Dia 209: o mais vil dos vis presidentes | 29/07/19

Provavelmente os editoriais – e algumas das notícias – do fim de semana passarão para os posts de segunda-feira. É muito difícil dar conta desse governo e usarei os fins de semana em busca de alguma sanidade mental, post de fim de semana agora só em caso de hecatombes. Isso é, não demora muito.

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Editorial ou coisa que o valha

A virtuosidade desse governo reside nos seus erros. Os acertos se contam na mão esquerda do Lula, já os erros parecem ser infinitos, obras de um dedicado ourives, um exímio e incansável artesão da estupidez. Sim, estou bêbado, na madrugada de sábado para domingo.

Já tivemos Renan Calheiros ministro da justiça, Aldo Rebelo desfilando aquele patriotismo esquisito e uma vasta coleção de escrotos ostentando um ministério. Mas nem se juntar toda a vileza dessa galera chega aos pés dum Abraham ou dum Salles.

Embora pareça não haver método nessa loucura, esse governo é irritantemente metódico em seus erros, tal qual um João Gilberto em busca da perfeição. Não basta errar aqui ou acolá, é preciso estar errado em sua plenitude. A virtuosidade desses imbecis produz desastres sem precedentes em todos os ministérios.

O chanceler fugiu do hospício e tá numa cruzada religiosa constrangedora, o Salles envergonha até parte dos ruralistas, o Abraham lidera com folga a corrida para ministro mais filho da puta da história do país, Osmar Terra arrota sua estupidez com aquele cheirinho de século 19 e Damares diz, dentre outras sandices, que as meninas da Ilha do Marajó são estupradas porque não usam calcinhas. Ah, e ainda tem o general/articulador político que se diz um enviado divino!

Todos à imagem e semelhança do capitão, o presidente que personifica tudo que há de errado com o Brasil nos últimos 5 séculos – e não à toa é tratado como o mito, não há contradição aí, eis a nossa desgraça. Todo governo por si só é indefensável – governo não existe pra ser defendido, mas sim criticado – mas esse governo vai muito além.

O problema não é mais defender governo, o problema agora é não criticar esses dementes com a virulência necessária. O autoritarismo desse governo, antes discreto, arreganhou os dentes e ainda há quem use a agenda econômica como escudo para essa inesgotável coleção de loucuras.

O fascismo europeu não surgiu apesar das elites econômicas, mas umbilicalmente ligada a elas, e o Brasil segue pelo mesmo caminho. Em nome de uma agenda econômica as “pessoas de bem” abraçam até o capeta – e abraçam com gosto.

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1. Um grande show de demência

Bolsonaro está completamente descontrolado – e olha que o padrão já é caótico – e muito , muito falante.

Ao falar sobre o Adélio usou uma fake news de meses para atacar a OAB e, sem ninguém mencionar o nome do presidente do OAB, Bolsonaro enfileirou as seguintes palavras:

diabo.jpg

“Um dia se o presidente da OAB [Felipe Santa Cruz] quiser saber como é que o pai dele desapareceu no período militar, eu conto para ele. Ele não vai querer ouvir a verdade. Eu conto para ele” [G1]

Como alguém bem falou, é inimaginável um presidente de direita da América latina  falar uma atrocidade desse naipe. Piñera e Macri JAMAIS seria capazes de tamanha monstruosidade. Por lá há algum decoro até na escrotidão.

E o ódio de Bolsonaro pelo presidente da OAB vem de alguns anos:

“Em abril de 2016, dias depois de aberto o processo de impeachment contra a ex-presidente Dilma Rousseff (PT), a seccional da OAB do Rio de Janeiro, comandada à época por Felipe Santa Cruz, protocolou na Câmara dos Deputados um requerimento pedindo a cassação do mandato do então deputado Jair Bolsonaro por quebra de decoro parlamentar e apologia à tortura. Na oportunidade, Bolsonaro, ao declarar seu voto favorável à abertura do impeachment, homenageou Carlos Alberto Brilhante Ustra, condenado por tortura durante a ditadura militar. “Pela memória do Coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra, o pavor de Dilma Rousseff”, disse o então deputado ao votar pela abertura do processo. A seccional da OAB do Rio também enviou um ofício ao então procurador-geral da República, Rodrigo Janot, classificando a declaração como um “ato abonminável” e pedindo providência do Ministério Público.”

O Brasil acabou quando Bolsonaro elogiou o Ulstra e não saiu preso do plenário – infelizmente essa frase não é minha, passou um print dia desses pela minha frente e nem fodendo consigo achar de quem é).

Bolonaro resolveu atacar o Glenn da forma mais covarde possível:

“Eu teria feito um decreto porque quem não presta tem que mandar embora. Tem nada a ver com esse Glenn. Nem se encaixa na portaria o crime que ele está cometendo. Até porque ele é casado com outro homem e tem meninos adotados no Brasil. Malandro para evitar um problema desse, casa com outro malandro ou adota criança no Brasil. O Glenn não vai embora, pode ficar tranquilo. Talvez pegue uma cana aqui no Brasil, não vai pegar lá fora não”  [BBC]

O mais absurdo deveria ser um presidente ameaçando CANA a um jornalista, mas Bolsonaro disse que a adoção foi um ato de MALANDRAGEM do Glenn, que se casou com “outro malandro”. E pensar que na década passada o Brasil inteiro se escandalizava, com razão, com Lula querendo enviar o correspondente do NYT de volta para os EUA.

E no dia seguinte Bolsonaro pede truco aos berros:

No meu entender, isso teve transações pecuniárias. A intenção é sempre atingir a Lava-Jato, o Sergio Moro, a minha pessoa, tentar desqualificar, desgastar. Invasão de telefone é crime, ponto final. Não pode se escudar: “sou jornalista”. Jornalista tem de fazer seu trabalho. Preservar sigilo da fonte, tudo bem. Agora, uma origem criminosa, o cara vai preservar o crime, invadindo a República, desgastando nome do Brasil, lá fora inclusive. Eu espero que a PF, não é fácil, mas chegue aos finalmentes desse crime praticado por essas pessoas [O Globo]

E é uma patada atrás da outra para a imprensa brasileira – perguntas indesejáveis são tratadas assim:

“Com licença, estou numa solenidade militar, tem familiares meus aqui, eu prefiro vê-los do que responder uma pergunta idiota para você. Tá respondido? Próxima pergunta. Eu vou falar de Brasil e de Goiás. Eu já sei a sua pergunta”  [O Globo]

Outro jornalista tentou fazer a mesma pergunta – sobre a viagem de helicóptero de seus familiares – e Bolsonaro resolveu encerrar a entrevista:

“Ele então deu as costas e encerrou a entrevista em menos de um minuto. “

O video é espantoso:

Faço minha cada vírgula desse texto irretocável do Antônio Prata:

“No final da semana passada, numa logorreia alucinante que fez Homer Simpson parecer um Bertrand Russell, Bolsonaro disse que os dados do Inpe sobre desmatamento na Amazônia eram falsos e que os cientistas deviam estar a serviço de alguma ONG. Disse que iria fechar ou privatizar a Ancine para que não houvesse mais dinheiro público em filmes como “Bruna Surfistinha”. Disse que não existia fome no Brasil. Disse que a jornalista Miriam Leitão participava da luta armada na ditadura e mentia sobre haver sido torturada. Por fim, Jair referiu-se aos governadores do Nordeste como governadores “de Paraíba”.

