” e “totalmente diferente dos demais líderes, o que impacta muito a reputação brasileira”.” [O Globo]

Lembrando que esse governo perdeu o protagnosimo latino-americano para a produção de vacina para os caras que jogam a Concacaf.

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14. Um Trump Muito Louco

“Os Estados Unidos tiveram uma queda histórica na balança comercial do agronegócio neste primeiro trimestre de 2020. Pela primeira vez, as importações superaram as exportações. Os dados são do FAS (Foreign Agricultural Service), do Usda (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos), e foram divulgados nesta terça-feira (5). O déficit comercial no setor agropecuário é pequeno. As exportações ficaram em US$ 34,6 bilhões de janeiro a março, apenas US$ 24 milhões a menos do que as importações. Esse desbalanço do setor, no entanto, mostra uma política errática do presidente do Donald Trump, que saiu de acordos comerciais importantes e colocou barreiras em mercados de peso, como o da China. O cenário não é bom também no chamado ano fiscal, iniciado em outubro de 2019. De lá para cá, as exportações somam US$ 71 bilhões, com saldo positivo de apenas 2% em relação às importações.

No primeiro trimestre do ano, os Estados Unidos ganharam força na América do Norte, em parte da Ásia e no norte da África. As exportações americanas recuaram, porém, em vários mercados importantes para o agronegócio. Entre eles estão a União Europeia, o Reino Unido, o Oriente Médio, a América do Sul e alguns países da Ásia, como Japão, Taiwan e Coreia do Sul. A situação só não foi pior porque a China está em busca de carne em qualquer parte do mundo. Com isso, as vendas de carne de frango dos americanos para os chineses subiram 1.056% nos três primeiros meses do ano, em relação a igual período de 2019. A de porco teve evolução de 401% e a de bovino, 8%. A evolução é em dólares.” [Folha]

E o aumento da soja americana pelos chineses ainda não se concretizou:

“A esperada importação de soja pela China, como quer Trump, ainda não ocorreu. Os chineses deixaram apenas US$ 1,1 bilhão para os americanos nas compras da oleaginosa neste primeiro trimestre do ano, 39% menos do que no anterior. Ao contrário dos Estados Unidos, o Brasil ganha força nas exportações e no saldo comercial agrícola neste ano, graças às exportações de soja e de carnes.A esperada importação de soja pela China, como quer Trump, ainda não ocorreu. Os chineses deixaram apenas US$ 1,1 bilhão para os americanos nas compras da oleaginosa neste primeiro trimestre do ano, 39% menos do que no anterior. Ao contrário dos Estados Unidos, o Brasil ganha força nas exportações e no saldo comercial agrícola neste ano, graças às exportações de soja e de carnes.”

O Nelson de Sá explicou:

“O problema de Trump é o Brasil, onde, segundo a Reuters, “os preços da soja alcançaram valores nominais recordes na esteira da forte desvalorização do real ante o dólar”, levando a recorde de importação pela China. Sites como Sohu registram que os preços brasileiros caíram tanto que, mesmo com a derrubada das tarifas chinesas sobre a soja americana, o Brasil segue em vantagem. Segundo a agência Xinhua, até a “Petrobras registrou recorde de exportações em abril”, graças à China.” [Folha]

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>>>> Mais tempo: “O Congresso pode abrir uma brecha, com aval do governo, para ampliar o período máximo dos acordos de redução de jornada e salário previsto pela medida provisória (MP) 936. Em vigor desde 1º de abril, o texto começará a ser analisado nesta semana pelos parlamentares e pode ser alterado. Pela redação atual, o regime especial só pode ser pactuado entre empregados e empregadores por até três meses. Caso a mudança seja feita, a União teria que prorrogar também o pagamento do chamado Benefício Emergencial (BEm), que compensa as perdas de renda dos trabalhadores abrangidos pelos acordos. O Ministério da Economia admite essa mudança. Segundo uma fonte da equipe econômica, a prorrogação só seria admitida caso a ampliação do prazo passasse pelo crivo do Executivo. Ou seja, a redação permitiria que, se houver necessidade, o governo possa ampliar o período de salários reduzidos e complemento por meio do BEm. Parlamentares também querem alterar a fórmula de cálculo do benefício proposto pelo governo, que tem como parâmetro as parcelas do seguro desemprego, que variam entre R$ 1.045 e R$ 1.813. Os deputados sugerem elevar este teto para três salários mínimos (R$ 3.135), mas a equipe economia não concorda e estima uma despesa adicional acima de R$ 20 bilhões. ” [O Globo]

>>>> Urge uma guilhotina: “Na avaliação do presidente e fundador da XP, Guilherme Benchimol, o Brasil está indo bem no controle do coronavírus e o pico da doença nas classes altas já passou. “Acompanhando um pouco os nossos números, eu diria que o Brasil está bem. Nossas curvas não estão tão exponenciais ainda, a gente vem conseguindo achatar. Teremos uma fotografia mais clara nas próximas duas a três semanas. O pico da doença já passou quando a gente analisa a classe média, classe média alta. O desafio é que o Brasil é um país com muita comunidade, muita favela, o que acaba dificultando o processo todo”, disse Benchimol em transmissão ao vivo do jornal O Estado de S. Paulo… Benchimol, porém, se diz confiante e elogiou o trabalho de Luiz Henrique Mandetta no comando do Ministério da Saúde e vê o atual ministro Nelson Teich “na direção certa” “Vamos sair dessa mais rápido do que as pessoas imaginam”.” [Folha]

>>>> O escroto do Kustner se fodeu! “A 1° Turma Recursal do TJ manteve a decisão que condena o youtuber bolsonarista Bernardo Küster a indenizar em R$ 20 mil e dar direito de resposta ao teólogo Leonardo Boff, representado pelo advogado João Tancredo. Küster foi processado por insinuar que Boff teria “desviado recursos públicos no valor de R$ 13 milhões”. Na sentença, o juiz Marcelo da Costa afirma que réu, ao ser questionado, afirmou: “Eu não tenho prova nenhuma”. O juiz também destacou “a incitação ao ódio”.” [O Globo]

>>>> Quem tem cu tem medo: “Oito deputados bolsonaristas entraram com um mandado de segurança no STF para pedir a troca do presidente da CPMI das Fake News, senador Angelo Coronel (PSD-BA). Na ação, os deputados também pedem a suspensão dos trabalhos da comissão e a anulação das reuniões e depoimentos feitos na CPMI. Assinam o pedidos os deputados do PSL Filipe Barros, Bia Kicis, Bibo Nunes, Alê Silva, General Gião, Aline Sleutjes, Carla Zambelli e Carlos Jordy. Na semana passada, Gilmar Mendes negou um pedido de Eduardo Bolsonaro para impedir a prorrogação da CPMI.” [Não lincamos Antagonista]

>>>> Cadeias de produção pós-pandemia: “A globalização como a conhecemos atingiu seu pico em 2007. Desde então, os fluxos internacionais de comércio sofreram o baque da crise de 2008 e nunca voltaram ao nível anterior. Mesmo a participação das cadeias na economia mundial parou de crescer, ficando na casa dos 50%, segundo o Banco Mundial. Essa relativização, como dito, não é uniforme. A crise do coronavírus foi mais óbvia no setor de fármacos. Talvez 80% dos insumos consumidos no Brasil venham da China e da Índia, que restringiu exportações por motivos de biossegurança: no aperto, os países priorizam seus habitantes. Nos EUA, a importação é de 72%. Máscaras cirúrgicas, item essencial hoje, são 95% importadas da China, o que levou o governo a aplicar um ato de tempos de guerra para eventualmente forçar empresas a redirecionar suas linhas de produção. Segundo o Instituto de Gestão de Suprimentos (EUA), a mais tradicional instituição de estudos sobre o tema do mundo, havia pouco preparo para a crise. Em março, o instituto fez uma pesquisa com 628 grandes integrantes americanos de cadeias globais para aferir o impacto da paralisação da produção chinesa devido à emergência sanitária. Nada menos do que 44% dos ouvidos disseram não ter planos de contingência na área, e 75% deles relataram algum tipo de interrupção de seus fornecedores chineses. No Brasil, o setor químico é um dos mais preocupados com o desenvolvimento da crise. Há quatro anos, 30% de seus insumos vinham de fora; hoje o índice é de 43%. “Nós temos escala global para produzir muitas coisas, mas hoje importamos ureia e amônia para fertilizantes”, diz Ciro Marino, presidente da Abiquim (Associação Brasileira da Indústria Química). O setor virou um caso de estudo no começo da pandemia. O Brasil tem álcool de sobra, mas não produzia o espessante para fazer a agora imprescindível versão em gel.” [Folha]

 

Dia 490 | Forças Armadas na mira presidencial, está tudo normal | 05/05/20

Pocast de ontem saiu mais tarde e enxuto que o habitual mas saiu:

E você ouve os episódios lá na Central3: [Central3]

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1. Generais na mira presidencial, está tudo normal

Comecemos pela nota emitida pelo ministério da Defesa:

“As Forças Armadas cumprem a sua missão Constitucional.

Marinha, Exército e Força Aérea são organismos de Estado, que consideram a independência e a harmonia entre os Poderes imprescindíveis para a governabilidade do País”

A liberdade de expressão é requisito fundamental de um país democrático. No entanto, qualquer agressão a profissionais da imprensa é inaceitável

O Brasil precisa avançar. Enfrentamos uma Pandemia de consequências sanitárias e sociais ainda imprevisíveis, que requer esforço e entendimento de todos.

As Forças Armadas estarão sempre ao lado da lei, da ordem, da democracia e da liberdade. Este é o nosso compromisso.”

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Essa ironia do Reinlalo Azevedo explica bem a loucura:

“Mais um pouco, e o ministro da defesa, general Fernando Azevedo e Silva, vai editar um livro de notas oficiais da pasta garantindo que as Forças Armadas vão se ater ao que dispõe a Constituição. Algo de errado acontece com a democracia e com o exercício do Estado de Direito quando a pasta da Defesa se vê na contingência de ter de afirmar que — porque é disto que se trata — não haverá golpe de Estado.” [UOL]

Como disse o Reinaldo, as forças armadas não têm que “considerar” porra nenhuma, a independência entre os poderes está dada pela constituição, a quem eles devem lealdade, mesmo que o chefe deles viva jurando lealdade ao povo no estilo Hugo Chávez.

