Dia 211: gabinete de crise paralelo, mais uma grande conquista do governo | 31/07/19

1. Altamira e o progresso

“Olha lá os urubus rodeando”, aponta para o céu a telefonista Ketheleen Veiga, 29, enquanto espera a liberação do corpo do irmão, um dos 58 detentos mortos no Centro de Recuperação Regional de Altamira. Guardados de forma improvisada em um caminhão frigorífico sob o inclemente sol amazônico, os corpos estão se decompondo em meio à dificuldade para identificar as vítimas. Foram 16 pessoas esquartejadas e 41 carbonizadas. Por falta de espaço, os cadáveres estão sendo exumados sob uma tenda improvisada e sem refrigeração no pátio do Centro de Perícias Científicas Renato Chaves, o equivalente paraense do IML, sob gestão estadual.

O mau cheiro vem principalmente quando os peritos abrem a porta do caminhão. Perto do meio-dia, o odor era tão forte que provocou uma debandada das dezenas de parentes concentrados na porta. Alguns vomitaram. Como paliativo, foram distribuídas máscaras cirúrgicas. Ao mesmo tempo em que embrulha o estômago de quem espera, o cheiro atraiu três urubus, que pousaram no muro do centro de perícias. A vigília é atenuada por uma tenda montada na entrada do prédio e pela Igreja Universal do Reino de Deus, que distribui água, café, cachorro quente e conforto espiritual. Há também um posto de saúde da prefeitura. O irmão de Veiga é um dos detentos esquartejados. “De manhã, a minha tia entrou para reconhecer a cabeça. Agora, entrou para reconhecer o corpo”, disse, por volta das 13h.

Um vídeo gravado com celular mostra o momento da decapitação. Nas imagens, ele aparece vivo e com um pano na boca no momento em que o seu pescoço é cortado. A família diz que não irá fazer velório por causa do estado do corpo. Outros parentes têm receio de fazer a cerimônia fúnebre com temor de serem atacados por uma das facções rivais. De acordo com as investigações, as mortes foram provocadas por um ataque do Comando Classe A (CCA), facção local, contra membros do Comando Vermelho (CV), criado no Rio de Janeiro.”  [Folha]

Lido este relato desesperador, vamos às palavras presidenciais:

“O presidente Jair Bolsonaro disse nesta quarta-feira (31) que as mortes de quatro presos durante deslocamento a Marabá, no Pará, são problemas que “acontecem”. Os detentos mortos faziam parte de um grupo de 30 a caminho da cidade de Marabá, a 600 km de distância. Segundo nota do governo do Pará, de Helder Barbalho (MDB), as mortes ocorreram dentro de um caminhão de transporte de presos entre as 19h de terça-feira (31) e a 1h desta quarta.

“Com toda a certeza, deveriam estar feridos, né? É como uma ambulância quando pega uma pessoa até doente, no deslocamento, ela pode falecer”, disse Bolsonaro. “Pessoal, problemas acontecem, está certo?”, ressaltou.” [Folha]

E não, não foi isso que aconteceu:

“A informação do governo do Pará até agora é que os presos “foram mortos” —em situação ainda não divulgada—, não que eles tenham morrido em consequência de ferimentos anteriores à transferência. A indicação é que o grupo tenha sido assassinados durante o percurso da viagem.”

Mais palavras presidenciais:

“Eu sonho com um presidio agrícola. É cláusula pétrea, mas eu gostaria que tivesse trabalho forçado no Brasil para esse tipo de gente. Não pode forçar a barra. Ninguém quer maltratar presos nem quer que sejam mortos, mas é o habitat deles, né”

Do Henrique Koptike:

“A partir do momento que os mortos num massacre penitenciário são julgados como culpados de novo, e logo não-vítimas, sua morte é justiça. Se sua morte foi justiça, seus assassinos são juízes. o presidente para tripudiar da vida de uns, reconhece a autoridade das facções, dá a elas uma comenda. Transforma assassinos em juízes, representantes da sociedade e da lei, talvez até de deus .

Uma equação básica. Mas uma cabeça que funciona apenas na mais primal covardia e parcialidade entende isso? Entende sim. É o fundamento de toda sua visão.

Bolsonaro e seus asseclas não são conservadores. Talvez nem sequer reacionários sejam. São daquela ordem de filosofia moral dedicada a justificar tudo, como destino, “ agora pegou fogo”, “o que querem que eu faça “. Em fala, tanto o 03 quanto campagnolo não reconhecem qualquer papel para a polícia. Sinceramente, um revólver ou um facão tem um estatuto normativo mais seguro na filosofia deles. Não, nem o cidadão de bem deve ser protegido. Se trata mesmo de garantir um filé mignon para os seus.