Na primeira página de sábado (20), a Folha definiu as declarações como “controversas”. Em matéria na página A4, adjetivou “governadores de Paraíba” como uma “fala polêmica”. Qualquer fala é “controversa” ou “polêmica” desde que haja versões contrárias ou cause barulho. Se eu disser que os brancos são superiores aos negros e que as mulheres são burras, terei sido “controverso” e “polêmico”, claro, pois a ciência diz o contrário. Se quisermos ser mais precisos, contudo, devemos afirmar que fui racista e machista. As falas de Bolsonaro sobre o Inpe e Miriam Leitão são mentirosas. A fala sobre a Ancine é autoritária, dirigista, censora, abusiva. A fala sobre os governadores nordestinos é preconceituosa, ofensiva. Talvez por receio de parecer partidária ao qualificar as declarações do presidente com os adjetivos acima, tanto a Folha quanto outros veículos de comunicação acabam tomando o partido oposto, normalizando seus absurdos.

Quando usamos o termo “controvérsia”, legitimamos os supostos dois lados da moeda. Batizar uma mentira de “polêmica” é dar 50% de credibilidade para o fato, 50% para a fraude. Os termos não são apenas vagos, eles deturpam a realidade que o jornalismo precisa reportar. Dados mostram que 5.653 pessoas morreram de fome no Brasil, em 2017. Décadas de trabalho sério evidenciam que os cientistas do Inpe não forjam seus estudos a serviço de ONGs. Existem provas e testemunhas de que Miriam Leitão nunca participou da luta armada, foi torturada e presa numa cela, nua, com uma jiboia, aos 19 anos. (Sobre este último requinte de sadismo, Bolsonaro declarou, meses atrás: “Coitada da cobra”). Há tanta “controvérsia” sobre estes fatos quanto há sobre a segurança das vacinas e a circunferência da Terra. Cabe ao jornalismo afirmar com todas as letras que os que discordam de tais afirmações estão errados —e quando eles sabem que estão errados e mesmo assim emitem tais opiniões, é preciso dizer que eles mentem.

Há, por trás destas questões, uma outra. Como fazer um jornal (ou uma TV) que vive de assinaturas (ou audiência) e publicidade, buscando o maior número possível de pontos de vista, numa época em que estes pontos de vista incluem movimentos antivacina, terraplanismo (!), machismo, racismo, homofobia e até mesmo Olavo de Carvalho (!!!)? Ao meu ver, não é alargando as fronteiras do aceitável, mas fincando os pés na tradição iluminista, democrática, civilizatória. Se o mundo está ficando louco, não convém à mídia enlouquecer para acompanhar a tendência. ​A imprensa, a ciência e a arte, os três maiores alvos do populismo autoritário que se espalha pelo globo, têm entre si um denominador comum: a busca pela verdade. Nestes seis meses de obscurantismo galopante, no Brasil, a Folha tem sido um pilar fundamental deste tripé: que não tenha medo de reportar a mentira, a ofensa, a burrice e o autoritarismo nos próximos três anos e meio.”  [Folha]

E não só isso, qualquer ataque a um jornalista deveria ser entendido omo ataque a TODOS os jornalistas. Se o presidente não quer responder determinada pergunta, essa é a única pergunta a ser feita, simples assim. Se o presidente quiser barrar uma emissora, as outras não têm que ir em solidariedade.

Pra encerrar, a coluna, na íntegra, do Celso Rocha de Barros:

“Justiça seja feita: se Bolsonaro não tentasse destruir a democracia brasileira, teria praticado estelionato eleitoral. Foi isso que passou a campanha inteira dizendo que faria. Durante todo o ano de 2018, Bolsonaro repetiu que não reconheceria uma derrota —isto é, que tentaria um golpe de Estado se Fernando Haddad tivesse sido eleito. Seu filho Eduardo Bolsonaro, nosso futuro embaixador em Washington, declarou que, para fechar o STF, bastariam um soldado e um cabo. Quando indagado, no programa Roda Viva, sobre seu livro de cabeceira, Bolsonaro citou, às gargalhadas, as memórias falsificadas do torturador Brilhante Ustra, que já havia homenageado na votação do impeachment. Faltando uma semana para a eleição, com 20 pontos de vantagem sobre o opositor, Bolsonaro discursou dizendo que para a esquerda só restariam o exílio ou a prisão. Sinceramente, vocês acharam que a Presidência desse sujeito ia ser o quê?

Nesses seis meses, não houve nenhum gesto de moderação. A deputada bolsonarista Bia Kicis propôs revogar a PEC da Bengala para permitir que Bolsonaro nomeasse mais ministros para o STF —um entre vários movimentos extraídos do repertório do ditador húngaro Viktor Orban. Militares filmaram ostensivamente uma palestra na Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência porque o palestrante tinha críticas à política ambiental de Bolsonaro. O general Santos Cruz foi demitido de maneira humilhante porque entrou em conflito com a extrema direita bolsonarista. Os ataques à imprensa começaram contra a Folha; prosseguiram —sempre sórdidos, sempre imundos— contra jornalistas do Estado de S. Paulo, da Globo e de toda a imprensa independente. As universidades estão sob cerco, e toda a máquina governamental brasileira está engajada em uma guerra contra a ciência.

O Brasil passou a votar com a Arábia Saudita na ONU em todas as questões relativas a direitos humanos. Olavo de Carvalho começou a fazer doutrinação de graça para policiais, para a eventualidade de os militares se provarem democratas. Depois da votação da reforma da Previdência, a escalada autoritária se acelerou. Convicto de que a elite agora estava devidamente comprada, Bolsonaro tornou-se mais ousado. Os ataques contra Míriam Leitão foram o começo dessa ofensiva. Mas foi com a guerra à Vaza Jato que Bolsonaro percebeu a possibilidade de destruir a democracia em nome do combate à corrupção. Não há combate nenhum, é claro: há, sim, um acordão para livrar Flávio Bolsonaro, com Supremo, com tudo. Mas, na falta de uma reputação de honestidade própria, Bolsonaro parasitou a de Moro, que, coitado, acha que isso tudo é para defendê-lo.

Como parte dessa escalada, no último sábado, Bolsonaro cruzou uma linha: sugeriu que Glenn Greenwald, fundador do Intercept, havia se casado e adotado duas crianças para não ser deportado, acrescentando que o jornalista poderia “pegar uma cana” no Brasil. É inaceitável e é mais um esforço bolsonarista de nos fazer cansar sob o peso do nojo. Quanto antes os brasileiros entenderem que o bolsonarismo odeia tudo que neles é livre, maiores serão as chances de preservarmos a liberdade que”  [Folha]

E boa parte do país achava que Bolsonaro poderia ser contido, como se o poder trouxesse prudência a alguém.