O Intercept ouviu um ex-assessor do ministério da Defesa, conhecedor dos personagens, e a análise é bem boa. O trecho em questão é a abertura, “As Forças Armadas cumprem a sua missão Constitucional.”

“O ex-assessor do Ministério da Defesa me chamou a atenção para a maneira como as Forças Armadas abrem a nota e enxergam sua missão constitucional. Ela pode ser vista na internet, numa entrevista concedida pelo então comandante do Exército, o general Eduardo Villas Bôas, ao apresentador Pedro Bial. Era setembro de 2017, e Villas Bôas comentava uma declaração do então general da ativa Hamilton Mourão. Numa palestra em Brasília, Mourão defendera uma intervenção militar caso as instituições não resolvessem o “problema político retirando da vida pública esses elementos envolvidos em todos os ilícitos”. Foi aí que Villas Bôas sacou da cartola uma interpretação da Constituição que é corrente nas corporações militares: “Se você recorrer ao que está na Constituição, no artigo 142, como atribuição das Forças Armadas, ele diz que elas se destinam à defesa da pátria e das instituições. Essa defesa poderá ocorrer por iniciativa de um deles ou na iminência de um caos. Então as forças armadas teriam mandato para fazê-lo”, garantiu, a um espantado Bial.” [Intercept]

Agora compare com o que vai escrito na carta magna:

“O texto do artigo 142, na verdade, sequer tem a palavra caos. Diz o seguinte: “As Forças Armadas, constituídas pela Marinha, pelo Exército e pela Aeronáutica, são instituições nacionais permanentes e regulares, organizadas com base na hierarquia e na disciplina, sob a autoridade suprema do Presidente da República, e destinam-se à defesa da Pátria, à garantia dos poderes constitucionais e, por iniciativa de qualquer destes, da lei e da ordem”. Produzido por uma Assembleia Constituinte escaldada após 21 anos de ditadura militar, o texto procurou deixar claro que os militares só poderiam agir para garantir a lei e a ordem “por iniciativa de qualquer destes” poderes – isto é, Executivo, Legislativo ou Judiciário. Não é o que pensam Villas Bôas nem boa parte do oficialato. “A quem cabe a última palavra sobre a interpretação da Constituição? Está claro que é o STF. Mas o que os militares vão fazer no caso dum impasse entre o presidente e o Supremo no caso de um impasse em questão que passe por entendimento constitucional?”, questionou essa fonte.”

Que 171 do caralho!

Sobre o trecho “Marinha, Exército e Força Aérea são organismos de Estado, que consideram a independência e a harmonia entre os Poderes imprescindíveis para a governabilidade do País.”

“A nota segue com uma cutucada ao Supremo Tribunal Federal. Não é à toa: um raro consenso no meio militar, hoje, é o de que Judiciário está em batalha contra o presidente. “É uma clara indireta ao STF. Existe na cúpula militar, mesmo entre oficiais mais democratas, a percepção de que o STF faz lawfare contra Bolsonaro. E os militares, como sempre, tendem a ver as coisas do ponto de vista do presidente”, me disse Martins. Bolsonaro estrilou, mas não sozinho. Ganhou a companhia de Luiz Inácio Lula da Silva e de juristas de esquerda, que viram a decisão como uma interferência indevida em assuntos políticos. Mais tarde, o presidente do STF, Dias Toffoli, a chamou de “ativismo judicial“.”

Passemos ao trecho “A liberdade de expressão é requisito fundamental de um País democrático. No entanto, qualquer agressão a profissionais de imprensa é inaceitável.”:

“O professor da UFSCar viu como “pequeno avanço” o trecho que condenou agressões a jornalistas – neste domingo, um fotógrafo e um motorista do Estado de S. Paulo foram agredidos com chutes e socos enquanto cobriam a manifestação pró-ditadura. Por outro lado, é questionável a defesa da liberdade de expressão quando ela atenta contra a lei e a Constituição – ontem, os manifestantes pediam a volta da ditadura e de medidas de exceção, o que é proibido pela legislação brasileira.”

E os generais assoviando, olhando pro céu e chutando o vento.

Sobre o trecho “O Brasil precisa avançar. Enfrentamos uma Pandemia de consequências sanitárias e sociais ainda imprevisíveis, que requer esforço e entendimento de todos.”:

“Aqui há o primeiro e, até aqui, único recado a Bolsonaro – a nota de Azevedo e Silva é a primeira manifestação oficial das Forças Armadas aos desmandos presidenciais. Até agora, Azevedo e Silva havia se limitado a dizer que “manifestações em frente a quartéis não ajudam”, sem citar Bolsonaro. “Pelo menos quanto à pandemia [do novo coronavírus], ficou clara a discordância [com o presidente]”, avaliou o professor da UFSCar. “Até agora, só o que havia era um vídeo do [comandante do Exército, general Edson Leal] Pujol, produzido para as tropas, para consumo interno, que foi atropelado pela sucessão de barbaridades do Bolsonaro”. No vídeo, produzido para ser distribuído às tropas, Pujol afirma que o novo coronavírus é “uma das maiores crises vividas pelo Brasil nos últimos tempos” e combatê-la “a missão mais importante de sua geração”.”

Enfim o comentário sobre o final da nota: “As Forças Armadas estarão sempre ao lado da lei, da ordem, da democracia e da liberdade. Este é o nosso compromisso.”

“A frase soa forte e carrega simbolismo. Mas é preciso lembrar que os militares brasileiros sempre tentaram dar ares de legalidade à ditadura que se sucedeu ao golpe militar de 1964. É essa tentativa que explica, por exemplo, as artificiais eleições presidenciais indiretas que todos sabiam que seriam vencidas pelo candidato do governo, sempre um general. “Melhor seria que eles dissessem que as decisões da suprema corte de base constitucional têm que ser respeitadas”, comentou o ex-assessor do Ministério da Defesa.”

Enquanto isso Bolsonaro não só quer derrubar o comandante do Exército como o ministro da Defesa, viado!

Não basta derrubar o comando do Exército, ele quer o comando das forças armadas também! ESTÁ TUDO NORMAL, PORRA! O relato é da Thaís Oyama:

“Desde a semana passada, já se dizia no Palácio do Planalto sobre o ministro da Defesa, Fernando Azevedo e Silva, que sua “batata estava assando”. Para os críticos do general, ele estaria mais preocupado em manter uma boa relação com o Supremo Tribunal Federal, por exemplo, do que em defender o governo num momento em que Bolsonaro tinha movimentos tolhidos por determinação de ministros da Corte, como Alexandre de Moraes, cuja decisão em caráter liminar barrou a nomeação do delegado Alexandre Ramagem para a direção da Polícia Federal.” [UOL]

Isso se dá porque o Fernando era assessor do Toffoli no STF, daí bolsonaro deve jurar que cabe a ele controlar o STf. Eu acho é graça.

“Quando Bolsonaro ameaçou manter a posse do delegado amigo da família à revelia da ordem judicial de Moraes — a “quase crise institucional” a que o próprio presidente se referiu em conversa com apoiadores — Azevedo e Silva foi um dos “bombeiros” que atuou para dissuadi-lo da ideia. Mas a postura do ministro da Defesa não foi interpretada como uma atitude apenas conciliatória. Setores do Planalto avaliaram que, uma vez mais, o general se limitava a defender Bolsonaro “só até a página dois”, ao contrário do que costumam fazer outros ministros militares, como Heleno e Ramos. Azevedo e Silva, ex-assessor do atual presidente do STF, Dias Toffoli, foi indicado para titular da Defesa pelo general Villas Bôas, ex-comandante do Exército. A primeira opção de Bolsonaro para a pasta era o general Heleno, que preferiu o Gabinete de Segurança Institucional (GSI). A segunda era o ex-comandante da Marinha, almirante Eduardo Leal Ferreira, que recusou o convite alegando “razões familiares”. Azevedo e Silva assumiu o posto como terceira opção.”

Malandro é o alimrante que meteu um migué qualquer pra manter distância sanitária desse governo.

“A associação entre governo e Forças Armadas, inevitável, incomoda setores da ativa dos militares. Bolsonaro cogitou no fim de semana a troca do comandante da Força, Edson Pujol, a quem os filhos do presidente consideram distante da frequência do pai na condução da crise do coronavírus. Um eventual substituto, Luiz Eduardo Ramos (Secretaria de Governo), se mobilizou para dizer que não havia nada disso no ar quando a Folha noticiou a possibilidade. Ela foi aventada talvez para o ano que vem, quando a geração de Ramos chegará à faixa mais longeva na hierarquia do Exército, na reunião que ministros e comandantes militares tiveram com Bolsonaro no sábado. Nesta segunda, Ramos voltou a negar a hipótese, ligou para Pujol e distribuiu uma mensagem chamando a reportagem de falsa. “Sem mencionar que seria desonroso para mim e total quebra dos valores que todos nós cultuamos, como antiguidade e merecimento”, disse. A desconfiança entre setores da ativa foi, de todo modo, reforçada no episódio. Ramos é muito próximo do presidente, com quem dividiu dormitório como cadete.

Já os fardados do governo, que retomaram o protagonismo neste ano, após serem eclipsados pela ala ideológica bolsonarista em 2019, têm alternado apoio ao presidente e freios de arrumação. Se na noite de domingo a ação era para evitar a nomeação de Ramagem, na manhã seguinte os generais Azevedo, Ramos, Augusto Heleno (Gabinete de Segurança Institucional) e Walter Braga Netto (Casa Civil) prestigiaram a posse-relâmpago de Rolando. A nota de Azevedo também explicitou o que já havia sido enviado como recado às cúpulas do Congresso e do Judiciário na semana passada. Os militares consideram que sim, os Poderes têm se excedido no contraponto ao Executivo, o que não significa que embarcariam em qualquer movimento autoritário por parte do Planalto.