O brasileiro deve ter votado pensando que uma corrupção a cada frase, a cada passo, a cada sinapse, acarreta em menos corrupção, porque só entope tudo, fica um governo constipado. O presidente fala, inclusive, com a pressa de quem está indo cagar.”  [Facebook]

Ah, as milícias são o mais novo produto de exportação carioca:

“O Pará, quarto estado mais violento do país, vem registrando o avanço das milícias, fenômeno que só encontra paralelo no Rio. Reportagem recente da Folha mostrou que em nenhum outro estado brasileiro organizações criminosas comandadas por policiais e ex-policiais estão tão organizadas, estruturadas e dominam áreas tão vastas. Segundo investigações da Polícia Civil e do Ministério Público do estado, os milicianos dominam o transporte alternativo em várias regiões, a venda de gás em diferentes favelas, a oferta de serviços de TV a cabo, a venda e transporte de produtos contrabandeados e serviços de segurança. Além disso, controlam parcela considerável do tráfico de drogas local, rivalizando com as facções criminosas.”

Esse ótimo thread explica como Altamira se tornou a cidade mais violenta do pais – sim, começa com Belo Monte e Gilma tratorando os licenciamentos ambientais:

O progresso não podia ser parado, lembra? Bolsonaro e Salles têm um discurso parecido, quem poderia imaginar que esse discurso cretino não fazia sentido, né?

Palavras do bispo emérito do Xingu:

“Leio no jornal que o nosso presidente está falando que a gente deve perguntar às vítimas dos que morreram. Isso não é resposta, pelo amor de Deus, que um presidente dá a essas famílias aí. Cada preso tem mãe, tem pai. As mães estão chorando lá””  [Folha]

O bispo faz tabelinha com a thread de cima:

“Altamira não cresceu, inchou. Com a construção da hidrelétrica, veio tanta gente aqui sem ligação ou relacionamento com a cidade. Mas, se tem 50 bandidos no meio de 20 mil pessoas, isso já basta. 

Altamira se tornou palco de agressões, de violências, arrastões e de homicídios, um atrás do outro. O que entrou também foi a droga, muito grave. Há muitas mortes que são acerto de contas.

Conheço Altamira desde 1965. Quando cheguei, era uma cidade pequena, pacífica, esquecida pelo mundo, na beira do Xingu. A primeira avalanche de pessoas foi quando começou a Transamazônica. 

Veio a colonização, mas não tinha nada disso. O pessoal foi pra estrada, pegou o lote consignado e passaram muita dificuldade. Uns voltaram pra terra de origem, outros ficaram, ergueram a cabeça e puseram as mãos na massa, com mulher e filho e hoje já estão na segunda ou na terceira geração. 

Desta vez, foi totalmente diferente. Pode olhar pela cidade, só as casas pobres não têm muros altos. Nas famílias com mais poder aquisitivo, não dá nem enxergar a porta para entrar na casa, e em cima do muro ainda tem cerca elétrica. Na boca da noite, o pessoal sentava na porta da casa, jogava conversa fora. Isso acabou. As pessoas têm medo.

A população de Altamira aumentou, mas o novo presidio até hoje não está pronto, e esse presídio que está aí não tem condições. Tem superlotação, mas o que mais me toca é que tem meninos aí dentro, 22, 23 anos, em prisão provisória, aguardando sentença. Tem gente que está mofando aí dentro e ninguém cuida do processo. E colocam tantos homens em um espaço mínimo… Não vou nem dizer que viram animais, porque animal não ataca outro animal da mesma espécie assim. Os homens chegam a um nível de perversão, de crueldade, que a gente só pode pensar em uma cena de Dante lá no inferno.”

Essa parte sobre animal é um soco no estômago.

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2. “Sou assim mesmo. Não tem estratégia” 

A jornalista d’O Globo conseguiu uma exclusiva de um jeito um tanto inusitado:

“O presidente recebeu a reportagem em seu gabinete no terceiro andar no Palácio do Planalto após a cerimônia em que lançou um amplo processo de flexibilização de segurança e saúde do Trabalho. Depois de uma curta entrevista coletiva com jornalistas, Bolsonaro estava subindo a rampa que liga o Salão Nobre ao seu gabinete quando foi abordado pela reportagem, que pediu uma conversa com ele. Imediatamente, sem ouvir seus auxiliares da área de comunicação, pediu que os seguranças liberassem a repórter para acompanhá-lo. A conversa não pôde ser gravada. Na entrada do gabinete, os celulares tiveram que ficar guardados. Entretanto, Bolsonaro, que havia dito que não daria entrevista, emprestou a própria caneta Bic. Assim, suas declarações poderiam ser anotadas corretamente.”  [O Globo]

Bolsonaro liga o foda-se para a agenda oficial de forma comovente:

“Como o encontro não estava previsto, a conversa, que durou 15 minutos, foi interrompida três vezes pelo ajudante de ordens para lembrá-lo que existiam outros dois compromissos à espera. Bolsonaro, mesmo com o alerta, deixou a conversa fluir e falou de vários assuntos, mesmo os incômodos. Afirmou que a imprensa o persegue, mas que não se importa mais. — O dia que não apanho da imprensa eu até estranho — disse, rindo.”