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2. Vaza-jato

O ritmo tá frenético, e quem reclamava da demora do Intercept agora reclama da rapidez, só dá maluco. E o episódio recente é um dos mais graves, pois mostra claramente a manipulação eleitoral da Lava-jato:

“Considerações políticas influenciaram a decisão do então juiz Sergio Moro de divulgar parte da delação do ex-ministro Antonio Palocci a seis dias do primeiro turno da eleição presidencial do ano passado, sugerem mensagens trocadas na época por procuradores da Operação Lava Jato. Os diálogos, obtidos pelo The Intercept Brasil e analisados pela Folha junto com o site, indicam que Moro tinha dúvidas sobre as provas apresentadas por Palocci, mas achava sua colaboração relevante mesmo assim por representar uma quebra dos vínculos que uniam os petistas desde o início das investigações.

“Russo comentou que embora seja difícil provar ele é o único que quebrou a omerta petista”, disse o procurador Paulo Roberto Galvão a seus colegas num grupo de mensagens do aplicativo Telegram em 25 de setembro, tratando Moro pelo apelido que eles usavam e associando os petistas à Omertà, o código de honra dos mafiosos italianos. Outros membros do grupo também expressaram ceticismo. “Não só é difícil provar, como é impossível extrair algo da delação dele”, afirmou a procuradora Laura Tessler. “O melhor é que [Palocci] fala até daquilo que ele acha que pode ser que talvez seja”, acrescentou Antônio Carlos Welter. Nesse dia, Moro acabara de receber as provas entregues pelo delator e se preparava para divulgar um dos depoimentos que o ex-ministro prestara sobre a corrupção nos governos do PT. O comentário reproduzido por Galvão sugere que o juiz deixou de lado sua insegurança sobre as provas ao tornar a delação pública. Moro divulgou a delação de Palocci no dia 1º de outubro, uma semana após o comentário reproduzido por Paulo Roberto Galvão no Telegram e uma semana antes do primeiro turno das eleições presidenciais.”  [Folha]

A parte mais espantosa nem é a divulgação do depoimento do Moro há uma semana da eleição, mas as justificativas dadas e mudanças de versões:

“O então juiz anexou os documentos aos autos de um processo que trata do apoio da Odebrecht ao Instituto Lula, em que o ex-presidente e seu ex-ministro são réus. Em seu despacho, Moro justificou a medida argumentando que, como seria responsável por avaliar os benefícios oferecidos a Palocci mais tarde, na sentença do processo, era necessário anexar aos autos os termos da colaboração de Palocci, a decisão judicial que homologou o acordo e o depoimento que fosse “pertinente a estes autos”. Moro afirmou também que isso era necessário para garantir ampla defesa aos demais acusados na ação, embora tenha feito a ressalva de que só iria considerar em sua sentença o depoimento prestado por Palocci à Justiça em 2017, quando o juiz, o Ministério Público e os advogados dos outros réus puderam questioná-lo.”

Entendeu? O juiz anexou um depoimento em  outro processo e disse que não levará esse mesmo depoimento em consideração em sua sentença! A isso dá-se o nome de paradoxo de Moro. E repare a mudança da argumentação do ex-juiz:

“Duas semanas depois, ao se defender contra uma reclamação apresentada contra ele no Conselho Nacional de Justiça, Moro apresentou novos argumentos para justificar o despacho que tornou pública a delação de Palocci e negou que sua intenção tivesse sido influenciar as eleições presidenciais.

“Não deve o juiz atuar como guardião de segredos sombrios de agentes políticos suspeitos de corrupção”, escreveu Moro. “Retardar a publicidade do depoimento para depois das eleições poderia ser considerado tão inapropriado como a sua divulgação.”

“Um mês depois de apresentar essas explicações, Moro abandonou a magistratura para ser ministro da Justiça e Segurança Pública no governo Bolsonaro. Duas semanas depois, o TRF-4 soltou Palocci, que estava preso em Curitiba havia dois anos, e determinou seu recolhimento em prisão domiciliar, monitorado por tornozeleira eletrônica.”

Que 171 do caralho!

“Embora Palocci não tivesse apresentado provas das alegações sobre Dilma e sua narrativa fosse essencialmente uma repetição do que dissera antes ao depor à Justiça, o depoimento divulgado por Moro alcançou grande repercussão na reta final da campanha presidencial. No dia 1º, o assunto ocupou quase nove minutos do Jornal Nacional, da TV Globo. A reportagem citou duas vezes a ligação do ex-presidente da Petrobras José Sérgio Gabrielli com a campanha do então candidato presidencial do PT, Fernando Haddad, que aparecia em segundo lugar na corrida eleitoral, bem atrás do favorito, Jair Bolsonaro (PSL).”

E repare no padrão: Moro fez isso há uma semana do pleito nacional, e a mesma coisa aconteceu com o Bretas, amigão da Whitney. Ele soltou uma delação contra o paes a 6 dias do primeiro turno. E foi curtir a posse do Bolsonaro no jatinho da Whitney, entrelaçando as mãos para uma foto deplorável.

Voltando agora ao vazamento sobre as palestras do guloso Deltan, se bobear a melhor fase da Vaza-jato ate aqui é “o risco tá bem pago, rs“:

“Nomes da elite do MPF descreveram os relatos como “constrangedores”, por explicitarem “ganância e busca de notoriedade”  [Folha]

Outro episódio memorável descoberto a partir da vaza-jato é a história do procurador que pagou, do próprio bolso, um outdoor em homenagem à Lava-jato:

“O procurador da República Diogo Castor de Mattos foi afastado da força-tarefa da Operação Lava Jato no Paraná porque participou do financiamento de outdoors com uma campanha de apoio à Lava Jato, que os próprios colegas entenderam ser conflituoso com o exercício da função. A história foi revelada pelo hacker que teve acesso a mensagens privadas do grupo, Walter Delgatti Neto, durante depoimento à Polícia Federal nesta semana, e confirmada na noite desta sexta à coluna por duas fontes da Lava Jato. O outdoor foi instalado em março deste ano na rodovia de acesso ao aeroporto Afonso Pena, em São José dos Pinhais, na Região Metropolitana de Curitiba. A peça trazia imagens de nove procuradores e a seguinte mensagem, sem assinatura: “Bem-vindo a República de Curitiba – terra da Operação Lava Jato – a investigação que mudou o país. Aqui a lei se cumpre. 17 de março, cinco anos de Operação Lava Jato – O Brasil Agradece”.”  [Época]

Até aí seria a história dum procurador pateticamente vaidoso, certo? Bem, piora porque os procuradores mentiram sobre a real causa do afastamento:

“Castor foi afastado da força-tarefa em abril deste ano. Na época, reservadamente, colegas atribuíram a sua saída apenas a uma recomendação médica, em razão de estafa física e mental relacionada ao trabalho desenvolvido no MPF. Publicamente e em nota oficial, os procuradores apenas agradeceram a ele “pelos cinco anos em que se dedicou, com excepcional esforço, às investigações”. Procurada nesta sexta-feira, a Força-Tarefa Lava Jato informou que não comentaria as razões da saída de Diogo Castor. A coluna não localizou o procurador.”