Além de Azevedo, falou também o único nome indemissível da ala fardada: o vice-presidente Hamilton Mourão, general da reserva. Ele criticou o Supremo. “Julgo que cada um tem que navegar dentro dos limites da sua responsabilidade”, afirmou em entrevista à Rádio Gaúcha. “Os casos mais recentes, que foi da nomeação do diretor-geral da Polícia Federal, a questão dos diplomatas venezuelanos eram decisões que são do presidente da República”, afirmou o vice. “É responsabilidade dele, é decisão dele escolher seus auxiliares, assim como chefe de Estado ele é o responsável pela política externa do país.” Na linha de Azevedo, Mourão defendeu que “os Poderes têm que buscar se harmonizar mais e entender o limite da responsabilidade da cada um”. Ele disse também entender que “hoje existe uma questão de disputa de poder entre os diferentes Poderes, existe uma pressão muito grande em cima do Poder Executivo”.” [Folha]

O Juarez Q. Campos fez ótimas observações

“Circulou a informação de que o Bolsonaro iria trocar o comandante do Exército, general Pujol e o pretendia indicar o chefe Secretaria de Governo, o bolsonarista general Luiz Eduardo Ramos. A notícia caiu como uma bomba nos quartéis. A última vez que houve uma troca semelhante foi quando o Geisel mandou um “pé na bunda” do Sylvio Frota (vale lembrar que o general Heleno era o ajudante de ordens do golpista).” [Facebook]

Que ironia maravilhosa, chupa que é de uva, general!

E mais, a promoção do Eduardo Ramos significaria uma carona (passar por cima da antiguidade) de meia dúzia de quatro estrelas que estão de olho na boquinha. Vai dormir com um barulho desses. O resumo da ópera é que vivemos em uma democracia tutelada, com os poderes “sob supervisão” e diferentemente de 64 não começou com os tanques na rua, foi quanto o STF entendeu que a tuitada do Villas Boas era uma ordem, esse foi o “Cavalo de Tróia” da democracia brasileira.”

Assino embaixo de cada vírgula.

E o que vai abaixo é MUITO Bolsonaro:

“Auxiliares de Jair Bolsonaro dizem que ele ficou “irritado” com a forma como o comandante do Exército, Edson Leal Pujol, o cumprimentou –com os cotovelos, para evitar a propagação do novo coronavírus– em Porto Alegre no dia 30. Apesar disso, esses auxiliares afirmam que o presidente não cogita trocar o chefe do Exército por enquanto.” [Não lincamos Antagonista]

E é preciso algum otimismo, certo?

“A tese do golpe político, fortemente rejeitada pelo generalato do Exército, da Marinha e da Aeronáutica, também não está na pauta da oficialidade média, de capitães a coronéis. São eles os que mantêm o controle direto dos quadros de combate; responsáveis pelo treinamento, preparo, equipamento, administração e prontidão das forças. Para esse pessoal, raramente ouvido na tomada de opinião do setor, a , “podia ter uma linha só, a primeira”, disse ao Estado o comandante de um batalhão de infantaria do Sul do País. O texto citado limita-se a declarar que “as Forças Armadas cumprem sua missão constitucional”. Outro oficial, da mesma patente, lembrou que, em uma organização regida pela disciplina e pela hierarquia, “não pode haver dúvida a respeito dos objetivos a serem alcançados e da meta a ser atingida – no momento, as etapas da campanha e a derrota da pandemia”. Para o coronel, as mais de 7 mil mortes registradas oficialmente “caracterizam baixas de zona de conflito”.” [Estadão]

Encerro com os camisas pardas tupiniquins:

“Os camisas pardas do bolsonarismo vestem verde e amarelo. As cenas de selvageria protagonizadas por esses delinquentes travestidos de patriotas durante manifestação com o presidente Jair Bolsonaro em Brasília, ao agredir o repórter fotográfico do Estado Dida Sampaio e outros profissionais de imprensa, envergonham a Nação… O presidente, cujo apoio militar se resume a oficiais que ele levou para o governo e que são seus amigos dos tempos de quartel – relação que produz um tipo de lealdade que é pessoal, e não em torno de princípios –, claramente tenta enredar as Forças Armadas em sua ofensiva para desmoralizar o sistema constitucional de freios e contrapesos.” [Estadão]

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2. STF

Vai vendo:

“O ministro Marco Aurélio Mello, do STF (Supremo Tribunal Federal), enviou ofício ao presidente da corte, Dias Toffoli, pedindo que decisões que impliquem na suspensão de atos de outros poderes seja decidido sempre pelo colegiado, formado pelos 11 magistrados do tribunal –e não de forma individual, como hoje ocorre. “É uma medida para evitar o desgaste que estamos tendo agora”, afirma ele, referindo-se à decisão do ministro Alexandre de Moraes, que suspendeu a nomeação feita por Jair Bolsonaro de Alexandre Ramagem para a diretoria-geral da Polícia Federal. “Quando se invade área alheia, é sempre um problema seríssimo”, segue o magistrado.” [Folha]

Até que ponto a nota (e a pressão) dos milicos influenciou essa decisão do Mello? Eis a pergunta que não quer calar. Até porque Mello não é daqueles que se curva ao Bolsonaro, como certos ministros cujo sobrenome começa com “Tof’ e acaba com “foli”

“Nesta segunda (4), as críticas dele foram endossadas pelo vice-presidente, general Hamilton Mourão. “Decisões de envergadura de outros poderes devem ser analisadas pelo colegiado”, diz Marco Aurélio. “Há um Supremo, e não onze”, afirma ele, referindo-se ao número de magistrados da corte. A iniciativa de Alexandre de Moraes causou desconforto em alguns ministros. O presidente do STF, Dias Toffoli, ficou irritado já que considera que esta e outras decisões fazem parte de um indesejado “ativismo judicial” dos magistrados, que interferem em medidas de outros poderes, se sobrepondo a eles.”

É óbvio que Toffoli seria o irritadinho, onde já se viu peitar a porra do presidente mais vil e maluco que esse país já viu?!

“O ministro Luiz Fux, do Supremo Tribunal Federal (STF), pediu manifestação da Procuradoria-Geral da República e da Ordem dos Advogados do Brasil sobre . A mudança foi solicitada na esteira de críticas a decisões monocráticas que barraram medidas do governo Jair Bolsonaro. Presidente da Comissão de Regimento do Supremo, Fux recebeu a proposta enviada por Marco Aurélio ao presidente da Corte, ministro Dias Toffoli, que pediu celeridade na análise da questão.” [Estadão]

Ao que parece o STF está pedindo desculpas aos generais. Villas-Bôas continua tendo os ouvidos do STF, só pode.

Passo para Gilmar, o comentarista-mor, que discorda dos seus colegas acima citados:

“Aqui ou acolá surge uma ou outra decisão, como essa do Alexandre (de Moraes) a propósito da indicação de um delegado da Polícia Federal, mas isso está em contexto muito específico de uma crise interna do próprio Executivo, que foi produzida por essa desinteligência do ex-ministro (Sergio) Moro e o presidente. E agora, mais recentemente, houve uma decisão do ministro Barroso, que o presidente entendeu que afeta a sua autonomia na esfera da política externa, mas que tem a ver também com algo situado e datado. Portanto, na realidade, não há esse complô e nem há qualquer tentativa de qualquer dos Poderes para frustrar a legítima competência e os poderes que o presidente tem exercendo o cargo de chefe Executivo. Não vejo isso” [O Globo]

Sim, ministro da Justiça denunciando presidente que almeja sufocar a PF é algo bem único, assim como expulsar corpo diplomático em plena pandemia, porra!

“Do nosso lado, no Supremo Tribunal Federal, há um imenso cuidado com as questões de responsabilidade fiscal. Se vocês olharem, as manifestações quase todas do STF têm sido extremamente cuidadosas no sentido de reforçar o poder do presidente neste quadro de crise. Referendamos negativas de liminares que foram dadas nesse pacote trabalhista e temos reforçado essa posição”

Sobre as redes sociais

“Se nós caminharmos sem reflexão, de uma forma irrefletida para isso que nos recomenda as redes sociais, especialmente em seus movimentos mais radicais, nós vamos estar comprometendo um valor importante que é a própria democracia. A gente tem que chamar a atenção que não é possível ter desobediência civil, que as regras precisam ser mantidas para uma convivência na democracia. Nós estamos há mais de 30 anos da democracia, o que é o mais longo período de normalidade institucional da vida republicana começada em 1889 e nós devemos prosseguir nesse trabalho. Aperfeiçoar, sim, a democracia. Romper com ela, jamais “

Obviamente Gilmar sambou na cara do Moro:

“Ele acabou fazendo essa opção e se integrou ao governo Bolsonaro. Eu tenho até a impressão que ele já estava integrado nesse movimento antes. Eu chamei atenção em uma entrevista de quando o Moro faz um vazamento daquelas declarações do (Antonio) Palocci. Portanto, de alguma forma, ele já estava integrado a esse movimento do candidato Jair Bolsonaro. E a opção que ele faz, para ficar no plano ético, de ir para o governo de um adversário de quem cuja prisão ele tinha decidido, no caso do Lula, é uma opção eticamente muito complicada”

E taí uma bom apanhado do STF nos últimos meses:

“O Supremo Tribunal Federal parece ter saído da letargia com a chegada da pandemia e agora promove, de fato, o controle dos atos do presidente Jair Bolsonaro. Entre 1º de janeiro de 2019, primeiro dia de mandato do presidente Jair Bolsonaro, e 31 de janeiro de 2020, 71 ações foram propostas perante o STF, questionando a constitucionalidade de medidas do governo Bolsonaro. Em apenas 8 de 71 processos foram tomadas decisões liminares (provisórias) enfrentando os argumentos levados ao tribunal. Os números mostram um intenso litígio entre governo e Supremo, que parecia ter abdicado de exercer seu papel de controle dos atos do Executivo e de guarda da Constituição. Pouquíssimas derrotas foram impostas pelo STF ao governo Bolsonaro durante seu primeiro ano de mandato.” [Folha]

E que primeiro ano, o que não faltou foi absurdos ao arrepio da lei. E não faltaram questionamentos.