Ele ri mas deve ser isso mesmo, é a mesma coisa do Trump, um dia sem críticas é dia sem holofotes e eles odeiam esses dias.

“Sou assim mesmo. Não tem estratégia. Se eu estivesse preocupado com 2022 não dava essas declarações ” 

Falou o presidente que só fala em reeleição.

Século 21 e os dementes falando em garimpo….

“Na defesa da exploração de áreas de garimpo pelo país, disse ter encomendado estudo ao ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, para criar “pequenas Serras Peladas” no Brasil, que poderiam ser exploradas tanto por grupos estrangeiros como por povos indígenas. — Mas a fiscalização seria pesada. E índio também poderia explorar — promete.”

Bolsonaro enfim explicou porque diabos não recorreu da sentença do Adélio:

“Ao ser questionado a respeito de suas declarações sobre Fernando Santa Cruz , pai do presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Bolsonaro voltou a se justificar, dizendo que a entidade atuou para que não se chegasse aos “mandantes da sua tentativa de assassinato”. Ele insiste que a quebra de sigilo telefônico de um advogado de Adélio Bispo de Oliveira daria um novo rumo à história. A medida não foi adotada por um recurso da Ordem. Bolsonaro disse que não recorreu da decisão da Justiça, que classificou seu agressor como inimputável porque, ao ser enquadrado como portador de Transtorno Delirante Persistente, Adélio estará agora em “prisão perpétua”.

— Porque eu ganharia (o recurso). Ele responderia por tentativa de homicídio. No máximo em dois anos estaria na rua. Agora, pela insanidade mental, é prisão perpétua.”

Os advogados de defesa estão de parabéns. Sabia que perderiam e conseguiram convencer o presidente a desistir por conta própria falando em prisão perpétua, Bolsonaro deve ter tudo orgasmos múltiplos ao ouvir a sugestão.

Bolsonaro esquivou-se novamente de comentários aprofundados sobre o massacre no presídio de Altamira, no Pará, onde 58 detentos morreram, dos quais 16 foram decapitados, a maior carnificina em cadeias desde a registrada no Carandiru (SP) em 2001. Ele justificou que queria evitar “polêmica”. — Já disse pela manhã na porta do Alvorada. Você estava lá? Pergunte às vítimas dos facínoras. Pergunte para elas o que acham, não vou criar polêmica — respondeu, confirmado com seus auxiliares o número total de vítimas.

A tara do Bolsonaro pela Cancún brasileira é constrangedora:

“O presidente disse que está conversando com grupos estrangeiros para transformar a Baía de Angra dos Reis, onde tem uma casa e chegou a ser multado no passado por pesca ilegal, no que ele vem chamando de “Cancún brasileira” . Segundo ele, empresários estão dispostos a investir “bilhões”, que gerariam empregos na região. — Não vou dizer (quais são esses grupos). São conglomerados de países — afirmou, sinalizando, em seguida, que investidores de Emirados Árabes, Japão e Israel já teriam demonstrado interesse.”

Bolsonaro mede seu relacionamento com o Evo pelos sorrisos:

“Bolsonaro confirmou que está em franca aproximação com o presidente da Bolívia, Evo Morales, como visto durante a Cúpula do Mercosul, em Santa Fé, na Argentina, há duas semanas. Disse que o mandatário boliviano sorriu para ele, o que não tinha acontecido nem mesmo quando esteve em sua posse em janeiro.”

Aquele sorriso constrangido agora virou sinal de aproximação, é muito dodói da cabeça mesmo.

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3. Milicos mais perdidos que virgem em puteiro

“Aliados de Jair Bolsonaro (PSL) e militares tentam identificar o foco das ações intempestivas do presidente. A avaliação do núcleo militar e de integrantes da base do governo no Congresso é a de que, principalmente nos últimos dias, Bolsonaro voltou a ser estimulado a ir para o confronto e a dar vazão ao que é classificado como pauta secundária. A preocupação desses aliados é a de que, ao ser incentivado a prestar atenção em temas laterais, Bolsonaro acaba, inevitavelmente, esquecendo a agenda positiva do governo, como a econômica —que tem apoio da Câmara e do Senado e respaldo de setores da população.”  [Folha]

Entendeu? O problema não é se despir de qualquer decência, o problema é atrapalhar a agenda econômica. O bom e velho “os fins justificam os meios”.