Fiquei na dúvida se o afastamento foi por conta do outdoor ou do que vai abaixo:

“A saída ocorreu pouco tempo depois da publicação de um artigo de sua autoria no site “O Antagonista”, com críticas ao risco de o Supremo Tribunal Federal (STF) transferir para Justiça Eleitoral a apuração de crimes de caixa 2, mesmo quando houvesse indícios da coexistência de crimes como lavagem de dinheiro, corrupção e pertencimento à organização criminosa. No artigo, o procurador se refere aos ministros que defendiam a tese — que inclusive prevaleceria no julgamento do plenário — como “a turma do abafa”.”

Não importa se foi por conta do outdoor ou do artigo, os procuradores têm que ser transparentes e não ficar inventando mentira médica pra justificar afastamento. Se bobear isso aí é crime de acordo com o código da magistratura.

“Ministros do Supremo partidários da Lava Jato ressaltam que são contrários à perseguição a jornalistas, mas cerraram fileiras na defesa da conduta de Moro. Para essa ala, não há falta grave ao ponto de colocar em xeque a atuação da força-tarefa.”

Cerram fileiras na defesa do Moro mas pra quê cerrar fileira em defesa de um jornalista covardemente atacado pelo presidente, né?

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3.  Mais Moro 

A expectativa:

“Os registros de áudio e das notas taquigráficas do Senado —um arquivo oficial, autêntico e não editado— guardam as palavras do ministro Sergio Moro (Justiça) aos senadores no depoimento de 8 horas e 30 minutos em 19 de junho.

Disse o ministro às 9h36 sobre o caso dos hackers: “A investigação está sendo realizada com autonomia pela Polícia Federal. Eu já disse mais de uma vez no passado: o meu papel, como ministro da Justiça, é um papel estrutural, apenas para garantir também a autonomia dos órgãos vinculados ao Ministério da Justiça. Então, eu não acompanho, pari passu, cada um desses acontecimentos.”

Ele voltou ao assunto às 11h32. “Relativamente à investigação, são duas questões: a investigação é sigilosa. Então, não se pode informar fatos relativos a essa investigação, sob risco de ineficácia; e, dois, eu, como ministro da Justiça, não tenho o papel de, vamos dizer assim, atuar nessas investigações diretamente. Meu papel é mais estrutural”, afirmou.

Às 16h48, Moro declarou aos senadores: “Eu, de todo modo, estou afastado, vamos dizer assim, da condução concreta desse inquérito. Essa é uma atribuição da Polícia Federal.””  [Folha]

E a realidade:

“Às 14h09 do dia 24, Moro postou em sua conta no Twitter: “Parabenizo a Polícia Federal pela investigação do grupo de hackers, assim como o MPF e a Justiça Federal. Pessoas com antecedentes criminais, envolvidas em várias espécies de crimes. Elas, a fonte de confiança daqueles que divulgaram as supostas mensagens obtidas por crime.”

Na quinta (25), às 14h04, ele escreveu: “Pelo apurado, ninguém foi hackeado por falta de cautela”. O ministro telefonou para informar autoridades que foram atacadas e anunciar a destruição das mensagens. 

Ele não se afastou da investigação e ainda repassou fatos dela. O Moro do Twitter desmentiu o do Senado.”

E esse vídeo de um tempinho atrás com o Bial é maravilhoso, toda a contradição da defesa do Moro está aí:

vamos suporrrr, o problema ali não era a captação do diálogo e a divulgação do diálogo, o problema ali é o diálogo em si, o conteúdo do diálogo, uma ação visado burlar a justiça

Agora aplique essa lógica ao Intercept.

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4. FUNAI

Quando é o presidente que dá o “salve” é isso que acontece:

“O presidente Jair Bolsonaro disse na manhã desta segunda-feira que, até o momento, não existe “indício forte” que houve um assassinato  na terra indígena Waiãpi , no Amapá, onde um cacique foi morto após a região ser invadida por garimpeiros. O Ministério Público Federal (MPF) e a Polícia Federal (PF) investigam o caso .

– As informações até o momento, eu vou atualizar de manhã, não tem nehum indício forte de que esse índio foi assassinado lá. Chegaram várias possibilidades, a PF está lá, quem nós pudemos mandar nós já mandamos. Buscarei desvendar o caso e mostrar a verdade sobre isso aí – afirmou Bolsonaro.”

Nenhum indício forte! A família relatou que o sujeito foi assassinado não é um indício forte, tpa ok? E daí que a FUNAI confirma homens fortementes armados próximos à aldeia, né? Os indícios ainda são fracos.

De acordo com um memorando da coordenação regional da Fundação Nacional do Índio (Funai), a invasão à região começou a ocorrer no último dia 23, terça-feira, quando foi confirmada a morte do cacique Emyra Waiãpi. No primeiro momento, uma equipe da Funai atribuiu a morte do líder indígena a um afogamento causado por ingestão de uma bebida tradicional, durante uma cerimônia. Nesse sábado, o órgão descartou essa possibilidade e confirmou que a causa da morte de Emyra foi a invasão de garimpeiros.” [O Globo]

Vai ver ele se afogou, né Bolsonaro, assim como Vladimir Herzog resolveu se matar nos porões da ditadura. E os absurdos não cessam:

“É intenção minha regulamentar garimpo, legalizar o garimpo. Inclusive para índio, que tem que ter o direito de explorar o garimpo na sua propriedade. Terra indigena é como se fosse propriedade dele. Lógico, ONGs de outros países não querem, querem que o índio continue preso num zoológico animal, como se fosse um ser humano pré-histórico. Isso é muito bom para ele”

E aguarde para os próximos dias críticas presidenciais à OEA:

“A Comissão Interamericana de Direitos Humanos da OEA (Organização dos Estados Americanos) foi provocada a questionar o Brasil sobre a suposta demora da Polícia Federal em atender ao pedido de socorro dos indígenas de Waiãpi, no oeste do Amapá. Líderes da aldeia dizem que o primeiro contato com a Funai aconteceu na noite de quinta (26), quando informaram sobre a invasão e pediram apoio da PF. Os policiais chegaram na manhã deste domingo (28).”  [Folha]

Quando a OEA desce o pau no MAMaduro tá lindo, mas quando bate no Bolsonaro tá tudo errado, tá ok?

Do senador Randolfe Rodrigues

“O episódio dos Waiãpis é a inauguração da política de extermínio do governo Bolsonaro contra os povos indígenas”

E olha o naipe do novo presidente da Funai:

“O delegado da Polícia Federal (PF) Marcelo Augusto Xavier da Silva foi escolhido por Jair Bolsonaro para presidir a Fundação Nacional do Índio (Funai). Xavier é próximo de deputados da chamada bancada ruralista do Congresso, mas não é só isso que caracteriza a trajetória dele. Quando delegado, sua atuação foi investigada em duas apurações internas da PF, e ele chegou a ser afastado de uma operação em terra indígena. Xavier também foi rejeitado numa primeira avaliação psicológica para o cargo de delegado da PF, embora tenha passado em outra, depois.”  [BBC]

A indicação é de ninguém mais ninguém menos que Nabhan Garcia, responsável pela queda do general que esculhambou a política indigenista do governo:

“Em janeiro deste ano, Marcelo Augusto Xavier chegou a ser nomeado para trabalhar como assessor do pecuarista Nabhan no ministério – mas, como não foi cedido a tempo pela Polícia Federal, teve a sua nomeação anulada em abril, segundo contou o próprio Nabhan à BBC News Brasil. Xavier foi nomeado para o cargo na última sexta-feira (19) e tomou posse nesta quarta (24). No governo de Michel Temer (MDB), Marcelo Augusto Xavier foi ouvidor da Funai por alguns meses e, depois disso, assessor do ministro Carlos Marun (Secretaria de Governo) para assuntos ligados à questão agrária. Antes ainda, em 2016, trabalhou na CPI da Funai e do Incra a convite de deputados da bancada ruralista – o relatório final da CPI pediu o indiciamento de antropólogos, indígenas, servidores públicos da Funai e de integrantes de ONGs.”