“O cenário muda a partir de fevereiro de 2020. Com a chegada da pandemia da Covid-19, novos atos do presidente da República foram levados ao STF, que passa a agir de forma mais célere e contundente impondo limites ao governo. Ocorre uma mudança clara de postura do tribunal, como se percebesse que o que estava em jogo era sério demais para não fazer nada. Das 42 ações que chegaram ao Supremo contra atos de governo entre 1º de fevereiro e 30 de abril deste ano, em 23 já há concessão de medidas liminares. Dentre as liminares, há decisões para proteger estados e municípios contra a política negacionista da pandemia promovida por Bolsonaro, vetar campanha publicitária contra o isolamento social, suspender restrições à Lei de Acesso à Informação e impedir o envio de dados massivos de celulares ao IBGE. O próprio presidente da República, inclusive, levou demandas ao STF e saiu vitorioso, por exemplo, com a liminar que determinou a suspensão de dispositivos da Lei de Diretrizes Orçamentárias.”

Que zona do caralho o que vai abaixo:

“O histórico do STF com revisão de nomeações presidenciais já é conhecido: uma medida liminar de Gilmar Mendes suspendeu a posse do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) como ministro; uma outra liminar de Cármen Lucia manteve anulação da posse de Cristiane Brasil (PTB) como ministra do Trabalho e, agora, Alexandre de Moraes deu a liminar que suspendeu a posse de Alexandre Ramagem como diretor-geral da Polícia Federal. Porém o episódio Ramagem tem pelo menos quatro elementos que os outros não têm: o ministro da Justiça, que tinha sob sua estrutura organizacional a Polícia Federal, expôs publicamente uma tentativa de interferência em investigações; a existência, de fato, de inquérito contra filho do presidente; o reconhecimento, pelo procurador-geral da República, de indícios de crime suficientes para pedir a instauração de um inquérito ao Supremo… Afinal, há uma posição razoavelmente formada para rejeitar a possibilidade do uso do mandado de segurança por partidos políticos nesses casos, e o tribunal ainda não foi capaz de criar critérios claros sobre as nomeações. O que foi usado no caso de Lula não foi seguido para Moreira Franco; o decidido para Cristiane Brasil não foi seguido para Sérgio Nascimento de Carvalho, da Fundação Palmares.”

O problema nem é a decisão do Cabeça de Pica, mas as decisões do STF pecam pela absoluta falta de critérios. Se o Lula não podia, por que diabos o Moreira pôde?

A única conclusão possível:

“A ideia de autocontenção dos tribunais constitucionais funciona muito bem em um ambiente de normalidade democrática: diante de legisladores e governantes eleitos e razoáveis, o tribunal deveria evitar impor sua vontade. Porém não estamos em um cenário de normalidade, e um tribunal tímido não presta diante de um governo que desafia a Constituição.​”

Encerro com o mais cretino dos ministros – Vai vendo, parte 3:

“O presidente do STF, Dias Toffoli, acaba de derrubar a decisão dada na semana passada pela juíza da 5ª Vara Federal do Rio Grande do Norte, Moniky Fonseca, que havia determinado a retirada do site do Ministério da Defesa de menções de qualquer texto comemorativo relativo ao golpe de 64 — ou da Revolução, como é chamado pelos militares. Para a juíza, a nota assinada pelo ministro Fernando Azevedo expunha valores “nitidamente incompatíveis” com a Constituição de 1988. Toffoli, que há dois anos disse que prefere chamar o que houve em 1964 de “movimento”, permitiu que a Defesa continue a se manifestar sobre o golpe. Argumentou que o veto representaria censura indevida.” [O Globo]

Sim, o indicado do Lula fala em MOVIMENTO DE 64 e eis o único movimento que me vem à cabeça:

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3. Descontrole presidencial e a PF

Como diz aquele funk, “Ah, que isso, elas estão descontroladas!”

Começa com uma das manifestantes que agrediu as enfermeiras:

“Presidente, eu sou uma das pessoas que estava naquela manifestação das pessoas da área da Saúde, este é o casaco que entregaram pra uma mulher de rua, que nnguém gosta de pobre, presidente, eu só vi uma pessoa até hje nos defendemos, nos temos certeza que tem pessoal alid da área da sáude, presidente, e eu peço perdão pra cad aum que foi ofendido, omas ali tiham infiltrados e me usaram, nos que´riamos apenas como verde e amarelo, apoiamos o país e o senhor. No instante que botamos bandeiras atrás deles e eles começaram a nos xingar…”

Bolsonaro interrompe:

“Mandei levantar copro delito, não teve, teve agressão verbal… teve agressão nenhuma, zero agressão”

Teve agressõa verbal mas zero agressão, tá ok?! E veja a cara dele ao falar “agressão verbal“:

Inacreditável!

“Só vou falar uma coisa e vou embora. Manchete da Folha de São Paulo de hoje: ‘Novo diretor da PF assume e acata pedido de Bolsonaro’. Que imprensa canalha Folha de São Paulo. Canalha é elogio para a Folha de São Paulo. O atual superintendente do Rio de Janeiro, que o Moro disse que eu quero trocar por questões familiares, não tem nenhum parente meu investigado pela Polícia Federal, nem eu, nem meus filhos, zero.” [Folha]

flavio

“Uma mentira que a imprensa replica o tempo todo dizendo que meus filhos querem trocar o superintendente. Para onde é que está indo o superintendente do Rio de Janeiro? Para ser o diretor-executivo da PF. Ele vai sair da superintendência, são 27 superintendentes no Brasil, para ser diretor-executivo. E aí eu tô trocando ele, eu tô tendo influência sobre a Polícia Federal? Eu tô tendo influência. Isso é uma patifaria”

rolandolero

Um jornalista tenta um “O senhor pediu…” e…

“Cala a boca que eu não te perguntei nada. Folha de São Paulo, um jornal patife e mentiroso”

theo

Como eu preciso de uma imagem pra capa do post, vai aí essa pintura surrealista:

calabocaa

Outro jornalista insiste com um “O senhor pediu a troca, presidente” e…

Cala a boca, cala a boca. Está saindo e vai ser diretor-executivo a convite do atual diretor-geral. Não interfiro em nada. Seu ele fosse desafeto meu e se eu tivesse ingerência na PF ele não iria pra lá. É a mensagem que vocês dão. Não tenho nada contra o superintendente do Rio de Janeiro. E não interfiro na Polícia Federal e ele está sendo convidado para ser diretor-executivo. É o 02. Manchete canalha, mentirosa e vocês da mídia tenham vergonha na cara. Grande parte só publica patifaria. E passem bem”

O Cristiano Botafogo lembrou bem demais desse episódio com o general Newton Cruz:

Eis a realidade – o texto é do Lauro Jardim:

“Ao dar a Carlos Henrique Oliveira, ex-superintendente da PF no Rio de Janeiro, o cargo de número 2 do órgão, Rolando Souza tomou uma decisão sob medida para livrar Jair Bolsonaro de suas preocupações. Explica-se: o diretor-executivo da PF está sendo, de acordo com um experiente delegado, “retirado da área fim para a área meio”. Ou seja, a diretoria executiva não trata de investigações, que ficam sob a responsabilidade da Diretoria de Combate ao Crime Organizado ou das próprias superintendências da PF. Numa palavra, Oliveira passa a ser um diretor afeito à burocracia da PF, cuidando, por exemplo, de imigração, porte de armas, produtos químicos e do sistema de identificação nacional. Está, portanto, totalmente fora das investigações que vinha chefiando no Rio e que tanto tiravam o sono de Bolsonaro.” [O Globo]

Tenha sua calma que piora:

“Durou pouco. O nome de Rolando Alexandre de Souza como novo diretor-geral da Polícia Federal até foi bem recebido pelos seus pares, que o descreveram como “um quadro técnico e qualificado”. Mas, poucas horas depois da posse, integrantes do órgão foram informados que ele já mexia em um dos lugares mais delicados da corporação, a chefia do Rio de Janeiro, alvo de interesses pessoais de Jair Bolsonaro. A Associação dos Delegados da Polícia Federal (ADPF) já tinha preparado uma nota de apoio a Souza, mas decidiu suspender a divulgação após a informação da troca no Rio vir ser divulgada pela imprensa. Surpreendida, a entidade definiu que só vai se posicionar sobre o assunto após os primeiros atos da nova gestão serem oficialmente divulgados. Os grupos de delegados no Whatsapp entraram em polvorosa com a mudança. A atitude de Souza foi vista como um resposta imediata de que atenderá aos pedidos de intervenção do presidente. “Infelizmente, ele já deu o recado”, disse um integrante da cúpula do órgão que, antes, havia elogiado a escolha.” [O Globo]

A falta que faz um ministério do Vai Dar Merda:

“A Procuradoria-Geral da República (PGR) vai investigar se há motivos indevidos para a troca no comando da Superintendência da Polícia Federal do Rio, uma das primeiras decisões do novo diretor-geral da Polícia Federal, Rolando Alexandre de Souza. O caso será analisado no inquérito já aberto pelo ministro Celso de Mello, do Supremo Tribunal Federal (STF), que apura as acusações do ex-ministro Sergio Moro de que o presidente Jair Bolsonarotentou realizar interferências indevidas na PF. A rápida troca na PF do Rio chamou atenção dos investigadores, porque o ex-ministro Sergio Moro reforçou diversas vezes em seu depoimento que o principal interesse de Bolsonaro era mudar o comando da PF do Rio e indicar uma pessoa de sua confiança. Ainda não foi divulgado o novo nome escolhido.” [O Globo]

Imagina, gente, é só uma coincidência…

“Bolsonaro estava decidido a desafiar o Supremo nesta segunda-feira: queria renomear o chefe da Agência Brasileira de Inteligência, Alexandre Ramagem, como diretor-geral da Polícia Federal. O delegado tivera a posse suspensa por decisão do ministro Alexandre de Moraes (STF), na semana passada. Ramagem é amigo da família de Bolsonaro, e a PF investiga o clã em casos como o inquérito sobre disseminação de fake news. O presidente acabou desistindo após uma operação que durou boa parte da madrugada, com telefonemas e visitas de aliados e também de políticos não alinhados, como o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP). Seu plano B, contudo, continha uma provocação ao Supremo. Ele designou para a PF um subordinado de Ramagem na Abin, Rolando Souza, e deu posse a ele no Palácio do Planalto. A primeira medida de Rolando foi iniciar o processo para substituir o chefe da PF no Rio, território da família Bolsonaro que o ex-ministro Sergio Moro disse estar na mira do presidente.” [Folha]

E Rolando caiu de pára-quedas na chefia da PF, vai dar certo sim:

“Nas últimas quatro trocas de diretor-geral da Polícia Federal, o nome de Rolando de Souza jamais apareceu entre aqueles que estariam prontos para a empreitada. Nomeado nesta segunda-feira (4), o delegado de classe especial estava fora inclusive da lista de agora, mas entrou aos 45 minutos do segundo tempo, graças a uma decisão do Supremo Tribunal Federal. Discreto, trabalhador, organizado, sério e de vez em quando estourado são algumas de suas características, segundo descrevem colegas, que devem acompanhá-lo na principal missão que terá à frente da PF: tentar afastar as desconfianças que pairam pela conjuntura de sua escolha.” [Folha]

De VeZ eM qUaNdO eStOuRaDo“, viado!