“Na segunda-feira (29), tanto militares quanto integrantes da Secretaria de Comunicação do Palácio do Planalto foram pegos de surpresa com as declarações de Bolsonaro, dadas na porta do Palácio da Alvorada, sobre o pai do presidente da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil).”

Os generais se espantam ao mesmo tempo em que a gente. Não faz diferença ter sala no palácio, que fase constrangedora dos milicos.

“O núcleo duro do Planalto, incluindo civis e militares, e os aliados mais próximos do Congresso, como o líder do governo na Câmara, Major Vitor Hugo (PSL-GO), participaram, só depois da entrevista, do encontro que já foi incorporado à rotina diária de Bolsonaro. A reunião, que começou atrasada por causa das declarações matutinas do presidente, teve uma pauta que passou ao largo das declarações polêmicas que Bolsonaro acabara de dar na saída do Alvorada. De acordo com relatos ouvidos pela Folha, não foi proposital —os auxiliares palacianos e os aliados nem tiveram tempo de ver as falas.”

E tudo versa sobre os filhos:

“Em conversas reservadas, Bolsonaro disse a aliados que vê nos ataques a Eduardo uma ofensa pessoal e que, por isso, seria sua obrigação sair em defesa pública do filho. Não se sabe, portanto, se o comportamento intempestivo do presidente é estimulado pelos filhos. Aliados lembram, no entanto, que o deputado Eduardo e o vereador Carlos Bolsonaro (PSC-RJ) passaram grande parte do recesso parlamentar fora do país.”

Esses imbecis já ouviram falar em Whatsapp?!

O diminuto general Heleno criou um gabinete de crise informal, agora vai, porra!

“Ao ironizar o desaparecimento do pai do presidente da OAB, Felipe Santa Cruz, durante a ditadura militar (1964-1985), Bolsonaro estimulou a organização de um gabinete de crise informal. Nesta terça-feira (30), o ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional, general Augusto Heleno, foi escalado para tentar conter a onda de declarações extemporâneas do presidente. A fala de como teria se dado a morte de Fernando Santa Cruz soou despropositada também entre os militares. A avaliação recorrente, dentro e fora do Planalto, entre aliados e adversários do governo, é de que Bolsonaro extrapolou o limite do aceitável, ao “dar um golpe abaixo da linha da cintura” do presidente da OAB. O impacto, dizem pessoas próximas a Bolsonaro, poderia ter sido muito maior se o Congresso não estivesse em recesso. A preocupação, de acordo com a análise desses aliados, é que o governo perca, definitivamente, o controle da pauta positiva e que, diante de tantas polêmicas, até mesmo a base de sustentação de Bolsonaro nas ruas acabe o abandonando.”

O que mais tem é gente achando que Bolsonaro pode falar o que quiser que nada lhe custará, então tá, dobrem a aposta.

“Os últimos arroubos de Jair Bolsonaro redefiniram os planos de diversos setores da política. O PSDB traçou uma linha no chão, afastando-se da retórica do presidente. Dividida, a esquerda sabe que é cedo para falar em impeachment, mas tenta dar forma a um movimento anti-Bolsonaro nas ruas —o PT programa caravana em agosto. Quem não reagiu explicitamente (DEM, PP, PL e PRB) prega uma relação ultrapragmática com o Planalto, centrada no Congresso e desconectada do governo.

Dirigentes do PSDB dizem que o movimento feito pelo governador de SP, João Doria, era “inevitável” —o tucano se apartou da narrativa de Bolsonaro. A cúpula do partido afirma que o presidente extrapolou o prazo para fazer sua curva de aprendizado. Ou seja: acha que ele não muda e quer pintar as diferenças com cores fortes.”  [Folha]

Já o ACM Neto…

“ACM Neto, presidente do DEM, enviou recados a correligionários pedindo comedimento. A sigla tem três ministros, além do comando da Câmara e do Senado —todos guardaram silêncio diante do ataque ao presidente da OAB, Felipe Santa Cruz. Em privado, o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), externou incômodo com as declarações de Bolsonaro. Segundo aliados, ele tem dito que o método do presidente é contraproducente, já que afasta partidos que poderiam apoiá-lo, como o PSDB.”

O presidente coleciona uma vata coleção de crimes de responsabilidade e…

“Dirigentes de legendas de centro dizem que a discussão extemporânea de um impeachment seria um tiro no pé da oposição e um presente para Bolsonaro. Hoje, avalia um líder do centrão, o presidente luta contra moinhos de vento. Um passo em falso dará a ele inimigo real. Membros do PC do B e PSB tendem a concordar com tal avaliação e dizem que falar em afastamento é jogar o jogo de Bolsonaro. Esse grupo prega estimular o isolamento do governo dando força a vozes dissonantes no PSDB, por exemplo, para deixar claro que a rejeição transcende questões partidárias.”