Que currículo!

“Antes de vir para Brasília, Marcelo Augusto Xavier teve uma vida atribulada na Polícia Federal. Ele foi alvo de duas investigações internas da corporação – chamadas, no jargão do serviço público, de PADs (Processo Administrativo Disciplinar). Uma delas foi por ter aberto uma investigação contra o ex-marido de sua mulher. A outra, por supostamente ter desacatado um procurador do Ministério Público Federal (MPF). Além disso, Xavier foi reprovado em uma avaliação psicológica para o cargo de delegado – embora tenha passado em outra.”

Sim, ele abriu investigação contra o ex de sua esposa!

Eis a atuação do delegado em um conflito em área indígena:

“Wilson Rocha Fernandes Assis é procurador da República (do MPF). Ele trabalhou com Xavier em 2013 e 2014 na desintrusão da Marãiwatsédé, e diz não ter boas lembranças da atuação dele, na época.

“A gente propôs que fosse feita uma operação policial, com interceptação telefônica, para que a gente entendesse quem estava por trás da constante re-invasão dessa área”, disse ele à BBC News Brasil.

“Tinha na época mais de cem homens da Força Nacional (de Segurança Pública) lá, mas havia um movimento muito forte do sindicato rural, que enfrentava as forças do Estado, que reviravam viaturas, e eu suspeitava que existisse uma articulação de caráter criminoso por trás dessas constantes re-invasões”, diz.

“Pedi a interceptação telefônica, e ele (Xavier) não queria, inicialmente, que se fizesse a operação, mas o próprio MPF fez o pedido direto na Justiça, e aí chegou os ofícios lá (da Justiça), e ele teve que cumprir”, conta.

“E no curso das investigações, os investigados, os fazendeiros da região que invadiam Marãiwatsédé, faziam referências a ele (Xavier) o tempo inteiro durante o áudio, dizendo, por exemplo, que o delegado estava do lado dos invasores. Isso foi dito nos áudios da interceptação telefônica”, diz o procurador Assis.”

Ah, e espero que o francês coloque o presidente no seu devido lugar:

“Com agenda ambiental em foco neste início de semana, quando recebe o ministro de Relações Exteriores da França, Jean-Yves Le Drian, Bolsonaro também voltou a criticar a demarcação de terras indígenas no país e a pressão sobre o Brasil em relação ao meio ambiente.

– Ele não vai querer falar grosso comigo, ele vai ter que entender que mudou o governo do Brasil. Aquela subserviência que tínhamos no passado de outros chefes de estado para com o primeiro mundo não existe mais.”

\Dá na cara dele, meu consagrado!

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5. Guedes & Maia

O presidente dinamitou qualquer ponte com o congresso, e restava ao Maia manter intacta sua ponte com o Maia, o político responsável pela aprovação de sua reforma. Mas não, Guedes arrumou briga com o Maia, com ataques gratuitos que até hoje fica difícil de se entender o que se passa naquela cabeça por demais bronzeada

“Auxiliares de Jair Bolsonaro anseiam uma reaproximação entre Rodrigo Maia (DEM-RJ) e Paulo Guedes (Economia). Os dois eram amigos, mas acabaram se desentendendo. Os entusiastas da bandeira branca dizem que a força de Maia para além de Brasília cresce com as pautas nas quais o presidente da Câmara se alinha ao ministro. Auxiliares de Jair Bolsonaro anseiam uma reaproximação entre Rodrigo Maia (DEM-RJ) e Paulo Guedes (Economia). Os dois eram amigos, mas acabaram se desentendendo. Os entusiastas da bandeira branca dizem que a força de Maia para além de Brasília cresce com as pautas nas quais o presidente da Câmara se alinha ao ministro.”  [Folha]

Alguém lembra do relato da Bela Megale sobre o jantar entre Guedes e Moro?

“– Se ele pegar o seu projeto e aprovar dizendo que é o do (ministro do Supremo Tribunal Federal) Alexandre de Moraes, ó – disse Guedes, fazendo um sinal de positivo com os polegares. Paulo Guedes se referia ao pacote anticrime apresentado em fevereiro por Moro e que começou a tramitar na Câmara. O ministro disse ainda que Maia “assumiu” a reforma da Previdência como se fosse dele, mas que o importante foi aprová-la. Disse também que “a política não voltará a ser o que era antes”.” [O Globo]

A chance de dar certo é nenhuma.

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6. O mais perigoso dos arrependimentos

Taí algo que eu não tinha imaginado. Pra mim os eleitores arrependidos do Bolsonaro eram aqueles que votaram no capitão apesar do capitão, movidos pelo antipetismo. Mas tem também o arrependido, que desgraça:

“Doutora em Antropologia Social, Isabela Oliveira Kalil dedica-se há seis anos a estudar o desenvolvimento de movimentos conservadores no Brasil. A equipe de pesquisadores coordenada pela professora no Núcleo de Etnografia Urbana da Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo (FESPSP) observa e entrevista presencial e virtualmente militantes de direita, para identificar como pensam, agem e se expressam os conservadores brasileiros. O que uniu, nas eleições de 2018, estas pessoas foi o apoio à candidatura de Jair Bolsonaro, eleito presidente com 57,8 milhões de votos. Se as pesquisas de opinião permitem uma visão quantitativa de como vai a popularidade Bolsonaro – em queda desde o início do ano -, o estudo etnográfico de Isabela, concentrado na região metropolitana de São Paulo, oferece dados qualitativos sobre como se movem os apoiadores do presidente na região mais populosa do Brasil.