“Após ter sua nomeação suspensa pelo ministro Alexandre de Moraes, do STF, Ramagem passou a defender o nome do colega para o posto —o que também fez aumentar a desconfiança com que começa o novo trabalho. Não há relatos, no entanto, de proximidade de Rolando com Bolsonaro.”

Repare no paradoxo:

“Rolando não carrega no currículo investigações de peso contra políticos. Trabalhou, no entanto, por anos à frente do Serviço de Repressão de Desvios de Recursos Públicos, setor considerado importantíssimo no combate à corrupção. Em entrevistas, chegou a dizer que os corruptos são mais perigosos que traficantes de esquina.”

Motivo de piada:

“Entre colegas, a piada mais feita é que há uma certeza com Rolando: ele será o maior diretor-geral da história da PF, status garantido pelos seus dois metros de altura.​​”

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4. Curió

Que nojo desses escrotos:

“Em compromisso que não consta da agenda oficial divulgada pelo Palácio do Planalto, o presidente Jair Bolsonaro recebeu nesta segunda-feira (4) o tenente-coronel reformado do Exército Sebastião Curió Rodrigues de Moura, 85, conhecido como “Major Curió”, um nome simbólico da repressão durante a ditadura militar (1964-1985). Curió já foi denunciado seis vezes pelo Ministério Público Federal por participação nos assassinatos e sequestros de guerrilheiros de esquerda na região do Araguaia nos anos 70. Curió, que mora no Distrito Federal, é considerado um dos principais nomes da ditadura militar ainda vivos. Ele participou ativamente do combate à Guerrilha do Araguaia (1972-1975), formada por militantes do PCdoB (Partido Comunista do Brasil).” [UOL]

No dia em que Aldir Blanc morreu, viado!

E quem diz que o sujeito é um assassino é o próprio Curió:

“Em 2009, em entrevista ao jornalista Leonêncio Nossa, que depois lançaria um livro sobre Curió, “Mata!” (Cia das Letras, 2012), o militar reconheceu e apresentou documentos que indicaram a execução de 41 militantes da esquerda quando eles já estavam presos e sem condições de reação. Um total de 67 militantes participou da guerrilha, que foi massacrada em sucessivas operações desencadeadas pelo Exército no sul do Pará e norte do atual Estado de Tocantins. Curió e outros militares acusados pelos mesmos crimes recorrem à Lei da Anistia, de 1979, e travam desde 2012 uma batalha judicial para conseguir que não sejam processados e condenados. A Justiça já deu decisões favoráveis a Curió, por exemplo, determinando o trancamento de uma ação penal, mas o MPF segue recorrendo ao Judiciário.”

É por essas e outras que a Lei de Anistia inviabilizou o país. Por que você acha que temos tantos esquadrões da morte e as polícias agem na periferia ao arrepio da lei?

“A CNV (Comissão Nacional da Verdade) incluiu Curió em seu relatório final, em 2014, como um dos 377 agentes do Estado brasileiro que praticaram crimes contra os direitos humanos. O resumo da comissão descreveu que o coronel “esteve vinculado ao Centro de Informacões do Exército (CIE), serviu na região do Araguaia, onde esteve no comando de operações em que guerrilheiros do Araguaia foram capturados, conduzidos a centros clandestinos de tortura, executados e desapareceram”. Segundo a CNV, após ter sido convocado três vezes pela comissão, Curió “apresentou atestado médico para justificar a impossibilidade de comparecimento, não tendo sido acolhida oferta da Comissão para coleta de depoimento domiciliar ou hospitalar”. Em nota divulgada à imprensa no final do ano passado após mais uma denúncia apresentada contra Curió, o MPF informou que “trava um embate jurídico desde 2012 pela responsabilização por atos criminosos cometidos no regime ditatorial, por considerar que representam atos de lesa-humanidade. Por isso, com base no direito internacional e em decisão da Corte Interamericana de Direitos Humanos (caso Gomes Lund vs Brasil), trata-se de crimes não alcançados pela prescrição ou anistia””

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5. Quinta série do caralho…

“A ministra da Agricultura, Tereza Cristina (DEM-MS), tentou há cerca de duas semanas articular uma conversa entre o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e os ministros Luiz Eduardo Ramos (Secretaria de Governo) e Braga Neto (Casa Civil). Mas, consultado na ocasião, o presidente Jair Bolsonaro não permitiu o encontro. “Ainda não é a hora”, argumentou. Tereza Cristina voltou ao assunto. Agora, Bolsonaro autorizou a conversa pessoal. No domingo (3), o ministro Ramos conversou por telefone com Rodrigo Maia e os dois ficaram de acertar o encontro, que terá também a participação de Braga Neto.” [G1]

Olha o naipe da infantilidade:

“Falta definir o local do encontro, isto é, quem vai se deslocar para encontrar a outra pessoa. Até este estremecimento, as conversas aconteciam sempre na residência oficial da Câmara dos Deputados.”

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6. Covid-17

Do Joel Pinheiro da Fonseca:

“Macron, Boris Johnson, Conte: líderes de diferentes colorações ideológicas, todos viram sua popularidade subir na pandemia. Nenhum deles foi particularmente genial: apenas compareceram à chamada da responsabilidade, o que naturalmente fez com que a população se unisse ao redor de seu chamado ao esforço coletivo pelo bem comum. Jair Bolsonaro fugiu. Não só não foi capaz de implementar nenhuma resposta sua à epidemia como ainda escarneceu de quem tomava esse papel. Numa franca admissão da própria inutilidade, quando informado que passáramos de 5.000 mortos, respondeu apenas: “E daí? Lamento, quer que eu faça o quê?”.” [Folha]

“Ministro Rubens está perdidinho:

“O general Eduardo Pazuello é pau para toda obra na Saúde: coordena ações, resolve problemas e fala com governadores. Nas reuniões, fala mais que Nelson Teich.” [Estadão]

Ontem eu falei aqui que dava pra colocar 70% das mrtes no macabro ágio presidencial e digamos que eu perdi um pouco a mão:

“Atos e discursos do presidente Jair Bolsonaro contra o isolamento social como forma de combate à pandemia do novo coronavírus podem estar por trás de pelo menos 10% dos casos e até mesmo de mortes pela Covid-19 registrados no Brasil até ontem. A insistente defesa de Bolsonaro do fim do distanciamento teria afetado o comportamento dos brasileiros, sobretudo nos municípios onde seus seguidores são mais numerosos. A conta é do economista Tiago Cavalcanti, professor da Universidade de Cambridge, e um dos autores do estudo “Mais do que palavras: discurso de líderes e comportamento de risco durante a pandemia”, divulgado nesta segunda-feira, em parceria com Nicolás Ajzenman e Daniel Da Mata, da Fundação Getúlio Vargas-SP.” [O Globo]

Lembrando que os núemros se baseiam na taxa de contágio e mortalidade oficiais, então tem uma brutal subnotificação aí:

“Dois eventos em especial teriam provocado um movimento adicional de nada menos que um milhão de pessoas nas ruas pelo país, diariamente, pelo período de 10 dias: a manifestação de 15 de março em Brasília, depois que a Organização Mundial de Saúde (OMS) já havia recomendado o afastamento social, e o pronunciamento, em cadeia nacional, de 24 de março, quando o presidente minimizou a doença, tratando-a de “gripezinha”. Considerando-se o potencial de infecção de cada indivíduo portador do vírus, estes dois atos podem ter sido responsáveis, sozinhos, por pelo menos 500 novos casos por dia. Trata-se de 10 mil infectados num horizonte de apenas 10 dias. Ou seja, cerca de 10% do número de brasileiros oficialmente registrados como portadores da Covid-19 até ontem (domingo).”

Walter Braga Neto em coletiva:

Tem que dizer que é uma doença grave, que os cuidados têm de ser tomados e o que tem que ser feito para se proteger. (…) Agora, reforço, essas imagens tão divulgadas [de caixões, de covas, de corpos]… divulguem também estes números de curados. Qual o mal vai fazer dizer que as pessoas foram curadas? Isso não é o apocalipse, não é o fim do mundo. Por que que todo dia nos jornais desta emissora só se divulga os totais de mortos e contaminados?”

E ele citou que Record, Bandeirantes e RedeTv divulgam o número de curados, e eu adoraria saber de qual cu eles tiram esse número. Se a gente não sabe nem quantos infectados e mortos são, imagine o número de curados! Ou só vale os curados que foram aos hospitais?

Tem mais constrangimento:

“Walter Braga Netto, em coletiva no Palácio do Planalto, foi perguntado sobre se os atos bolsonaristas não podem ajudar a propagar o novo coronavírus. “Pergunte isso aí para o ministro da Saúde”, respondeu o chefe da Casa Civil. Ele afirmou que é preciso respeitar a liberdade de cada um.”

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Ah, um respeitado infectologista pegou corona logo no começo (ele havia estado em NY) e sua entrevista é bem boa – a resposta sobre cloroquina

“Eu respeito a ciência. Não havia naquele momento, que eu soubesse, nenhum protocolo ocorrendo no hospital em que eu fui internado. Como eu respeito a ciência, eu faço comigo o que eu teria feito com os outros. Se eu pratico a medicina em que eu acredito — baseada em ciência —, o que prescrevo para os meus pacientes vale para mim também. Quando a pessoa que me acompanhava perguntou se eu queria tomar cloroquina, respondi: “você me respeite”. Era um médico que me conhece bem. Ele perguntou meio rindo, meio sério.”