Ainda não entenderam que não é hora de fazer cálculo eleitoral, mas uma defesa intransigente duma decência mínima, caralho. FODA-SE a próxima eleição, foda-se!!

E os advogados do Bolsonaro terão trabalho:

“Familiares de outros desaparecidos políticos devem tomar as mesmas medidas que os de Fernando Santa Cruz, pai do presidente da OAB, Felipe, e provocar PGR e STF a se manifestarem sobre as falas de Bolsonaro. “Quero muito saber onde meu irmão está. Se ele [Bolsonaro] sabe, que diga”, afirma Maria do Amparo Araújo, cujo irmão, Luiz, foi dado como desaparecido em junho de 1971. Ele militava na Ação Libertadora Nacional (ALN).”

E Bolsonaro jura que não quebrou decoro algum, então tá:

“Não tem quebra de decoro, quem age dessa maneira perdeu o argumento. A história tem dois lados e não pode valer um lado só”

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4. Para Bolsonaro e Moro, com amor e carinho

Maia despertou do seu sono profundo:

https://youtu.be/x0-24v_cAY4

Confira comigo no replay Maia:

“Um agente público, com informação sigilosa, entregou a um meio de comunicação, esse meio de comunicação deu divulgação, ele está protegido pelo sigilo que é um direito democrático do nosso país”  [Folha]


Agora só imagine se um certo ministro da justiça fosse um juiz conhecido por vazar investigações a torto e a direito e estivesse imputando crime a um jornalista e querendo quebrar o sigilo da fonte.

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5. Hélio Schwartzman

“Já tivemos ditadores como Getúlio Vargas, Médici e Geisel, que ordenaram ou pelo menos toleraram crimes muito mais graves do que Jair Bolsonaro jamais cometerá, mas nenhum deles se revelou um ser humano tão detestável quanto o atual presidente. Falta ao chefe do Executivo aquela decência mínima, que nos faz reconhecer o próximo como um semelhante.

Não ignoro que, na política, é preciso às vezes levantar bandeiras polêmicas e antagonizar adversários. Só que existem modos e modos de fazê-lo. Se o presidente insiste em defender o golpe de 64, não precisaria enaltecer a tortura institucionalizada, que representa a forma mais covarde de violência que o Estado pode infligir contra o indivíduo. Se acha que as políticas identitárias foram longe demais, poderia apenas dizê-lo, sem necessidade de disparar ofensas contra minorias.

De modo análogo, se Bolsonaro deseja criticar um jornalista, o que é pleno direito seu, poderia questionar aspectos técnicos de seu trabalho ou mesmo seus pressupostos filosóficos. Quando opta por atacar sua vida pessoal, dá mostras de que ou não entendeu a dinâmica da liberdade de imprensa ou tem problemas de caráter mesmo.

Se nutre uma desavença com alguém, deveria circunscrever sua animosidade contra o adversário. Ao insultar seus familiares, que já não podem defender-se, exibe uma faceta cruel e desumana. Traduzindo isso para uma linguagem que o presidente talvez seja capaz de alcançar: “a mãe não, pô!”.

A principal missão de um governante é produzir bem-estar e distribuí-lo de forma tão equânime quanto possível. Historicamente, porém, alguns dirigentes se destacaram por atuar como reserva moral da nação, equilibrando sabedoria e compaixão para levantar e arbitrar questões decisivas. Ainda é cedo para dizer se Bolsonaro conseguirá cumprir o primeiro objetivo, mas no segundo ele já fracassou —como líder e como ser humano.”  [Folha]

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6. Acordo UE & Mercosul

Bolsonaro assinou a porra do acordo e a única coisa que tinha que fazer dali pra frente era não melindrar os europeus, em especial os franceses. Mas de lá pra cá ele se esforçou para insultar os europeus com um afinco constrangedor, e o que vai abaixo é só o mais recente episódio:

“Os 12 minutos da live feita por Jair Bolsonaro (PSL) enquanto cortava o cabelo podem não ter jogado fora os 20 anos de costura do acordo comercial entre Mercosul e União Europeia, mas arriscam atrapalhar o ritmo da aprovação do pacto. O motivo foi o compromisso que o presidente brasileiro cancelou para logo depois discorrer na internet sobre a morte, na ditadura, do pai do atual presidente da Ordem dos Advogados do Brasil. Era um encontro, às 15h de segunda-feira (29), com o poderoso chanceler francês, Jean-Yves Le Drian, considerado um dos braços direitos do presidente Emmanuel Macron.”  [Folha]

Sim, o gênio esnobou um importante aliado do Macron!