Antes mesmo da vitória de Bolsonaro, emergiram da pesquisa perfis de bolsonaristas tão diversos quanto mulheres em busca do empoderamento e militares; ou jovens de periferia e homossexuais conservadores. A conclusão da primeira fase da pesquisa foi de que a imagem de Bolsonaro foi construída como facetas de um caleidoscópio: ela se moldou ao olhar de quem via. Com a caneta da Presidência na mão, porém, a história é outra. Isabela identificou eleitores de Bolsonaro que, com sete meses de gestão, estão insatisfeitos. Os arrependidos concentram-se em dois grupos: jovens que se decepcionaram com a condução da área da educação e chegaram a ir aos protestos convocados pela esquerda em maio; e homens na faixa dos 40 anos de idade, que esperavam mais radicalismo.”  [DefesaNet]

A entrevista dela, dada ao Valor Econômico, é bem boa:

“Os movimentos sociais que acompanhamos se formaram nas ruas e as lideranças cresceram em manifestações e nas redes sociais. O discurso era antistablishment. O fenômeno que vemos agora, e do qual Bolsonaro faz parte, é de que esses líderes entraram para a política institucional, ocupam cargos públicos. Quando isso acontece, cria-se uma novidade. Antes, os grupos estavam nas ruas, protestando e prometendo o que fariam se fossem eleitos. Quando eles entram no jogo político, ainda que eles tentem manter esta postura, não é possível entregar tudo o que eles prometeram. São situações corriqueiras, como quando uma dessas lideranças eleitas aparece em uma foto ou conversando com alguém que não é do mesmo espectro político. Eles têm de ir para as redes sociais se explicar. Eles vêm explicando isso de forma muito didática, dizendo que lá, no Congresso ou na Assembleia, você tem de conversar com todo mundo, até mesmo com a oposição. Uma parte do eleitorado esperava uma mudança política radical, que culminaria com o fim de instituições. Grupos que acompanhamos pedem o fechamento do Supremo Tribunal Federal (STF), do Congresso.

Pesquisas de opinião mostram a popularidade de Bolsonaro caindo. Isso não quer dizer necessariamente que as pessoas estão insatisfeitas por acharem que Bolsonaro tem atitudes inadequadas ou pouco democráticos. É o contrário. Existe uma parcela dos eleitores que estão insatisfeitos com Bolsonaro porque ele não está se comportando suficientemente como de extrema direita. Na visão dessas pessoas, Bolsonaro não está entregando o projeto de extrema direita que prometeu. Eles citam expectativas de fechamento do Congresso e se queixam muito da questão da posse e porte de armas. Esses eleitores acham que Bolsonaro entregou muito pouco. Esperavam mais. Há uma demanda preocupante – e pouco vista – por radicalização. Não se pode supor que a popularidade de Bolsonaro cai só porque as pessoas estão girando para o centro. Isso é parte do quadro e ocorre em alguns setores, mas, tendo criado uma direita da direita, o bolsonarismo faz surgir agora uma extrema-direta da extrema-direta.”

Agora adivinhe quem são essas pessoas:

“Predominantemente masculino. São homens com idade entre 40 e 45 anos. Para explicar esse perfil é interessante fazer um paralelo com um outro grupo que passamos a estudar recentemente: os terraplanistas. Eles não confiam na ciência, nas instituições. Acham que estão sendo enganados. Vivem uma espécie de niilismo não só político, mas em diferentes esferas. Ao olhar para os terraplanistas eu posso dizer que o bolsonarismo é muito mais do que Bolsonaro. Esse fenômeno que a gente tem nomeado de bolsonarismo transcende o próprio Bolsonaro. Está presente, por exemplo, no terraplanismo. Está presente também nesta crítica de parte dos eleitores, de que Bolsonaro está sendo “frouxo”, não está entregando o que prometeu.”

Essa que é a desgraça. Não basta vencer o Bolsonaro, o que a gente chama de biolsonarismo continuará existindo. A onda de extrema-direita é global, não é uma invenção tupiniquim do Bolsonaro, o inverno há de ser longo.

“A questão das armas é central para entender como se comporta um dos dois grupos de apoiadores que está agora insatisfeito com Bolsonaro. São pessoas que votaram com a expectativa de que Bolsonaro iria ampliar a posse e o porte de armas e, agora, acham que isso vem acontecendo de maneira muito lenta. Ou seja, há uma parte do eleitorado de Bolsonaro que o vê tendendo ao centro. Um exemplo do que ouvimos é: “O capitão não está sendo suficientemente forte para entregar o que prometeu.”

Sobre os eleitores jovens arrependidos:

“São os jovens. Eles mostram uma mudança de percepção a partir do anúncio de cortes no orçamento para a educação, em maio. Ficam inseguros. A educação vem sendo, nestes sete meses de governo, um ponto muito sensível para quem defendeu Bolsonaro na campanha. Para os jovens, é mais sensível do que a reforma da Previdência e do que o vazamento das conversas do ministro da Justiça, Sergio Moro. As decisões do governo na educação foram lidas como algo que afeta direta e negativamente o futuro deles. O tema causou impressões também entre adultos com filhos em idade escolar ou universitária. A visão deles é que, se queremos uma país melhor, não faz sentido cortar na educação. O que cada um entende por “educação de qualidade” varia. Para esses pais, é escola militarizada, “sem partido” ou religiosa. Mas o ponto em comum é: educação de qualidade precisa de recursos. Chamou atenção o episódio em que Vélez orientou escolas a filmarem alunos cantando o Hino Nacional. Houve um incômodo. Quando questionei o motivo, descobri que o problema não era obrigar a criança a cantar o Hino, mas sim filmá-las. Os pais sentiram que a privacidade dos filhos seria invadida.”

E as viagens são um grande show de constrangimento, mas não para os eleitores do 17:

“As viagens internacionais fazem sucesso. Não importa o conteúdo do que ele apresenta lá fora, mas o fato de viajar para o exterior soa entre os apoiadores como uma atitude do presidente defendendo o Brasil e evoca a questão do nacionalismo.”

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7. A auto-crítica do MBL

Volta e meia eu falo aqui sobre o ambiente tóxico que a esquerda criou para os eleitores bolsonaristas arrependidos (e isso não começou com Bolsonaro, vem de dalgum tempo). E já é a terceira entrevista de alguém do MBL fazendo auto-crítica, e essa agora do Renan foi a mais explícita

“Vamos fazer cinco anos em novembro. No impeachment, tivemos um protagonismo grande, foi uma coisa tangível. E tem também o intangível. O discurso que o Paulo Guedes tem hoje, sobre privatização, a ideia de enxugar gastos, muito antes disso os temas liberais já estavam sendo levados por nós. O problema é que focamos muito o liberalismo econômico, e o liberalismo político perdeu força. Tanto que a ideia de democracia é questionada. Tivemos um déficit de atuação nesse ponto.”  [Folha]

Liberalismo político? Vai ver ele tá falando sobre liberação de aborto e descriminalização das drogas. E algo me diz que o MBL não atuou nessa seara simplesmente por não ser liberal.

“A antipolítica esteve em conflito conosco já em 2015. O Olavo de Carvalho defendia a tese da intervenção militar, que invadissem o Congresso. Nós mesmos não nos importamos muito com isso na época. E aí entra o nosso erro. Trabalhamos a ideia de espetacularização da política, e isso funcionou para a gente enfrentar os inimigos. Mas começou a funcionar para todo mundo, inclusive para pessoas que não têm as mesmas concepções que as nossas. A gente tem uma responsabilidade num agravamento do discurso público? Temos. Temos que fazer essa mea culpa. O que queremos é que os outros agentes políticos também a façam: a esquerda, a imprensa… A gente polarizou, e era fácil e gostoso polarizar. Quando começaram a proliferar as camisetas do Bolsonaro e as pessoas diziam “mito, mito”, a ideia de infalibilidade dele, muito foi porque ajudamos a destampar uma caixa de Pandora de um discurso polarizado. Nós exageramos em diversos momentos? Sim. Muitas vezes a Folha, o Estado [de S. Paulo], cometeram injustiças com a gente. Se você ficasse quieto e tomasse porrada, perderia uma determinada narrativa. A questão é que, a partir de determinado momento, a narrativa valia mais que o objeto da nossa ação.”