E repare na aposta dele:

“Desde que começaram a usar cloroquina na Covid-19, escrevi várias vezes para amigos dizendo que eu aposto que os estudos bem feitos com cloroquina — aqueles randomizados, duplo-cegos e controlados por placebo — não mostrarão eficácia, particularmente para cloroquina com azitromicina. E, se os estudos tiverem poder estatístico, em alguns subgrupos apostei que terá um excesso de eventos colaterais graves e óbitos. Agora, se isso acontecer, quem vai pedir desculpa às famílias das pessoas que usarem esses remédios? Todas as sociedades científicas nacionais e internacionais estão dizendo: não usem cloroquina contra Covid fora do contexto de pesquisa.”

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O Capitão Cloroquina é que não vai ser, né?

“No caso da Covid-19, porque ela não é um antiviral estrito. Ela tem ação inespecífica, porque altera o pH, a acidez do meio. Teoricamente ela pode modular a resposta imune, mas não está atacando o vírus diretamente. Por ter ação in vitro (em tubo de ensaio), a cloroquina foi testada contra vários vírus — Sars, Mers, dengue, ebola, HIV… — e não funcionou contra nenhum. O passado da cloroquina é muito ruim: funciona in vitro, mas não em seres humanos. O editor do Jama [periódico da Associação Médica Americana] recomenda aos médicos — e a seus advogados — que registrem muito bem, em todos os prontuários, que explicaram bem a todos os pacientes que não há dado sobre eficácia da cloroquina, mas que os efeitos colaterais são muito bem conhecidos. Preparem-se para as ações judiciais que virão.”

O que ele vê como esperança:

“A única droga a qual realmente se acredita na comunidade científica internacional que possa ter algum impacto antiviral contra a Covid-19 é o remdesivir, e mesmo assim o otimismo não é enorme. Vale a pena testar. É uma droga desenvolvida para ebola, que não é isenta de efeitos colaterais, mas tem uma chance. Os estudos estão andando. Existem outras intervenções que são mais para modular resposta imune. Como o plasma [de pacientes convalecentes], imunoglobulina, IL-6… Enfim, tem várias coisas, e elas têm que ser testadas. Se der errado, não será grande surpresa, mas se der certo também não. Já a cloroquina é diferente: se der certo seria uma grande surpresa. Dar errado é o que é esperado.”

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7. Moro

Ontem Bolsonaro apareceu na portaria do palácio com uma impressão da mensagem do Moro, o que eu não tinha reparado é que esse gênio da raça humana com faixa presidencial no peito printou o próprio telefone e confirmou a veracidade da mensagem apresentada pelo Moro. Sim, ele fez isso verbalmente, mas é hilário que ele tenha ido na conversa, imprimido a mensagem e escrito “Isso é FOFOCA!!!”, que quinta série do caralho.

“O procurador-geral da República, Augusto Aras, concorda, segundo apurou o blog, em levantar o sigilo do depoimento do ex-ministro da Justiça Sergio Moro à Polícia Federal concedido no último sábado (2). Aras comentou com interlocutores que concorda com o pedido feito pela defesa de Moro para retirar o sigilo sobre seu depoimento. Os advogados do ex-ministro argumentam que trechos já estariam sendo divulgados e que isso pode acabar não refletindo totalmente o contexto de sua fala (veja no vídeo abaixo). A decisão será tomada pelo ministro Celso de Mello, responsável no Supremo Tribunal Federal (STF) pelo inquérito aberto para investigar as acusações do ex-ministro da Justiça contra o presidente Jair Bolsonaro, de interferência na Polícia Federal. Celso de Mello vai decidir ainda sobre os pedidos feitos pelo procurador Augusto Aras após o depoimento de Moro, para que três ministros do governo Bolsonaro e delegados federais sejam ouvidos no inquérito.” [G1]

“Em depoimento, Moro disse que os ministros Braga Netto (Casa Civil), Luiz Eduardo Ramos (Secretaria de Governo) e Augusto Heleno (Gabinete de Segurança Institucional) teriam presenciado uma ameaça do presidente Bolsonaro de demiti-lo caso não fossem feitas mudanças na PF.”

E tá explicado porque o Aras concordou com a quebra do sigilo:

“Dentro do governo, há uma expectativa de que Celso de Mello retire o sigilo do depoimento de Moro para que os ministros que serão ouvidos saibam exatamente o que o ex-ministro da Justiça disse a respeito deles no último sábado.”

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8. Uma escolha muito difícil, parte 2

O infeliz do editorialista do Estadão foi escrever um editorial intitulado “Quando se tolera o intolerável” e reservou 5 dos 8 parágrafos para criticar… o Lula!

“Aos que pregam acomodar a situação política, sem fazer especial caso das acusações do ex-ministro Sérgio Moro contra o presidente Jair Bolsonaro, vale lembrar a experiência de 2005, quando lideranças políticas optaram por poupar o então presidente Luiz Inácio Lula da Silva no caso do mensalão. O País sofre até hoje as consequências dessa transigência com a ilegalidade.” [Estadão]

Olha a comparação, viado! Eu é que não vou postar essa merda na íntegra, vai só o highlight da demência mesmo:

“Longe de enfraquecer o PT, a tolerância com Lula no mensalão facilitou a permanência do partido no poder. Se mesmo com todas aquelas revelações Lula era deixado intacto, a consequência era de que ele poderia fazer, a partir daquele momento, o que bem entendesse. Depois, o País teve o dissabor de ver até onde o PT foi capaz de ir. Petrolão, aparelhamento ideológico e a desastrada política econômica petista são alguns exemplos da falta de limites.”

O editorialista enfim lembrou do Bolsonaro:

“Sendo tão graves, as denúncias também não podem ser esquecidas sob a alegação do caráter excepcional da crise da covid-19. A pandemia não foi motivo suficiente para deter o ímpeto do presidente Jair Bolsonaro de remover Maurício Valeixo da Superintendência da PF. Não cabe agora valer-se dela como desculpa para não investigar. A experiência de 2005 com Lula ensina: tolerar o intolerável é abrir a porta para desmandos ainda maiores.”

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9. A cadeira do Maia

“A aproximação do Palácio do Planalto com líderes do Centrão intensificou a articulação nos bastidores da Câmara para a sucessão de Rodrigo Maia (DEM-RJ) na presidência, marcada para fevereiro do ano que vem. Enquanto o presidente Jair Bolsonaro tenta refazer sua base e garantir um aliado no comando da Casa, parlamentares da oposição e do chamado “baixo clero” se movimentam para criar alternativa à candidatura governista. Em tempos de pandemia do coronavírus e sessões por videoconferência, a estratégia tem sido apelar às redes sociais e até fazer “test drive” na cadeira de Maia. Foi o que ocorreu na semana passada com Marcelo Ramos (PL-AMs), nome que corre por fora entre os favoritos do Centrão. Na segunda-feira passada, ao assumir a presidência da sessão virtual da Câmara por alguns momentos, Ramos ganhou apoio de outros parlamentares para brigar por ela no ano que vem. “O senhor fica muito bem ajeitado nessa cadeira, Presidente!”, disse o deputado Eli Borges (Solidariedade-TO). “Vossa Excelência fica bem nesta cadeira, presidindo muito bem esta sessão”, emendou José Nelto (Podemos-GO). Ramos desconversa: “Ousadia”.

Em seu primeiro mandato e ex-filiado ao PCdoB, o deputado do PL ganhou a confiança de colegas ao comandar a comissão da Previdência na Casa no ano passado. Desde então, tem sido escalado para missões que muito parlamentares não querem assumir, como o relatório que salvou o deputado Wilson Santiago (PTB-PB) após ordem do Supremo Tribunal Federal para afastá-lo por suspeita de corrupção. Entre os políticos, a defesa da classe é um ponto positivo na hora de escolher o presidente da Câmara. O Centrão, grupo ao qual Ramos faz parte, ainda discute um nome de consenso. O presidente do Republicanos, Marcos Pereira (SP), o líder do PP, Arthur Lira (AL), e o líder da Maioria, Aguinaldo Ribeiro (PP-PB), são os mais cotados para assumir o posto. Os dois primeiros podem ter o apoio de Bolsonaro na disputa. A lista de pré-candidatos foi ampliada nesta semana após o deputado Alexandre Frota (PSDB-SP) iniciar campanha por Alessandro Molon (RJ), líder do PSB. “Precisamos de uma mudança radical na Câmara, e um grande nome para a presidência seria o deputado federal, radialista, historiador e líder da oposição Alessandro Molon. Acho que precisamos mudar principalmente pela movimentação com o Palácio e o Centrão”, escreveu Frota em seu Twitter.” [Estadão]

Frota apoiando o Molon, viado, que quadra da história! Molon seria um ótimo nome.

“Questionado sobre o apoio público, Molon disse não ser o momento de pensar na disputa, mas o Estadão/Broadcast apurou que o parlamentar tem conversado com colegas para viabilizar uma candidatura. “Estou trabalhando para o País superar a crise”, disse o deputado. Já Capitão Augusto (PL-SP), líder da bancada da bala, escancara sua intenção de substituir Maia. “Sou candidato a presidente da Câmara em caráter irrevogável”, disse. O deputado afirmou já ter conversado com dezenas de colegas para conseguir apoio e calcula ter 70 votos ao seu favor. “Preciso pelo menos mais 30 para chegar ao segundo turno”, contabiliza. Augusto não se preocupa com a movimentação do Palácio do Planalto. “Não acredito que Bolsonaro vá se envolver. Isso já deu errado em outros governos e pode ser um tiro no pé”, disse.”

Sentiu falta de FABINHO LIDERANÇA?!

“Outro que também faz campanha abertamente é Fábio Ramalho (MDB-MG), que pretende entrar na disputa pela terceira vez consecutiva. Mesmo sem o apoio do partido, “Fabinho Liderança”, como é conhecido, disse que tem conversado com colegas e que sua candidatura é uma demanda dos próprios deputados. Fabinho tem bom trânsito no baixo clero da Casa por distribuir guloseimas aos colegas em dias de sessão. Na última disputa, porém, obteve apenas 66 votos.