“A Folha ouviu de diplomatas ligados à visita de Le Drian que o sentimento do chanceler variou da frustração inicial à genuína irritação, quando a imagem do mandatário sob tosa surgiu no Facebook logo depois do período previsto da audiência. Mesmo a versão oficial de que a agenda do presidente estava subitamente apertada não correspondia à verdade, segundo diplomatas em Paris. Na reunião que teve com o chanceler Ernesto Araújo, pela manhã, o brasileiro já havia dito que Bolsonaro ficara agastado com os mais recentes movimentos franceses em relação à política ambiental brasileira.”

E também tem ciúme presidencial no meio:

“Em maio, Macron recebera o famoso cacique Raoni para falar de desmatamento da Amazônia, foco sensível do governo, que é atacado por ambientalistas por sua prioridade ao agronegócio. E o próprio Le Drian incluiu em sua agenda em Brasília encontro com o opositores da política de Bolsonaro, que veem como predatória. Além disso, o interesse manifestado pelos franceses por um encontro com o vice-presidente, general Hamilton Mourão (PRTB), também desagradou a Bolsonaro. O mandatário tem uma relação formal com o vice, que vê como alguém que não perde a oportunidade de mostrar-se mais qualificado e cosmopolita que o presidente.

Apesar do constrangimento, o incidente não deverá paralisar o processo do acordo Mercosul-União Europeia, como chegaram a temer alguns diplomatas brasileiros. Um experiente negociador disse que o tropeço foi grave, mas que ao fim do dia o interesse econômico comum falará mais alto. O que não quer dizer que o caso não será explorado politicamente em Paris, em especial pela má imagem externa que Bolsonaro já tem.”

Sim, na real pouco importa o governo francês, mas como essa descortesia serve de combustível para a oposição francesa Bolsonaro tá dando tiro no pé.

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7. Osmar terra e a Anvisa

“O ministro da Cidadania, Osmar Terra, disse à Folha que a proposta da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) de liberar o plantio de Cannabis para pesquisa e produção de remédios não tem precedentes no mundo e que o governo tentará fazer com que a agência “acabe” com a medida. “Essa é uma ação regulada pelo Congresso, e em alguns poucos lugares pelo Judiciário. Nunca uma agência se dispôs a liberar a produção de maconha. É a primeira vez no mundo isso que a Anvisa está tentando fazer”, afirma. “Todos os países que tomaram essa medida, mesmo equivocada, foi através do Congresso, e não por quatro diretores de uma agência. Isso não tem sentido nenhum.””  [Folha]

È a porra da lei, coroa, não fode! 7 meses de governo e Osmar Terra veio direto do século 19 pra denunciar que a Anvisa do Bolsonaro quer legalizar cultivo de maconha para fins medicinais. Por que diabos os petistas não tiveram essa idéia nos seus 13 anos de governo?! Bastava -e ainda basta – uma canetada da Anvisa, nada mais!

“Segundo ele, o governo avalia agora quais medidas devem ser adotadas para frear o processo. “Estamos estudando a forma de fazer. Mas devemos discutir com a própria Anvisa para ela acabar com essa proposta”, diz. “Somos contra a legalização da maconha, e o que a Anvisa está fazendo é o primeiro passo para legalizar a maconha no Brasil.”

Não, a ANVISA está liberando cultivo de maconha para fins medicinais, porra!

“Para Terra, uma alternativa seria a produção sintética do canabidiol. “Todos os produtos podem ser feitos sinteticamente. Senão tem que plantar folha de coca no Brasil para ter lidocaína, vai ter que plantar papoula para ter morfina, e não tem sentido isso aí”, diz ele, para quem o Brasil iria na contramão de outros países ao liberar o plantio por empresas.. “Todos os países do mundo proíbem a droga, todos, sem exceção. Alguns estão tentando flexibilizar a maconha, mas 90% não [permite], e tem país que proíbe inclusive o álcool”, disse.”

Sim, ele está usando como modelo países que proíbem o… álcool!

“Emílio Figueiredo, advogado da Rede Jurídica pela Reforma da Política de Drogas, contesta a afirmação de que a proibição vale para todos os países, “sem exceção”. Ele cita como exemplo o Uruguai, que legalizou a venda e consumo de maconha para uso recreativo. “A posição do país foi de que a proibição viola mais a saúde pública e os direitos humanos do que a legalização.” Ele lembra que outros países também têm regras próprias para porte, plantio e uso, ainda que de forma excepcional a uma proibição. Já os casos de veto ao álcool ocorrem em países islâmicos por questões religiosas, diz.”