Essa parte aí eu não tenho reparo nenhum a fazer.

“Fizemos um vídeo atacando o Luciano Huck, que poderia ser candidato [a presidente]. Eu escrevi o roteiro. Passou dois ou três dias, falei: por que eu fiz esse vídeo? Desnecessariamente agressivo.”

Eu lembro desse vídeo, como era ruim, puta que pariu. Um ataque completamente desmedido assim que o MBL viu que o Huck tinha força.

Sobre a exposição Queer Museu:

“Aquilo surgiu de uma matéria da Veja que disse que o MBL foi lá fazer um ato, e na verdade foi uma pessoa que não tinha nada a ver com o MBL. Eu acordei numa segunda-feira e de repente descubro que fechei o museu. Pensamos: bom, já que estão nos jogando na briga, vamos então comprar a briga de que, se as pessoas não acham correto dinheiro público financiar uma exposição em que não acreditam, têm direito a fazer boicote. Mas não deveríamos ter entrado e participado da polarização. Não precisávamos ter feito o barulho que fizemos.”

O que vai abaixo me irritou profundamente:

“Foi um erro endossar candidaturas majoritárias. Erramos em apoiar [João] Doria. Erramos em endossar Bolsonaro no segundo turno. Mas também não havia o que fazer. Se o PT chegasse ao poder, a gente teria guerra civil. A classe média e o centro-sul não iriam aceitar o resultado.”

Porra, como foi erro apoiar Bolsonaro se “não havia o que fazer“? Óbvio que havia o que fazer, o que me espanta é a contradição entre confessar um erro e dizer que esse mesmo erro era inevitável. E o Dória enfrentou um petista, foi?? Márcio frança é do PT e eu perdi essa parte?!

Mas que mais me encanta, de longe, é que o MBL deixa claro que a guerra civil não viria dos bolivarianos petistas, mas CONTRA o PT. E só faltou o MBL ser um pouco mais honesto nessa auto-crítica e se incluir no rol daqueles que não aceitariam a vitória petista nem fodendo.

A jornalista então pergrunta se o PT é um mal maior que Bolsonaro:

“Sim. Vejo o PT com zero de autocrítica.”

O sujeito diz dever lealdade ao povo, não à constituição. Diz respeitar as instituições e sempre mete um “mas” na sequência, ataca as instituições diariamente e de forma virulenta, já propôs indicar 10 ministros ao STF duma vez e é absolutamente incapaz de fazer qualquer auto-crítica. Mas vai ver o PT é pior que esse projetinho de fascista, né, Renan?!

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8.  Tiro no pé

Bolsonaro vive falando de pesca em suas lives, o tanto que ele se diverte com o secretário de pesca deve deixar o Tonho da Lua louco de ciúmes. ois bem, olhe a cagada:

“A aproximação do governo brasileiro ao de Donald Trump acabou tendo um custo para o País. O Itamaraty tenta colocar um de seus representantes para presidir as negociações sobre os subsídios à pesca na Organização Mundial do Comércio. Mas a candidatura está sendo barrada pela Índia. O motivo: o Brasil aceitou a proposta da Casa Branca de acabar com os direitos que países em desenvolvimento teriam nas regras comerciais internacionais. Na semana passada, numa declaração presidencial, Trump deixou claro que não aceitaria mais que a condição de “país em desenvolvimento” seja tomada pelo próprio governo. O veto indiano havia sido revelado pela publicação Washington Trade Daily, no dia 23 de julho. Mas o novo impasse pode gerar mais desgastes para a diplomacia brasileira.

As regras do comércio permitem, hoje, que um país em desenvolvimento leve mais tempo para cumprir certas exigências internacionais, que mantenham suas tarifas mais elevadas e que possam subsidiar certos setores da economias em patamares superiores aos demais países ricos. Os americanos alertam que a regra faz sentido para países pobres. Mas não poderia ser aplicado para economias como a da China, Coreia do Sul ou Cingapura. Em sua primeira viagem aos EUA, Bolsonaro fechou um acordo com Trump. Os americanos dariam o apoio para que o Brasil fizesse parte da OCDE e, em troca, o Itamaraty abriria mão de sua condição de país em desenvolvimento nas futuras negociações comerciais.}

O problema é que, na OMC, a postura do Brasil abriu um sério debate entre os emergentes. Ao aceitar o novo status, o Itamaraty criou um precedente aos demais países em desenvolvimento, já que serão obrigados a seguir os mesmos passos do Itamaraty. Agora, o Brasil tem dificuldades para ocupar a presidência da negociação. O Itamaraty tem o apoio dos países latino-americanos e dos EUA. Mas sua candidatura é alvo de um impasse diante da resistência da Índia. O Brasil ainda insiste na candidatura e os latino-americanos voltaram a apresentar o nome do brasileiro para o cargo. Hoje, reuniões entre economias em desenvolvimento serão mantidas e a esperança é de que um acordo consiga ser fechado até o início de setembro, quando a negociação sobre a pesca seria retomada.

Um dos pontos principais, porém, será a postura da China, alvo principal dos ataques de Trump e de sua proposta de reformas. Por anos, o Brasil liderou o grupo de países emergentes na OMC, com uma postura que tentava modificar o equilíbrio de poder dentro da entidade. O apelo da Casa Branca por uma revisão da qualificação das economias não é novo. O argumento de Washington é de que tal divisão fazia sentido em 1995, quando a OMC teve seu início. Mas, hoje, o argumento é de que a China é a maior exportadora do mundo e, ainda assim, conta com tais benefícios.”  [UOL]

Chapéu de otário é marreta.

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9. “Falsas verdades absolutas”

Texto delicioso do Ruy Castro:

“Com frequência leio em livros e artigos que, durante a República Velha —a do “café com leite”, entre 1889 e 1930—, os paulistas e mineiros se revezavam no poder à custa de força militar, supremacia econômica e eleições roubadas. Fico imaginando o presidente Arthur Bernardes dizendo ao seu sucessor Washington Luiz: “Decretei o estado de sítio para garantir a República Velha”. Mas é claro que esse diálogo não aconteceu. O regime era mesmo aquilo tudo, mas só se tornou a “República Velha” porque foi derrubada em 1930 e substituída por uma “nova”, que logo desandaria em ditadura.

Da mesma forma, os antigos gregos e romanos nem desconfiavam de que estavam vivendo “na Antiguidade”, assim como, em 1300, ninguém se ofenderia se fosse chamado de “medieval” —porque ainda não havia o conceito de “Idade Média”. E é claro que Dom João 6º não trouxe a corte portuguesa para o Rio em 1808. Quem fez isto foi o príncipe regente Dom João, filho da rainha, dona Maria. Só quando ela morreu e ele foi coroado, em 1816, é que se tornou Dom João 6º.

A guerra de 1914-18 também não era a “1ª Guerra Mundial”. Para seus contemporâneos, ela era a Grande Guerra, e isso já bastava. Em 1939, veio a 2ª Guerra e, só então, a Grande Guerra ficou sendo a 1ª.