A antecipação da discussão para a substituição de Maia é criticada no Parlamento. “Antecipar esse debate é dispersar num momento em que a conjuntura exige concentração, no combate à crise sanitária e econômica. Tem ainda um outro efeito que é enfraquecer o poder de Maia em um momento que ele precisa ser fortalecido”, disse o líder do Cidadania na Câmara, Arnaldo Jardim (Cidadania-SP). Enio Verri (PR), líder do PT – partido que costuma ter candidato próprio para a disputa –, também acredita que não é o momento de se discutir a sucessão de Maia. “Antecipação tem limite. Vamos discutir isso em dezembro, estamos ainda em abril e em uma pandemia. É muito cedo”, disse.”

E por falar em Maia!

“A 15 dias de perder a validade, a medida provisória da grilagem de terra ou da regularização fundiária, conforme o ângulo de quem a observa, ainda está longe do consenso. A MP provocou um racha no agronegócio e tende a ser amenizada pelos ruralistas, mas a nova versão do texto ainda não agradou aos ambientalistas e à oposição. Rodrigo Maia (DEM-RJ) já avisou que só pautará a análise se houver consenso entre os três grupos, equação difícil de ser resolvida. Se uma nova versão passar pelo crivo de todos, deverá ir a votação na semana que vem. O relator da MP, Zé Silva (SD-MG), propôs mudanças: permite o sensoriamento remoto de propriedades de até 15 módulos fiscais (que variam entre Estados) e o estabelecimento de um marco temporal de regularização com base na atual legislação. Para Rodrigo Agostinho (PSB-SP), liderança ambientalista, não há acordo em torno da nova versão: o texto continua permitindo que grandes áreas de terra pública sejam legalizadas sem a devida vistoria. “O sensoriamento remoto funcionaria para pequenas propriedades, de 1 módulo fiscal, por exemplo, o que já resolveria o problema de 96% dos assentados e dos posseiros da Amazônia. Mais do que isso é incentivar a corrida por terras lá. Mas a gente ainda está discutindo e confiamos no relator”, disse Agostinho.” [Estadão]

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10. O retrato do governo

Que desgraça:

“Renan da Silva Sena, funcionário terceirizado do MDH (Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos), agrediu verbalmente e cuspiu em enfermeiras que faziam uma manifestação na Praça dos Três Poderes, em Brasília, na última sexta-feira (1º). Sena é analista de projetos do setor socioeducativo, mas não aparece nem exerce suas atividades no ministério desde meados de março. Ele foi contratado pela empresa G4F Soluções Corporativas Ltda, que tem um contrato com o MDH no valor de R$ 20 milhões de prestação serviços operacionais e apoio administrativo.” [UOL]

Um troço importante nesses dias é não se indignar com qualquer coisa, e aí eu pensei, bem, o cara é terceirizado, não é do ministério nem concursado. Pois bem:

“Comandada pela ministra Damares Alves, a pasta afirmou, em resposta ao UOL, que pediu à empresa terceirizada a demissão de Sena e que ela teria sido concretizada em 23 de abril. Porém a reportagem pediu e não recebeu a documentação que provasse o ato demissionário. Verificou-se também que o email funcional dele continuava ativo até o dia de ontem.  A apuração do UOL permite afirmar que a empresa terceirizada não foi notificada do pedido de desligamento. A reportagem pediu acesso à assessoria do ministério a um parecer ou a uma documentação que comprovasse a demissão de Sena, mas não recebeu resposta.”

“Engenheiro eletricista de formação e missionário da Igreja Batista Vale do Amanhecer, Renan Sena presta serviço, desde fevereiro, à SNDCA (Secretaria Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente), que coordena o Sinase (Sistema Nacional de Atendimento Socioeducativo), responsável pela execução de medidas destinadas a adolescentes em conflitos com a lei. Sena é considerado por colegas de trabalho “como uma pessoa de trato difícil e insubordinada”, apurou a reportagem. Desde meados de março até o dia em que agrediu as enfermeiras, ele chegou a alegar que estava doente, não respondeu aos emails de seus superiores no MDH nem executou suas tarefas. Contudo, participou de diversos protestos em que pedia intervenção militar ou que o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) cometesse um golpe de Estado, como o ato realizado em Brasília no dia 15 de março.”

E é preciso dar nome aos bois:

“Renan Sena estava acompanhado da empresária Marluce Carvalho de Oliveira Gomes, que também insultou as enfermeiras, e do professor de inglês Gustavo Gayer, que divulgou nas redes sociais imagens do protesto, classificando-o como “mentiroso”.”

Esses são os equivalentes tupiniquins aos direitistas americnaos que juram que os pais de alunos assassinados em Sandy Hook são atores. Alex Jones foi processado e se fodeu.

E o maestro da Funarte voltou, Bolsonaro tá fritando a Regina com requintes de crueldade:

“O maestro Dante Henrique Mantovani é de novo presidente da Fundação Nacional de Artes (Funarte). Ele foi reconduzido ao cargo conforme mostra publicação no Diário Oficial da União desta segunda-feira (4). Mantovani havia sido exonerado há dois meses, no mesmo dia em que Regina Duarte foi nomeada para comandar a Cultura do governo Jair Bolsonaro. Na ocasião, Mantovani disse que o “rock ativa a droga, que ativa o sexo, que ativa a indústria do aborto; e a indústria do aborto, por sua vez, alimenta uma coisa muito mais pesada, que é o satanismo”.” [G1]

E que delícia esse flagra da conversa de Regina com uma auxiliar sobre a recondução do maestro:

“Que loucura isso, que loucura. Eu acho que ele [Bolsonaro] está me dispensando… Eu passei a noite… Acordava de uma em uma hora e falava assim: ‘Está esquisito, está muito esquisito”

Que coisa, né, Regina?! Quem poderia imaginar uma coisa dessa…

“A secretária de Cultura, Regina Duarte, não foi avisada da nomeação de Dante Mantovani para a Funarte. Segundo o blog apurou, ela disse a aliados que “não entendeu” a nomeação e vai conversar com o presidente Jair Bolsonaro. O encontro está previsto para esta quarta-feira (6). Mantovani havia sido exonerado do cargo dois meses atrás, no dia em que Regina Duarte assumiu o comando da Secretaria da Cultura. Na ocasião, quem assinou a exoneração foi Braga Netto, ministro chefe da Casa Civil. Assessores políticos do presidente querem evitar que a nomeação para a Funarte seja o “caso Valeixo” de Regina Duarte: ou seja, a gota d’água que a leve a pedir demissão. Oficialmente, Regina vai conversar com Bolsonaro para mostrar o plano de cultura que elaborou desde que foi nomeada.” [G1]

“Na quinta, Regina assistiu “perplexa” à entrevista que a reverenda Jane Silva – ex-secretária adjunta da pasta – deu ao canal do youtuber bolsonarista Oswaldo Eustáquio. Nela, Jane acusa a ministra de… aparelhamento do órgão.” [Estadão]

E tem mais demente na Funarte, tenha sua calma:

“O ministro do Turismo, Marcelo Álvaro Antônio, promoveu Luciano da Silva Barbosa Querido​, ex-assessor do vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ), a diretor-executivo da Funarte. Querido havia sido nomeado no começo de abril para ocupar o cargo de diretor do Centro de Programas Integrados (Cepin) da Funarte, que tem como principal foco a preservação, o registro e a difusão do acervo da instituição.​ Em seu perfil do Linkedin, Querido, bacharel em Direito, lista que trabalhou com Carlos Bolsonaro entre outubro de 2002 e dezembro de 2017. Essa nomeação ocorre no mesmo dia em que Bolsonaro devolve a Funarte ao maestro Dante Mantovani, que foi afastado na gestão de Regina Duarte, em março. A nomeação de Mantovani é mais um capítulo no processo de fritura política da atriz Regina Duarte no governo.” [Folha]

Que proeza de governo, puta que pariu.

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11. Medo e Delírio em Tel-Aviv

Olha o naipe do minsitro da Saúde israelense – o texto é do Gilles Lapouge:

“Há pessoas mais intolerantes do que Trump ou Bolsonaro. São aquelas que, em Israel, encontramos em alguns bairros de Tel-Aviv ou Jerusalém, e em algumas cidades pequenas. Em Paris, elas se concentram nos distritos 19 e 20 e pertencem à comunidade ultraortodoxa dos haredim, o que significa “aqueles que temem a Deus”. Mas não o coronavírus. E eles são numerosos e poderosos, pois Yaakov Litzman, presidente da sua agremiação política, Agudat Yisrael, comanda o Ministério da Saúde israelense. Litzman, de 72 anos, com seu chapéu e vestimenta negros e barba branca, parece ter saído de uma sinagoga do século 15. Ele não só não possui nenhum estudo de medicina, como também não toma nenhuma decisão sobre a saúde antes de consultar o mais venerável dos rabinos, que parece receber as ordens do Alto. Litzman é minucioso em matéria de religião. Como ministro da Saúde, já pediu demissão várias vezes. Em 2017, ele se demitiu porque os operários que trabalhavam na manutenção ferroviária não respeitavam o dia do shabat. Este ano, com o surgimento do coronavírus, sua recusa em atender às regras ditadas pelo governo para reduzir a epidemia provocou revolta, até entre os haredim, aterrorizados com o perigo.” [Estadão]

Ca – ra – lhooooo! Estou completamente embasbacado.

“Além disso, o que se fala, sem provas concretas, é que o ministro foi visto na sinagoga onde estaria confinado. Aos ataques, ele respondeu: “Esperamos que o Messias chegue antes da Páscoa, que neste ano será em 8 de abril. Ele virá nos salvar, como Deus nos salvou no êxodo do Egito”. A população de Israel, uma das mais evoluídas e modernas do mundo, está cada vez mais furiosa com a obstinação do ministro da Saúde: os professores mais reconhecidos do campo da medicina, aterrorizados com as posições adotadas pelo ministro, exigem que suas ordens não sejam acatadas. É verdade que, mesmo se desejassem, os “tementes” não podem se inclinar às ordens do poder. É certo que, a separação de homens e mulheres não seria um problema, uma vez que a crença já estabelece essa separação – as mulheres ocupando espaços subalternos, geralmente exíguos, no fundo das sinagogas. Não existe ar-condicionado, proibido como todas as invenções modernas. Nada de internet e nenhum outro jornal além do seu.