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8. A última da Whitney

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“ O governador Wilson Witzel  usou uniforme e sniper do Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope), da Polícia Militar, para treinar a pontaria. Ao lado de agentes, Witzel aparece em uma foto deitado, com um fuzil em punho, pronto para fazer o disparo. O registro foi divulgado por Roberto Motta (PSC), assessor do governador para assuntos de segurança pública.

“Deitado, treinando a mira e mostrando o significado de coragem moral, o governador do estado do Rio de Janeiro. Pela vida e liberdade dos cidadãos de bem. Por um futuro melhor – com paz e prosperidade – para todos”, escreveu Motta, em rede social, sem precisar a data em que a foto foi tirada.”  [Folha]

Temos uma leva de governadores muito escrotos, mas essa disputa aí a Whtiney ganha com larga vantagem.

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9. O que se passa nessa cabeça confusa?!

Janaina do Brasil – “oi, amados!” – entrou com processo de impeachment e não é contra o presidente que coleciona de forma frenética crimes de responsabilidade.

“A deputada estadual Janaina Paschoal (PSL-SP), autora do pedido de impeachment contra Dilma Rousseff e recordista com mais de 2 milhões de votos, protocolou na terça (30) um pedido de impeachment contra o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Dias Toffoli. ​No último dia 16, a pedido do senador Flávio Bolsonaro (PSL-RJ), Toffoli determinou a suspensão de investigações criminais pelo país que usem dados detalhados de órgãos de controle —como Coaf, Receita Federal e Banco Central— sem autorização judicial. A medida paralisou uma série de investigações contra corrupção.”  [Folha]

Se bobear Bolsonaro ficaria menos puto com um pedido de impeachment dele próprio.

“Segundo Janaina argumenta no pedido de impeachment, a decisão de Toffoli contraria a Constituição Federal e o entendimento do próprio STF. Ela diz que a Primeira Turma já julgou que o Coaf pode enviar movimentações que considera suspeitas ao Ministério Público. “O fato de o ministro desrespeitar entendimento anterior já seria questionável, o fato de, em pleno recesso, em petição avulsa, paralisar todas as investigações contra organizações criminosas do país também já seria passível de grande estranhamento, mas o que torna a ação criminosa é justamente o contexto em que se deu”, aponta Janaina.

A deputada diz que desde 2013 o país passa por um “processo de depuração”, citando manifestações de rua e prisão de políticos poderosos. Janaina afirma que isso levou à polarização do país, sendo que esquerdistas questionavam as investigações e direitistas as apoiavam. “Pois bem, detentor de inteligência rara, o ministro denunciado sabia que se prolatasse a decisão criminosa em pleito oriundo de um político esquerdista, em poucos minutos, as ruas estariam repletas de manifestantes. A fim de neutralizar a resistência popular, o denunciado aguardou que chegasse as suas mãos um pedido perfeito, justamente o pedido (atravessado em petição avulsa) do filho do presidente da República, de matriz declaradamente direitista”, escreve.”

Nem fodendo que Janaina do Brasil – repare na arroba dessa senhora! – bate bem da cabeça.

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10. As estripulias do novo embaixador

Sei nem  que dizer duma porra dessa:

“Candidato a embaixador nos Estados Unidos, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL) se envolveu indiretamente nesta terça-feira (30) em uma disputa empresarial bilionária. O filho do presidente Jair Bolsonaro publicou em suas redes sociais uma foto ao lado de Jackson Widjaja, dono da Paper Excellence, segurando um “checão” simbólico de R$ 31 bilhões. No final da noite, o presidente Jair Bolsonaro fez um tuíte em favor ao filho. “Eduardo Bolsonaro, em Jacarta, recebe um cheque simbólico de R$ 31 bilhões da Paper Excellence, valor que será investido no Brasil até 2022. Tudo em função da volta da confiança no Governo Jair Bolsonaro”, escreveu.”  [Folha]

Um cheque de 31 bilhões!

“O valor se refere ao investimento que a Paper Excellence pretende fazer na aquisição da fábrica de celulose da Eldorado, em Três Lagoas (MS), e em melhorias previstas para a unidade até 2022. O encontro de Eduardo com o empresário indonésio ocorre um dia depois de o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), anunciar investimento bilionário para o setor de uma outra empresa concorrente. A indústria de celulose Bracell, que pertence ao grupo RGE, do empresário também indonésio Sukanto Tanoto, fará investimento de R$ 7,5 bilhões na ampliação de uma fábrica da empresa em Lençóis Paulista (SP).”

Até aí já seria o cúmulo do absurdo, certo?