Entre 1895 e 1927, o cinema era mudo, e ninguém o chamava assim, nem sentia falta do som. Mas, com o filme “O Cantor de Jazz”, com Al Jolson, começou o sonoro e descobriu-se que, antes, era o “cinema mudo”. Aconteceu também com o disco hoje chamado de “vinil”. Em seu tempo, ele era o “LP” ou apenas “disco”. Quando surgiu o CD, o LP tornou-se o “vinil”, para diferenciar. Eu preferiria que o LP continuasse a ser o LP, e o CD fosse chamado de “metal”.

Mas, para mim, o mais perturbador foi quando Millôr Fernandes me chamou a atenção para o fato de que o inventor do alfabeto era analfabeto. Eu nunca tinha pensado nisso.” [Folha]

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10. O racismo do Trump salta pelos poros

Essa é a resposta mais foda ás loucuras do Trump que eu vejo em MUITO tempo:

Só falta mesmo o chapéu da KKK.

O editorial do The Baltimore Sun é no único tom possível, vai na íntegra:

“In case anyone missed it, the president of the United States had some choice words to describe Maryland’s 7th congressional district on Saturday morning. Here are the key phrases: “no human being would want to live there,” it is a “very dangerous & filthy place,” “Worst in the USA” and, our personal favorite: It is a “rat and rodent infested mess.” He wasn’t really speaking of the 7th as a whole. He failed to mention Ellicott City, for example, or Baldwin or Monkton or Prettyboy, all of which are contained in the sprawling yet oddly-shaped district that runs from western Howard County to southern Harford County. No, Donald Trump’s wrath was directed at Baltimore and specifically at Rep. Elijah Cummings, the 68-year-old son of a former South Carolina sharecropper who has represented the district in the U.S. House of Representatives since 1996.

It’s not hard to see what’s going on here. The congressman has been a thorn in this president’s side, and Mr. Trump sees attacking African American members of Congress as good politics, as it both warms the cockles of the white supremacists who love him and causes so many of the thoughtful people who don’t to scream. President Trump bad-mouthed Baltimore in order to make a point that the border camps are “clean, efficient & well run,” which, of course, they are not — unless you are fine with all the overcrowding, squalor, cages and deprivation to be found in what the Department of Homeland Security’s own inspector-general recently called “a ticking time bomb.”

In pointing to the 7th, the president wasn’t hoping his supporters would recognize landmarks like Johns Hopkins Hospital, perhaps the nation’s leading medical center. He wasn’t conjuring images of the U.S. Social Security Administration, where they write the checks that so many retired and disabled Americans depend upon. It wasn’t about the beauty of the Inner Harbor or the proud history of Fort McHenry. And it surely wasn’t about the economic standing of a district where the median income is actually above the national average. No, he was returning to an old standby of attacking an African American lawmaker from a majority black district on the most emotional and bigoted of arguments. It was only surprising that there wasn’t room for a few classic phrases like “you people” or “welfare queens” or “crime-ridden ghettos” or a suggestion that the congressman “go back” to where he came from.

This is a president who will happily debase himself at the slightest provocation. And given Mr. Cummings’ criticisms of U.S. border policy, the various investigations he has launched as chairman of the House Oversight Committee, his willingness to call Mr. Trump a racist for his recent attacks on the freshmen congresswomen, and the fact that “Fox & Friends” had recently aired a segment critical of the city, slamming Baltimore must have been irresistible in a Pavlovian way. Fox News rang the bell, the president salivated and his thumbs moved across his cell phone into action.

As heartening as it has been to witness public figures rise to Charm City’s defense on Saturday, from native daughter House Speaker Nancy Pelosi to Mayor Bernard C. “Jack” Young, we would above all remind Mr. Trump that the 7th District, Baltimore included, is part of the United States that he is supposedly governing. The White House has far more power to effect change in this city, for good or ill, than any single member of Congress including Mr. Cummings. If there are problems here, rodents included, they are as much his responsibility as anyone’s, perhaps more because he holds the most powerful office in the land.

Finally, while we would not sink to name-calling in the Trumpian manner — or ruefully point out that he failed to spell the congressman’s name correctly (it’s Cummings, not Cumming) — we would tell the most dishonest man to ever occupy the Oval Office, the mocker of war heroes, the gleeful grabber of women’s private parts, the serial bankrupter of businesses, the useful idiot of Vladimir Putin and the guy who insisted there are “good people” among murderous neo-Nazis that he’s still not fooling most Americans into believing he’s even slightly competent in his current post. Or that he possesses a scintilla of integrity. Better to have some vermin living in your neighborhood than to be one.”  [The Baltimore Sun]

Nem a FOX tá comprando o discurso do Trump:

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>>> E o PSL já quer mudar de nome! “A ideia de reformular o PSL, inclusive mudando o nome do partido, nasceu para conter a profunda insatisfação de Bolsonaro com a desconexão entre ele e seu partido. O presidente até cogitou deixar a legenda, ingressando em uma sigla a ser fundada ou em uma que poderia surgir a partir da fusão de duas pequenas agremiações. A proposta de trocar o nome do PSL vem acompanhada de um trabalho para aproximar o presidente da direção da sigla. A relação entre Bolsonaro e Luciano Bivar (PE), mandatário da legenda, é absolutamente protocolar.”  [Folha] Bolsonaro comprou o partido por 30% do fundo partidário milionário de 2019 e assim que eleito ligou o fodaou o foda-se.

 [O Globo]

>>> Nota do Painel: “Auxiliares de Bolsonaro têm estimulado o presidente a ampliar a visibilidade da primeira-dama, Michelle. Dona de imagem suave, ela é considerada um excelente contraponto ao estilo público do marido. Bolsonaro parece ter acatado a ideia. Recentemente, divulgou as redes sociais oficiais de Michelle em sua live. A primeira-dama também gravou um vídeo estimulando ajuda voluntária ao povo de Recife, castigado por uma onda de chuvas. Voluntariado e inclusão estão entre seus temas prioritários.”  [Folha]

>>> Bolsonaro perguntaria “E eu vou negar à minha família?”: “Inaugurado há cerca de um mês, o espaço de quase 300 metros metros quadrados que abriga a primeira-dama Michelle Bolsonaro em sua equipe na Esplanada consumiu R$ 328,8 mil dos cofres públicos. A informação foi obtida pela coluna via lei de acesso à informação. O valor inclui apenas gastos com as obras para “readequar” o ambiente, já que os mobiliários usados integravam o patrimônio da União.”  [O Globo]

>>> É espantoso que parte da esquerda denuncie Lula como preso político mas finge não ver que Chávez e Maduro colecionam rivais políticos em suas prisões. É o velho os fuins justificam os meios, e nem precisa ter a idade do Mujica pra se atentar pra essa obviedade: “Sim, é uma ditadura. Na situação em que está, não há nada além de uma ditadura. Mas há ditadura na Arábia Saudita com um rei absoluto, na Malásia, onde matam 25 por dia. E na República Popular da China? Se há uma ditadura, pertence a eles e são eles quem têm que resolver”  [Folha]

>>> Tonho da Lua abusa da demência:

 

 

 

 

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