Eles conseguiram impedir que seus jovens fossem obrigados a prestar o serviço militar, não só por causa dos seus deveres religiosos, na sinagoga, mas também porque o Exército seria uns instituição do poder e eles o ignoram. Durante a crise atual foram distribuídas refeições quentes pelos soldados. As crianças haredim, que jamais ouviram falar do Exército, ficaram atônitas ao verem os soldados. O incompreensível é que essa comunidade tem um poder político e um ministro pelo menos. O fato é que eles são numerosos (cerca de 20% da população), mas imagino que seja impossível fazer um recenseamento, pois sem dúvida isso é proibido pelos rabinos. O ministro da Saúde conseguiu resistir às críticas e conservar seu feudo, embora nem o Messias, nem mesmo Deus, tenham se manifestado na Páscoa, apesar do discurso tranquilizador de Litzman. Israel adotou as recomendações sanitárias de modo exemplar, registrando um pequeno número de mortes pelo coronavírus. Em compensação, nos bairros de grande densidade populacional dos ultraortodoxos, a taxa de mortalidade é enorme.”

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>>>> Do Hélio Schwartsman: “Eu tento ser uma pessoa boa, mas nem sempre consigo. Confesso que experimento um certo prazer —uma “Schadenfreude”, diriam os sempre precisos alemães— ao ver bolsonaristas contorcendo seus neurônios para processar a nova aliança do mito com o centrão ou ao se verem obrigados a reclassificar o ex-herói Sergio Moro como um traidor. O meu prazer é, de um ponto de vista cristão ou kantiano, condenável, porque se baseia no sofrimento mental por que essas pessoas passam ao lidar com contradições óbvias demais para serem ignoradas –dissonâncias cognitivas no vocabulário da psicologia. E cristãos e kantianos não deveriam extrair prazer da dor alheia. Mas não sou tão kantiano assim e nada cristão. Já que os eleitores de Bolsonaro nos impingiram esse estrupício, é justo que sofram pelo menos um pouquinho também. Nossa janela para regozijo, porém, é curta. Uma série de trabalhos inaugurados por Leon Festinger nos anos 50 mostra que, quando confrontados com dissonâncias cognitivas, nossos cérebros fazem de tudo para dissolver as contradições e eliminar o sofrimento mental, mesmo que isso signifique criar fabulações e acreditar em mentiras. Em mais alguns dias, os bolsonaristas de raiz jurarão que o centrão sempre esteve do lado do bem e que Moro sempre foi petista.” [Folha]

>>>> A Folha fez uma matéria hilária com o pessoal do Centrão jurando de pé junto que nenhum cargo foi oferecido mas… “O único a reconhecer publicamente a oferta de cargos é o presidente do Solidariedade, Paulo Pereira da Silva (SP), que diz não ter se encontrado ou falado com Bolsonaro nos últimos tempos. Ele afirma ter negado proposta do governo de indicar aliados para comandar o Porto de Santos. Entre os cargos negociados entre Bolsonaro e o centrão estão Banco do Nordeste, Codevasf (Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba) FNDE (Fundo Nacional para o Desenvolvimento da Educação), Dnocs (Departamento Nacional de Obras Contra as Secas), Funasa (Fundação Nacional de Saúde) e secretarias do Ministério de Desenvolvimento Regional, entre outros.” [Folha]

>>> O apetite do Waldemar: “Nas negociações do Centrão por mais espaço no governo, os pedidos do PL de Valdemar Costa Neto não param de aumentar. O partido quer de volta a Refer, o fundo de pensão dos funcionários de sete companhias ferroviárias. Com patrimônio de R$ 6 bilhões, a Refer foi durante anos feudo de Costa Neto e do ex-deputado Paulo Feijó, ambos enrolados em suspeitas de desvio de dinheiro público. Eles perderam o controle no ano passado, mas não aceitaram a derrota.” [Estadão]

>>>> Zzzzzzzzz: “Os Estados Unidos criticaram nesta quarta-feira (29) a África do Sul e o Catar por contratarem serviços médicos de Cuba para combater o coronavírus, acusando a ilha de se aproveitar da pandemia para continuar ganhando dinheiro às custas de seus funcionários de saúde, o que Havana negou. O chefe da diplomacia americana, Mike Pompeo, pediu para não endossar o sistema símbolo do governo comunista de Havana, e uma importante fonte de renda, que Washington considera uma forma moderna de “escravidão”. “Aplaudimos os líderes de Brasil, Equador e Bolívia e outros países que se negaram a fazer vista grossa a esses abusos por parte do regime cubano, e pedimos a todos os países que façam o mesmo, inclusive África do Sul e Catar”, disse Pompeu a jornalistas. O presidente cubano, Miguel Díaz-Canel, reagiu no Twitter, afirmando que os “Estados Unidos enganam deliberadamente quando atacam a cooperação médica internacional de Cuba com mentiras e calúnias”. A África do Sul, que assim como o Catar mantém relações próximas com Estados Unidos, anunciou na segunda-feira a chegada de 217 especialistas e funcionários de saúde cubanos ao país, que registra o maior número de casos de coronavírus na África.” [UOL]

>>>> Do presidente do itaú e eleitor do Bolsonaro, claro: “É muito importante que o mercado acredite que a dívida pública será controlada na saída da crise e, para isso, é muito importante que haja harmonia entre os poderes Executivo, Legislativo e Judiciário. E, em função desse quadro, eu naturalmente vejo com preocupação todo o cenário de tensões políticas. Nós não precisaríamos acrescentar uma crise política à grande crise de saúde e econômica que já estamos vivendo” [Folha] O sujeito votou numa USINA de crises políticas e fica reclamando de cries políticas, coerência mandou lembranças.

>>> O apetite do Waldemar: “Pesos-pesados do empresariado, como Edgard Corona (Bio Ritmo), João Appolinário (Polishop), Sebastião Bomfim (Centauro), Washington Cinel (Gocil) e Alberto Saraiva (Habib’s) pensam em deixar o Brasil 200. Esses empresários estão insatisfeitos com os rumos tomados por Gabriel Kanner, sobrinho de Flávio Rocha, da Riachuelo, e atual presidente do instituto. A decisão, porém, não significa um afastamento de Jair Bolsonaro e de alguns de seus principais ministros, pelo contrário. A gota d’água foi uma live anunciada por Kanner com o vice-presidente, visto como alternativa de poder a Bolsonaro neste momento. “Esta live com o (Hamilton) Mourão é apenas mais um erro do Gabriel”, escreveu em um grupo um dos dissidentes. Kanner reconheceu que houve “certo desconforto” no grupo, mas disse que vai continuar defendendo as ideias do Brasil 200: agenda liberal na economia e conservadora nos costumes. Segundo ele, o grupo é “essencialmente político”” [Estadão]

>>>> Destruição de cadeia de fornecedores é algo bem punk, e o govenro só assistindo: “Surpreendido pela pandemia, que zerou as vendas, o presidente da FCA Fiat Chrysler América Latina, Antonio Filosa, prevê fortes quedas na demanda até o quarto trimestre deste ano. Segundo o executivo, o emprego na montadora está garantido até pelo menos novembro para atravessar a crise, mas a situação da cadeia de fornecimento preocupa. “Nós teremos fornecedores, sobretudo pequenos e médios, em processo de falência. Então, mais do que perder empregos, o que já é dramático, estamos falando de perder parte da cadeia. O final de maio já será um mês de grande problema, mas eu enxergo nenhuma ou pouquíssimas capazes de passar até junho”, diz.” [Folha]

>>>> A Disney tá fodida: “O reino foi próspero, um dia, e causava inveja a todos. Mas uma ameaça invisível surgiu. Essa poderia ser a história de um filme clássico da Disney. Mas em lugar disso a empresa a está vivendo —e o felizes para sempre não parece próximo. Depois de uma década de crescimento espetacular, o conglomerado de entretenimento foi devastado pela pandemia do coronavírus. Seus 14 parques temáticos (que recebem 157 milhões de visitantes ao ano) produziram lucros recorde em 2019. Agora, estão trancados. Os estúdios de cinema do grupo (são oito no total) dominaram espantosos 40% das bilheterias dos Estados Unidos no ano passado. Agora, estão praticamente paralisados. A companhia se transformou em um colosso, nos últimos 14 anos. Adquiriu a Pixar, a Marvel e a franquia “Star Wars”. Mais recentemente, para resistir à incursão do Vale do Silício a Hollywood, a Disney adquiriu uma coleção de propriedades de mídia como “Os Simpsons” e o grupo National Geographic, ao tomar o controle de diversos ativos da Twenty-First Century Fox em uma transação de US$ 71,3 bilhões. Agora, no entanto, a vastidão da Disney se tornou um ponto fraco, criando uma coleção atordoante de propriedades, algumas das quais costumam ser ignoradas: quatro estúdios de TV, que juntos produzem cerca de 70 programas; 42 mil quartos de hotel e unidades de turismo “timeshare” espalhadas por três continentes; o maior negócio mundial de licenciamento, com faturamento de US$ 55 bilhões em vendas de mercadorias; uma divisão editorial que produz livros infantis, revistas e produtos digitais em 68 países e 45 idiomas; uma cadeia de 25 escolas Disney de inglês na China. A Disney tem quatro navios (capacidade total: 13,4 mil passageiros), com outros três em construção, ao custo de cerca de US$ 1 bilhão cada. Castaway Cay, a ilha privativa da empresa no Caribe, serve como porto de parada para os cruzeiros, e a Disney está gastando centenas de milhões de dólares na construção de um segundo terminal turístico nas ilhas. Mas o Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos (CDC, na sigla em inglês) no dia 9 de abril prorrogou sua proibição à partida de navios de cruzeiro, por prazo indefinido. E mesmo quando os navios puderem voltar a navegar, a expectativa é de demanda fraca. Um golpe de sorte: os novos navios da Disney provavelmente terão sua entrada em serviço postergada (o primeiro deveria começar a operar em 2022), porque os estaleiros alemães em que estão sendo construídos estão fechados.

>>> Bom pra caralho!