“Em relação a Eldorado, o problema é que o negócio ainda não foi concretizado. A Paper Excellence enfrenta uma arbitragem privada pelo controle da empresa contra a sócia J&F, holding que congrega os negócios dos irmãos Joesley e Wesley Batista. Procuradas, Paper Excellence e J&F não se manifestaram. Sem entrar em detalhes, Eduardo comenta no post sobre a disputa e lembra que o BNDES tem participação no frigorífico JBS, o principal negócio dos Batista.

Em 2017, os irmãos Joesley e Wesley fizeram uma colaboração premiada confessando ter corrompido diversos políticos. A delação premiada da JBS quase derrubou o então presidente Michel Temer (MDB). Não é a primeira vez que a Paper Excellence tenta atrair o apoio do governo Jair Bolsonaro. Em maio, o vice-presidente Hamilton Mourão já havia posado para foto similar com Jackson Widjaja. Os dois também seguravam um “checão”, mas com valor menor: R$ 27 bilhões. O vice-presidente conheceu o empresário quando visitou a bolsa de Xangai em viagem oficial a China. Segundo assessores que acompanharam Mourão, Widjaja “forçou” a foto, pois não havia sido recebido em audiência.”

Com o Eduardo nem precisou forçar, foi só mostrar o cheque que ele foi correndo posar pra foto.

E mais uma vez o pai saiu em defesa do filho:

“Bolsonaro também foi questionado por um repórter se espera receber em breve a resposta formal do pedido de agrément sobre seu filho Eduardo Bolsonaro. “Precisa disso? Se eu falo ‘eu te amo’ e você diz que quer casar, para que assinar papel? Vamos pra lua-de-mel logo”, falou, exaltando o elogio do presidente americano, Donald Trump, a Eduardo feito ontem no gramado da Casa Branca, em Washington. “O agrément às vezes nem precisa mandar, apesar de estar lá na Convenção de Viena. Eu já conversei com o (presidente do Senado Federal) Davi Alcolumbre (DEM-AP), já conversei com senadores, está tudo acertado”, comentou, afirmando que tão logo recomecem as atividades legislativas, formalizará a indicação.

A Convenção de Viena sobre Relações Diplomáticas estabelece que o Estado que envia um embaixador deverá certificar-se de que a pessoa que pretende nomear conta com o agrément (acordo) do Estado que receberá o diplomata. A Convenção de Viena garante ao Estado receptor o direito de não aceitar a indicação. Por esse motivo, de acordo com o site do Itamaraty, “o costume internacional é que todo o procedimento se faça de forma sigilosa: assim evita-se que, em caso de recusa, crie-se constrangimento tanto para as relações bilaterais quanto para a pessoa indicada. Somente em caso de aprovação o pedido e a concessão de agrément tornam-se públicos.”  [Estadão]

“Apesar de estar lá na Convenção de Viena”, puta que pariu!

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>>> Vai, Frota!: “Alvo do correligionário Major Olímpio, Alexandre Frota (PSL-SP) está pintado para a guerra. “O PSL de SP não tem nem presidente direito, vai ter conselho de ética? Mas tudo bem. Desafio ele a me levar lá. Chamo uma coletiva e, vou te falar, metade desse partido vai embora.” Nem sob pressão Frota baixa o tom. Diz que declarações do presidente atrapalham projetos na Câmara e que “só duas vezes tivemos paz no semestre: quando o Twitter ficou fora do ar e quando ele tirou o dente”.”  [Folha]

>>> Hang na campanha disse pra resolver tudo no primeiro turno “pra não termos que gastar mais” no segundo turno, mesmo não constando la lista de doadores oficiais: “O dono das lojas Havan, Luciano Hang, investigado no inquérito das fake news nas eleições, disse à Polícia Federal que sequer sabe o que é “impulsionamento de zap”. É o que afirma seu advogado, Fábio Roberto de Souza. “Falou que não sabe nem o que é isso de impulsionamento de zap”, contou o defensor ao UOL nesta terça-feira (30), em mensagens intermediadas pela assessoria de imprensa da rede varejista. “Jamais participamos ou enviamos qualquer coisa por zap ou qualquer outra rede. E, ao final, isto ficará provado.””  [UOL]

>>> as: “In the biggest Fed decision since 2015, the Federal Reserve said on Wednesday it would slash its benchmark interest rate by a quarter point, as expected, in an effort to extend the economic boom and boost weak inflation. While previous Fed regimes have cut rates when the economy was not in the throes of a recession, it’s still a rare move — one that will likely be a legacy-shaping milestone in Jerome Powell’s tenure as Fed chairman. The Fed also said it would end the runoff of its multi-trillion balance sheet on Thursday — 2 months earlier than expected. Echoing comments from recent members of the Fed in recent weeks, the central bank noted in its policy statement that its decision to reduce rates came “in light of the implications of global developments for the economic outlook” — namely the trade war and faltering economies around the world.”  [Axios]

 

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